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ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO ESTRESSE E DA ANÁLISE COMPORTAMENTAL NA TEORIA DO COACHING Autoria: Valéria Guedes Caruso Indaial - 2022 UNIASSELVI-PÓS 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Impresso por: Reitor: Janes Fidelis Tomelin Diretor UNIASSELVI-PÓS: Tiago Lorenzo Stachon Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Tiago Lorenzo Stachon Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Jairo Martins Marcio Kisner Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI C397 Caruso, Valéria Guedes Aspectos Psicológicos do Estresse e da Análise Comportamental na Teoria do Coaching. / Valéria Guedes Caruso. - Indaial: UNIASSELVI, 2022. 145 p.; il. ISBN Digital 1. Psicológicos. - Brasil. 2. Análise. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 158,1 Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 CONHECENDO O ESTRESSE ........................................................ 7 CAPÍTULO 2 PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL .............................................. 51 CAPÍTULO 3 TEORIA DO COACHING ................................................................ 97 APRESENTAÇÃO Nesta disciplina, Aspectos Psicológicos do Estresse e da Análise Com- portamental na Teoria do Coaching, discutiremos temas presentes em nosso viver social. Apresentaremos bases conceituais de forma acessível a leigos, que possibilitarão nortear as ações de convivência e instigar postura produ- tiva, tanto no aspecto pessoal como no profissional. Iniciaremos discutindo, a reação natural do organismo humano frente a situações adversas – o Es- tresse. Um mecanismo que apresenta reações físicas e comportamentais de alerta fundamentais a acomodação dos indivíduos as situações de dia a dia, no trabalho, na vida familiar, entre outras. É através de tal recurso que nos adaptamos a situações novas que não “param” de ocorrer. Vale lembrar que hoje todos vivemos num mundo globalizado, o que implica em conviver com questões inéditas e pouco refletidas. A questão tempo de resposta na atualidade é difícil de atender. Assim, todo e qual- quer profissional deve dominar o tema, pois não só se faz necessário o conhecimento em nossa ação profissional para gerir a nós mesmos e aos demais. Assim, nos acomodando a um dia a dia inédito, de interação com os mais diversos interesses e situações. É um aspecto importante da evolução profissional de todos, saber trabalhar o próprio estresse favorece tal questão. A carreira profissional hoje enfatiza o interesse que podemos ter, então conhecer e reconhecer como lidar com as questões só colabora com nosso desenvolvimento pro- fissional, pois a questão interfere físico e emocionalmente, o que promo- ve por vezes respostas equivocadas e pouco produtivas. Respostas que podem desencadear doenças no espaço corporativo, não só físicas como psicológicas. Um fator que prejudica nosso desenvolvimento, como nossa carreira, mesmo quando não somos os sujeitos, um ambiente estressante dificulta a todos. Estudaremos o que é estresse, sua definição, suas causas, seus sin- tomas e os tipos conhecidos, permitindo que zelemos por nossa saúde física e mental. O autoconhecimento nos capacita a desenvolver compe- tências essenciais ao século 21, como: resiliência e criatividade. E traba- lhar a ansiedade e a depressão é um diferencial. Cabe apontar que não discutiremos os tratamentos, pois estes devem ser desenvolvidos por pro- fissionais com formação específica na área da saúde. Outro conhecimento que nos favorece no aspecto da evolução pesso- al e profissional, é o que veremos em seguida em Análise Comportamen- tal, uma abordagem da Psicologia, que discute a significância da alteração do comportamento pelo aprendizado. Na ótica Behaviorista, conhecida como Análise comportamental no ambiente corporativo. Metodologia que estuda o comportamento humano, comportamento manifesto dos indivídu- os, que retrata suas emoções e seus pensamentos. Atualmente, analisar o comportamento das pessoas solicita mais que só reforçar comportamentos positivos, é necessário mais. Então vamos ampliar nosso saber discutindo a abordagem cognitivo-comportamental que versará sobre os perfis do comportamento que podemos observar através da metodologia e trabalhar estes de sorte a promover desenvolvi- mento a todos, empresa e profissionais. Devemos ter clareza que as empresas demandam situações inéditas para todos os seus profissionais, pois a globalização ampliou em muito os contextos, o que dificulta a assimilação de tantas mudanças, de sorte a promover respostas produtivas. Assim, é comum reformular os modelos de gestão, mas não sem perder a prática de pressionar, o imediatismo e o racionalismo. Todos devem aprender a lidar com este ambiente. Na busca de participar deste contexto, apresentaremos os conceitos da Teoria do Co- aching, prática que favorece a gestão no trato com seus parceiros e cola- boradores. Discutindo como atuar sobre pressão, responder prontamente, produzir frente às expectativas organizacionais. Todos estes conceitos e sua interação promovem crescimento pessoal e profissional. Apresentamos nos- sa sequência de temas, conceitos, definições e observe como poderá ser produtivo tal conhecimento. O autoconhecimento é fundamental na vida de qualquer pessoa. O conteúdo deste livro permitirá que você reconheça a si e aos demais para apresentar respostas diretivas e produtivas. CAPÍTULO 1 CONHECENDO O ESTRESSE A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: Identifi car e conceituar o estresse e os elementos que o promovem. Explicar estresse físico, psicológico, social e os fatores que os infl uência. Relatar a modelo base para o entendimento do conceito. Diferenciar os mecanismos neuropsicofi siológicos do estres- se, como os efeitos agudo e crônico, as alterações imunológi- cas, fi siopatológicas e comportamentais (ansiedade e depres- são) e a associação com doenças físicas e psicológicas. Demonstrar a dinâmica temporal da adaptação ao estres- se; exposição diferente entre os sexos e como preveni-lo. 8 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG 9 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Quando o stress está demais, a vida perde o brilho e surge a vontade de fugir de tudo (LIPP, 2003) O conceito de estresse, como reconhecido hoje, foi apresentado à comu- nidade científi ca nas primeiras décadas do século XX (1936), pelo médico Hans Selve. Mesmo sendo um evento que acompanha os seres humanos e os animais, desde sempre. Foi através de nossas respostas produtivas que evoluímos, que vencemos nossos desafi os como espécie. A evolução humana decorreu da supe- ração das situações adversas, como busca de abrigo, alimentação, proteção da prole e a acomodação ao meio ambiente (LIPP, 2003). Na atualidade, mesmo sendo uma espécie dominante, continuamos a vencer obstáculos diferentes de certa maneira, mas que de qualquer forma cobram respos- tas dos indivíduos. Respostas físicas e mentais desencadeadas pelos eventos da vida que possibilitam aos indivíduos atender às demandas da contemporaneidade. No hoje, sabe-se que tais respostas promovem, em sua grande maioria, desgas- tes físicos e mentais. O mecanismo bioquímico do estresse está no âmago desta questão. Especialmente, pois se reconhecer que o estresse faz parte das relações humanas, do cotidiano, desde o nascimento até o fi m da vida de qualquer um. O fantasma que acompanha osindivíduos, estresse “um proces- so e não uma reação única, pois no momento em que a pessoa é su- jeita uma fonte de tenção, um longo processo bioquímico se instala” (LIPP, 2003, p. 18). Só o nome atribuído ao fenômeno “estresse” carrega em si a concepção de desgaste, por ser um termo utilizado em outras ciências e, por si, retratar a ideia de degradação, de desgaste; aqui em nosso contexto podemos perceber como incômodo, desconforto e inadequação que as relações humanas promovem em seus indivíduos, difi cultando a acomodação ao meio ambiente. Podemos colocar que o estresse humano tem sua raiz na ansiedade, ou na depressão, que o estilo de vida dos dias atuais imprime, ou seja, as formas de viver e conviver, os comportamentos de consumo, os costumes, as perspectivas 10 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG e os anseios questões que envolvem a todos. Veremos que este processo natural que ocorre durante a vida, torna-se relevante quando vivenciamos situações de adversidade, sendo possível através deste mecanismo que nos desperta para a ação, ou melhor para o comportamento que venha a atender a demanda. É uma questão de acomete a todos, é uma reação do organismo física e /ou psicológica, mas não uma reação que todos percebem de forma igual. Já se reco- nhece que a percepção de cada um é particular, com certeza já vivenciamos estas diferenças entre nós e especialmente como podemos apresentar respostas físicas (pressão arterial, dores musculares) e emocionais (choro, riso, raiva, inação) dispa- res frente a mesma solicitação do ambiente seja este pessoal e profi ssional. Assim, ao estudar o processo estaremos mais capacitados a atender o hoje de todos. 2 ESTRESSE O estresse nos acompanha desde sempre, mas hoje vivemos esquemas de tra- balho, de relacionamentos que para grande parte da população se apresenta como inédito ou pouco “refl etido”, inviabilizando por vezes a assimilação. São novas tecno- logias, novas áreas de estudo e trabalho. Atualizar-se ou acompanhar este mercado, restrito e competitivo cobra dos indivíduos produtividade, minimizar custos, quebras de vínculos, visando aumentar a competitividade, no mundo globalizado. Mundo este que dado o avanço tecnológico, a competitividade, o estilo de vida, a perda de empregos, a cobrança social “de se ser feliz”. Ah! Vida estres- sante! Todas estas questões tornam o dia a dia muito dinâmico e complexo, o que promove em nós seres humanos a vivência de processos cognitivos e emocionais que nem sempre são decodifi cados claramente, o que promove saturação. O trabalho não apenas provê recursos econômicos aos traba- lhadores como também proporciona identidade, signifi cado, pertenci- mento e realização pessoal (ZANELLI, 2010, p. 98). A questão de saturação decorre da relação das pessoas e o meio ambiente, estar entre os demais possibilita constrangimentos, promovidos pelos outros ou pela nossa percepção do contexto. Os seres humanos reagem dependendo da história de vida de cada um, do seu modo de ser (personalidade) que originam maior ou menor sensibilidade as questões. Assim, cada qual reagirá positiva ou 11 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 negativamente aos fatores estressores, reconhecidamente dependendo do equi- líbrio emocional e físico que detenha. Fatores estressores: seriam qualquer estímulo, decorrente do ambiente, capaz de provocar uma resposta de estresse no indivíduo. Podem ser organizacionais: ambiente físico, carga horária ou de tra- balho, confl itos pessoais ou grupais, a cultura organizacional. Como também familiar ou econômico. Conhecer o estresse e como os indivíduos intercambiam com os fatores es- tressores possibilita maior autonomia no espaço organizacional, então vamos es- miuçar a questão. 2.1 DEFINIÇÕES E NATUREZA DO ESTRESSE Para abraçar o tema, é primordial apresentar que o estresse é uma proteção do ser humano às adversidades enfrentadas no dia a dia. Nós utilizamos o recur- so bioquímico que o organismo humano dispõe, frente a obstáculos e situações desafi adoras, assim, sobrevivendo e superando. Cabe ainda apontar que estres- se não decorre de situações negativas, apenas como a manifestação de angústia, de ansiedade pode apresentar com situações entendidas como positivas, alegria, um emprego entendido como melhor que o anterior. Por ser um processo que nos acompanha por toda a vida, devemos decodifi cá-lo para promover estratégias que permitam lidar de forma apositiva com a questão. Como coloca Lipp, Malagris e Novais (2007, 17), “é o mecanismo de sobrevi- vência mais útil que qualquer organismo pode ter. É ele que nos dá força e vigor para enfrentar os desafi os. Mas, é ele que pode se exceder, quando não bem gerenciado, podendo causar tanto dano ao funcionamento físico e emocional da pessoa”. Retomando o passado, sabe-se que o termo estresse foi utilizado já no sé- culo XVII, no qual as pessoas, no geral, relacionavam a cansaço. Com o decorrer do tempo, no século XVIII e XIX, passa a ser utilizado como esforço, um esforço mais que normal. E é estudando este conceito que Hans Selye, que pesquisa o desgaste que elementos do ambiente físico (luminosidade, muita atividade) pro- 12 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG movem nos indivíduos (no caso o fi siologista estudava cobaias ou porquinhos-da- -índia) causando neles o que se chamou de estresse. Já no século XX, quando as ciências interagem mais seus saberes, no caso as ciências biológicas e sociais, estuda-se a saúde física e mental dos indivíduos relacionando os conhecimentos. Só uma observação a Psicologia foi concebida como ciência no fi nal do século XIX. E os cientistas buscam saber mais sobre saúde no geral do ser humano. O estresse passa a despertar maior interesse da comunidade cientifi ca e, no século XX, como nos coloca Zanelli (2010, p. 45), “Hans Selye (1930) sistemati- zou o conceito com maior precisão, em torno da ideia de manifestações fi siológi- cas variadas, mas sem causas claramente defi nidas. O estresse é amplamente compreendido como uma necessidade de adaptação ou ajustamento de um orga- nismo frente às pressões que o ambiente impõe”. Já uma outra defi nição, é a que nos coloca Griff en, Moarhead (2015, p. 183) o estresse “é causado por um estímulo, que pode ser físico ou psicológico, e que o indivíduo responde ao estímulo de alguma forma”. En- tão [...] “a reação de adaptação de uma pessoa a um estímulo que exige dela respostas psicológicas ou físicas excessivas”. Ratifi cando temos a colocação de Barros, Funke, Lourenço (2017, p. 10), que amplia o conceito discutindo consequências “estresse é uma reação que o or- ganismo tem diante das pressões, tanto externas como internas. [...] Se for inten- so ou contínuo, surgem sensações de desconforto, frustação, indignação e outras emoções negativas”. Outros autores nos colocam o conceito, com foco bem semelhante, vejamos a defi nição que Chiavenato (1999, p.377), apresenta “estresse são reações físi- cas, químicas e mentais que os seres humanos manifestam frente a estímulos do ambiente”. Já Couto (1995) identifi ca o estresse como uma situação em que os seres humanos sofrem um desgaste anormal que prejudica sua capacidade de trabalho devido à difi culdade que possa ter de contemporizar as demandas psíquicas da vida. Outros autores defi nem que o estresse decorre de qualquer questão particu- lar ou social que o indivíduo participe que requeira ajustes ao seu comportamento habitual, assim provocando desgastes estes que por vezes superam a capacida- de de acomodação, intimidando o bem-estar deste. Temos, também outros auto- res que adicionam ao fenômeno, algo a mais que o biológico, quando apontam a necessidade de se identifi car as “redes de signifi cados” a as “relações” que o 13 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 indivíduo apresentepara reconhecer como o estresse se manifesta. Colocamos que inicialmente a manifestação do estresse é semelhante entre as pessoas, mas no decorrer do processo se identifi ca diferenças individuais (história de vida) que se apresentam além do biológico. Temos no início do século XX a correlação entre estresse e trabalho, melhor “trabalho excessivo” e “preocupação”. Os estudiosos/cientistas da medicina mo- derna, como Sir William Osler (1910), associam o estresse a “doenças coronaria- nas” o entendimento do conceito se fi rma quando Hans Selye (1926). [...] se interessou pelas reações em comum observadas em alguns pacientes sofrendo de patologias diferenciadas. O que lhe chamou a atenção foi a identifi cação de um conjunto de re- ações não específi cas, semelhantes, nestes pacientes frente a situações que lhes haviam causado angústia e tristeza. [...] chamou este conjunto de reações de “síndrome geral de adap- tação” ou “síndrome do stress biológico”, comumente conheci- da também como “a síndrome do simplesmente estar doente” [...] (LIPP, 2003, p. 17). Dez anos à frente, Selye “usou a palavra estresse para defi nir está síndrome produzida por vários agentes aversivos”. A proposição se dá em decorrência da assimilação dos conceitos de “homeostase” e da ideia que os organismos devem manter equilíbrio interno, independente dos fatores externos, sejam quais forem. Temos a afi rmação do conceito por Selye “o estresse como uma quebra neste equilíbrio” (LIPP, 2003, p. 17). Homeostase: Nomeado por Cannon (1939), indica a proprieda- de dos organismos de permanecerem em equilíbrio, livres das altera- ções que ocorrem no meio externo a estes. Refl etindo sobre o termo, percebe-se que os estudiosos, os técnicos de saú- de (médicos, psicólogos, entre outros) e a população no geral fazem uso do termo como sendo algo que promove a “quebra da homeostase do organismo”, como também, a resposta comportamental dos indivíduos em decorrência do desequilí- brio. O conceito se presta tanto a “condição, causa ou estímulo desencadeante de uma reação do organismo” (LIPP, 2003, p. 17, grifo nosso). 14 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Estando o profi ssional no espaço organizacional, onde o ar-con- dicionado esteja funcionando há horas, logo, produzindo certo ruído. Este verbaliza que o barulho (estímulo) o estressa (retrata a resposta do comportamento). Outra difi culdade, dos que estudam estresse e buscam auxiliar os leigos no seu dia a dia, é o fato de que o estresse é um processo, evolutivo que ocorre em “etapas”. Uma pessoa pode manifestar estresse por um certo tempo, esta manifestação pode ser de “baixa ou de grande intensidade”. Por que é possível ocorrer esta situação? Por vezes, as pessoas vítimas de estresse apresentam resistências diferentes, frente ao estímulo que desencadeia o “desequilíbrio”, umas podem ser mais resistentes, pois seu histórico de vida ou seu momento é favorecido. Mas, há aqueles que estão debilitados (histórico de vida, momento difícil), promovendo um desiquilíbrio tal que favorece o surgimento de diversas doenças, de maior seriedade. Mas, quando nos referimos a qualquer uma das situações descritas os indivíduos estão estressados, independente do estágio do estresse. (LIPP, 2003, p. 17). Processo: termo que retrata “conjunto de medidas”, “maneira de proceder”, método que “leva” a algum lugar. Conceito que implica em movimentar-se à frente. As pessoas podem estar num estado de estresse baixo, ou estar esgota- do pelo estresse, ambos serão reconhecidos por todos os entes que lidam com a questão (pessoal de saúde, pessoal administrativo-organizacional, familiares) como estressado. O mundo da saúde ou da doença é complexo. Agora que dominamos um pouco as ideias que envolvem o conceito, apre- sentamos sua magnitude: estresse é “uma reação psicofi siológica muito com- 15 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 plexa que tem em sua gênese a necessidade de o organismo fazer face a algo que ameace sua homeostase interna”. (LIPP, 2003, p. 18). Tal situação se dá quando nos deparamos com questões que possam desagradar, assustar, titu- bear, atrapalhar ou mesmo fazer feliz. Tais sentimentos, ou emoções, promovem no indivíduo desequilíbrio, em maior ou menor grau. O estresse então decorre não só de situações aparentemente negativas, como “dor, fome, frio ou calor”, como frente a situações “desafi adoras”. (LIPP, 2003, p. 18). As colocações feitas até então sugerem que a gama de estressores podem ou não desencadear estresse ou desencadeiam diferentemente para cada pes- soa. Reconhece-se que a cognição, ou seja, como cada qual percebe, raciocina e armazena as demandas do meio são “fundamentais ao processo de estresse”. As pessoas percebem o meio de formas diferentes. Cada um contam com per- sonalidades particulares são fatores que promovem reações diferentes entre as pessoas (LIPP, 2003, p. 18). Como já apontado, o estresse é um processo bioquímico que decorre de estímulos do ambiente ou de como o indivíduo reconhece as questões que se apresentam em sua vida. Selye (1984) chamou de “mobilização hormonal” ao fator que prepara cada indivíduo para a ação que é o processo bioquímico de- corrente dos estímulos do meio. Alguns se acomodam ao processo produzido pelo estímulo, ou seja, se dá a homeostase. Já outros não vencem a demanda (LIPP, 2003, p. 18). É importante apontar que o processo comumente se inicia de igual forma, em todos os organismos, mas na evolução se reconhece diferenças, descritas mais à frente. Então o que se observa nos indivíduos que estão vivenciando um proces- so de “mobilização hormonal” é a “taquicardia, sudorese, tensão muscular, boca seca, sensação de alerta”. No decorrer do processo, se apresentam diferenças decorrentes da propensão particular de cada um, genética. Soma-se a genética de cada qual seu histórico de vida, que podem ser fatores que debilitam o organis- mo. (LIPP, 2003, p. 18). O esquema a seguir representa a questão: estímulos estressores + individuo + resposta; os conceitos e o entendimento se concretizarão no decorrer do texto: 16 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Quadro 1 – Estímulos estressores + individuo + resposta Fonte: a autora (2022) Cabe colocar que houve um tempo, na história das ciências, que se acredita- va ser o estresse uma situação que ocorria só com ao mais abastados. Já deve ter ouvido a expressão “estresse é coisa de gente rica, pobre não teria tempo para se ligar nesta questão”. Mas, hoje já se tem conhecimento sufi ciente para colocar que o estresse afeta a todos os indivíduos, independentemente da situação eco- nômica. Sempre que os organismos estão frente a questões desafi adoras, o es- tresse se apresenta. Independe da idade. Só há diferenças sobre quais questões são estressoras, para as crianças, para os jovens, para os adultos, a diferença está estímulo estressor, o processo é o mesmo e ocorre em todos. A evolução das pesquisas sobre o estresse, nos apresentam que este deve ser “trabalhado”, pois não haver o processo bioquímico no organismo, implica em que este “não esteja vivo”. Então vamos discutir o tempo todo, no como trabalhar a questão, não a eliminar. Lipp (2007) nos lembra que as pessoas buscam sensa- ções onde haja a produção de adrenalina, para assim, ter o dia a dia mais interes- sante. Quando desenvolvemos qualquer atividade onde o estresse seja ativado, por exemplo competimos através de um jogo de vídeo game estamos ativando o processo de estresse, mas este está sob controle o que torna a atividade atraen- te. Um indivíduo que passe horas jogando vídeo games de ação, ao término esta- rá muito gratifi cado, mas cansado – “morto” de tanta atividade que desenvolveu, mesmo não saindo do sofá. Este último exemplo pode sugerir que muito trabalho (volume de atividades, como volume de horas) podeimplicar em estresse. Mas também temos conhe- cimento que o indivíduo adulto reconhece quando está atingindo seu limite de 17 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 ação. Por isso, por um tempo se pensou que só a carga de trabalho desencadeia o processo. Mas no hoje, já entendemos que os fatores que compõem a situação de trabalho como um todo podem promover estresse, não só a carga horária, como também o relacionamento com a chefi a, as condições físicas do trabalho, o reconhecimento equivocado (políticas de remuneração e benefícios, como as de ascensão profi ssional = carreira). Stress ocasiona espinhas: durante o processo do estresse e a decorrente alteração hormonal, tem-se o cortisol, que aumenta a oleosidade da pele. Há a probabilidade de os poros entupirem. E o aumento da quantidade de bactérias causadoras de acne. Processo que pode ocorrer a jovens e a adultos. Lipp (2007, p. 18) nos aponta uma outra questão nesta nossa busca de conhecer sobre, as pessoas, de modo geral, acreditam que já se sabe tudo ou quase tudo sobre o estresse e esta situação promove as seguintes ideias (1) “todo mundo tem estresse, então, nada há a fazer, devendo-se simplesmente deixar acontecer” ou (2) o “medo desmedido quanto aos seus efeitos que leva à crença de que se a pessoa tem estresse nunca voltará ser o que era”. Acredita- mos que quem hoje busca conhecimento sobre o tema deve reconhecer que acreditar que nada pode ser feito sobre algo é um comportamento extremamente inadequado, incom- petente. Um adulto, um profi ssional, um cidadão que se entende responsável por si mesmo e pelos outros (familiares, amigos, colegas de trabalho, entre outros) deve entender que não fazer nada é negligência. A negligência neste caso pode abrir espaço para outras doenças e sofrimen- to desnecessário. Alguns exemplos, que os estudos já demonstram: problemas respiratórios, alérgicos, cardíacos, dermatológicos, gástricos e câncer. O estresse debilita o organismo e é neste momento que outras situações podem afl orara. O “estresse existe sim, não pode ser completamente evitado, mas precisa ser ge- renciado, controlado e usado para benefício próprio” (LIPP, 2007, p. 18). O desconhecimento que traz insegurança promove desatenção, fator inade- quado na questão. O estresse na atualidade tem como ser previsto e monitorado, não se abster de tratar é fundamental. Especialmente, porque a literatura médica indica que várias doenças contam com o “estresse associado” e principalmente nem sempre quando se vinda o processo de “estresse emocional” a doença que se desencadeou, em decorrência, pode se estabelecer, por si mesma, ou seja, adquire “autonomia funcional”. São vários os exemplos, enfatizamos apenas a hi- 18 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG pertensão arterial e as úlceras, por serem duas situações que grande parte dos profi ssionais sofrem (LIPP, 2007, p. 18). A psicóloga Lipp (2007, p. 19) nos coloca uma situação, em particular, que devemos reconhecer A pele, como fronteira entre o mundo externo e interno, tem a função geral de proteção e comunicação emocional entre as pessoas. Por um lado, ela recebe e sente as infl uências que vêm de fora; por outro lado, ela é um órgão de expressão emo- cional; por exemplo, fi camos vermelhos de raiva ou de vergo- nha e pálidos diante de algo que nos assusta. Assim, é fácil entender como a pele pode expressar um confl ito, quando a pessoa não encontra uma solução real diante de uma situação problemática. Provavelmente por isto é uma queixa comum no paciente estressado é na área dermatológica. Tensão muscular: é o fator fi siológico que ocorre frente ao des- conforto causado ao organismo por estímulos externos. É comum ser causado por fatores emocionais (estresse e ansiedade), ou proble- mas posturais. Os espaços de saúde como consultórios, clínicas e clínicas ocupacionais identifi cam nos relatos de seus clientes situações que decorrem do estresse, como por exemplo: “azia, tensão muscular, nervosismo, resfriados e problemas de pele”. Quando os problemas evoluem já se tem: “queda de cabelo, cansaço em excesso, perda de memória”. No seu ápice, ou seja, com a continuação das situações estressoras se terá “gripes constantes, herpes, úlceras, hipertensão ar- terial., depressão, ansiedade”. O indivíduo tem sua saúde afetada o que prejudica a qualidade de vida deste e dos ao seu redor por vezes (LIPP, 2003, p. 19). A defi nição de estresse quanto a aspectos fi siológicos, já foi apresentada, fal- ta apontar a colocação quanto à questão emocional, que favorece o entendimen- to a leigos, especialmente. Então, enfatiza-se que o estresse é uma “reação” do organismo humano frente a uma situação, “positiva ou não”, que force um desempenho maior que o normal. O desempenho esperado é aquele que vence a difi culdade, “seja está no mundo lá fora, seja em nossa mente”. Mais um esclarecimento que cabe é o que defi ne o estresse como “um estado de tensão mental e físico” que promove discrepância na performance orgânica dos indivíduos. Tal discrepância debilita o “sistema imunológico”. É este fator que 19 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 justifi ca o aparecimento de diversas doenças emocionais ou não nas pessoas (LIPP, 2003, p. 19). O “quadro” descrito até então, demostra que os seres humanos interagem com o meio e é esta ‘interação” que pode promover o estresse. A interação des- crita se dá em decorrência de como o indivíduo “percebe e interpreta o seu am- biente”. É este o fator que ocasiona o estresse. As situações que desgastam o ser humano, ou seja, situações que desencadeiam o estresse são similares para todas as pessoas e podem ser facilmente reconhecidas de igual forma. Por exem- plo “morte, doença, perdas signifi cativas” todas podem ser vistas igualmente por todos, mas as consequências vão depender da “personalidade de cada um” (LIPP, 2003, p. 19-20). É possível reconhecer na fi sionomia e nas atitudes dos indivíduos o fato de estarem estressados, por exemplo quando no trabalho nosso colega se exalta por baterem à porta, promovendo barulho e distração. Ou quando este não se diverte com a “piada” sobre o time adversário. As reações da atualidade frente a questões desafi adoras são muito semelhantes as reações que ocorriam há séculos. Quando reagimos ao estresse, esta reação é física, o coração bate acelerado, encolhemos o tronco, nos preparamos para a ação. Esta ação pode ser de enfrentamento ou de fuga da situação, as alternativas podem ser físicas ou verbais. Só para não inco- modar ou “atingir” o leitor, exemplifi camos: quando uma jovem está nervosa frente aos questionamentos da mãe, saí da sala sem responder batendo à porta (fuga). Ou a jovem verbaliza questionando ser questionada, grita se indignada com a situa- ção, bate os pés. Não abre a mão de não ser a responsável (enfrentamento). 20 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Todas estas reações só comprovam que o funcionamento de nosso organis- mo está perfeito, pois foi esta reação física e emocional que nos tirou das caver- nas, e nos coloca hoje em edifícios como o Burj Khalifa Bin Zayid, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, com 828 metros de altura e 160 andares. Uma diferen- ça fenomenal. As mudanças orgânicas aumentam nossas possibilidades de reagir ao desa- fi o e nos protegem quanto ao fato de sermos feridos. Nosso corpo fi ca em “estado de alerta”, o que nos abala signifi cativamente, daí o desgaste para poder voltar ao equilíbrio = estresse. Este processo reger muita energia dos indivíduos = energia adaptativa. (LIPP, 2003, p. 21). A energia adaptativa do indivíduo “é limitada” [...] quando o desequilíbrio é crônico ou intenso, grande parte da energia adaptativa da pessoa é utilizada, um desgaste físico e/ou mental ocorre gerando envelhecimento precoce, uma série de doenças até amorte”. Daí que se deve ter muita atenção ao estresse que pode acometer as pessoas. Com o desgaste de nossa “energia adaptativa” fi camos “apáticos, sem energia” (LIPP, 2003, p. 21). O organismo humano tem competência para vencer os desafi os que se apre- sentam, mas é fato que o século 21 descortina um gama muito grande de desa- fi os, num ritmo alucinante, o que difi culta a adaptação humana. Um dos papeis que os indivíduos que se interessam pelo tema e identifi car e buscar trabalhar as demandas do dia a dia de forma que o organismo humano consiga lidar e vencer (LIPP, 2003, p. 21). Uma última colocação para este item, o estresse pode ser “contagioso”? Desculpe, “não” o termo enfatiza que quando um indivíduo está estressado, seus comportamentos bizarros, afetam os demais, promovendo estresse em outros in- divíduos. Os comportamentos bizarros de um profi ssional podem afetar o com- portamento de seus colegas, isto caso ocorra com frequência na empresa. Mas, se este na empresa se controla e na família não, é lá que ocorrerá o possível contágio (LIPP, 2003, p. 21). 2.2 CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DO ESTRESSE Nosso recurso de sobrevivência, o recurso que nos garante força para ven- cer os obstáculos (LIPP, 2007). Daí a importância de relacionar todas as esferas que compõe a vida do indivíduo (pessoal e profi ssional). 21 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 Entre as defi nições de estresse que os pesquisadores apresentam está cla- ro, que este é causado por estímulos físicos e psicológicos. As respostas que se identifi ca adaptações às questões, respostas psicológicas ou físicas. A defi nição é difícil de ser decodifi cada, então vamos “examinar seus componentes com cui- dado. O primeiro componente é a noção de adaptação”. A adaptação pode ocorrer de várias formas. O segundo é o papel dos estímulos. O estímulo é o estressor, o indutor do estresse. E o terceiro, os estressores podem ser psico- lógicos ou físicos. Para fechar a ideia, se deve colocar que as vivências que os estressores promovem podem ser excessivas. Quando isto ocorre, estamos frente ao estresse real. Mas, esta situação de extremo ou não, vai depender da pessoa, uns se acomodam as questões outros não. Quando se reconhece que as exigências que a situação solicita é grande, o estresse poderá se instalar (GRIFFEN, MOARHEAD, 2015, p. 183). Ao se analisar as causas e as consequências do estresse, estamos objeti- vando fazer o diagnóstico da problemática, independente do ambiente em que ocorra lembramos que o estímulo estressor: [...] leva o corpo a liberar substâncias químicas que provocam reações fi siológicas. Assim, diante do perigo, ele será capaz de enfrentar o problema ou fugir. Com essas substâncias cir- culando pelo corpo, em um momento de pavor, os batimentos cardíacos aumentam, a pressão arterial se eleva, e o sangue desviado do aparelho digestivo e da pele para os músculos, que se fortalecem e se preparam para combater o problema, a situação ou a rotina estressante (BARROS; FUNKE; LOUREN- ÇO, 2017, p. 11). Quando este processo se torna repetitivo, a performance se altera. Os hor- mônios e outras substâncias invadem o organismo. Abalam os sistemas imuno- lógicos, endócrino e nervoso. O que no decorrer da vida do organismo o enfra- quece, não só fi sicamente como psicologicamente. Neste momento está frente a uma possível exaustão. O indivíduo deve buscar identifi car o problema, de sorte a promover intervenção, senão será acometido das doenças já apontadas. Apresentando a complexidade do processo do estresse cabe reconhecer “a resposta neurofi siológica ao estresse”. O organismo humano para “lidar com as alterações físico-químicas” que decorrem do estímulo estressor deve responder prontamente. São alterações que “ameaçam a homeostase” do organismo, e as respostas são “moleculares e comportamentais” e ocorrem por “mudanças na fun- ção e expressão da energia neuronal”, o que torna possível o retorno ao equilíbrio, ao estado funcional”. “Estas respostas fi siológicas são desencadeadas por vários circuitos neurais interligados que incluem o eixo neuroendócrino hipotálamo-pi- tuitária-adrenal (HPA) e o sistema límbico” (LIPP, 2003, p. 25). 22 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Na busca de apresentar a importância e o signifi cado do sistema para os organismos humanos, apontamos as funções de cada um dos termos discutidos (SANTOS, 2014): 1. Hipotálamo região do diencéfalo que se localiza entre o tálamo e a hi- pófi se. Seu papel é ser o centro de controle do organismo, cuja função é manter a homeostase. O equilíbrio físico químico. 2. Pituitária ou Hipófi se glândula que se localizada na sela túrcica. Man- tem ligação com o hipotálamo. É o elo entre o cérebro e o sistema endó- crino. Origem da produção de diversos hormônios. 3. Adrenal ou Suprarrenal glândula que compõe o sistema endócrino. Aci- ma dos rins é sua localização. Responsáveis pela produção de noradre- nalina e adrenalina. 4. Sistema límbico controla o comportamento emocional do sistema ner- voso, através da relação que apresenta sobre a natureza afetiva das percepções sensoriais. Por serem estruturas orgânicas nem sempre dominamos plenamente a ques- tão, então esclarecendo diencéfalo é onde se processam as informações sen- soriais e o controle autônomo (sistema cardiovascular). Está na região central do cérebro. O encéfalo é o conjunto do tronco cerebral, cerebelo e cérebro, a par- te superior do sistema nervoso central. Estrutura que controla o organismo. Só identifi cando a importância a hipófi se tem por função regular as glândulas su- prarrenal, tireoide, testículos e ovários. A prolactina (hormônio da lactação), o do crescimento, o antidiurético. E fi nalizando, a sela turcica é a estrutura óssea que fi ca na base do crânio. Possivelmente o leitor deve ter vivenciado ou conhecido alguém que por estar estressado apresentou alguma avaria quando as funções hormonais (SANTOS, 2014). A resposta neurofi siológica ao estresse é dependente da reação ao estímulo estressor, o que nos aponta a possibilidade de “duas vias de reação ao estresse”. Seria a via sistêmica, onde se identifi ca que os “agentes estressores” podem causar danos fi siológicos ou falhar no sustento da vida do indivíduo. Algu- mas respostas aos estímulos estressores podem ocorrer sem serem decodifi ca- das pelas estruturas centrais superiores, pelo cérebro ou o sujeito não percebe o que está ocorrendo. Exemplo: uma mãe ao ver o fi lho de 4 anos atravessar a avenida correndo atrás do gato da família, se estressa de tal forma que não con- segue apresentar resposta, pois desmaia. Temos como estímulo estressor “fi lho correndo risco de vida” e a resposta do organismo materno frente a tal desgaste é desmaiar. O estímulo é tão forte que o sistema não consegue se estruturar a ponto de apresentar uma resposta positiva (LIPP, 2003, p. 26). 23 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 Já a via límbica, que conta com as estruturas interligadas sinapticamente como a amídala, o hipocampo e córtex pré-frontal, quando o estímulo estressor atinge estas estruturas possibilita ao indivíduo reagir de maneira positiva, seja de fuga ou enfrentamento. Os estímulos estressores, com aspectos cognitivos ou emocionais, envolvem processamento sensorial, que não necessariamente “pro- move transtorno” à homeostasia fi siológica, pois podem buscar comparar com ex- periências anteriores. O “hipocampo aumenta a efi cácia sináptica e infl uência a memória.” (LIPP, 2003, p. 26). Como nos coloca Lipp (2003, p. 28), as causas do estresse: Embora estímulos estressores induzam várias alterações neuro- químicas e hormonais adaptativas, que permitem ao organismo lidar com eles, uma ativação fi siológica continua resultante da exposição a esses estímulos pode produzir alterações em processos metabólicos básicos e alterações na função e inte- gridade neuronal, tornando oorganismo susceptível a doenças. Assim, sintetizando tais colocações os organismos contam com “um sistema de controle central do estresse” reconhecido quando se estuda a “ativação do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal”, observa-se que este eixo reconhece os estímulos e os repassa as “regiões cerebrais” que decodifi cam os estímulos estressores, com foco na homeostasia sistêmica. O processo ao fazer uso de vivências ocorridas, promove a reação “de respostas fi siológicas” acomodadas ao meio e possivelmen- te apresentando reações “dentro de limites toleráveis”. Os autores colocam que o “controle inadequado das respostas ao estresse” pode ser associado a “doenças sistêmicas, neurodegenerativas e desordem afetivas” (LIPP, 2003, p. 29). Os ciclos neurais do estresse, reconhecidos como “os que excitam e os que inibem” são muito importantes “a sobrevivência” e ao processo equilibrado, não só “fi siológico, como psicológico” do organismo. (LIPP, 2003, p. 29). Uma descrição sumária dos ciclos neurais seria colocar que o hipocampo é a estrutura que ar- mazena e apresenta as memórias conscientes. Mantem o contexto reconhecido pelo sujeito. Já o córtex sensorial entende os dados sensoriais. A amígdala é a estrutura que entende as emoções, identifi cando as ameaças e guarda na me- mória (os temores) e o hipotálamo é a estrutura que ativa a reação de “luta ou fuga” (LIPP, 2003; SANTOS, 2014, grifo nosso). Para apresentarmos as consequências do estresse, devemos apontar que os sintomas identifi cados no indivíduo “dependem do nível de gravidade do estado em que se encontre”. Contamos com inventários que nos diagnosticam o nível de gravidade do estresse, o foco dos inventários são identifi car os comportamen- tos frente a dilemas como morte, doença, desempenho organizacional. Boa parte das avaliações buscam o caráter psicológico das questões, mas exames clínicos, também são utilizados (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 22). 24 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Inventário de Sintomas de Estresse de Lipp - ISSL: questionário de sintomas do estresse para maiores de 15 anos. Medida objetiva da sintomatologia do estresse. Aplicação de 10 minutos aproxima- damente. Coletiva, até 20 pessoas ou individual. Ferramenta de uso profi ssional, ou seja, só um profi ssional psicólogo deve aplicar e dis- cutir o diagnóstico com o sujeito. Autora LIPP, M. E. N. Atenção há inventários disponíveis na internet, mas devemos reconhecer que o diagnóstico deve ser desenvolvido por um profi ssional da área. Os testes podem indicar se o sujeito tem ou não estresse, a gravidade deste e se a fragilidade maior é física ou psicológica. Fatores importante ao diag- nóstico. A gravidade do estado de estresse do sujeito se reconhece pela fase que se encontre (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 22). Retomando as contribuições de Selye aos estudos sobre o estresse, temos a [...] identifi cação da Síndrome de Adaptação Geral que coloca cada um de nós tem um nível normal de resistência aos eventos estressantes. Algumas pessoas conseguem tolerar uma dose grande de estresse, outras, doses muito menores, mas todos te- mos um limite em que o estresse começa a nos afetar. A síndro- me de adaptação geral inicia quando a pessoa se depara pela primeira vez com um estressor. O primeiro estágio é chamado “alarme”. [...] a pessoa nesta fase pode sentir pânico e se ques- tiona se será capaz (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 184). Os autores apontam que o estresse se desenvolve, ao percorrer suas quatro fases, a saber: fase de alerta, fase de resistência, fase de quase exaustão e fase de exaustação. O início do processo é a fase de alerta, ocorre a produção de adrenalina e o organismo se enche de energia, vitalidade, vontade. O organis- mo neste momento está repleto de energia e poderá enfrentar qualquer emergên- cia (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 22, grifo nosso). Depois de se apavorar, o indivíduo reconhece se é capaz de “lutar ou fugir”, se o estímulo estressor é muito forte ou se une a outros estressores, estamos frente a resolução de como lidar com todas estas questões do dia a dia. A maioria das pessoas se acomodam e “resistem aos efeitos negativos do estressor” – resi- liência. Neste momento a síndrome de adaptação geral acaba, mas se o indivíduo não relaxa e volta ao seu humor inicial continuamos no processo que Lipp, Mala- gris, Novais (2007) descreveram no parágrafo anterior. 25 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 Adrenalina hormônio neurotransmissor que prepara o organismo para qualquer situação de estresse (risco). Promovendo a vasocons- trição periférica, aumenta a frequência cardíaca e a mobilidade das regiões do coração. Favorece a liberação de insulina, de glucagon, de gastrina, entre outros hormônios. Permite que se sinta sensação de satisfação, de vitória. Uma outra contribuição de Selye foi “as fontes de estresses não precisam ser ruins” é possível que estímulos que manipulam a homeostase de forma a promo- ver o desequilíbrio possibilitam respostas boas. Para Selye este seria o estresse de eustresse, que resulta em resultados positivos. Em contrapartida há o estres- se de distresse, que é o negativo (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 184-185). O processo descrito acima é identifi cado como “estresse positivo” suas cau- sas sugerem ser produtiva ao indivíduo, mesmo assim é possível ocorrer fragili- dade física e psicológica como: “sentir tensão, dor muscular, azia, problemas de pele, irritabilidade sem causa aparente, nervosismo, sensibilidade excessiva, ansiedade e inquietação” (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 22). Neste momento, se a situação se fi nda, o processo se conclui e não se iden- tifi ca sequelas. Para se atingir a segunda fase, a da resistência é necessário que o estímulo estressor que esteja nos atingindo continue, ou se some a outros, ou seja, se ocorrem situações desafi adoras em sequência. O que se apresenta é o estágio de resistência, onde se resiste ao estresse. Aqui temos a ocorrência de “dois sintomas” bem particulares: difi culdade com a memória e muito cansaço (fragilidade física). Se o indivíduo resiste pode sir do processo (LIPP; MALA- GRIS; NOVAIS, 2007, p. 22). Da terceira fase em diante, se tem problema efetivamente. O que ocorre – o organismo não consegue vencer os desafi os, “não consegue resistir ou se adap- tar” inicia-se o processo de “colapso gradual”. Seria a fase de quase exaustão. “Nesta fase muitas vezes precisa-se de ajuda tanto médica para tratar o problema físico que já surgiu, como psicológica, para aprender a lidar com a causa de seu estresse” (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 22). O indivíduo que chega ao último estágio, fase de exaustação, tem seu or- ganismo extenuado. Várias doenças graves ocorrem, sem ajuda de especialista é quase impossível a reversão do processo. Questões que acometem o sujeito: “a 26 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG concentração não ocorre, o raciocínio é difícil, rir, ter gosto pela vida, depressão. Vamos ter o surgimento de “várias doenças físicas graves”. O “estresse prolonga- do” no tempo, ou na intensidade, “afeta o sistema imunológico. Este por sua vez “reduz a resistência”, o que permite o aparecimento de “infecções oportunistas e doenças contagiosas”. E principalmente, questões de saúde latentes emergem (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 22). Com o objetivo de identifi car o estresse positivo e avaliar tal as- pecto no particular a leitura do capítulo Stress negativo e positivo: existe stress ideal? De LIPP, M. E. N., MALAGRIS, L. E. N., NOVAIS, L. E. Stress ao longo da vida. São Paulo: Ícone Ed., 2007, p. 27. Conta com questionário de 12 perguntas que apresenta se tem ou não stress. Atividade que pode orientar leigos para ações mais espe- cifi cas quanto a própria saúde. Há diversas vivências facilmente identifi cadas que retratam o estresse.Se- ria: mãos suadas, respiração rápida, arritmia cardíaca (frequência mais alta do coração), acidez do estômago, falta de apetite, dor de cabeça, desinteresse por alguma atividade, desinteresse pelas pessoas com as quais se relaciona. Per- cebe-se um distanciamento emocional dos outros. Só apontando a Síndrome de Burnout (reconhecida pela OMS, em janeiro de 2022) é uma doença mental que decorre do estresse do trabalho e se caracteriza pelo distanciamento emocional dos outros. A resenha (Quadro 2) a seguir apresenta algumas fases do estresse de acordo com as características e a gravidade. Observaremos cinco itens que são sintomá- ticos frente as fases, vamos analisar (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 23-25): Quadro 2 – Fases do Estresse Fases / Itens identifi cação Fase de Alerta Fase Resis- tência Fase Quase exaustão Fase Exaus- tão Sono difi culdade de dormir. Normalizado insônia, acorda cedo dorme pouco, sono não revi- gora. Sexo libido alta. libido decai. libido quase desaparece. libido desapa- rece. 27 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 Trabalho grande produtivi- dade e criativi- dade. produtividade e criatividade no normal. produtividade e criatividade caem. sem produção, sem concen- tração, sem interesse Corpo tenso, sudorese, sem apetite. cansado, mesmo frente ao des- canso. Memoria falha. Sensação de estar doente. cansado, sensa- ção de desgaste. Memoria muito afetada. Doenças aparecem. desgastado e cansado. Doenças graves surgem. Humor euforia. cansado, repe- titivo. a vida perde o brilho. não socializa, foge de rela- cionamentos. Tendências ao suicídio. Fonte: a autora (2022) 1 Vamos analisar o motivo de nossa discussão. Você trabalha em uma dada empresa, a organização está no momento de avalia- ção anual e utiliza da ferramenta Avaliação 360°. Você deve ava- liar seus colegas de trabalho. Então no momento está à frente do questionário avaliativo de seu colega de departamento. (1) O colega há alguns meses modifi cou o comportamento no am- biente de trabalho. Parece que foi depois do tratamento de cân- cer da esposa. Você reconhece que por diversas oportunidades ele apresenta: agressividade, apatia frente aos contatos, produ- tividade muito debilitada, sem vontade para nada. Fatores que estão comprometendo a produtividade e o relacionamento do de- partamento O questionário conta com diversos fatores a serem observados sobre o desempenho, você é um profi ssional responsável e comprome- tido deverá responder corretamente a avaliação. Mas há o espa- ço de sugestão para que a empresa tome providências sobre o desempenho dos profi ssionais. Você faria sua avaliação apontando que o desempenho deixa a de- sejar e sugeriria o quê para a empresa, logo ao colega? 28 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Como continuamos na busca de diagnosticar o estresse nos indivíduos, falta colocar mais uma outra questão, especialmente que as pessoas percebem diferen- temente o estímulo estressor. Uns o reconhecem de forma mais signifi cante que outros. Por que será que há diferença individual? A diferença se apresenta, em de- corrência, dos perfi s de personalidade. Os indivíduos contam com personalidades distintas, como histórias de vida distintas (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 185). Médicos estudiosos da questão, observando seus pacientes, reconheceram que as questões que os estilos estressores demandavam eram “vistas” diferen- temente, dependendo da personalidade de cada e neste sentido apresentaram o seguinte: 1. Pessoas do Tipo A são extremamente competitivas, muito dedicadas ao trabalho e têm forte senso de urgência de tempo. São, também agres- sivos, impacientes, orientados para o trabalho. A impulsividade é uma marca. São motivados a realizar o máximo possível no menor tempo possível. 2. Pessoas do Tipo B são menos competitivas, menos comprometidas com o trabalho e têm pouco senso de urgência de tempo. Manifestam me- nos confl itos tanto em relação às pessoas como em relação ao tempo e tem um estilo de vida mais equilibrado e descontraído. São mais au- toconfi antes e capazes de trabalhar em um ritmo constante (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 185). Avaliação 360 graus: ferramenta de análise dos colaboradores. Instrumento que analisa o parecer de todos os stakeholders e a auto- avaliação. Então os colegas, os clientes, os fornecedores e a chefi a avaliam o profi ssional. Possibilita uma visão ampla do desempenho do colaborador. Comumente é desenvolvida através de questionário associado a entrevistas, mas possibilita sugerir. Todos reconhecemos no nosso meio, ou em nós mesmos, estes tipos de pessoas. Pode-se colocar que o Tipo A é mais bem-sucedido, por ser alguém que se lança mais a ação, mas de qualquer forma a agressividade e a maneira como lida com o trabalho pode incomodar, o que difi culta os relacionamentos e diminui a aprendizagem e as oportunidades. Uma outra visão é a que o Tipo B tem melhor trânsito entre seus parceiros, o que possibilita aprendizado. E no contexto de um mundo globalizado e diversifi cado, maiores habilidades de relacionamento con- tam mais (GRIFFEN, MOARHEAD, 2015, p. 185). 29 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 Os autores nos colocam que a grande maioria dos indivíduos são hora Tipo A, hora Tipo B. Também, as pesquisas inicialmente colocavam que as pessoas com predominância de características do Tipo A eram mais propensas a doenças cardíacas. O que as pesquisas mais atuais não confi rmam. O que se tem hoje é que as pessoas do Tipo A são mais complexas do que se acreditava inicialmente (GRIFFEN, MOARHEAD, 2015, p. 185-186). Temos outras características de personalidade que interferem no desem- penho dos indivíduos quando expostos a estímulos fortemente estressores, a saber: a personalidade rústica e o otimismo. Estas duas características favo- recem os indivíduos frente ao estresse, pois quem conta com “uma personali- dade rústica”, ou seja, tem uma localização interna de controle, são fortemente comprometidas com as atividades da vida e enxergam a mudança como oportu- nidade para o progresso e para o crescimento. Essas pessoas geralmente não adoecem, caso sejam submetidas a altos níveis de pressão e estresse” (GRIF- FEN; MOARHEAD, 2015, p. 186). Há pesquisas que apontam que o otimismo, uma outra característica de per- sonalidade, se apresenta como favorável a resistência da pressão dos estímu- los estressores. “Otimismo representa a medida pela qual uma pessoa enxerga a vida, de maneira positiva ou negativa. [...] O otimismo tem relação com à afetivida- de, positiva ou negativa.” (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 186). Os indivíduos otimistas identifi cam questões positivas, nas questões es- tressantes e se apegam a estas o que faz signifi cativa diferença da adaptação a situação. O inverso ocorre com os indivíduos que se apresentam não otimis- tas. Se observa que pessoas menos resilientes ou de personalidade não rústica se abatem mais frente ao estresse, semelhante aos não otimistas (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 186). Há também o reconhecimento que as diferenças culturais interferem na percepção dos estímulos estressores. Aqui cabe reconhecer mais sobre como os indivíduos de nossa cultura percebem o próprio trabalho. É signifi cativa tam- bém a visão quanto à idade das pessoas – esta questão infl uencia (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 186). E por fi m, pesquisas apontam que homens e mulheres, reconhecem diferen- temente os estímulos estressores. [...] “as mulheres talvez estejam mais sujeitas a vivenciarem os efeitos psicológicos do estresse, ao passo que os homens se referem mais aos efeitos físicos” (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 187). 30 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG 2.3 ADMINISTRAÇÃO PROFISSIONAL E PESSOAL DO ESTRESSE Por ser o estresse algo que sempre nos acompanha, uma reaçãoinerente ao nosso organismo, então não há nada melhor que conhecer para poder adminis- trar a situação de forma produtiva, superando os efeitos negativos que possa apresentar, este efeito é acumulativo, esta é uma grande questão. O estresse [...] “é o mecanismo de sobrevivência mais útil que qualquer organismo pode ter. É ele que nos dá força e vigor para enfrentar os desafi os. Mas, é ele também que pode se exceder, quando não bem gerenciado, podendo causar tanto dano ao funcio- namento físico e emocional da pessoa” (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 17). Pesquisadores e autores utilizam o termo estressor para qualquer estímulo que consiga eliciar respostas orgânicas. Lembrando que respostas orgânicas são estimuladas pelas glândulas suprarrenal e pelo sistema nervoso autônomo simpático (respiração, batimentos cardíacos, digestão, controle da temperatura corporal, entre outras). As alterações fi siológicas produzidas apresentam respos- tas esperadas (taquicardia, sudorese, difi culdade de atenção concentrada) estas por sua vez causam manifestações psicológicas, mentais e comportamentais. As colocações acima sugerem que a natureza do estímulo é diversa, ou seja, pode ser emocional, biológica, ambiental ou física. Exemplifi cando um estímu- lo estressor físico = “nervoso”, expressa sintoma físico = úlcera. Um outro exem- plo é o estímulo estresse emocional = processos de pensamento = ansiedade. As pessoas devem saber “lidar” com a questão para poder tirar proveito e não esmorecer frente. A literatura reconhece que os indivíduos não identifi cam se estão enfrentando estresse. Devemos ter consciência que nosso organismo e nossos sentimentos “dão o alerta”, mas na maioria das vezes não reconhecemos eles. O esquema (Quadro 3) a seguir amplia nossa percepção do que ocorre fren- te aos estímulos estressores. 31 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 Quadro 3 – Percepção de estímulos estressores Fonte: a autora (2022) Com base no Quadro 3, percebe-se que os estímulos estressores estão “por aí”, no meio ambiente, na nossa história de vida, na nossa genética. É evidente, que as fontes de estresse, estão em espaços onde convivemos: ambiente social, ambiente de trabalho, ambiente familiar, ambiente acadêmico e nos processos de comunicação do ser humano. Assim, um exemplo de dentro de nós seria: “Estou pensando sobre minha carreira, meu futuro”, (estímulo interno ao indivíduo). Outro poderia ser “Estou pensando sobre as metas a atingir para a empresa”, (estímulo externo ao indiví- duo). A intensidade do estímulo, tanto interno como externo, depende das carac- terísticas biofísicas, da personalidade, da história de vida de cada um. Ambos os estímulos são estressores só que poderão ser ora positivos, ora negativos, ora ideal? Vamos identifi car no panorama abaixo o que Lipp, Mala- gris, Novais (2007, p. 27-28) nos oferta sobre: Estresse negativo: é o estresse em excesso. Ocorre quan- do a pessoa ultrapassa seus limites e esgota sua capacidade de adaptação. O organismo fi ca destituído de nutrientes e a energia mental fi ca reduzida. Produtividade e capacidade de trabalho fi cam prejudicadas. A qualidade de vida sofre danos. Posteriormente a pessoa pode vir a adoecer. Estresse positivo é o estresse em sua fase inicial, a de alerta. O organismo produz adrenalina que dá ânimo, vigor e energia fazendo a pessoa produzir mais e ser mais criativa. Ela pode passar por períodos em que dormir e descansar passa a não ter tanta importância. É a fase da produtividade, como se a pessoa estivesse de alerta. Ninguém consegue fi car em alerta por muito tempo pois o estresse se transforma em excessivo quando dura demais. 32 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Estresse ideal: ocorre quando a pessoa aprende o manejo do estresse e gerencia a fase de alerta de modo efi ciente, alternando entre estar em alerta e sair de alerta. O organismo precisa entrar em equilíbrio após uma permanência em alerta para que se recupere. Após a recuperação não há dano em entrar de novo em alerta. Se não há um período de recupera- ção, então, doenças começam a ocorrer pois o organismo se exaure e o estresse fi ca excessivo. O estresse pode se tornar excessivo porque o evento estressor é forte demais ou porque se prolonga por tempo mais longo. Seguindo e ampliando o raciocínio, pode-se entender que temos duas cate- gorias de estresse bem defi nidas em nossa vida, na vida globalizada, na vida do século XXI. Como os autores Griff en e Moarhead (2015, p. 187) colocam seria: 1. “Estressores organizacionais: exigências da tarefa (ocupação, segu- rança, sobrecarga); exigências físicas (temperatura, aparência do escritório); exigências na função (ambiguidade, confl ito); exigências interpessoais (pressão do grupo, estilo de liderança, personalidades). 2. Estressores pessoais: mudança na vida, traumas”. Quando o indivíduo se encontra na fase de “resistência”, ou até mesmo na de “quase exaustão”, vamos ter junto as duas categorias de estresse, uma outra questão o estresse que a sociedade cobra, pois contamina o emocional, carac- terizado pelo mal-estar de um indivíduo. Neste momento os indivíduos apresen- tam difi culdade de comunicação, manifesta pela falta de paciência, tolerância o que incomoda a convivência de todos. As duas categorias que englobam todo o viver de um indivíduo, indepen- dentemente de sua idade, pois vivemos em um mundo institucionalizado (família, religião, saúde, lazer, trabalho, educação, entre outros). Os estímulos estresso- res que decorrem destes espaços institucionais imprimem diversas e complexas consequências. Podem até estimular de igual forma o indivíduo, mas como é per- cebido depende de cada um (nossa personalidade interfere na forma de ver as questões). Tem-se aqui o caráter particular de cada um, a subjetividade humana. Subjetividade: é o processo que torna o universal em particular. Os seres humanos são iguais entre si. O que sugere ser universal, mas nosso jeito de ser nos torna particular, singular. 33 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 As consequências por sua vez podem tornar a serem causas. Exemplifi - cando a colocação, uma mulher que trabalha sob grande pressão de uma chefi a autoritária, pode desenvolver um quadro de ansiedade. E sua ansiedade passar a ser fator de procrastinação. Fácil perceber que os estressores organizacionais, em es- pecial os do trabalho, são os estresses ocupacionais que demandam da relação entre o indivíduo e o seu ambiente de trabalho, que por vezes apresentam exigências superiores as habilidades, fator de desgaste do organismo. A produtividade, fundamental no espaço organizacional, “esbarra” na carga de trabalho, na baixa autonomia, na pressão (gestão autoritárias, confl itos interpessoais). Então temos estressores organizacionais que causam consequências or- ganizacionais, como: “diminuição do desempenho ou da motivação ou da satis- fação com a atividade produtiva, rotatividade, absenteísmo”. E teremos também, estressores pessoais que causam consequências individuais, como: “as comportamentais (abuso de álcool e drogas, violência), as psicológicas (distúrbios do sono, depressão) e as médicas (doenças cardíacas, cefaleias) ”. (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 187). Os estressores promovidos pela atividade laboral contam com “vários fatores que podem causar estresse no local de trabalho”. São conhecidos por grande parte dos profi ssionais, por terem relação direta com as competências que são solicitadas no espaço de trabalho. A saber: “exigências da tarefa, exigências físicas, exigências da representação de papeis e exigências interpessoais” (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 188). Papel: tanto no contexto organizacional, como no social – papel são os comportamentos inferidos à posição dos indivíduos nos gru- pos em que esteja inserido. Esclarecendo exigências da tarefa, é o que o trabalho em sidemanda: de conhecimento, de responsabilidades diversas, de segurança da saúde ou vida. Exemplos seriam o médico, o bombeiro. As exigências físicas se relacionam com o espaço físico e do ambiente. Um exemplo é o coletor de lixo que trabalha correndo, ao ar livre (chova ou faça sol). As exigências da representação de papeis, aqui observa-se a divergências entre os papeis formais e os informais 34 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG que apresentamos nas organizações. É possível orientações contraditórias como ser correto e honesto com relação a empresa, mas frente aos clientes, nem tan- to. A empresa cobrar mais comprometimento (sobrecarga de horário) e a famí- lia solicitar sua presença. Há, inclusive a sobrecarga de papeis (ser o gestor de departamento, o gestor da ação solidária da empresa, ser o gestor da festa de fi nal de ano da instituição religiosa). Por fi m, as exigências interpessoais são as que se relacionam as demandas interpessoais, pressões grupais, liderança e confl ito interpessoal. Um exemplo que caracteriza bem é a que nos lembra que quando trabalhamos em produção, ocorrem acordos quanto a produção de cada um, para ninguém se prejudicar. Trabalhar junto a uma chefi a muito grosseira em suas colocações, é difícil. Temos este último exemplo os seguranças. (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 188-191). No contexto organizacional, temos diversos estressores que suscitam muita contradição, entendimento e aceitação dos indivíduos. A discussão sobre estabi- lidade organizacional, os profi ssionais podem apresentar estresse, em diversos níveis na presença da possível demissão, dependerá da situação pessoal, familiar, carreira, domínio da atividade, contexto global. É uma discussão muito complexa. Trabalho: para os indivíduos não só no hoje como no passado, é o que possibilita não só o sustento. Também permite a sensação de pertencer, de participar, de ser útil, de contribuir. Sentimentos que mo- tivam e promovem satisfação pessoal. Assim, é de grande signifi cado para a vida pessoal e coletiva dos indivíduos. Você percebe assim? Outra ideia na área organização é a sobrecarga de trabalho, tanto quantitati- va como qualitativa, fator bem particular a administrar. A resposta de cada indivíduo é sua apenas. Os autores nos colocam uma questão, nem sempre evidente a todos os profi ssionais, independente de qual função detenha (operacional, administrativa, técnica ou gestão): relação entre carga de trabalho, estresse e desempenho. É claro que o excesso de estresse não é desejável, mas pouco estresse também pode ocasionar problemas. Por exemplo, o pouco estresse pode resultar em tédio e apatia e ser acompa- nhado por baixo desempenho. Embora o excesso de estresse possa causar tensão, ansiedade e baixo desempenho para a maioria das pessoas, há uma otimização do nível de estresse que resulta em energia, motivação e desempenho elevados (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 189). 35 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 Agora, deve-se expor os dois estressores na vida pessoal: as mudanças de vida e os traumas. Os indivíduos vivem nas organizações e nas famílias, en- tão os estressores da vida pessoal infl uenciam os estressores organizacio- nais. Os estudiosos da área apontam que (1) mudanças na vida do indivíduo seriam qualquer alteração de porte no contexto pessoal ou profi ssional. Como exemplos da questão apontamos: morte, separação, doenças graves, casamento, nascimento, alteração da condição fi nanceira ou do trabalho, instabilidade afetiva, entre outras. As mudanças podem ser mais ou menos estressantes de maneira semelhante aos estressores organizacionais, pois dependem da idade do indiví- duo, da condição fi nanceira e educacional, da cultura também (GRIFFEN; MO- ARHEAD, 2015, p. 192). O outro item quanto aos estressores na vida pessoal é o (2) trauma que os autores esclarecem como sendo “similar à mudança na vida, mas possui um foco mais estreito, mais direto e de menor prazo. Trauma é qualquer transtorno na vida de uma pessoa que altera as atitudes, emoções e comportamentos” (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 193). Os exemplos de traumas físicos comumente são entendidos como lesões cau- sadas por acidentes diversos, agressão, ocasionando ferimentos graves externa ou internamente ao organismo. Mas, o que se apresenta como complexo é o trauma psicológico que tem sua origem em alguma situação física ou de mudança de vida que decorre de uma experiência que promove grande dor ou sofrimento. Fatores não, necessariamente, observados sem pesquisa efetiva de um profi ssional da área. Fator que muda profundamente o comportamento, o pensamento e os sentimentos da pes- soa. Um exemplo que de trauma seria a violência sexual, independente do sexo, cau- sa mudança de comportamento e futuramente, mesmos com as lesões ocasionais fi ndas, o fator psicológico requer muita atenção e acompanhamento. Com o objetivo de prevenir o estresse, leia o capítulo “Como prevenir”, de LIPP, M. E. N., MALAGRIS, L. E. N., NOVAIS, L. E. Stress ao longo da vida. São Paulo: Ícone Ed., 2007, p. 69. Uma percepção que favorece a administração do estresse, é a que nos co- loca Griff en e Moarhead (2015, p. 193) quando apontam que “o estresse pode ter inúmeras consequências. Como já observamos, se o estresse é positivo, o resultado pode ser mais energia, entusiasmo e motivação. As consequências ne- gativas do estresse são claramente mais preocupantes”. 36 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG Dentre estas há a exaustão, que pode ter seu estopim, tanto, nos estres- sores organizacionais como nos pessoais. A defi nição busca se apegar na sua principal infl uência. Um exemplo é o abuso de substância que estimulam ou depri- mam, num primeiro momento pode-se reconhecer que a família perde muito com tal situação, pois os relacionamentos fi cam prejudicados, as fi nanças podem ser abaladas, mas a organização de trabalho perde em desempenho, em segurança dos demais e no comprometimento do profi ssional. Então as consequências do estresse atingem as pessoas em todos os seus espaços (organização e família) (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 193). Trabalhamos até o momento a classifi cação dos estressores. Agora, apre- sentaremos as consequências individuais e as organizacionais dos estímulos estressores, nesta ordem por ser o indivíduo que efetivamente sofre as conse- quências de seu estresse. O comprometimento de qualquer profi ssional ou pes- soa, que intervenha frente a outra, por quê esta requer atenção em função de seu estado de estresse – é o indivíduo. Por auxiliar ele a superar a situação estará auxiliando a organização e todos ao seu redor. Então as consequências individuais/pessoais “são as que mais afetam, uma pessoa. [...] O estresse pode produzir consequências comportamentais, psi- cológicas e médicas”. As consequências comportamentais por sua própria carac- terística afetam o indivíduo e os ao seu redor. Diversas pesquisas, de certa forma, apontam que indivíduos estressados dentem a aumentar de intensidade ou volume o consumo tabaco, álcool, drogas. Ou mesmo alguma atividade que difi culte seus relacionamentos (GRIFFEN; MO- ARHEAD, 2015, p. 194). Comportamento: é a reação dos indivíduos frente ao meio onde esteja inserido. Assim, é o modo de agir de cada um. Movido por seus sentimentos, emoções, conhecimentos. As consequências psicológicas têm relação direta com a “saúde mental e bem-estar” do indivíduo. A situação é facilmente observada, pois é comum uma pessoa estressada, com o tempo, apresentar depressão ou dormir pouco ou mui- to (possivelmente já estamos na fase de quase exaustão). Há também problemas familiares e sexuais (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 194). 37 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 As consequências médicas atingem o “bem-estar físico” do indivíduo. “As doenças cardíacas e o derrame,entre outras doenças, tem sido relacionadas ao estresse”. Tem-se conhecimento de outras manifestações físicas que importunam o bem-estar do indivíduo decorrente do estresse, como: cefaleias, dores nas cos- tas, úlceras, azia ou má digestão, alergias, entre outras (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 194). Quando se discute as consequências organizacionais, fi ca fácil reconhecer que qualquer das situações descritas como consequências individuais/pessoais, psicológicas e médicas afetam as organizações, pois se o indivíduo e os ao seu redor sofrem com tais consequências. O profi ssional deverá apresentar problemas de desempenho; quando este atua na área operacional, tem-se a falha no desem- penho em termos de qualidade ou quantidade. A tomada de decisão equivocada por parte de um gestor estressado. Como possivelmente quebra de contrato por proble- mas de relacionamento (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 194). Problemas de rotatividade e absenteísmo: os profi ssionais estressados por suas problemáticas de saúde podem faltar, chegar atrasado, não cumprir pra- zos e metas. Ou ainda por apresentarem problemas de relacionamento solicitam a demissão, pois o espaço organizacional estaria incomodando. De modo geral, apresentar comportamentos mais displicente frente às normas e processos, ou até violento. Problemas quanto às atitudes: o profi ssional muda seu comportamento, a “satisfação profi ssional, o moral e o comprometimento com a empresa sofrem, pois, a motivação para o trabalho decai, diminuindo e o profi ssional passa a desen- volver só o necessário, garantindo o posto de trabalho (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 196). Por fi m, os Problemas quanto à Exaustão, entendida com o “um a sensa- ção de grande cansaço que se desenvolve quando a pessoa experimenta muita pressão e tem poucas fontes de satisfação”. Observa-se no espaço organizacio- nal que profi ssionais com “grande aspiração e alta motivação” são candidatos a exaustão, pois as organizações difi cilmente acompanham, todas as suas preten- sões. Ocorrendo “fadiga, frustação e desamparo”. Também, é possível “perda da autoconfi ança e o afastamento psicológico”. O profi ssional não se interessa mais por trabalhar, não produz como anteriormente, ocorre a exaustão física e mental (GRIFFEN; MOARHEAD, 2015, p. 196). 38 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG 2 Vamos analisar os estímulos estressores que chegam ao indivíduo no espaço educacional, então você está desenvolvendo um curso de pós de graduação centrado em ferramentas que lhe capacitem a exercer a função de coaching, utilizando o background das teo- rias de comportamento e estresse. O que favorece o diagnóstico, junto ao cliente e as ferramentas, como as competências para a busca dos melhores resultados. (1) Você está desenvolvendo conteúdo para conseguir os créditos na disciplina. E lhe é apresentado a questão: quais são os principais estressores para você neste momento? (2) Você poderia apontar se há diferença entre um estressor organi- zacional e um pessoal? Outro debate que se apresenta, é a vulnerabilidade e a resiliência ao es- tresse. Qual termo é mais apropriado para retratar que as pessoas reagem de for- ma diversa frente a grandes traumas, possivelmente não apresentando estresse emocional em decorrência. Outra identifi cação é que mesmo sendo resistente ao estresse de certa forma, não signifi ca que é possível ser imune. Todos os indiví- duos apresentam um limite, pode-se dizer uma “área mais sensível”. Tem-se que observar que tal resiliência sofre infl uência do momento que o indivíduo esteja vivendo. Mas, o termo mais adequado é resiliência, não vulnerabilidade, pois as pessoas o que ocorre mesmo é “a pessoa consegue superar as crises e adversi- dades da vida” (LIPP; MALAGRIS; NOVAIS, 2007, p. 43). Esta última colocação suscita que é possível que as “diferenças individuais possam ter origem tanto ambiental quanto genética”. Assim, pode-se inferir que as mais sensíveis são as mais vulneráveis. Entendendo que tal sensibilidade decorre da genética (sistema límbico) e que o histórico de vida imprimiu conexões inade- quadas, que a tornaram mais sensível. O sistema límbico que origina as emoções e este mais sensível promove reações mais facilmente (LIPP; MALAGRIS; NO- VAIS, 2007, p. 43). O autor nos lembra que “a interpretação que damos aos eventos muito con- tribui para o que vamos sentir frente a ele, deste modo a fi m de que o sistema lím- bico seja ativado, o evento necessita ser interpretado como um desafi o”. Estamos aportando no meio ambiente neste momento. O ambiente em muito contribui para 39 CONHECENDO O ESTRESSE Capítulo 1 esta questão. Como aprendemos os fatos da vida, faz toda a diferença. (LIPP, MALAGRIS, NOVAIS, 2007, p. 43). 2.4 APRENDENDO A LIDAR COM O ESTRESSE O contexto a ser abordado visa discutir o estresse ideal, ou seja, quando o indivíduo gerencia o próprio estresse na fase de alerta. Otimizando o principal me- canismo de defesa do organismo humano. O estresse não é reconhecido como uma doença pela Organização Mundial da Saúde – OMS, é entendido como um conjunto de sinais e sintomas identifi cáveis em vários processos patológicos, sem uma causa específi ca que “desencadeia doenças, que se não tratadas” prejudi- cam em muito o indivíduo (BARROS; FUNKE; LOURENÇO, 2017, p. 18). Através da visão de Barros, Funke, Lourenço (2017, p. 13): O estresse é como uma defesa do organismo aos obstáculos ou situações desafi adoras. No entanto, se essas situações se repetem, alteram todo o funcionamento do organismo. Subs- tâncias químicas são liberadas continuamente, o que afeta os sistemas imunológicos, endócrino e nervoso. Com o tempo, ocorre o enfraquecimento físico e psicológico, o que causa um estado de exaustão. Se a pessoa não consegue identifi car esse estágio e tratar o problema, terá como consequência uma desordem interna que envolve aumento da pressão arterial, má circulação, dores musculares, dores nas costas e na região cervical e pode desenvolver ouras doenças. Todas as colocações até o momento nos desenham que a questão – estresse é difundida em todos os espaços que se vivencia no cotidiano e tem potencial de depreciar o desempenho e o desenvolvimento de cada um. Partindo do princípio que o interesse em sanar a questão é de todos, indivíduos e organizações. Vamos apresentar estratégias possíveis, pois a questão poderá ser trabalhada pelo individuo para si mesmo, como pelo individuo para os demais. Só depende do espaço onde esteja inserido e suas obrigações profi ssionais. Uma refl exão anterior que esclarece que o estresse atinge a todos inde- pende, “cada um no seu estilo de vida, no seu mundo pessoal, independente da classe socioeconômica, no nível intelectual, no local onde mora, terá sempre que enfrentar situações das mais variadas que vão exigir adaptação”. Há estresse em todos os espaços e atinge a todos os indivíduos. Pois, “estressor é todo evento capaz de gerar estado de tensão”. Tensão esta positiva ou negativa que requer adaptação ao equilíbrio. Comumente nos atentamos mais as negativas, mas cabe colocar que não é possível conviver com “êxtase ou alegria ou com paixão perma- 40 ASPECToS PSiCoLÓGiCoS Do ESTrESSE E DA ANáLi- SE ComPorTAmENTAL NA TEoriA Do CoACHiNG nentes”. É necessária uma acomodação para ocorrer o equilíbrio (LIPP; MALA- GRIS; NOVAIS, 2007, p. 33). As pesquisas nos colocam que o enfrentamento das situações estressoras positivas ou negativas demandam energia de adaptação, para promover o equilí- brio, assim o estresse acaba. A proposta de enfrentamento individual inicia com a conscientização e reconhecimento de si mesmo e de seu limiar de resistência, para poder trabalhar pode-se iniciar exercitando-se. Griff en e Moarhead (2015, p. 196) colocam que “o exercício é um método para administrar o estresse. As pessoas que se exercitam são menos propensas