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ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO ESTRESSE E DA ANÁLISE COMPORTAMENTAL NA TEORIA DO COACHING Autoria: Valéria Guedes Caruso Indaial - 2022 UNIASSELVI-PÓS 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Impresso por: Reitor: Janes Fidelis Tomelin Diretor UNIASSELVI-PÓS: Tiago Lorenzo Stachon Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Tiago Lorenzo Stachon Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Jairo Martins Marcio Kisner Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI C397 Caruso, Valéria Guedes Aspectos Psicológicos do Estresse e da Análise Comportamental na Teoria do Coaching. / Valéria Guedes Caruso. - Indaial: UNIASSELVI, 2022. 145 p.; il. ISBN Digital 1. Psicológicos. - Brasil. 2. Análise. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 158,1 Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 CONHECENDO O ESTRESSE ........................................................ 7 CAPÍTULO 2 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL .............................................. 51 CAPÍTULO 3 TEORIA DO COACHING ................................................................ 97 APRESENTAÇÃO Nesta disciplina, Aspectos Psicológicos do Estresse e da Análise Com- portamental na Teoria do Coaching, discutiremos temas presentes em nosso viver social. Apresentaremos bases conceituais de forma acessível a leigos, que possibilitarão nortear as ações de convivência e instigar postura produ- tiva, tanto no aspecto pessoal como no profissional. Iniciaremos discutindo, a reação natural do organismo humano frente a situações adversas – o Es- tresse. Um mecanismo que apresenta reações físicas e comportamentais de alerta fundamentais a acomodação dos indivíduos as situações de dia a dia, no trabalho, na vida familiar, entre outras. É através de tal recurso que nos adaptamos a situações novas que não “param” de ocorrer. Vale lembrar que hoje todos vivemos num mundo globalizado, o que implica em conviver com questões inéditas e pouco refletidas. A questão tempo de resposta na atualidade é difícil de atender. Assim, todo e qual- quer profissional deve dominar o tema, pois não só se faz necessário o conhecimento em nossa ação profissional para gerir a nós mesmos e aos demais. Assim, nos acomodando a um dia a dia inédito, de interação com os mais diversos interesses e situações. É um aspecto importante da evolução profissional de todos, saber trabalhar o próprio estresse favorece tal questão. A carreira profissional hoje enfatiza o interesse que podemos ter, então conhecer e reconhecer como lidar com as questões só colabora com nosso desenvolvimento pro- fissional, pois a questão interfere físico e emocionalmente, o que promo- ve por vezes respostas equivocadas e pouco produtivas. Respostas que podem desencadear doenças no espaço corporativo, não só físicas como psicológicas. Um fator que prejudica nosso desenvolvimento, como nossa carreira, mesmo quando não somos os sujeitos, um ambiente estressante dificulta a todos. Estudaremos o que é estresse, sua definição, suas causas, seus sin- tomas e os tipos conhecidos, permitindo que zelemos por nossa saúde física e mental. O autoconhecimento nos capacita a desenvolver compe- tências essenciais ao século 21, como: resiliência e criatividade. E traba- lhar a ansiedade e a depressão é um diferencial. Cabe apontar que não discutiremos os tratamentos, pois estes devem ser desenvolvidos por pro- fissionais com formação específica na área da saúde. Outro conhecimento que nos favorece no aspecto da evolução pesso- al e profissional, é o que veremos em seguida em Análise Comportamen- tal, uma abordagem da Psicologia, que discute a significância da alteração do comportamento pelo aprendizado. Na ótica Behaviorista, conhecida como Análise comportamental no ambiente corporativo. Metodologia que estuda o comportamento humano, comportamento manifesto dos indivídu- os, que retrata suas emoções e seus pensamentos. Atualmente, analisar o comportamento das pessoas solicita mais que só reforçar comportamentos positivos, é necessário mais. Então vamos ampliar nosso saber discutindo a abordagem cognitivo-comportamental que versará sobre os perfis do comportamento que podemos observar através da metodologia e trabalhar estes de sorte a promover desenvolvi- mento a todos, empresa e profissionais. Devemos ter clareza que as empresas demandam situações inéditas para todos os seus profissionais, pois a globalização ampliou em muito os contextos, o que dificulta a assimilação de tantas mudanças, de sorte a promover respostas produtivas. Assim, é comum reformular os modelos de gestão, mas não sem perder a prática de pressionar, o imediatismo e o racionalismo. Todos devem aprender a lidar com este ambiente. Na busca de participar deste contexto, apresentaremos os conceitos da Teoria do Co- aching, prática que favorece a gestão no trato com seus parceiros e cola- boradores. Discutindo como atuar sobre pressão, responder prontamente, produzir frente às expectativas organizacionais. Todos estes conceitos e sua interação promovem crescimento pessoal e profissional. Apresentamos nos- sa sequência de temas, conceitos, definições e observe como poderá ser produtivo tal conhecimento. O autoconhecimento é fundamental na vida de qualquer pessoa. O conteúdo deste livro permitirá que você reconheça a si e aos demais para apresentar respostas diretivas e produtivas. CAPÍTULO 1 CONHECENDO O ESTRESSE A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: Identifi car e conceituar o estresse e os elementos que o promovem. Explicar estresse físico, psicológico, social e os fatores que os infl uência. Relatar a modelo base para o entendimento do conceito. Diferenciar os mecanismos neuropsicofi siológicos do estres- se, como os efeitos agudo e crônico, as alterações imunológi- cas, fi siopatológicas e comportamentais (ansiedade e depres- são) e a associação com doenças físicas e psicológicas. Demonstrar a dinâmica temporal da adaptação ao estres- se; exposição diferente entre os sexos e como preveni-lo. 8 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG 9 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Quando o stress está demais, a vida perde o brilho e surge a vontade de fugir de tudo (LIPP, 2003) O conceito de estresse, como reconhecido hoje, foi apresentado à comu- nidade científi ca nas primeiras décadas do século XX (1936), pelo médico Hans Selve. Mesmo sendo um evento que acompanha os seres humanos e os animais, desde sempre. Foi através de nossas respostas produtivas que evoluímos, que vencemos nossos desafi os como espécie. A evolução humana decorreu da supe- ração das situações adversas, como busca de abrigo, alimentação, proteção da prole e a acomodação ao meio ambiente (LIPP, 2003). Na atualidade, mesmo sendo uma espécie dominante, continuamos a vencer obstáculos diferentes de certa maneira, mas que de qualquer forma cobram respos- tas dos indivíduos. Respostas físicas e mentais desencadeadas pelos eventos da vida que possibilitam aos indivíduos atender às demandas da contemporaneidade. No hoje, sabe-se que tais respostas promovem, em sua grande maioria, desgas- tes físicos e mentais. O mecanismo bioquímico do estresse está no âmago desta questão. Especialmente, pois se reconhecer que o estresse faz parte das relações humanas, do cotidiano, desde o nascimento até o fi m da vida de qualquer um. O fantasma que acompanha osindivíduos, estresse “um proces- so e não uma reação única, pois no momento em que a pessoa é su- jeita uma fonte de tenção, um longo processo bioquímico se instala” (LIPP, 2003, p. 18). Só o nome atribuído ao fenômeno “estresse” carrega em si a concepção de desgaste, por ser um termo utilizado em outras ciências e, por si, retratar a ideia de degradação, de desgaste; aqui em nosso contexto podemos perceber como incômodo, desconforto e inadequação que as relações humanas promovem em seus indivíduos, difi cultando a acomodação ao meio ambiente. Podemos colocar que o estresse humano tem sua raiz na ansiedade, ou na depressão, que o estilo de vida dos dias atuais imprime, ou seja, as formas de viver e conviver, os comportamentos de consumo, os costumes, as perspectivas 10 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG e os anseios questões que envolvem a todos. Veremos que este processo natural que ocorre durante a vida, torna-se relevante quando vivenciamos situações de adversidade, sendo possível através deste mecanismo que nos desperta para a ação, ou melhor para o comportamento que venha a atender a demanda. É uma questão de acomete a todos, é uma reação do organismo física e /ou psicológica, mas não uma reação que todos percebem de forma igual. Já se reco- nhece que a percepção de cada um é particular, com certeza já vivenciamos estas diferenças entre nós e especialmente como podemos apresentar respostas físicas (pressão arterial, dores musculares) e emocionais (choro, riso, raiva, inação) dispa- res frente a mesma solicitação do ambiente seja este pessoal e profi ssional. Assim, ao estudar o processo estaremos mais capacitados a atender o hoje de todos. 2 ESTRESSE O estresse nos acompanha desde sempre, mas hoje vivemos esquemas de tra- balho, de relacionamentos que para grande parte da população se apresenta como inédito ou pouco “refl etido”, inviabilizando por vezes a assimilação. São novas tecno- logias, novas áreas de estudo e trabalho. Atualizar-se ou acompanhar este mercado, restrito e competitivo cobra dos indivíduos produtividade, minimizar custos, quebras de vínculos, visando aumentar a competitividade, no mundo globalizado. Mundo este que dado o avanço tecnológico, a competitividade, o estilo de vida, a perda de empregos, a cobrança social “de se ser feliz”. Ah! Vida estres- sante! Todas estas questões tornam o dia a dia muito dinâmico e complexo, o que promove em nós seres humanos a vivência de processos cognitivos e emocionais que nem sempre são decodifi cados claramente, o que promove saturação. O trabalho não apenas provê recursos econômicos aos traba- lhadores como também proporciona identidade, signifi cado, pertenci- mento e realização pessoal (ZANELLI, 2010, p. 98). A questão de saturação decorre da relação das pessoas e o meio ambiente, estar entre os demais possibilita constrangimentos, promovidos pelos outros ou pela nossa percepção do contexto. Os seres humanos reagem dependendo da história de vida de cada um, do seu modo de ser (personalidade) que originam maior ou menor sensibilidade as questões. Assim, cada qual reagirá positiva ou 11 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 negativamente aos fatores estressores, reconhecidamente dependendo do equi- líbrio emocional e físico que detenha. Fatores estressores: seriam qualquer estímulo, decorrente do ambiente, capaz de provocar uma resposta de estresse no indivíduo. Podem ser organizacionais: ambiente físico, carga horária ou de tra- balho, confl itos pessoais ou grupais, a cultura organizacional. Como também familiar ou econômico. Conhecer o estresse e como os indivíduos intercambiam com os fatores es- tressores possibilita maior autonomia no espaço organizacional, então vamos es- miuçar a questão. 2.1 DEFINIÇÕES E NATUREZA DO ESTRESSE Para abraçar o tema, é primordial apresentar que o estresse é uma proteção do ser humano às adversidades enfrentadas no dia a dia. Nós utilizamos o recur- so bioquímico que o organismo humano dispõe, frente a obstáculos e situações desafi adoras, assim, sobrevivendo e superando. Cabe ainda apontar que estres- se não decorre de situações negativas, apenas como a manifestação de angústia, de ansiedade pode apresentar com situações entendidas como positivas, alegria, um emprego entendido como melhor que o anterior. Por ser um processo que nos acompanha por toda a vida, devemos decodifi cá-lo para promover estratégias que permitam lidar de forma apositiva com a questão. Como coloca Lipp, Malagris e Novais (2007, 17), “é o mecanismo de sobrevi- vência mais útil que qualquer organismo pode ter. É ele que nos dá força e vigor para enfrentar os desafi os. Mas, é ele que pode se exceder, quando não bem gerenciado, podendo causar tanto dano ao funcionamento físico e emocional da pessoa”. Retomando o passado, sabe-se que o termo estresse foi utilizado já no sé- culo XVII, no qual as pessoas, no geral, relacionavam a cansaço. Com o decorrer do tempo, no século XVIII e XIX, passa a ser utilizado como esforço, um esforço mais que normal. E é estudando este conceito que Hans Selye, que pesquisa o desgaste que elementos do ambiente físico (luminosidade, muita atividade) pro- 12 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG movem nos indivíduos (no caso o fi siologista estudava cobaias ou porquinhos-da- -índia) causando neles o que se chamou de estresse. Já no século XX, quando as ciências interagem mais seus saberes, no caso as ciências biológicas e sociais, estuda-se a saúde física e mental dos indivíduos relacionando os conhecimentos. Só uma observação a Psicologia foi concebida como ciência no fi nal do século XIX. E os cientistas buscam saber mais sobre saúde no geral do ser humano. O estresse passa a despertar maior interesse da comunidade cientifi ca e, no século XX, como nos coloca Zanelli (2010, p. 45), “Hans Selye (1930) sistemati- zou o conceito com maior precisão, em torno da ideia de manifestações fi siológi- cas variadas, mas sem causas claramente defi nidas. O estresse é amplamente compreendido como uma necessidade de adaptação ou ajustamento de um orga- nismo frente às pressões que o ambiente impõe”. Já uma outra defi nição, é a que nos coloca Griff en, Moarhead (2015, p. 183) o estresse “é causado por um estímulo, que pode ser físico ou psicológico, e que o indivíduo responde ao estímulo de alguma forma”. En- tão [...] “a reação de adaptação de uma pessoa a um estímulo que exige dela respostas psicológicas ou físicas excessivas”. Ratifi cando temos a colocação de Barros, Funke, Lourenço (2017, p. 10), que amplia o conceito discutindo consequências “estresse é uma reação que o or- ganismo tem diante das pressões, tanto externas como internas. [...] Se for inten- so ou contínuo, surgem sensações de desconforto, frustação, indignação e outras emoções negativas”. Outros autores nos colocam o conceito, com foco bem semelhante, vejamos a defi nição que Chiavenato (1999, p.377), apresenta “estresse são reações físi- cas, químicas e mentais que os seres humanos manifestam frente a estímulos do ambiente”. Já Couto (1995) identifi ca o estresse como uma situação em que os seres humanos sofrem um desgaste anormal que prejudica sua capacidade de trabalho devido à difi culdade que possa ter de contemporizar as demandas psíquicas da vida. Outros autores defi nem que o estresse decorre de qualquer questão particu- lar ou social que o indivíduo participe que requeira ajustes ao seu comportamento habitual, assim provocando desgastes estes que por vezes superam a capacida- de de acomodação, intimidando o bem-estar deste. Temos, também outros auto- res que adicionam ao fenômeno, algo a mais que o biológico, quando apontam a necessidade de se identifi car as “redes de signifi cados” a as “relações” que o 13 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 indivíduo apresentepara reconhecer como o estresse se manifesta. Colocamos que inicialmente a manifestação do estresse é semelhante entre as pessoas, mas no decorrer do processo se identifi ca diferenças individuais (história de vida) que se apresentam além do biológico. Temos no início do século XX a correlação entre estresse e trabalho, melhor “trabalho excessivo” e “preocupação”. Os estudiosos/cientistas da medicina mo- derna, como Sir William Osler (1910), associam o estresse a “doenças coronaria- nas” o entendimento do conceito se fi rma quando Hans Selye (1926). [...] se interessou pelas reações em comum observadas em alguns pacientes sofrendo de patologias diferenciadas. O que lhe chamou a atenção foi a identifi cação de um conjunto de re- ações não específi cas, semelhantes, nestes pacientes frente a situações que lhes haviam causado angústia e tristeza. [...] chamou este conjunto de reações de “síndrome geral de adap- tação” ou “síndrome do stress biológico”, comumente conheci- da também como “a síndrome do simplesmente estar doente” [...] (LIPP, 2003, p. 17). Dez anos à frente, Selye “usou a palavra estresse para defi nir está síndrome produzida por vários agentes aversivos”. A proposição se dá em decorrência da assimilação dos conceitos de “homeostase” e da ideia que os organismos devem manter equilíbrio interno, independente dos fatores externos, sejam quais forem. Temos a afi rmação do conceito por Selye “o estresse como uma quebra neste equilíbrio” (LIPP, 2003, p. 17). Homeostase: Nomeado por Cannon (1939), indica a proprieda- de dos organismos de permanecerem em equilíbrio, livres das altera- ções que ocorrem no meio externo a estes. Refl etindo sobre o termo, percebe-se que os estudiosos, os técnicos de saú- de (médicos, psicólogos, entre outros) e a população no geral fazem uso do termo como sendo algo que promove a “quebra da homeostase do organismo”, como também, a resposta comportamental dos indivíduos em decorrência do desequilí- brio. O conceito se presta tanto a “condição, causa ou estímulo desencadeante de uma reação do organismo” (LIPP, 2003, p. 17, grifo nosso). 14 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Estando o profi ssional no espaço organizacional, onde o ar-con- dicionado esteja funcionando há horas, logo, produzindo certo ruído. Este verbaliza que o barulho (estímulo) o estressa (retrata a resposta do comportamento). Outra difi culdade, dos que estudam estresse e buscam auxiliar os leigos no seu dia a dia, é o fato de que o estresse é um processo, evolutivo que ocorre em “etapas”. Uma pessoa pode manifestar estresse por um certo tempo, esta manifestação pode ser de “baixa ou de grande intensidade”. Por que é possível ocorrer esta situação? Por vezes, as pessoas vítimas de estresse apresentam resistências diferentes, frente ao estímulo que desencadeia o “desequilíbrio”, umas podem ser mais resistentes, pois seu histórico de vida ou seu momento é favorecido. Mas, há aqueles que estão debilitados (histórico de vida, momento difícil), promovendo um desiquilíbrio tal que favorece o surgimento de diversas doenças, de maior seriedade. Mas, quando nos referimos a qualquer uma das situações descritas os indivíduos estão estressados, independente do estágio do estresse. (LIPP, 2003, p. 17). Processo: termo que retrata “conjunto de medidas”, “maneira de proceder”, método que “leva” a algum lugar. Conceito que implica em movimentar-se à frente. As pessoas podem estar num estado de estresse baixo, ou estar esgota- do pelo estresse, ambos serão reconhecidos por todos os entes que lidam com a questão (pessoal de saúde, pessoal administrativo-organizacional, familiares) como estressado. O mundo da saúde ou da doença é complexo. Agora que dominamos um pouco as ideias que envolvem o conceito, apre- sentamos sua magnitude: estresse é “uma reação psicofi siológica muito com- 15 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 plexa que tem em sua gênese a necessidade de o organismo fazer face a algo que ameace sua homeostase interna”. (LIPP, 2003, p. 18). Tal situação se dá quando nos deparamos com questões que possam desagradar, assustar, titu- bear, atrapalhar ou mesmo fazer feliz. Tais sentimentos, ou emoções, promovem no indivíduo desequilíbrio, em maior ou menor grau. O estresse então decorre não só de situações aparentemente negativas, como “dor, fome, frio ou calor”, como frente a situações “desafi adoras”. (LIPP, 2003, p. 18). As colocações feitas até então sugerem que a gama de estressores podem ou não desencadear estresse ou desencadeiam diferentemente para cada pes- soa. Reconhece-se que a cognição, ou seja, como cada qual percebe, raciocina e armazena as demandas do meio são “fundamentais ao processo de estresse”. As pessoas percebem o meio de formas diferentes. Cada um contam com per- sonalidades particulares são fatores que promovem reações diferentes entre as pessoas (LIPP, 2003, p. 18). Como já apontado, o estresse é um processo bioquímico que decorre de estímulos do ambiente ou de como o indivíduo reconhece as questões que se apresentam em sua vida. Selye (1984) chamou de “mobilização hormonal” ao fator que prepara cada indivíduo para a ação que é o processo bioquímico de- corrente dos estímulos do meio. Alguns se acomodam ao processo produzido pelo estímulo, ou seja, se dá a homeostase. Já outros não vencem a demanda (LIPP, 2003, p. 18). É importante apontar que o processo comumente se inicia de igual forma, em todos os organismos, mas na evolução se reconhece diferenças, descritas mais à frente. Então o que se observa nos indivíduos que estão vivenciando um proces- so de “mobilização hormonal” é a “taquicardia, sudorese, tensão muscular, boca seca, sensação de alerta”. No decorrer do processo, se apresentam diferenças decorrentes da propensão particular de cada um, genética. Soma-se a genética de cada qual seu histórico de vida, que podem ser fatores que debilitam o organis- mo. (LIPP, 2003, p. 18). O esquema a seguir representa a questão: estímulos estressores + individuo + resposta; os conceitos e o entendimento se concretizarão no decorrer do texto: 16 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Quadro 1 – Estímulos estressores + individuo + resposta Fonte: a autora (2022) Cabe colocar que houve um tempo, na história das ciências, que se acredita- va ser o estresse uma situação que ocorria só com ao mais abastados. Já deve ter ouvido a expressão “estresse é coisa de gente rica, pobre não teria tempo para se ligar nesta questão”. Mas, hoje já se tem conhecimento sufi ciente para colocar que o estresse afeta a todos os indivíduos, independentemente da situação eco- nômica. Sempre que os organismos estão frente a questões desafi adoras, o es- tresse se apresenta. Independe da idade. Só há diferenças sobre quais questões são estressoras, para as crianças, para os jovens, para os adultos, a diferença está estímulo estressor, o processo é o mesmo e ocorre em todos. A evolução das pesquisas sobre o estresse, nos apresentam que este deve ser “trabalhado”, pois não haver o processo bioquímico no organismo, implica em que este “não esteja vivo”. Então vamos discutir o tempo todo, no como trabalhar a questão, não a eliminar. Lipp (2007) nos lembra que as pessoas buscam sensa- ções onde haja a produção de adrenalina, para assim, ter o dia a dia mais interes- sante. Quando desenvolvemos qualquer atividade onde o estresse seja ativado, por exemplo competimos através de um jogo de vídeo game estamos ativando o processo de estresse, mas este está sob controle o que torna a atividade atraen- te. Um indivíduo que passe horas jogando vídeo games de ação, ao término esta- rá muito gratifi cado, mas cansado – “morto” de tanta atividade que desenvolveu, mesmo não saindo do sofá. Este último exemplo pode sugerir que muito trabalho (volume de atividades, como volume de horas) podeimplicar em estresse. Mas também temos conhe- cimento que o indivíduo adulto reconhece quando está atingindo seu limite de 17 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 ação. Por isso, por um tempo se pensou que só a carga de trabalho desencadeia o processo. Mas no hoje, já entendemos que os fatores que compõem a situação de trabalho como um todo podem promover estresse, não só a carga horária, como também o relacionamento com a chefi a, as condições físicas do trabalho, o reconhecimento equivocado (políticas de remuneração e benefícios, como as de ascensão profi ssional = carreira). Stress ocasiona espinhas: durante o processo do estresse e a decorrente alteração hormonal, tem-se o cortisol, que aumenta a oleosidade da pele. Há a probabilidade de os poros entupirem. E o aumento da quantidade de bactérias causadoras de acne. Processo que pode ocorrer a jovens e a adultos. Lipp (2007, p. 18) nos aponta uma outra questão nesta nossa busca de conhecer sobre, as pessoas, de modo geral, acreditam que já se sabe tudo ou quase tudo sobre o estresse e esta situação promove as seguintes ideias (1) “todo mundo tem estresse, então, nada há a fazer, devendo-se simplesmente deixar acontecer” ou (2) o “medo desmedido quanto aos seus efeitos que leva à crença de que se a pessoa tem estresse nunca voltará ser o que era”. Acredita- mos que quem hoje busca conhecimento sobre o tema deve reconhecer que acreditar que nada pode ser feito sobre algo é um comportamento extremamente inadequado, incom- petente. Um adulto, um profi ssional, um cidadão que se entende responsável por si mesmo e pelos outros (familiares, amigos, colegas de trabalho, entre outros) deve entender que não fazer nada é negligência. A negligência neste caso pode abrir espaço para outras doenças e sofrimen- to desnecessário. Alguns exemplos, que os estudos já demonstram: problemas respiratórios, alérgicos, cardíacos, dermatológicos, gástricos e câncer. O estresse debilita o organismo e é neste momento que outras situações podem afl orara. O “estresse existe sim, não pode ser completamente evitado, mas precisa ser ge- renciado, controlado e usado para benefício próprio” (LIPP, 2007, p. 18). O desconhecimento que traz insegurança promove desatenção, fator inade- quado na questão. O estresse na atualidade tem como ser previsto e monitorado, não se abster de tratar é fundamental. Especialmente, porque a literatura médica indica que várias doenças contam com o “estresse associado” e principalmente nem sempre quando se vinda o processo de “estresse emocional” a doença que se desencadeou, em decorrência, pode se estabelecer, por si mesma, ou seja, adquire “autonomia funcional”. São vários os exemplos, enfatizamos apenas a hi- 18 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG pertensão arterial e as úlceras, por serem duas situações que grande parte dos profi ssionais sofrem (LIPP, 2007, p. 18). A psicóloga Lipp (2007, p. 19) nos coloca uma situação, em particular, que devemos reconhecer A pele, como fronteira entre o mundo externo e interno, tem a função geral de proteção e comunicação emocional entre as pessoas. Por um lado, ela recebe e sente as infl uências que vêm de fora; por outro lado, ela é um órgão de expressão emo- cional; por exemplo, fi camos vermelhos de raiva ou de vergo- nha e pálidos diante de algo que nos assusta. Assim, é fácil entender como a pele pode expressar um confl ito, quando a pessoa não encontra uma solução real diante de uma situação problemática. Provavelmente por isto é uma queixa comum no paciente estressado é na área dermatológica. Tensão muscular: é o fator fi siológico que ocorre frente ao des- conforto causado ao organismo por estímulos externos. É comum ser causado por fatores emocionais (estresse e ansiedade), ou proble- mas posturais. Os espaços de saúde como consultórios, clínicas e clínicas ocupacionais identifi cam nos relatos de seus clientes situações que decorrem do estresse, como por exemplo: “azia, tensão muscular, nervosismo, resfriados e problemas de pele”. Quando os problemas evoluem já se tem: “queda de cabelo, cansaço em excesso, perda de memória”. No seu ápice, ou seja, com a continuação das situações estressoras se terá “gripes constantes, herpes, úlceras, hipertensão ar- terial., depressão, ansiedade”. O indivíduo tem sua saúde afetada o que prejudica a qualidade de vida deste e dos ao seu redor por vezes (LIPP, 2003, p. 19). A defi nição de estresse quanto a aspectos fi siológicos, já foi apresentada, fal- ta apontar a colocação quanto à questão emocional, que favorece o entendimen- to a leigos, especialmente. Então, enfatiza-se que o estresse é uma “reação” do organismo humano frente a uma situação, “positiva ou não”, que force um desempenho maior que o normal. O desempenho esperado é aquele que vence a difi culdade, “seja está no mundo lá fora, seja em nossa mente”. Mais um esclarecimento que cabe é o que defi ne o estresse como “um estado de tensão mental e físico” que promove discrepância na performance orgânica dos indivíduos. Tal discrepância debilita o “sistema imunológico”. É este fator que 19 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 justifi ca o aparecimento de diversas doenças emocionais ou não nas pessoas (LIPP, 2003, p. 19). O “quadro” descrito até então, demostra que os seres humanos interagem com o meio e é esta ‘interação” que pode promover o estresse. A interação des- crita se dá em decorrência de como o indivíduo “percebe e interpreta o seu am- biente”. É este o fator que ocasiona o estresse. As situações que desgastam o ser humano, ou seja, situações que desencadeiam o estresse são similares para todas as pessoas e podem ser facilmente reconhecidas de igual forma. Por exem- plo “morte, doença, perdas signifi cativas” todas podem ser vistas igualmente por todos, mas as consequências vão depender da “personalidade de cada um” (LIPP, 2003, p. 19-20). É possível reconhecer na fi sionomia e nas atitudes dos indivíduos o fato de estarem estressados, por exemplo quando no trabalho nosso colega se exalta por baterem à porta, promovendo barulho e distração. Ou quando este não se diverte com a “piada” sobre o time adversário. As reações da atualidade frente a questões desafi adoras são muito semelhantes as reações que ocorriam há séculos. Quando reagimos ao estresse, esta reação é física, o coração bate acelerado, encolhemos o tronco, nos preparamos para a ação. Esta ação pode ser de enfrentamento ou de fuga da situação, as alternativas podem ser físicas ou verbais. Só para não inco- modar ou “atingir” o leitor, exemplifi camos: quando uma jovem está nervosa frente aos questionamentos da mãe, saí da sala sem responder batendo à porta (fuga). Ou a jovem verbaliza questionando ser questionada, grita se indignada com a situa- ção, bate os pés. Não abre a mão de não ser a responsável (enfrentamento). 20 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Todas estas reações só comprovam que o funcionamento de nosso organis- mo está perfeito, pois foi esta reação física e emocional que nos tirou das caver- nas, e nos coloca hoje em edifícios como o Burj Khalifa Bin Zayid, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, com 828 metros de altura e 160 andares. Uma diferen- ça fenomenal. As mudanças orgânicas aumentam nossas possibilidades de reagir ao desa- fi o e nos protegem quanto ao fato de sermos feridos. Nosso corpo fi ca em “estado de alerta”, o que nos abala signifi cativamente, daí o desgaste para poder voltar ao equilíbrio = estresse. Este processo reger muita energia dos indivíduos = energia adaptativa. (LIPP, 2003, p. 21). A energia adaptativa do indivíduo “é limitada” [...] quando o desequilíbrio é crônico ou intenso, grande parte da energia adaptativa da pessoa é utilizada, um desgaste físico e/ou mental ocorre gerando envelhecimento precoce, uma série de doenças até amorte”. Daí que se deve ter muita atenção ao estresse que pode acometer as pessoas. Com o desgaste de nossa “energia adaptativa” fi camos “apáticos, sem energia” (LIPP, 2003, p. 21). O organismo humano tem competência para vencer os desafi os que se apre- sentam, mas é fato que o século 21 descortina um gama muito grande de desa- fi os, num ritmo alucinante, o que difi culta a adaptação humana. Um dos papeis que os indivíduos que se interessam pelo tema e identifi car e buscar trabalhar as demandas do dia a dia de forma que o organismo humano consiga lidar e vencer (LIPP, 2003, p. 21). Uma última colocação para este item, o estresse pode ser “contagioso”? Desculpe, “não” o termo enfatiza que quando um indivíduo está estressado, seus comportamentos bizarros, afetam os demais, promovendo estresse em outros in- divíduos. Os comportamentos bizarros de um profi ssional podem afetar o com- portamento de seus colegas, isto caso ocorra com frequência na empresa. Mas, se este na empresa se controla e na família não, é lá que ocorrerá o possível contágio (LIPP, 2003, p. 21). 2.2 CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DO ESTRESSE Nosso recurso de sobrevivência, o recurso que nos garante força para ven- cer os obstáculos (LIPP, 2007). Daí a importância de relacionar todas as esferas que compõe a vida do indivíduo (pessoal e profi ssional). 21 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 Entre as defi nições de estresse que os pesquisadores apresentam está cla- ro, que este é causado por estímulos físicos e psicológicos. As respostas que se identifi ca adaptações às questões, respostas psicológicas ou físicas. A defi nição é difícil de ser decodifi cada, então vamos “examinar seus componentes com cui- dado. O primeiro componente é a noção de adaptação”. A adaptação pode ocorrer de várias formas. O segundo é o papel dos estímulos. O estímulo é o estressor, o indutor do estresse. E o terceiro, os estressores podem ser psico- lógicos ou físicos. Para fechar a ideia, se deve colocar que as vivências que os estressores promovem podem ser excessivas. Quando isto ocorre, estamos frente ao estresse real. Mas, esta situação de extremo ou não, vai depender da pessoa, uns se acomodam as questões outros não. Quando se reconhece que as exigências que a situação solicita é grande, o estresse poderá se instalar (GRIFFEN, MOARHEAD, 2015, p. 183). Ao se analisar as causas e as consequências do estresse, estamos objeti- vando fazer o diagnóstico da problemática, independente do ambiente em que ocorra lembramos que o estímulo estressor: [...] leva o corpo a liberar substâncias químicas que provocam reações fi siológicas. Assim, diante do perigo, ele será capaz de enfrentar o problema ou fugir. Com essas substâncias cir- culando pelo corpo, em um momento de pavor, os batimentos cardíacos aumentam, a pressão arterial se eleva, e o sangue desviado do aparelho digestivo e da pele para os músculos, que se fortalecem e se preparam para combater o problema, a situação ou a rotina estressante (BARROS; FUNKE; LOUREN- ÇO, 2017, p. 11). Quando este processo se torna repetitivo, a performance se altera. Os hor- mônios e outras substâncias invadem o organismo. Abalam os sistemas imuno- lógicos, endócrino e nervoso. O que no decorrer da vida do organismo o enfra- quece, não só fi sicamente como psicologicamente. Neste momento está frente a uma possível exaustão. O indivíduo deve buscar identifi car o problema, de sorte a promover intervenção, senão será acometido das doenças já apontadas. Apresentando a complexidade do processo do estresse cabe reconhecer “a resposta neurofi siológica ao estresse”. O organismo humano para “lidar com as alterações físico-químicas” que decorrem do estímulo estressor deve responder prontamente. São alterações que “ameaçam a homeostase” do organismo, e as respostas são “moleculares e comportamentais” e ocorrem por “mudanças na fun- ção e expressão da energia neuronal”, o que torna possível o retorno ao equilíbrio, ao estado funcional”. “Estas respostas fi siológicas são desencadeadas por vários circuitos neurais interligados que incluem o eixo neuroendócrino hipotálamo-pi- tuitária-adrenal (HPA) e o sistema límbico” (LIPP, 2003, p. 25). 22 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Na busca de apresentar a importância e o signifi cado do sistema para os organismos humanos, apontamos as funções de cada um dos termos discutidos (SANTOS, 2014): 1. Hipotálamo região do diencéfalo que se localiza entre o tálamo e a hi- pófi se. Seu papel é ser o centro de controle do organismo, cuja função é manter a homeostase. O equilíbrio físico químico. 2. Pituitária ou Hipófi se glândula que se localizada na sela túrcica. Man- tem ligação com o hipotálamo. É o elo entre o cérebro e o sistema endó- crino. Origem da produção de diversos hormônios. 3. Adrenal ou Suprarrenal glândula que compõe o sistema endócrino. Aci- ma dos rins é sua localização. Responsáveis pela produção de noradre- nalina e adrenalina. 4. Sistema límbico controla o comportamento emocional do sistema ner- voso, através da relação que apresenta sobre a natureza afetiva das percepções sensoriais. Por serem estruturas orgânicas nem sempre dominamos plenamente a ques- tão, então esclarecendo diencéfalo é onde se processam as informações sen- soriais e o controle autônomo (sistema cardiovascular). Está na região central do cérebro. O encéfalo é o conjunto do tronco cerebral, cerebelo e cérebro, a par- te superior do sistema nervoso central. Estrutura que controla o organismo. Só identifi cando a importância a hipófi se tem por função regular as glândulas su- prarrenal, tireoide, testículos e ovários. A prolactina (hormônio da lactação), o do crescimento, o antidiurético. E fi nalizando, a sela turcica é a estrutura óssea que fi ca na base do crânio. Possivelmente o leitor deve ter vivenciado ou conhecido alguém que por estar estressado apresentou alguma avaria quando as funções hormonais (SANTOS, 2014). A resposta neurofi siológica ao estresse é dependente da reação ao estímulo estressor, o que nos aponta a possibilidade de “duas vias de reação ao estresse”. Seria a via sistêmica, onde se identifi ca que os “agentes estressores” podem causar danos fi siológicos ou falhar no sustento da vida do indivíduo. Algu- mas respostas aos estímulos estressores podem ocorrer sem serem decodifi ca- das pelas estruturas centrais superiores, pelo cérebro ou o sujeito não percebe o que está ocorrendo. Exemplo: uma mãe ao ver o fi lho de 4 anos atravessar a avenida correndo atrás do gato da família, se estressa de tal forma que não con- segue apresentar resposta, pois desmaia. Temos como estímulo estressor “fi lho correndo risco de vida” e a resposta do organismo materno frente a tal desgaste é desmaiar. O estímulo é tão forte que o sistema não consegue se estruturar a ponto de apresentar uma resposta positiva (LIPP, 2003, p. 26). 23 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 Já a via límbica, que conta com as estruturas interligadas sinapticamente como a amídala, o hipocampo e córtex pré-frontal, quando o estímulo estressor atinge estas estruturas possibilita ao indivíduo reagir de maneira positiva, seja de fuga ou enfrentamento. Os estímulos estressores, com aspectos cognitivos ou emocionais, envolvem processamento sensorial, que não necessariamente “pro- move transtorno” à homeostasia fi siológica, pois podem buscar comparar com ex- periências anteriores. O “hipocampo aumenta a efi cácia sináptica e infl uência a memória.” (LIPP, 2003, p. 26). Como nos coloca Lipp (2003, p. 28), as causas do estresse: Embora estímulos estressores induzam várias alterações neuro- químicas e hormonais adaptativas, que permitem ao organismo lidar com eles, uma ativação fi siológica continua resultante da exposição a esses estímulos pode produzir alterações em processos metabólicos básicos e alterações na função e inte- gridade neuronal, tornando oorganismo susceptível a doenças. Assim, sintetizando tais colocações os organismos contam com “um sistema de controle central do estresse” reconhecido quando se estuda a “ativação do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal”, observa-se que este eixo reconhece os estímulos e os repassa as “regiões cerebrais” que decodifi cam os estímulos estressores, com foco na homeostasia sistêmica. O processo ao fazer uso de vivências ocorridas, promove a reação “de respostas fi siológicas” acomodadas ao meio e possivelmen- te apresentando reações “dentro de limites toleráveis”. Os autores colocam que o “controle inadequado das respostas ao estresse” pode ser associado a “doenças sistêmicas, neurodegenerativas e desordem afetivas” (LIPP, 2003, p. 29). Os ciclos neurais do estresse, reconhecidos como “os que excitam e os que inibem” são muito importantes “a sobrevivência” e ao processo equilibrado, não só “fi siológico, como psicológico” do organismo. (LIPP, 2003, p. 29). Uma descrição sumária dos ciclos neurais seria colocar que o hipocampo é a estrutura que ar- mazena e apresenta as memórias conscientes. Mantem o contexto reconhecido pelo sujeito. Já o córtex sensorial entende os dados sensoriais. A amígdala é a estrutura que entende as emoções, identifi cando as ameaças e guarda na me- mória (os temores) e o hipotálamo é a estrutura que ativa a reação de “luta ou fuga” (LIPP, 2003; SANTOS, 2014, grifo nosso). Para apresentarmos as consequências do estresse, devemos apontar que os sintomas identifi cados no indivíduo “dependem do nível de gravidade do estado em que se encontre”. Contamos com inventários que nos diagnosticam o nível de gravidade do estresse, o foco dos inventários são identifi car os comportamen- tos frente a dilemas como morte, doença, desempenho organizacional. Boa parte das avaliações buscam o caráter psicológico das questões, mas exames clínicos, também são utilizados (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 22). 24 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Inventário de Sintomas de Estresse de Lipp - ISSL: questionário de sintomas do estresse para maiores de 15 anos. Medida objetiva da sintomatologia do estresse. Aplicação de 10 minutos aproxima- damente. Coletiva, até 20 pessoas ou individual. Ferramenta de uso profi ssional, ou seja, só um profi ssional psicólogo deve aplicar e dis- cutir o diagnóstico com o sujeito. Autora LIPP, M. E. N. Atenção há inventários disponíveis na internet, mas devemos reconhecer que o diagnóstico deve ser desenvolvido por um profi ssional da área. Os testes podem indicar se o sujeito tem ou não estresse, a gravidade deste e se a fragilidade maior é física ou psicológica. Fatores importante ao diag- nóstico. A gravidade do estado de estresse do sujeito se reconhece pela fase que se encontre (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 22). Retomando as contribuições de Selye aos estudos sobre o estresse, temos a [...] identifi cação da Síndrome de Adaptação Geral que coloca cada um de nós tem um nível normal de resistência aos eventos estressantes. Algumas pessoas conseguem tolerar uma dose grande de estresse, outras, doses muito menores, mas todos te- mos um limite em que o estresse começa a nos afetar. A síndro- me de adaptação geral inicia quando a pessoa se depara pela primeira vez com um estressor. O primeiro estágio é chamado “alarme”. [...] a pessoa nesta fase pode sentir pânico e se ques- tiona se será capaz (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 184). Os autores apontam que o estresse se desenvolve, ao percorrer suas quatro fases, a saber: fase de alerta, fase de resistência, fase de quase exaustão e fase de exaustação. O início do processo é a fase de alerta, ocorre a produção de adrenalina e o organismo se enche de energia, vitalidade, vontade. O organis- mo neste momento está repleto de energia e poderá enfrentar qualquer emergên- cia (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 22, grifo nosso). Depois de se apavorar, o indivíduo reconhece se é capaz de “lutar ou fugir”, se o estímulo estressor é muito forte ou se une a outros estressores, estamos frente a resolução de como lidar com todas estas questões do dia a dia. A maioria das pessoas se acomodam e “resistem aos efeitos negativos do estressor” – resi- liência. Neste momento a síndrome de adaptação geral acaba, mas se o indivíduo não relaxa e volta ao seu humor inicial continuamos no processo que Lipp, Mala- gris, Novais (2007) descreveram no parágrafo anterior. 25 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 Adrenalina hormônio neurotransmissor que prepara o organismo para qualquer situação de estresse (risco). Promovendo a vasocons- trição periférica, aumenta a frequência cardíaca e a mobilidade das regiões do coração. Favorece a liberação de insulina, de glucagon, de gastrina, entre outros hormônios. Permite que se sinta sensação de satisfação, de vitória. Uma outra contribuição de Selye foi “as fontes de estresses não precisam ser ruins” é possível que estímulos que manipulam a homeostase de forma a promo- ver o desequilíbrio possibilitam respostas boas. Para Selye este seria o estresse de eustresse, que resulta em resultados positivos. Em contrapartida há o estres- se de distresse, que é o negativo (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 184-185). O processo descrito acima é identifi cado como “estresse positivo” suas cau- sas sugerem ser produtiva ao indivíduo, mesmo assim é possível ocorrer fragili- dade física e psicológica como: “sentir tensão, dor muscular, azia, problemas de pele, irritabilidade sem causa aparente, nervosismo, sensibilidade excessiva, ansiedade e inquietação” (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 22). Neste momento, se a situação se fi nda, o processo se conclui e não se iden- tifi ca sequelas. Para se atingir a segunda fase, a da resistência é necessário que o estímulo estressor que esteja nos atingindo continue, ou se some a outros, ou seja, se ocorrem situações desafi adoras em sequência. O que se apresenta é o estágio de resistência, onde se resiste ao estresse. Aqui temos a ocorrência de “dois sintomas” bem particulares: difi culdade com a memória e muito cansaço (fragilidade física). Se o indivíduo resiste pode sir do processo (LIPP; MALA- GRIS; NOVAIS, 2007, p. 22). Da terceira fase em diante, se tem problema efetivamente. O que ocorre – o organismo não consegue vencer os desafi os, “não consegue resistir ou se adap- tar” inicia-se o processo de “colapso gradual”. Seria a fase de quase exaustão. “Nesta fase muitas vezes precisa-se de ajuda tanto médica para tratar o problema físico que já surgiu, como psicológica, para aprender a lidar com a causa de seu estresse” (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 22). O indivíduo que chega ao último estágio, fase de exaustação, tem seu or- ganismo extenuado. Várias doenças graves ocorrem, sem ajuda de especialista é quase impossível a reversão do processo. Questões que acometem o sujeito: “a 26 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG concentração não ocorre, o raciocínio é difícil, rir, ter gosto pela vida, depressão. Vamos ter o surgimento de “várias doenças físicas graves”. O “estresse prolonga- do” no tempo, ou na intensidade, “afeta o sistema imunológico. Este por sua vez “reduz a resistência”, o que permite o aparecimento de “infecções oportunistas e doenças contagiosas”. E principalmente, questões de saúde latentes emergem (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 22). Com o objetivo de identifi car o estresse positivo e avaliar tal as- pecto no particular a leitura do capítulo Stress negativo e positivo: existe stress ideal? De LIPP, M. E. N., MALAGRIS, L. E. N., NOVAIS, L. E. Stress ao longo da vida. São Paulo: Ícone Ed., 2007, p. 27. Conta com questionário de 12 perguntas que apresenta se tem ou não stress. Atividade que pode orientar leigos para ações mais espe- cifi cas quanto a própria saúde. Há diversas vivências facilmente identifi cadas que retratam o estresse.Se- ria: mãos suadas, respiração rápida, arritmia cardíaca (frequência mais alta do coração), acidez do estômago, falta de apetite, dor de cabeça, desinteresse por alguma atividade, desinteresse pelas pessoas com as quais se relaciona. Per- cebe-se um distanciamento emocional dos outros. Só apontando a Síndrome de Burnout (reconhecida pela OMS, em janeiro de 2022) é uma doença mental que decorre do estresse do trabalho e se caracteriza pelo distanciamento emocional dos outros. A resenha (Quadro 2) a seguir apresenta algumas fases do estresse de acordo com as características e a gravidade. Observaremos cinco itens que são sintomá- ticos frente as fases, vamos analisar (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 23-25): Quadro 2 – Fases do Estresse Fases / Itens identifi cação Fase de Alerta Fase Resis- tência Fase Quase exaustão Fase Exaus- tão Sono difi culdade de dormir. Normalizado insônia, acorda cedo dorme pouco, sono não revi- gora. Sexo libido alta. libido decai. libido quase desaparece. libido desapa- rece. 27 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 Trabalho grande produtivi- dade e criativi- dade. produtividade e criatividade no normal. produtividade e criatividade caem. sem produção, sem concen- tração, sem interesse Corpo tenso, sudorese, sem apetite. cansado, mesmo frente ao des- canso. Memoria falha. Sensação de estar doente. cansado, sensa- ção de desgaste. Memoria muito afetada. Doenças aparecem. desgastado e cansado. Doenças graves surgem. Humor euforia. cansado, repe- titivo. a vida perde o brilho. não socializa, foge de rela- cionamentos. Tendências ao suicídio. Fonte: a autora (2022) 1 Vamos analisar o motivo de nossa discussão. Você trabalha em uma dada empresa, a organização está no momento de avalia- ção anual e utiliza da ferramenta Avaliação 360°. Você deve ava- liar seus colegas de trabalho. Então no momento está à frente do questionário avaliativo de seu colega de departamento. (1) O colega há alguns meses modifi cou o comportamento no am- biente de trabalho. Parece que foi depois do tratamento de cân- cer da esposa. Você reconhece que por diversas oportunidades ele apresenta: agressividade, apatia frente aos contatos, produ- tividade muito debilitada, sem vontade para nada. Fatores que estão comprometendo a produtividade e o relacionamento do de- partamento O questionário conta com diversos fatores a serem observados sobre o desempenho, você é um profi ssional responsável e comprome- tido deverá responder corretamente a avaliação. Mas há o espa- ço de sugestão para que a empresa tome providências sobre o desempenho dos profi ssionais. Você faria sua avaliação apontando que o desempenho deixa a de- sejar e sugeriria o quê para a empresa, logo ao colega? 28 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Como continuamos na busca de diagnosticar o estresse nos indivíduos, falta colocar mais uma outra questão, especialmente que as pessoas percebem diferen- temente o estímulo estressor. Uns o reconhecem de forma mais signifi cante que outros. Por que será que há diferença individual? A diferença se apresenta, em de- corrência, dos perfi s de personalidade. Os indivíduos contam com personalidades distintas, como histórias de vida distintas (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 185). Médicos estudiosos da questão, observando seus pacientes, reconheceram que as questões que os estilos estressores demandavam eram “vistas” diferen- temente, dependendo da personalidade de cada e neste sentido apresentaram o seguinte: 1. Pessoas do Tipo A são extremamente competitivas, muito dedicadas ao trabalho e têm forte senso de urgência de tempo. São, também agres- sivos, impacientes, orientados para o trabalho. A impulsividade é uma marca. São motivados a realizar o máximo possível no menor tempo possível. 2. Pessoas do Tipo B são menos competitivas, menos comprometidas com o trabalho e têm pouco senso de urgência de tempo. Manifestam me- nos confl itos tanto em relação às pessoas como em relação ao tempo e tem um estilo de vida mais equilibrado e descontraído. São mais au- toconfi antes e capazes de trabalhar em um ritmo constante (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 185). Avaliação 360 graus: ferramenta de análise dos colaboradores. Instrumento que analisa o parecer de todos os stakeholders e a auto- avaliação. Então os colegas, os clientes, os fornecedores e a chefi a avaliam o profi ssional. Possibilita uma visão ampla do desempenho do colaborador. Comumente é desenvolvida através de questionário associado a entrevistas, mas possibilita sugerir. Todos reconhecemos no nosso meio, ou em nós mesmos, estes tipos de pessoas. Pode-se colocar que o Tipo A é mais bem-sucedido, por ser alguém que se lança mais a ação, mas de qualquer forma a agressividade e a maneira como lida com o trabalho pode incomodar, o que difi culta os relacionamentos e diminui a aprendizagem e as oportunidades. Uma outra visão é a que o Tipo B tem melhor trânsito entre seus parceiros, o que possibilita aprendizado. E no contexto de um mundo globalizado e diversifi cado, maiores habilidades de relacionamento con- tam mais (GRIFFEN, MOARHEAD, 2015, p. 185). 29 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 Os autores nos colocam que a grande maioria dos indivíduos são hora Tipo A, hora Tipo B. Também, as pesquisas inicialmente colocavam que as pessoas com predominância de características do Tipo A eram mais propensas a doenças cardíacas. O que as pesquisas mais atuais não confi rmam. O que se tem hoje é que as pessoas do Tipo A são mais complexas do que se acreditava inicialmente (GRIFFEN, MOARHEAD, 2015, p. 185-186). Temos outras características de personalidade que interferem no desem- penho dos indivíduos quando expostos a estímulos fortemente estressores, a saber: a personalidade rústica e o otimismo. Estas duas características favo- recem os indivíduos frente ao estresse, pois quem conta com “uma personali- dade rústica”, ou seja, tem uma localização interna de controle, são fortemente comprometidas com as atividades da vida e enxergam a mudança como oportu- nidade para o progresso e para o crescimento. Essas pessoas geralmente não adoecem, caso sejam submetidas a altos níveis de pressão e estresse” (GRIF- FEN; MOARHEAD, 2015, p. 186). Há pesquisas que apontam que o otimismo, uma outra característica de per- sonalidade, se apresenta como favorável a resistência da pressão dos estímu- los estressores. “Otimismo representa a medida pela qual uma pessoa enxerga a vida, de maneira positiva ou negativa. [...] O otimismo tem relação com à afetivida- de, positiva ou negativa.” (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 186). Os indivíduos otimistas identifi cam questões positivas, nas questões es- tressantes e se apegam a estas o que faz signifi cativa diferença da adaptação a situação. O inverso ocorre com os indivíduos que se apresentam não otimis- tas. Se observa que pessoas menos resilientes ou de personalidade não rústica se abatem mais frente ao estresse, semelhante aos não otimistas (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 186). Há também o reconhecimento que as diferenças culturais interferem na percepção dos estímulos estressores. Aqui cabe reconhecer mais sobre como os indivíduos de nossa cultura percebem o próprio trabalho. É signifi cativa tam- bém a visão quanto à idade das pessoas – esta questão infl uencia (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 186). E por fi m, pesquisas apontam que homens e mulheres, reconhecem diferen- temente os estímulos estressores. [...] “as mulheres talvez estejam mais sujeitas a vivenciarem os efeitos psicológicos do estresse, ao passo que os homens se referem mais aos efeitos físicos” (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 187). 30 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG 2.3 ADMINISTRAÇÃO PROFISSIONAL E PESSOAL DO ESTRESSE Por ser o estresse algo que sempre nos acompanha, uma reaçãoinerente ao nosso organismo, então não há nada melhor que conhecer para poder adminis- trar a situação de forma produtiva, superando os efeitos negativos que possa apresentar, este efeito é acumulativo, esta é uma grande questão. O estresse [...] “é o mecanismo de sobrevivência mais útil que qualquer organismo pode ter. É ele que nos dá força e vigor para enfrentar os desafi os. Mas, é ele também que pode se exceder, quando não bem gerenciado, podendo causar tanto dano ao funcio- namento físico e emocional da pessoa” (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 17). Pesquisadores e autores utilizam o termo estressor para qualquer estímulo que consiga eliciar respostas orgânicas. Lembrando que respostas orgânicas são estimuladas pelas glândulas suprarrenal e pelo sistema nervoso autônomo simpático (respiração, batimentos cardíacos, digestão, controle da temperatura corporal, entre outras). As alterações fi siológicas produzidas apresentam respos- tas esperadas (taquicardia, sudorese, difi culdade de atenção concentrada) estas por sua vez causam manifestações psicológicas, mentais e comportamentais. As colocações acima sugerem que a natureza do estímulo é diversa, ou seja, pode ser emocional, biológica, ambiental ou física. Exemplifi cando um estímu- lo estressor físico = “nervoso”, expressa sintoma físico = úlcera. Um outro exem- plo é o estímulo estresse emocional = processos de pensamento = ansiedade. As pessoas devem saber “lidar” com a questão para poder tirar proveito e não esmorecer frente. A literatura reconhece que os indivíduos não identifi cam se estão enfrentando estresse. Devemos ter consciência que nosso organismo e nossos sentimentos “dão o alerta”, mas na maioria das vezes não reconhecemos eles. O esquema (Quadro 3) a seguir amplia nossa percepção do que ocorre fren- te aos estímulos estressores. 31 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 Quadro 3 – Percepção de estímulos estressores Fonte: a autora (2022) Com base no Quadro 3, percebe-se que os estímulos estressores estão “por aí”, no meio ambiente, na nossa história de vida, na nossa genética. É evidente, que as fontes de estresse, estão em espaços onde convivemos: ambiente social, ambiente de trabalho, ambiente familiar, ambiente acadêmico e nos processos de comunicação do ser humano. Assim, um exemplo de dentro de nós seria: “Estou pensando sobre minha carreira, meu futuro”, (estímulo interno ao indivíduo). Outro poderia ser “Estou pensando sobre as metas a atingir para a empresa”, (estímulo externo ao indiví- duo). A intensidade do estímulo, tanto interno como externo, depende das carac- terísticas biofísicas, da personalidade, da história de vida de cada um. Ambos os estímulos são estressores só que poderão ser ora positivos, ora negativos, ora ideal? Vamos identifi car no panorama abaixo o que Lipp, Mala- gris, Novais (2007, p. 27-28) nos oferta sobre: Estresse negativo: é o estresse em excesso. Ocorre quan- do a pessoa ultrapassa seus limites e esgota sua capacidade de adaptação. O organismo fi ca destituído de nutrientes e a energia mental fi ca reduzida. Produtividade e capacidade de trabalho fi cam prejudicadas. A qualidade de vida sofre danos. Posteriormente a pessoa pode vir a adoecer. Estresse positivo é o estresse em sua fase inicial, a de alerta. O organismo produz adrenalina que dá ânimo, vigor e energia fazendo a pessoa produzir mais e ser mais criativa. Ela pode passar por períodos em que dormir e descansar passa a não ter tanta importância. É a fase da produtividade, como se a pessoa estivesse de alerta. Ninguém consegue fi car em alerta por muito tempo pois o estresse se transforma em excessivo quando dura demais. 32 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Estresse ideal: ocorre quando a pessoa aprende o manejo do estresse e gerencia a fase de alerta de modo efi ciente, alternando entre estar em alerta e sair de alerta. O organismo precisa entrar em equilíbrio após uma permanência em alerta para que se recupere. Após a recuperação não há dano em entrar de novo em alerta. Se não há um período de recupera- ção, então, doenças começam a ocorrer pois o organismo se exaure e o estresse fi ca excessivo. O estresse pode se tornar excessivo porque o evento estressor é forte demais ou porque se prolonga por tempo mais longo. Seguindo e ampliando o raciocínio, pode-se entender que temos duas cate- gorias de estresse bem defi nidas em nossa vida, na vida globalizada, na vida do século XXI. Como os autores Griff en e Moarhead (2015, p. 187) colocam seria: 1. “Estressores organizacionais: exigências da tarefa (ocupação, segu- rança, sobrecarga); exigências físicas (temperatura, aparência do escritório); exigências na função (ambiguidade, confl ito); exigências interpessoais (pressão do grupo, estilo de liderança, personalidades). 2. Estressores pessoais: mudança na vida, traumas”. Quando o indivíduo se encontra na fase de “resistência”, ou até mesmo na de “quase exaustão”, vamos ter junto as duas categorias de estresse, uma outra questão o estresse que a sociedade cobra, pois contamina o emocional, carac- terizado pelo mal-estar de um indivíduo. Neste momento os indivíduos apresen- tam difi culdade de comunicação, manifesta pela falta de paciência, tolerância o que incomoda a convivência de todos. As duas categorias que englobam todo o viver de um indivíduo, indepen- dentemente de sua idade, pois vivemos em um mundo institucionalizado (família, religião, saúde, lazer, trabalho, educação, entre outros). Os estímulos estresso- res que decorrem destes espaços institucionais imprimem diversas e complexas consequências. Podem até estimular de igual forma o indivíduo, mas como é per- cebido depende de cada um (nossa personalidade interfere na forma de ver as questões). Tem-se aqui o caráter particular de cada um, a subjetividade humana. Subjetividade: é o processo que torna o universal em particular. Os seres humanos são iguais entre si. O que sugere ser universal, mas nosso jeito de ser nos torna particular, singular. 33 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 As consequências por sua vez podem tornar a serem causas. Exemplifi - cando a colocação, uma mulher que trabalha sob grande pressão de uma chefi a autoritária, pode desenvolver um quadro de ansiedade. E sua ansiedade passar a ser fator de procrastinação. Fácil perceber que os estressores organizacionais, em es- pecial os do trabalho, são os estresses ocupacionais que demandam da relação entre o indivíduo e o seu ambiente de trabalho, que por vezes apresentam exigências superiores as habilidades, fator de desgaste do organismo. A produtividade, fundamental no espaço organizacional, “esbarra” na carga de trabalho, na baixa autonomia, na pressão (gestão autoritárias, confl itos interpessoais). Então temos estressores organizacionais que causam consequências or- ganizacionais, como: “diminuição do desempenho ou da motivação ou da satis- fação com a atividade produtiva, rotatividade, absenteísmo”. E teremos também, estressores pessoais que causam consequências individuais, como: “as comportamentais (abuso de álcool e drogas, violência), as psicológicas (distúrbios do sono, depressão) e as médicas (doenças cardíacas, cefaleias) ”. (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 187). Os estressores promovidos pela atividade laboral contam com “vários fatores que podem causar estresse no local de trabalho”. São conhecidos por grande parte dos profi ssionais, por terem relação direta com as competências que são solicitadas no espaço de trabalho. A saber: “exigências da tarefa, exigências físicas, exigências da representação de papeis e exigências interpessoais” (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 188). Papel: tanto no contexto organizacional, como no social – papel são os comportamentos inferidos à posição dos indivíduos nos gru- pos em que esteja inserido. Esclarecendo exigências da tarefa, é o que o trabalho em sidemanda: de conhecimento, de responsabilidades diversas, de segurança da saúde ou vida. Exemplos seriam o médico, o bombeiro. As exigências físicas se relacionam com o espaço físico e do ambiente. Um exemplo é o coletor de lixo que trabalha correndo, ao ar livre (chova ou faça sol). As exigências da representação de papeis, aqui observa-se a divergências entre os papeis formais e os informais 34 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG que apresentamos nas organizações. É possível orientações contraditórias como ser correto e honesto com relação a empresa, mas frente aos clientes, nem tan- to. A empresa cobrar mais comprometimento (sobrecarga de horário) e a famí- lia solicitar sua presença. Há, inclusive a sobrecarga de papeis (ser o gestor de departamento, o gestor da ação solidária da empresa, ser o gestor da festa de fi nal de ano da instituição religiosa). Por fi m, as exigências interpessoais são as que se relacionam as demandas interpessoais, pressões grupais, liderança e confl ito interpessoal. Um exemplo que caracteriza bem é a que nos lembra que quando trabalhamos em produção, ocorrem acordos quanto a produção de cada um, para ninguém se prejudicar. Trabalhar junto a uma chefi a muito grosseira em suas colocações, é difícil. Temos este último exemplo os seguranças. (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 188-191). No contexto organizacional, temos diversos estressores que suscitam muita contradição, entendimento e aceitação dos indivíduos. A discussão sobre estabi- lidade organizacional, os profi ssionais podem apresentar estresse, em diversos níveis na presença da possível demissão, dependerá da situação pessoal, familiar, carreira, domínio da atividade, contexto global. É uma discussão muito complexa. Trabalho: para os indivíduos não só no hoje como no passado, é o que possibilita não só o sustento. Também permite a sensação de pertencer, de participar, de ser útil, de contribuir. Sentimentos que mo- tivam e promovem satisfação pessoal. Assim, é de grande signifi cado para a vida pessoal e coletiva dos indivíduos. Você percebe assim? Outra ideia na área organização é a sobrecarga de trabalho, tanto quantitati- va como qualitativa, fator bem particular a administrar. A resposta de cada indivíduo é sua apenas. Os autores nos colocam uma questão, nem sempre evidente a todos os profi ssionais, independente de qual função detenha (operacional, administrativa, técnica ou gestão): relação entre carga de trabalho, estresse e desempenho. É claro que o excesso de estresse não é desejável, mas pouco estresse também pode ocasionar problemas. Por exemplo, o pouco estresse pode resultar em tédio e apatia e ser acompa- nhado por baixo desempenho. Embora o excesso de estresse possa causar tensão, ansiedade e baixo desempenho para a maioria das pessoas, há uma otimização do nível de estresse que resulta em energia, motivação e desempenho elevados (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 189). 35 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 Agora, deve-se expor os dois estressores na vida pessoal: as mudanças de vida e os traumas. Os indivíduos vivem nas organizações e nas famílias, en- tão os estressores da vida pessoal infl uenciam os estressores organizacio- nais. Os estudiosos da área apontam que (1) mudanças na vida do indivíduo seriam qualquer alteração de porte no contexto pessoal ou profi ssional. Como exemplos da questão apontamos: morte, separação, doenças graves, casamento, nascimento, alteração da condição fi nanceira ou do trabalho, instabilidade afetiva, entre outras. As mudanças podem ser mais ou menos estressantes de maneira semelhante aos estressores organizacionais, pois dependem da idade do indiví- duo, da condição fi nanceira e educacional, da cultura também (GRIFFEN; MO- ARHEAD, 2015, p. 192). O outro item quanto aos estressores na vida pessoal é o (2) trauma que os autores esclarecem como sendo “similar à mudança na vida, mas possui um foco mais estreito, mais direto e de menor prazo. Trauma é qualquer transtorno na vida de uma pessoa que altera as atitudes, emoções e comportamentos” (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 193). Os exemplos de traumas físicos comumente são entendidos como lesões cau- sadas por acidentes diversos, agressão, ocasionando ferimentos graves externa ou internamente ao organismo. Mas, o que se apresenta como complexo é o trauma psicológico que tem sua origem em alguma situação física ou de mudança de vida que decorre de uma experiência que promove grande dor ou sofrimento. Fatores não, necessariamente, observados sem pesquisa efetiva de um profi ssional da área. Fator que muda profundamente o comportamento, o pensamento e os sentimentos da pes- soa. Um exemplo que de trauma seria a violência sexual, independente do sexo, cau- sa mudança de comportamento e futuramente, mesmos com as lesões ocasionais fi ndas, o fator psicológico requer muita atenção e acompanhamento. Com o objetivo de prevenir o estresse, leia o capítulo “Como prevenir”, de LIPP, M. E. N., MALAGRIS, L. E. N., NOVAIS, L. E. Stress ao longo da vida. São Paulo: Ícone Ed., 2007, p. 69. Uma percepção que favorece a administração do estresse, é a que nos co- loca Griff en e Moarhead (2015, p. 193) quando apontam que “o estresse pode ter inúmeras consequências. Como já observamos, se o estresse é positivo, o resultado pode ser mais energia, entusiasmo e motivação. As consequências ne- gativas do estresse são claramente mais preocupantes”. 36 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Dentre estas há a exaustão, que pode ter seu estopim, tanto, nos estres- sores organizacionais como nos pessoais. A defi nição busca se apegar na sua principal infl uência. Um exemplo é o abuso de substância que estimulam ou depri- mam, num primeiro momento pode-se reconhecer que a família perde muito com tal situação, pois os relacionamentos fi cam prejudicados, as fi nanças podem ser abaladas, mas a organização de trabalho perde em desempenho, em segurança dos demais e no comprometimento do profi ssional. Então as consequências do estresse atingem as pessoas em todos os seus espaços (organização e família) (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 193). Trabalhamos até o momento a classifi cação dos estressores. Agora, apre- sentaremos as consequências individuais e as organizacionais dos estímulos estressores, nesta ordem por ser o indivíduo que efetivamente sofre as conse- quências de seu estresse. O comprometimento de qualquer profi ssional ou pes- soa, que intervenha frente a outra, por quê esta requer atenção em função de seu estado de estresse – é o indivíduo. Por auxiliar ele a superar a situação estará auxiliando a organização e todos ao seu redor. Então as consequências individuais/pessoais “são as que mais afetam, uma pessoa. [...] O estresse pode produzir consequências comportamentais, psi- cológicas e médicas”. As consequências comportamentais por sua própria carac- terística afetam o indivíduo e os ao seu redor. Diversas pesquisas, de certa forma, apontam que indivíduos estressados dentem a aumentar de intensidade ou volume o consumo tabaco, álcool, drogas. Ou mesmo alguma atividade que difi culte seus relacionamentos (GRIFFEN; MO- ARHEAD, 2015, p. 194). Comportamento: é a reação dos indivíduos frente ao meio onde esteja inserido. Assim, é o modo de agir de cada um. Movido por seus sentimentos, emoções, conhecimentos. As consequências psicológicas têm relação direta com a “saúde mental e bem-estar” do indivíduo. A situação é facilmente observada, pois é comum uma pessoa estressada, com o tempo, apresentar depressão ou dormir pouco ou mui- to (possivelmente já estamos na fase de quase exaustão). Há também problemas familiares e sexuais (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 194). 37 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 As consequências médicas atingem o “bem-estar físico” do indivíduo. “As doenças cardíacas e o derrame,entre outras doenças, tem sido relacionadas ao estresse”. Tem-se conhecimento de outras manifestações físicas que importunam o bem-estar do indivíduo decorrente do estresse, como: cefaleias, dores nas cos- tas, úlceras, azia ou má digestão, alergias, entre outras (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 194). Quando se discute as consequências organizacionais, fi ca fácil reconhecer que qualquer das situações descritas como consequências individuais/pessoais, psicológicas e médicas afetam as organizações, pois se o indivíduo e os ao seu redor sofrem com tais consequências. O profi ssional deverá apresentar problemas de desempenho; quando este atua na área operacional, tem-se a falha no desem- penho em termos de qualidade ou quantidade. A tomada de decisão equivocada por parte de um gestor estressado. Como possivelmente quebra de contrato por proble- mas de relacionamento (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 194). Problemas de rotatividade e absenteísmo: os profi ssionais estressados por suas problemáticas de saúde podem faltar, chegar atrasado, não cumprir pra- zos e metas. Ou ainda por apresentarem problemas de relacionamento solicitam a demissão, pois o espaço organizacional estaria incomodando. De modo geral, apresentar comportamentos mais displicente frente às normas e processos, ou até violento. Problemas quanto às atitudes: o profi ssional muda seu comportamento, a “satisfação profi ssional, o moral e o comprometimento com a empresa sofrem, pois, a motivação para o trabalho decai, diminuindo e o profi ssional passa a desen- volver só o necessário, garantindo o posto de trabalho (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 196). Por fi m, os Problemas quanto à Exaustão, entendida com o “um a sensa- ção de grande cansaço que se desenvolve quando a pessoa experimenta muita pressão e tem poucas fontes de satisfação”. Observa-se no espaço organizacio- nal que profi ssionais com “grande aspiração e alta motivação” são candidatos a exaustão, pois as organizações difi cilmente acompanham, todas as suas preten- sões. Ocorrendo “fadiga, frustação e desamparo”. Também, é possível “perda da autoconfi ança e o afastamento psicológico”. O profi ssional não se interessa mais por trabalhar, não produz como anteriormente, ocorre a exaustão física e mental (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 196). 38 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG 2 Vamos analisar os estímulos estressores que chegam ao indivíduo no espaço educacional, então você está desenvolvendo um curso de pós de graduação centrado em ferramentas que lhe capacitem a exercer a função de coaching, utilizando o background das teo- rias de comportamento e estresse. O que favorece o diagnóstico, junto ao cliente e as ferramentas, como as competências para a busca dos melhores resultados. (1) Você está desenvolvendo conteúdo para conseguir os créditos na disciplina. E lhe é apresentado a questão: quais são os principais estressores para você neste momento? (2) Você poderia apontar se há diferença entre um estressor organi- zacional e um pessoal? Outro debate que se apresenta, é a vulnerabilidade e a resiliência ao es- tresse. Qual termo é mais apropriado para retratar que as pessoas reagem de for- ma diversa frente a grandes traumas, possivelmente não apresentando estresse emocional em decorrência. Outra identifi cação é que mesmo sendo resistente ao estresse de certa forma, não signifi ca que é possível ser imune. Todos os indiví- duos apresentam um limite, pode-se dizer uma “área mais sensível”. Tem-se que observar que tal resiliência sofre infl uência do momento que o indivíduo esteja vivendo. Mas, o termo mais adequado é resiliência, não vulnerabilidade, pois as pessoas o que ocorre mesmo é “a pessoa consegue superar as crises e adversi- dades da vida” (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 43). Esta última colocação suscita que é possível que as “diferenças individuais possam ter origem tanto ambiental quanto genética”. Assim, pode-se inferir que as mais sensíveis são as mais vulneráveis. Entendendo que tal sensibilidade decorre da genética (sistema límbico) e que o histórico de vida imprimiu conexões inade- quadas, que a tornaram mais sensível. O sistema límbico que origina as emoções e este mais sensível promove reações mais facilmente (LIPP; MALAGRIS; NO- VAIS, 2007, p. 43). O autor nos lembra que “a interpretação que damos aos eventos muito con- tribui para o que vamos sentir frente a ele, deste modo a fi m de que o sistema lím- bico seja ativado, o evento necessita ser interpretado como um desafi o”. Estamos aportando no meio ambiente neste momento. O ambiente em muito contribui para 39 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 esta questão. Como aprendemos os fatos da vida, faz toda a diferença. (LIPP, MALAGRIS, NOVAIS, 2007, p. 43). 2.4 APRENDENDO A LIDAR COM O ESTRESSE O contexto a ser abordado visa discutir o estresse ideal, ou seja, quando o indivíduo gerencia o próprio estresse na fase de alerta. Otimizando o principal me- canismo de defesa do organismo humano. O estresse não é reconhecido como uma doença pela Organização Mundial da Saúde – OMS, é entendido como um conjunto de sinais e sintomas identifi cáveis em vários processos patológicos, sem uma causa específi ca que “desencadeia doenças, que se não tratadas” prejudi- cam em muito o indivíduo (BARROS; FUNKE; LOURENÇO, 2017, p. 18). Através da visão de Barros, Funke, Lourenço (2017, p. 13): O estresse é como uma defesa do organismo aos obstáculos ou situações desafi adoras. No entanto, se essas situações se repetem, alteram todo o funcionamento do organismo. Subs- tâncias químicas são liberadas continuamente, o que afeta os sistemas imunológicos, endócrino e nervoso. Com o tempo, ocorre o enfraquecimento físico e psicológico, o que causa um estado de exaustão. Se a pessoa não consegue identifi car esse estágio e tratar o problema, terá como consequência uma desordem interna que envolve aumento da pressão arterial, má circulação, dores musculares, dores nas costas e na região cervical e pode desenvolver ouras doenças. Todas as colocações até o momento nos desenham que a questão – estresse é difundida em todos os espaços que se vivencia no cotidiano e tem potencial de depreciar o desempenho e o desenvolvimento de cada um. Partindo do princípio que o interesse em sanar a questão é de todos, indivíduos e organizações. Vamos apresentar estratégias possíveis, pois a questão poderá ser trabalhada pelo individuo para si mesmo, como pelo individuo para os demais. Só depende do espaço onde esteja inserido e suas obrigações profi ssionais. Uma refl exão anterior que esclarece que o estresse atinge a todos inde- pende, “cada um no seu estilo de vida, no seu mundo pessoal, independente da classe socioeconômica, no nível intelectual, no local onde mora, terá sempre que enfrentar situações das mais variadas que vão exigir adaptação”. Há estresse em todos os espaços e atinge a todos os indivíduos. Pois, “estressor é todo evento capaz de gerar estado de tensão”. Tensão esta positiva ou negativa que requer adaptação ao equilíbrio. Comumente nos atentamos mais as negativas, mas cabe colocar que não é possível conviver com “êxtase ou alegria ou com paixão perma- 40 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG nentes”. É necessária uma acomodação para ocorrer o equilíbrio (LIPP; MALA- GRIS; NOVAIS, 2007, p. 33). As pesquisas nos colocam que o enfrentamento das situações estressoras positivas ou negativas demandam energia de adaptação, para promover o equilí- brio, assim o estresse acaba. A proposta de enfrentamento individual inicia com a conscientização e reconhecimento de si mesmo e de seu limiar de resistência, para poder trabalhar pode-se iniciar exercitando-se. Griff en e Moarhead (2015, p. 196) colocam que “o exercício é um método para administrar o estresse. As pessoas que se exercitam são menos propensasa ataques cardíacos do que as inativas”. Exercitar-se favorece atenuar a tensão e o estresse. As pessoas se re- conhecem mais “autoconfi antes e otimistas”. Os autores já nos colocaram que o otimismo, uma característica de personalidade, favorável a resistência da pres- são dos estímulos estressores. Uma outra estratégia seria o relaxamento, os organismos necessitam se “adaptar” ao estresse e relaxar favorece. Mas, como relaxar? Há diversas técnicas para processar esta ação (meditação, alongamento, respiração). Algumas indivi- duais que o próprio sujeito cuida, especialmente quando a origem dos estímulos estressores é o ambiente interno (o próprio sujeito) ou o ambiente externo como a família, por exemplo. Já no ambiente organizacional tem-se políticas de gestão de recursos humanos que permitem aos profi ssionais relaxam com relação a ativida- de laboral. A principal é a política de férias, que atendem a legislação trabalhista. Estressores podem ser constituídos de relações mal resolvidas, perdas (sentimentais, de emprego, de dinheiro, de prestígio etc.), di- fi culdades fi nanceiras, excesso de trabalho, expectativas da socieda- de, preconceitos tratamento desigual, responsabilidades em exces- so, mas também podem partir de dentro do ser humano. Neste caso são chamados de fontes internas e podem ser representados pelas ideias preconcebidas que temos, o perfeccionismo, o pessimismo, confl ito sobre papeis, ciúme e muitas outras (LIPP; MALAGRIS; NO- VAIS, 2007, p. 34). Estudos demonstram “que as atitudes das pessoas em relação a várias ca- racterísticas do local de trabalho melhoram signifi cativamente após um período de férias. As pessoas também podem relaxar durante o trabalho”. Esta última é difícil 41 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 de identifi car em nosso país, mas há países e culturas pelo mundo que estimulam a “siesta”. Seria um pequeno descanso, após a refeição. Reconhece-se esta prá- tica na China, no Vietnã, em Bangladesh, na Índia, na Itália, na Grécia, em Portu- gal, na Croácia (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 197). Algumas organizações, na atualidade, desenvolvem espaços para que as pessoas possam relaxar durante o expediente, possíveis “paradas” estratégicas quando o trabalho for muito repetitivo –garantida pela legislação trabalhista. Se você tiver a vivência de já ter passado ao lado de alguma indústria onde se tenha grande número de profi ssionais da área operacional, talvez tenha se deparado com muitos dormindo na hora de almoço no pátio, ou na praça em frente à em- presa. O mesmo ocorre com os profi ssionais que trabalham na manutenção ou na construção civil. É um hábito que ocorre também na lavoura e na pecuária. É possível que você que atue em atividades administrativas relaxe por 10 minutos, mantendo os olhos fechados durante o expediente. Outro item é a administração do tempo: “A ideia é que muitas das pressões diárias podem ser aliviadas ou eliminadas se a pessoa fi zer uma boa adminis- tração de seu tempo. Uma abordagem popular para a administração do tempo é fazer todas as manhãs uma lista do que precisa ser feito naquele dia”. A ideia é priorizar o que devemos fazer no dia: atividades críticas, importantes e opcionais. Esta prática favorece a compreensão do que se deve fazer mesmo, e o que é possível postergar ou delegar. Uma prática que permite educar os mais jovens com a delegação, com o também possibilita que todos aprendam (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 197). Hoje em diversos espaços há cursos de administração do tempo, como também lista de prioridades divulgadas na internet, para adultos, jovens e crianças. Listas de administração das atividades domésticas, de lazer e de trabalho. É só pesquisar. O próximo item requer foco na elaboração e desenvolvimento, pois a admi- nistração do papel, “em que o individuo trabalha ativamente para evitar sobre- carga, ambiguidade e confl ito”. Esta questão tem muita importância no trato com o estresse seja organizacional, como pessoal. Por vezes se assume sobrecarga de atividades por não se ter plena consciência do que somos capazes ou do que é esperado de nós. Então uma estratégia é identifi car o que é esperado e se não for possível atingir dizer “não”. Na atualidade que muitas são as alternativas de ação, muitas são as demandas sociais e pessoais, aprender a dizer “não” tem signifi ca- do (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 197). Os autores apontam que contar com Grupos de apoio tem revela oportunidade de “descarregar” a energia produzida com a desilusão de qualquer fator negativo. No trabalho é possível os amigos do happy hour apresentar o desconforto da si- 42 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG tuação organizacional e conseguir “ouvintes”, apoio. O mesmo pode ocorrer com o grupo familiar, ter um “ouvinte” favorece. E há as alternativas profi ssionais terapias, nas diversas abordagens em Psicologia (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 197). Álcool: o consumo de álcool estimula e deprime o sistema ner- voso central. Observa-se alteração de humor. Nem sempre se reco- nhece as emoções que se está vivenciando e se protela resoluções. São algumas das questões sobre o consumo de álcool, principalmen- te sem controle. As colocações apresentaram possibilidades de traquejo frente ao estresse, num contexto individual. Agora caminhamos para o espaço organizacional. Não devemos apontar que a situação de trabalho é mais complexa e que gera mais confl itos hoje que no passado. Mas, podemos colocar que as diversas alternativas e demandas do século XXI quanto a atividades profi ssionais, profi ssões, forma- ção acadêmica, intercâmbio de oportunidades, opções de trabalho pelo mundo (hoje no Brasil consegue-se identifi car opções de trabalho pelo mundo). Somadas às cobranças sociais com as quais nos deparamos e o particular, pois o velho refrão quanto a sentimentos “a ignorância é um santo remédio”, quando não se tinha conhecimento das inúmeras escolhas do século XXI, era possível conviver melhor com o que se tinha. Há, também uma outra questão presente no dia a dia de cada um; hoje vivemos cercados de grande diversidade (cultural, etária, conhecimentos, religiões, entre outras). Todas estas situações geram confl itos de relacionamento, não só com o próximo como frente as expectativas pessoais. As organizações reconhecem que os transtornos que causam o estresse em seus profi ssionais devem ser evitados, pois faltar por doenças ou por estar “chatea- do” com a chefi a e até solicitar demissão quando no auge da atividade. Há, tam- bém, os problemas de desempenho quando o grupo de profi ssionais manifestam incômodos de relacionamento entre si ou com a empresa. Todas estas questões têm custo e refl etem má administração. No hoje todos os stakeholders acompa- nham as demandas de compliance, o que implica em todos tomarem conhecimento da administração dos resultados, assim se atentando como foram obtidos. 43 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 Com o objetivo de analisar a Qualidade de Vida, é importante a leitura dos capítulos do livro “Trabalho, saúde e construção da quali- dade de vida, cap. 1, p. 8; e “Estilo de vida, adoecimento e ambiente de trabalho”, cap. 2, de ZANELLI, J. C. (coord.) Estresse nas orga- nizações de trabalho: compreensão e intervenção baseadas em evi- dências. Porto Alegre: Artmed, 2010. Os autores colocam da seguinte forma a questão: “Cada vez mais, as organi- zações estão reconhecendo que devem se envolver na administração do estresse de seus funcionários. Existem duas razões para esse ponto de vista. Uma delas é que, por ser a organização, pelo menos parcialmente, responsável por criar o estresse, é seu dever ajudar a aliviá-lo. Outra razão é que se os funcionários ex- perimentarem níveis mais baixos de estresse prejudicial, trabalharão com mais efi cácia (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 198). A evolução organizacional frente as teorias sobre administraçãode seus co- laboradores que se apresenta no século XXI são signifi cativas e importantes. Re- conhecer que desenvolver um programa de cargos e salários que identifi que cada cargo, suas atividades, suas responsabilidades, as competências que demande. Apresente um programa de relação entre os diversos cargos e papeis atribuin- do claramente as obrigações e oportunidades. Este programa é conhecido como Programa de Cargos e Salários. Soma-se a este o de Remuneração e Benefícios que cuida de remunerar corretamente os profi ssionais e fornecer os benefícios sociais e de saúde necessários ao perfi l dos profi ssionais. Além de promover po- líticas de evolução de carreira que possibilite o desenvolvimento de todos, e que seja identifi cada pelo grupo como ética. Não esquecer de atentar as leis trabalhis- tas quanto à carga horária e de descanso (entre as jornadas e de férias), como os itens de higiene e segurança do trabalho. Trabalhar em um espaço que atente a ergonomia alivia tensões. Acompanhar a cultura organizacional para que o grupo de profi ssionais desen- volva percepções positivas com relação as demandas organizacionais, criando com- portamentos que favoreçam relacionamentos produtivos. Nesta questão se apresenta o acompanhamento da gestão em todos os seus níveis, de modo que se concentre em desenvolver papeis que não desgastem a imagem de si e da empresa. Em paralelo, é possível estimular atividades individuais que aliviam as ques- tões de estresse, disponibilizando no espaço organizacional locais de lazer para o 44 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG pessoal usufruir antes, durante ou depois do expediente. Há, também treinamen- tos ou workshop que esclareçam os problemas de saúde decorrentes de uma vida sedentária, de alimentação, entre outras. Relação entre trabalho e vida pessoal: hoje se deve atentar para a importância de contar com equilíbrio entre a vida pessoal e profi s- sional. O que signifi ca ter tempo e energia para à carreira, os proje- tos pessoais, da família, de lazer e vida social. Enfatizamos que as relações entre trabalho e vida pessoal são questões a serem aprendidas para possibilitar “lidar com o estresse”, se caracterizada de várias formas. Basicamente, as horas de trabalho, a satisfação na atividade, a carreira profi ssional em especial as relações com a gestão, os parceiros e a esta- bilidade. “O estresse se apresenta comumente quando houver inconsistência ou incompatibilidade entre trabalho e outros aspectos da vida”. “Equilibrar as cone- xões entre trabalho e vida profi ssional”. “Reconhecer a importância das perspecti- vas de longo prazo”. Todas questões que implicam em que as “pessoas decidam por si mesmas aquilo que valorizam e quais concessões que estão dispostas a fazer” para “lidar” com todo o desiquilíbrio que tais fatores podem imprimir na vida de cada um (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 199-200). Qualidade de vida: termo que se refere-se às condições de vida do indivíduo: bem-estar físico, mental, psicológico e emocio- nal. Como também, relacionamentos sociais, como família e amigos e saúde, educação. Ou seja, tudo que infl uencia a vida humana. Im- portante apontar que tal visão é particular assim cada um percebe se tem ou não qualidade de vida, não é uma defi nição universal. Argumentamos sobre os estressores externos ao indivíduo, agora daremos foco aos estressores de dentro do sujeito. Lipp, Malagris, Novais (2007, p. 36) co- locam que a percepção dos indivíduos depende de como cada qual reconhece as questões. “Nem sempre os perigos ou ameaças que tememos são reais, às vezes 45 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 se imagina ou interpreta uma situação como sendo perigosa ou ameaçadora e, na verdade, ela não o é”. Observe que quando o perigo é real e a situação se resolve, o indivíduo volta ao equilíbrio, relaxando frente à questão. Mas, quando a ameaça é imaginária, sua resolução não ocorre, pois o indivíduo não para de pensar nela, o estímulo não se desfaz, não há retorno à normalidade (estresse constante). E como sa- bemos quando o estímulo se mantém o processo desgasta a imunidade da pes- soa, promove doenças e especialmente prejudica a “qualidade de vida”. Então o que se apresenta é que “o nosso modo de ser e pensar”. As pessoas com seu histórico de vida e seu aprendizado “das coisas” podem se auto prejudicar, pois identifi ca os problemas de uma forma que os estressa muito. Não se separam da pessoa; por quê são nossos valores. “um modo típico de reagir com ansiedade frente ao mundo, o desejo de ser perfeito ou de ser aceito”. Questões difíceis de se resolver apenas relaxando, pois estão internalizadas, demandam atuação pro- fi ssional (LIPP, MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 36). Uma situação que desgasta e estressa bastante os indivíduos é conhecida como a “síndrome da pressa”, ou seja, a intenção de desenvolver diversas ativi- dades e tudo rápido o tempo todo. São comuns em pessoas do Tipo A., logo este desgaste promove “problemas gástricos, dermatológicos, cardiológicos”, como já discutidos (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 36 - 37). Lipp, Malagris, Novais (2007, p. 36) nos apresentam a ideia de que “existem vários tipos de fontes internas de estresse: pensamentos rígidos e estereotipados, valores antigos que não se adequam à realidade atual, expectativas impossíveis de serem preenchidas, negativismo, pessimismo, mal humor, entre outros”. As últimas colocações nos alertam para o fato que deve ser complexo perce- ber os estressores internos. Requer que se “reformule o modo de pensar”. Assim, sendo mais “paciente, tolerante, não perfeccionista”. A mudança da forma de pen- sar sendo otimista e racional favorece (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 39). Para aprender a lidar com o estresse deve-se conhecer e reconhecer o próprio pensamento, por ser a fonte de estresse do indivíduo. Então analisar o motivo que incomoda o nosso “colega” e não nos incomoda ou vice-versa, é um começo. Os autores nos colocam que a “resiliência, a vulnerabilidade, as estraté- gias de enfrentamento” (já apresentadas) e “como a pessoa percebe o estressor” são itens que permitem reconhecer e trabalhar a questão (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 41). A maioria das questões que estressam o indivíduo, não é o fato em si, é muito mais o como este o reconhece ou percebe. Então temos que nos conhecer 46 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG para pode identifi car “os fatos de nossa vida diária” e identifi car os fatos aprendi- dos que valorizamos de forma distorcida e que nos prejudica. O que foi aprendido, o que foi valorizado, as expectativas de futuro são situações que criam uma ideia de concepção dos fatos, que devem ser atualizadas para que as expectativas não se frustrem. [...] “é importante, periodicamente analisar nosso modo de pensar, nossas crenças, nossa visão do mundo, nossos hábitos de vida e nosso de perce- ber e agir” (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 41). Os pensamentos infl uenciam as nossas emoções, nosso Sistema Nervoso Central (SNC) é quem gera e dá expressão as nossas emoções ... A ação química que ocorre é passível de ser modifi cada atra- vés de vários meios. [...] A psicoterapia poder modifi car a ação do sistema límbico por meio de mudança na interpretação de eventos catalisadores das emoções. [...] Uma terapia que re- estruture a cognição do indivíduo, como a de base compor- tamental-cognitiva promove mudança do modo de pensar, de perceber o mundo ao seu redor e de avaliar os acontecimen- tos” (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 42). 3 O que podemos apontar sobre a seguinte colocação “determinado grau de estresse é necessário para provocar energia e motivação mais elevadas”? 4 O que entendemos da colocação “o nosso modo de ser e pensar infl uenciam a maneira de perceber os estímulos estressores”? 47 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo1 Hoje se reconhece que o estresse acomete o indivíduo em quaisquer fases de vida, ou seja, desde criança até a velhice. Cabe aqui apontar que o estresse infantil e do adolescente existe, e decorrem da mesma lógica que acompanha o estresse do adulto. O nosso estudo se centrou na discussão de adultos, apenas. No adulto as causas já foram discutidas só cabe apresentar que “pesquisas reali- zadas indicam que existe um número maior de mulheres do que de homens com estresse em todos os grupos avaliados, independente da profi ssão ou da faixa etária” (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 67). Quanto a esta constatação, os autores colocam que não se tem pleno co- nhecimento dos motivos, mas se infere que “O estresse feminismo se deve, pelo menos em parte, ao modo como se aprende a ser mulher”. A sociedade, em suas diversas culturas, solicita das mulheres o desempenho em diversos papeis conco- mitantes e que a performance se manifeste perfeita. Os pensamentos rígidos vão de encontro a este quadro nos diversos espaços de convivência: família, escola, igreja, trabalho, lazer, entre outros (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 67). As colocações sobre a cultura que perpassa o nosso modo de viver hoje, também afeta os homens, pois as mulheres cobram maior espaço a eles e isto pode ser estressante para muitos. “Estamos em um período de transição de valo- res, ética e moral onde as mudanças estão ocorrendo com uma rapidez imensa. É natural que o estresse dessas mudanças afete os homens e as mulheres”. O autoconhecimento, a reanálise das expectativas e dos hábitos favorecem o saber lidar com o estresse no nosso cotidiano (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 68). 48 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Este capítulo buscou transmitir a ideia do que é o estresse, ou seja, uma característica especial do organismo humano, que promove o sujeito para a ação. Ou seja, é este fenômeno que possibilita a adaptação das pessoas as ocorrên- cias, sejam estas psicológicas ou físicas, que a vida demanda. São os fatores que promovem o estresse suas causas e consequências. O tema é estudado e pesquisado há muito tempo e apresenta evolução con- ceitual. A conceituação teve contribuições que se somaram e no hoje permite iden- tifi car que o estresse, decorre de estímulos que se manifestam nos mais diversos espaços de convivência humana e conta com sua origem externa e internamente aos indivíduos. E especialmente, que é um “estado” que requer trabalhar a fonte para que o organismo retorne ao seu equilíbrio e não evolua em suas fases. As- sim, o processo identifi cado por etapas pode demandar muita energia ou não do indivíduo, quando este se acomoda a evolução não se dá. O panorama nomeado como “síndrome de adaptação”, que entende a res- posta ao estímulo estressor em três fases (alarme, resistência e exaustão), os seus tipos se relacionam com personalidade de cada um, como o modo de ver a vida (otimismo e resiliência). É um fenômeno presente nas discussões de estudiosos e pesquisadores, daí ter sido possível em nosso espaço descrever os diversos modelos e conceitos para que se reconheça em si e nos outros possibilidades de intervenção saudável e produtiva. Pois, os estímulos decorrem das exigências que o mundo, seja do trabalho ou não, demandam. Estamos retomando a ideia da administração do es- tresse, que é possível tanto no espaço organizacional como no pessoal. O estresse emocional que se identifi ca de dia a dia, atinge a todos, é próprio do organismo, e conta com ingredientes físicos, psicológicos, mentais e hormo- nais. Um fato que demanda uma adaptação fi siologicamente, importante. Aqui se apresentou que o organismo manifesta diversas doenças ou emoções que preju- dicam a qualidade de vida deste e dos ao seu redor. Assim, percebe-se que os es- tressores promovem mudanças na vida que podem até traumatizar. Quando este se dá estamos frente ao estresse negativo ou em excesso. Mas, há o estresse positivo, ou de alerta que nos estimula a ação. O ideal ocorre quando o individuo maneja a questão e não evolui para uma fase mais aguda que possa vir a com- prometer a qualidade de vida, entendendo que estamos falando da mescla entre saúde mental e física. 49 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 Para muitos, sugere ser uma resposta orgânica difícil de ser trabalhada, mas não foi este o discurso apresentado, pois aprendemos a reconhecer os sinais (fí- sicos e mentais), enfocando-se que a característica de nossa cultura, que é viver estressado, pode ser trabalhada por todos. Conta-se com estratégias de preven- ção e de acompanhamento do fenômeno. Todos são capazes, desde que se ob- serve a si mesmo, identifi que a vida com otimismo, pratique relaxar, administre o tempo dispensados ao viver (descanso, trabalho, convivência social, alimentação, lazer). Especialmente administrando o próprio papel, não só no trabalho, como na família, no social. Aqui estamos frente a como cada um reconhece os estímulos e decodifi ca a estratégia para superar. O próximo capítulo trabalhará uma das abordagens da Psicologia, a Psico- logia Comportamental, que se apresenta como uma ferramenta que decodifi ca os comportamentos observáveis dos indivíduos, tratando este como um fenômeno composto por fatores sociais e cognitivos, especialmente no hoje organizacional. REFERÊNCIAS BARROS, D. M., FUNKE, G., LOURENÇO, R. B. 49 perguntas sobre estresse. Osasco: Manole, 2017. CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 7. ed. Rio de Janeiro, 1999. COUTO, H. de. A Ergonomia aplicada ao trabalho: o manual técnico da máquina humana. v. 2 Belo Horizonte: Ergo Editora, 1995. GRIFFEN, R. W., MOARHEAD, G. Comportamento Organizacional: gestão de pessoas e organizações. 11. ed. Cengage Learning. São Paulo. 2015. LIPP, M. E. N. (org.) Mecanismos Neuropsicofi siológicos do Stress: teoria e aplicações clínicas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. LIPP, M. E. N., MALAGRIS, L. E. N., NOVAIS, L. E. Stress ao longo da vida. São Paulo: Ícone Ed., 2007. SANTOS, N. C. M. Anatomia e fi siologia humana. 2. ed. São Paulo: Érica, 2014. ZANELLI, J. C. (coord.) Estresse nas organizações de trabalho: compreensão e intervenção baseadas em evidências. Porto Alegre: Artmed, 2010. 50 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG CAPÍTULO 2 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: Arrolar os conceitos básicos da Psicologia comporta- mental e os da Análise do comportamento. Defi nir os conceitos de Reforço Positivo, de Re- forço Negativo e suas contingências. Transcrever o processo cognitivo-comportamen- tal, suas estratégias, etapas e implicações. Descrever os procedimentos de aplicação da análise com- portamental em contextos sociais relevantes. Classifi car os princípios das teorias de Skin- ner e de Beck para promover aprendizagem. Comparar as relações entre comportamento e processos motivacionais. 52 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLiSE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG 53 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL Capítulo 2 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Nosso estudo se dará sobre o comportamento observável dos indivíduos, não iremos abordar nenhum conceito que sugira algo que não possa ser identifi cável ou visualizado. A característica da abordagem que a diferencia de outras na Psicologia, é a unicidade entre corpo e mente. Logo, não discutiremos consciência humana. Neste primeiro momento de estudo, o estresse já abordou a ideia de que os in- divíduos reconhecem os fatos a sua maneira, decorrente de seu momento de vida, de sua história de vida. E que a reação ou ação que cada um manifesta é particular. Assim, mais do que nunca se tem curiosidade do porquê os seres humanos são da formaque são. Reagirem de formas distintas, mesmo frente a situações semelhantes. Por exemplo, podemos ter num espaço organizacional, uma profi s- sional que chora copiosamente frente a uma situação inédita, como participar de uma reunião com gestores da alta administração da organização. Enquanto outra rir descontroladamente. O fato é o mesmo, mas cada qual reage à sua maneira. As ciências que focam em estudar o comportamento dos indivíduos estão buscando disponibilizar ferramentas e conceitos que possibilitam aos responsá- veis pelas ações organizacionais saber administrar tais eventos, promovendo qualidade de vida a todos. Inferimos que você deve ter interesse em saber o moti- vo e o como lidar com estas questões. Figura 1 – Todos temos curiosidade sobre o que se “leva” o colaborador a agir de tal forma. Por que o comportamento do colega de trabalho foi este? Fonte: https://stock.adobe.com/br/collections/ Psm3QzawxfFBZduAhVZoVP3YtPMyaSb0?asset_ id=446073302. Acesso em: 21 ago. 2022. 54 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLiSE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Daí vamos tratar sobre a Psicologia Comportamental, ou o Behavioris- mo, como é conhecido o que identifi ca o comportamento das pessoas através de: suas emoções (choro), suas ações (atender ao cliente), suas reações fi sioló- gicas (suor), sua linguagem (vocabulário ou ritmo), seu pensamento (acredita ou não na chefi a). Todas manifestações próprias das pessoas que se observa no dia a dia organizacional. Vamos apresentar o conceito de que os comportamentos são aprendidos, que apresentam padrões, que contam com fatores que os estimulam. O es- paço organizacional busca decodifi car este caminho, para poder desenvolver os processos de trabalho de forma produtiva. Promovendo comportamentos que ve- nham de encontro aos objetivos coletivos, ou seja, da empresa, do indivíduo e dos colegas. Sempre centrado na qualidade de vida de todos, pois comportamentos adequados minimizam o estresse decorrente do convívio organizacional. A evolução de toda carreira passa pela seguinte prática: avaliar o próprio desempenho. Diariamente, anote acertos e erros, e reco- nheça no que evoluiu ou aprendeu. O trabalho organizacional en- tendido como uma pesquisa, com o objeto de estudo. Desta forma, você evoluirá e será possível ser um profi ssional diferenciado. Um pesquisador. Alguém que se atualiza. Conhecer nunca é demais, só é necessário. 2 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL “Cada um de teus passos hoje é tua vida amanhã” Wilhelm Reich, psiquiatra e psicanalista Trabalhando a ideia, colocamos que o Behaviorismo, termo em inglês que signifi ca comportamento, é uma das abordagens da Psicologia que foca no com- portamento das pessoas, buscando estudar e analisar o que se observa e o como trabalhar com este frente aos problemas ou demandas pessoais e profi ssionais. Skinner, um dos teóricos da disciplina, aponta que o aprendizado dos se- res humanos e dos animais ocorre em função de mudança de comportamen- to. Esmiuçando as mudanças de comportamento são uma resposta individual a estímulos, que ocorrem nos mais diversos espaços sociais com os quais nos 55 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL Capítulo 2 relacionamos. Esta resposta individual ou o comportamento é entendido como uma resposta e, por fi m, este promove uma consequência que será um outro comportamento. Figura 2 – Todos temos curiosidade sobre o que se “leva” o colaborador a agir de tal forma. Por que o comportamento do colega de trabalho foi este? Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/procurar/comportamento%20 humano/. Acesso em: 21 ago. 2022. Deve-se apontar que a tradução do termo behaviorismo é comportamento. Daí a base do estudo são os comportamentos e os estímulos que os originam. A análise que iremos discutir se restringe aos estímulos que fomentam certos comportamentos. O nosso estudo é identifi car o porquê as pessoas respondem a determinados estímulos da forma que se observa pelos demais. A principal ideia a ser trabalhada em nosso aprendizado, é que os compor- tamentos humanos são adquiridos através de condicionamentos, ou seja, os comportamentos são ações que dependem de uma dada condição. São passives de serem ensinados, pois as condições extrínsecas infl uenciam o comportamento das pessoas. 56 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLiSE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG A teoria se baseia na condição que o comportamento pode ser previsível, quando se apresenta os estímulos corretos. Vamos buscar apresentar que o com- portamento humano pode ser dirigido de maneira esperada pelo seu interlocutor. A Psicologia Comportamental parte de um conhecimento de senso comum, pesquisando e analisando até se tornar conhecimento científi co – ciência. Neste sentido, a psicologia deu seus primeiros passos na busca de ser uma ciência, não um saber místico. 2.1 CONHECENDO A PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL DE SKINNER A BECK As pessoas, de modo geral, no dia a dia profi ssional ou social, fazem uso do termo “psicologia”, mesmo em contextos de senso comum. Não se preocupando com o método desenvolvido para se chegar a um ou outro conceito. A Psicologia, hoje entendida como ciência, evoluiu. De forma a estudar os eventos e reproduzi- -los chegando as mesmas conclusões, isto é ciência. A nossa fonte de especulação, a Psicologia como ciência, que estuda o com- portamento das pessoas e suas características não só as particulares, como as coletivas. Sabemos que o início dos estudos sobre o comportamento humano decorre da fi losofi a, no século IV, e como esta discutia a imortalidade e a morta- lidade da alma humana. Caminhando no tempo ao chegarmos no século XIX, os estudiosos já analisam os eventos separando os estudos científi cos dos estudos de senso comum. Temos, então, a Psicologia científi ca que se separa da fi losofi a e se estabelece como ciência. A sapiência decorre de reconhecer os eventos de forma estudada e analisa- da, não intuitiva. O que seria fazer uso de um linguajar nada objetivo. É habitual ouvir colocações, como: “ele é assim mesmo”, “profi ssionais de atendimento se estressam por qualquer coisa” que não conseguem defi nir os motivos ou os estí- mulos que promovem nos seres humanos e seus comportamentos. É importante conseguir identifi car os motivos. Contar com tal discernimento é de interesse das pessoas, uma dúvida antiga que nos acompanha até hoje. 57 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL Capítulo 2 Conhecimento empírico ou senso comum, que não tem por base, os métodos científi cos e sim o que se acredita, a crença. É um aprendizado das informações de dia a dia sem análise ou refl exão. Conhecimento espontâneo. Discutir as origens históricas do conhecimento, como se analisa um experi- mento científi co no campo da psicologia. No como a psicologia experimental pode- rá favorecer quanto ao entendimento da memória, da motivação, do aprendizado. Conhecimentos que diferenciam o profi ssional que atua na gestão das pessoas. Tem-se conhecimento que os fi lósofos gregos já se preocupavam com as características particulares dos humanos. Assim, refl etiam sobre a subjetividade dos indivíduos: [...] termo psicologia vem do grego psyché, que signifi ca alma, e de logos, que signifi ca razão. A alma ou espírito era con- cebida como a parte imaterial do ser humano e abarcaria o pensamento, os sentimentos de amor e ódio, a irracionalidade, o desejo, a sensação e a percepção (BOCK; FURTADO; TEI- XEIRA, 2008, p. 33). Alma é um conceito religioso, a base espiritual do homem, que se opõe ao corpo. Entendida com a composição imaterial de uma pessoa, que persiste depois da morte, é o espírito da pessoa. Os autores nos colocam que René Descartes (1596-1659) “postula a sepa- ração entre mente (alma, espírito) e corpo, afi rmando que o homem possui uma substância material e uma substância pensante, e que o corpo, desprovido do espírito, é apenas uma máquina” (BOCK; FURTADO;TEIXEIRA, 2008, p. 36). A evolução histórica da Psicologia se apresenta efetivamente quando defi - ne seu objeto de estudo – o comportamento; tendo como campo de estudo o psicológico, ou seja, os fenômenos mentais ou emocionais dos indivíduos. For- mulando métodos e teorias. A Psicologia Comportamental, também conhecida 58 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLiSE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG com o Psicologia Experimental, por ter como método de estudo o experimento. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008; SCHULTZ; SCHULTZ, 2019). E smiuçando a colocação apontamos o que caracteriza o estudar científi co; a ideia inicial seria o objeto de estudo, ou melhor o foco do estudo, o que se pretende investigar. Outra característica é a linguagem precisa, as normas e medidas correlatas ao tipo de investigação. Obtendo, os dados de forma progra- mada, sistemática e controlada. É, assim, que se torna possível a conferência da pesquisa. Tornando o estudo valido, passível de ser reproduzido. A Psicologia quando se atem a analisar seus objetos de estudo desta maneira, chega à cate- goria de ciência. Na qual o conhecimento é acumulativo e objetivo. As ciências são identifi cadas pelo seu objeto de estudo, e a Psicologia, como outras ciências humanas (Antropologia, Economia, Sociologia) estudam o homem. Temos em seguida um painel que retrata a grande evolução das ciências entre os séculos XIX e XX, só apresentando itens positivos, de 1850 a 2000, colo- ca que: Darwin apresenta sua teoria das espécies (1850); Graham Bell patenteia o telefone (1875); no mesmo ano temos uma Escola de Psicologia surgindo, o Es- truturalismo de W. Wundt; depois outra escola, o Funcionalismo, por Cattell; em 1923 a Psicanalise, que apresenta a interpretação dos sonhos, por Freud; ou- tros Psicólogos, Jung e Adler abordam a questão; em 1925 o Behaviorismo, por Thondike, Pavlov, Watson e Skinner. Vamos ter também a Psicologia da Gestalt, por Koff ka e Lewin; em 1925 o 1º fi lme falado. Já em 1950, o 1º computador ele- trônico; a Psicologia Humanista, de Maslow e Rogers; a Psicologia Cognitiva, de Beck, Miller e Neisser; a Psicologia Evolucionista, de Pinker e Ridley; em 1975 o homem chega à lua. Em 2000, a Psicologia Positiva, de Seligman (SCHULTZ; SCHULTZ, 2005, p. 1-17). A Psicologia, semelhante a outras ciências conta com teorias e subteorias. Na evolução da ciência, identifi ca-se nove escolas de pensamento: o Estruturalismo (1875), o Funcionalismo (1900), a Psicanálise (1900), a Gestalt (1910), o Behaviorismo (1915), a Hu- manística (1950), a Cognitiva (1970), a Evolucionista (1980) e a Po- sitiva (1990). São maneiras de estudar e analisar o comportamento humano, as datas são aproximadas. 59 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL Capítulo 2 Tal evolução dos estudos e interesses da Psicologia, como um todo, se deu em decorrência da cultura, dos movimentos sociais, econômicos e políticos (pas- sou-se por duas guerras mundiais). (SCHULTZ; SCHULTZ, 2005, p. 10). Trabalhando mais nosso foco de estudos, Leite (2020, p.19) coloca que: Os primeiros estudos behavioristas foram apresentados em 1913, quando os fi siólogos russos Vladimir M. Bechterev (1857-1927) e Ivan P. Pavlov (1849-1936) propuseram teorias que explicavam os comportamentos a partir de técnicas de ob- servação. Bechterev foi o primeiro a propor que a Psicologia deveria focar mais no estudo do comportamento do que no da mente. Já Pavlov desenvolveu a explicação dos comportamen- tos a partir da relação entre estímulos e respostas. Observa-se que o conhecimento da Psicologia evolui junto com a socieda- de que refl ete sobre o conhecimento científi co. Um artigo publicado por John B. Watson, em 1913, apresenta a Psicologia como ciência, “como os behavio- ristas a veem”; “termo behavior signifi cando comportamento”; “uma tendência teórica, Behaviorismo, Comportamentalismo, Teoria Comportamental, Análise Experimental do Comportamento, Análise do Comportamento” (BOCK; FURTA- DO; TEIXEIRA, 2008, p. 58). O leitor pode ter conhecimento da experiência desenvolvida pelo médico Pa- vlov (1903), que associou ao toque de uma sineta a alimentação e a salivação de cachorros para apontar que os indivíduos reagem a condicionamentos, chamando a esta situação de refl exo condicionado. A imagem de nosso cão observando a bolinha pode despertar o como “brincamos” ou “treinamos” nossos animais de estimação. Este parecer evolui para o conceito nomeado como condicionamento clássico, decodifi cando que os seres humanos ou animais, apresentam desde o nascimento determinados refl exos frente a situações especifi cas. Um exemplo, que apresenta o condicionamento, grande parte dos cachorros quando seu “tutor’ o estimula com a “fala: pega a bolinha” este vai em busca da bolinha. 60 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLiSE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Figura 3 – Os cães são atraídos a pegar a bolinha Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/fofo-bonitinho- cachorro-cao-7017669/. Acesso em: 21 ago. 2022. O leitor pode ter conhecimento da experiência desenvolvida pelo médico Pa- vlov (1903), que associou ao toque de uma sineta a alimentação e a salivação de cachorros, para apontar que os indivíduos reagem a condicionamentos, chaman- do a esta situação de refl exo condicionado. A imagem de nosso cão observando a bolinha pode despertar o como “brincamos” ou “treinamos” nossos animais de estimação. Este parecer evolui para o conceito nomeado como condicionamento clássico, decodifi cando que os seres humanos ou animais, apresentam desde o nascimento determinados refl exos frente a situações especifi cas. Um exemplo, que apresenta o condicionamento, grande parte dos cachorros quando seu “tutor’ o estimula com a “fala: pega a bolinha” este vai em busca da bolinha. A Psicologia caminhando em seu conhecimento sobre o comportamento hu- mano “estuda a estrutura consciente da mente e suas sensações”, está identi- fi cando a “experiência consciente do indivíduo”, como os indivíduos pensam e fazem, a conexão mecânica da cognição. Uma análise da experiência humana, a natureza das experiências conscientes. Pesquisadores como Tichener (1867- 1927) e Wundt (1832-1926) estudaram esta percepção do comportamento huma- no, buscando identifi car os processos conscientes e seus elementos, o que defi ne 61 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL Capítulo 2 a associação com a consciência. E por fi m, a fi siologia humana. Estudavam a experiência consciente dos indivíduos. (SCHULTZ; SCHULTZ, 2005, p. 114). Mais à frente no tempo, temos Skinner (1904-1990) formulando a teoria do Comportamento Operante, “[...] os comportamentos seriam resultados da rela- ção entre os estímulos e reforços (positivos e negativos). [...] um comportamento pode ser incentivado, mantido ou desestimulado dependendo do reforço utilizado” (LEITE, 2020, p. 19). O conhecimento em Psicologia evolui respeitando o pensar lógico, classifi cado e validado, ou seja, conhecimento científi co. Os pesquisadores em vários espaços pelo mundo apresentam narrativas e cronologia, de sorte a referenciar os estudos. Wundt na Alemanha (1832-1926), em 1875, “marco histórico signifi cou o desligamen- to das ideias psicológicas de ideias abstratas e espiritualistas, que defendiam a exis- tência de uma alma nos homens” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008, 24-25). Ciência contexto do conhecimento ou prática sistemáticos. Ciên- cia seria a forma ou sistema de adquirir conhecimento, que conta com métodos. Forma uma gama de conhecimentos através de pesquisas. Quando pensamos na ação profi ssional, dizemos que o objeto de estudo da Psicologia, ou melhor, do Psicólogo Comportamentalista, é o comportamento humano. E este saber possibilita que possamos atuar no âmbito organizacional em busca de produtividade, da precisão e qualidade de vida a todos os envolvi- dos. Pois é através do comportamentodos profi ssionais que se obtém o diferen- cial competitivo necessários na atualidade. J ustifi cando a opção pela Psicologia Comportamentalista, desenvolvida por Skinner, colocamos que o indivíduo se externa, através de seu comportamento, que é passível de ser estudado. Se nos apegarmos aos sentimentos, nem sempre será possível estudar, pois os indivíduos nem sempre manifestam o que sentem. E temos também a subjetividade humana, que expressa singularidade de cada um (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008, p. 22). Pesquisadores da Psicologia Comportamental nos colocam que “Todo co- nhecimento humano é derivado da experiência humana, não há outra fonte de conhecimento. Todavia a experiência humana, como vimos, pode ser analisada a partir de pontos de vistas distintos” (SCHULTZ; SCHULTZ, 2005, p. 110). 62 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLiSE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG A Psicologia Experimental estuda o comportamento humano, centrando na pesquisa sobre fatos observáveis. Estuda só o que é possível “ver”, daí as ativi- dades pesquisadas ocorrem de forma controlada; identifi cando e apresentando a correlação entre o comportamento e a cognição do indivíduo. As demais Escolas de Psicologia, não se centram, em fazer as pesquisas de maneira diferenciada na busca de gerar resultados estatísticos, que possibili- tem o entendimento de todos. Nas primeiras quatro décadas a Psicologia pode- mos colocar que “[...] as premissas básicas do beharviorismo de Watson eram simples, diretas e ousadas. Ele buscava uma psicologia científi ca que lidasse exclusivamente com os atos comportamentais observáveis e passíveis de des- crição objetiva, por exemplo, em termos de “estímulo” e “resposta” (SCHULTZ; SCHULTZ, 2005, p. 228). Só lembrando, neste momento, estamos no início do século XX, outras diver- sas ciências evoluem e estão em busca de construir um conhecimento científi co. Schultz e Schultz (2005, p. 229) retratam: “um novo tipo de psicologia – disciplina que excluía a consciência, a mente ou a alma – com enfoque apenas em algo visível, audível ou palpável. O resultado foi uma ciência do comportamento que enxergava o ser humano como uma máquina”. O fi lme de Charles Chaplin, Tem- pos Modernos, é uma sátira a este contexto, lançado em 1936, o personagem de Chaplin, um trabalhador de linha de produção, “sofre” para acompanhar o ritmo desta e “sofre” para se alimentar quando utilizaram uma “máquina de alimentar trabalhador”. O fi lme retrata bem o estresse que o trabalhador sofre frente a uma produção que não respeita o trabalhador e como as ciências da época estavam ainda desenvolvendo seus conceitos. Pesquisa com seres humanos: a experimentação científi ca com humanos não é admitida na atualidade, não se considera mo- ralmente aceitável o trato como “cobaia de laboratório”. As pesqui- sas devem atentar a fundamentos éticos e científi cos. E contar com manifestação expressa do indivíduo de aceite e de conhecimento dos riscos. Em paralelo, apontar a participação de Thorndike, psicólogo (1874-1949), é fundamental, pois suas pesquisas conceituaram o condicionamento operante, ou seja, seus estudos apontaram que os indivíduos frente a situações agradáveis tendem a repetir o comportamento que as originou, na pretensão que se repitam. 63 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL Capítulo 2 A intenção é obter a mesma resposta, e o contrário ocorre, ou seja, quando uma situação apresenta uma questão desagradável na busca não se repetir o fato. Deve-se a Thorndike, em suas pesquisas com animais (pombos), a apresen- tação do conceito de reforço. Estamos frente à primeira teoria de aprendizagem na Psicologia; vamos ter uma conceituação importante na aprendizagem humana, a associação de ideias, aprender inicialmente do mais simples para depois reco- nhecer o mais complexo. A contribuição de Thorndike, para nosso estudo ainda apresenta a Lei do Efeito, todos os profi ssionais que já atuaram em empresa devem ter conhecimen- to da questão: os indivíduos humanos ou animais tendem a repetir o comporta- mento que foi recompensado. O inverso também se confi rma, o comportamento tende a não se repetir quando o efeito não for agradável. As políticas de produ- tividade, ou de frequência, são favorecidas se associadas a salários ou a planos de carreira. O contrário decorre do fato de a empresa não cumprir o acordado, o profi ssional atinge os resultados, mas não percebe a contrapartida “prometida” – PLR, este “para” de apresentar bom desempenho. Todo conhecimento é acumulativo e pode apresentar limitações do momento, mas por ser ciência, algo é verdadeiro até que se prove o contrário. Então vamos ter reanalisadas as propostas de Watson, quanto a percepção do ser humano. Esta última ênfase de nossos autores sobre o pensar de Watson justifi cam a evo- lução que Skinner irá nos apresentar. O Behaviorismo Radical que se opõem às ideias até então apresentadas pelos estudiosos de Psicologia. O comportamento humano, o objeto de estudo da Psicologia Experimen- tal, conta como elementos os movimentos musculares do corpo e as secreções glandulares. Assim, só se analisa o que é possível de ser descrito de forma obje- tiva. Acompanhando este raciocínio Schultz e Schultz (2005, p.267) colocam que: “ap esar de a meta estabelecida reduzir todo comportamento em unidades de es- tímulo-resposta (E-R), o behaviorista basicamente devia envidar esforços para compreender o comportamento do organismo na totalidade”. Watson nomeia os eventos de “atos”, pode-se colocar que seriam: um pis- car de olhos, comer, escrever, dançar, brincar etc. Todos estes “atos” podem ser observáveis, então seriam respostas explicitas ou implícitas. Exemplifi cando uma resposta implícita, sendo dentro do indivíduo, pode ser uma dor de garganta. Os pesquisadores da época, como Watson, buscavam estudar os eventos da forma mais objetiva possível, mas quando estudamos seres humanos e seus comportamentos não podemos nos distanciar de situações como: instinto, emo- ção e pensamento. O foco é identifi car os comportamentos humanos como estí- 64 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLiSE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG mulo-resposta. Então, em 1925, “reavaliou sua posição e eliminou o conceito de instinto. Alegou que os comportamentos aparentemente instintivos são, na ver- dade, respostas condicionadas socialmente”. O mesmo ocorre com as emo- ções, Watson entende como respostas fi siológicas a estímulos específi cos. Um exemplo seria os batimentos cardíacos, aceleram frente a alguma ameaça, sem nossa consciência sobre, não conseguimos reformular, por exemplo o fi car robori- zado, comportamento implícito (SCHULTZ; SCHULTZ, 2005, p. 268). As pesquisas dos estudiosos do Behaviorismo entendem que as emoções não se relacionam com a conduta, com o modo de agir. O comportamento é con- sequência dos atos, que podem ser positivos ou negativos. Ampliando nosso saber sobre o método científi co da Psicologia Experimental, chegamos a Skinner (1904-1990) e seus estudos, temos o Princípio de reforço que apresenta a ideia de que os seres humanos não contam com “livre arbítrio”, toda a nossa ação decorre de ações anteriores. A máxima que enfatiza esta ques- tão é que “resultado favorável repete comportamento, e se os resultados se apre- sentarem como não favoráveis, a repetição se rarefaz. A pesquisa de Skinner entende que os comportamentos que se observa no dia a dia do indivíduo, têm sua origem em questões externas a ele, são processos não observáveis como autocontrole, pensamento, entre outros. Porém, Skinner defende que era mais conveniente estudar os comportamentos observáveis. Caixa de Skinner: instrumento desenvolvido por Skinner que embasou sua teoria, cujo principal fator é a de que o aprendizado ocorre em função de mudança no comportamento que o indivíduo manifesta. As mudanças no comportamento são o resultado de uma resposta individual a eventos (estímulos)que ocorrem no meio. As- sim, uma resposta produz uma consequência. É Skinner, que ao estudar pelo recurso “Caixa de Skinner”, que ele mesmo elaborou, desenvolve bases teóricas para entendimento e ação sobre o compor- tamento humano, temos o comportamento operante. O método de aprendizado que decorre dos reforços positivos ou negativos e por meio de punições. Skinner nomeia esta escola de pesquisa experimental de Behaviorismo Radical, cujo estudo é observação dos estímulos disponibilizados aos indivíduos pelo meio ambiente. Através desta análise temos o entendimento de Skinner so- 65 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL Capítulo 2 bre: reforço positivo e reforço negativo, punição. Observe aqui o quanto é impor- tante esta análise para o mundo do trabalho e da aprendizagem. Skinner não se prende à subjetividade e à introspecção da ação humana, foca no comportamento observável com previsão e controle. Modelos e proces- sos que muito contribuíram para os estudos do comportamento humano, a intera- ção entre os estímulos do ambiente e as respostas decorrentes. O behaviorismo radical vem da evolução: a fi logenética, ontogenética e cultural. Então a proposição do pesquisador apresenta que os comportamentos são reforçados com base nas suas próprias consequências. Pois, os indivíduos na- turalmente sobrevivem, se protegem e buscam suas realizações. E se sua ação corresponde ao desejado, ou seja, conta com um resultado positivo, este se repe- te. A repetição é chamada de comportamento operante e especialmente quando este é seguido de um reforço positivo tende a se repetir. Já quando um com- portamento promove uma punição, a possibilidade de ser repetido diminui. Esmiuçando um pouco mais, as outras duas ideias, reforço positivo ou ne- gativo e punição para a motivação humana; a repetição de comportamentos por meio de uma recompensa positiva. Você sorri (comportamento) quando recebe o bom dia (reforço positivo) de alguém que lhe é “interessante”. Possivel- mente, sorrirá sempre frente a este bom dia, tão desejado. O reforço positivo utilizado como recompensa. Já o reforço negativo é quando algo ruim é apresen- tado. Um exemplo pode acontecer quando numa segunda-feira de manhã, pós feriados, você sai de casa mais cedo (o comportamento), para evitar o trânsito e chegar atrasado (estímulo negativo). As punições possuem o objetivo de extinguir e diminuir alguns comporta- mentos, em decorrência de consequência ruim. Para adultos é muito utilizado este esquema, quando se usa o meio de multar (dinheiro) comportamentos indevi- dos (infração de trânsito, é um bom exemplo). Cognição como o próprio nome diz é “conhecer”. É conhecimen- to, é acumulação de informações adquiridas através de processos, como percepção, atenção, associação, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem. Ou seja, através da aprendi- zagem e da experiência 66 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLiSE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Hubner e Moreira (2012, p. 11-15) nos apresentam uma fala que retrata o pensamento de Skinner: “os seres humanos agem no mundo, modifi cando este e sendo modifi cado por este, melhor pelas consequências de suas ações, sendo um ser ativo na relação”. Mesmo sendo possível trabalhar os comportamentos através de reforços, sejam positivos ou negativos e punições, o ser humano não é nada passivo nesta relação. Leite (2020, p.19) nos coloca que para a Psicologia Behaviorista: comportamentos são manifestações independentes da vontade; comportamentos estão relacio- nados à necessidade de autopreservação; comportamentos são respostas do organismo a estímulos que podem produ- zir comportamentos positivos ou negativos; comportamentos correspondem a instintos inconscientes; comportamentos são respostas que o indivíduo dispara quando está relaxado. A revisão do conhecimento sobre a pesquisa e estudos do comportamento humano se encontra na segunda metade do século XX, vamos de encontro às co- locações e aos conceitos trabalhados por Aaron Beck, que divergem, ou melhor, complementam as colocações até então desenvolvidas pela Psicologia Compor- tamentalista ou Behaviorista. Em 1960, vamos contatar a Psicologia Cogni- tiva entendida como o sistema que se centra nos processos de obtenção do co- nhecimento, melhor apresentando a organização das experiências da mente, se apegando aos processos conscientes. Na evolução dos estudos temos a Terapia Cognitivo Comportamental, cuja principal ênfase é não se prender a traumas passados ou/e problemas na infância. Questões estudadas por outras aborda- gens em Psicologia. A discussão na ótica de Beck transcorre sobre o entendi- mento que o passado afeta os pensamentos e atitudes do hoje do indivíduo. E para se reformular esta percepção cabe mudar a padronização dos pensamentos negativos sobre o que ocorreu para pensamentos propícios, que impliquem em comportamentos positivos. Os estudos evoluíram e vamos chegar a Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC), “terapia estruturada, de curta duração, voltada para o presente, direcionada para a solução de problemas atuais e a modifi cação de pensamentos e comporta- mentos disfuncionais (inadequados e/ou inúteis)”. No nosso objetivo de estudo, que é identifi car soluções através da Psicologia Cognitivo-Comportamental, se reconhe- ce que para solucionar ou minimizar os transtornos dos comportamentos negativos frente as demandas do dia a dia. É possível realinhar o entendimento ou “a cogni- ção, as crenças e as estratégias comportamentais” que o indivíduo faz uso para responder ao meio ambiente (HUBNER; MOREIRA, 2012, p. 22). 67 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL Capítulo 2 Livro para fazer pesquisa e estudar: ZAMBERLAN. L. (org.). Pesquisa em ciências aplicadas. Ijuí: Ed. Unijuí, 2019. “Tais cognições são fruto da capacidade de formar representações mentais nos seres humanos, sendo que o processo representacional se utiliza de bases orgânicas neuropsicológicas. Portanto, a psicoterapia cognitivo-comportamental é uma forma de psicoterapia interacionista, valoriza a Biologia e o ambiente” (FRE- EMAN; DATTILIO apud CAMINHA, 2003, p. 16). A ideia que se pode ter sobre tais conceitos é que é possível reaprender a responder ao meio ambiente de sorte a sermos mais proativos e produtivos, para nós mesmos e para o meio em que estejamos inseridos. 1 A Teoria Behaviorista, uma das abordagens em Psicologia, estuda- da por Skinner, nas primeiras décadas do século XX, apresentou o conceito de: a) comportamento operante. b) intuição. c) denegação. d) função do comportamento. e) projeção. 68 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLiSE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG 2.2 ACOLHENDO A ANÁLISE EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO COMO UM FENÔMENO Acolhendo e acompanhando a evolução das ciências humanas, biológicas e exatas do século XX e a tecnologia que as acompanha como ferramenta; em especial a evolução das neurociências. O novo paradigma que se identifi ca “Com- portamentos e cognições são, portanto, indissociáveis, cabendo às representa- ções o gerenciamento dos comportamentos humanos. Em suma, somos frutos do que pensamos, do modo como percebemos o mundo (CAMINHA, 2003, p. 20). O Behaviorismo durante sua evolução superou obstáculos, como a consciên- cia enquanto objetivo, e a introspecção como ferramenta de acesso à natureza humana. Para os estudiosos do Behaviorismo, tais questões são o comporta- mento e a observação, é desta forma que se reconhece o indivíduo. Tal postura criou barreiras, com outras vertentes. O Behaviorismo Radical de Skinner, que se apegou ao cientifi cismo compatível com a ciência natural, distanciou-se de outras abordagens. Pois se apresentava muito centrado no rigor experimental, nas situa- ções controladas das pesquisas de laboratório, muitas ferramentas testadas na prática, alvo de críticas de seus pares. As críticas se focavam especialmente em questões sociais, melhor naconsi- deração de variáveis sociais na determinação do comportamento. Naturalmente, as difi culdades são muitas e passam pela inexistência de uma linguagem comum entre os pesquisadores, hoje, passam pelo consenso da necessidade de obser- vação controlada e precisa, embora o que sejam tais conceitos para cada ótica ainda seja assunto em discussão. Sabe-se, como já apontou o próprio Skinner, o comportamento humano é di- fícil de se adequar a métodos científi cos, daí a pesquisa ser lenta. Muito se tem a aprender. A própria Análise do Comportamento mostra que nos comportamos em função da seleção de consequências, imediatas ou de longo prazo. O comporta- mento de pessoas comuns, no dia a dia, é controlado por esse formato de arranjo de consequências. Um pensar único na Psicologia parece estar entre essas soluções de logo prazo, muito se estuda e se observa que não há limitações aos seres humanos, na visão de Watson. Se trabalharmos desde cedo (nascimento) tudo será possível. Um entendimento que até atualmente é bem presente; com treinamento se chega 69 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL Capítulo 2 onde se pretende. Muitos cientistas corroboram com tal posição, pois a Psicologia não teria como modifi car o instinto, mas treinar sim. Para Watson, aprendemos a ter traumas, não temos traumas. Quando tais saberes chegam aos leigos, criam expectativas de se ter comportamentos controlados e moldados cientifi camente. Conceitos reconhecidos como positivos por boa parte de seus leitores. A ciência do comportamento, a análise experimental do comportamento, ba- seia-se na ideia que é conhecer. Ou seja, entendendo que o comportamento hu- mano como a maneira que as pessoas contam para se relacionar com o meio, um comportamento decorrente da forma como a realidade é identifi cada. O conhe- cimento que o indivíduo apresenta como uma alternativa/probabilidade de agir, frente ao mundo, na busca de ser produtivo. Entendem-se por produtivo algo que busca fazer uso dos menores recursos para apresentar os melhores resultados. O comportamento ocorre nas relações com o exterior, com o meio do indivíduo, que é mundo físico e social, que conta com um histórico, este contexto é que torna a questão singular ou particular. A análise do comportamento em sendo uma ciência natural, formulada por Skinner, que estuda o comportamento humano a partir da interação entre organismo e o ambiente. Apresenta-se na atualidade como um dos principais mé- todos da psicologia. O estudioso do comportamento acredita que essa interação é bidirecional, o organismo altera o ambiente e essa alteração retroage sobre esse organismo. Isto quer dizer que o comportamento do indivíduo controla o ambiente e vice-versa. Assim, por Moreira e Medeiros (2019, p. 286), temos que: para Skinner, a ciência é o caminho mais rápido e seguro para a construção do conhecimento. Enquanto muitos sustentavam concepções de que o comportamento humano é muito comple- xo para ser estudado cientifi camente, ou que a subjetividade humana está além do alcance da ciência, Skinner trabalhou arduamente em seus laboratórios para mostrar a viabilidade de uma ciência o comportamento e da inclusão dos “fenômenos comportamentais subjetivos” nesse campo. Skinner conseguiu produzir esta visão sobre o comportamento humano, é um fenômeno, que se estuda, sendo passível de análise. Uma análise que possibilita intervenção. Deve-se iniciar ratifi cando o que é comportamento? “É qualquer coisa que uma pessoa diz ou faz. Tecnicamente, comportamento é qualquer atividade do organismo, seja muscular, glandular ou elétrica” (MARTIN; PEAR, 2009, p. 5). 70 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLiSE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Comportamento é toda e qualquer ação do indivíduo ou do ani- mal. Outros termos que caracterizam, seriam: atividade, reação, de- sempenho, resposta. Martin e Pear (2009, p. 5) possibilitaram desenvolver o quadro a seguir, que exemplifi ca o que se entende por comportamento a fi m de que nossa compreen- são se sedimente e que torne possível a analisar e intervir. Veja: Exemplos possíveis de comportamentos Sim Não Cor dos olhos X Piscar X Roupas que se está usando X Vestir-se X Falar bom dia X Tirar nota 10 no curso de pós-graduação X Perder 10 quilos X Estudar mais X Comer menos e fazer exercício X Quadro 1 – Exemplos de comportamentos Fonte: Martin e Pear (2009, p. 5). O entendimento do conceito “tirar nota 10 no curso de pós-graduação e per- der 10 quilos” são produtos do comportamento “caminhar, falar em voz alta, ati- rar uma bola, gritar com alguém são comportamentos públicos ou manifestos (visíveis). Reconhecemos novos conceitos comportamentos manifestos = viví- veis e devemos decodifi car que em paralelo há os comportamentos privados e internos. Todo e qualquer comportamento teoricamente pode ser observado. Há os que ocorrem no interior do indivíduo, por exemplo quando fi camos nervosos no primeiro dia de trabalho, é possível que os batimentos cardíacos aumentam. Um exemplo comum é o “nervoso” em falar em público que implica, por vezes em utilizar muitos “então né”, os cursos de oratória nos permitem vencer estes obstá- culos (MARTIN; PEAR, 2009, p. 6). Temos características do comportamento que são identifi cadas como dimen- sões do comportamento: duração “é o período de tempo que o comportamento perdura”; frequência “é o número de vezes que o comportamento ocorre por dado período de tempo”; intensidade ou força “é o esforço físico ou energia des- pendido na execução do comportamento”. 71 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL Capítulo 2 Um exemplo para apontar as dimensões do comportamento seria: O jogador de futebol deve fazer aquecimento, todos os dias, por uma hora (duração), no aquecimento deve chutar a gol por 10 vezes todo dia (frequência), e correr ao redor do campo por 5 min. (intensidade). As colocações favorecem a identifi cação dos comportamentos, mas é difícil nomear e compreender plenamente o comportamento. Quando buscamos descre- ver o comportamento de uma jovem, falamos ela está sorrindo (comportamento manifesto), mas, o sorriso retrata alegria ou nervosismo? É necessário descrever o que ocasionou o sorriso. Então, toda a questão inicia com a defi nição do pro- blema, para assim modifi car o comportamento. Pois, para ser possível modifi car o comportamento deve-se identifi car o ambiente, “as pessoas, objetos e eventos presentes ao redor do indivíduo”, estes elementos do ambiente são considerara dos estímulos. Para interferir no comportamento entendido como problema deve- -se identifi car as causas do comportamento (MARTIN; PEAR, 2009, p. 9-11). Vamos exemplifi car como identifi car uma situação comum a muitas famílias, um estudo necessário a vida como um todo. Por exemplo numa família com desejo/ necessidade de ter a casa própria (problema). A primeira estratégia é desenvolver um diagnóstico da questão, ou melhor um plano para aquisição e quitação do imóvel, neste caso. Este exercício é um planejamento de curto, médio e longo pra- zos (observe que tudo que se coloca cabe no ambiente organizacional, inclusive). O entendimento do ambiente, em particular no Brasil, signifi ca baixa confi a- bilidade com as ocorrência e condições fi nanceiras e econômicas da população para os próximos 5, 10 ou 20 anos. Esta questão se apresenta como uma cons- tante em nosso país, daí a grande difi culdade da maioria da população em desen- volver a leitura do ambiente, corretamente. Daí a importância de enfatizar a simul- taneidade das duas leituras: o contexto Brasil que é o ambiente e o diagnóstico (defi nição do problema = compra de imóvel) serem coerentes com a realidade, e não com o imaginário. Este comportamento da não identifi cação correta ou coerente do diagnóstico da situação problema (compra da casa) e do ambiente (Brasil, com taxas de de- semprego, taxas de desenvolvimento baixas, alta probabilidade infl acionária) porsi só já podem explicar a alta taxa de indevidamente da maioria das famílias no país, ou as que não conseguem efetivamente adquirir este tão sonhado objetivo, por grande parte das famílias brasileiras. Os conceitos até então discutidos possibilitam atuar frente a educação, ao trabalho, a saúde física e mental. Como desenvolver esta ação através dos prin- cípios e procedimentos comportamentais básicos, seria: 72 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLiSE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG A primeira estratégia, o Reforço positivo permite aumentar a frequência de comportamentos, pois um “reforçador positivo é um evento que, quando apre- sentado imediatamente após um comportamento, faz com que o comportamento aumente em frequência (ou probabilidade de ocorrer)”. Quando se identifi ca um reforçador positivo para um indivíduo é possível utiliza-lo para outros eventos. É comum os indivíduos desconhecerem quantas vezes são infl uenciados por refor- ços positivos, mesmo todos tendo consciência do que venha a ser uma recom- pensa. Um exemplo: se você está em seu trabalho, atenta, interagindo com um cliente difícil. Vê um outro cliente solicitando sua atenção. Um colega agiliza o próprio atendimento e atente ao cliente que solicitava a sua atenção. Quando todo os atendimentos fi ndam, você vai ao encontro de seu colega, com um café a mão. Com certeza se a situação se repetir em outra oportunidade seu colega irá ajudá- -la novamente (MARTIN; PEAR, 2009, p. 39-60). “Comportamentos que operam no ambiente para gerar consequências e são, por sua vez infl uenciados por essas consequências, são chamados de comporta- mentos operantes ou respostas operantes”. Os reforçados e o comportamentos a serem trabalhado devem ser bem identifi cados. O processo não é fácil, mas é possível, requer análise e planejamento (MARTIN; PEAR, 2009, p. 39-60). Uma segunda estratégia possível, o desenvolvimento e manutenção de comportamentos por meio de Reforçamento Condicionado, os seres huma- nos herdam “a capacidade de ser reforçado por alguns estímulos, sem aprendi- zagem prévia”. São “estímulos ou eventos” que promovem a “sobrevivência, a fi siologia” humana, são os “reforçadores incondicionados”, melhor colocando são “reforçadores sem condicionamento, chamados como “reforçadores pri- mários ou não aprendidos”. Exemplos desta situação seria alimentar um indiví- duo com fome. Em continuidade é possível se “criar “outros estímulos em paralelo aos colocados que se tornam reforçadores secundários ou aprendidos. Um bom exemplo é o elogio sobre algo que tenha feito. “Quando um estímulo se transfor- ma em reforçador, por meio de associação com outros reforçadores, estes outros reforçadores são chamados, às vezes, de reforçadores de troca”. A vivência fa- miliar ou escolar deve ter apresentado diversos reforçadores de troca. Por exem- plo: arrume o quarto que temos sorvete depois, difícil em algum momento da vida não tenha ouvido tal proposta (MARTIN; PEAR, 2009, p. 62-63). A terceira estratégia, a Extinção, quando “uma resposta previamente reforça- da, for apresentada e não seguida por uma consequência reforçadora”, a probabili- dade dela se repetir diminui. Ou seja, “se uma resposta teve sua frequência aumen- tada por meio de reforçamento positivo, então parar completamente de reforçar a resposta fará com que sua frequência diminua. Um exemplo muito vivenciado por todos, uma criança a cada vez que é contrariada pelo adulto apresenta o comporta- mento de “birra”, para o comportamento se extinguir o adulto não dá atenção, como ler um livro sem olhar para a criança (MARTIN; PEAR, 2009, p. 73). 73 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL Capítulo 2 Conhecendo o que é um comportamento de birra, ou evento “birra”, é quando o indivíduo continua ou persiste no mesmo compor- tamento, opinião, ideia. Comumente chamado de teimosia, gerando antipatia, implicância. É uma consequência apresentada quando se é contrariado sem razão aparente. Estaremos frente a uma cena tea- tral, há um choro sem propósito ou gritos. A quarta estratégia, a Persistência comportamental por meio de Reforça- mento Intermitente. Instrumento utilizado para à manutenção de um comporta- mento pretendido, através de um “reforçamento ocasional ou intermitente”. Es- clarecendo primeiramente, “um esquema de reforçamento é uma regra que especifi ca quais ocorrências de determinado comportamento serão reforçadas. O mais simples esquema de reforçamento é o reforçamento contínuo.” Entende-se que o inverso a esta questão é a extinção. “Entre esses dois extremos – reforça- mento contínuo e extinção -, situa-se o reforçamento intermitente”. O esquema intermitente se apresenta no dia a dia de todos, nem sempre se consegue tirar nota dez, mas se dedica-se sempre (MARTIN; PEAR, 2009, p. 89). A quinta estratégia, o “comportamento sendo condicionado ou aprendido, está na fase de aquisição. [...] Já está bem instalado, fase de manutenção. Desejável oferecer reforçamento contínuo durante a aquisição e, mudar para reforçamento intermitente durante a manutenção (MARTIN; PEAR, 2009, p. 89-90). Outras estratégias que trabalham condicionamento operante permitem: re- duzir comportamento, discriminar e generalizar os estímulos, modelar e produzir um novo comportamento, atuando por encadeamento, por punição, por fuga e esquiva. Esquemas todos estudados e estatisticamente comprovados na sua efi - cácia e utilizados nos mais diversos esquemas de aprendizagem familiar, acadê- mica, laboral e saúde. Falamos até então de comportamento operante e condicionamento ope- rante (SKINNER, 1938), aquele que opera = age no “ambiente que ode ser mo- difi cado por suas consequências”; quando as consequências aumentam o com- portamento estamos falando de reforçadores, e quando diminui estamos frente a eventos punitivos. Seriam todos comportamentos operantes. Um exemplo: levar o lixo para a lixeira da rua, um comportamento reforçado pela percepção de atenção à higiene e respeito às regras. 74 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLiSE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Agora podemos iniciar o fechamento dos conceitos da análise experimental, discutindo os princípios do condicionamento respondente, seria aquele que tra- balha, por exemplo, os sentimentos humanos. “O princípio do condicionamento respondente baseia-se no fato de que certos estímulos eliciam automaticamen- te determinadas respostas, independentemente de experiência anterior de apren- dizagem ou condicionamento”. São entendidos como a relação entre estímulos e respostas, respostas automáticas = refl exo incondicionado. Temos estímulo in- condicionado e resposta incondicionada. Um exemplo: é comum pessoas se arrepiarem frente a cenas de terror no cinema, o arrepio não foi aprendido, acon- tece (MARTIN; PEAR, 2009, p. 202-203). Todas as estratégias aqui apresentadas necessitam de maiores explicações para serem desenvolvidas, fatores que infl uenciam, escolha dos melhores estímu- los, identifi cação clara e objetiva do comportamento, continuidade, ciladas, entre outras. O objetivo foi apresentar como se reconhece análise experimental do comportamento como um fenômeno (MARTIN; PEAR, 2009). Pois, a análise experimental do comportamento se prende em identifi car as relações funcionais entre variáveis, controlando condições no ambiente e observando as mudanças no comportamento dos sujeitos. Assim, o objetivo da análise comportamental é compreender a maneira como se dá a interação entre o indivíduo e o ambiente, e desenvolver estratégias de adaptação. 75 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL Capítulo 2 2 Vamos exercitar nossa capacidade de observar. Enquanto profi s- sional é importante entender que “observar” é um exercício cons- tante. Todos observamos os demais, mas há diferença de fazer como pesquisador. Então se reconheça numa “praça de alimentação” de shopping. To- dos estão numa “fi la” para adquirir alimentação.Há sua frente há um casal com uma criança de 4 anos de idade. Do nada, a criança que estava de mão dada com a mãe, começa a falar, em tom alto. Não quer fi car na fi la, quer ir ao “parque de brinquedos infantis”. Enquanto grita, a criança solta-se da mãe e sai correndo em direção ao lugar pretendido. A mãe corre em direção à criança e a segura com fi rmeza. A criança grita e chora; aponta que a mãe está ma- chucando. Se joga no chão e continua gritando. Tanto pai como mãe não conseguem argumentar com a criança. Esta continua gritando, que não gosta da comida. Os pais incomodados vão com a criança ao parque e saem da fi la. Não é possível que alguém ao redor não se incomode e faça uma refl exão e/ou comentário sobre a situação. Esta é uma situação muito comum na contemporaneidade. É de senso comum que toda e qualquer criança nascida no século XXI faz “birra” em al- gum momento de sua infância. Então, com base no seu estudo, como você orientaria os pais na resolução? Não, não temos ainda base para tanto. Mas, podemos identifi car qual o comportamento de “birra”. Este seria nosso objeto de estudo, o comportamento de “birra” da criança. Observando pode-se dizer que os comportamentos da criança são: Os comportamentos da mãe: Quem sede são os pais ou a criança? 76 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLiSE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG 2.3 RECONHECENDO O FATOR SOCIAL E COGNITIVO DAS COMUNIDADES NA ATUALIDADE Trabalhando os conceitos para reconhecer o fator social e cognitivo das co- munidades na atualidade, primeiro identifi quemos o que é sociedade: uma asso- ciação de indivíduos que compartilham valores, tanto éticos como culturais. Outras características que se somam a estas são o mesmo regime político e econômico, a fi m de conviver sob as mesmas regras. Um sistema organizado com estruturas formais e informais. É amplamente reconhecido que os indivíduos buscam viver em sociedade. Pois, não dispomos de todas as habilidades a sobrevivência, sem esta, nosso desenvolvimento físico e intelectual requer acompanhamento. A lin- guagem e os atributos necessários a evolução pessoal e profi ssional são adquiri- das pela aprendizagem. Todos, em paralelo, a estas questões adquirem todo um know-how moral e cognitivo que possibilita conviver entre os demais. Aqui estamos frente à ques- tão de que os seres humanos não são só instintos, nossas relações contam com orientações sociais acumuladas historicamente. Tanto que há sociólogos que apontam que a sociedade é anterior ao indivíduo, pois se impõe a ele. Filósofos já discorrem sobre classes sociais. Know-how termo em inglês que busca retratar “experiência em- presarial”. A tradução literal do termo é “saber fazer”. Enquadra-se quando se busca colocar que há domínio do negócio por parte da empresa, como que há domínio de competências relativas a algo, por parte do profi ssional. Seria “conhecimento prático”, ou seja, signi- fi ca que decorre da ação de fazer. Podemos apontar que os seres humanos contam com necessidades, enten- didas até como absolutas, que podem ou não ser satisfeitas pelo contexto ao re- dor. A demanda humana de (1) vontade e conforto (todos queremos satisfazer nossas necessidades, evitar desprazer, e ganhar prazer); (2) vontade do novo (queremos conhecer o que não conhecemos, apresentar-se a mudanças e /ou novos estímulos); (3) vontade de ser único (é ter signifi cado, é ser importante, ser necessário); (4) estar com alguém ( conexão, proximidade); (5) evoluir 77 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL Capítulo 2 (crescer, expandir, estudar); (6) contribuir (ajudar o outro, doar). Algumas pesqui- sas bem atuais apontam que os seres humanos em muito se interessam positiva- mente pelos demais. Observe que ser este individuo é alguém “maravilhoso” com altíssimo de- sempenho frente as expectativas e exigências de resultados, tanto pessoal como coletiva. Este ambiente, requer uma atenção especial a contatos “pessoais”, por exemplo: Facebook (Meta), Instagram; em que este indivíduo e “massacrado” de informações para a aquisição de equipamentos cada dia mais sofi sticados e cus- tosos. E para se sentir “único” quer comprar um “Iphone” de última geração, sem- pre que a tal geração se apresenta. Tendo presente que a tecnologia e o acesso às informações são evolutivas numa periodicidade anual, trocar a cada ano re- quer grande empenho emocional e fi nanceiro. Sem falar da reciprocidade “obri- gatória” de divulgar e participar com seu grupo de referência de tais fatos. Assim, satisfaz a necessidade de vontade e conforto, do novo, de estar com alguém (mesmo num ambiente virtual), de evoluir e de contribuir. Além destas colocações, pode-se apresentar como necessidades do século XXI, a fala de Martin e Pear (2009, p. 3) colocação esta que ocorreu em 2009, mas se mostra bem atual: “Muitas das melhores conquistas da sociedade, assim como alguns de seus mais prementes desafi os sociais e de saúde – como racis- mo, doenças cardíacas, síndrome da imunodefi ciência adquirida (AIDS), terroris- mo, estão fi rmemente embasados em comportamento”. Comportamento este que muitos indivíduos responsáveis, de alguma for- ma, por outros em instituições que compõem a nossa sociedade, seja esta formal ou informal manifestam a difi culdade de poder trabalhar visto que os comportamentos manifestos por seus parceiros, nem sempre correspondem a demanda apresentada. Aparentemente estamos vivendo uma “crise”, alguns autores apontam, em termos de comportamento social e individual. A sociedade não identifi ca plena- mente o como se comportar; os confl itos entre as gerações (no trabalho e fora dele); a imaturidade dos adultos apontada por fi lósofos, sociólogos, antropólogos, psicólogos entre estudiosos e práticos. Todos colocam que está muito difícil ge- renciar tantas demandas individuais que não reconhecem aparente o outro. Seria uma reformulação de valores ou quebra de valores? A prática cognitivo-comportamental tem por base teorias bem-desenvolvi- das que podem ser utilizadas em ações de trato com as demandas que se apre- sentam no hoje. Como nos coloca Wright, Basco, Thase (2008, p. 15), “ A TCC é uma abordagem de senso comum que se baseia em dois princípios centrais: (1) nossas cognições têm uma infl uência controladora sobre nossas emoções e 78 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLiSE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG comportamento; e (2) o modo como agimos ou nos comportamos pode afetar pro- fundamente nossos padrões de pensamento e nossas emoções. Beck nos coloca, em diversas oportunidades, que seus estudos são defendi- dos por fi lósofos desde sempre, não é ele colocando em 1960. “A perspectiva de que o desenvolvimento de um estilo saudável de pensamento pode reduzir a an- gústia ou dar uma maior sensação de bem-estar é um tema comum entre muitas gerações e culturas”. (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008, p. 15). Muitos nos colo- cam que ter foco, ter sentido favorece vencer situações de desânimo e descrença. Nosso autor, Beck, foi quem desenvolveu teorias e métodos para trabalhar as questões cognitivas e comportamentais, nos transtornos emocionais (1963/1964). Fez uso de diversos estudos das demais abordagens em Psicologia, mas se en- caminhou para o modelo cognitivo comportamental. “A proposta de Beck de uma terapia cognitivamente orientada com o objetivo de reverter cognições disfuncio- nais e comportamentos relacionados”. Se apresenta de forma prática e teórica em todos os seus estudos (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008, p. 16). Vamos discutir o modelo cognitivo-comportamental, o esquema a seguir retrata o processamento cognitivo dos indivíduos. Quadro 2 – Modelo cognitivo-comportamental básico Fonte: adaptado de Wright, Basco e Thase (2008). Quadro 3 – Esquema funcional Eventos estressantes o indivíduo avalia a importância dos eventos em si mesmo e ao seu redor. (*) Avaliação cognitiva comentários ou não de parceiros; memoria; situaçõesfuturas; sensações. Emoção negativas desenvolvidas por pensamentos disfuncionais. 79 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL Capítulo 2 Comportamento não participar do evento. (**) (*) Lembrar dos eventos estressores descritos no Capítulo 1. (**) Os comportamentos de não permitem a aceitação da situação, de sorte a ocorrer aprendizagem, promovem situações de desajuste. Fonte: adaptado de Wright, Basco e Thase (2008). Exemplifi cando: Menino de 7 anos está participando de um campeonato de judô (1), na escola onde iniciou seus estudos neste semestre. Sente “dor de bar- riga” (2), pois irá lutar com um menino de 9 anos. Seu pai está lá vendo o evento (2). Está ansioso (3). Participa da luta, mas não vence (4). Consciência: estado subjetivo de percepção do mundo ao redor. Todos tomamos conhecimento do mundo ao acordarmos e durante o dia vamos aprimorando nossa consciência das situações até ador- mecer novamente. Aprimorando nosso entendimento sobre os conceitos básicos, apontamos que são três os níveis de processamento cognitivo, Sternberg (apud WRIGHT; BASCO THASE, 2008, p. 17). O nível mais alto da cognição é a consciência, um estado de atenção no qual decisões podem ser tomadas racionalmente. A atenção consciente nos permite: (1) monitorar e avaliar as interações com o meio ambiente; (2) ligar memórias passadas às experiências presentes; (3) controlar e planejar ações futuras. A ideia principal do processo desenvolvido pela Terapia Cognitivo-Comporta- mental é possibilitar aos indivíduos consciência do que se passa consigo mesmo, de modo a desenvolver pensamentos adaptativos, ou seja, pensamentos racio- nais, com foco na resolução dos problemas. Todos devem se dedicar a reconhe- cer e mudar a forma de pensar na busca de qualidade de vida. Este processo se apresenta relativamente “autônomo” nos seres humanos. A mudança deste pen- sar pode ocorrer em dois níveis: “pensamentos automáticos e esquemas” (WRI- GHT; BASCO; THASE, 2008, p. 19). O primeiro seria o “pensamento automático”, que é entendido como aquele pensamento que nos acompanha frente as questões de dia a dia, por momentos ou quando nos lembramos de algo. Reconhecidamente são pensamentos subli- 80 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLiSE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG minares, que não estão sujeitos “à análise racional” mais detalhada das pessoas. Já o segundo, os “esquemas” são “crenças nucleares que agem como matrizes ou regras subjacentes para o processamento de informações. [...] função crucial aos seres humanos, [...] permite selecionar, fi ltrar, codifi car e atribuir signifi cado às informações vindas do meio ambiente”. (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008, p. 19). A prática da Terapia Cognitivo-Comportamento entende que tais pensamen- tos mais profundos, que comumente estão associados a sintomas emocionais (depressão, ansiedade, raiva) devem ser trabalhados, de modo, aos indivíduos “pensarem sobre os pensamentos”, com o objetivo de promover o entendimento deste pensamento automático e tornar o mesmo consciente e controlado. (WRI- GHT; BASCO; THASE, 2008, p. 19). Exemplifi cando as colocações podemos lembrar que praticamente todos já devem ter ouvido que quanto não se consegue “pegar” no sono, na hora que se deve dormir, devemos “treinar” a “pensar em outra coisa” para “pegar no sono”, afi nal no dia seguinte as situações irão se repetir. Se você nasceu da segunda metade do século XX para cá, ouviu que deveria contar “carneirinhos” para pegar no sono, quando o papai e a mamãe queriam que você dormisse. Exercício para dormir mais facilmente: todo e qualquer indivíduo durante as 24 horas do dia conta com o período de vigília e outro de descanso. O período de descanso tem relação com a idade e com as atividades desenvolvidas. A rotina é fundamental para favorecer a hora de dormir. Como tomar banho, ler, fi car quieto, diminuir as luzes do espaço. São situações que relaxam. Ainda buscando explicar o conceito de pensamentos automáticos, pode- mos descrever uma manhã de um indivíduo, que conta com a responsabilidade de custear sua família (aqui não há diferença de gênero quanto aos pensamen- tos automáticos descrevidos a seguir). O dia é de trabalho; faz uso de transpor- te coletivo; no trabalho deverá desenvolver diversas atividades que implicam em contatos, tanto com iguais como com clientes (este é o ambiente). Saiu de casa no horário, mas se cobra automaticamente que deveria ter saído mais cedo, pois o transporte pode difi cultar chegar no horário. Apresentar-se bem para o dia de trabalho. Tal pensamento ocupa grande parte do trajeto, o que promove um desgaste emocional (estresse). Chegando ao espaço organizacional, é bem- -recebido, mas automaticamente se reconhece maltrajado e não preparado 81 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL Capítulo 2 sufi cientemente, em especial para a reunião do fi nal de expediente, mais um desgaste emocional que o irá acompanhar pelo dia (estresse). Autores nomeiam, por vezes, os pensamentos automáticos de pré-conscien- te. Mas, as colocações de Wright, Basco e Thase (2008, p. 19) sobre pensamen- tos automáticos, seria: “grande número dos pensamentos que temos a cada dia faz parte de um fl uxo de processamento cognitivo que se encontra logo abaixo da superfície da mente totalmente consciente”. Os pensamentos automáticos, comumente são “não-declarados” e depen- dendo de como estejam “invadindo” nosso pensar podem promover “reações emocionais dolorosas”. Quando o processo está ocorrendo os sujeitos manifes- tam emoções fortes. Cabe apontar que transtornos emocionais podem ser traba- lhados pela TCC reformulando o pensar, dando espaço a correção do raciocínio do sujeito e tornando a sua percepção do mundo melhor. Pois, autores colocam “que existem equívocos característicos na lógica dos pensamentos automáticos e outras cognições de pessoas com transtorno emocionais” (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008, p. 21). Não se coloca, em momento algum, que todos os pensamentos automáti- cos não contam com origem “logicamente verdadeira” e que sejam uma “percep- ção adequada da realidade da situação”. Assim, nem todos sofrem problemas de adaptação ao meio em decorrência de seus pensamentos, mas que este é um re- curso humano para enfrentar a vida. Mas, mesmo não sendo algo que prejudique nossa ação frente às demandas da vida, são possíveis de se trabalhar a questão, para que propiciem melhor qualidade de vida. Um exemplo sobre este item, identifi camos frente aos profi ssionais de segu- rança ou saúde que atuam junto as comunidades, um guarda civil pode no decor- rer de seu dia de trabalho se deparara com um “parto” na porta da casa da família ou na viatura, pois fui demando para realizar o transporte até o hospital. O mesmo pode ocorrer com o pessoal da saúde – o SAMU, quando sua ocorrência é um acidente automobilístico (moto com carro), onde requer resgate em ferragens, es- paço com trânsito intenso e insufi ciente (um resgate em rodovia ou via expressa). É mais do que esperado que os profi ssionais enfrentem “reações emocionais dolorosas” (desperto, raiva, impaciência). Emoções forte que prejudicam o de- sempenho, além do fato que ambos ainda podem enfrentar outras situações de desgaste no decorrer do dia. Um confronto belicoso (bandidos armados na ques- tão do guarda civil) e a mote inesperada de um paciente na ambulância (no caso do profi ssional do SAMU). A qualidade vida destes profi ssionais no geral requer uma atenção e supor- te de acompanhamento psicológico, não necessariamente por não suportar as 82 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLiSE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG situações e sim para evitar consequências, já previsíveis, podendo evoluir para a “Síndrome de Burnout”. Esta providência pode ser tanto institucional, as empre- sas onde os profi ssionais atuam podem propiciar acompanhamento periódico de suporte; como também, o próprio profi ssional desenvolveratividades já descritas no capítulo 01 sobre relaxamento, entre outros. 3 Validando que todos somos detentores de pensamentos automáti- cos vamos desenvolver o seguinte exercício. Pense uma situação recente que “mexeu” com suas emoções, que promoveu alegria. Se imagine na situação, reviva os momentos, o mais semelhante possível. Reconheça em você os pensamentos automáticos que emergiram no momento e os descreva. Situação Pensamentos automáticos Emoções Esquemas: a teoria cognitivo-comportamental os defi ne como “regras funda- mentais para o processamento de informações que estão abaixo da camada mais superfi cial dos pensamentos automáticos”. Estes contam com três níveis a saber: 1. Esquema simples: regras sobre a natureza física do ambiente, geren- ciamento prático das atividades cotidianas ou leis da natureza que po- dem ter pouco ou nenhum efeito sobre a psicopatologia. Exemplo: seja prevenido, sai antes do horário. 2. Crenças e pressupostos intermediários: regras condicionais como afi rmações do tipo se-então, que infl uenciam a autoestima e a regulação emocional. Exemplo: com o trabalho duro, se obtém o sucesso. 3. Crenças nucleares sobre si mesmo: regras globais e absolutas para interpretar as informações ambientais relativas à autoestima. Exemplo: sou fi lho de pobre, nunca serei ninguém (WRIGHT, BASCO; THASE; 2008, p. 22-23). Esclarecendo a questão de esquemas e suas “origens frente às necessida- des emocionais fundamentais” que ocorrem comumente na infância, entendidas 83 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL Capítulo 2 como situações emocionais não satisfeitas para os indivíduos”. Situações sociais na família podem trazer aspectos de difi culdades com relação a estabilidade, “cui- dados e aceitações”, que pressupõem a qualidade dos vínculos que podem ser considerados seguros para os indivíduos. Outro tópico, a ser considerado é a “au- tonomia” que trará ou não competência e a compreensão de sua própria identida- de. Outro ainda, é a possibilidade de se expressar e apresentar seus sentimentos e contar com a validação de suas emoções. Ainda temos a necessidade de contar com a validação de nossa espontaneidade, desenvolvendo situações de lazer (ou seja, não se aprende o tempo todo), como também, o aceite de “limites realis- tas e conseguir seu autocontrole” (YOUNG, 2008, p. 24). Este é o entendimento que nossa concepção teórica detém de um indivíduo saudável, na medida que é possível satisfazer estas necessidades emocionais fundamentais a todos. Explicando melhor Esquemas, segundo Guidano e Liotti: enfatizam a natureza circular dos esquemas. A seleção de da- dos da realidade externa que são coerente com autoimagem obviamente confi rma – de maneira automática e circular – a identidade pessoal percebida [..] Consideremos uma mulher que desenvolveu uma autoimagem como “intrinsicamente não digna de amor” [...] cada vez que é abandonada, ela processa os dados derivados da experiência com base em sua autoi- magem (de modo que esta é reconfi rmada e fi ca mais estável a cada vez) e pouco a pouco sua qualidade de “não ser digna de amor” torna-se algo certo e “provado” (1983, p. 88-99 apud YOUNG, 2003, p.17). Os estudos sobre os procedimentos em Terapia Cognitivo Comportamental apresentam a possibilidade de se trabalhar com esquemas adaptativos para que o sujeito consiga por si evoluir quanto a percepção mais efetiva das demandas do contexto onde esteja inserido. Já os esquemas desadaptativos retratam uma percepção equivocada da realidade. Wright, Basco, Thase (2008, p. 23) nos apre- senta alguns exemplos que favorecem nosso entendimento: . Esquemas adaptativos Esquemas desadaptativos Não importa o que aconteça, consigo lidar de alguma forma. Se eu trabalhar com alguma coisa, posso fazê-lo bem. Sou um sobrevivente. Os outros podem confi ar em mim. Se decidir fazer alguma coisa, tenho de ter sucesso. Sou burro. Sou uma farsa. Nunca me sinto confortável com os outros. Quadro 4 – Esquemas adaptativos e desadaptativos Fonte: Wright, Basco e Thase (2008, p. 23). 84 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLiSE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Vamos nos aprofundar no entendimento sobre os esquemas desadaptati- vos, uma vez que os adaptativos correspondem ao enfrentamento correto das situações do cotidiano, então, segundo Young (2003, p. 16), os esquemas iniciais desadaptativos seriam: toda crença e sentimento que o indivíduo percebe como imutável, “é assim e ponto”. São esquemas entendidos como verdades incon- testáveis, daí se tornarem crenças no decorrer da vida. Ou seja, “implícitas e acei- tas como algo natural”. Os indivíduos se percebem incapazes de alterar por si só estas “verdades”, como “Sou burro mesmo!”. Um exemplo que podemos trazer, é você gerenciando um profi ssional que aponta não ter condições de evoluir na atividade, seja está física ou mental, por já ter idade, e velho não aprende. Outra questão que se pode abordar é a resistên- cia a mudança. Segundo Young (2003, p 16): Os esquemas iniciais desadaptativos são autoperpetuadores e, portanto, muito mais resistentes à mudança. Uma vez que eles se desenvolvem cedo na vida, geralmente, constituem o núcleo do autoconceito da pessoa e sua concepção do am- biente. Estes esquemas são confortáveis e familiares e, quan- do contestados, a pessoa vai distorcer informações para man- ter sua validade. A ameaça da mudança esquemática e muito perturbadora para a organização cognitiva. Assim, o indivíduo automaticamente realiza uma série de manobras para manter intacto o esquema. O nosso próximo item vai apresentar exemplos que esclarecem em muito tais colocações. São 18 os esquemas iniciais desadaptativos, segundo Young, você pode conhecer no livro do mesmo autor: YOUNG, J. E. Terapia cognitiva para transtornos da personali- dade: uma abordagem focada no esquema. Trad. de A. V. Veronese. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003. 85 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL Capítulo 2 2.4 ADOTANDO O MODELO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NA PRÁTICA ORGANIZACIONAL O trabalho desde sempre se apresenta como importante na vida as pessoas, possibilita o reconhecimento social. Por promover a alimentação, a proteção, a moradia, o lazer, a evolução. Praticamente todas as ciências humanas se preocu- pam com o trabalho e seu signifi cado na vida do indivíduo. Tanto que é abordado sob a ótica econômica, política, religiosa, ideológica, cultural, entre outras. Para alguns o trabalho é algo positivo, que possibilita prazer aos indivíduos. Já outros o entendem como negativo, sendo uma obrigação, uma necessidade para estar entre os demais. (LEITE, 2020). Já identifi camos como o modelo cognitivo-comportamental pode nos esclarecer esta dualidade, tem base em esquemas desadaptativos, percebidos na infância e perpetuados na vida adulta. São passiveis de serem reformulados, decorre na análise pessoal ou profi ssional. O que você ouvia seus pais ou respon- sáveis comentarem sobre o trabalho deles ao retornarem a casa. Eram coloca- ções positivas sobre a atividade ou não. Gostavam de falar sobre? Manifestavam interesse ou era uma mera obrigação a atividade laboral? Estas colocações da família que imprimem no individuo uma percepção do trabalho, que pode ser ou não posta para a vida adulta. Assim, “o trabalho é uma atividade social, que tem um papel importante, concede status e pode trazer satisfação ao indivíduo”. É muito comum que as pessoas busquem se ocupar com atividades, “com as quais se identifi que” para as quais conte com habilidades e conhecimento. Na expectativa que gere prazer. Cabe apontar que o trabalho ocorre em um espaço coletivo que deverá acomodar o comportamento do indivíduo e dos demais (LEITE, 2020, s.p.). Estamos aqui lembrando da demanda humana de: vontade e conforto, von- tade do novo, vontade de ser único, estar com alguém, de evoluir e de con- tribuir. Todas demandas passíveis de serem satisfeitas no ambiente organizacio-nal. Pense um pouco sobre você mesmo. “Deve-se reconhecer que existem atividades que são meramente repetitivas, outras que são exercidas em condições prejudiciais ao trabalhador e muitas que não remuneram a adequadamente àqueles que as exercem”. A partir do fi nal do sé- culo XX, em que a tecnologia minimizou estas questões, tem-se ainda em diversas organizações a não atualização dos processos de sorte a vencer estas situações. Talvez você esteja inserido em algum destes espaços (LEITE, 2020, p. 52). 86 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLiSE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Numa ótica contemporânea, “como o indivíduo passa grande parte do tem- po trabalhando, é valiosa a visão, cada vez mais atual, de que o trabalho deve ser algo que traga dignidade, ofereça condições para exercer e aperfeiçoar seus talentos, além de ser algo útil para a sociedade”, superando as colocações descri- tas no parágrafo anterior (LEITE, 2020, p. 52). Junto a estas questões, teremos a prática organizacional, que se ocupa em atender às demandas da empresa que, em decorrência de acompanhar o que se passa no contexto global, clama por reformulações constantes. Esta crucial ne- cessidade implica em mudanças, e mudar enfrenta a resistências dos colaborado- res. Resistir ao novo é comum para uma boa parte dos indivíduos, “pela simples razão de o esforço que se despende para aprender o que nos está sendo sub- metido e, em contrapartida, nos obrigando a abandonar as antigas maneiras de realizar nossas atividades”. (CARVALHO; NASCIMENTO; SERAFIN, 2012, p. 3). Networking é a rede de contatos pessoais/profi ssionais que os indivíduos que trabalham devem manter. Rede que se mantem para atualizações profi ssionais, para desenvolvimento e oportunidades profi ssionais. São vínculos positivos que interessam a todos os en- volvidos. Aqui apenas desenvolvendo uma análise simples da questão, mas podemos lembrar o que nos coloca as duas abordagens desenvolvidas no texto, a Teo- ria Comportamental e a Cognitivo-Comportamental, que apresentam ferramentas que permitem uma diferenciação (discriminação e generalização) das situações e opções emocionais ou de vida, para posteriormente o individuo conseguir exe- cutá-las em ambiente empresarial. Todos os profi ssionais em uma dada organi- zação devem se acomodar as mudanças, sejam estas em seu departamento ou na empresa. Outra colocação importante quanto ao comportamento humano, é signifi cativo saber desenvolver os comportamentos esperados no particular para depois torná-los público. Um exemplo que muitos apontam quando vão para uma situação de “avaliação”, seja acadêmica ou profi ssional, “Eu só faço uso de pala- vras chulas entre amigos, nunca na empresa”. No espaço organizacional, há a cobrança por respostas inéditas, por criativida- de. Muitos conceitos estão sendo reformulados, vários entendimentos, o conheci- mento crescente das diversas áreas se depara com uma população que nem sem- 87 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL Capítulo 2 pre reage dentro do esperado. O autor citado acima aponta que o comportamento dos indivíduos frente a mudança é de “acomodação”, pois é mais tranquilo se man- ter na zona de conforto, mesmo com a consciência de grande parte dos profi ssio- nais que mudar é a única constância dos séculos XX e XXI. A área de tecnologia é a que mais tem apresentado reformulações, assim muitos colaboradores se aper- cebem a quem das necessidades do momento. Não contam com tempo hábil para reconhecer o novo, como também por vezes não há interesse. Um exemplo desta questão de evolução tecnológica pode ser retratado pela própria evolução da profi ssão de quem para vocês escreve. Na primeira década do século 21 as aulas eram quase que exclusivamente presenciais e os recursos de sala de aula eram quadro negro e giz. Ia-se constantemente a biblioteca e se manuseava livros físicos. No momento que você está lendo faz uso de estudos a distância, utiliza o computador para acompanhar, pesquisa via internet. Acredito que fi ca claro a evolução que todas as práticas sofreram nos últimos anos, e não foi só na área educacional. Você não vê seu professor e ele, também não te vê. Mas, os profi ssionais estão por aí (com saudades do passado), e se observa resistência, em especial às reformulações do status quo, aos privilégios, entre outras. As organizações devem se atentar a promover tais acomodações. Umas das demandas que solicitam signifi cativa intervenção são: “os procedimentos de delegação”, “a ocorrência de reuniões produtivas”, “a capacitação dos profi ssio- nais”, “a transparências quanto as informações e objetivos”. Status quo: são as atribuições, qualifi cações que o indivíduo percebe, através do que lhe atribuído pelo contexto onde esteja inse- rido. Comumente, entende-se por reconhecimento, respeito ou infl u- ência. No espaço organizacional tem muito signifi cado tais atributos. É possível ser atribuído através da classe social, do sexo, da faixa etária, da raça, dos laços de parentescos. Esta demanda organizacional requer que os profi ssionais contêm com uma linha de raciocínio coerente, com percepção efetiva da realidade, desenvolvendo de estratégias preventivas. Para tal, cabe lembrar das colocações sobre o saber planejar discutido quando “da compra da casa própria”. É necessário aprender a desenvolver delegação, ser produtivo na ação, ser ético. Todas situações passí- veis de serem trabalhadas, com base nas estratégias e ferramentais discutidos aqui. Um profi ssional na atualidade para ser produtivo requer contar com saúde mental, profi ssional estressado não é produtivo o sufi ciente. 88 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLiSE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Retomando o que discutimos no Capítulo 1, Carvalho, Nascimento e Serafi m (2012, p. 129) expressam que cultura do excesso engloba o consumo desenfreado, a exa- cerbação do individualismo, a demanda pelo prazer, pela per- feição, pela felicidade plena, pelo sucesso a qualquer preço. Ilusoriamente, funciona como a solução para a uma insatis- fação permanente, ou seja, para o mal-estar que é inerente à condição humana. [...] o estilo de vida vigente pode acarretar ao homem um nível de exigência tão elevado, que as pressões chegam a ponto de se tornar insuportáveis. Tal situação garantida pelos “recursos tecnológicos”, que facilitam a vida das pessoas, que atendem as “necessidades materiais”, mas cobram alto custo fi nanceiro. Além, desta percepção temos em paralelo, as “exigências profi ssio- nais”, a “carga de trabalho”, todos itens relacionados ao “status social ideal”. Todas estas questões imprimem muita pressão social as pessoas propiciando es- tresse no trabalho que apresentam relação com acidentes de trabalho. Fatores que interferem na produtividade e na qualidade, aqui só comentando o prejuízo à organização, sem apontar efetivamente o prejuízo aos indivíduos quanto a quali- dade de vida e saúde física e mental. Até o momento não apontamos, mas estamos frente a uma população mais envelhecida que se depara no espaço social e profi ssional com diversas gerações, situações que geram confl itos na organização. Muitas demandas aos responsáveis pelas pessoas na empresa (CARVALHO; NASCIMENTO; SERAFIM, 2012). Observando outros eventos do cotidiano, como: jogar lixo no chão; difi cul- dade de lidar com a resistência a frustração; não respeito as normas e regras de convivência no trânsito – no condomínio – na escola – na empresa; transtornos de comportamento (fobias); doenças profi ssionais e sociais; gerenciamento da vida pessoal, fi nanceira etc. Tudo isto “junto e misturado”. Voltemos ao comportamento, objeto de nosso estudo, e vamos discu- tir este no contexto organizacional, seria “é o estudo dos componentes que os indivíduos apresentam dentro de organizações, como empresas, e das infl uências desses comportamentos nos relacionamentos e no desempenho das organizações” (LEITE,2020, p. 53). Devemos apontar uma questão, devido a própria constituição das empresas, o comportamento dos indivíduos, apresenta-se em dois níveis: níveis individuais: referem-se a motivações, necessidades e expectativas que cada trabalhador tem em relação ao seu trabalho e as habilidades e competências que ele possui. E, 89 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL Capítulo 2 níveis grupais: trata-se das maneiras que os indivíduos encon- tram para se comunicar, interagir, exercer liderança e as for- mas estipuladas para realizar as tarefas necessárias (LEITE, 2020, p. 53). As empresas estudam seus eventos desde a Revolução Industrial; em sua primeira fase, ou seja, no fi nal do Século XVIII, quando o maquinário se torna pre- sente neste espaço, primeiro o foco foi a produtividade, os processos, depois com o tempo percebe as pessoas, ou melhor os trabalhadores. Estamos na década de 1930, e teremos o foco nas Relações Humanas. “Grande parte do sucesso ou fracasso de um profi ssional advém das relações que ele estabelece com os colegas de trabalho, liderança da empresa, clientes e fornecedores”. As competências dos indivíduos, ou seja, seus conhecimentos, suas habilidades e suas atitudes induzem a avaliação de seu desempenho profi ssional, em especial ao seu relacionamento com o grupo (LEITE, 2020, p. 54). Relacionamento interpessoal: é o decorrente das relações, no espaço social. Tem relação direta com o contexto em que se está inserido (família, escola, trabalho e religioso). As relações interpessoais dos profi ssionais (confi ança, educação, respei- to, colaboração) infl uenciam muito o desempenho individual e coletivo, mas as relações intrapessoais (personalidade, emoções, pensamentos, experiências, decepções, medos, alegrias, necessidades, sonhos) pesam mais nas decisões da alta gestão sobre os profi ssionais (LEITE, 2020, p. 54). Os estudos desenvolvidos sobre o comportamento humano, são importantes à administração das empresas, pois podem apresentar ferramentas para as de- mandas, como: “retenção de talentos, desenvolvimento de profi ssionais, satisfa- ção dos clientes, motivação no trabalho, liderança, [...] maneira como as pessoas se relacionam e como elas enxergam o seu trabalho” (LEITE, 2020, p. 53). Os líderes mais atualizados e as empresas mais efi cientes têm dado cada vez mais atenção ao comportamento organizacional, pois sabem que, em um ambiente de negócios altamente competitivo e no qual os recursos tecnológi- cos são basicamente os mesmos para a maioria das empresas, o que muitas vezes pode fazer uma diferença competitiva entre uma empresa e outra é quali- dade e a satisfação de seus funcionários (LEITE, 2020, p. 53). 90 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLiSE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Dominando um pouco mais o contexto que chamamos de empresarial, vol- tamos nossa atenção aos conceitos de Psicologia, na abordagem Experimental/ Comportamental, que se destinam a todos os indivíduos, independente do espaço que estejam inseridos. O mesmo acontece quando nos referimos aos conceitos e ferramentas atribuídas, a abordagem Cognitivo Comportamental. Então vamos a prática organizacional. Como já foi colocado a mudança é a constante da atualidade, então todos os indivíduos “independentemente da vontade de cada um, as pessoas terão que encarar seus próprios desafi os na busca de melhor qualidade de vida, até porque será impossível sobreviver”. O hoje das pessoas apresenta uma questão “mui- to permeável” entre “trabalho e lazer; dia e noite, produção e consumo, dias de trabalho e dias de descanso, fi ns de semana e férias”. Uma questão de trabalho conectado numa constante, trabalho em esquema home-offi ce, globalização (po- demos morar num país e trabalhar em outro), trabalho formal e não formal (MA- CEDO et aI., 2006, p. 16-17). Questões que esbaram na percepção que cada um possa ter sobre o traba- lho. A aprendizagem é um processo deverás signifi cativo no âmbito empresarial; na atualidade se espera de todos que seja continua, pois como as reformulações organizacionais são constantes - é quase que obrigatória a sobrevivência de cada um o aprender sempre. Entendemos que aprender implica em mudança de com- portamento, requer prática (necessidades da empresa). Então através dos conceitos apreendidos sobre a Psicologia Comportamental de Skinner que poder-se-á discutir como trabalhar “A mera participação num trei- namento não é garantia de aprendizado. Só é possível comprovar o sucesso da aprendizagem quando o indivíduo exerce a atividade para o qual foi treinamento, permitindo assim, observar e avaliar o seu comportamento”. Então se se obser- va que de um gestor anteriormente autocrata, exercita ser um gestor democrata, pode-se entender que o aprendizado ocorreu (comportamento manifesto, mu- dança de comportamento = aprendizagem). Esta colocação esclarece o como fazemos uso das ferramentas aprendidas até então (MACEDO et al., 2006, p. 36). Outra questão da aprendizagem é a prática, que se pode observar através da elaboração de um processo de atendimento, desenvolvido pelo atendente jun- to ao sistema organizacional. Depois da transferência do processo, através do treinamento ao profi ssional, este deverá no seu dia a dia de trabalho desenvolver o processo e só atingirá seu auge depois que o profi ssional repetir diversas vezes o processo, pois adquirirá assimilação (comportamento operante). Uma outra estratégia que faz uso dos procedimentos e ferramentas do Beha- viorismo é a manutenção do comportamento adquirido, “a permanência de um 91 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL Capítulo 2 novo comportamento está diretamente relacionada à permanência da recompen- sa daí decorrente”. Se o retorno fi nanceiro não se der a manutenção do compor- tamento deve falhar. Não é só fi nanceiro o retorno esperado pelo profi ssional. Em áreas de trabalho de atendimento ao publico é comum utilizar elogios, apresenta- dos em público. Assim, os profi ssionais mantêm seu comportamento produtivo de atenção ao cliente, na expectativa de receber os elogios, que podem ser acompa- nhados de palpas coletivas, como de brindes simples (chocolates) (MACEDO et al., 2006, p. 37). Relação intrapessoal é a que desenvolvemos com nós mesmos. Entendido como a aptidão individual de se relacionar com os próprios sentimentos e emoções. Determinar nossa relação com as situações de dia a dia. Acreditamos que em alguma oportunidade já vivenciamos num supermerca- do, por exemplo, a fala no alto-falante, “Palmas para a Maria, o cliente elogiou seu atendimento”, em seguida todos os profi ssionais da loja batem palmas, às vezes são acompanhados pelos clientes até. Reforço positivo, fácil de ser desenvolvi- do por qualquer gestão é só dominar a técnica, ou melhor dominar o conhecimen- to desenvolvido pela Teoria Comportamental. Outro exemplo simples é o “quadro com o funcionário do mês”. Podemos lembrar que a área de Marketing organiza- cional, faz uso frequente da Teoria Comportamental e a Cognitivo-comportamen- tal para elaborar suas estratégias e atingir suas metas. Podemos apontar que as teorias sobre motivação humana, sobre as necessi- dades do trabalhador se baseiam na teoria comportamental, com raiz nos princí- pios da Análise do Comportamento, assim atuando na gestão do comportamento. Com base em tais princípios deve-se delinear o perfi l dos profi ssionais que deve- rão compor o quadro de profi ssionais, defi nindo as competências necessárias ao desenvolvimento dos processos. Aqui estamos falando da área de Atratividade e Seleção, um dos subsistemas de Recursos Humanos. Esta defi nição inicial, descrição de cargo, defi nição do organograma (estrutu- ra), estabelecimento de políticas de remuneração tudo com foco na minimização da rotatividade e do absenteísmo. Um exemplo que se apresenta é o que ocorre quando a administração da empresa solicita que os profi ssionais, em troca de um “feriado prolongado”,trabalhem no fi nal de semana anterior; estamos frente ao Reforço de troca. O salário que é pago uma vez ao mês se apresenta como um 92 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLiSE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Reforço intermitente. Além de reduzirem a rotatividade, essas técnicas trazem maior qualidade de vida e produtividade para a organização, características es- senciais para um ambiente de trabalho estimulante. Uma política de gestão de carreira, benefícios e salários que se apoia na meritocracia, atende ao desempenho, primeiramente individual de pois coletivo. Apresenta retorno positivo, ao ver dos colaboradores. E tem como princípio bási- co o reforço positivo. Já o reforço negativo seriam as advertências em decor- rência de comportamentos indevidos. Creio que é possível reconhecer que o reforço positivo acompanha o “café da manhã” servido antes do horário de trabalho. Quando a empresa conta com a demanda de iniciar seu expediente com todos os profi ssionais na sua produção, seja ela industrial ou comercial. Usa da prerrogativa de fornecer “café da manhã” aos profi ssionais que se apresentam ao trabalho no horário. O café não é servi- do depois do início do expediente. Esta prática do reforço positivo, se mostra mais efi ciente que o reforço ne- gativo, A prática do “café da manhã” se justifi ca em função disto. Advertência por atraso, não necessariamente fará o indivíduo se comprometer, os demais também se incomodam se tiverem que completar o horário do atrasado. A empresa perde “dinheiro” com a não produtividade e com um clima organizacional depreciado. O custo com o café da manhã é menor que os outros. Os subsistemas de recursos humanos, como: 1. Atratividade e seleção: a porta de entrada da organização que deve contar com as orientações sobre o perfi l dos profi ssionais, de como inte- grá-los ao grupo. 2. Avaliação: que conta com a avaliação do desempenho e a descrição dos cargos para identifi car o que avaliar. 3. Motivação: Remuneração e benefícios, Comunicação, Clima organiza- cional, Higiene e segurança do trabalho, Carreira. 4. Capacitação: Treinamento e desenvolvimento. 5. Monitoramento: Operações trabalhista e de segurança. No desenrolar do dia a dia, a teoria comportamental e a cognitivo-comporta- mental acompanham o gestor, na atuação para trabalhar com os colaboradores de forma produtiva e transparente. 93 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL Capítulo 2 Falta apontar, a utilização de tais ferramentas no mundo esportivo, nações fazem uso da prática no preparo de seus esportistas na busca de melhor desem- penho pessoal e coletivo. Explicando: desenvolvendo nos atletas o foco, a eli- minação de pensamentos não produtivos. Apresentando esquemas adaptativos para o desempenho e o foco na hora da competição. “Pensar positivamente”. Pode-se colocar que um profi ssional que apresenta algum vício ou um mau hábi- to, se percebe recompensado, de alguma forma, quando manifesta o comportamento inadequado. Então cabe identifi car qual é o estímulo que desencadeia o comporta- mento, de sorte a reformula-lo através dos reforços negativos ou punição. É possível, também trabalhar através de esquemas adaptativos se já estivermos numa situação de Saúde ocupacional (mental ou física). A abordagem behaviorista coloca que todo comportamento organizacional pode ser “recompensado” ou “punido”, o que aumenta ou diminui a sua chance de reincidência. O mesmo ocorre nos esquemas adaptativos. Quando o profi ssional tem o hábito de adiar as tarefas, por exemplo, a re- compensa é um momento fugaz de diversão pelo descontentamento do grupo. Trabalha-se com reforçamento negativo ou punição. Ao identifi car as compensa- ções, que os profi ssionais reconhecem, é possível aprender a substituí-las por gratifi cações maiores, mantendo o foco na coisa certa. Outra questão que se apresenta é a maturidade profi ssional, que não se relaciona, efetivamente, com a experiência profi ssional, a formação, o conhecimen- to, as habilidades ou a idade cronológica. É comum nos depararmos no espaço organizacional com profi ssionais que manifestam esquemas desadaptativos de au- tonomia e desempenho, que requerem maior atenção e acompanhamento, pois contam com necessidade constante embasamento emocional e técnico. São muito imaturos frente as responsabilidades. Uma ferramenta que possibilita a identifi cação de como a equipe se encontra frente a maturidade profi ssional seria a ferramenta, Liderança Situacional, de Paul Hersey e Ken Blanchard (1969) favorece o enten- dimento do grupo e abre horizontes para o trabalho dos esquemas desadaptativos. Nas empresas fazemos uso dos conceitos da Teoria comportamental quando estamos frente as demandas mais comuns do dia a si. Mas, já frente a questão manifestam emoções, por exceção no planejamento e execução das normas en- tendidas como justas pela maioria devemos nos utilizar das práticas da Teoria- -cognitivo comportamental. 94 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLiSE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Atualização: acompanhe a evolução do conhecimento sobre o comportamento humano, leia as abordagens de Psicologia na atu- alidade. Mas, a mente de um pesquisador ou de um aprendiz deve sempre buscar a ciência e suas comprovações. As informações para obterem o caráter de conceito devem ter sido validadas pela pesqui- sa científi ca. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Neste capítulo estudamos as ferramentas capazes de favorecer a gestão pessoal e coletiva quanto ao desempenho e à conivência social. Trabalhando o desgaste que a atividade laboral e mesmo as demais imprimem nos sujeitos. Primeiramente, abordamos os conceitos básicos da Psicologia comporta- mental e os da Análise do comportamento, como o próprio nome aponta estu- damos o comportamento dos indivíduos. Assim, correlacionando as variáveis de contexto, frente as variáveis do ambiente, através da observação das mudanças no comportamento, decorrentes. O processo busca identifi car e analisar as infor- mações, desde os fatos que a antecedem como suas consequências. Isto é ciên- cia. Com objetivo principal de trabalhar o comportamento que pode se apresentar não adaptativo, em adaptativo. Teoria que tem como principal mentor Skinner. Entender as relações de funcionabilidade do comportamento e o ambiente, permite presumir que o indivíduo manifeste um comportamento, por ser este determinado por suas consequências. A Psicologia comportamental, uma das abordagens da psicologia que estuda o comportamento e os estímulos que lhe dão origem. Estudando os estímulos que induzem os comportamentos, identifi camos ambas as variáveis (estímulos-reposta) e o motivo que favorece o indivíduo a responder a determinados estímulos. Tais co- locações transparecem o conceito que a abordagem comportamentalista, reconhece que há unicidade entre a mente e o corpo. Assim, identifi ca que por ser um ser único, observa-se o comportamento manifesto, nada mais é entendido como comporta- mento. Dessa forma, o comportamento humano ou dos animais, é aprendido. Apresentando padrões, que contam com fatores que os estimulam, a ideia aborda a questão que o comportamento pode ser trabalhado de modo a ser aprendido e de ser reformulado. Para tal, deve-se dominar o conceito de Reforço Positivo, de Reforço Negativo e suas contingências. 95 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL Capítulo 2 Com isto apontamos que o reforçamento positivo é o que possibilita o fortalecimento de uma resposta. Reforço positivo = estímulo + resposta. Este aumenta a frequência do comportamento. O reforçamento negativo, atua dife- rentemente, pois promove através da apresentação do estímulo a diminuição da frequência de resposta. Outra abordagem discutida é a Teoria Cognitivo-comportamental, cujo men- tor que tivemos foi Beck. Tal teoria se baseia no fato que a forma como pensamos infl uência nossas emoções e comportamentos, e em contra partida comotambém, o modo de agimos afeta nossos padrões de pensamento e nossas emoções. Com base em tais pressupostos se torna possível trabalhar o comportamento humano, abordando estratégias, etapas e implicações. Revertendo nosso enten- dimento disfuncional e os comportamentos relacionados. O conceito trabalhado aqui na teoria é o de pensamento automático que se apresenta nas questões de dia a dia, nem sempre reconhecido. Já os esquemas são nossas crenças que imprimem regras para o processamento das informações de realidade. Todo este arcabouço teórico foi discutido fi nalmente como ferramenta para se trabalhar no contexto organizacional as demandas da atualidade. O que será plenamente discutido no próximo capítulo, com o entendido da ação Coaching. Pois, em grande parte da vivência profi ssional de todo e qualquer indivíduo, é no- tória a demanda de se reconhecer o que afeta o desenvolvimento ou crescimento ou carreira; o que esperar da atividade laboral – reconhecimento ou remuneração. Todas questões que requerem o reconhecimento de qual comportamento re- formular, que competência desenvolver; fatores favorecidos através do coaching. Por ser um processo que discute técnicas e métodos, com foco no desenvolvi- mento pessoal, ou melhor, no comportamento profi ssional. 96 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLiSE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG REFERÊNCIAS BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. de L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. CAMINHA, R. M. (org.). Psicoterapias cognitivo-comportamentais: teoria e prática. São Paulo: Casa do Psicólogo.2003. CARVALHO, A. V., NASCIMENTO, L. P., SERAFIN, O. C. G. Administração de recursos humanos. 2. ed. rev. São Paulo: Cengage Learning, 2012. FREEMAN, A; DATTILIO, F. M. Compreendendo a terapia cognitiva. São Paulo: Psy, 1998. GUIDANO, V.F.; LIOTTI, G. Cognitive processes and Emotional Disorders. New York: Guilford, 1983. HUBNER, M. M. C.; MOREIRA, M. B. Fundamentos de Psicologia – Temas clássicos da Psicologia sob a ótica da análise do comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. LEITE, L. S. Psicologia comportamental. São Paulo: Érica, 2020. MACEDO, I. I., RODRIGUES, D. F., JOHANN, M. E. P., CUNHA, N. M. M. Aspectos comportamentais da gestão de pessoas. 8. ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2006. MARTIN, G.; PEAR, J. Modifi cação de comportamento: o que é e como fazer. 8. ed. Trad. N. C. Aguirre; Ver. H. J. Guilhardi. São Paulo: Roca, 2009. MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. Princípios básicos de análise do comportamento. 2. ed. Porto Alegre: Artmed. 2019. SCHULTZ, D. P., SCHULTZ, S. E. História da Psicologia Moderna. 11. Ed. Trad. de P. R. S. Lopes. Rev. M. F. C. Waeny. São Paulo: Cengage. 2019. SCHULTZ, D. P., SCHULTZ, S. E. História da psicologia Moderna. Trad. S. S. M. Cuccio. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. WRIGHT, J. H.; BASCO, M. R., THASE, M. E. Aprendendo a terapia cognitivo- comportamental: um guia ilustrado. Trad. de M. G. Armando. Porte Alegre: Artmed, 2008. YOUNG, J. E, KLOSKO, J. S., WEISHAAR, M. E. Terapia do esquema: guia de técnicas comportamentais inovadoras. Trad. de R. C. Costa. Porto Alegre: Artmed, 2008. YOUNG, J. E. Terapia cognitiva para transtornos da personalidade: uma abordagem focada no esquema. Trad. A. V. Veronese. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003. ZAMBERLAN. Luciano (org.). Pesquisa em ciências aplicadas. Ijuí: Ed. Unijuí, 2019. CAPÍTULO 3 TEORIA DO COACHING A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: Conhecer os conceitos e princípios de coaching, as ferramen- tas, as tecnologias, as técnicas e as metodologias. Esclarecer subjetividade das ações, refl etir so- bre o raciocínio objetivo e racional. Validar as aplicações do Coaching. Selecionar o Foco nas pessoas; na aprendizagem; nas com- petências; no desempenho; nos resultados. Aplicar o Foco no futuro, na liderança. Ilustrar os múltiplos benefícios do coaching. 98 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG 99 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 1 CONTEXTUALIZAÇÃO “O homem superior aprimora seu caráter e trabalha em sua obra.” Extraído do I Ching No hoje, como desde sempre, os profi ssionais, independentemente do cargo, vi- venciam demandas que não identifi cam uma acomodação tranquila. Mesmo os mais preparados, não só em termos de formação administrativa e técnica, como também de experiência conseguem sozinhos defi nir qual o rumo tomar. A maturidade emocio- nal não acompanha as competências técnicas no mesmo ritmo, o que inviabiliza, por vezes um desempenho positivo em boa parte das atividades organizacionais. O contexto organizacional convive com a globalização, já há mais de quatro décadas ocorrem processos e práticas de integração econômica e política entre os mais diversos países, ocorre no globo como um todo. Os indivíduos partici- pam da evolução da comunicação de das trocas de produtos, serviços, tecnolo- gia. Nos séculos passados já tínhamos toda uma integração entre os povos, mas não como a que ocorre na atualidade, onde até a questão cultural está envolvida. E nesta questão se vivenciam permutas entre os costumes, hábitos, princípios, valores. Assim, os indivíduos passam a reconhecer valores diversos. A hetero- geneidade é imensa, mas se reconhece que costumes dominantes se impõem, similar as instituições e ou países que contam com maior poder econômico ou tecnológico, se sobressaem. O mais ‘gritante” de todos os fatores é a velocidade nas trocas de informa- ções. É possível se tomar conhecimento de situações, em tempo real, nos cinco continentes simultaneamente. Tal questão sugere aos indivíduos a percepção que se está frente a forças que comprimem o espaço e o tempo, as distâncias nos parecem menores, o tempo exíguo. E transparece que tais fatores favorecem as elites econômicas, a concentração de renda, a expansão de multinacionais, o co- nhecimento e o comportamento assumindo padrões diferentes. As colocações apontam que as emoções, a percepção de grande parte dos envolvidos não conseguem acompanhar as demandas no ritmo satisfatório. Sen- do necessário contar com uma situação até então inédita no mundo do trabalho. Hoje se vive a necessidade de uma educação continuada, de um saber sempre mais, um não se acomodar ao que se tem, a ter mais que uma profi ssão no decor- rer de sua vida profi ssional. Questões difíceis de serem digeridas, em nosso país muitos enfrentam di- fi culdades de acesso à formação diferenciada, de se manter evoluindo nos co- nhecimentos. Há também a questão que nem todos vêm com o necessário para 100 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG saber mais. As gerações decodifi cam diferentemente o trabalho, a profi ssão e a família. Os empresários fazem parte deste contexto, são pessoas que estão in- seridas nestas demandas, que são inéditas para todos. E mesmo contando com maiores informações os empresários, também devem decodifi car e digerir tudo o que ocorre ao seu redor. Ferramentas que discutem os processos, a gestão importada de outras cultu- ras, por exemplo, “qualidade total”, fl exibilização da legislação trabalhista, muitas mudanças. A mudança em si é um estímulo que nos mobiliza, a ir em frente ou a recuar, pois estaremos rumo ao desconhecido, que poderão demandar adapta- ções que não decodifi camos na sua plenitude. Logo se reage; reformular hábitos e prática, traz sentimentos que não são positivos na sua maioria, insegurança, descrença, entre outros. Vou apontar, mas já deve ser algo conhecido por você, mesmo quando a mudança é positiva e valorada socialmente, os seres humanos apresentam difi culdades de assimilação, resistência. Vamos discutir a seguir uma ferramenta que pretende nos auxiliar esta empreitada. 2 TEORIA DO COACHING Pensada na buscade atender o vácuo entre o aprendizado formal da ges- tão de alto nível, em treinamentos ou workshops, apresentando e discutindo con- ceitos, impactando através de vivências de interação grupal e os problemas de- correntes. Trabalhando além do reconhecimento cognitivo das questões, mais as questões emocionais que impactam os profi ssionais e não possibilitam respostas efetivas as demandas. A imaturidade ou fantasia dos envolvidos, sobre a deman- da, evolui de sorte a ampliar mais e mais o confl ito o que interfere na produtivi- dade. Ou seja, a demanda não é atendida, implicando em baixo desempenho da gestão (PAULA, 2005). Numa tradução simples do título da teoria, é treinar. E se busca articular jun- to ao profi ssional sujeito da ação o presente, alinhando este ao futuro. Uma ação que traduz e apresenta o hoje alinhavando as alternativas futuras. Discutindo de- sígnios de curto, médio e longos prazos, frente a atividade profi ssional e pessoal. A interação entre “tutor e tutorado” contará um “acordo”, uma avaliação de partida, defi nição de metas, plano de ação, execução em conjunto e avaliações – que po- dem implicar em redirecionamento ou não. 101 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 Quais são os desafi os do mundo, na atualidade? Um exemplo: Os desafi os passam pela caracterização das causas, alcançando as formas de intervenção e a conduta profi ssional. Com o acesso a in- formação hoje bastante democrático, a população se abastece das “suas verdades” e enfrenta os profi ssionais de saúde, que preservam o papel tradicional de conselheiro de seus pacientes. Essa aborda- gem clássica de aconselhamento tem sido estudada e vinculada ao enfraquecimento do profi ssional de saúde (LANCHA; LANCHA JR., 2017, p. 6). 2.1 ENTENDENDO O COACHING E SEU SIGNIFICADO PARA AS ORGANIZAÇÕES Hoje temos muitas menções a respeito do conceito de Coaching, fala-se em uma atividade de gestão, ferramentas de gerenciamento, aprendizagem, exer- cícios, metodologias, procedimentos todas as colocações envoltas na ideia de aprendizagem e reformulação de comportamento seja profi ssional ou pessoal. A ênfase de nossa discussão é a organizacional, mesmo tendo ciência que não se separa o indivíduo que trabalha de sua vida particular, pois uma não existe sem ao outra. Esta dicotomia resistiu até o fi m da primeira metade do século XX. Então cabe apontar que na atualidade, todos temos diversas dúvidas sobre o amanhã pessoal e profi ssional – identifi ca-se a ideia de que não dispomos de todas as informações ou alternativas para decodifi car o que quer, onde se pode chegar, onde estamos no contexto vivenciado. Alguns se apegam a este futuro imaginário, outros ao desconhecido de hoje. Muitas destas dúvidas nos indicam que a certeza do ontem não ocorre no hoje. Podemos lembrar o conceito discu- tido por Bauman (1925-2017), modernidade líquida, que busca retratar a novo momento das relações sociais, econômicas e de produção. Que se apresentam tênues, passageiras e fl exíveis. Características similares aos líquidos, daí a associação. E tal conceito retrata as relações entre os indivíduos, em todo e qualquer relacionamento, seja pessoal ou profi ssional. São relações de individu- alidade, não de parceria, que se reformulam a qualquer momento. Este é o hoje para todos os indivíduos, independentemente da idade, da cultura, da condição social ou profi ssional. 102 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Mas, antes de discorrer sobre a questão do Coaching e seu signifi cado para as organizações. Vamos apresentar o conceito que norteará a nossa discussão: coaching é um método, que se adequa a diversas abordagens. Composto pe- los seguintes elementos: (1) coach – profi ssional que vai conduzir as sessões; (2) coachee – sujeito da ação que realiza refl exões, assim estabelecendo junto ao coach objetivos e estratégias para alcança-los. A ação coaching aperfeiçoa, renova, busca caminhos, a fi m de possibilitar o autoconhecimento, o empodera- mento, a autoconfi ança. (SOUZA; LESSA, 2019, p. 14). A ação do coach não se identifi ca como quem dirige o processo, e sim com a interrelação com o coaching, de sorte, que não se ensi- ne o que fazer e sim se auxilia a aprender refl etindo sobre si mesmo, sobre o que ocorre ao redor (WITMORE, 2012). Figura 1 – Retrata a ação coach. Dois indivíduos, num espaço organizacional, discutindo sobre questões pertinentes a atividade profi ssional. Na busca de desenvolver: autoconhecimento, empoderamento, autoconfi ança. Fonte: https://t4.ftcdn.net/jpg/04/21/91/27/240_F_421912702_ qV5Dy5ERolmSfvMdoX4d9UP0ap2H3uZk.jpg. Acesso em: 22 ago. 2022. 103 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 O espaço organizacional acima retratado, possivelmente, ocorre no século 21. Mas, as origens do coaching conta com data anterior. Então só alguns tópicos que retratam as relações de trabalho, na segunda metade do século 20: registro em carteira, pagamento em dia, status diferenciado entre alto escalão e o chão de fábrica (refeitório, assistência médica), altos custos com treinamentos. São ques- tões que demonstram os objetivos e prioridades organizacionais da época. Que se reformularam, em decorrência dos Programas de Qualidade Total (1980) que pro- movem a sensação de pertencimento nos profi ssionais. Tal processo não ocorre no hoje, as organizações utilizam outras ferramentas de tratamento a mudança. Esta sim é uma constante até então. As organizações necessitam que seus pro- fi ssionais se envolvam nas questões, de modo a acompanharem os processos de mudanças, sejam eles quais forem, se adaptando com maior tranquilidade. Os processos de qualidade promovem na organização mudanças de comportamento, de hábitos, de valores de todos (ZAHAROV, 2010, p. 7-9). O contexto organizacional nesta oportunidade convive com baixa escolari- dade, de grande parte dos profi ssionais. O que difi culta a comunicação entre as partes, o entendimento dos processos. Mesmo assim, tem-se desconforto, por parte da gestão, quando as novas práticas de participação dos colaboradores, promovem novas “ideias” que a própria gestão não as tinha reconhecido. Com o tempo, a questão se reformula e cada vez mais profi ssionais buscam escolariza- ção (ZAHAROV, 2010, p. 10-14). Soma-se a tal colocação, que os seres humanos são capazes de aprender sempre, esta questão difi culta o entendimento do porquê somos tão resistentes as mudanças. Mas, também sabemos que para mudar são necessários “vontade, empenho, persistência, disciplina, foco” só para começar. Refl etindo mesmo de- tendo a capacidade de sempre aprender é necessário algum acompanhamento para que isto ocorra. Assim, podemos apresentar um exemplo da difi culdade que temos de mudar hábitos, mesmo que seja um fator que implique em qualidade de vida ou de vida mesmo. Os programas de emagrecimento, que difi cilmente se consegue terminar. Outra lembrança, que cabe, seria a do personal trainer que é um profi ssional que ministra e/ou supervisiona treinamentos, visando objetivos pré-defi nidos pelo atleta, mesmo este tendo grande interesse em evoluir no seu aprendizado, necessita de alguém apontado efetivamente o que deve ser feito (ZAHAROV, 2010, p. 16). 104 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG “O futuro não é um lugar para onde estamos indo, mas um lugar que estamos criando. O caminho para ele não é encontrado, mas construído e o ato de fazê-lo muda tanto o realizador quando o desti- no.” Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944). Nas duas outras temáticas já discutidas anteriormente, apresentamos que os indivíduos, no geral, manifestam signifi cativa difi culdade de se acomodar as mudanças, busca-se repetir o já conhecido, o desconhecido incomoda no mínimo. Nossa autora coloca bem esta questão: Duas coisas são fundamentais para qual- quer transformação comportamental efetiva:a primeira é ser fl exível para fazer uma revisão de nossos valores e hábitos, e a segunda é que o novo padrão de comportamento seja simples e equilibrado (ZAHAROV, 2010, p. 11). Ainda estamos apontando como as empresas estão se comportando frente as demandas das últimas décadas do século 20. É reconhecida a signifi cância do profi ssional, dos processos, das competências comportamentais – não só as técnicas, e do quanto uma resposta positiva e correta frente as questões incre- mentam o desempenho organizacional. Os profi ssionais estão manifestando comportamentos mais elaborados, o que de certa forma reformula em muito a qualidade de vida, particular e organiza- cional. Temos que trabalhar com estes a “satisfação pelo trabalho, a produtividade e a qualidade”. Há a busca pela progressão de carreira, o desenvolvimento das competências técnicas (estudar, se qualifi car), o que por vezes importuna a qua- lidade vida, pois há falta de tempo. Compatibilizar vida profi ssional, com a vida pessoal e o aprendizado formal, é difícil. Então se reconhece que é necessário reformular “o processo de aprendiza- gem no mundo corporativo”; pois está difícil para todos evoluir em seus conheci- mentos frente as demandas possibilitando respostas criativas, de qualidade para o hoje. Assim, o coaching se apresenta como a alternativa a ampliação dos re- cursos individuais, tais como criatividade, qualidade e desempenho. Coaching se mostra como sendo “um serviço de apoio individual ou grupal”, frente esta colocação percebe-se que o processo é utilizado como ferramenta de apoio aos profi ssionais da empresa. Apoio que deve se centrar em refl etir com os profi ssionais sobre a compreensão de suas próprias competências (técnicas e interpessoais) e do entendimento de seu “papel profi ssional”. A alternativa age 105 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 positivamente, tanto sob a ótica profi ssional como a pessoal, o que só enaltece a prática, pois como já discutido, uma pessoa para desenvolver bem seu papel pro- fi ssional = cargo, deve estar desenvolvendo bem, seus papeis pessoais ou sociais (ZAHAROV, 2010, p. 19). O coaching não se baseia na transmissão de conhecimentos, mas no estímulo ao desempenho psicológico do coachee, tenham essa noção clara, para compreender como o processo de assessora- mento deverá ocorrer (SOUZA; LESSA, 2019, p. 15). O termo e a prática coach surgem nas empresas brasileiras, no início do século 21, e logo são aceitos como ferramenta que otimiza o desempenho orga- nizacional. Mas, que solicita de seu executor conhecimentos específi cos sobre o comportamento humano, das interações sociais, da “dinâmica organizacional (vo- cabulário, cultura, processos)”. A principal ideia é que o coach deve dominar todo o contexto organizacional, de sorte a decodifi car as questões que se apresentam ao coachee e assim desempenhar a ação de coaching. “Desempenhar o papel de coach requer conhecimentos, experiências, maturidade e determinados discer- nimentos que não se estabelecem da noite para o dia” (ZAHAROV, 2010, p. 19). A atividade coaching que ocorre no espaço organizacional ou não deve con- tar com empatia por parte do coach, este deve reconhecer as demandas do co- achee e se comprometer com este, a fi m de que os insights possibilitem que o profi ssional refl ita sobre as questões e consiga apresentar respostas, de forma a que se estabeleça as diretrizes a serem desenvolvidas (ZAHAROV, 2010, p. 20). As demandas profi ssionais, acompanham o individuo em grande parte de “seu dia”; pode-se colocar que na vida de um individuo adulto há a oportunidade de vivenciar diversos “papeis” sociais (pai, mãe, fi lho (a), tio (a), esposo (a), atleta, entre outros)”, mas entende-se que é o “papel profi ssional” que possibilita grande parte dos outros papeis. Tal papel, comumente ocupa boa parte de nossa exis- tência diária. É possível descrever, nosso tempo, como sendo 70% vivenciando o papel profi ssional e 30% os demais papeis. As atividades profi ssionais não “de- saparecem de nossa cabeça”, mesmo quando não estamos presentes ao espaço organizacional. É possível acordar pensando na articulação que devemos promo- ver frente a solicitação de um aumento salarial, até passar o fi nal de semana com ideia recorrente a mente. Disponibilizamos muito de nós para a ação profi ssional, 106 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG e quanto mais evoluímos na hierarquia organizacional, mais este compromisso cresce (ZAHAROV, 2010, p. 20). E o que agrava ainda mais esta questão é que se o individuo que faz uso de 70% de sua energia pessoal, com o trabalho, sofrerá desgastes, ou seja, estres- se. Terá seus outros papeis sociais comprometidos, pois o que absorvemos no Capítulo 1, o desgaste físico e mental que o estresse causar, somado a difi cul- dade que iremos sofrer na assimilação de novos comportamentos ou comporta- mentos produtivos, no Capítulo 2. São fatores que retratam o desconforto que um profi ssional tem frente ao seu desempenho aquém na demanda organizacional. Característica pessoal do coach: Uma pessoa pouco empática não será um bom coach; é necessário sistematicamente se colocar no lugar no coachee, para compreender a fundo suas angústias e os sofrimentos à demanda apresentada. Nesse exercício, será possível captar questões elementares para a compreensão do objetivo decla- rado (SOUZA; LESSA, 2019, p. 24). A questão decorre, em boa parte, de como cada indivíduo = profi ssional “percebe” o problema; “quando alguém está focado no problema, geralmente au- menta sua ansiedade e diminui sua capacidade de enxergar soluções”. Tem-se neste momento problemas com a autoestima e o poder de resolução profi ssional (ZAHAROV, 2010, p. 23). A colocação de nossa autora é vivenciada, por aqueles, que se detém em observar as questões. Ver com maior clareza e discernimento. Preferencialmente ao lado, não em meio a questão. “A ansiedade é a pressa que não leva a lugar algum”. Quem se envolve deveras não reconhece a questão. Os insights decorrem da observação com baixa ansiedade (ZAHAROV, 2010, p. 23). O coach na sua prática deve conseguir convencer o coachee de sua própria capacidade de atingir seus objetivos. Assim, o coach “desenvolve o marketing de sua ação” e estimula o coachee a ver as coisas de modo a ser produtivo, “superando obstáculos e crenças que o limitam”. Sendo capaz de adquirir “auto- confi ança, satisfação pessoal”. Se centrando no que é “possível e não no que impossível”. Para se atingir tais refl exões sobre os fatos é necessário “disciplina e persistência”, só se atendo a estas características pessoais se torna possível (ZAHAROV, 2010, p. 24). 107 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 Estudos apontam que um individuo que se centra em atingir seus próprios objetivos, sejam pessoais ou profi ssionais, que é norteada por valores, desconsi- dera entendimentos limitantes, e segue em busca de resultados. E é este Norte que o coach trabalha no coachee (ZAHAROV, 2010, p. 24). Zaharov (2010, p. 24) coloca que: A cultura, a educação e os valores transmitidos pelo meio in- terferem no desenvolvimento do ser humano e no conceito que ele tem de si mesmo. [...] Modelos de conduta são peculiares ao grupo onde cada pessoa está inserida. Esse lugar pode ser a família, a escola, a comunidade, a empresa etc. Nesse sen- tido, a maioria dos processos comportamentais em grupo se repete. A colocação da autora já foi discutida anteriormente, todos os indivíduos con- tam com uma história de vida própria, e é esta que o forma, que o caracteriza. Al- guns entendimentos anteriores podem apontar que “problemas”, são “obstácu- los”, não algo a ser resolvido. E se justifi cam, por vezes culpando os demais pela sua própria percepção da questão. Há os que identifi cam os obstáculos como “desafi os”, se interessam em superá-los e entendem que quando algo não sai como esperado a“responsabilidade” e nossa, não dos demais. São formas de perceber o contexto. Alguns indivíduos superaram outros não, frente às mesmas condições (ZAHAROV, 2010, p. 25). Insight, a tradução seria compreensão, percepção, revelação. Mas, quando ocorrem repentinamente. Então seria a capacidade de compreender de imediato uma situação. Encontrar a solução de um problema. Continuando na perspectiva de como cada um percebe seu contexto, o pro- cesso coaching é capaz de promover uma nova maneira de reconhecer a au- toimagem, identifi cando distorções que naturalmente acontecem ao longo da vida. Cada um se percebe, mediante o entendimento que tem de si. E ao par- ticipar do processo, o coachee reavaliará seu ontem, partindo para o hoje e o amanhã. Rever a autoimagem, identifi car as ideias autolimitantes, ampliando o autoconceito, o autoconhecimento. 108 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Figura 2 – O processo coaching no contexto organizacional possibilita que o coachee se perceba e tenha favorecida sua autoimagem Fonte: https://as1.ftcdn.net/v2/jpg/04/94/41/86/1000_F_494418675_ ep7Hc8O44cTo8QAsxJEyOwRUAUntobZd.jpg. Acesso em: 22 ago. 2022. Compõe o início do planejamento do processo coaching = método a: revisão da autoimagem e a ampliação do autoconhecimento é a oportunidade para despertar em cada participante [...] a atenção para ver ou rever coisas sobre si mesmo: sua forma de se relacionar com pessoas, suas motivações , a comuni- cação que utiliza, sua capacidade para ouvir, sua percepção, sua habilidade para dar e receber feedback, o empenho que despende para desenvolver equipes, o comportamento que propõe em situações de liderança, sua tomada de decisão em situações de confl ito, sua capacidade para negociar soluções para problemas emergentes do dia a dia, entre outros aspec- tos (ZAHAROV, 2010, p. 25-26). Este primeiro momento “abre as portas” para as mudanças que permitem um realinhamento dos objetivos pessoais e profi ssionais, a fi m da busca por re- sultados positivos. Observa-se que esta autoanálise, tende a se reconhecer uma signifi cativa ampliação das possibilidades e das capacidades do coachee. O indi- viduo ao se conhecer melhor identifi ca suas próprias competências e consegue se redefi nir, melhor. Rever nosso limite (ZAHAROV, 2010, p. 25). 109 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 Cabe lembrar que quando não temos a ideia de que o desafi o pode ser um perigo, somos mais ousados. Acreditamos mais em nós mesmos. Lembre como uma criança reage frente a questões inéditas, sem ninguém apontando como pe- rigoso, é mais ousada, busca resolver a questão, pois não tem ainda uma autoi- magem que a limite. “Geralmente, nos vemos menores do que realmente somos em relação ao potencial e às competências que temos” (ZAHAROV, 2010, p. 27). Fator que nos apega a “Zona de conforto”, como acreditamos que não sere- mos possivelmente capazes ou sermos muito questionados pelos nossos pares. Então é mais fácil estar na zona de conforto sem desafi os, sem aprendizados que promovam reformulações, isto nos faz “caminhar”, sair da mesmice. Desejamos mudar se não houver risco, e isso é impossível. Esta condição – de que não haja risco – torna impossível mudar, porque tudo precisa ser colocado em jogo, e somente então a mudança será possível (OSHO. Osho todos os dias, 365 meditações diárias. São Paulo, Ed. Verus, 2003). Nossa autocritica nos “emperra” por vezes. Já apontamos em outro capítulo que o desafi o “é uma condição que favorece muito a mobilização do individuo para fazer as mudanças necessárias para seu desenvolvimento. Quando temos alguém no papel de “desafi ador”, e que também nos oferece o devido apoio, as transformações acontecem de forma muito mais rápida” (ZAHAROV, 2010, p. 27). Na infância um dos progenitores, um professor, um instrutor. Na cultura que vivenciamos, no hoje, aponta que errar não é permitido, te- mos que ser “perfeitos, maravilhosos”, uma amostra desta faceta são os selfs, no decorrer de nossas atividades, só em situações sempre positivas é que registra- mos. Mas, além de não divulgar questões negativas ao nosso ver, também não refl etimos sobre os enganos, e por vezes nem sobre os acertos. O autoconhe- cimento requer refl exão do dia a dia. Muitas vezes nos perdemos em identifi car o negativo do outro e este outro no nosso negativo, e não se saí do mesmo. No processo coaching, um exercício é sair do “quadradinho” “expandir a imaginação e pensar maior” (ZAHAROV, 2010, p. 28). Zaharov (2010, p. 28) coloca que a “baixa autoestima” em nada favorece a evolução das pessoas, as mantém na mesmice, mesmo que se apresente descon- 110 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG fortável. O processo de coaching se presta a identifi car as “distorções” e remodelar a imagem que o coachee faz de si mesmo possibilita novas questões. Uma que cabe apontar é a que, por vezes, se solicita aos parceiros retornos sobre nossas ações = feedback, sejam positivos ou negativos. Mas, ao serem colocados não são efetivamente identifi cados, pois não se “sabe ouvir” (ZAHAROV, 2010, p. 29). 1 O tema do item discutido, neste espaço é “Entendendo o Coaching e seu signifi cado para as organizações” com base no até agora apresentado, aponte o que ocorre nas organizações que se mos- tre como uma demanda signifi cativa que requeira a utilização do Processo Coaching: Mais uma ideia interessante. Como enxergar o óbvio. O que é sorte? Trata-se do encontro da preocupação com a oportunidade. O óbvio só e óbvio para uma mente preparada. [...] a oportunidade na porta de muitas pessoas que não a usufruem, por que não estão “prontas” para identifi cá-la? O óbvio nem sempre é óbvio. Precisa ser trabalhado para ser decodifi cado. (ZAHAROV, 2010, p. 29). O conteúdo até o momento, apresentou as preocupações organizacionais sobre a difi culdade de os profi ssionais acompanharem as mudanças, que a glo- balização promove. É difícil a todo e qualquer indivíduo se acomodar ao ritmo das mudanças, e das respostas necessárias na atualidade. A questão encontra no processo coaching a alternativa de trabalhar e desenvolver aprendizado cons- tante. Um aprendizado que favoreça autoconhecimento, empoderamento, au- toconfi ança. E domínio das questões que acompanham a evolução tecnológi- ca, os mercados, e mais. Assim, ocorre maior condição para a manifestação de satisfação pelo trabalho, produtividade e qualidade. O desenvolvimento de competências técnicas e comportamentais, dos colaboradores, trazem empatia, responsabilidade e compromisso. Num ambiente positivo, onde a autoestima, possibilita vivenciar melhor os desafi os. Realizando os processos e os remode- lando frente as necessidades, do hoje. 111 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 Complementando o porquê o método Coaching se apresenta muito interes- sante às organizações, no século XXI, lembramos o como é complexo e se mes- cla o mundo organizacional e o pessoal. Muitos indivíduos manifestam, ou melhor se confundem no seu dia a dia quanto as prioridades, assim não dispõem de tempo sufi ciente para elaborar as atividades. Falta tempo, falta identifi cação “quanto ao estilo de liderança”, o quanto deve-se deixar claro aos demais de suas competências e disponibilidades, então o tal saber dizer não. Sugere que ao manifestar, qualquer contradição, o fato gerará confl itos interpessoais, comu- mente difíceis de serem solucionados. Ainda se tem a questão do feedback cons- trutivo, se utilizando de empatia. O feedback nos dois sentidos (dar e receber) é difícil (ZAHAROV, 2010, p. 105). Então, boa parte das pessoas se “envolvem”, de tal sorte, com as questões profi ssionais e pessoais e não conseguem apresentar respostas interessantes, nem para si ou para a empresa. Falta assertividade, administração do tem- po, uma visão correta das questões (estar defora, “despersonalizar”), vencer o confl ito interpessoal – qualidade de vida (trabalho X vida pessoal). Todas estas questões assolam os indivíduos, comprometendo demasiadamente a vida de to- dos. (ZAHAROV, 2010, p. 105). Objetivando codifi car plenamente o prejuízo causado pelos te- mas que assolam a vida dos indivíduos, adultos em especial, deve- -se ler o capítulo 07 Temas que se repetem de Zaharov, 2010, p. 106 a 124. Zaharov (2010, p. 106) aponta que os brasileiros manifestam signifi cativa di- fi culdade de dizer “não”, há a percepção de que o “não” implicará em desconforto, sempre será complexo trabalhar o produto dele. Não será aceito, deve ser muito justifi cado, sendo assumido o fato que não se nega a solicitação, mesmo que esta incomode muito. “Investir no desenvolvimento da capacidade assertiva signifi cará um salto qualitativo no tratamento maduro e adulto dos confl itos”. Um individuo assertivo, no hoje, é alguém que acredita em si mesmo; colo- ca à “mesa” seus interesses; controla a agressividade; sabe trabalhar as relações interpessoais; sabe escolher; está no jogo da organização; mas não é dissimula- do. Situações bem difíceis de desatar, mas a maturidade pessoal e profi ssional de alguém que se conhece, saberá desenvolver. “A pessoa assertiva é objetiva evita dar explicações”. Comportamentos que ao serem exercitados tornam-se possí- veis (ZAHAROV, 2010, p. 108). 112 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG O outro item que cabe discutir, é a falta de tempo. “Quem aprende a utilizar o tempo com aquilo que é realmente importante tem melhores resultados na vida e no trabalho e não tem estresse.” Nas organizações há o jargão que boa parte dos resultados decorrem de pouco esforço. Isto é colocado, pois os profi ssionais efi cientes se atem as “oportunidades”, não aos “problemas”. Como fazem isto, to- dos os profi ssionais devem exercitar e aprender. Sempre que for defi nir se faz ou não algo, deve refl etir no quanto tal atividade favorece a meta organizacional e seu objetivo. E quais as consequências do não fazer. Como todo comportamento humano pode ser aprendido, então temos que pensar sobre nossos propósitos para só então desenvolver ou não a atividade – isto implica então em saber dizer não. Saber delegar, também compõe este contexto (ZAHAROV, 2010, p. 108-109). O necessário para otimizar o tempo é a concepção de quais são os obje- tivos; qual papel a desenvolver; identifi car no planejamento o que deve ser prio- rizado; acompanhar periodicamente, de modo a conferir se o pretendido foi de- senvolvido. Um fator que favorece a otimização do tempo é tornar a atividade, agradável, para que seja maior o envolvimento. Então, estamos agora na questão – estar no jogo; todos os profi ssionais da empresa estão desenvolvendo ativida- des correlacionadas, contam com interesses comuns e particulares. Então cabe estar consciente que o jogo deve ser transparente e justo a todos. As regras es- tão expostas. Devemos saber trabalhar as questões para que sejam entendidas por todos. Seria “despersonalizar” é algo para todos não é pessoal, só para um (ZAHAROV, 2010, p. 110 -114). Finalizando a percepção de ações que acometem o indivíduo, tanto no con- texto organizacional, como no pessoal, assim prejudicando a evolução, ou o atin- gimento dos objetivos temos o confl ito interpessoal e a qualidade de vida no trabalho. Trabalhar num contexto em que a comunicação interpessoal desgas- ta, o confl ito se mostra sempre desgastante, vamos ter aqui o que é nomeado um confl ito latente, que desgasta. Já observou em outro contexto deste mesmo livro o que o desgaste promove na saúde física e mental dos indivíduos (estresse) (ZAHAROV, 2010, p. 115 - 124). 113 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 2.2 COACHING: NO QUE FAVORECE A AÇÃO PROFISSIONAL, COMO TRABALHAR A PERCEPÇÃO DA MUDANÇA Devemos nos conscientizar, mesmo frente a um mundo em constante trans- formação, que não é sufi ciente para a evolução de carreira, do indivíduo ou para o desempenho organizacional que apenas se esteja atento a evolução teoria e prática de administração e gestão. Refl etir sobre o já “conhecido”, apresenta signifi cância. É avaliando que se idêntica o que substituir, o que se aprendeu e o que manter como está. Mesmo na atualidade é fácil identifi car que certas características individuais se perpetuam no tempo. Pois, diversos guias de admi- nistração indicam quais seriam os comportamentos fundamentais para se atuar com o líder. Você deve saber: decisão, articulação, poder de persuasão, conheci- mento, visão de futuro (PAULA, 2005, p. 27). Utilizaremos Paula (2005, p. 27) para manifestar nosso entendimento e vivên- cia sobre a ação profi ssional, em especial no papel de liderança; “tecnicamente os conceitos de liderança disponíveis já apresentam uma profundidade sufi ciente para o bom exercício da prática. Qualquer inovação a que nos propusermos de- verá estar principalmente situada no campo das emoções” (PAULA, 2005, p. 27). Deve ser claro que o processo coaching manifesta como objetivos gerais fa- vorecer os indivíduos, ou melhor os profi ssionais a aumentarem a sua efetividade e prosperidade no trabalho, transpassando estes sentimentos para o contexto social. Averigua a melhoria do desempenho individual na vida pessoal e no trabalho. Evidencia todas as perspectivas do ser – cognitivo, emocional, físi- co e comportamental. Provoca o autoconhecimento, refl exão sobre o que se pensa sobre os fatos, sentimentos e ações. O fato de provocar estimula as pessoas a rever e identifi car efetivamente as mudanças com as quais está rela- cionado. Reconhecer de forma mais inteligente o mundo. Até a década 1990, entendia-se inteligência de uma maneira bem reducionis- ta, a avaliação focava na capacidade de responder certas questões. Os profi ssio- nais psicólogos que atuavam, no subsistema de Recursos Humanos – Atrativida- de e Seleção avaliavam os candidatos a postos organizacionais através de testes que identifi cavam o QI dos candidatos. Na última década do século XX, vamos ter a “inteligência emocional”, entendida como o potencial de cada indivíduo. Po- tencial este que nos habilita a concatenar conhecimentos e habilidades, e assim desenvolver efetivamente as atribuições e atingir os resultados esperados. 114 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Conceito de Inteligência Emocional (IE). A inteligência dos seres humanos até a década de 90, era reconhecida como a capacidade de conhecer, compreender e aprender. Ou seja, nossa capacidade de adaptação as novas situações. Mas, vamos ter ampliada a per- cepção com a publicação de artigos acadêmicos sobre as pesquisas de Peter Salovey (Yale University) e John Mayer (University of New Hampshire), em 1990. Que introduziram a ideia de emoções e senti- mentos no conceito de inteligência. Hoje se entende que para se obter resultados no exercício da atividade pro- fi ssional, é necessário contar com competências (conhecimentos + habilida- des) que habilitam a interação entre os profi ssionais, manifestas como: empatia, autocontrole, leitura de contexto, saber ouvir, comunicação etc. Questões que favorecem o domínio do grupo, demonstrando que o profi ssional dispõe de inte- ligência emocional, pois apresenta atitude positiva para estimular a reação dos colegas. Assim, temos a atitude, o último item que compõe a competência = co- nhecimento + habilidade + atitude. Caracterizando a competência emocional, que por ser um comportamento humano é possível de ser aprendido. Então estamos estudando o coaching como um processo de relacionamento entre coach (que deve ser um profi ssional gabaritado para a questão) e um outro individuo (coachee). Seria um profi ssional que reconhece de certa forma que seu desempenho pode ser melhorado (não só na ótica da empresa, como no pessoal, pois estar bem nestequesito favorece o particular). O processo é concebido como um método que conta com: avaliações, refl exão sobre os valores e a motivação, estabelece metas (sempre mensuráveis, para minimizar a subjetividade), desen- volve plano de ação com foco em desenvolver as competências e reconhecer os possíveis bloqueios que estejam difi cultando a evolução. 115 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 Figura 3 – Profi ssionais exercitando, inteligência emocional. Sugere que estão discutindo um relatório, são indivíduos de sexos e idades diferentes, fruto da diversidade comum nas organizações. Fator que cobra de todos os envolvidos em adaptações. O contexto organizacional, na atualidade, vivência diversidade, mudanças, entre outras questões difíceis de “trabalhar”. Fonte: https://t4.ftcdn.net/ jpg/04/93/22/19/240_F_493221997_700SRDbJGDKrEtxtnETDIRdcIHF9NUs4. jpg. Acesso em: 22 ago. 2022. Observe que a competência é defi nida como conhecimentos, habilidades e atitudes, ou seja, é o modo de ser do indivíduo que possibilita o trato do co- nhecimento e das habilidades que tenha para articular o meio. Assim, produzindo respostas que sejam produtivas. Paula (2005, p. 28) coloca que a manifestação da inteligência emocional é retrata quando o individuo trabalha suas habilidades como: “empatia, autocontrole, leitura de contexto grupal, saber ouvir, comunica- ção etc.”. Ao conseguir “trabalhar” todas estas competências, deveras necessá- rias na atualidade organizacional, o individuo demonstra maturidade e “base” para evoluir na empresa. Mas, não se tem defi nida quais competências devem ser desenvolvidas, rumo ao sucesso organizacional, deve-se considerar a profi ssão, o cargo, o papel, a proposta de negócio da empresa, sua cultura e clima organizacionais, entre ou- tras questões para se identifi car quais competências devem ser trabalhadas para que a manifestação das mesmas promova diferenças, ou melhor, possibilite rumo ao sucesso. Paula (2005, p. 29) aponta a ideia que “lidar com as pessoas’ é um fator fundamental no contexto organizacional, deve-se saber trabalhar as profi ssionais, 116 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG para assim atingir a propostas buscadas. “O fator humano’ é a diferença. As com- petências técnicas são aprendidas através da formação acadêmica e da experiên- cia profi ssional, já as competências interpessoais são exercitadas quando se foca na maturidade pessoal (“valores, desejos, defesas etc.”). Os profi ssionais que focam em suas carreiras, ou as vezes só interessados em evoluir momentaneamente, devem ter o entendimento que o “conhecimento específi co na área de atuação (especialista)” é necessário. Mas, deter “habilida- des múltiplas” na questão das relações humanas, mais ainda. Pois no Brasil, em especial, evoluir na carreira passa pela condição de chefi a. As empresas de pe- queno e médio porte são as que mais contratam, praticamente 70% da mão de obra brasileira. Então para evoluir nestas organizações é necessário assumir a gestão de algum departamento. E saber tratar com o próximo é fundamental. No Brasil, cobra-se esta situação. Inteligência Emocional, um bom livro para trabalhar a carreira profi ssional. GOLEMAN, DANIEL. Foco: a atenção e seu papel fun- damental para o sucesso. Trad. Cássia Zanon. Rio de Janeiro : Ed. Objetiva. 2014. Trabalhar no século XXI requer evoluir sempre, então de uma visão de espe- cialista deve-se investir numa educação continuada e caminhar para uma visão generalista. As mudanças nos negócios, nos mercados, na tecnologia, nas ciên- cias cobram, saber mais e sempre. Os estudos em andragogia nos indicam que o individuo aprende sempre. A capacidade de aprender e reformular os próprios saberes é constante. Então na atualidade, frente a todas estas demandas e sabe- res, fi ca patente que devemos estar sempre aprendendo, para poder decodifi car o meio e poder apresentar respostas ou comportamentos que atendam nossos interesses e da organização. Assim, adquirir competências interpessoais que nos capacitem a evoluir profi ssionalmente. Estudiosos em psicologia, pedagogia e psicopedagogia nos colocam que o adulto apresenta autodeterminação para aprender, necessita identifi car o mo- tivo de seu aprendizado. E especialmente, confi ar e acreditar em seu orien- tador. Junto a este paradigma devemos discutir outra questão que envolve os profi ssionais na atualidade, são cobrados a se reformularem, a responder pron- tamente, a fl exibilizar as relações trabalhistas, a competir com os colegas, entre outras situações (PAULA, 2005, p. 30). 117 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 Todas estas questões demandam muito de cada um promovendo desgastes físicos e psicológicos (situações já discutidas no primeiro capítulo). Os profi ssio- nais ao serem cobrados não tem considerados o custo pessoal de tal reformula- ção. O custo de rever valores, crenças e desejos. O desgaste é grande, como pode uma pessoa aumentar sua performance? [...]. Por não trabalhar adequadamente esses aspectos, o profi ssional vai apresentando, cada vez mais, um declínio no rendimento. Sem um suporte emocional inserido no contexto profi ssional, ele se perde e perde a sua capacidade criativa em troca do estresse (PAULA, 2005, p. 32). No momento apresentamos a primeira questão que discute como o proces- so Coaching favorece a ação do coachee, na percepção das questões do mundo do trabalho, de hoje. O coach ao discutir as questões torna possível a identifi ca- ção de alternativas que possibilitarão melhor desempenho. Andragogia, discussão sobre o aprendizado dos indivíduos adul- tos. Teve seu início na década de 1970. Baseia-se no conceito que os adultos requerem motivação e autoconhecimento para aprender. O estudo busca as melhores práticas e estratégias para ajudar os adultos no processo de aprendizagem. É conhecida, também pelo termo “aprendizagem ao longo da vida”. Um outro passo, a ser reconhecido, é trabalhar o profi ssional num contexto “integral”. Entende-se que o sujeito integral é a ideia de perceber o ser humano em todos os seus aspectos, a saber: o profi ssional (desejos, crenças e valores) e a tra- jetória profi ssional; o pessoal (família, relacionamentos, desejos, crenças e valores); o social; o fi nanceiro e por fi m a saúde (física e mental) (PAULA, 2005, p. 33). Estamos identifi cando a subjetividade humana, a questão que torna o indivi- duo único, mesmo este compondo um contexto bem conhecido, semelhante, será único, pois sua história e percebida/interpretada de forma única por ele mesmo. Então convivemos nas organizações com colaboradores que podem identifi car o contexto como positivo e já outros não. Uns produzindo em sua plenitude, outros não e até apresentando implicações na saúde física e mental. No processo coaching, o coach deve reconhecer o coachee e sua sub- jetividade, pois nesta circunstância como colocado acima deve-se reconhecer o 118 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG histórico do indivíduo e como este se apresenta no momento do processo, pois é este cenário que deve ser decodifi cado e é dele que se parte para caminhar, positivamente, não só para indivíduo, como para a organização. Temos diversos sujeitos com doenças físicas e mentais, decorrentes da não assimilação plena do contexto organizacional e social do trabalho. Por exemplo, as doenças profi ssio- nais (DORT, LER, entre outras) e temos desde o fi nal do século XX para cá, mais doenças profi ssionais decorrentes de esgotamento emocional (Síndrome de Bur- nout, Depressão, Ansiedade, entre outras). É comum, aos profi ssionais não identifi carem sozinhos, que sua insatis- fação com o enquadramento cobrado pela instituição, potencializa questões de saúde (física e mental), como também de desempenho. O coach ao desenvolver uma “visão integral” se compromete junto ao coacheea rastrear a “origem das insatisfações”, e identifi car alternativas para lidar com estas questões, sejam “in- ternas ou externas”, ao contexto trabalho. “O trabalho pode adquirir um caráter preventivo, evitando que a pessoa chegue a apresentar a sintomatologia” (PAU- LA, 2005, p. 34). Continuando, no reconhecimento de como se dá o processo coaching e como este favorece a ação profi ssional e sua percepção da mudança com a qual se convive constantemente. Deve-se identifi car que ao “trabalhar”, o coach e o coachee, vão discutir questões de cunho “emocional”. Mas, deve fi car claro ao nosso leitor que o processo coaching não é um processo terapêutico, indepen- dente da abordagem psicológica que se observe (PAULA, 2005, p. 35). O conceito psicológico de Subjetividade nos coloca que é um constructo particular de cada indivíduo, onde se hospeda sua opi- nião sobre as questões (mundo interno ao indivíduo) e que por es- tas ele se relaciona com o social (mundo externo ao indivíduo). Tal hospedagem resulta na singularidade de cada um. Estabelecendo suas crenças e valores. E é esta singularidade que manifestamos em nossos relacionamentos, sejam quais forem, daí seremos únicos, particulares. 119 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 “O campo de atuação do coach não abarca as questões pessoais do indiví- duo, embora percorra seu emocional.” Ambos durante o processo reconhecerão as “questões emocionais” decorrentes das experiências de dia a dia que importu- nam o coachee, a fi m de conseguir identifi car “com clareza suas emoções”. Re- conhecendo as emoções será possível atuar de forma mais “segura e coerente” frente as demandas profi ssionais. Não cabe analisar e sim reconhecer. E através das técnicas discutidas no Capítulo 2, promover alternativas de comportamento para sanear o problema apresentado (PAULA, 2005, p. 35). Algo que exemplifi ca, a colocação anterior seria o coachee fi car tenso a cada “reunião de apresentação das atividades desenvolvidas durante a semana”. A reunião ocorre todas as se- manas, desde que iniciou na empresa, todos os participantes são seus colegas. Esta é uma demanda possível de ser trabalhada pelo coach, já se for iden- tifi cado alguma demanda pessoal que esteja de qualquer forma interferindo no desempenho do profi ssional; um fato comum e até corriqueiro, pois nenhum ser humano se apresenta partido, no trabalho. Não há a parte que trabalha, quando a outra parte chora o luto de uma morte em família. No caminho de trabalhar a percepção da mudança deve-se discutir a atitude do coach como um agente de desenvolvimento. A atitude manifesta do consultor, na interação, já se identifi ca aprendizado de “comportamentos” por parte do coachee, comportamentos essenciais ao desenvolvimento profi ssional, indepen- de do cargo ou papel que o coachee esteja vivenciando no momento. Só lembran- do, tudo que se trabalha no método é o que está ocorrendo e o que se pretende para o amanhã, ou seja, buscando resultados. Paula (2005, p. 36) esclarece ainda mais Com base na postura profi ssional do consultor, muitos concei- tos e muitas atitudes podem ser elaborados. Alguns exemplos: a forma como o coach aplica seus feedbacks; a forma como o coach recebe ou, quando não recebe, solicita feedbacks ao cliente; o planejamento do trabalho; o relacionamento cliente/ fornecedor; o restabelecimento de relação interpessoal; a co- municação; a negociação; a empatia. 120 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Premissas científi cas que sustentam a método coaching: (1) todos os comportamentos resultam em consequências positivas ou negativas para o individuo e para os que estão à sua volta. (2) com- portamentos com consequências positivas tendem a serem repeti- dos. (3) explorar e modifi car valores, motivação, crenças e emoções, pode resultar em uma mudança signifi cativa comportamental. A atitude do coach promoverá vivência ao coachee que se identifi ca como “um laboratório de aprendizado”. Discutindo a atitude, o passo a passo desen- volvido, possibilita “interpretar e dar outro signifi cado” a temática, permitindo uma outra visão do contexto e da percepção do coachee. Assim, trabalhando sua per- cepção e promovendo mudança, objetivando uma ação profi ssional de resultados (PAULA, 2005, p. 36). Trabalhando no laboratório de aprendizagem podemos tornar mais transpa- rente ao coachee, suas vivências e o como estas implementam ou não seus com- portamentos, decisões, suas técnicas, seus planos, suas colocações entre outras ações (PAULA, 2005, p. 37). É a prática do “saber ouvir” que favorece tal questão, tanto por parte do coach, como coachee. “Ouvindo a si mesmo” o coachee promoverá um exercício importante no des- vendar – o autoconhecimento. Percebendo melhor a si mesmo, identifi cando suas pretensões, suas emoções e o como melhor “lidar” com elas. O trato implicaria em: em relacionar outras visões sobre o contexto, novas formas de administrar e gerir, perceber a si mesmo (sentimentos), trabalhar a autoestima, a autocon- fi ança, reconhecer potencialidades, orientar ou reorientar carreira, saber focar e desenvolver a capacidade crítica (PAULA, 2005, p. 37). 121 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 Figura 4 – Profi ssionais exercitando o laboratório de aprendizagem. Os dois profi ssionais interagem discutindo alguma atividade profi ssional, o que possibilita se reconhecer os saberes necessários à discussão, à tranquilidade Fonte: https://t4.ftcdn.net/jpg/04/92/54/73/240_F_492547314_ RY70OdJgKFozgd9fXGmFBsAo3eLmrPIt.jpg. Acesso em: 22 ago. 2022. Analisando o método Coaching, percebe-se no passo a passo que o profi s- sional do nosso século deve ter reconhecido quando acompanhado em seu de- senvolvimento profi ssional, o aspecto da inteligência emocional; a ideia de um ser integral; que mesmo convivendo com questões de cunho emocional não é um processo terapêutico; que o próprio processo é utilizado como laboratório de aprendizado; onde se vivencia e se observa atitudes e comportamentos pertinentes a um desempenho organizacional, em busca de resultados. Todos estes fatores ao serem trabalhados, favorecem uma melhor percepção do contexto. As diversas mudanças de conjuntura da atualidade serão mais bem absorvidas pelos profi ssionais e as organizações irão usufruir dos benefícios, em especial se estabelecerem um programa com a liderança. Paula (2005, p. 39-40) discute basicamente os seguintes benefícios, com os quais as empresas poderão contar: (1) Desenvolvimento em cadeia, o desempenho do líder favo- rece a equipe; (2) Maior sinergia grupal, o desenvolvimento do líder promove desenvolvimento nos liderados; (3) Estimulação 122 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG da criatividade, quanto mais competências desenvolvidas, menos controle e mais empoderamento dos profi ssionais, fa- tores que estimulam a criatividade; (4) Melhoria no processo de tomada de decisões, num ambiente criativo e participativo o processo decisório fl ui; (5) Saúde dos profi ssionais, todas as questões já apresentadas implicam em um clima organi- zacional positivo o que só favorece a saúde ocupacional; (6) Confl uência de objetivos, com menos energia desperdiçadas nos confl itos os profi ssionais se contará com uma cultura or- ganizacional benéfi ca a todos o que favorece (7) a Retenção de talentos. Laboratório de Aprendizagem: espaço organizacional onde os contextos são discutidos, de sorte a promover a aprendizagem. Tal interação desenvolve competências entre os profi ssionais. As colocações até então sugerem a necessidade de mudança de paradig- mas, no contexto organizacional, pois não se apresenta como razoável apenas os profi ssionais cederem a nova conjuntura, sem contrapartida organizacional. Então no ensejo de reter seus talentos, as empresas estão decodifi cando as demandas dos profissionais e se acomodando aos novos tempos. O processo coaching capacita a cada dia mais os profi ssionais, que ao se prepararem desenvolvem a comunicação, sendo mais objetivos em suas interlo- cuções, tomando posse de suas pretensões de carreira, minimizando a frustação que deteriora o desempenho. Tudo isto, eclode em um diálogo maduro de ambas as partes, que reformula a estrutura e as políticas de recursos humanos. Assim, as empresas se enquadram no novo contexto, onde os profi ssionais já dominam seus interesses e os interesses organizacionais, identifi cando e enquadrando seus interesses nos interesses organizacionais. (PAULA, 2005, p. 40). No laboratório de aprendizagem, coach e coachee, ao desenvolverem o pro- cesso de coaching irão aprender e decodifi car as mudanças do contexto, reco- nhecendo quais comportamentos desenvolver para poder apresentar o desempe- nho esperado. Pesquisas paralelas, apontam que os indivíduos, de modo geral, relaxam quando em campo conhecido ou dominado. Então, um item que deve ocupar a atenção do coachee e seus “pontos fortes”, então mesmo em situ- ações aparentemente positivas não se deve perder o foco e seguir até obter o esperado. Outro seria que o processo é personalizado, o que cabe para um coachee, não deve caber em outro. Não estamos frente a uma receita de bolo, 123 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 não é possível repedir os ingredientes e contar com o mesmo resultado (PAULA, 2005, p.126-131). Uma outra questão presente no laboratório de aprendizagem é o estabe- lecimento do vínculo, o coach ao estabelecer o contato com o coachee deve possibilitar “sintonia”, decodifi car os “confl itos e problemas” que resultam, no mí- nimo em um desempenho aquém. “Respeitada a imparcialidade necessária para se obter a visão do conjunto, o coach tem de ver no coachee a ansiedade, o entu- siasmo, a angústia, a suavidade ou a agressividade. É preciso enxergar a pessoa inteira (PAULA, 2005, p.131-132). Premissas científi cas apontando mais 4 premissas que susten- tam a método coaching: (4) através da enumeração do comporta- mentos do indivíduo, da aprendizagem, do reforço através da monito- ração e avaliação para consolidar a mudança, tem-se o crescimento pessoal e profi ssional, (5) o aprendizado como é acompanhado pela refl exão do processo pode ser transferido para outras situações, (6) o individuo é entendido como um “sistema” que se aloca dentro de outros “sistemas” e é afetado pelas mudanças constantes de todos, (7) decodifi car as mudanças de comportamento, requer trabalhar a dinâmica do ser humano, e de todo o contexto. Evoluindo em nosso laboratório, vamos nos deparar com o “processo de- cisório”, tem-se na literatura da administração/gestão diversas ferramentas e/ou softwares para a resolução de situações, pendências, entre outras questões que acompanham o coachee na organização. Mas, até hoje não temos nenhum que decodifi que “as emoções” que as questões despertam nos indivíduos. Então deve- -se reconhecer as “competências fundamentais”, como as “competências necessá- rias” ao papel organizacional. E só então desvendar como as emoções permeiam a questão identifi car o como trabalhar este contexto (PAULA, 2005, p. 136-139). As emoções ocupam “lugar” de relevância no processos decisórios da ges- tão. Devem ser analisadas para só então se decodifi car a causa real de algum desagravo ou comprometimento ao resultado esperado. “Todo mundo gosta de pessoas seguras de si, desde que não apresentem traços de arrogância ou de empáfi a”. [...] A autoconfi ança é uma competência emocional importantíssima” (PAULA, 2005, p. 139). 124 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Frente a todas estas demandas cabe relatar a importância da comunicação: (1) não há uma única forma de comunicar um fato; (2) um mesmo fato expresso de formas diferentes, apresenta resultados diferentes. “As pessoas reagem e se defen- dem com base em suas vivências, movidas por questões emocionais do momento, com base na forma como recebem as mensagens. Por isso a nossa comunicação pode provocar ou atenuar reações defensivas” (PAULA, 2005, p. 151-154). Já é claro que as emoções podem implicar em visões distorcidas do contexto, e que podem promover uma “cadeia” de percepções equivocadas. Só comparadas, possivelmente com a troca de gestão superior. Os profi ssionais, sejam de qual nível hierárquico forem se apresentam resistentes a uma nova gestão. É uma mudança e necessita ser tramalhada para ser assimilada, difi cilmente será tranquila. Para fi nalizar, toda esta prática torna os profi ssionais mais conscientes de si mesmos e dos demais, o que promove responsabilidade sobre suas ações. Então com uma melhor percepção da evolução ou mudanças do contexto organizacional tem-se: aumento do desempenho individual; do autoconhecimento, o que possi- bilita o entendimento sobre atualização continua; satisfação e realização com a atividade laboral; aprendizado e desenvolvimento; o reconhecimento dos demais e a potencialidade destes. Saber fazer não signifi ca fazer acontecer, é um dilema na prá- tica da gestão. O profi ssional de gestão, mesmo dominando o con- texto, nem sempre sabe articular a todos os envolvidos. E promover ações que resultem em resultados esperados. 125 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 2 Uma empresa multinacional, do ramo da saúde, buscando conso- lidar a fusão com empresa nacional contrata uma consultoria. O objetivo maior é a acomodação dos executivos nacionais a nova cultura e ao ritmo de trabalho proposto. Vamos conhecer o relato de um dos executivos no primeiro contato, está descrito abaixo. Você deverá determinar se tal questão cabe ou não a um coa- ching, do aspecto profi ssional? E por quê? O executivo conta que não se acomoda ao ritmo de seus parceiros e colaboradores, pois eles não desenvolvem como é esperado. Nosso executivo mante reuniões diárias com o grupo e este não se acomoda. Sua responsabilidade é a área de marketing e seus colegas não identifi cam claramente que a ação requer dominar as práticas e o idioma. Os colaboradores do departamento espe- ram constantes “agrados”, mas o trabalho só deve ser reconheci- do quando apresenta resultados. Está muito difícil trabalhar com eles, desconheço os colegas, antes eram bem mais cordados e parceiros. Por que não o são hoje? É um problema passível de ser trabalhada através da ferramenta co- aching? Sim ou Não. Por quê? 2.3 DINÂMICA DO PROCESSO O fundamento do coaching se baseia nas ciências do comportamento, seria a Psicologia, a Sociologia e a Andrologia. Teorias que se fundamentam no confl i- to interpessoal e na qualidade de vida no trabalho. A grande maioria de nossos resultados depende de nossa comunicação, principalmente quando estamos no papel profi ssional. Todos se comunicam. Os gestos principalmente revelam, os movimentos, as expressões muitas vezes revelam mais sobre uma pessoa do que as suas palavras. A comunicação não verbal tem muito a dizer. Os confl itos estão frente a diversos contextos, a interação de confl itos ine- rentes aos grupos, como já descritos, não são necessariamente prejudiciais ao meio, podem ser destrutivos ou não. O confl ito possui inúmeras funções positivas, vamos discutir: rompe rotinas, mobilizar a energia do indivíduo, de- safi a acomodações, desvela problemas escondidos, aguça a percepção, estimula 126 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG a criatividade para a solução mais inovadoras. Situações diversas que interagem em um todo dos contextos. Neste espaço organizacional, quando há confl ito, qualquer defi nição de tomada de decisão, mesmo as mais simples, vão im- pactar no resultado. Os profi ssionais não sabem se colocar corretamente e há desgaste. Há questões latentes, que não se resolvem. Ficam empatando o contexto. “O latente faz parteda vida, toda vez que ocorre um desconforto numa relação interpessoal e não é resolvido, tem uma grande probabilidade de se instalar ali um latente” (ZAHAROV, 2010, p. 118). O latente requer resolução, pois fi cará indo e voltando na concepção do indivíduo, e o desgastante com isto. A concepção de “idade e tamanho”, não reformula a questão. O que vai prejudicar os relaciona- mentos hoje e sempre. “O que acontece é o que o latente só se desfaz quando esclarecido e resol- vido”. A resolução decorre do individuo que está se sentido incomodado com a questão. É este que busca resolver a pendência (ZAHAROV, 2010, p. 119). De- ve-se resgatar a resolução para assim resolver as pendências que incomodam os relacionamentos e então caminhar em frente. Confl ito organizacional é comumente decodifi cado como oposi- ção à cooperação, pode ser um contexto que não segue à frente de um ou mais grupos. Possível haver a manifestação de situações ne- gativas que não favorecem o andamento dos processos. Tem-se falta de confi ança e não comunicação. “Muitas pessoas acham que “ensinam” o outro a não repetir o que lhe fez de ruim ou que conseguem mostrar como esse outro lhes atingiu “dando o troco na mesma moeda” (ZAHAROV, 2010, p. 120). Estas questões não se resolvem as- sim. É difícil decodifi car que a mesma ação resolve o problema. Algumas providências que favorecem a resolução de confl ito: discutir sobre você e não do outro, só descrever, não inter- pretar, olho no olho, não julgar, falar no momento oportuno, observar a coerência entre a comunicação verbal e não verbal, ser específi co, esclarecer como busca ser tratado, saber ouvir com atenção, manter a mente aberta (sem preconceitos ou jul- gamentos), me manter aberto a interação (sem se ressentir), 127 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 conferir o entendimento de todos, contratar s mudanças (ZAHAROV, 2010, p. 121). Para que ocorra a resolução de confl itos organizacionais, é necessário esti- mular a comunicação não violenta entre os indivíduos; trabalhando um com os outros sem que se espere que o outro seja igual a você. Decodifi cando as neces- sidades e interesses decorrentes de tal comportamento. Outra ideia é prevenir o confl ito, a maturidade pessoal permite que se decodifi que os demais e se resol- va questões pendentes. Cada gestor pode facilitar a construção de um clima de trabalho saudável e produtivo fazendo vir à tona o que estiver latente resolvendo suas difi culdades e semeando bons resultados. As diferenças pessoais podem promover grandes viés de resultados (ZAHAROV, 2010, p. 121-124). Figura 5 – Exercitando a comunicação. Quem interage com quem? Fonte: https://t4.ftcdn.net/jpg/04/92/40/85/240_F_492408581_ Xy9MJxnfFGZkRgU6RGYcZ1BsXA2NabK1.jpg. Acesso em: 22 ago. 2022. A melhoria do desempenho, ou desenvolvimento pessoal, quando os indiví- duos se encontram no processo coaching será trabalhado: (1) as crises situacio- nais, ou seja, algo que não está bem, se cria uma situação organizacional inédita, que pode ser interpessoal, intrapessoal ou do ambiente. De modo a promover a vivências e desenvolver o aprendizado. (2) é possível que haja, também interações problemáticas, onde ocorre difi cul- dade em implementar competências e ações comportamentais novas ou diferentes. 128 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG (3) há os processos patológicos, onde os administradores apresentam es- tilos de gestão que não são compatíveis ou são irreais para resolver problemas nas empresas, nos grupos de trabalho, entre outros. Os gestores contam com uma percepção equivocada da realidade. Um exemplo seria a gestão divulgar que a empresa irá lançar uma linha de produtos, de tecnologia 5G, e tal situação vai atingir 100% do nicho de mercado, no próximo ano. Ainda não temos esta situa- ção defi nida no país. O coaching pode ser entendido como um processo prescritivo, ou seja, dita regras, instrui sobre o que fazer. A base conceitual se utiliza da orientação cogniti- va comportamental (que discutimos no capítulo 02) para criar o entendimento do que é necessário. Qual o interesse, os impedimentos e os resultados esperados pela intervenção do coaching. Na abordagem cognitivo comportamental está en- raizada na teoria comportamental e a perspectiva da dinâmica interpessoal. Estilo de gerenciamento seria a descrição dos métodos que o gestor utiliza para gerenciar os colaboradores. Possível defi nir como se organiza o trabalho, se toma decisões, se planejam e se usa a au- toridade. Alguns exemplos: gestão democrática, gestão inspiradora, gestão meritocrática. O processo prescritivo do método coaching consiste: na intervenção ativa, na motivação individual e no estabelecimento de atividades envolvidas na ques- tão mudança (a percepção desta e comportamento novo). Há também a interven- ção psicoeducativa, que trabalha os conhecimentos e habilidades básicas para o papel organizacional. Uma outra muito importante é a diretiva. Que estabelece metas, e apresenta alternativas. É um processo estruturado (com começo, meio e fi m = resultados). Orientado para soluções de problema, que seria transfor- mar as reclamações e os problemas em eventos de resultados. É dinâmico, não psicodinâmica, focado em esquemas cognitivos comportamentais. Que buscam resultados, não se centra nas emoções. Colaborativo analisa o como o indivíduo pode contribuir com o processo, no aqui e agora. Dispõe de tempo limitado, as reuniões e intervenções obedecem a uma agenda, sem pendências. E por fi m, foco no resultado/solução, acompanhar os clientes e desenvolver soluções. 129 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 Quadro 1 – Modelo de estudo do processo coaching Fonte: a autora (2022). O processo prescritivo examina as relações entre pensamentos, sentimen- tos, ações, contextos social/cultural e contexto interpessoal. Todo este item para reconhecer o individuo em sua totalidade. As dimensões do processo prescritivo, nos apresenta que seriam: a in- terpessoal, relação entre as pessoas; a comportamental, ações específi cas; a cognitiva, os pensamentos e as crenças; a emocional, que são os sentimentos e a importância que o indivíduo reconhece. E por fi m, a cultural, que relaciona os aspectos sociais, éticos, das empresas nacional ou as multinacionais. As estratégias do processo prescritivo retratam seu desenvolvimento (todas válidas, mas não ao mesmo tempo, o que estamos fazendo, dar clareza ao processo) é desenvolvido pelo coaching, onde o coach trabalha com acompa- nhamento de resultados específi cos objetivamente relatadas (mas não se limita a elas), com metas individuais de resultados e produtividade. Normalmente de curta duração. E na consultoria, o coach/consultor atua como um conselheiro, avaliador que pode oferecer ao executivo o feedback sobre uma ampla gama de questões profi ssionais e pessoais. Isso é um processo contínuo. Na organização, temos o subsistema T&D com foco no desenvolvimento e aprimoramento de habilidades, avaliação, construção e fortalecimento de competências. Normalmente feito em uma breve apresentação ou workshop (1-5 dias de duração) ou por meio de série de workshops. 130 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Subsistemas de RH é a divisão de tarefas do departamento de recursos humanos, que são varias. Ou seja, quando se ouve sobre sistemas e subsistemas de RH, pode-se entender que o Recursos Hu- manos é um guarda-chuva principal (o sistema), subdividido em ações estratégicas voltadas para a gestão de pessoas (seus subsistemas). Pontos que caracterizam: o coaching trabalha o aqui e o agora, o presente e o futuro; discute as habilidades; sempre busca dados para assessorar ampla- mente o coachee; mantem relacionamento interpessoal constante, mas contorna questões pessoais. O processo ocorre no espaço organizacional e as informa- ções trabalhadaspodem ser divulgadas. Trabalhando os itens que caracterizam: o coaching discute com o coachee o aprendizado das habilidades e conhecimentos adquiridos no treinamento, se- ria um reforçamento secundário para o comportamento adquirido, um processo por razão variável, que é sustentada pela teoria de aprendizagem com mudança de comportamento. É um processo personalizado, que avalia as necessidades, mantém o foco no problema, não se preocupa com as reclamações. Acompanha atentamente os fatores de relacionamento. Encorajando a fl exibilidade. Identifi cando o profi ssional que deve ser trabalhado pela ferramenta coaching: os que manifestam falta de habilidade ou experiência para o futuro, apresentam poucos problemas relacionados ao trabalho hoje, apresentam inabili- dade de focar no sucesso, contam com prontidão sufi ciente para mudar, é um indi- víduo maduro (maturidade que não tem relação efetiva com a idade cronológica), se mostra autodirigido na atividade e é especialmente responsável e cooperativo. Objetivando se ter um melhor entendimento do processo coaching: apontamos o que um profi ssional pode manifestar e que não cabe a utilização da ferramenta. Quando este manifesta atitudes negativas frente a empresa, tem mui- tos problemas relacionados ao trabalho, só se foca nas experiências negativas, tem baixo nível de prontidão para mudança, imaturo, comumente culpa os demais e não colabora. Habitualmente não se caracteriza em um processo de coaching. O resultado do processo coaching se apresenta efetivamente frente aos pro- fi ssionais que gozem de expectativas positivas quanto ao seu desempenho atual ou futuro para a empresa. 131 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 Para desenvolver o processo cabe o conhecimento da empresa primeira- mente, então dominar a cultura organizacional, os produtos, os serviços, a história (as possibilidades e os sucessos), a estrutura. A missão e a visão organizacional. Para assim, delinear um diagnóstico organizacional. Comportamentos negativos que afetam o desempenho no trabalho: falta de confi ança em si, falta de apoio organizacional, temer o fra- casso ou o erro, se identifi car como incapaz de ter sucesso, não sa- ber organizar e planejar. Assim, se reconhece o motivo da empresa para fazer uso da ferramenta. Ca- racterizar o porquê da iniciativa. É possível uma ação enquanto consultoria, ou seja, alguém contratado; como também um profi ssional que manifeste o interesse em colaborar com os colegas e a empresa, assumindo o papel de coach. O profi ssional coach (independente de contratado ou da empresa) em pa- ralelo ao domínio das informações empresariais deve conhecer a experiência do coachee, especialmente na organização. Buscar que este mensure e qualifi que sua difi culdade quanto a gravidade do problema (de zero a dez). Se já buscou alternativas de resolução. Se identifi ca o motivo do não acerto até então. Quem reconhece como parceiro na organização. Se os profi ssionais hierarquicamente superiores estão motivados pelo seu trabalho. Quanto tempo se tem para apre- sentar os comportamentos de mudança? Ou seja, quais são os resultados es- perados. Desenvolver um cronograma para as mudanças de curto prazo (1 ou 2 meses), de médio prazo (1 a 6 meses) e por fi m de longo prazo (+ de 6 meses). Sempre ter presente que a ferramenta coaching se presta ao aqui e agora. A dinâmica do processo coaching considera o peso das emoções no dia a dia do trabalho, e especialmente entende que as emoções são contagiosas: Emoções e sentimentos são, hoje, considerados componentes essenciais tão válidos quanto ideias e conhecimentos em qual- quer situação humana. Atitudes, crenças e estados emocionais podem provocar reações em cadeia que afetam a química do sangue, a frequência cardíaca e a atividade de cada célula e sistema orgânico do corpo (ZAHAROV, 2010, p. 155). As emoções que vivenciadas se relacionam com os pensamentos e infl uen- ciam o bem-estar físico do indivíduo. Deve ser claro a todos, que o bem-estar 132 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG interfere no desempenho dos profi ssionais, pois pesquisas desenvolvidas pelas ciências medicina, psicologia e biologia nos apontam que é signifi cativa a relação e interdependência entre a saúde e a vivência emocional do indivíduo. É só se ter atenção aos chamados efeitos placebos, quando nos referimos a problemas de saúde. E ao efeito nocebo, quando nos referimos aos pensamentos negati- vos. “Não há nada de místico nisto, é a interação mente/corpo se manifestando” (ZAHAROV, 2010, p. 157). O efeito placebo e nocebo são efeitos relacionados às expectati- vas positivas e negativas dos indivíduos. O feito placebo se dá quan- do determinada substância ou procedimento produz um efeito fi sioló- gico positivo. O efeito nocebo acontece quando, algum procedimento adverso, nada mensurável imprime sintomas ou sensações estra- nhas, como adormecimento nas mãos, boca seca, dor de cabeça, sem nenhum motivo aparente. O processo coaching trabalha a questão, pois é algo que ocorre no aqui e agora. “De nossos pensamentos se originam nossos sentimentos e estes por sua vez geram uma química que se instala em nossa fi siologia através da produção dos mais diferentes neurotransmissores (adrenalina, serotonina, entre outros) “. A tabela abaixo exemplifi ca: Pensamentos Emoções Consequências positivos ou construtivos. estado emocional de bem- -estar. favorece a busca do preten- dido. negativos ou destrutivos. desanimo, raiva, frustação, ansiedade excessiva. nocivas que bloqueiam ener- gia construtiva. Tabela 1 – O peso das emoções / Fonte: adaptado de Zaharov (2010). Os estudos das últimas décadas demonstram que os indivíduos “caminham” em direção às doenças emocionais ou físicas, nossos hábitos promovem saúde e longevidade. Outro conceito oriundo de tais pesquisas é que não temos consciên- cia que estamos indo “a caminho” das doenças, mas a consciência é necessária para desenvolvermos o caminho inverso. “Nesse processo, o cultivo de emoções positivas ´possui um papel relevante”. No Capítulo 1 apontamos o que o estres- se pode causar positivamente ou negativamente sobre nossa saúde (ZAHAROV, 2010, p. 157-158). 133 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 Figura 6 – O grupo de profi ssionais manifestam união decorrente de um bom clima organizacional Fonte: https://x.gd/uyStp. Acesso em: 22 ago. 2022. A emoção é consequência, não é causa. É comum em nossa “educação para nosso corpo físico, algum treinamento para o corpo mental, mas nenhuma educação para nosso corpo emocional. Aprendemos sobre as emoções com pessoas de nossa convivência, por imitação ou repressão” (ZAHAROV, 2010, p. 158). Tal aprendizagem, nem sempre se presta ao nosso papel organizacional. Mas, como sabemos o ser humano aprende e reformula comportamento, é neces- sário mudar a forma de identifi car os fatos para nos reformular. Então como fazer, iniciamos apontando que não é fácil, tem que se apresen- tar “persistência e determinação” para quebrar “o padrão”, é difícil reformular um pensamento que vem sempre a mente sobre o que é novo, ser temido. Por vez, para produzir sentimentos mais positivos, e quebrar o padrão, fazemos uso de prática de esportes, até mesmo uma “caminhada” para “combater o estresse e a tensão”. “É preciso que estejamos sempre treinando nosso mental para construir ideias com foco positivo” (ZAHAROV, 2010, p. 158). 134 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Efeito pêndulo: para as pessoas, de maneira geral, adotar qual- quer mudança se torna, via de regra, um processo trabalhoso. Cabe observar, que quando estamos nos referindo a mudança de compor- tamento humano, ocorre que no esforço de reformular seu compor- tamento equivocado, em determinada situação, tende a trocar pelo comportamentooposto. O que não se mostra positivo, pois extremos não são interessantes, temos que ter fl exibilidade. Um exemplo, de uma situação, onde a emoção pode ser consequência não causa seria: em empresas, é comum aos profi ssionais, menos qualifi cado, se tem “medo” do profi ssional técnico ou de formação superior, pensar que frente a esta fi gura sempre iremos errar, ou manifestar que somos incapazes. Ele será o profi s- sional que conseguirá as oportunidades buscadas pelos profi ssionais. No processo coaching como se estabelece planejamento, metas e resulta- dos. E todas estas questões decorrem de feedbacks orientativos. Não só positi- vos, mas orientativos. Pode-se colocar que: “o medo trabalhado não irá desapa- recer completamente”, “o aprendizado proporciona o saber lidar com a questão”, “não ser dominado pelo sentimento e sim ao identifi car suas reais competências para resolução” (ZAHAROV, 2010, p. 159). Um outro item do processo de reaprendizado das emoções, é entender que estas podem contaminar um indivíduo e pôr consequência os seus pares positiva ou negativamente. Maneiras negativas de enfrentar situações complexas maximi- zam os efeitos negativos à saúde do estresse, mas o inverso é verdadeiro, tam- bém, “posturas positivas diminuem o impacto do estresse no organismo” (ZAHA- ROV, 2010, p. 160). Cabe lembrar, que estas questões são produzidas por nos mesmos, ou melhor pela forma que identifi camos os problemas, então cabe utilizar nossa inteligência emocional para “lidar” com elas. O primeiro comportamento que manifestamos pode ser negativo, é natural, é o efeito ação – reação, mas persistir neste comportamen- to, já é uma não adaptação ao papel que estejamos desenvolvendo, seja ele qual for. “A negatividade geral um clima negativo que contagia a todos ao redor”, situa- ção comprometedora para os resultados empresariais (ZAHAROV, 2010, p. 160). Uma prática do processo coaching, é a tomada de consciência, seria o indi- viduo dia a dia identifi car quais emoções afl oram frente as questões do meio profi s- 135 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 sional, e registrar como se dá o enfrentamento das emoções negativas, este exer- cício gera a tomada de consciência das situações e de como são trabalhadas por ele. “A perturbação inicial que o choque causa, não é emoção negativa. Ela nasce quando aderimos a ela, alimentando-a, sustentando-a. Não podemos impedir a primeira reação mental, é um refl exo instintivo. Em sequência, nossos pensamen- tos subjetivos, que dão origem à emoção negativa (ZAHAROV, 2010, p. 161). A separação entre mente e corpo é na verdade ilusória. O pri- meiro momento da emoção negativa é natural, alimentar é que é o veneno. Todos nós temos o poder de fazer o outro se sentir melhor ou pior. (ZAHAROV, 2010). Um outro sentimento que impacta o papel organizacional é a ansiedade ex- cessiva, o que será ansiedade: Sentimo-nos incertos, agitados, intranquilos. Há uma sensação crescente de que algo está para acontecer, um vago sentimen- to de perda eminente. Os acontecimentos parecem escapar ao controle, parecem atuar de modo a nos prejudicar. Ansieda- de é o medo de ser magoado ou de perder alguma coisa [...]. Quer o medo seja real ou imaginário, a sensação é a mesma. A ansiedade varia da tênue apreensão [...], até o pânico desor- ganizador de uma pessoa incapaz de controlar suas funções corporais. A ansiedade em si não é uma coisa ruim, ela pode nos provocar para a ação em direção àquilo que estamos que- rendo. Há, porém, estados de ansiedade que bloqueiam nossa energia construtiva, sendo totalmente nocivos à nossa saúde e aos nossos resultados (ZAHAROV, 2010, p. 161-162). “Ansiedade, se caracteriza por vivenciar o futuro no momento presente”. Isto signifi ca que não se está focado na questão principal, que é o hoje. Então trabalhar, o foco do coachee, propicia vencer a questão que a ansiedade pode prejudicar. Na tabela abaixo retratamos os níveis de ansiedade: 136 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Níveis de ansiedade Qualidade da energia para o trabalho Baixo deixa o profi ssional prostrado, sem energia para agir. Apatia. Alto deixa o individuo estressado, dispende energia sem foco. Estresse. Médio inquietação que estimula a busca de soluções, sem tirar do equilí- brio. Criatividade e resolubilidade. Tabela 2 – O peso das emoções / Fonte: adaptado de Zaharov (2010). Observando a dinâmica do processo coaching, devemos apontar que todos os profi ssionais devem “alimentar” sua comunicação com suas emoções, a emoção “dá sabor” a comunicação. Deve haver coerência entre a fala e a expressão facial ou gestual, a credibilidade e a confi ança dos parceiros tem grande necessidade de reconhecer no profi ssional que se comunica a coerência e o envolvimento. 3 Vamos analisar um caso hipotético e apresentar uma orientação. Estamos em uma empresa nacional de médio porte, de construção civil, com estrutura organizacional enxuta. O Diretor presidente (proprietário) chama numa 2ª feira pela manhã, seu engenheiro mais qualifi cado, o Antônio. E coloca que a partir do próximo se- mestre o fi lho dele, o Engenheiro Moacir trabalhará na empresa. O Antônio é identifi cado pelo proprietário, como o profi ssional que melhor domina as questões organizacionais. O mais qualifi cado para desenvolver a integração do novo funcionário e apresentar quais seriam as propostas possíveis de serem desenvolvidas na empresa. Antônio, de modo geral reage negativamente frente a qualquer mudança. Como um processo coaching poderá facilitar ele nesta nova empreitada? 2.4 GESTÃO DE PESSOAS A ferramenta coaching se presta a auxiliar as pessoas a reformular seus comportamentos, especialmente os profi ssionais com foco em seus objetivos. O processo quando ocorre na organização contará com um produto importante, o melhor desempenho de seus profi ssionais. Na ação observa-se consistência, ca- pacitação favorável a mudança. O que desvenda o potencial de seus colaborado- res e maximiza os resultados. 137 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 Observa-se que profi ssionais de gestão que dominam as ferramentas coa- ching, manifestam resultados signifi cativos, pois conseguem trabalhar seus co- laboradores ou liderados, como também se desenvolver enquanto profi ssional e pessoa. Ou seja, fi cará demonstrado maior autodesenvolvimento, autoconheci- mento e capacidade de liderança. O que o gestor pode desenvolver de sorte a otimizar o trabalho organizacio- nal? Do gestor é esperado a facilitação para composição de um clima de “trabalho saudável e produtivo” que possibilite a todos os envolvidos manifestar seu poten- cial, trabalhar as contrariedades, engendrar condições para que se reconheça as difi culdades de “relacionamento com a efi cácia” e que evolua para melhor com o processo. “Pequenas diferenças nas causas podem se tornar grandes diferen- ças nos resultados. Conhecendo bem cada indivíduo da equipe, é possível prever comportamentos”. Ao se prevenir tais reações é possível atenuar comportamen- tos improdutivos (ZAHAROV, 2010, p. 124). Até quase o fi nal do século passado, se identifi cava que o controle era a palavra-chave, para trabalhar os profi ssionais da organização, é possível que até agora se encontre organizações brasileira que se apeguem a este princípio. E através do controle do grupo atinjam os objetivos propostos. Mas, tem-se obser- vados “indiferença ou aversão” a tal estratégias, pois se reconhece que o controle trunca a “identidade pessoal” (ZAHAROV, 2010, p. 125). O estilo de liderança que se observa historicamente no Brasil, é o autoritaris- mo. Característica que nos acompanha desde a industrialização e foi corrobora- da pela educação familiar e escolar, difundida especialmente no século passado. Mas, da década 1990 para cá vamos ter diversas organizações que com o objeti- vo de identifi car, melhor como se adequar ao novo contexto mundialde negócios implementam “novos paradigmas”, o principal a prática da Qualidade Total, “para cuidar da mudança de gestão e da forma de participação dos colaboradores como um todo, às vezes no formato de uma gerência ou de uma diretoria.” (ZAHAROV, 2010, p. 126). Psicologia para administradores. A teoria e as técnicas da li- derança situacional. BLANCHARD, K. H.; HERSEY, P. São Paulo: E.P.U., 1992. Um livro, que se apresenta como pré-requisito para tra- balhar a técnica “liderança situacional”. 138 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Neste momento histórico, identifi ca-se muita difi culdade por parte da gestão, de modo geral, de demonstrar estar aberta à colaboração de seus profi ssionais. A iniciativa ou a criatividade dos colaboradores incomodam negativamente. Esta difi culdade de acomodar as novas perspectivas do mundo do trabalho trouxe uma situação desconfortante, com gestores autoritários os profi ssionais cada vez mais competem entre si, e manifestam temores sobre a gestão. Mas, quando estamos já frente a Industria 4.0, onde a automação indus- trial ocorre através de diferentes tecnologias: inteligência artifi cial, robótica, inter- net das coisas, computação em nuvem. Questões que demandam muitas reformu- lações em todos os setores de negócios. Tais inovações melhoram os processos e aumentam a produtividade. O que requer mão de obra, que cobra um modelo de gestão mais” parceiro”, “mais horizontal”, “que não privilegia uns em detrimento de outros”. Fatores dão origem ao “respeito pelas pessoas”, “abre espaço para dife- renças”. É assim que se observa desempenho que promove resultados. E neste momento do contexto de negócios brasileiro que passamos a identi- fi car que nas empresas os gestores que são mais abertos a participação de seus colaboradores são melhor vistos. E poderemos identifi car que: O papel do líder neste novo milênio é muito mais o de um coa- ch, um orientador, do que propriamente o de um “chefe” naque- le conceito tradicional. A liderança efi caz consiste em fornecer aos colaboradores o que eles ainda não conseguem suprir por si próprios. O objetivo das ações do líder é criar condições para que as pessoas se tornem cada vez mais dirigidas e produtivas por si mesmas (ZAHAROV, 2010, p.126). A presença hoje da diversidade, com profi ssionais de diferentes formações, experiências, idades, credos e valores. Todos com sua própria visão sobre o signi- fi cado do trabalho. Fator que cobra da gestão uma percepção mais detalhada do contexto, pois não se mostra mais possível tratar todos de igual forma, “nivelando por baixo”, não é tratar uns melhores que outros, e sim identifi car as diferentes necessidades de cada um em saber trazê-las para o contexto, promovendo ações colaborativas/participativas. Temos na atualidade o conhecimento de uma técnica que se bem trabalhada torna transparente o assunto liderança, para os gestores. Tema que sempre se apresenta “complexo para o mundo corporativo”. Uma técnica de grande sucesso desde que foi apresentada a nós no Brasil, 1992. Por tornar compreensível, a ve- teranos ou a iniciantes, o papel do gestão. Trazer a pauta os estilos de liderança, tornando-os mais efi caz, pois orienta como adequar a liderança a cada situação. Aqui está o ponto chave – trabalhar situação a situação (ZAHAROV, 2010, p. 126). 139 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 Líder situacional é aquele gestor que adapta o comportamento as diferentes situações que o contexto organizacional manifesta. A capacidade de adaptar o comportamento gerencial ao nível de matu- ridade dos é o buscado na técnica. Para trabalhar situação a situação, requer um “processo de escolha” que deve constituir a maneira de conduzir a equipe, com base na análise de critérios: (1) a natureza da situação e (2) a maturidade do grupo. Vamos acompanhar me- lhor a ideia nas duas tabelas a seguir (ZAHAROV, 2010, p. 127). Natureza da situação Conhecimento do grupo sobre o trabalho. Nova o grupo não domina o assunto, o processo. Rotineira o grupo domina a atividade, pois a desenvolve diariamente. Emergencial o grupo está frente a uma situação crítica, urgente, a defi nição do como desenvolver é primordial. de Inovação o grupo necessita criar, mudar, responder diferente do padrão, promover progresso. Decisão tomada o grupo deve “obedecer” a decisão já defi nida. Tabela 3 – Gestão de pessoas / Fonte: adaptado de Zaharov (2010). A análise da natureza da situação deve ser composta com o entendimento da maturidade do grupo. Importante, primeiro saber o que é: “nível de maturidade dos subordinados; se relaciona com o desempenho das tarefas, não com a per- sonalidade, de cada um. O estado de amadurecimento do grupo, se confere pelo conhecimento e a experiência, com relação a situação. Este estado vai de alto a nenhum domínio da situação” (ZAHAROV, 2010, p. 128). Natureza da situação Maturidade do grupo Nova Baixa, início gestão diretiva caminhando para a participativa. Rotineira Alta, gestão requisita participação, ouve o grupo = gestão partici- pativa. Emergencial independe da maturidade a gestão deve ser diretiva. (*) de Inovação independe da maturidade a gestão deve dar oportunidade a par- ticipação. Através de uma comunicação aberta e receptiva. Desta forma, tem-se inovação, criatividade, participação. (*) Decisão tomada independe da maturidade a gestão deve ser diretiva. (*) Tabela 4 – Gestão de pessoas / Fonte: adaptado de Zaharov (2010). 140 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Cabe apontar que nos itens discutidos, com ênfase (*) com alguns asteriscos, que vão demandar do líder um domínio efetivo sobre suas competências técnicas e especialmente as comportamentais, fatores favorecidos no processo coaching. E reconhecer que a “gestão participativa” promove “trabalho em equipe, articula os talentos, incrementa os resultados e consegue satisfação e crescimento dos colaboradores, como um todo. Mas, não só ser um líder participativo resolve to- das as questões, por vezes será pertinente ser diretivo, não autoritário, diretivo (ZAHAROV, 2010, p. 129). A maturidade do profi ssional decorre da confi ança que o indiví- duo tem de si mesmo. A responsabilidade é concreta, está bem com relação ao trabalho. Não requer estímulos constantes sobre o de- sempenho, cumpre suas tarefas. Já, a liderança situacional que se baseia na inter-relação entre a quantidade de orientação e o apoio socioemocional. Um grupo que conta com um líder, bem constituído e sólido, se identifi ca sem a presença dele. Se observa” confi ança, um grupo preparado para respos- tas efetivas, dominam o que fazer e como fazer, quando requer orientação solici- ta, tranquilamente. Um líder sem “estrelas” o sucesso é de todos os envolvidos (ZAHAROV, 2010, p. 130). Apresentamos a seguir pontos relevantes a gestão organizacional, seriam as competências que o profi ssional no papel de gestão deve apresentar ou dominar, apontando sempre que são comportamentos trabalhos praticamente em todos os processos coaching (ZAHAROV, 2010, p. 130- 154): Gestão participativa: técnica de administração baseada na confi ança, co- nhecimento dos pares e respeito entre os profi ssionais, independente do papel hierárquico. Os colaboradores participam do processo decisório, a interação visa os objetivos. Saber ouvir: é se disponibilizar sem julgamentos e preconceitos a ouvir o outro. Procurar identifi car o que o outro pretende comunicar. Seria ser empático, reconhecer a experiência e a angústia do outro. “Independente do estilo de lide- rança, saber ouvir é fundamental”. “É premissa para um bom relacionamento”. Ao se disponibilizar deverá contar com tempo para ação. (ZAHAROV, 2010, p. 131). 141 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 Gestão diretiva: estilo de liderança já discutido neste espaço, razoável para algumas situações, mas não desenvolveos profi ssionais e não promove inova- ção. Então sua prática deve ser bem dosada. Delegação sem riscos: processo difícil de ser assumido, requer planeja- mento, preparo do colaborador. Focar na prevenção de problemas. Todas as ações que decorrem da disponibilidade de tempo do gestor, muitos acreditam que planejar, se prevenir, treinar é perda de tempo. Erro grosseiro. Pensar antes (pla- nejar) otimiza o tempo. Como delegar: “delegar pressupõe transferência de autoridade e respaldo às ações delegadas”. Assim, comunicação objetiva e clara, conhecimento das atividades, especifi cação dos resultados esperados. Especialmente que o sujeito que receberá as atribuições entenda plenamente o que é esperado (resultados). Requer: orientação, disponibilidade de recursos, acompanhamento, dominar as consequências com objetivo de reorientar, avaliar, e especialmente acreditar na capacidade do sujeito (ZAHAROV, 2010, p. 133-134). Relação de confi ança: a confi ança advém da confi ança, é preciso que se confi e para que a pessoa seja confi ável. “Necessário sinais de aprovação e apoio”. “Respeitar e valorizara sabedoria de cada um com quem se trabalha fa- vorece empenho e comprometimento”. Uma somatória de questão que caminham para a confi ança (ZAHAROV, 2010, p. 135). Liberdade com responsabilidade: tal ação inicia com o entendimento sobre o que deve ser controlado no desenrolar das atividades organizacionais. Muitos gestores não se detêm na identifi cação e no planejamento sobre o que deve ser controlado. No entendimento do que cabe em cada situação. No domínio da com- petência do profi ssional, identifi cando o que é capaz de desenvolver quanto a quantidade e a qualidade. Assim, se prende a controlar os indivíduos, a hora que chegam, ou saem. Ser capaz de estabelecer os itens de controle promove liberda- de com responsabilidade. Administração do tempo: o gerenciamento do tempo requer consciência. Identifi car nas rotinas e nas práticas, resultados no tra- balho. Tempo só tem retorno se utilizado no que se pretende, mesmo que seja para descanso, para descontração. Tal defi nição vai depen- der do sujeito. 142 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Síndrome da falta de poder: o gestor se prende a desenvolver atividades e resolver questões, mais próprias dos colaboradores, pois ele mesmo não conta com a liberdade de tomar decisões. Esta situação cabe ao seu superior, que de- lega responsabilidade de execução de tarefas, não de decisão, de recursos. Os gestores apresentam difi culdade de identifi car em si esta questão. Observar equipes, delegar tarefas: é um exercício a ser desenvolvido por boa parte dos gestores, especialmente os técnicos por excelência. É difícil de reconhecer que um outro técnico domine tanto a questão, daí a difi - culdade de delegar. Se o profi ssional buscar conhecer a todos perceberá as com- petências e terá maior tranquilidade de delegar e fazer a todos se desenvolverem. Resistência ao novo: “a resistência à mudança é um comportamento defen- sivo, uma espécie de temor”. “O ser humano tem preferência por coisas, pessoas e situações que já conhece”. É através deste conservadorismo que formamos nossos hábitos (escovar dentes, trocar de roupa para dormir). Facilita algumas coisas, mas difi culta outras. Alguns frente a demanda de mudança entram em crise, pois boa parte de nossa vida fazemos coisas habituais – rotineira que não demanda criatividade, então quando nos é solicitado tal recurso – resistimos. A gestão na atualidade deve ter consciência que mudar, se reformular, criar são atributos de todos. E, ainda que promover tal situação nos demais irá requerer persistência, pois irá relutar e difi cultar (ZAHAROV, 2010, p. 139-140). Todo gestor é também um RH: hoje já não se faz uso da fala “você foi chamado no RH”. Todos os gestores devem assumir todas as responsabilidades de gestão de ser colaboradores, então terá de desenvolver atribuições pertinen- tes em parte aos subsistemas de recursos humanos (seleção, treinamento, entre outras) A legislação trabalhista deve ser pesquisada, pois com a diversidade de contratos temos que prestar atenção para não desenvolver “vínculos” diversos ao contrato. De qualquer forma os resultados frente ao grupo, é favorecido, pois será o gestor o profi ssional que conhece e confi a que passará a resolver as questões. Processo de seleção de pessoal: a gestão deve participar para assim, ao desenvolver o perfi l do profi ssional ser capaz de transpassar a seleção qual pro- fi ssional tem interesse. A participação do gestor otimiza a atividade e capacita nas competências interpessoais. 143 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 Entrevista de seleção: o gestor deve desenvolver, ao menos, a última entre- vista, para assim identifi car o profi ssional que melhor se enquadra na sua expec- tativa. Se participou na elaboração do perfi l, do reconhecimento da descrição de cargo, vai perceber se os parceiros do RH desenvolveram sua parte do processo e determinaram os possíveis candidatos que você entenderá como satisfatórios. É importante lembrar que é um processo de escolha, então deve contar com nú- mero passível de escolha. Não é seleção de um só. Contrato psicológico: “trato” entre o gestor e o novo colaboradores, desen- volvido antes do contrato formal, seja qual for. Aqui se estabelece as expectativas de ambas as partes, se detalha o papel a ser desenvolvido, se identifi ca o que se reconhece como positivo (percebido no processo de seleção) e apresenta o que é esperado que possa estar faltando. É um momento importante para fi nalizar a decisão por parte de todos. Período de experiência: aqui não cabe selecionar o candidato. Cabe fazer ajustes e promover a efetivação, depois de um feedback que fi nalize o processo. O que motiva os profi ssionais ao trabalho: não é tão óbvio o que nos moti- va ao trabalho, mas pode-se apresentar algumas questões. A motivação conta com dois níveis: a perene (tem por base os propósitos da vida) e a pontual (nasce da necessidade do momento, do curto prazo). A motivação por contar com fatores ex- trínsecos e intrínsecos na organização vai depender do indivíduo (valores pes- soais), do gestor (relacionamento, feedback, desafi os, entre outros) e da empresa (salário, benefícios, plano de carreira). Para motivar os talentos o gestor deverá promover uma atividade laboral que estimule, desafi e, que prenda o interesse e o empenho na resolução. Já apresentamos muitas responsabilidades, cabe então um tanto de vivência para que se identifi que maiores interesses ou necessidades. 144 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Discutimos a metodologia coaching cujo foco é a mudança de comportamen- to dos indivíduos, processo que pode ser desenvolvido individualmente ou em grupo. Mas, sem perder a ideia de que questões de comportamentos são parti- culares. A subjetividade humana nos diferencia uns dos outros, o que requer trato individualizado. A técnica instiga os sujeitos a manifestar comportamentos. Reco- nhece-se empresas buscando o recurso para seus profi ssionais, de modo a que estes se acomodem as mudanças presentes e rotineiras, no atual contexto de ne- gócios. Mas também é buscado por profi ssionais na intenção de se diferenciarem em seus espaços organizacionais. Tanto na questão organizacional como indivi- dual, o interesse é o desenvolvimento profi ssional e pessoal, pois o processo im- plementa autoconhecimento, tomada de decisão e estrutura o alcance de metas. O método primeiramente foi apresentado seu signifi cado para as instituições, pois se discutiu nosso momento de negócios e a demanda de valorar os rela- cionamentos positivos; de modo a promover autoestima e a capacidade de po- der resolver as questões desde as mais simples as mais complexas; através do autoconhecimento. Estabelecendo estratégiasde aprendizagens que minimizem comportamentos que prejudicam o desenvolvimento e produtividade e maximizem a resolução de problemas e a assertividade. Aqui lembrando de reconhecer pro- blemas como desafi os que são interessantes de serem encarados. Quebrando os paradigmas que nos retardam Conhecendo como trabalhar a percepção da mudança, necessária e premen- te, não a temendo, a otimizando. Reconhecemos neste contexto o que é inteligência emocional e como trabalhá-la em nosso benefício. E como ser um profi ssional coach. Ampliando o conhecimento sobre o processo, suas nuances e facetas e es- pecial o como trabalhar as emoções em nosso favor. E fi nalmente apontando no dia a dia organizacional a ação de um profi ssional com conhecimento do processo e sua possível intervenção em benefícios próprio e dos pares. Realinhando o todo, de nosso livro, num primeiro momento atentamos a saú- de do trabalhador, estudando o que venha a ser o estresse. Mecanismo, manifes- to dos seres humanos, que promove reações físicas e comportamentais de alerta e acomodação. É este que possibilita a adaptação, em especial ao espaço orga- nizacional. Os seres humanos ao trabalharem manifestam desgaste físico e men- tal, então é signifi cativo que todo e qualquer profi ssional domine o tema, não só para se perceber melhor na ação profi ssional. Como ampliar suas competências no gerenciamento de si e dos parceiros. Em sequência discutiu-se a dinâmica da teoria cognitivo comportamental, objetivando conhecer e propor ações. Ações 145 TEORIA DO COACHING Capítulo 3 estas que se acomodam a dinâmica do dia a dia organizacional. Conhecendo como se identifi ca o comportamento (individual e coletivo) e suas bases. Assim, tornando o contexto organizacional produtivo a todos os envolvidos (profi ssionais e gestores). E fi nalmente a ferramenta coaching que vem possibilitar bem-estar, saúde e sucesso, por que não. Todos queremos melhorar e evoluir. REFERÊNCIAS BLANCHARD, K. H.; HERSEY, P. Psicologia para administradores. A teoria e as técnicas da liderança situacional. São Paulo: E.P.U., 1992. GOLEMAN, D. Foco: a atenção e seu papel fundamental para o sucesso. Trad. de Cássia Zanon. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2014. HUANG, A. [tradutor]. I ching. São Paulo: Martins Fontes, 2012. LANCHA, L. O.; LANCHA JR, A. H. Manual de Coaching de bem-estar e saúde. Barueri. Manole, 2017. OSHO. Osho todos os dias, 365 meditações diárias. São Paulo: Ed. Verus, 2003. PAULA, M. O sucesso é inevitável: coaching e carreira. São Paulo: Futura, 2005. SOUZA, A. C. A. A.; LESSA, B. S. [recurso eletrônico]. Coaching e carreira. Ver. Tec. Caroline B. Capaverde. Porto Alegre: SAGAH, 2019. WEISS, A. Coach de ouro: como alcançar o sucesso em uma atividade atraente e rentável. Porto Alegre: Bookman, 2012. WHITMORE, J. Coaching para aprimorar o desempenho. São Paulo: Clio Editora, 2012. ZAHAROV, A. Coaching: caminhos para transformação da carreira e da vida pessoal. Rio de Janeiro: Brasport. 2010.