Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
● também chamada de “Mucoviscidose” ○ devido ao acúmulo de muco dentro das glândulas, nos túbulos ● doença conhecida como “beijo salgado” - devido ao suor salgado pela concentração de eletrólitos Definição ● doença genética autossômica recessiva caracterizada pela mutação do gene que transcreve um RNAm que codifica a proteína cystic fibrosis transmembrane conductance regulator (CFTR) – Proteína transmembrana reguladora do transporte iônico (proteína canal de cloro) ● a mutação ocorre no lobus q31 do cromossomo 7 do gene da CFTR Epidemiologia ● incidência varia um pouco de acordo com a etnia ● no Brasil, não há dados específicos, mas existem cerca de 6 mil pacientes cadastrados no registro brasileiro de pacientes com fibrose cística ● taxas mais elevadas são relatadas na região Sul do País ● nos últimos anos houve aumento expressivo da sobrevida ● mais comum em países da Arábia saudita e indianos Fisiopatologia ● a proteína transmembrana codificada– CFTR, também é chamada de canal de cloro ○ canal de cloro vai estar presente em várias células do organismo: células epiteliais do trato respiratório, glândulas salivares e sudoríparas, no intestino, pâncreas, fígado e trato reprodutor ● a mutação mais comum responsável pela propagação da doença é a mutação ΔF508 [referente à perda ou supressão de fenilalanina na posição 508 da CFTR (Δ = supressão; F = fenilalanina)] MECANISMO NO INDIVÍDUO SAUDÁVEL 1. em condições normais, a CFTR vai ser responsável pela expressão de cloro para o meio extracelular 2. na vigência de uma carga negativa dentro da célula, isto é, acúmulo de cloro dentro da célula em relação ao meio extracelular, o canal de cloro vai se abrir para permitir a passagem de cloro para o meio extracelular. sempre visando a homeostase/equilíbrio 3. depois que o cloro passa para o meio extracelular, a ptn transmembrana se fecha e a carga se normaliza, neutralizando o ambiente MECANISMO PATOLÓGICO NA FIBROSE CÍSTICA 1. a mutação genética que vai estar no canal de cloro vai impedir que o canal faça seu mecanismo normal quando existir eletronegatividade dentro do meio intracelular 2. como ela não vai abrir, um outro canal que existe na bicamada lipídica, que é o canal de sódio, vai se abrir para tentar neutralizar o meio interno. Nesse caso, vai entrar sódio (que possui carga positiva) e água (uma vez que o sódio “puxa” a água) 3. à medida que entra sódio e água no meio intracelular, no meio extracelular vai ocorrer uma desidratação e formação de uma secreção espessa 4. essas secreções vão ocasionar a obstrução dos ductos de vários órgãos 5. por conta disso, vão existir as manifestações clínicas associadas à própria doença Manifestações clínicas ● respiratórias ○ acometimento do trato respiratório contribui com maior morbimortalidade e pior prognóstico ○ secreção espessa, viscosa e infectada obstrução das vias aéreas perda da função pulmonar ○ sintomas comuns: Tosse persistente, síndrome do lactente sibilante (chiados), pneumonias e infecções recorrentes ■ Pseudomonas aeruginosa após 2 anos de idade (Principal responsável pelo dano pulmonar) ■ Haemophilus influenzae após 2 anos de idade ■ Staphylococcus aureus lactentes ■ Burkholderia cepacia adolescentes ○ muco espesso do trato impede o efeito adequados da ATB gera resistência a várias drogas ● gastrointestinais ○ obstrução dos canalículos pancreáticos insuficiência pancreática ■ deficiência na secreção de enzimas para digestão ■ deficiência na secreção de bicarbonato (prejuízo na ação de enzimas) ■ comprometime nto da porção endócrina do pâncreas (evento mais tardio) ● se tem deficiênci a da função endócrin a, a longo prazo, o paciente pode apresenta r diabetes associad a à fibrose cística ○ manifestações: Íleo meconial (obstrução do íleo terminal por mecônio anormalmente endurecido), má-absorção de nutrientes (principalmente de lipídeos e, consequentemente, de vitaminas lipossolúveis e, por consequência, de cálcio {devido à deficiência de vit d e vit k}, zinco {devido à deficiência de vit a}), diarreia crônica (fezes volumosas, fétidas, na cor amarelo-palha {por conta da presença de gordura}), esteatorreia, desnutrição energético-proteica com inadequação das curvas de crescimento para idade, diabetes mellitus ○ dano hepatobiliar inadequação na secreção da bile (absorção deficiente de gorduras, colelitíase* {aumento da formação de cálculos biliares} e redução da síntese de vitamina D – predisposição para doenças ósseas *por que acontece colelitíase nos pacientes com fibrose cística? R= como há o dano hepato biliar, a bile não vai conseguir ser liberada, e vai ficar mais estagnada dentro da vesícula biliar, isso aumenta a probabilidade de ocasionar cristalização e a formação dos cálculos ● reprodutoras ○ mulheres ■ retardo puberal é frequente em meninas ■ muco cervical mais espesso dificulta a migração dos espermatozóid es ○ homens ■ atrofia ou obstrução dos ductos deferentes iInfertilidade é comum em 92% dos indivíduos do sexo masculino ● outras manifestações ○ perda de cloreto de sódio pelo suor (sec. obstrução das glândulas sudoríparas) na glândula sudorípara não tem o canal de sódio, então a homeostase tem que ser apenas pelo meio extracelular, então vai ter mais cloro, mais sódio no meio extracelular, formando o NaCl, sendo liberado mais pelo suor. Mecanismo de compensação ○ depleção eletrolítica grave devido à perda de eletrólito pelo suor ○ desidratação ○ osteoporose ○ dislipidemias [Hipocolesterolemia devido ao próprio consumo alimentar, HiperTri alguns pacientes como têm essa deficiência na absorção dos lipídeos, eles terminam compensando com carboidratos, e carboidrato em excesso é transformado em gordura, o excesso de gordura forma mais triglicerídeos, outro motivo é o uso de corticoides e outro motivo é por conta da inflamação da doença, quando ocorre essas doenças inflamatórias, ocorre o aumento de citocinas inflamatórias que vão inibir a atividade da lipase lipoprotéica, e o triglicerídeo acaba não sofrendo degradação, Def. AGE devido à diminuição da absorção dos lipídeos Diagnóstico Clínico ● teste do pezinho ○ pode ser feito já nos primeiros dias de vida ○ investigação dos níveis de tripsinogênio imunorreativo ● teste do suor Terapia clínica e medicamentosa ● uso de enzimas pancreáticas (pancreatina= creon) ○ uso obrigatório antes das refeições ○ ● uso de antibioticoterapia, broncodilatadores e corticoterapia ○ a partir das patologias associadas ● de acordo com as Diretrizes de 2017, existem moduladores da CFTR (potencializadores e corretores) sendo elaborados ● outras terapias que podem ser feitas: Tx (transplante de pulmão), Oxigenoterapia, Fisioterapia respiratória, Exercícios Físicos, Terapia Nutricional Avaliação Nutricional 1. avaliação do EN ● deve ser a mais completa possível (deve contemplar avaliações antropométrica, clínica, semiológica, bioquímica e dietética) ● atentar-se aos períodos de rápido crescimento, uma vez que são as fases mais críticas (os primeiros 12 meses após o diagnóstico de FC, o primeiro ano de vida e o período pré-puberal) ● investigar o aspecto das fezes, a adesão da terapia enzimática, o uso de suplementos e as complicações associadas 2. Antropometria ● mais utilizados: peso, comprimento, perímetro cefálico, relação peso/ estatura, índice de massa corporal (IMC), circunferência média do braço e pregas cutâneas 3. Consumo alimentar ● avaliar hábitos alimentares, cultura, preferências e aversões alimentares, mudanças após o diagnóstico, adequação na ingestão de calorias e nutrientes, horários de alimentação e organização familiar no horário da refeição ● identificar comportamento de recusa, ritmo mais lento e tempo mais prolongado para ingestão dos alimentos ● investigar histórico quanto à prática de aleitamento materno, uso de fórmulas infantis, suplementos hipercalóricos e polivitamínicos/minerais ● a avaliação da ingestão alimentar se realiza com o registro de três dias ou cinco dias Terapia Nutricional ● Principaisobjetivos ○ antecipar e tratar os déficits nutricionais ○ prevenir a progressão da doença ○ manter nutrição e crescimento adequados ○ modular o estado inflamatório ● ○ é a meta ● Recomendações ○ lactentes ■ aleitamento materno exclusivo ou fórmula infantil para idade S/N (se necessário) ○ crianças maiores de 2 anos ■ acima de 150% da energia recomendada para indivíduos saudáveis do mesmo sexo e faixa etária ○ proteínas: adequar [Conforme sexo e idade] ○ carboidratos: adequar ○ lipídios: 40-50% VET (Qualidade) ■ a combinação de TCM (aumento do aporte energético) e TCL (garante AGE) mostra-se benéfica ● Lipossolúveis (podemos suplementar até a UL) ○ VITAMINA A ■ 1 mg/kg/dia de betacaroteno ○ VITAMINA D ■ feita de forma contínua ○ VITAMINA E ■ 50 UI/dia crianças <12 meses ○ VITAMINA K ■ crianças: 0,3-1 mg/dia *qualquer criança de 1 a 6 meses: deve-se suplementar vit D ● Recomendações de micronutrientes ○ cálcio: ■ Recomendação baseada nas DRIS. Atentar em pacientes com distúrbios ósseos associados ○ ferro: ■ Suplementação deve ser utilizada com cautela (pró-oxidante). Se necessária, deve ser feita em horários diferentes daqueles destinados à reposição enzimática (enzimas reduzem a absorção do ferro) ○ zinco: ■ Suplementação em pacientes com retardo do crescimento ou níveis reduzidos de vitamina A -> por causa da síntese da proteína ligadora de retinol (Rec: 1mg/kg/dia para menores de 2 anos e 15mg/dia para crianças com mais de 2 anos e adolescentes) ○ sódio: Neonatos e lactentes em uso de leite materno ou de fórmulas infantis devem receber suplementação de cloreto de sódio, na dose de 2,5-3,0 mEq/kg/dia (Diretrizes, 2017) / Doses suplementares de sódio (entre 2 a 4mEq/kg/dia) devem ser fornecidas especialmente durante os meses de verão (DITEN, 2011) ○ ● Suporte Nutricional -> utilizada com frequência ○ Via oral vs. Enteral vs. Parenteral ○ Fórmulas Poliméricas vs. Oligoméricas ○ Sondas nasogástricas, pós-pilóricas ou gastrostomias ○ Nutrição enteral complementar por sonda: Aporte entre 30-50% da meta energética diária ○ Parenteral: Indicada para curtos períodos, como pós-operatórios de cirurgias de alto porte ou para pacientes desnutridos na fila para Tx pulmonar ou hepático
Compartilhar