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Resumo de: Maíra Lara – 6° Período – Medicina Veterinária – UniLavras – 2024/1 Hérnias Definição: É a protrusão de um órgão ou parte dele, de seu local de origem, através de um defeito na parede da cavidade anatômica. Hérnia falsa X Hérnia verdadeira: As hérnias verdadeiras possuem o saco peritoneal envolvendo os órgãos, já as hérnias falsas não são envoltas pelo saco peritoneal. Formas de classificação • O local anatômico, ex: hérnia umbilical; • Interna ou externa; • Verdadeira ou falsa. Classificação quanto ao local anatômico: • Paracostal, lateral dorsal, inguinal, pré-púbica, femoral, umbilical, abdominal lateral ou ventral, escrotal, diafragmática, perineal, incisional, peritoniopericárdica. 1 – Paracostal 2 – Lateral dorsal 3 – Inguinal 4 – Pré-púbica 5 – Femoral 6 – Umbilical 7 – Ventral 8 – Escrotal 9 – Diafragmática 10 – Perineal Resumo de: Maíra Lara – 6° Período – Medicina Veterinária – UniLavras – 2024/1 Quanto a origem: • Congênita: Defeito observado no nascimento • Adquirida: Normalmente acontece por trauma ou degeneração. A hérnia perineal é comum em animais idosos, pelo enfraquecimento na região da pelve. Quanto ao tipo de tecido (órgãos) herniado: * Intestino é o mais comum de ser herniado Redutível, encarcerada ou estrangulada: • Redutível: Conteúdo herniário não está aderido; • Encarcerado: Aderência entre o conteúdo herniário e o tecido circundante, onde o conteúdo está aderido em uma localização anormal – podendo gerar uma obstrução – o animal sente incomodo na palpação. • Estrangulada: Obstrução do suprimento vascular do tecido herniário – isquemia e necrose tissular – dor a palpação e alteração na coloração local. Partes da hérnia: • Anel herniário, saco herniário e conteúdo herniário. Epidemiologia • Congênitas: Umbilicais e inguinais; • Traumatismos: rupturas diafragmáticas e inguinais; • Degenerativas: Perineais, comum em cães idosos, machos, não castrados. • Menor incidência: Femoral, abdominal lateral ou ventral, escrotal, incisional, peritoniopericárdica. Herniorrafia (suturar) Objetivos: • Retornar o conteúdo viável a sua localização normal; • Garantir o fechamento do anel herniário (sem tensão e reduzindo o espaço morto); • Eliminar o tecido em excesso no saco herniário; • Utilizar os tecidos do paciente sempre que possível – para coaptar a neocavidade. Resumo de: Maíra Lara – 6° Período – Medicina Veterinária – UniLavras – 2024/1 ATENÇÃO!!! • Exposição cirúrgica e acesso; • Manejo cuidadoso principalmente com tecidos feriáveis, ex: fígado; • Excisar tecidos desvitalizados - É necessário reavivar as bordas do anel herniário, para que haja uma cicatrização correta; • Dissecar as aderências por meio de divulsão romba, para não causar um trauma necrogênico. Hérnia Umbilical Anatomia, Etiologia e Patogênese: • Comum em pacientes mais novos; • Abertura umbilical: Serve como passagem para o conteúdo do cordão (vasos sanguíneos umbilicais, ducto vitelino e pedículo do alantóide); o Acontece pois já existe uma abertura umbilical da mãe para o feto, mas por algum motivo, quando o animal nasce a musculatura pode não fechar corretamente o anel umbilical. • Causas congênitas: Falha ou retardo na fusão das pregas que formam a parede abdominal durante a embriogênese; • Causas adquiridas de hérnia umbilical são raras; o Tração excessiva no cordão umbilical durante o parto; o Ligadura do cordão muito próxima a parede abdominal. • Raças predispostas: Pointer, Weimaraner, Pequinês, Shih Tzu; • Hereditariedade: Não se sabe ainda se existe predisposição genética, mas em todo caso é preciso evitar a reprodução desses pacientes; • Baixa incidência em gatos domésticos; • Sem predisposição sexual. Sinais clínicos: • Tumefação com aspecto macio/firme e circular sobre a cicatriz umbilical. Diagnóstico: • Localização da hérnia, palpação do anel herniário e do conteúdo herniário; • Radiografia e ultrassonografia abdominal – útil em casos de hernias irredutíveis; • Diferencial: Abscesso, hematoma, seroma ou nódulo subcutâneo. Resumo de: Maíra Lara – 6° Período – Medicina Veterinária – UniLavras – 2024/1 Tratamento conservativo: • O animal jovem com anel herniário aberto e redutível, pode ter o fechamento espontâneo do anel até os 6 meses de vida. Cuidado: Avaliar risco de complicações potenciais!!!! Tratamento Cirúrgico • Quando não houver sucesso terapêutico prévio; • Grandes hérnias; • Hernias com alças intestinais como conteúdo; • Hernias encarceradas ou estranguladas; • Padrão de sutura no anel herniário: Simples continuo/separado, sultan, wolf; • Fio absorvível ou inabsorvível. - Gordura falciforme: O corpo vai tentar fechar o anel herniário, acumulando fibrose e gordura no local Hérnia Inguinal Definição: Defeito estrutural no anel inguinal através do qual o conteúdo abdominal se desloca. - O tamanho vai variar de animal para animal e a consistência vai variar de acordo com o conteúdo. Fator determinante: Uma alta pressão abdominal pode contribuir para a protusão de órgãos para a cavidade inguinal (intestinos, bexiga, omento, útero – mais comuns) • Raramente é congênito, pode vir acompanhada de herniai umbilical, criptorquidismo, hernia perineal... Classificação: • Direta: Mais rara, passa pelo canal inguinal até o subcutâneo; • Indireta: Passa pelo processo vaginal (em fêmeas) ou pela túnica vaginal (em machos), descendo até o escroto, formando hernia escrotal; - Fêmeas podem ter a direta e indireta e machos podem ter a indireta Resumo de: Maíra Lara – 6° Período – Medicina Veterinária – UniLavras – 2024/1 Hereditariedade • É hereditário: Pequenos animais acometidos devem ser castrados até que a evidencia seja conclusiva. Fatores envolvidos na patogênese: o Anatomia: Fêmeas são mais predispostas, principalmente as não castradas, pois possuem o anel inguinal curto e de diâmetro maior; o Hormonal: A maioria das hérnias inguinais surgem durante o estro ou em cadelas prenhes; ▪ Os hormônios sexuais podem mudar a resistência e a característica do tecido conjuntivo, enfraquecendo ou aumentando os anéis inguinais. o Metabolismo: ▪ Estado metabólico ou nutricional: enfraquecimento da parede abdominal; ▪ A obesidade aumenta a pressão intra-abdominal (por causa da deposição de gordura), forçando a gordura abdominal através dos canais inguinais. • Raças predispostas: Golden Retriever, Pequinês, Poodle, Basset Hound, Teckel, Chihuahua, Cocker Spaniel, Spitz Alemão e Maltês • Fatores Agravantes: Gestação, Obesidade, Tumores de Mama (bom diferencial, também pode estar associada) e Traumas Ocasionais; • Não traumáticas: Cadelas de meia idade intacta (pela ação hormonal) ou cães machos jovens (possuem o anel inguinal mais dilatado devido a deiscência dos testículos). Sinais Clínicas • Tumefação indolor ou dolorida (mais difícil de ser encarcerada ou estrangulada) • Uni ou bilateral; • Conteúdo e tamanho dependem do órgão protuído; • Conteúdo herniário variável; • Casos de bexiga protrusa: Disúria / Anúria / Síndrome Urêmica – Pós renal; • Casos de intestino protuso: Aquesia / Disquesia / Tenesmo (toxemia - morte) / Êmese Diagnóstico • Anamnese; • Exame físico: Localização da hérnia, palpação do anel (se possível) e do conteúdo herniário; • Exame radiográfico e ultrassonografia abdominal: Principalmente para detectar o conteúdo herniado. Resumo de: Maíra Lara – 6° Período – Medicina Veterinária – UniLavras – 2024/1 Diagnósticos diferenciais • Massas inguinais; • Tumores de mama; • Cistos; • Linfonodo inguinal reativo; • Abscessos; • Hematomas; • Hérnia Femoral. Tratamento Cirúrgico • Incisão sobre o aumento de volume em casos de hérnias unilaterais; • Incisão médio-ventral em casosde grandes hérnias bilaterais. • Incisão mais delicada → expõe o saco herniário → abertura do saco herniário para a exploração do conteúdo (se é viável ou inviável) → reavivar as bordas do canal inguinal → sutura o canal inguinal, preservando caudalmente a abertura dos vasos e nervos (deixa um pouco aberto para não estrangular os vasos e nervos); • Sutura: Sultan, subcutâneo: zig- zag e subcutâneo: simples separado, sultan... ATENÇÃO!!! • Para a sutura do anel herniário: Cuidado para não lesionar o nervo genitofemoral e artéria e veia pudendas externas!!! Hernia/ Ruptura Diafragmática Definição: Descontinuidade do diafragma com deslocamento de órgãos da cavidade abdominal para a cavidade torácica. • Desconfia-se de hernia diafragmática em qualquer paciente severamente traumatizado; • Geralmente associada a traumas; • O espaço intratorácico é diminuído pela migração de órgãos abdominais que vão em direção a cavidade torácica, tirando a pressão negativa e pressionando os órgãos torácicos, dificultando a respiração do animal. Resumo de: Maíra Lara – 6° Período – Medicina Veterinária – UniLavras – 2024/1 Órgãos mais comumente encontrados na cavidade torácica: • Fígado: Sensível a manipulação, pode gerar uma hemorragia • Intestino Delgado; • Estômago e Baço; • Omento; • Pâncreas: Sensível a manipulação, pode gerar posteriormente uma pancreatite Fisiopatogênia: • O aumento da pressão intra-abdominal + glote aberta aumenta o radiente de pressão pleuro- peritoneal que ocasiona a ruptura diafragmática e herniação das vísceras; Sinais Clínicos: • Depende do tamanho da laceração e da quantidade de órgãos; • Compressão e Atelectasia pulmonar, o animal terá uma hipoventilação que poderá causar hipóxia e cianose; • Êmese / Diarreia / Disfagia / Obstipação e Constipação; • O pulmão vai ter dificuldade de funcionar por causa da perda de pressão negativa e presença de órgãos invasores, causando dispneia e cianose – deve-se colocar uma máscara de oxigênio e posteriormente uma entubação. Exame físico: • Diminuição de sons pulmonares e bulhas cardíacas, dispneia, posição ortopneica, auscultação torácica de borborigmos intestinais, abdome vazio à palpação em trauma recente; Diagnóstico Definitivo: • Exame radiográfico • Projeção inicial: LL (Evitar acentuar a dispneia e fraturas); • Sinais radiográficos: o Visualização de vísceras no interior do tórax; o Perda da silhueta diafragmática; o Obstrução e deslocamento da silhueta cardíaca; o Radiodensidade evidente em alças intestinais – gás em cavidade torácica. Diferencial: • Piotoráx ou hemotórax: Diferenciar pela palpação e toracocentese. Resumo de: Maíra Lara – 6° Período – Medicina Veterinária – UniLavras – 2024/1 Trans-Cirúrgico • Respiração controlada: Ventilação mecânica artificial ou manual; • Via de acesso pela linha abdominal média podendo ser ampliada por incisões paracostais ou toracotomia; IMPORTANTE!! • Reconstruir a pressão torácica negativa; • Dreno torácico – toracocentese • Referência é o processo xifoide, em direção caudal da região umbilical, expõe o defeito, e a partir da localização, traciona o conteúdo herniado para a cavidade abdominal; • Para a sutura do diafragma utiliza o ponto simples contínuo, com fio absorvível ou inabsorvível; • Mimetizar a posição correta do diafragma com pinças antes de suturar; • Uma das maneiras de saber se a sutura está ok, se enche a cavidade abdominal com solução fisiológica estéril, se a linha incisão do diafragma borbulhar durante a respiração significa que tem falha na sutura, se não borbulhar pode fechar o animal; • Para o último ponto o anestesista deve ser avisado, o diafragma deve ter a última sutura com o pulmão cheio de ar para facilitar a volta da pressão negativa. Hernia Perineal Definição: Insuficiência do diafragma pélvico (DP) muscular → PROTRUSÃO O diafragma pélvico é composto por 4 grupos musculares: Músculo esfíncter anal externo, músculo elevador do anus, músculo coccígeo e músculo obturador interno, a protrusão dos órgãos podem acontecer dentre os músculos. Pico de incidência: • Em média aos 7-9 anos de idade; • Doença dos cães machos e idosos; • Raças predispostas: Boston Terrier, collie, boxer; • Raramente observada em felinos. Resumo de: Maíra Lara – 6° Período – Medicina Veterinária – UniLavras – 2024/1 Etiopatogenia • Ocorre após a deterioração/enfraquecimento do Diafragma pélvico: o Hipotrofia neurogênica: Interrupção do suprimento nervoso ao músculo (tenesmo, pode causar o estiramento dos nervos motores) – pode ser por desuso ou falta de inervação; o Hipotrofia Senil: Expressão morfológica da idade, vai ficando mais flácida; o Miopatias degenerativas: Distrofias musculares, dermatomiosites e poliomiosite (condições degenerativas primárias); o Hormonal: Hormônios sexuais, principalmente quando há um desbalanceamento na produção hormonal = Hipotrofia muscular (* Neoplasias testiculares); o Prostatopatias: Tenesmo / Hormônio relaxina – Próstata aumentada vai causar dificuldade de defecar, causando uma interrupção do suprimento nervoso para a musculatura do DP. Sinais Clínicos • Depende da classificação da hérnia e do seu conteúdo; • Reto e bexiga são órgãos mais comuns de serem herniados; • Disquesia / Obstipação; • Aumento do volume evidente na região perineal; • Retroflexão de Vesícula Urinária (quando o animal urina a área herniada aparenta diminuir) – Estrangúria / disúria Exame físico • Massa herniada redutível e de consistência macia ou de consistência firme com demonstração de dor à palpação; • Exame digital do reto: Palpa-se ampróstata em machos. Vê-se tem algum desvio no reto, se tiver desvio significa que o reto faz parte da hérnia; • Determinação do conteúdo herniário: Raio X contrastado / Uretrocistografia / Ultrassonografia. Tratamento Clínico e Dietético !!! Adjuvantes ao tratamento cirúrgico • Fezes amolecidas e defecação regular o Dieta rica em fibras o Óleo mineral (1-2 ml/kg) o Lactulose (Lactulona 1ml/4,5kg). Cuidados Pré-operatórios • Manutenção da diurese, dieta laxantiva (fibras), laxantes; • Jejum e enema no dia que antecede a cirurgia. Resumo de: Maíra Lara – 6° Período – Medicina Veterinária – UniLavras – 2024/1 Operatório • Acesso cirúrgico: o Incisão sobre o aumento de volume; o Avaliar o conteúdo herniado, se está viável ou inviável; o Os músculos pélvicos envolvidos no processo não são identificados e individualizados na prática; o Atenção para a sutura da musculatura: Não lesionar artéria e veia pudendas internas e o nervo pudendo; o Realizar prostatectomia ou orquiectomia; o Herniorrafia padrão ou elevação do Músculo obturador interno para o fechamento do defeito, caso seja inviável, utiliza-se uma malha de polipropileno. Hérnia Femoral • Trauma, avulsão dos ligamentos cúbicos, • Extravasa conteúdo pelo canal femoral, são semelhantes as hérnias inguinais. Hérnia Escrotal • Consequência da hérnia inguinal. Hérnia Abdominal Ventral ou Lateral • Resultados de traumas que resultam em uma ruptura abdominal. Hérnia Incisional • Abertura/ deiscência dos pontos posteriormente a uma cirurgia; • O conteúdo migra para o subcutâneo. Hérnia Peritôniopericárdica • Congênita; • Abertura incomum no diafragma e pericárdio, onde ocorre uma falha que permite a comunicação entre a cavidade pericárdica e peritoneal.
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