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O Cisalhamento em Elementos de Alvenaria Estrutural

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Revista da Anicer 1 
7 De Maio De 2021 
Por Emil Sanchez 
As prescrições da normalização brasileira 
sobre o cisalhamento em elementos de 
Alvenaria Estrutural foram modificadas de 
forma radical, pois desde a NBR 10837:1989 até 
as NBR 15812:2010 e NBR 15961:2011 as pesquisas 
sobre esse tema mostraram quão distante de 
um dimensionamento consistente e 
econômico estava o Método das Tensões 
Admissíveis adotado nessa versão inicial. 
Atualmente, o método adotado para 
dimensionamento estrutural é o Método dos 
Estados Limites Último. As prescrições 
anteriores preservaram a distinção entre 
blocos estruturais de materiais distintos, 
concreto e cerâmico. Destacam-se no escopo 
dessas normalizações inovações funda-
mentais como a prescrição de uma envoltória 
de tensões normais e tangenciais baseada no 
critério de ruptura de Coulomb-Morh 
Generalizado, conforme mostrado na imagem, 
de modo a se obter uma tensão de 
cisalhamento máxima que depende de sua 
coesão e do ângulo de atrito da argamassa, 
que é aproximadamente 310. A coesão da 
argamassa depende da sua resistência à 
compressão e influencia a resistência ao 
cisalhamento da alvenaria. 
 
Esquema da ruptura de Coulomb-Mohr 
Generalizada 
A presente versão, NBR 16868:2020, é 
documento unificador no que se refere ao 
tratamento do tipo de bloco empregado, 
concreto ou cerâmico, apresentando valores 
característicos da resistência ao cisalhamento 
em juntas horizontais das paredes por meio da 
Tabela 1. 
 
 
O Cisalhamento em Elementos de 
Alvenaria Estrutural 
Revista da Anicer 2 
Resistência média a compressão da argamassa (MPa) ƒ𝑝𝑘 (MPa) 
1,5 ≤ ƒ𝑎𝑚 ≤ 3,4 0,10 + 0,5σ ≤ 1,0 
3,5 ≤ ƒ𝑎𝑚 ≤ 7,0 0,15 + 0,5σ ≤ 1,4 
ƒ𝑎𝑚 > 7,0 0,35 + 0,5σ ≤ 1,7 
σ é a tensão normal de pré-compressão na junta, considerando-se apenas as ações 
permanentes ponderadas por coeficiente igual a 0,9 (ação favorável). 
Tabela 1 – Resistência ao cisalhamento nas juntas horizontais das paredes 
Sendo assim, a contribuição da armadura 
perpendicular ao plano de cisalhamento é 
dada por: 
 
Sendo a taxa geométrica dessa armadura 
igual a: 
 
Obtida em função das dimensões transversais 
do elemento estrutural. 
A NBR 15961:2011 adotava como limite de 
resistência na interface vertical de paredes 
com juntas amarradas o valor 0,35 MPa, e a NBR 
15812:2010 a negligenciava. O novo limite 
adotado na normalização é 0,60 MPa, que 
ainda é conservativo, mas que está 
corroborado por resultados de diversos 
estudos. Esse limite pode ser elevado até 1,00 
MPa, sem comprometer a segurança. 
A força de cisalhamento horizontal H 
admissível num pilar parede deve atender a: 
 
Onde se tem a área A e o coeficiente de 
minoração da resistência característica. 
A adoção dos Estados Limites Últimos na 
normalização brasileira são um grande avanço 
e com as versões vindouras certamente alguns 
coeficientes e limites serão aprimorados para 
melhor espelhar a realidade do 
comportamento dos elementos estruturais da 
Alvenaria Estrutural, quando da ocorrência de 
solicitações que geram tensões de 
cisalhamento.

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