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57 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 4 Itil – Transição de serviço: conceitos e processos É importante iniciarmos contextualizando o processo da transição de serviço no cotidiano das empresas. Transição de serviços significa mudar, alterar, repensar, remodelar os serviços de tecnologia que os usuários utilizam em seu dia a dia, para executar as tarefas administra- tivas (OGC, 2013). Toda mudança em rotinas tira as pessoas de sua zona de confor- to, e a transição de serviços de TI pode provocar mudanças compor- tamentais que podem trazer consequências negativas em relação à aceitação da nova realidade. Essa situação pode levar a desgastes nos 58 Administração de tecnologia da informação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .relacionamentos profissionais, podendo até chegar ao extremo, que é o desligamento do colaborador. Nesse contexto, surge a importância do capítulo sobre transição de serviços de TI, que busca assegurar que as mudanças ocorram sem consequências negativas para todos os colaboradores envolvidos, bem como que haja uma implantação rápida e correta dos serviços de TI, a fim de que a empresa ganhe competitividade. É público e notório que, em um mercado cada vez mais exigente, e sendo a satisfação e as expectativas do cliente cada vez mais difíceis de ser alcançadas, as organizações precisam estar alinhadas às novas necessidades, implantando, assim, novos recursos de TI, em um proces- so de inovação contínua na gestão da tecnologia, para que seja gerado diferencial competitivo, maximizando a qualidade de seus produtos e ser- viços e minimizando os custos operacionais (MORAIS, 2018). Transição de serviços de TI é qualquer alteração, planejada ou não, na utilização de tecnologia dentro do ecossistema da empresa, buscan- do trazer ganhos na eficiência e eficácia organizacionais. A transição de serviços de TI busca se adequar às variações de demanda do mercado, a fim de satisfazer seu cliente externo ou interno e, por consequência, manter a empresa competitiva. 1 A descrição dos processos do Itil com relação à transição de serviço Dentro dos processos da transição de serviços, os gestores devem buscar alguns objetivos bastante específicos, para que tenham êxito nas mudanças. O primeiro processo importante a ser gerenciado nas transições é um pleno planejamento e gerenciamento das mudanças no serviço, e os profissionais envolvidos nesse processo devem asse- gurar que todas as solicitações de mudanças serão documentadas e acompanhadas de forma segura e constante (MITZENBERG, 2000). 59Itil – Transição de serviço: conceitos e processos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Para ajudar no acompanhamento dos impactos provocados pela tran- sição de serviços de TI, o gestor pode utilizar algumas perguntas-chave, cujas respostas darão uma ideia clara desses impactos. São elas: • Quais consequências podem ser percebidas com a implantação ou atualização de um novo serviço? • Quais impactos os clientes podem sentir com a transição de um determinado serviço? • O que os envolvidos devem fazer em caso de pane? Enfim, são perguntas como essas que os gestores devem responder em um processo de gerenciamento de riscos na transição de serviços. Outro processo importante que deve ser observado é o da homo- logação e implantação, que envolve testes em exaustão. Quanto mais testes forem feitos, menor será a chance de haver erros na implantação. É comum encontrarmos profissionais de TI que negligenciam os testes, por confiar cegamente na codificação. Por mais competentes que se- jam os desenvolvedores, sempre existe uma margem para erros, que em alguns casos não dependem somente da programação e podem estar relacionados ao ambiente computacional no qual será instalado o serviço (KNELLER, 2013). Dando sequência ao processo do Itil de transição de serviço, os gestores devem assegurar que esse processo incremente a qualidade. Esse ponto é de essencial importância, pois, caso contrário, todo o es- forço empregado nas mudanças será em vão. Investimento financeiro e tempo usado pelas pessoas serão desperdiçados, contribuindo para uma percepção negativa de que as mudanças não trazem benefícios (RRAJ, 2013). Por fim, os gestores de TI devem se atentar aos processos que ga- rantem que grandes quantidades de mudanças possam ser adminis- tradas com o mínimo de impacto possível, assegurando, assim, que o planejamento estratégico da organização seja cumprido ou superado. 60 Administração de tecnologia da informação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 2 Compreender os processos de gerenciamento de mudança A gestão de mudanças em processos de transição de serviços de TI funciona como facilitadora nos processos de mudanças, permitindo que estratégias transformadoras sejam implementadas junto aos im- pactados, diminuindo com isso a resistência às mudanças. Podemos afirmar que um dos grandes objetivos da gestão de mudanças é mitigar a resistência à mudança, fazendo com que ela ocorra de forma mais branda para os colaboradores envolvidos (OGC, 2013). A gestão de mudanças compreende infraestrutura, recursos huma- nos, processos, metodologias e ferramentas, que devem estar harmo- nicamente integrados com as mudanças que ocorrem nas empresas. Como consequência, e pela complexidade que o processo requer, faz-se necessária a criação de uma área dentro das empresas focada na ges- tão de mudanças. O tamanho da estrutura para suportar a gestão de mudanças depen- derá do porte da empresa e da quantidade de mudanças em serviços de TI a serem gerenciados. Essas duas variáveis são importantes para dimensionar o tamanho do departamento. Em realidade, podemos en- contrar as seguintes situações: • empresas de pequeno porte que estão passando por processos de mudança complexos e que necessitam de um departamento de gestão parrudo; • empresas de pequeno porte com pouca necessidade de mudanças; • empresas de grande porte, já consolidadas e estáveis, que não necessitam de grandes departamentos para gerir mudanças; • empresas de grande porte necessitando da implementação de muitas mudanças. 61Itil – Transição de serviço: conceitos e processos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Esse dimensionamento é muito importante para que o departamen- to responsável tenha recursos para administrar todas as mudanças que estiverem nos planos das empresas. O processo de gestão de mudanças define o formato como prepara- mos, equipamos, capacitamos e apoiamos os indivíduos para que ado- tem com êxito a mudança em TI, a fim de impulsionar o sucesso e os resultados organizacionais (KNELLER, 2013). A gestão da mudança implica um planejamento cuidadoso, umaimplementação sensível e, sobretudo, atenção especial às pessoas im- pactadas pelas mudanças nos serviços de TI. Assim, não é recomen- dável impor as mudanças para evitar sua rejeição, sendo fundamental a realização de um trabalho de conscientização de que as mudanças podem ser necessárias, em alguns casos, para garantir a sobrevivência dos negócios (MAGALHÃES, 2013). Também não é aconselhável “vender” a mudança para os colabora- dores sem conscientizá-los em relação à sua importância, como uma forma de acelerar sua aceitação. Essa prática não constitui uma es- tratégia sustentável para o sucesso. Quando as pessoas ouvem uma pessoa de alta administração “vendendo” uma mudança, normalmente, desperta-se nelas um comportamento de indiferença no primeiro mo- mento e, provavelmente, de repúdio a posteriori. IMPORTANTE É de senso comum que uma transição profunda em serviços de TI em uma empresa consiste em mudar a mentalidade das pessoas. O nível de dificuldade dessa tarefa pode fazer com que os agentes importan- tes para as mudanças hesitem. Os líderes das alavancas-chave para a mudança são os atores mais importantes, pois são os que motivam e apoiam comportamentos diferentes, e, portanto, não podem hesitar (RRAJ, 2013). 62 Administração de tecnologia da informação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Para dar suporte às transições de serviços, é fundamental também que as organizações desenvolvam em seu time de TI o chamado pen- samento sistêmico, que se refere à capacidade de estabelecer relações, analisar o sistema como um todo e entender o ecossistema que o ne- gócio habita, para então poder efetivamente modificar o serviço (OGC, 2013). PARA PENSAR Não há uma varinha mágica que resolva os problemas; as alterações em serviços de TI precisam de planejamento, mas interferências externas e internas podem provocar as chamadas transições emergenciais. É importante ressaltar que, em algumas organizações, ocorre o grave erro de considerar as mudanças emergenciais como o padrão. As mu- danças emergenciais trazem maior risco, pois, em sua essência, “dri- blam” os controles e os sistemas implementados. Por isso, devem sem- pre ser caracterizadas como exceção. As transições emergenciais visam atender às necessidades da orga- nização quando o processo de gestão de mudanças estabelecido não pode ser seguido, geralmente, devido a restrições de tempo e riscos en- volvidos (KNELLER, 2013). 2.1 Resistência a mudanças Segundo Maurer (1997), a resistência à mudança não é somente uma reação psicológica, mas também fisiológica. O autor afirma que as mudanças causam um grande desconforto nas pessoas. Podemos afirmar que mudar dói, pois ter de pensar diferente causa desconforto e até uma sensação de dor fisiológica; o cérebro precisa estabelecer novas sinapses, que são conexões químicas entre os neurônios, com o objetivo de promover o aprendizado. 63Itil – Transição de serviço: conceitos e processos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Em nosso córtex pré-frontal (região da testa), temos a memória ativa de nosso cérebro, que é a área de retenção da memória, local em que as percepções e ideias já armazenadas podem ser comparadas com alguma informação nova que recebemos. Essa área é ativada e intensi- fi cada sempre que precisamos retifi car um conhecimento. Outra área do cérebro que é afetada quando reaprendemos é o gân- glio basal (região da nuca), responsável pelo armazenamento dos hábi- tos corriqueiros. Podemos considerá-lo nosso piloto-automático, pois é o local que armazena os aprendizados consolidados. Figura 1 — Córtex pré-frontal e gânglio basal GÂNGLIO BASALCORTEX PRÉ-FRONTAL 64 Administração de tecnologia da informação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Com base nessa rápida explanação da fisiologia cerebral, podemos concluir que as mudanças vão requerer novos aprendizados e, com isso, novas sinapses terão de ser formadas. Para que sejam estabelecidos esses novos caminhos cerebrais, será exigido dos colaboradores um esforço, daí a importância de envolvermos a emoção no convencimento sobre a importância das inovações; com emoções, o aprendizado se dá com muito mais facilidade. Para um melhor entendimento, imagine uma pessoa que aprendeu a dirigir aqui no Brasil, com nossas leis de trânsito e nosso idioma. O cére- bro dessa pessoa, durante o aprendizado, estabeleceu as sinapses ne- cessárias para que o ato de dirigir aqui no Brasil se tornasse automático. Depois de alguns anos, essa pessoa precisou mudar-se para a Inglaterra e precisou reaprender a dirigir, pois lá o volante está no lado direito do carro e a mão de trânsito é inversa à nossa; além disso, as leis de trânsito são diferentes e o idioma é outro. Com isso, o ato de dirigir, que era algo feito automaticamente aqui no Brasil, passou a ser totalmente replanejado e até realizado de forma insegura na Inglaterra, no início. Obviamente, com o passar do tempo, o ato fluirá de forma au- tomática novamente; mas o início da mudança é doloroso. Essa mesma dinâmica cognitiva ocorre quando os colaboradores se deparam com mudanças organizacionais ou estratégicas. Eles preci- sarão reaprender as rotinas ou aprender novos conceitos, novas ferra- mentas e tecnologia. Para tanto, será demandado um grande esforço, gerando insegurança, desconforto e até desistência. Uma analogia bastante interessante que é utilizada por muitos con- sultores para gerir mudanças é conhecida como “o jardim zoológico da resistência”, em que se comparam os colaboradores aos animais do zoológico, dependendo de seu comportamento. Isso ajuda os gestores a classificar os colaboradores em grupos resistentes e também a criar mecanismos de atuação para mitigar a resistência. Confira as analogias na figura 2, a seguir. 65Itil – Transição de serviço: conceitos e processos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Figura 2 — O “jardim zoológico da resistência” Avestruzes São os colaboradores que se escondem sempre que um novo cenário é apresentado, ou seja, colocam a cabeça dentro da areia, mas deixam todo o corpo à mostra para um possível predador. Mas, como tal estratégia não é muito boa, utilizam suas longas pernas para fugir, abandonando a todos, desistindo, muitas vezes, do desafio de mudar. Tigres Toupeiras As toupeiras são escuras e difíceis de serem vistas, pois andam no escuro e por túneis dentro da terra. Normalmente, não aparecem nos momentos críticos das decisões para a implementação dos processos de mudanças e surgem quando o projeto já está bem avançado, com muitas argumentações, dúvidas e críticas, levantando insegurança nos colegas sobre as mudanças e reativando resistências já superadas. Lobos Tigres lutam ferozmente até o final ou até que paremos de interferir em seu território. Tais colaboradores vão defender com unhas e dentes tudo aquilo que conseguiram ao longo dos anos. Amensagem dos tigres é que, se sofrerem mudanças, vão mostrar suas “garras”: "vá fazer sua mudança em outro lugar". Corujas Os lobos formam suas alcateias para lutar contra mudanças em grupos, pois sabem que estando em grupos serão mais poderosos, e vão lutar com todas as forças para que o processo de mudança naufrague. Caramujos As corujas são pessoas sábias e experientes que podem ajudar nos processos, desde que estejam convencidas que as mudanças não retirarão seu poder. É importante que sejam ouvidas e atendidas, na medida do possível. Os caramujos são os colaboradores que usarão o artificio da lentidão para sabotar as mudanças, incrementando sempre uma burocracia ou empecilho que causará atrasos cruciais para o sucesso do projeto. Fonte: adaptado de Maurer (1997). O gestor de TI pode usar esse zoológico fictício para alinhar estraté- gias direcionadas para cada grupo de colaboradores que apresentam ca- racterísticas semelhantes. Assim, poderá gerir um processo de transição de serviços de TI com o objetivo de eliminar as resistências às mudanças. 66 Administração de tecnologia da informação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 3 Gerenciamento de ativos O processo de gerenciamento de ativos de serviços de TI tem o ob- jetivo de identificar e definir os elementos que compõem um serviço de TI, bem como registrar e informar os gestores desses elementos e das solicitações de mudança a eles associados (MAGALHÃES, 2007). No gerenciamento de ativos, busca-se garantir que as informações relativas aos componentes dos serviços de TI sejam precisas e confiá- veis, e que fiquem disponíveis onde e quando forem necessárias. A administração de ativos em TI é um processo essencial dentro das empresas, porém, embora possua teorias relativamente simples, sua execução é complexa, pois envolve uma enorme gama de componen- tes de características diferentes para serem geridos. Dessa forma, cada ativo tem suas particularidades e precisa ser tratado de forma isolada. Alguns gestores imaginam que gestão de ativos é apenas “organizar tudo”, mas não é tão simples assim. Nesse processo, os gestores de TI necessitam investir na definição e controle da infraestrutura que suportará os serviços, mantendo as in- formações precisas de configuração para que, no futuro, sejam encon- tradas com facilidade, visando a manutenção dos serviços (OGC, 2013). Gerenciar ativos de TI significa principalmente dar todo o suporte possível aos clientes, fornecedores, usuários e desenvolvedores para a solução de dúvidas quanto à operação e manutenção, otimizando, as- sim, os processos de consulta de particularidades dos serviços que, em alguns casos, são burocráticos e consomem um tempo muito grande. Outro grande objetivo na gestão de ativos é minimizar desperdícios na utilização de recursos tecnológicos, que, em muitos casos, sejam eles software ou hardware, têm custo elevado e “vida curta”, em função da rápida obsolescência. 67Itil – Transição de serviço: conceitos e processos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Segundo Rraj (2013), os gestores de TI podem seguir algumas boas práticas: • Listar e organizar os ativos: nesse primeiro passo, é importante que o gestor levante todos os ativos, seus usuários, onde são uti- lizados, se são próprios ou de terceiros e demais características. • Desenvolver o inventário: é necessário implantar uma ferramenta e criar um inventário detalhado e consistente dos ativos de TI, com a maior quantidade possível de detalhes, até porque sabe- mos que aquilo que não é conhecido não pode ser gerenciado. • Monitorar o ciclo de vida de cada ativo: cada ativo possui um ciclo de vida particular, por isso é essencial que o gestor faça esse mo- nitoramento, pois só assim poderá atualizar e até desligar ativos que, porventura, deixaram de ser usados. • Automatizar alertas: em função da complexidade e da quantidade de ativos, monitorá-los manualmente pode ser uma tarefa impos- sível. Assim, é indicado que se desenvolvam sistemas que moni- torem e alertem os gestores sobre qualquer mudança no portfólio de ativos das empresas. Isso evitará surpresas desagradáveis em casos de desinstalações, instalações e alterações de ativos de hardware e software. • Investir em formação e capacitação dos profissionais: na área tecnológica, a reciclagem deve estar no DNA dos colaborado- res, em função das rápidas mudanças no setor. Estar atualiza- do com as últimas versões dos softwares e com as evoluções tecnológicas em hardware é fundamental para uma gestão de ativos eficiente. Essas boas práticas colaborarão para que os gestores de ativos de TI possam implementar uma gestão eficiente de todos os componentes tecnológicos presentes nas organizações. 68 Administração de tecnologia da informação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 4 Gerenciamento de liberação de implantação O framework do Itil disponibiliza aos gestores um processo comple- to para o gerenciamento de liberações e implantações. O gerenciamen- to de liberação de implantação é um processo que visa controlar as liberações do ambiente de homologação para o ambiente real (MORAIS, 2018). Esse processo deve ser efetivamente implantado para que libera- ções indevidas não sejam feitas, causando, assim, prejuízos sérios para as empresas. Imagine a liberação de um serviço que ainda não foi fina- lizado ou que não foi testado adequadamente: os problemas causados podem ser inimagináveis e provocar impactos insustentáveis para a continuidade do negócio. O time de liberação faz a passagem de bastão do serviço do ambiente de homologação e testes para o ambiente de operação, ou seja, ambiente real. A partir daí, outros processos são iniciados, tais como suporte, moni- toramento de execução, gerenciamento de infraestrutura, enfim, todos os processos que irão suportar o funcionamento do serviço. É essencial que o gestor de liberação de serviços defina e documente os planos de liberação e implantação com os usuários e desenvolvedores, para que todos estejam cientes de que o serviço entrará em operação. Vale ressaltar que a liberação do serviço pode ser feita em etapas, para que as novas funcionalidades possam ser implementadas grada- tivamente, garantindo, assim, maior segurança e satisfação do cliente. O principal cuidado com a liberação em etapas é garantir a integridade do serviço, ou seja, não pode haver panes durante as liberações, e após seu término, o serviço precisa estar íntegro e ajustado para o pleno fun- cionamento (OGC, 2013). 69Itil – Transição de serviço: conceitos e processos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Outro cuidado fundamental do gerenciamento de liberação de im- plantação é o controle das versões dos softwares. É comum observar- mos um descuido por parte dos gestores de TI em relação a isso, quan- do se perdem a contagem e o controle das versões já liberadas e das versõesnão liberadas. Esse deslize pode trazer consequências negati- vas significativas à operação, além de desperdício de horas de trabalho dos colaboradores envolvidos. Nas implantações, todos os colaboradores e clientes devem ser in- formados e capacitados, para que os usuários não cometam erros ope- racionais alusivos ao serviço recém-implantado. E é no gerenciamento de implantação que o gestor se certifica de que não há qualquer tipo de deficiência nos treinamentos aplicados aos usuários. Gerir a liberação de implantação de serviços de TI implica em imple- mentar processos, sistemas, metodologias, acordos entre os envolvi- dos e empacotamento dos serviços, certificando-se de que houve tes- tes exaustivos, de que todos estão capacitados e de que o ambiente de operação está pronto para receber o serviço. Após o cumprimento de todas essas etapas, pode-se autorizar a implantação. 5 Gerenciamento de conhecimento O conhecimento constitui a principal entrega que os gestores tanto buscam nos serviços e sistemas de tecnologia. Parte-se de uma grande quantidade de dados armazenada, que é processada, extraindo-se infor- mações e, por fim, realizando a entrega do conhecimento. Conhecimento é a capacidade de resolver problemas, inovar e apren- der, baseando-se em informações e dados obtidos de experiências pré- vias. Ou seja, trata-se da informação processada e transformada em aprendizado, para dar suporte à tomada de decisões pelos gestores (SABBAG, 2009). 70 Administração de tecnologia da informação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .O conhecimento, ao contrário dos dados, é de difícil estruturação, e sua captação por máquinas é bem incipiente, bem como a transferência entre os sistemas computacionais. Os dados, por sua vez, são facilmen- te estruturados e captados automaticamente por sensores computa- cionais (PRESSMAN, 2006). O processo de interpretar os dados, gerando informação com base em históricos, possibilita a visão estratégica de cenários e favorece a criação de conhecimento, que pode conter descrições, hipóteses, con- ceitos, teorias, princípios, procedimentos e outros (TAKEUCHI, 2008). A gestão do conhecimento refere-se aos processos desenvolvidos, com a finalidade de criar, armazenar, transferir e aplicar conhecimento, visando agregar valor às decisões dos executivos das empresas (OGC, 2013). Para ilustrar o conceito, vamos supor que, na empresa Disruptive, exista uma equipe de vendas formada pelos mesmos membros há vá- rios anos – vendedores que conhecem profundamente seus clientes e seus principais problemas, necessidades e hábitos de compra. Esse conhecimento corporativo dos vendedores torna a organização líder em eficiência em atendimento e vendas. Trata-se de um conhecimento ad- quirido ao longo de vários anos de interação com os clientes e de alto valor estratégico para a empresa. Agora, imagine se esses vendedores aceitassem uma proposta de uma empresa concorrente e levassem todo esse conhecimento embo- ra. Haveria um grande impacto para a empresa que atualmente os em- prega, pois eles concentram o conhecimento de detalhes adquirido de um relacionamento mais íntimo com os clientes. Para evitar esse tipo de impacto nas empresas, é necessário que o co- nhecimento seja disseminado e compartilhado, para que as informações sejam úteis no futuro e preservadas, independentemente das pessoas. 71Itil – Transição de serviço: conceitos e processos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. As informações de negócio são um ativo da organização, portanto, não pode ocorrer concentração destas apenas em determinados indivíduos. Esse tipo de informação pode estar na forma de textos, apresenta- ções, vídeos, e-mails, fotos, mensagens de voz e outras mídias, conside- radas como conhecimento explícito, ao passo que o conhecimento que está na cabeça das pessoas é considerado como conhecimento tácito. Figura 3 – Conhecimento explícito versus conhecimento tácito CONHECIMENTO EXPLÍCITO CONHECIMENTO TÁCITO Todos esses conceitos citados devem ser utilizados na transição de serviços de TI, que, ao longo de seu desenvolvimento, gera uma grande quantidade de conhecimento que deve ser integrado àquele já existente nas organizações. Portanto, o desafi o das grandes organizações é transformar o conhe- cimento tácito em explícito e criar um processo contínuo para distribuir 72 Administração de tecnologia da informação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .o conhecimento adquirido por determinada pessoa para aqueles que dele necessitam, colaborando para o crescimento da organização. Todo esse desafio da gestão do conhecimento relativo aos proces- sos do Itil pode ser superado com a adoção de um sistema de gestão integrada do conhecimento. Tal sistema utiliza tecnologias para siste- matizar e consolidar o conhecimento, otimizando seu compartilhamen- to e favorecendo a solução de dúvidas. Uma vez formada a base de co- nhecimento, o atendimento a dúvidas e a solução de problemas ficam mais eficientes (SABBAG, 2009). Nos sistemas de gestão do conhecimento, são de extrema impor- tância sua organização por assuntos e a disponibilização de mecanis- mos de busca eficientes, que permitam aos funcionários localizar infor- mações históricas do passado, que os auxiliem a realizar seu trabalho no presente e colaborem com outros no futuro. Os sistemas de gestão de conhecimento são conhecidos pela sigla SGC e têm a função de estimular o desenvolvimento, captura, armaze- namento, utilização, disseminação e proteção do conhecimento. Esses sistemas colaboram também com a organização de forma estratégi- ca, para que o conhecimento seja distribuído entre os colaboradores. Segundo Takeuchi (2008), um sistema de gestão de conhecimento efi- ciente traz diversas vantagens para as empresas, como: • Agilidade: o SGC elimina a morosidade de um funcionário procu- rar outro para colher uma informação corporativa. Entrega de for- ma rápida e ágil os conhecimentos da empresa, pois centraliza as informações. • Minimização de erros: isso acontece principalmente porque er- ros que já são conhecidos não serão repetidos, formando-se um banco de conhecimentos de soluções previamente empregadas. • Aumento na vantagem competitiva: muitas empresas ain- da não conseguem transformar seus dados em informação e 73Itil – Transição de serviço: conceitos e processos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. conhecimento e, por consequência, perdem em agilidade nas res- postas, enquanto empresas que investem em SGC ganham em vantagem competitiva. • Aprimoramento dos processos internos: no SGC, é possível dese- nhar e documentar processos e difundi-los entre os colaborado- res, que podem propor melhorias a partir da base já em operação. Essas contribuições ajudam no aperfeiçoamento dos processos corporativos. Enfim, toda a operação da organização é feita por pessoas que ge- ram conhecimentoexplícito e tácito, que deve ser organizado e dispo- nibilizado por meio dos sistemas de gestão integrada do conhecimen- to para que os colaboradores do futuro não precisem reaprender o que já foi aprendido. Considerações finais Para a transição de serviço dentro do Itil, é essencial que a descri- ção dos processos seja detalhada, para que o sucesso seja alcançado no momento em que um serviço de TI é reestruturado ou desenvolvido completamente. Nos processos de transição, o gerenciamento de mudança tem um papel importantíssimo, pois toda e qualquer implantação de um novo serviço gerará impactos de mudanças que precisam ser gerenciados, com o mínimo de atritos e desgastes entre as pessoas envolvidas. Depois de superadas as resistências nas mudanças, parte-se para a liberação, implantação e todo o gerenciamento de conhecimento envol- vido na transição de serviços de TI, proporcionando aos gestores todo o controle dessa etapa do Itil. 74 Administração de tecnologia da informação Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Referências KNELLER, M. Executive briefing: the benefits of Itil®. London: The Stationery Office; Maggie Kneller, 2013. MAGALHÃES, I. L.; PINHEIRO, W. B. Gerenciamento de serviços de TI na práti- ca: uma abordagem com base na Itil® . 1. ed. São Paulo: Novatec, 2007. MAURER, R. Transforming resistance: using resistance to make change happen. Human Resources Professional, v. 10, n. 6, 1997. MITZENBERG, H.; AHLSTRAND, B.; LAMEL, J. Safári de estratégias: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2000 MORAIS, I. S., Gonçalves, G. R. B. Governança de tecnologia de informação. Porto Alegre: Bookman/Sagah, 2018. OFFICE OF GOVERNMENT COMMERCE (OGC). Service transition. London: The Stationery Office, 2013. PRESSMAN, R. S. Engenharia de software. São Paulo: McGraw-Hill, 2006. RRAJ, V. Itil®: the basics. 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