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gestão do trabalho

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Joelma Marçal
Gestão do trabalho pedagógico
Joelm
a M
arçal
Código Logístico
59874
ISBN 978-65-5821-031-3
9 7 8 6 5 5 8 2 1 0 3 1 3
Gestão do trabalho 
pedagógico 
 Joelma Marçal
IESDE BRASIL
2021
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2021 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: pixome/Shutterstock
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
M262g
Marçal, Joelma
Gestão do trabalho pedagógico / Joelma Marçal. - 1. ed. - Curitiba 
[PR] : IESDE, 2021.
86 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5821-031-3
1. Professores - Formação. 2. Inovações educacionais. 3. Prática de 
ensino. I. Título.
21-71059 CDD: 370.21
CDU:37.026
 Joelma Marçal Doutoranda em Educação pelo Instituto Superior 
de Educação e Ciência (ISEC)/Faculdade Lusófona 
de Portugal. Mestre em Educação, História e Política 
pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). 
Graduada em Pedagogia pela UFSC. Pesquisadora/
Consultora do MEC. Coordenadora pedagógica da 
educação básica em escolas públicas e privadas. 
Docente no ensino superior na Universidade do Estado 
de Santa Catarina (UDESC) e em outras faculdades, 
ministrando as disciplinas de Princípios da Orientação 
Educacional; Princípios da Supervisão Educacional; 
Didática Geral I e II; Metodologia da Pesquisa; 
Liderança e Trabalho em Equipe e Empreendedorismo. 
Coordenadora do curso de pós-graduação de Gestão 
de Projetos na rede privada
SUMÁRIO
1 Desafios educacionais na atualidade 9
1.1 Novos papéis do pedagogo 10
1.2 Mercado de trabalho 14
1.3 Ensino híbrido 19
2 O cotidiano escolar como laboratório 32
2.1 Mapeando o território 33
2.2 Alinhando as parcerias 35
2.3 Construindo o Projeto Político-Pedagógico 39
3 A práxis do trabalho pedagógico 47
3.1 Expertise pedagógica 48
3.2 Inovação das práticas pedagógicas 50
3.3 Instrumentos pedagógicos essenciais 53
4 Uma gestão pedagógica inovadora é possível? 60
4.1 Autonomia x heteronomia 60
4.2 Uma questão de gestão 63
4.3 Por uma gestão pedagógica do trabalho escolar 67
5 O papel do pedagogo na escola: o inédito viável 72
5.1 O pedagogo necessário 73
5.2 O pedagogo possível 76
5.3 O pedagogo pesquisador pensante 78
 Gabarito 82
Esta obra tem por objetivo oportunizar o debate acerca das 
questões que norteiam o trabalho do pedagogo. A ideia foi reunir 
contribuições importantes para enriquecer as discussões sobre o 
trabalho desse profissional e sua importância para o desenvolvimento 
de um processo educativo de qualidade nas escolas.
Deste modo, no primeiro capítulo apresentamos pontos 
importantes sobre a formação recebida nos cursos superiores de 
Pedagogia, atrelados à prática pedagógica desenvolvida durante a 
construção da carreira do pedagogo. Nessa parte, é de fundamental 
relevância destacar o contexto histórico em que a formação acadêmica 
ocorreu, tendo como base o pedagogo no centro dos processos 
educativos, independentemente das circunstâncias enfrentadas.
A discussão sobre território e os desafios que nele se 
apresentam está contida no segundo capítulo, no qual também 
encontramos os entraves e as possibilidades oferecidas pelo 
cenário no qual a escola está inserida e os relacionamos ao 
trabalho pedagógico desenvolvido. Outro ponto tratado no referido 
capítulo é o estabelecimento de parcerias nesse território, aspecto 
intrinsecamente ligado ao sentimento de pertença e ao protagonismo 
educacional. Finalmente, chegamos à discussão sobre o projeto 
político-pedagógico, levantando questões como a participação 
efetiva de todos os representantes da comunidade escolar: alunos, 
professores, famílias e lideranças locais governamentais e não 
governamentais em todas as etapas do projeto. 
O terceiro capítulo trata do conceito de expertise, mais 
especificamente sobre a expertise pedagógica, e de que modo 
ela pode vir a contribuir para a carreira do pedagogo e para o 
trabalho realizado por esse profissional, tornando sua prática 
transformadora e elevando-a à práxis pedagógica. Discute-se 
também sua formação contínua, seu saber-fazer pedagógico e sua 
contribuição como fomentador, gestor e articulador do pensar 
pedagógico, com o objetivo de construir uma prática capaz de 
oportunizar mudanças profícuas no cenário educacional vigente.
APRESENTAÇÃOVídeo
8 Gestão do trabalho pedagógico
Debatendo elementos que fazem parte de uma proposta democrática de 
gestão, o quarto capítulo apresenta a discussão sobre a gestão pedagógica e 
os desafios para torná-la inovadora, significativa e eficaz, trazendo exemplos 
e contrapondo-os dentro do cenário no qual o pedagogo está inserido, 
relacionando-os ao trabalho pedagógico desenvolvido. 
Para debater sobre o papel do pedagogo, o último capítulo traz os 
elementos constituintes da caminhada desse profissional que influenciam na 
construção de sua identidade, na condução de sua carreira e no alinhamento 
da sua prática pedagógica.
Para encerrar a obra, ressaltamos a questão da pesquisa e da formação 
para a construção do pensar pedagógico. O pedagogo-pesquisador, pensante 
e atuante no cenário educativo, capaz de promover a mediação, a articulação 
e a formação de saberes e fazeres, por meio do prisma da coletividade, na 
prevenção e na análise qualitativa dos resultados, é o profissional possível e 
necessário no âmbito escolar. 
Diante do cenário educacional vivenciado durante a pandemia da Covid-19, 
com aulas remotas e híbridas, o pedagogo vai construindo e se constituindo 
profissional essencial para a educação. Assim, ter a compreensão do seu papel 
educacional e do lugar essencial que ocupa no cenário educativo, torna o pedagogo 
uma figura central e imprescindível para a elaboração de estratégias pedagógicas 
de excelência, na busca por uma educação significativa e de qualidade. 
Esperamos que tenham boas reflexões pedagógicas!
Desafios educacionais na atualidade 9
1
Desafios educacionais 
na atualidade
Neste capítulo, discutiremos pontos importantes, relacionando-os 
com a formação recebida no curso superior e com a prática desen-
volvida durante a construção da carreira. Em um primeiro momento, 
ressaltaremos a importância de discutirmos essa temática com base 
em seu contexto histórico, a fim de reaver os elementos construídos 
em diferentes épocas e, assim, estabelecer uma relação que possibili-
te a composição do cenário educacional atual.
Outro tema que abordaremos ao longo deste capítulo é o merca-
do de trabalho; veremos, inclusive, suas características para receber 
o pedagogo. Intrinsecamente ligado ao modo de organização capi-
talista, o campo de atuação desse profissional, também construído 
historicamente, apresenta lacunas que refletem os desafios vividos na 
formação do pedagogo.
Por fim, abordaremos o ensino híbrido, contando com questões 
sobre a participação efetiva do pedagogo em situações de crise, a 
velocidade das inovações pedagógicas e o impacto de se repensar 
os rumos da educação tendo como base o pedagogo no centro 
dos processos educativos, independentemente das circunstâncias 
enfrentadas.
É muito importante considerarmos a trajetória da pedagogia 
e todas as influências que essa carreira recebe, desde a formação 
acadêmica até o dia a dia profissional. Só assim seremos capazes 
de impingir caráter científico aos debates sobre as temáticas da 
educação.
10 Gestão do trabalho pedagógico
1.1 Novos papéis do pedagogo 
Vídeo A identidade do pedagogo é objeto de estudo, discussão e, ao que 
parece, é um processo ainda em construção. Para elaborar um con-
ceito que descreva qualitativamente sua essência, alguns elementos 
precisam ser debatidos e levados em consideração;por exemplo: iden-
tidade; contexto histórico, social e político; formação; legislações vigen-
tes; entre outros pontos que, ao serem discutidos, contribuem para 
conhecer a profissão desse profissional da educação, bem como sua 
origem, seus entraves e suas possibilidades.
O termo pedagogo era utilizado para nomear o indivíduo escravi-
zado responsável por conduzir as crianças da elite da Grécia antiga ao 
templo do saber. Ali, desenvolviam o que podemos denominar hoje 
escolaridade. De acordo com a etimologia, a palavre pedagogia vem do 
grego paidós e agogé que significam, respectivamente, criança e condu-
ção. O sujeito que guia, direciona, encaminha para o conhecimento é 
o pedagogo.
Com base nessa análise, podemos perceber que a ciência da pe-
dagogia se inicia com uma função operacional, porém já intimamen-
te ligada ao ato de construir saberes. Mesmo ocorrendo mudanças 
significativas ao longo do tempo, no que concerne à sua construção 
identitária, essa característica permanece durante toda a trajetória his-
tórico-cultural do pedagogo, permanecendo evidente em todas as fa-
ses: em seu envolvimento intrínseco com o cognitivo, com os processos 
educativos e com o ensinar e o aprender.
É importante entender que durante um longo período o conheci-
mento foi diretamente relacionado ao poder, no sentido de se apre-
sentar inacessível para todos os sujeitos e de estar restrito a circular 
apenas entre os detentores dos interesses da minoria dominante em 
diferentes épocas: clero, igreja, monarquias, organizações políticas, en-
tre outros. O objetivo era manter na ignorância a grande maioria da 
população para concentrar o controle econômico, político e social. Com 
o passar das décadas, a sociedade foi sofrendo transformações e, com 
elas, outras fontes de conhecimento foram apresentadas. Novas for-
mas de acesso e manipulação das descobertas também surgiram. De 
acordo com Libâneo (2001, p.122),
Desafios educacionais na atualidade 11
a sociedade atual é eminentemente pedagógica, ao ponto de 
ser chamada de sociedade do conhecimento. Vejamos alguns 
exemplos. Está se acentuando o poder pedagógico dos meios de 
comunicação: TV, imprensa, escrita, rádio, revistas, quadrinhos. 
A mídia se especializa em fazer cabeças, não apenas no campo 
econômico, político; especialmente no campo moral.
Na formação acadêmica, encontraremos muitos currículos de cur-
sos de Pedagogia que sofreram e sofrem alterações de acordo com as 
instituições de ensino e legislações (municipais; estaduais e federais). 
Assim, dependendo da formação recebida, o pedagogo termina seu 
curso superior preparado para: docência, gestão e/ou pesquisa.
Em resumo, a Pedagogia, mediante conhecimentos científicos, 
filosóficos e técnico-profissionais, investiga a realidade educa-
cional em transformação, para explicitar objetivos e processos 
de intervenção metodológica e organizativa referentes à trans-
missão/assimilação de saberes e modos de ação. Ela visa ao en-
tendimento, global e intencionalmente dirigido, dos problemas 
educativos e, para isso, recorre aos aportes teóricos providos 
pelas demais ciências da educação. (LIBÂNEO, 2001, p. 160)
Em seus primórdios, a formação profissional preconizava instruir 
o sujeito para a docência, auxiliando-o no processo de preparação 
para que pudesse atuar ministrando as disciplinas dos anos iniciais, as 
quais, diferentemente dos anos finais da educação básica, não exigem 
aprofundamento de conteúdo, podendo ser trabalhadas pelo profes-
sor pedagogo generalista.
É importante ressaltar que, assim como o papel do pedagogo veio 
sendo discutido e sofrendo profundas alterações, o mesmo ocorreu 
com a própria ciência da pedagogia, tanto no que diz respeito a ser 
reconhecida como área científica quanto a se constituir como referên-
cia teórica do processo educativo humano. Desse modo, para construir 
um conceito pedagógico que defina a atuação do pedagogo, é essencial 
compreender a pedagogia em seu cerne histórico, acadêmico e social.
O curso de Pedagogia não prepara apenas para o exercício da do-
cência; é uma formação que contribui para a construção de um sujeito 
empoderado também nas demais áreas em que se alicerçam os pila-
res que balizam a educação. Libâneo afirma que a caracterização de 
pedagogo-especialista:
No filme O nome da 
rosa, Umberto Eco nos 
revela conflitos medievais 
como abusos de poder, 
ostentação, injustiças e 
demagogia. Esse mundo 
era dominado pela Igreja 
Católica, que mantinha 
todo o conhecimento 
produzido até então e 
não permitia a homens 
comuns o acesso aos 
dogmas religiosos nos 
quais a Igreja estava 
embasada. Ela, por 
assim dizer, mantinha a 
sete chaves tudo o que 
considerava pagão e 
herege e que pudesse ser 
prejudicial à ordem e ao 
poder já estabelecido. 
Direção: Jean-Jacques Annaud. 
Itália, Alemanha, França: 
Cristaldfilm; France 3 Cinéma, 1986. 
Filme
12 Gestão do trabalho pedagógico
é necessária para distingui-lo do profissional docente. Importa 
formalizar uma distinção entre trabalho pedagógico (atuação 
profissional em um amplo leque de práticas educativas) e traba-
lho docente (forma peculiar que o trabalho pedagógico assume 
na escola). Caberia, também, entender que todo trabalho docen-
te é trabalho pedagógico, mas que nem todo trabalho pedagógi-
co é trabalho docente. (LIBÂNEO, 2001, p. 100)
Após a conclusão do curso, ainda que o pedagogo não exerça a do-
cência, aqui já mencionada como sendo a área mais conhecida de sua 
formação, ele terá nessa área toda sua base formativa. Na verdade, ao 
aglutinar também a pesquisa e a gestão à essa formação, um nível de 
abrangência especialmente amplo é adquirido, podendo ser verifica-
do, sobretudo, nos diferentes espaços de atuação da profissão. Para o 
desenvolvimento das competências e habilidades de modo mais pro-
fundo e específico, o pedagogo pode buscar aperfeiçoamento e espe-
cializar-se tanto em processos de gestão e acompanhamento quanto 
na produção do conhecimento por meio da pesquisa científica.
Podemos afirmar que todo pedagogo é também um pesquisador, 
sempre em busca de construção de conhecimento, descobertas, hipó-
teses, análises de dados, bem como de debates e discussões em tor-
no do desenvolvimento de ideias. A gestão dos processos educativos é 
inerente à prática desse profissional, uma vez que ele é corresponsável 
pelo diálogo constante entre as diferentes instâncias que compõem a 
comunidade escolar, ou seja, professores, alunos e pais.
Nessa concepção, segundo Libâneo (2002, p. 30), o pedagogo:
é o profissional que atua em várias instâncias da prática educati-
va, indireta ou diretamente vinculadas à organização e aos pro-
cessos de aquisição de saberes e modos de ação, com base em 
objetivos de formação humana definidos em uma determinada 
perspectiva. Dentre essas instâncias, o pedagogo pode atuar nos 
sistemas macro, intermediário ou micro de ensino (gestores, 
supervisores, administradores, planejadores de políticas edu-
cacionais, pesquisadores ou outros); nas escolas (professores, 
gestores, coordenadores pedagógicos, pesquisadores, formado-
res etc.); nas instâncias educativas não escolares (formadores, 
consultores, técnicos, orientadores que ocupam de atividades 
pedagógicas em empresas, órgãos públicos, movimentos sociais, 
meios de comunicação; na produção de vídeos, filmes, brinque-
dos, nas editoras, na formação profissional etc.)
Desafios educacionais na atualidade 13
Da mesma forma, o pedagogo professor é o gestor do processo 
educativo que medeia em sala de aula e o pesquisador que se apri-
mora constantemente, estudando diariamente para planejar as aulas e 
construir projetos contextualizados.
Com vistas a construir, desenvolver, fomentar e praticar uma edu-
cação que promova qualidade de vida a todos em condições de equi-
dade, a educação transformadora é elencada como uma possibilidade 
concreta de formação do pedagogo para atuar nos papéis descritos 
anteriormente. Receber um preparo profissional acadêmico alicerçado 
emideias libertadoras parece ser a maneira mais eficaz de se construir/
desenvolver a ciência da pedagogia que oportuniza receber no merca-
do de trabalho um indivíduo apto a mediar as situações pedagógicas 
atuais. Segundo Freire (1996, p. 123),
o diálogo é uma espécie de postura necessária, na medida em 
que os seres humanos se transformam cada vez mais em seres 
criticamente comunicativos. O diálogo é o momento em que 
os humanos se encontram para refletir sobre sua realidade tal 
como a fazem e refazem [...] através do diálogo, refletindo juntos 
sobre o que sabemos, podemos e, a seguir, atuar criticamente 
para transformar a realidade.[...] O diálogo sela o relacionamen-
to entre sujeitos cognitivos, assim podemos atuar criticamente 
para transformar a realidade [...] Eu acrescentaria que o diálo-
go valida ou invalida as relações sociais das pessoas envolvidas 
nessa comunicação [...] O diálogo libertador é uma comunicação 
democrática, que invalida a dominação [...] ao afirmar a liberda-
de dos participantes de refazer a cultura. 
É possível percebermos diálogo como base para relacionar essas 
três áreas na formação do pedagogo. O processo dialógico é, sem dú-
vida, o principal meio de intervenção na prática do pedagogo, indepen-
dentemente do cargo que irá exercer, tanto nas instituições escolares 
formais quanto nas não formais ou informais. Para dar conta de uma 
formação que abarque os processos de mediação por meio de ações 
dialógicas, é necessário um currículo que oportunize valorizar o con-
texto, o ambiente e a história de cada um dos sujeitos envolvidos no 
processo de ensinar e de aprender. Libâneo (2001, p. 134) traz uma 
primorosa contribuição ao afirmar que:
a formação dos profissionais da educação deve contemplar a 
preparação daqueles profissionais da área educacional deman-
dados pela sociedade brasileira, em sua configuração atual, para 
14 Gestão do trabalho pedagógico
atuarem na organização e na gestão de todos os segmentos do 
sistema nacional de ensino. Com igual insistência, é também ne-
cessária a formação de estudiosos que se dediquem à constru-
ção do conhecimento científico na área, uma vez que a educação 
também é considerada como um campo teórico-investigativo e 
que a produção desse conhecimento é requisito fundante de 
toda formação técnica e docente. Assim, a formação do profis-
sional da educação é vista sob uma tríplice perspectiva.
Diante de todas as discussões sobre o papel do pedagogo, as dú-
vidas e incógnitas sobre a identidade, o perfil e as características que 
devem ser predominantes nesse profissional da educação ainda são 
muitas. Quais competências e habilidades precisam ser desenvolvidas? 
Como construir um currículo que garanta a formação necessária para 
atuar na sociedade atual?
É importante se apoiar no pensamento de que,
portanto, o que se percebe é que tanto a identidade do pedago-
go quanto o seu trabalho está em constante construção e aos 
poucos vão tecendo seu perfil, seus conhecimentos, suas identi-
dades; uma vez que seu trabalho está ligado a várias áreas, cultu-
ral, educacional, social, humana. (PIMENTA, 2004, p. 88)
Mais do que construir um conceito unificado entre a pedagogia e o 
pedagogo, é preciso, também, que esse profissional possa se inserir no 
mercado de trabalho com segurança e qualidade, preenchendo, com 
propriedade científica, as lacunas ainda existentes nos processos edu-
cativos da sociedade.
1.2 Mercado de trabalho 
Vídeo Por quantas funções um pedagogo é formado? Como esse profissio-
nal constrói suas características? Como elas influenciam a composição 
dos cargos ofertados no mercado de trabalho?
Com base nas questões levantadas no parágrafo anterior, acredita-
mos que, assim como existem lacunas no processo de construção da 
identidade e do perfil do pedagogo, há também um campo de incerte-
zas no que se refere ao mercado de trabalho, não só pela questão das 
lacunas da formação, mas sobretudo pela desvalorização econômica, 
política e social da carreira.
Desafios educacionais na atualidade 15
O legado histórico-cultural acerca da identidade, formação e atua-
ção do pedagogo é permeado por grandes acontecimentos, cons-
tantes adaptações, mudanças, alterações, avanços e retrocessos, 
tendendo à constantemente atender às novas demandas políti-
cas, sociais, econômicas e culturais que envolvem o processo edu-
cativo e os indivíduos nele inseridos. Sendo assim, a identidade do 
profissional pedagogo foi – e é até os dias de hoje – amplamente 
discutida, a fim de desvendar e situar seu real papel, tanto no bojo 
social quanto no educacional, enquanto propiciador da formação 
integral do indivíduo. (BARBOSA et al., 2008)
O mundo do trabalho é gerido pelo modus operandi do capitalis-
mo e, de acordo com as transformações ocorridas na sociedade, vai 
sofrendo alterações à medida que também influencia esse mercado. 
Desse modo, a inserção do pedagogo no mundo do trabalho está dire-
tamente ligada às políticas públicas e ao cenário educacional nos âmbi-
tos nacional e internacional.
Sendo uma profissão pouco valorizada socialmente, o pedagogo 
enfrenta um desafio a mais na hora de exercer seu ofício, haja vista 
a redução de oportunidades e a ausência de vagas diversificadas. O 
cargo de professor ainda é o que apresenta maior possibilidade de se 
conseguir um posto de trabalho.
Ao mesmo tempo em que cada vez mais a sociedade exige um perfil 
de profissional polivalente (característica que pode muito bem ser en-
contrada na formação do egresso da Pedagogia), a maioria dos cargos 
exigem também especializações que nem sempre estão disponíveis 
para todos.
Diante das incertezas anteriormente discutidas, quando se direcio-
na o olhar para os espaços escolares, podemos encontrar o pedagogo 
ocupando diferentes cargos, desempenhando funções nem sempre 
condizentes com a sua formação. A realidade trabalhista, ainda que em 
tempos distintos, nem sempre oferece oportunidades coerentes, que 
valorizem esse profissional e possibilitem seu crescimento.
Assim, é possível encontrar pedagogos exercendo funções opera-
cionais e burocráticas na secretaria da escola ou até mesmo substituin-
do a figura do bibliotecário, na falta desse profissional no quadro de 
colaboradores. É comum, também, desempenhar mais de uma função, 
como, atuar na direção da escola e responder pela coordenação peda-
gógica ao mesmo tempo.
16 Gestão do trabalho pedagógico
Em todas as situações mencionadas (e outras tantas que é possível 
aqui apresentar), o pedagogo acaba por não exercer seu verdadeiro 
papel, encontrando-se muitas vezes perdido e até mesmo descrente de 
sua profissão. O objetivo de sua formação é, de modo geral, promover 
circunstâncias pedagógicas ideais para a construção coletiva dos sabe-
res, de acordo com o contexto em que está inserido.
Essa condição não encontra terreno fértil nas atuais oportunidades 
empregatícias da grande maioria dos recém-formados nos cursos de 
Pedagogia. Nem mesmo a tão sonhada estabilidade vinda de um con-
curso público parece dar conta de motivar a escolha desse curso no 
momento em que os jovens saem do ensino médio e decidem suas 
profissões. Tudo isso é resultado de um cenário educacional caótico e 
dependente das políticas públicas do país.
É necessário, porém, analisar as condições de trabalho pelo viés da 
modernização/globalização do mercado de trabalho no que se refere 
às novas áreas que trazem consigo oportunidades inéditas para o pe-
dagogo, apresentando cargos e funções antes não pensadas para esse 
profissional.
O pedagogo acabou encontrando um campo de atuação em es-
paços alternativos, como hospitais, empresas, editoras, organizações 
não governamentais e outros lugares que não se caracterizam neces-
sariamente como escolares. Por uma questão de sobrevivência, esse 
profissional ampliou seu cenário de atuação e, consequentemente, seu 
processo formativo, que acabou por sofrer significativas alterações.
É quase unânime entre os estudiosos, hoje, o entendimento de 
queas práticas educativas estendem-se às mais variadas instân-
cias da vida social, não se restringindo, portanto, à escola e muito 
menos à docência, embora estas devam ser a referência da for-
mação do pedagogo escolar. Sendo assim, o campo de atuação 
do profissional formado em pedagogia é tão vasto quanto são 
as práticas educativas na sociedade. Em todo lugar onde hou-
ver uma prática educativa com caráter de intencionalidade, há aí 
uma pedagogia. (LIBÂNEO, 2002, p. 51)
O papel do pedagogo é o da mediação com base em uma ação dia-
lógica; portanto, suas competências e habilidades correspondem mui-
to bem às circunstâncias em que essa postura é necessária. Assim, se 
o campo de atuação é propício para a ação educativa/formativa, o pe-
Paulo Freire acreditava 
que, se os alunos forem 
orientados por meio de 
um diálogo político-pe-
dagógico, há uma possi-
bilidade de aproximação 
crítica do conhecimento 
e sua recreação. Em 
Pedagogia da Autonomia, 
o autor discorre sobre 
como os professores 
devem ensinar os 
alunos a serem Seres 
Mais, criando uma ação 
transformadora. Para 
isso, explica sobre a ética 
crítica, a competência 
científica e a amorosida-
de autêntica, com base 
no engajamento político. 
Depois de ler o livro, você 
saberá sobre como deve 
ser a formação de um 
educador e como uma 
boa relação com o edu-
cando é importante.
FREIRE, P. São Paulo: Paz e Terra, 
1996.
Livro
Desafios educacionais na atualidade 17
dagogo terá oportunidade de trabalho, ainda que sua formação tenha 
como base o exercício da docência.
Contribuir para a interpretação dos fenômenos econômicos, políti-
cos e sociais que regem a sociedade, investigando, compreendendo e 
refletindo teoricamente para a construção de uma discussão coletiva 
acerca das melhorias necessárias no âmbito educacional, parece ser o 
que assegura a necessidade da presença do pedagogo em todo o espa-
ço que promova a ação educativa.
Educação de qualidade é aquela em que a escola promove para 
todos o domínio de conhecimentos e o desenvolvimento de capa-
cidades cognitivas e afetivas necessários ao atendimento de ne-
cessidades individuais e sociais dos alunos, à inserção no mundo 
do trabalho, à constituição da cidadania (inclusive como poder 
de participação), tendo em vista a construção de uma sociedade 
mais justa e igualitária. A articulação da escola com o mundo do 
trabalho se torna a possibilidade de realização da cidadania, por 
meio da internalização de conhecimentos, habilidades técnicas, 
novas formas de solidariedade social, vinculação entre trabalho 
pedagógico e lutas sociais pela democratização da sociedade. 
(LIBÂNEO, 2007, p.117, grifos do original)
É importante deixar registrado também que as constantes trans-
formações ocorridas na sociedade criaram possibilidades distintas no 
campo profissional para que o pedagogo ampliasse sua atuação. Sob 
o viés das mudanças substanciais vivenciadas ao longo da história, o 
pedagogo vem se tornando uma peça fundamental para se pensar 
em processos educativos contextualizados, vetores de ligação entre as 
áreas do conhecimento e agente mediador do desenvolvimento dos sa-
beres atribuídos como essenciais para atender ao mundo atual, quais 
sejam: empatia, corresponsabilidade, resolução de conflitos, proativi-
dade, senso de liderança e capacidade analítica. Ramal (2002, p.34, gri-
fos do original) ilustra muito bem isso ao dizer que:
vivemos numa era em que o conhecimento assume novas con-
figurações. Ele se modifica permanentemente, sendo atualizado 
dia a dia pelas descobertas das ciências e por essa inteligência 
coletiva que produz saberes em conjunto, na grande rede do ci-
berespaço. A memória da humanidade já não está confinada nas 
bibliotecas, mas sim em contínua reconstrução. Nesse contexto, 
a capacidade de gerenciar a informação se torna, muitas vezes, 
a competência mais valiosa. Nesse cenário, a tarefa do pedago-
go também se modifica e sua profissão se torna estratégica. Ao 
18 Gestão do trabalho pedagógico
contrário de outras áreas que perdem seu espaço ou são limi-
tadas pela especialização, para o pedagogo abre-se um raio de 
atuação cada vez maior.
O que precisa ficar claro é que, mesmo diante dos cenários alter-
nativos até aqui apresentados, é necessário tomar muito cuidado para 
não confundir ou sobrepor uma situação à outra no sentido de com-
preender o papel do pedagogo na sociedade. Independentemente do 
espaço físico ocupado por ele, esse profissional da educação deve ter 
clareza dos princípios de sua profissão, bem como do embasamento 
de sua formação acadêmica. Exercer uma função em um museu ou 
em uma agência que promova turismo pedagógico não justifica uma 
atuação profissional rasa, pobre em teoria ou desassociada do traba-
lho consistente de pesquisa.
Atuar em um ambiente hospitalar, gerenciar projetos, construir pro-
gramas socioeducativos ou exercer uma função no departamento de 
recursos humanos de uma empresa demandará do pedagogo adequa-
ções de seus conhecimentos técnicos, mas a postura de pesquisador 
do saber jamais perderá espaço, mesmo diante de funções ou cargos 
alternativos exercidos.
Para acompanhar o ritmo frenético do mundo globalizado, todo tra-
balhador precisa estar em contato diário com as inovações surgidas em 
sua área de formação e/ou atuação. Com o pedagogo não é diferente; 
na verdade existe, inclusive, uma carga a mais de responsabilidade, 
pois sendo um profissional diretamente ligado à área educacional, a 
busca por informações, descobertas, debates e discussões no ambien-
te educativo se torna um hábito a ser incutido na rotina do pedagogo 
como estratégia intrínseca de formação.
Dessa forma, cargos e funções vão se apresentando, ampliando-se e 
fortalecendo-se como novos campos de exercício da pedagogia, ciência 
que preconiza o trabalho com o conhecimento, desde sua criação, pas-
sando pelo fomento e aplicação em ambientes escolares e não escolares.
Levando em consideração todo esse movimento, percebemos que 
as variações do mercado de trabalho tanto influenciam quanto sofrem 
influência na/da formação do pedagogo, construindo uma espécie de 
simbiose – processo que resulta em algumas consequências positi-
vas para ambos os envolvidos. Com relação ao processo formativo, é 
importante:
Desafios educacionais na atualidade 19
formar o pedagogo na perspectiva já discutida, que envolve a 
compreensão da realidade educacional referenciada pelos do-
mínios de conhecimento constitutivos da área (antropologia, fi-
losofia, história, psicologia, sociologia, entre outros), a projeção 
de ações para intervir na realidade educacional, sua implemen-
tação, avaliação e redimensionamento, o que fará emergir outro 
saber, nem só teórico, nem só prático, mas, essencialmente, teó-
rico-prático. (CRUZ; AROSA, 2014, p. 111)
Por último, mas não menos importante, devemos frisar a questão 
da dificuldade em se construir um perfil identitário tanto para o curso 
quanto para o profissional formado. É exatamente aqui o ponto nevrál-
gico a ser ressaltado: as oscilações vivenciadas pelo mercado de traba-
lho contribuem sobremaneira para o desafio de compor o conceito de 
pedagogo e unificar seus preceitos.
1.3 Ensino híbrido 
Vídeo No ano de 2020, o mundo foi tomado por um assombroso processo 
pandêmico, no qual a população ficou sob a ameaça de um vírus identi-
ficado como Sars-CoV-2, popularmente chamado coronavírus, causador 
da doença Covid-19. Muito pouco se sabe, até o momento da produção 
deste livro, sobre o vírus, mas em uma quantidade alarmante de casos, 
o resultado da doença foi letal, o que influenciou totalmente o compor-
tamento das pessoas e alterou a forma de viver em inúmeros aspectos.
Impossibilitados de circular nas ruas e em espaços compartilhados, 
de conviver socialmente com muitas pessoas, a sociedade se viu, de um 
dia para o outro, isolada dentro de casa. Comércios, empresas e esco-
las sofreram um impacto imediato, porque tiveram de se adaptar para 
atender ao público, reinventando-se pelasnotícias diárias da ameaça 
invisível de um vírus transmitido pelo ar ou pelo contato entre as pes-
soas e, a princípio, sem previsão de vacina.
Mais uma vez o cenário educacional precisou ser ajustado mediante 
as transformações da sociedade e a grandiosa questão de saúde que 
assolava o mundo. Se o panorama da educação precisou ser revisto e 
recriado, mais uma vez o pedagogo precisou acompanhar os movimen-
tos realizados por esse novo contexto enfrentado.
Primeiramente, o atendimento dos alunos ocorreu de maneira 
remota, com as aulas no formato on-line. No decorrer dos ajustes 
20 Gestão do trabalho pedagógico
necessários, o ensino híbrido se tornou muito mais conhecido e um 
verdadeiro aliado para que as escolas passassem a atender seus alu-
nos em meio à pandemia. Entretanto, essa modalidade de ensino não 
se trata de uma inovação desse contexto, mas sim uma categoria até 
então pouco explorada.
O conceito de ensino híbrido trata basicamente da estratégia de 
combinar aulas presenciais com aulas remotas, assim como se apre-
senta no site Porvir:
Ensino híbrido é a metodologia que combina aprendizado on-
line com o offline, em modelos que mesclam (por isso o termo 
blended, do inglês “misturar”) momentos em que o aluno estuda 
sozinho, de maneira virtual, com outros em que a aprendizagem 
ocorre de forma presencial, valorizando a interação entre pares 
e entre aluno e professor. (OLIVEIRA, 2013, grifos nossos)
Esse modelo de aprendizagem está intrinsecamente ligado aos 
avanços que a tecnologia experimentou no campo da educação ao 
longo dos anos. A inserção das ferramentas tecnológicas no ambien-
te educacional oportunizou a prática de um ensino mais interativo e 
globalizado.
Com as tecnologias de informação e comunicação (TICs), utilizadas 
para se pensar o processo de ensino e de aprendizagem, as oportunida-
des de se diversificar as práticas pedagógicas e de se alcançar um maior 
número de alunos foram se tornando ainda mais reais; novos horizontes 
se abriram, encurtando, assim, as distâncias e alargando as fronteiras en-
tre pedagogos e o universo da educação. Para a UNESCO (2020),
as tecnologias de informação e comunicação (TIC) exercem um 
papel cada vez mais importante na forma de nos comunicarmos, 
aprendermos e vivermos. O desafio é equipar essas tecnologias 
efetivamente, de forma a atender aos interesses dos aprendizes 
e da grande comunidade de ensino e aprendizagem.
A utilização da tecnologia em sala de aula não se restringe ao uso de 
equipamentos e/ou recursos audiovisuais para a execução de uma ati-
vidade específica. A inclusão do conceito das TICs possibilita alternati-
vas significativas para tornar o processo educativo ainda mais atraente, 
substancial e, sobretudo, atualizado com o mesmo ritmo acelerado em 
que circulam informações e inovações em todas as áreas da sociedade.
Desafios educacionais na atualidade 21
Para tanto, é necessário que o pensamento pedagógico tenha base 
nessas ferramentas e que os processos de aprendizagem sejam plane-
jados e estejam inseridos na perspectiva da interação promovida pelas 
TICs. Portanto, mais do que um simples recurso, a tecnologia aplicada à 
educação objetiva permite que o aluno trabalhe interdisciplinarmente, 
percebendo as nuances globais e locais, comparando padrões e esta-
belecendo relação entre passado, presente e futuro.
O que pretendemos aqui é ampliar o debate sobre a inserção dos 
recursos em sala de aula para além do que se convencionou a chamar 
ferramentas tecnológicas, entendendo como recurso todo e qualquer 
artefato utilizado para contribuir no processo educativo desenvolvido. 
Dessa forma, não queremos afirmar que a utilização dos recursos au-
diovisuais deva ser restrita ou extinta, pelo contrário, é necessário alar-
gar a visão que temos dessas ferramentas.
É importante colocar que em hipótese alguma sou contra a utili-
zação das TIC em sala de aula, mas sim de uma utilização sem 
possibilidade de replicabilidade e sem base científica de sua efi-
ciência e eficácia no desenvolvimento da educação. O que não 
podemos aceitar é a máxima do mínimo aceitável, ou seja, acei-
tar que por nossas escolas passarem tantos anos de privação 
passem a aceitar “qualquer” solução como sendo uma saída, afi-
nal, sabe-se que anos de privação nos fazem crer que a servidão 
passa a ser percebida como uma liberdade de escolha. (BRUZZI, 
2016, p. 481)
Vejamos, a seguir, cada recurso surgido ao longo da história da 
educação.
Horn book (1650)
 No século XVI, os monges ingleses co-
meçaram a fazer cartilhas para ajudar seus 
alunos a aprender a ler. Estas eram, normal-
mente, uma pá de madeira com um alfabeto 
e um verso colado na superfície. Os livros de 
cifras derivam seu nome do pedaço de chi-
Ph
ro
od
~c
om
m
on
sw
ik
i/W
ik
im
ed
ia
 C
om
m
on
s
22 Gestão do trabalho pedagógico
fre transparente que protege o verso. A imagem mostra uma réplica 
moderna de uma cartilha.
Ferule (1850)
Chamada, também, palmatória, essa é uma ferramenta usada 
como apontador/indicador em salas de aula. Logo depois, já no final 
da década de 1870, surgiu o que hoje conhecemos como projetor de 
slides.
Magic lantern (1870)
Precursora de um projetor de slides, a lanterna mágica 
projetava imagens impressas em placas de vidro e 
mostrava-as em salas escuras para os alunos. No final da 
Primeira Guerra Mundial, o sistema de escolas públicas de 
Chicago tinha cerca de 8.000 slides de lanterna.
School Slate (1890)
Em 1890, a escola e a lousa de ardósia 
foram criadas. Eram usadas pelos alunos 
para resolverem problemas em seus lu-
gares, com a capacidade de apagar facil-
mente seus trabalhos.
Além desses, houve a produção de 
tantos outros artefatos que, ao se tor-
narem hábito nos ambientes educativos 
e na prática dos professores, foram reco-
nhecidos como ferramentas tecnológicas de suas épocas. O próprio 
lápis (1900) é considerado uma tecnologia avançada em relação à sua 
época de surgimento.
Assim, para falarmos em artefatos tecnológicos relacionados à área 
educacional, precisamos levar em consideração o contexto histórico 
das inovações inseridas para incrementar o processo escolar dos sujei-
tos, verificando, dessa forma, que esse assunto está longe de ser uma 
novidade trazida pela circunstância do isolamento, por conta dos pro-
tocolos de saúde e segurança incorporados na rotina da população.
Com o surgimento dessas ferramentas, foi possível repensar o 
modo de ensinar e de aprender. A tecnologia em sala de aula permite 
A-Girard/Shutterstock
sravants/Shutterstock
Desafios educacionais na atualidade 23
que outras modalidades de ensino possam ser desenvolvidas, uma vez 
que foram aprimoradas ao longo de sua utilização, até que se chegasse 
nas TICs, conceituando e contextualizando a era da internet, dos recur-
sos midiáticos e da velocidade das informações. 
Assim sendo, o que nos falta é criar condições de formações de 
base e continuada, para que nossos professores consigam traba-
lhar com as TIC mediando os processos de ensino e aprendiza-
gem, buscando separar conteúdo de forma para que possamos 
atingir e despertar a maioria de nossos alunos, por meio de um 
processo individual dentro do coletivo, unidade na diversidade 
de uma sala de aula. Algo possível apenas por meio da tecnologia 
e com professores bem formados. (BRUZZI, 2016, p. 482)
O ensino híbrido no Brasil sempre enfrentou limitações significati-
vas, tanto em termos de legislação quanto no processo de formação 
dos professores. Por lei, apenas o ensino superior e algumas modali-
dade do ensino médio possuem licença para operar a distância; além 
disso, o preparo dos profissionais da educação ainda dá pequenos pas-
sos no que se refere ao uso de plataformas digitais. Em meio a esse 
cenário de incertezas e tímidos avanços, a pandemia obrigou o mundo 
a se adaptar.
Com as instituições de ensino não foi diferente. As escolas precisa-
ram ajustar suas práticas para atender aos alunos de maneira totalmen-
te remota em um primeiromomento, o que gerou entre os pedagogos 
uma série de dúvidas e insegurança quanto ao uso das ferramentas 
tecnológicas, que são essenciais para desenvolver essa modalidade de 
ensino. Como se não bastasse tudo isso, um importantíssimo detalhe 
foi acrescido: os ajustes para essa nova realidade precisaram ser feitos 
da noite para o dia e durante o andamento do ano letivo.
Em um segundo momento, com a flexibilização das regras de isolamen-
to social, o ensino presencial foi voltando, respeitando o distanciamento 
entre os indivíduos e os protocolos de segurança, como o uso constante 
de máscaras faciais e higienização das mãos com álcool em gel.
Assim chegamos à experiência do ensino híbrido, no qual os alunos 
se dividiam entre acompanhar as aulas presencialmente e dentro de 
suas casas. O ensino híbrido passou a ser uma realidade na prática pe-
dagógica desenvolvida em praticamente todas as escolas, e os profis-
sionais envolvidos precisaram se reinventar para atender à essa nova 
demanda.
24 Gestão do trabalho pedagógico
O pedagogo se viu diante de uma crise nunca imaginada no meio 
educacional e foi em busca das inovações tecnológicas, aproximando-
-se ainda mais da era digital, dos recursos audiovisuais, da autonomia 
dos alunos, da dinamicidade do planejamento das aulas e das possi-
bilidades infinitas que todas as ferramentas disponíveis no mercado 
podem proporcionar. Essa é a realidade atual da educação no mundo.
A modalidade remota do ensino híbrido não diz respeito apenas às 
metodologias utilizadas para garantir uma educação de qualidade aos 
sujeitos. Para sustentar uma prática pedagógica híbrida significativa, 
é preciso debater sobre o currículo que se deseja desenvolver, o de-
senho de planejamento com o qual se trabalhará, as competências e 
habilidades que dialogam com essas práticas e a própria formação pe-
dagógica para fundamentar todo esse processo.
Quais são as perguntas necessárias para se obter uma reflexão acer-
ca dos entraves vividos diante do ensino híbrido? Como traçar uma linha 
de pensamento congruente com o contexto de inserção? Que elemen-
tos pedagógicos eleger como prioritários para estabelecermos um canal 
de comunicação com a BNCC atualizada e o currículo da/na pandemia? 
De quais e quantos objetivos estamos falando no planejamento dessas 
aulas? O fato de o aluno estar fisicamente distante o torna finalmente 
autônomo e protagonista de seu processo educativo? 
Mais do que obter as respostas, é importante que profissionais des-
sa área se esforcem diariamente para aprender a fazer boas perguntas, 
pois por meio delas chegamos ao debate, criando, assim, poder de ar-
gumentação e desenvolvendo o hábito da curiosidade, do aprendizado 
curioso que é capaz de nos impulsionar para o criativo, audacioso e infi-
nito mundo do saber.
Como gestor, cabe ao pedagogo articular todas essas interfaces, 
mediando os conflitos, apresentando alternativas para as limitações 
impostas e motivando a busca por saídas qualitativas para o cenário 
que se apresenta desde então. Certamente, não houve nenhum tipo de 
preparação prévia em sua formação para lidar com as circunstâncias 
que passamos a enfrentar desde o início da pandemia; a investigação 
por estratégias viáveis de crescimento seguiu no mesmo ritmo alvoro-
çado com que os desafios se apresentaram.
Sabemos que, para as gerações de alunos atendidas atualmente, 
a adaptação à aprendizagem on-line está longe de ser um desafio no 
Desafios educacionais na atualidade 25
que concerne às ferramentas tecnológicas. Faz parte da rotina dos 
alunos o uso de tablets e smartphones em situações cotidianas. O 
desafio está justamente do outro lado, nos professores avessos à tec-
nologia, tímidos e resistentes às inovações que o período pandêmico 
exigiu. De acordo com Morán (2015), é necessário que o professor 
se atualize, aprofunde seu conhecimento e compreenda esse “novo 
mundo”, a fim de estabelecer uma relação de empatia com os alunos, 
trazendo-os para ainda mais perto do processo de ensino e aprendi-
zagem atual, dinâmico e cheio de sentido.
O que a tecnologia traz hoje é integração de todos os espaços e 
tempos. O ensinar e aprender acontece numa interligação sim-
biótica, profunda, constante entre o que chamamos mundo físico 
e mundo digital. Não são dois mundos ou espaços, mas um espa-
ço estendido, uma sala de aula ampliada, que se mescla, hibridi-
za constantemente. Por isso a educação formal é cada vez mais 
blended, misturada, híbrida, porque não acontece só no espaço 
físico da sala de aula, mas nos múltiplos espaços do cotidiano, 
que incluem os digitais. O professor precisa seguir comunican-
do-se face a face com os alunos, mas também digitalmente, com 
as tecnologias móveis, equilibrando a interação com todos e com 
cada um. Essa mescla entre sala de aula e ambientes virtuais é 
fundamental para abrir a escola para o mundo e para trazer o 
mundo para dentro da escola. Uma outra mescla ou blended é a 
de prever processos de comunicação mais planejados, organiza-
dos e formais com outros mais abertos, como os que acontecem 
nas redes sociais, onde há uma linguagem mais familiar, uma 
espontaneidade maior, uma fluência de imagens, ideias e vídeos 
constante. (MORÁN, 2015, p. 16, grifos do original)
O que podemos trazer aqui é, mais uma vez, a capacidade resiliente 
do pedagogo em aproveitar a crise enfrentada para aprimorar conhe-
cimentos, ideias e inovações, criando oportunidades para redescobrir 
autores, metodologias, modalidades e fomentar, entre os seus pares, o 
movimento de busca incessante pelo novo, pelo inédito viável. Além de 
ressignificar a prática a fim de torná-la práxis pedagógica, aperfeiçoan-
do cada vez mais o seu jeito de ler o mundo.
Temos, ainda, ligadas ao ensino híbrido, as metodologias ativas de 
aprendizagem e suas estratégias de abordagem que não podemos dei-
xar de mencionar. Estas são amplamente utilizadas nessa modalidade 
de ensino. Por meio das metodologias ativas, é possível atingir expec-
26 Gestão do trabalho pedagógico
tativas reais de aprendizagem, à medida que ela possibilita o protago-
nismo do aluno, colocando-o no centro do próprio processo educativo.
Essas e outras reflexões no campo educacional estão sendo possí-
veis e propícias, uma vez que é justamente em meio aos momentos e 
às situações de crise que se torna possível avançar na busca por outros 
caminhos, dando oportunidade para a criação e ressignificação de teo-
rias e da prática de estudos aprofundados na área da educação.
A história do conhecimento científico carrega esta característica: en-
xergar nas adversidades a chance de aprimorar o pensamento, elabo-
rando planos estratégicos com o intuito de contribuir para o alcance de 
níveis cada vez mais complexos no processo de ensino da humanidade.
Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-
fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino 
contínuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque 
indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, 
constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso 
para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anun-
ciar a novidade. (FREIRE, 1996, p. 32)
Durante períodos como o de pandemia, o pedagogo deve encon-
trar espaço para cada vez mais pesquisar, discutir e testar diferentes 
propostas pedagógicas, assessorando desse modo os professores no 
planejamento e na execução das aulas híbridas. É um período mais que 
oportuno para investigar, aprender, desenvolver e trocar experiências.
Dessa forma, o pedagogo exercerá seu papel, fazendo a diferen-
ça como profissional da educação engajado, politizado e ciente de sua 
responsabilidade enquanto articulador da discussão teórica/prática do 
ato de ensinar e aprender. Paulo Freire chama a atenção para a impor-
tância da tarefa do pedagogo:
Devemos forjar em nós próprios, da dignidade e da importância 
da nossa tarefa. [...] Obviamente, reconhecer a importância de 
nossa tarefa não significa pensar que elaé a mais importante 
entre todas. Significa reconhecer que ela é fundamental. Algo 
mais: indispensável à vida social. (FREIRE, 2000, p. 48)
O mundo vem mudando em um ritmo próprio, e os horizontes da 
educação são influenciados por todas as alterações vivenciadas pela 
sociedade. Para os profissionais da área, a corrida para se adaptar a 
esses novos rumos é constante. É um exercício de autoconhecimen-
Desafios educacionais na atualidade 27
to, entendimento dos cenários vigentes e de resiliência diante dos 
desafios surgidos.
A prática do trabalho com projetos, o modelo de sala de aula in-
vertida e até mesmo a gamificação são estratégias eficazes praticadas 
no ensino híbrido; muito além disso, são exemplos de oportunidades 
nas quais o aluno consegue desenvolver autonomia e dinamismo, e o 
professor se aprofunda como mediador de todo esse processo.
Ao propor o ensino por meio de projetos, é possível integrar o ensino 
presencial com o remoto, oferecendo atividades que podem ser realiza-
das e compartilhadas virtualmente. A construção de um projeto faz com 
que o aluno passe por todas as fases de um planejamento, inclusive a 
gestão de crises, na qual desenvolve, entre outras, as habilidades de me-
dição de conflitos, trabalho em equipe, cooperação e criatividade.
Para a prática da sala de aula invertida, por exemplo, o pedagogo 
precisa planejar de maneira que o aluno fique responsável por iniciar 
o trabalho, pesquisando os principais elementos sobre o assunto a 
ser estudado em conjunto com o professor. Após se familiarizar com 
o conteúdo, o aluno irá aprofundá-lo, construindo saberes com o co-
nhecimento prévio adquirido nas leituras iniciais. Essa metodologia 
traz para o centro do processo o seu interesse, mantendo seu foco nos 
estudos sem que seja forçado ou obrigado a participar.
A sala de aula invertida, ou flipped classroom, é uma estratégia 
que visa mudar os paradigmas do ensino presencial, alterando 
sua lógica de organização tradicional. O principal objetivo dessa 
abordagem, em linhas gerais, é que o aluno tenha prévio aces-
so ao material do curso – impresso ou on-line − e possa discutir 
o conteúdo com o professor e os demais colegas. Nessa pers-
pectiva, a sala de aula se transforma em um espaço dinâmico e 
interativo, permitindo a realização de atividades em grupo, es-
timulando debates e discussões e enriquecendo o aprendizado 
do estudante a partir de diversos pontos de vista. Assim, para 
a melhor fixação das informações e conceitos apresentados na 
disciplina, é necessário que o aluno reserve um tempo para es-
tudar o conteúdo antes da aula. ( ARANHA FILHO, 2015, p. 14, 
grifos do original)
Outra proposta muito utilizada em tempos de pandemia e que oti-
miza o trabalho do professor, por trazer significado para o aprendizado 
por meio do ponto de vista do aluno, ocorre pelo processo de gami-
ficação das atividades realizadas com os grupos. Essa estratégia con-
28 Gestão do trabalho pedagógico
siste em aproveitar os recursos (principalmente os digitais) utilizados 
nos jogos para enriquecer as atividades, proporcionando a interação, a 
corresponsabilidade, fomentando o sentimento de pertença e incenti-
vando a superação dos desafios encontrados nos diferentes níveis que 
compõem os jogos. Aqui algumas das habilidades, como comunicação, 
argumentação e cultura digital, são amplamente desenvolvidas por 
meio de tarefas e exercícios que incitam a curiosidade e a vontade de 
fazer parte das aulas.
Saber aprender (e rapidamente), trabalhar em grupo, colaborar, 
compartilhar, ter iniciativa, inovação, criatividade, senso crítico, 
saber resolver problemas, tomar decisões (rápidas e baseadas em 
informações geralmente incompletas), lidar com a tecnologia, ser 
capaz de filtrar a informação etc. são habilidades que, em geral, não 
são ensinadas nas escolas. Pelo contrário: as escolas de hoje pa-
recem planejadas para matar a criatividade. (MATTAR, 2010, p. 14)
Essas e outras modalidades, dentro das metodologias ativas, trou-
xeram alento na ocasião da reinvenção experimentada a contra gos-
to pelas escolas devido à pandemia. Porém, é muito importante frisar 
que, independentemente do contexto atual, são estratégias, propostas 
e métodos que dão suporte pedagógico ao trabalho educativo desen-
volvido pelo pedagogo e devem, sim, estar incorporadas à sua prática, 
ainda que o ensino híbrido venha a ser substituído pelo presencial na 
sua integralidade com o fim da pandemia.
São recursos, ideias e movimentos surgidos para atender a uma de-
manda específica, mas que se ajustam a todas as realidades do campo 
educacional, não sendo necessário deixar em segundo plano ou até 
mesmo no esquecimento tais intenções.
É preciso experimentar uma certa falta de estabilidade para mover 
esforços, na tentativa de vencer as limitações impostas pelo contexto. 
Nos dias atuais, o pedagogo precisa fazer esse movimento de olhar 
para o currículo, os programas, o planejamento e enxergar ali inten-
ções pedagógicas democráticas eficazes.
Antes de qualquer tentativa de discussão de técnicas, materiais, 
métodos para uma aula dinâmica assim, é preciso, indispensável 
mesmo, que o professor se ache “repousado” no saber de que 
a pedra fundamental é a curiosidade do ser humano. É ela que 
me faz perguntar, conhecer, atuar, mais perguntar, reconhecer. 
(FREIRE, 2007, p. 86)
Desafios educacionais na atualidade 29
Como preparar o pedagogo para situações como a pandemia, na 
qual ele precisou tomar decisões e chamar para si a responsabilida-
de da gestão do trabalho pedagógico, norteando, assim, as ações 
dos demais profissionais da área educacional? As competências ne-
cessárias para o enfrentamento das situações de instabilidade pre-
cisam estar incutidas em sua base formativa, para que ele possa 
contribuir com a construção de uma escola que privilegie o aprendi-
zado significativo de fato.
Se o pedagogo deve acompanhar criticamente as transformações 
ocorridas na sociedade e dar visibilidade aos debates, tendo como 
pano de fundo tais mudanças, não há como negar a importância de 
rever, de modo reflexivo, seu processo formativo, desde a sua base 
até a sua inserção no mercado de trabalho.
A compreensão do engendramento das políticas educacionais, 
bem como a clareza de sua posição privilegiada no fórum de discus-
são dos rumos que a educação irá ou não tomar, faz do pedagogo o 
próprio exemplo de sujeito híbrido, ou seja, ele está nos bastidores, 
na base de disseminação das teorias pedagógicas, mas também se 
configura como ator fixo no palco do cenário educacional, estrelan-
do as ações educativas em suas práticas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de todas as mudanças até aqui discutidas, o pedagogo está, ao 
mesmo tempo, desafiando e sendo desafiado em sua carreira profissio-
nal. Sua base formativa, sua posição no mercado de trabalho e o cenário 
educacional atual necessitam de novos olhares, novos rumos e novos po-
sicionamentos desse profissional que é tão essencial para a sociedade, 
assim como a sua própria área de conhecimento e atuação.
É urgente organizar espaços de formação continuada, fóruns de dis-
cussão, mesas redondas e demais organizações formais de debates para 
que as temáticas relativas à educação ganhem cada vez mais destaque e 
consistência para que possa ter relevância na prática, isto é, para que seja 
possível influenciar positivamente os novos rumos educacionais a serem 
perseguidos.
30 Gestão do trabalho pedagógico
Repensar as bases epistemológicas do ensino, interligando os movi-
mentos contemporâneos da sociedade líquida, com as tentativas constan-
tes de se alcançar um nível societário mais justo e fraterno, parece ser o 
alvo do pedagogo. Para isso, ele precisa lançar mão de táticas pedagógicas 
agregadoras, dotadas de criticidade, pautadas no diálogo e subsidiadas 
pelo pensamento pedagógico assumidamente político.
ATIVIDADES
1. Considerando a identidade do curso superior de Pedagogia e da 
necessidade de se construir a identidade do profissionalformado 
nessa área, explique as causas dessa necessidade e os desafios 
enfrentados para se alcançar a esse objetivo.
2. Para o pedagogo, o mercado de trabalho acabou sendo ampliado com 
relação a cargos e atribuições, diferenciados muitas vezes dos objetivos 
iniciais de sua formação acadêmica. Quais são as consequências dessa 
ampliação para a carreira desse profissional?
3. Discorra sobre o papel do pedagogo diante das transformações 
ocorridas na prática pedagógica devido à pandemia que assolou o 
mundo no ano de 2020.
REFERÊNCIAS
ARANHA FILHO, F. J. Sala de aula invertida. Ensino Inovativo, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 14-
17, nov. 2015. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/ei/article/
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BARBOSA. R. P. et al. Reflexões acerca da identidade do pedagogo: universo repleto de 
encanto e angústias. Educere. Anais [...] Curitiba: PUC-PR, 2008. Disponível em: https://
silo.tips/download/reflexoes-acerca-da-identidade-do-pedagogo-universo-repleto-de-
encantos-e-angust. Acesso em: 2 fev. 2021.
BRUZZI, D. Uso da tecnologia na educação, da história à realidade atual. Revista Polyphonía, 
v. 27, n. 1, p. 475-483, jan./ jun. 2016. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/sv/article/
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Vídeo
https://silo.tips/download/reflexoes-acerca-da-identidade-do-pedagogo-universo-repleto-de-encantos-e-angust
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Desafios educacionais na atualidade 31
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https://porvir.org/ensino-hibrido
https://pt.unesco.org/fieldoffice/brasilia/expertise/ict-education-brazil
https://pt.unesco.org/fieldoffice/brasilia/expertise/ict-education-brazil
32 Gestão do trabalho pedagógico
2
O cotidiano escolar 
como laboratório
Este capítulo traz uma discussão sobre território e os desafios 
que nele se apresentam. Vamos, aqui, debater pontos importan-
tes, apresentando os entraves e as possibilidades oferecidos pelo 
cenário no qual a escola está inserida e relacionando-os ao traba-
lho pedagógico desenvolvido.
No primeiro momento, discutiremos sobre o conceito de ter-
ritório, sobretudo, traremos ao debate os diferentes significados 
desse termo e abordaremos como esse conceito pode direcionar 
as discussões com base em seu contexto histórico, resgatando os 
elementos identitários constituintes do fator conceitual.
O segundo ponto tratado será o estabelecimento de parcerias 
nesse território. Intrinsecamente ligado ao sentimento de perten-
ça e ao protagonismo educacional, o espaço ocupado pela escola 
e pelo pedagogo estão carregados de significado e sentido, com-
pondo, desse modo, o currículo oculto, isto é, aquele que não está 
formalizado como componente curricular, porém está permeando 
as experiências cotidianas dos sujeitos, constituindo-se como sa-
beres necessários à sobrevivência no território.
Finalmente, chegamos à discussão sobre o projeto 
político-pedagógico. Nessa parte, levantaremos questões como a 
participação efetiva de todos os representantes da comunidade 
escolar: alunos, professores, famílias e lideranças locais, governa-
mentais e não governamentais, em todas as etapas do projeto. A ar-
ticulação entre as representatividades e a mediação da construção 
desse documento é de responsabilidade do pedagogo.
O cotidiano escolar como laboratório 33
2.1 Mapeando o território 
Vídeo Inicialmente é necessário fazermos um exercício de memória: como 
foi que aprendemos, na disciplina de Geografia, o significado de terri-
tório? Se puxarmos pelas nossas lembranças, certamente teremos algo 
que nos remeta a uma área delimitada por fronteiras, indicando uma 
relação de propriedade. Outro conceito muito disseminado é o de que 
a palavra território se refere a uma grande extensão de terra e/ou uma 
área delimitada de um município, estado e país.
Porém, para o presente estudo, iremos além desses conceitos. Utili-
zaremos o pensamento de Milton Santos (2003 apud ANJOS, 2011, p. 55), 
que nos diz que:
o território é o chão e mais a população, isto é uma identidade, o 
fato e o sentimento de pertencer àquilo que nos pertence. O ter-
ritório é a base do trabalho, da residência, das trocas materiais e 
espirituais e da vida, sobre as quais ele influi. Quando se fala em 
território deve-se, pois, de logo, entender que está falando em 
território usado, utilizado por uma população.
Para o campo das discussões pedagógicas, é muito importante que 
tenhamos claro o conceito de território do qual iremos tratar, bem como 
que saibamos a profundidade desse debate uma vez que, tanto para a 
escola como para o próprio pedagogo, ter ciência de seu lugar de inserção 
é fundamental para o planejamento do trabalho, a organização dos objeti-
vos e a execução das ações pedagógicas que se quer desenvolver.
Entender o lugar de fala dos sujeitos envolvidos no processo edu-
cativo faz toda a diferença na busca pela excelência na qualidade do 
processo educativo a ser construído e aprimorado, dia a dia.
Quando trazemos o conceito de território como sendo um espaço 
de ação política, sumariamente estamos também afirmando que esse 
espaço precisa ser conhecido e reconhecido pelo pedagogo, assim 
como nos diz Santos e Silveira (2001, p. 21):
o uso do território pode ser definido pela implantação de infraestru-
turas, para as quais estamos utilizando a denominação sistemas de 
engenharia, mas também pelo dinamismo da economia e da socieda-
de. São os movimentos da população, a distribuição da agricultura, da 
indústria e dos serviços, o arcabouço normativo, incluídas a legislação 
civil, fiscal e financeira que, juntamente com o alcance e a extensão da 
cidadania, configuram as funções do novo espaço geográfico. 
O filme Nenhum a menos 
retrata a história de uma 
jovem de 13 anos que 
assume uma sala de aula 
enquanto o professor 
titular sefasta para 
resolver um problema 
pessoal. A menina então 
não mede esforços para 
manter tudo sob controle 
até a volta do professor. 
Para tanto, ela se obriga a 
conhecer o território onde 
a escola está inserida, 
passando a fazer parte 
do contexto dos alunos, 
vivenciando suas histórias 
de vida. Bom material de 
estudo para entendermos 
a importância de nos 
sentirmos pertencentes 
ao contexto vivenciado 
pela escola.
Direção: Zhang Yimou. China: Cult, 
1999.
Filme
34 Gestão do trabalho pedagógico
Mas qual seria a relevância do território para o processo de ensino 
e de aprendizagem? É preciso ressaltar que essa questão está direta-
mente ligada ao sentimento de pertencimento a um grupo, nicho, lu-
gar, espaço, sentimento esse essencial para a construção de identidade 
e para o empoderamento de ser reconhecido individualmente, dentro 
do processo coletivo de construção do conhecimento. Assim, para 
além do entendimento do conceito, está o diferencial no uso que se faz 
dessa compreensão de território, seus entraves e suas possibilidades 
na qualidade de instrumento de militância social, política, pedagógica.
A educação ocorre não somente nos limites da escola, mas em 
todos os cantos da comunidade. O bairro passa, portanto, a ser 
visto como um grande laboratório de experiências educativas. E a 
escola, por sua vez, passa a ser o elemento mobilizador, a partir do 
qual se cria uma rede cidadã pronta a trocar conhecimentos e valo-
res; a ensinar e, ao mesmo tempo, aprender. (ROLNIK, 2014, p. 68) 
Seguindo a linha de pensamento da socióloga Iara Rolnik (2014), é 
possível reunir os elementos necessários para alicerçar a dinâmica do 
debate acerca do território como espaço educativo:
o território é produto da dinâmica social onde se tensionam su-
jeitos sociais. Ele é construído com base nos percursos diários 
trabalho-casa, casa-escola, das relações que se estabelecem no uso 
dos espaços ao longo da vida, dos dias, do cotidiano das pessoas. 
(...) no chão da escola, do bairro ou da cidade, território, às vezes, 
pode ser confundido com espaço ou entorno. (ROLNIK, 2014, p. 37) 
Para visualizar a relação entre território e educação, precisamos enxergar esse espaço 
ocupado pela escola, pelos alunos, pelas famílias, pelos professores, pela comunidade 
e pelo pedagogo como um lugar de significância pedagógica, no sentido de buscar co-
nhecer as realidades, as trocas e o dia a dia vivenciado ali, as experiências construídas, a 
socialização entre os grupos e a aproximação dessa gama de interações com o currículo 
da escola. Concordamos com a afirmação de Goulart (2012, apud ESCOLA..., 2017, p. 98) 
de que:
o território é assunto, é conteúdo do currículo, é o lugar onde se dão ações 
educativas e também é um agente, como se fosse sujeito também. E não di-
zemos que ele é pedagógico, e sim educativo, porque estamos considerando 
a educação formal, a não formal e a informal.
Então, como transformar o território em elemento constituinte do itinerário educativo junto 
aos professores e alunos? Quais as estratégias para mapearmos as possibilidades de engendra-
mento dos saberes aprendidos na escola e os que são vivenciados na comunidade?
Você sabia que o 
Ministério da Educação 
e Cultura (MEC) lançou, 
em 2010, um documen-
to intitulado: Territórios 
educativos para a educa-
ção integral: a reinvenção 
pedagógica dos espaços 
da escola e da cidade, 
no qual apresenta es-
tratégias para o diálogo 
consistente entre escola 
e território? Acesse o 
documento na íntegra 
por meio do endereço 
a seguir.
Disponível em: http://portal.mec.
gov.br/index.php?option= 
com_docman&view 
=download&alias=8219- 
territorios-educativos-final- 
versao-preliminar-pdf&Itemid 
=30192. 
Acesso em: 26 mar. 2021.
Leitura
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=8219-territorios-educativos-final-versao-preliminar-pdf&Itemid=30192
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=8219-territorios-educativos-final-versao-preliminar-pdf&Itemid=30192
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=8219-territorios-educativos-final-versao-preliminar-pdf&Itemid=30192
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=8219-territorios-educativos-final-versao-preliminar-pdf&Itemid=30192
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=8219-territorios-educativos-final-versao-preliminar-pdf&Itemid=30192
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=8219-territorios-educativos-final-versao-preliminar-pdf&Itemid=30192
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=8219-territorios-educativos-final-versao-preliminar-pdf&Itemid=30192
O cotidiano escolar como laboratório 35
Sabemos que um dos princípios básicos da construção de conheci-
mento é a socialização entre os seres e deles com o ambiente. As trocas, 
as interações e as percepções construídas são elementos estruturantes 
do processo educativo. Assim sendo, é imprescindível dizer que, uma vez 
“chão” de aprendizado, a escola necessariamente está ligada ao contexto, 
ao território o qual habita e, portanto, deve ser habitada por ele.
Sem muros, uma escola se abre para a comunidade. Em simbiose 
com os demais equipamentos da região, com a rede de proteção à 
infância, com coletivos artísticos e organizações sociais, os habitan-
tes desse local se articulam para garantir que a rua seja um espaço 
de aprendizado para todas as idades. A ideia de que só “os espe-
cialistas” detêm o conhecimento cai por terra e as pessoas que ali 
vivem adicionam suas experiências e saberes na construção de um 
projeto de desenvolvimento local que começa, mas não termina, no 
campo da educação. Para além do “Se essa rua fosse minha”, uma 
proposta: E se esse bairro fosse de todos? (NOGUEIRA, 2015) 
Dada a importância do território que Nogueira (2015) nos traz, defen-
demos a ideia de que, para ser mapeado, ele precisa ser desbravado, co-
nhecido e reconhecido como agente do processo educativo. O movimento 
inicial é o da apresentação. Consiste em montar um diagnóstico do local, 
colhendo informações e registrando as formas, as cores, as construções, 
as áreas livres e os demais elementos (móveis e imóveis) que fazem parte 
dele. É muito útil elaborar perguntas para essa fase da pesquisa.
Após esse “retrato”, chegamos à fase de planejar. Nesse período, a 
participação dos professores é vital para o êxito da empreitada. É pre-
ciso elencar os objetivos das parcerias e os recursos necessários para 
o planejamento sair do papel e ganhar vida por meio dos atores sociais 
que habitam o território em questão.
A fase seguinte é a da rede de parcerias. Como podem ser verifica-
das e como se estabelece a relação delas com a escola, são alguns dos 
pontos que veremos a seguir.
2.2 Alinhando as parcerias 
Vídeo A curiosidade move o ser humano na busca pelo aprendizado e todo 
seu desenvolvimento é considerado como processo educativo. Partindo 
desse entendimento, onde há processo educativo há a necessidade da 
figura mediadora do pedagogo. Dessa forma, a busca por desbravar e 
36 Gestão do trabalho pedagógico
entender, na sua essência, o território onde se alicerça a construção dos 
saberes e se elabora o planejamento das habilidades e competências 
que se deseja desenvolver junto aos alunos é uma tarefa do pedagogo.
É necessário termos em mente que o desenvolvimento pleno car-
regado de êxito só será possível se todos os atores envolvidos no pro-
cesso educativo trabalharem no coletivo. E, para isso, é vital termos 
clareza do papel fundamental do conhecimento do território e de sua 
identificação com ele, a fim de construir sua trajetória entrelaçada com 
seu lugar tanto de fala quanto de escuta e demais significâncias.
As parcerias, uma vez estabelecidas e alinhadas ao trabalho pedagó-
gico que se quer desenvolver, constituem-se como ferramentas pedagó-
gicas das quais o pedagogo lança mão no momento em quese permite 
relacionar com o entorno da escola, seus espaços e seus habitantes.
Para construir essa relação, alguns passos que a antecedem são im-
prescindíveis e já foram discutidos no item anterior. Trataremos agora 
da constituição da rede de relacionamentos propriamente dita entre a 
escola e o território, que, inserida neste,
ela espelha a cultura local dentro das salas de aula e também 
influencia sua comunidade. A integração entre território e espa-
ço escolar pode se dar de diversas formas e se transforma em 
processo educativo a partir do momento que propicia oportuni-
dades de aprendizado para crianças e jovens. (ESCOLA..., 2017) 
Diante do exposto, é próprio dizer que o aluno não é um ser isolado 
do que acontece em seu entorno, pelo contrário, ele se constitui cidadão 
enquanto afeta e é afetado pelo ambiente em que vive. Gill (2014, p. 88) 
afirma que:
a educação é um processo de crianças aprendendo a viver. E claro 
que elas precisam aprender a ler e escrever, ciências e literatura, 
mas elas também precisam aprender a ser cidadãs, a aprender 
como seu bairro se formou e qual a história da sua cidade. 
É por meio da gestão participativa que a relação escola-comunidade 
começa a ser construída. Voltar o olhar gestor para o território é pro-
mover o alargamento da visão sistêmica gestora para todos os pro-
cessos recorrentes, dentro e fora do ambiente escolar, e possibilitar a 
participação efetiva de todos os envolvidos, uma vez que se coloca o 
bem comum acima das individualidades, sem deixar de perceber, res-
peitar e considerar os interesses singulares dos sujeitos.
O cotidiano escolar como laboratório 37
Na Figura 1, podemos acompanhar o esquema que evidencia a im-
portância de aprendermos no e com o território:
Figura 1 
Aprender no e com o território.
Aprender no território para:
Outros jeitos 
de aprender
Ampliação 
do currículo
Construção 
de sentido
Direito à 
cidade
Bl
oo
m
ic
on
/S
hu
tte
rs
to
ck
Conhecer e 
reconhecer
Transformação 
social
Vivência em 
cidadania
Fonte: Adaptada de POR QUE..., 2015.
Na Figura 2, também é possível perceber algumas estratégias que 
possibilitam o mapeamento do território:
Figura 2 
Dicas para mapear oportunidades educativas no entorno escolar.
Faça o 
diagnóstico do 
território.
Tenha 
articulação 
com o entorno.
Planeje as 
atividades e as 
brincadeiras.
Fonte: Adaptada de Dib, 2018.
38 Gestão do trabalho pedagógico
Buscar aliados, parceiros e pares dentro do território legitima 
o trabalho da escola porque aproxima o conhecimento acadêmico 
produzido das mazelas, dos dilemas e dos desafios da comunidade 
em questão. Torna possível, por exemplo, inserir no planejamento 
do professor alguns dos projetos que a comunidade desenvolve. É 
totalmente viável (e pedagógico) desenvolver atividades ao ar livre, 
utilizando espaços públicos e/ou de lazer existentes no entorno 
escolar.
Procurar se comunicar com os órgãos governamentais que tam-
bém estão inseridos na comunidade é a porta de entrada para uma 
relação que permite, tal como, fazer uma parceria para um projeto 
de saúde com o posto do SUS.
Outra ideia muito interessante é se aproximar de uma casa de 
repouso que recebe idosos e desenvolver junto a eles um trabalho 
educativo que pode ser intitulado projeto de vida, visando discu-
tir valores, hábitos e atitudes ideais para se alcançar longevida-
de, segurança, realizações pessoais e coletivas para se viver mais 
e melhor.
Os elementos citados são apenas iniciativas que podem caber 
dentro de uma aula específica ou serem transformados em proje-
tos com um nível de alcance capaz de atingir a esfera das políticas 
públicas, trazendo resultados significativos para a escola e conse-
quentemente para a comunidade. A intenção é instrumentalizar os 
alunos para que se tornem agentes sociais transformadores capa-
zes de fazer a diferença na própria trajetória e na história do terri-
tório do qual são fruto e com o qual se identificam.
Dentro desse contexto, o pedagogo é peça chave para propor-
cionar “a troca de olhares” entre a escola e a comunidade, permi-
tindo que os portões do ambiente escolar estejam abertos e que o 
espaço se apresente convidativo.
Para isso, é necessário exercer o diálogo constante com as re-
presentatividades e lideranças locais, colocando a escola à serviço 
dos anseios da comunidade e apresentando também os objetivos 
do trabalho pedagógico, solicitando o apoio e a participação de to-
dos no dia a dia da escola, a fim de debaterem sobre os desafios e 
os avanços alcançados no processo educativo ali construído.
No texto de Territó-
rios Educativos: como 
aprender na cidade?, 
escrito por Pedro Ribei-
ro Nogueira e publicado 
no Portal Aprendiz, traz 
uma interessantíssi-
ma entrevista com a 
socióloga Helena Singer, 
diretora da Associação 
Cidade Escola Aprendiz 
e organizadora da 
Coleção Territórios 
Educativos – Experiên-
cias em Diálogo com o 
Bairro-Escola.
Disponível em: https://
portal.aprendiz.uol.com.
br/2015/04/06/territorios-
educativos-como-aprender-
na-cidade/#:~:text=Para%20
Helena%20Singer%2C%20
diretora%20da,o%20
territ%C3%B3rio%20criado%20
pelas%20pessoas. Acesso em: 26 
mar. 2021.
Leitura
Após a leitura deste capítulo, 
imagine que você está tra-
balhando em uma escola, 
localizada no bairro onde mora. 
Elabore a construção de uma 
rede de parcerias utilizando 
não só os exemplos contidos no 
texto, mas procure fazer o exer-
cício de refletir sobre quais são, 
hoje, os desafios enfrentados 
em sua comunidade e como 
a escola poderia trabalhar 
em parceria com os sujeitos 
envolvidos nesse processo.
Desafio
https://portal.aprendiz.uol.com.br/2015/04/06/territorios-educativos-como-aprender-na-cidade/#:~:tex
https://portal.aprendiz.uol.com.br/2015/04/06/territorios-educativos-como-aprender-na-cidade/#:~:tex
https://portal.aprendiz.uol.com.br/2015/04/06/territorios-educativos-como-aprender-na-cidade/#:~:tex
https://portal.aprendiz.uol.com.br/2015/04/06/territorios-educativos-como-aprender-na-cidade/#:~:tex
https://portal.aprendiz.uol.com.br/2015/04/06/territorios-educativos-como-aprender-na-cidade/#:~:tex
https://portal.aprendiz.uol.com.br/2015/04/06/territorios-educativos-como-aprender-na-cidade/#:~:tex
https://portal.aprendiz.uol.com.br/2015/04/06/territorios-educativos-como-aprender-na-cidade/#:~:tex
https://portal.aprendiz.uol.com.br/2015/04/06/territorios-educativos-como-aprender-na-cidade/#:~:tex
https://portal.aprendiz.uol.com.br/2015/04/06/territorios-educativos-como-aprender-na-cidade/#:~:tex
O cotidiano escolar como laboratório 39
Tornar significativa a existência da escola naquele espaço e 
legitimá-la como lugar de diálogo, debate, palco de decisões cole-
tivas em prol do bem comum e espaço de respeito à diversidade 
abraçada pelo território fazem com que o pedagogo se torne figura 
central desse movimento: de estabelecer e fundamentar a parceria 
entre escola e comunidade com a finalidade de tornar o território 
em espaço educativo por excelência.
O projeto político-pedagógico (PPP) é o documento que sela 
essa parceria, dando voz e vez para que o desenho do cenário edu-
cacional propositivo se torne realidade e tenha alcance global, par-
tindo das ações locais.
2.3 Construindo o Projeto Político-Pedagógico 
Vídeo O documento que alicerça a prática pedagógica de um ambiente 
escolar é o projeto político-pedagógico. É ele o responsável por le-
gitimar a proposta educativa da escola, seus valores e sua missão. 
Muito além de conter informações operacionais, como a quantida-
de de material e a relação dos funcionários, o PPP reúne aquilo que 
mais interessa no planejamento pedagógico da escola: o trabalho 
que se quer desenvolver no cotidiano escolar. Para Vasconcellos 
(2004, p. 169):
é o plano global da instituição. Pode ser entendido como a 
sistematização, nunca definitiva, de um processo de plane-
jamento participativo, que se aperfeiçoa e se concretiza na 
caminhada, que define claramente o tipo de ação educativa 
que se quer realizar.

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