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Resumo de: Maíra Lara – 6° Período – Medicina Veterinária – UniLavras – 2024/1 Abordagem Cirúrgica das Neoplasias Cutâneas em Animais de Companhia Introdução • Oncologia na clínica veterinária: o Teve grande evolução nos últimos anos, agora tem área de especialização somente para essa área. • Neoplasias cutâneas: São as mais frequentes! o A pele é composta por componentes epiteliais, mesenquimatosos e nervosos; o Predisposição: ▪ Grande exposição a agressões externas: Químicos carcinogênicos, radiações ionizantes e vírus; ▪ Fatores hormonais e genéticos; ▪ Renovação celular constante: Durante a renovação celular uma das células pode acabar sofrendo uma mutação, que irá se multiplicar, gerando posteriormente uma neoplasia. o Existem diversas manifestações cínicas das neoplasias; • Muito comum a apresentação de neoplasias em felinos; • Neoplasias podem se apresentar de várias formas, principalmente como ferida ou aumento de volume. Principais Neoplasias Cutâneas Importante saber qual neoplasia o animal possui, pois elas têm comportamentos biológicos diferentes, como caráter infiltrativo, ser benigno ou maligno, tendencia a recidiva, metástase... • Mastocitoma: Muito agressivo, difícil de tratar, se trata de uma neoplasia maligna decorrente da proliferação exagerada e anormal dos mastócitos; • Melanoma: Tem origem nos melanócitos (células produtoras de melanina); • Lipoma: Tumor benigno, se trata de uma película fibrosa com interior de células de gordura; • Hemangiopericitoma: • Histiocitoma: • Sarcoma de aplicação em felinos: Tumor cutâneo maligno que se desenvolve no local de aplicação de vacinas e outros medicamentos; • Carcinoma de células escamossas: Neoplasia que surge nas células escamosas, que constituem a maior parte das camadas superiores da epiderme, surge mais comumente em áreas muito expostas ao sol; • Hemangiossarcoma: Neoplasia maligna originada no endotélio vascular, é altamente metastático; • Tumor de células basais: • Fibrossarcoma: Resumo de: Maíra Lara – 6° Período – Medicina Veterinária – UniLavras – 2024/1 Diagnóstico • Resenha: Padrões raciais (ex: buldogue, labrador e golden são raças propensas a terem algum tipo de neoplasia cutânea), idade (principalmente animais de meia idade e idosos), pigmentação (clara) e exposição ao sol (alta exposição é ruim para a pele do animal, principalmente para animais de pelagem clara) ... • Histórico: Tempo de desenvolvimento da neoplasia, se o animal já passou por algum tratamento anteriormente; • Anamnese: • Sinais clínicos: • Exame físico e exames complementares: o Colher amostra sanguínea para realizar um hemograma, perfil hepático e renal; o Avaliação citológica - Punção/Citologia Aspirativa por Agulha Fina (PAAF / CAAF): ▪ Dá o diagnóstico sugestivo. Para ver o tipo de células envolvidas, descobrir se é uma neoplasia benigna ou maligna; o Avaliação histopatológica: ▪ Biópsia: Dá o diagnóstico definitivo. Na hora da coleta evitar sangue, áreas inflamadas e infeccionadas Estadiamento Clínico • Determina a extensão, a disseminação e a gravidade da neoplasia; • Prognóstico e tratamento; • Raio X de tórax (três projeções), ultrassonografia abdominal (para ver se possui metástase), exames de sangue, punção de linfonodo sentinela (verificar se tem envolvimento de linfonodo); • Método TNM: Tabela universal. Avaliação citológica - Punção/Citologia Aspirativa por Agulha Fina (PAAF / CAAF) Resumo de: Maíra Lara – 6° Período – Medicina Veterinária – UniLavras – 2024/1 Cirurgia Oncológica • Os três pilares precisam estar equilibrados: Paciente, tutor e cirurgião veterinário; o Paciente (tem que colaborar para a melhora, ex: não retirar os pontos), tutor (tem que estar ciente da necessidade de exames complementares e cuidados) e cirurgião veterinário (ter conhecimento sobre qual técnica é mais adequada para cada caso); • Vantagens: o Cura imediata; o Menos imunossupressiva; o Mais efetiva que a radioterapia e quimioterapia em tumores grandes e localizados; o Auxilia no estadiamento. • Desvantagens: o Morbidade e mortalidade: o Alteração da anatomia normal e/ou funções fisiológicas; o Não cura os casos de metástase; • Objetivos: o Definição do diagnóstico: Manda a neoplasia para histologia após a cirurgia para se ter o diagnóstico definitivo; o Intervenção curativa; o Citorredução prévia ou adjuvante a quimioterapia e radioterapia; o Intenção paliativa: Para dar qualidade de vida para aquele paciente, não necessariamente com cura associada. Definição do Diagnóstico • Biópsia incisional: Retira somente uma porção do tecido neoplásico e para ser mandado paraa análise histopatológica; • Biópsia excisional: Retira a neoplasia totalmente, evitando áreas de inflamação e infecção, sempre com uma margem de segurança, para mandar para analise histopatológica. Intenção Curativa • Aumentar a sobrevida do animal, erradicação da neoplasia ou cura; • Margens livres: Margem com tecido normal, não neoplásico; • Pacientes com estadiamento inicial, portadores de neoplasias localizadas e com baixo potencial metastático, normalmente são beneficiados com a cura; • Ressecções incompletas vão levar a recidivas; Resumo de: Maíra Lara – 6° Período – Medicina Veterinária – UniLavras – 2024/1 • Linfadenectomia: o Retirar o linfonodo caso estiver acometido (linfonodo sentinela); o Coloca corante na neoplasia, depois de alguns minutos o linfonodo ficará corado devido a drenagem e poderá ser identificado e removido. Intenção Paliativa • Busca melhorar a qualidade de vida, sem necessariamente prolongar a sobrevida, interferir no prognóstico ou conferir cura. Princípios da Cirurgia Oncológica (Todas as neoplasias) • Técnica asséptica; • Manipulação delicada de tecidos: Tecido neoplásico manipulado de forma agressiva pode liberar células para a corrente sanguínea; • Limpeza do leito cirúrgico com solução fisiológica; • Parcimônia / cautela nas divulsões; • Hemostasia meticulosa e precoce; • Troca de material cirúrgico depois de remover a neoplasia, para não contaminar o tecido saudável; • Obter margens livres: Cirurgia Reconstrutiva Princípios da cirurgia reconstrutiva • Avaliação do tamanho do tumor: Para estimar as margens que deverão ser aplicadas; • Localização anatômica: Técnicas diferentes para os diferentes locais acometidos; • Avaliação da elasticidade da pele: Incisões de acordo com as linhas de tensão da pele; • Escolha da técnica; • Fechamento sem tensão: Para não romper os pontos; • Preservação de suprimento sanguíneo adequado; • Aproximação tecidual cuidadosa; • Reparar ou evitar o espaço morto: Para evitar a formação de seroma, utilizar bandagem compressiva para reduzir o espaço morto. Resumo de: Maíra Lara – 6° Período – Medicina Veterinária – UniLavras – 2024/1 Incisões de acordo com as linhas de tensão da pele • Seguir uma linha paralela a linha de tensão para fazer a sutura; • Reduz a tensão da musculatura. Técnica cirurgia • Cirurgias mais longas e complicadas; • Técnica meticulosa: A técnica cirúrgica depende do tipo de neoplasia, da sua localização, tamanho... • Instrumental adequado em quantidades adequadas: Ex: Pinça Backhaus; • Bisturi elétrico: Pode ser utilizado, ele cauteriza os vasos, ajudando na hemostasia; • Aproximação do subcutâneo: Faz com bandagem, para reduzir o espaço morto; • Pontos simples separado (fio 3-0 ou 4-0). Técnicas Reconstrutivas • Anatomia da pele: Preservar de maneira adequada a circulação sanguínea; o Artéria e veia cutânea direta, que se ramifica formando o plexo subdérmico; • Alívio de tensão da pele: Manobras simples; o Fechamento em padrão de figura geométrica: ▪ Incisão triangular para fazer o fechamento em formato de um Y invertido;▪ Incisão em forma de quadrado para distribuir a sutura em X, aumenta a sutura e distribui as forças de forma adequada; ▪ Incisão retangular, se distribui a sutura em duplo Y; ▪ Incisão circular ou elipse, se distribui em sutura retilínea. o Incisões de relaxamento: Resumo de: Maíra Lara – 6° Período – Medicina Veterinária – UniLavras – 2024/1 • Retalhos cutâneos: Porção de pele e tecido subcutâneo parcialmente destacada de uma região doadora para recobrir o defeito (leito receptor); o Preserva circulação, artéria e veia cutânea direta. • Enxertos: Transferência de um segmento livre de derme e epiderme para um local receptor; o Geralmente utilizado em defeitos nos membros; o O local doador deve ser suturado. Retalho de padrão subdérmico • Locais: o Retalhos de avanço: ▪ Unipediculado: Tamanho do defeito; ▪ Bipediculado ou H-plastia: Metade do tamanho do defeito de cada lado. o Retalhos: Desloca a pele em direção ao defeito ▪ Rotação: Defeitos triangulares; ▪ Transposição: Versátil, tem uma margem em comum com o defeito. o Pregas de pele: o Preserva o plexo subdérmico. Retalho de padrão axial: • Preserva a artéria e veia cutânea direta, elas saem de lugares específicos no corpo do animal; o Artérias e veias cutâneas diretas → Irrigar o plexo subdérmico → Melhor perfusão sanguínea; o Retalhos cutâneos com uma área duas vezes superior à dos retalhos de padrão subdérmico; Resumo de: Maíra Lara – 6° Período – Medicina Veterinária – UniLavras – 2024/1 • Retalho de padrão axial auricular caudal; o Defeitos em cabeça e pescoço. • Retalho de padrão axial epigástrica superficial caudal o Inclui as três últimas mamas (em machos as duas últimas); o Indicada castração associada a técnica; o Defeitos em abdome caudal, flanco, prepúcio, períneo, coxa e membro pélvico. Enxertos Cutâneos • Enxerto livre: o Espessura total: Epiderme e derme. Utilizado na veterinária; o Espessura parcial: Epiderme e parcialmente derme, não é rotineiro pois precisa de um aparelho específico para realizar o recorte correto; ▪ Finos, intermediários ou espessos Tipos de enxertos cutâneos • Enxerto em malha: Com incisões puntiformes, facilitando a embebição plasmática; • Enxerto livre por semeadura: O defeito tem que estar granulado. Como ocorre a ‘pega’ do enxerto? • Dois processos: o Adesão: Vai aderir no leito receptor; o Nutrição: Vascularização; ▪ Embebição plasmática: Consiste na absorção por capilaridade do plasma que transude da área receptora, provendo nutrientes para manter o tecido vivo. Ocorre geralmente 48-72 horas após a aplicação enxerto; ▪ Inosculação: Os capilares da região receptora passam a anastomosar com os do enxerto, causando uma ‘invasão vascular’. Ocorre três a quatro dias após a aplicação do enxerto; ▪ Revascularização do enxerto: Concomitantemente à fase de inosculação, surgem novos vasos (neoangiogênese) invadindo a derme e revascularizando o enxerto, por volta do quarto dia. Clinicamente, observa-se que o enxerto é inicialmente pálido, evoluindo para uma cianose e por fim para uma coloração rosada, evidenciando boa vascularização e consequentemente eficácia da enxertia. Resumo de: Maíra Lara – 6° Período – Medicina Veterinária – UniLavras – 2024/1 Pós operatório • Bandagem; o Retalho: A cada 48 horas; o Enxerto: A cada 72 horas. • Dreno: Máximo 3 dias; • Antibioticoterapia; • Analgésico; • Colas elisabetano; • Terapias adjuvantes. Complicações • Recidiva local; • Metástase: Mais próxima (linfonodos) ou mais longes (órgãos torácicos e abdominais); • Deiscência de pontos; • Necrose; • Infecção.
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