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1 PROF. EDUARDO AUGUSTO DA FONSECA O mundo não para. COMO ELABORAR UM PLANO DE NEGÓCIOS 2 COMPOSIÇÃO DA MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE RORAIMA Presidente - Soldado Sampaio (PCdoB) 1º Vice-Presidente - Marcelo Cabral (MDB) 2º Vice-Presidente - Renato Silva (Republicanos) 3º Vice-Presidente - Éder Lourinho (PTC) 1º Secretário - Jeferson Alves (PTB) 2º Secretária - Aurelina Medeiros (Podemos) 3º Secretária - Tayla Peres (PRTB) 4º Secretário - Gabriel Picanço (Republicanos) Corregedor-Geral - Nilton Sindpol (Patriota) Ficha Técnica Ebook - COMO ELABORAR UM PLANO DE NEGÓCIOS Autor: Prof. Eduardo Augusto da Fonseca Revisão Pedagógica e EAD: Prof. Postdoc Wender Antônio da Silva Proibida a reprodução total ou parcial sem a autorização da editora. A distribuição e download deste e-book são gratuitos dentro da plataforma Escolegis, no entanto, sua comercialização e/ou redistribuição é terminantemente proibida. ©️ Copyright 2021 – Istud Ltda ME Categoria: inteligência emocional 3 SUMÁRIO SUMÁRIO UNIDADE 1 ..................................................................................................... 6 1. CONTEXTO E AMBIENTE QUE ENVOLVE AS EMPRESAS. ...... 6 UNIDADE 2..................................................................................................... 23 2. O EMPREENDEDORISMO E O EMPREENDEDOR ..................... 23 UNIDADE 3..................................................................................................... 47 3. INOVAÇÃO ........................................................................................................ 47 UNIDADE 4 .................................................................................................... 63 4. PLANO DE NEGÓCIO E MODELOS DINÂMICO DE NEGÓCIO ................................................................................................................ 63 UNIDADE 5 .................................................................................................... 96 5. ASPECTOS FINANCEIROS E JURÍDICOS .......................................... 96 4 COMO ELABORAR UM PLANO DE NEGÓCIO 5 Introdução Exemplos de empresas criadas há pouquíssimo tempo e que têm se tor- nado símbolos de dinamismo, lideradas por seus fundadores que conseguem sobrepor tradicionais empresas, outrora consideradas imbatíveis, ensejam o fascínio pelo empreendedorismo como carreira profissional. Por outro lado, nos últimos anos, cada vez mais pessoas têm buscado se aperfeiçoar para a adequação a uma realidade em que trabalho e renda não são mais intimamente relacionados a empregos. Por estes motivos, promover a conscientização e motivar o aprendizado de conceitos fundamentais para o desenvolvimento e sucesso de novos negó- cios, startups ou, ainda, qualquer iniciativa relacionada ao empreendedorismo e intraempreendedorismo seguramente contribuirá para alavancar perspectivas individuais e da sociedade em que estamos inseridos. Objetivo geral. Apresentaremos, para empresas e cidadãos interessados em estruturar um modelo de negócio, seus principais conceitos, tendências e desafios envolvi- dos, permitindo abordagens múltiplas, interdisciplinares, tais como as áreas de conhecimento de empreendedorismo, gestão estratégica de empresas, gestão da inovação, análise e desenvolvimento de mercados e finanças. Objetivos Específicos. Proporcionar ao aprendiz as condições de desenvolver: 1.habilidades como o conhecimento amplo, não aprofundado, a respeito de ambientes inovadores e diferentes formas de estruturar uma ideia a partir do processo de descobrimento e desenvolvimento de produtos e clientes; 2. competências, por meio de metodologias e ferramentas, para se ob- ter uma proposta de valor, bem como meios para a sua testagem e validação; 3. contextualizar e explanar tendências de apresentação de modelos e planos de negócio, assim como possíveis meios de financiamento ou fomento a novos negócios. 6 UNIDADE 1 1. CONTEXTO E AMBIENTE QUE ENVOLVE AS EMPRESAS. Agenda. Nesta unidade, temos os seguintes objetivos: - Explicar como estamos inseridos no mundo interconectado; - Descrever principais aspectos do cenário pós pandêmico, pertinentes ao am- biente de negócios e ao empreendedor. - Relacionar este contexto às megatendências, que podem influenciar o ambien- te de negócios e até mesmo ser fonte de oportunidades ao empreendedor. Cenário pós pandêmico. Vamos iniciar este curso como um empreendedor prestes a analisar uma proposta, uma oportunidade de negócio: analisando cenários, em uma visão abrangente, para então aproximar a visão (“dar um zoom”) e analisar aspectos mais particulares. O contexto amplo em que estamos inseridos é o cenário impactado pela pandemia da COVID-19. A Geração X já precisou lidar e com o termo “VUCA”, possivelmente alguns alunos daqui já ouviram ou leram a respeito. Desde os anos 1980 /90, abordamos os aspectos do Mundo VUCA -acrô- nimo das palavras em inglês Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity (em português: volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade, respectivamen- te). O contexto era de instabilidade, insegurança mundial, transformações rápidas e, em conjunto, com inúmeras revoluções tecnológicas. Não há muitos 7 motivos para brincar com isto, mas pode parecer até irônico observar hoje, com um olhar jovem, que há três, quatro décadas, havia crises! Algumas, infelizmen- te, parecidas com as atuais, como se estivéssemos completando um triste ciclo: O Brasil convivia com inflação em que não se cogitava deixar dinheiro sem render em um único dia (para quem tinha dinheiro), a queda do Muro de Ber- lim e a reunificação da Alemanha e a Guerra Fria ruindo, crises da Ásia, Rússia, guerras no Oriente Médio... Desta época, a sociedade já acompanhava as profundas mudanças em emergência, e que se acentuaram ainda mais com a chegada do chamado “mundo digital”. Todos os professores, palestrantes, chefes... Falam sempre das novas tecnologias, da velocidade das transformações, da dinâmica global, a intercam- bialidade de fatores que ocorrem do outro lado do mundo e nos afetam. Como na Teoria do Caos, onde “o bater de asas de uma borboleta no Brasil pode oca- sionar um tornado no Texas”1. Observação: Diante de uma ansiedade e sentimento de impotência que este ambiente pode vir a causar, é até um certo alívio poder saber que, embora o caos faça parecer que tudo se move de forma aleatória, desordenada ou im- previsível, na verdade o próprio caos cria padrões ao longo do tempo. Mais recentemente (antes da COVID-19) o acrônimo VUCA ganhou uma atualização, adaptado por alguns profissionais que buscam sintetizar a com- preensão do mundo em que vivemos. O denominado mundo MUVUCA é uma transformação do VUCA. Desse modo, além de ser volátil, incerto, complexo e ambíguo, a realidade seria retratada como significativa e universal (do idioma inglês, Meaningful e Universal): Significativo (M – meaningful): um senso de propósito ao que fazemos, pois é ele que dá sentido aos nossos atos e escolhas. Universal (U – universal): nossas decisões impactam o todo. Você já pensou como esta segunda década do século XXI será refletida na his- tória? 1 Teoria do Caos https://www.bbc.com/portuguese/geral-59617541 https://www.bbc.com/portuguese/geral-59617541 8 Passamos recentemente (já passou?!?) por um período de gigantescas mudanças e, com essas mudanças, a necessidade de ainda mais agilidade. Não apenas rapidez -vamos abordar isto daqui a pouco. Passamos por meses permeados de temores extremos a respeito de nossas vidas, paralização de planos e mesmo perdas significativas muito próximas a nós. Mesmo para quem hoje é capaz de até, sob certos aspec- tos, achar graça de algumas coisas inerentes ao caos do início da pande- mia, é certo que esta grande parada de arrumação foi muito traumática. Discutíamos e especulávamos muito a respeito do que seria o “novo nor- mal” e agora, após o grande impacto inicial,podemos refletir um pouco melhor. Não sabemos nem mesmo se neste futuro teremos livros ou mesmo salas de aula, mas uma coisa é indiscutível: o ano de 2020 ficará marcado como um grande divisor de águas para a humanidade. Por exemplo, uma das certezas de que temos agora a respeito desta fase é que as conexões feitas com auxílio da internet foram os caminhos encontra- dos para todos os âmbitos das nossas vidas. Uma das principais consequências que impactaram não só no mo- mento da crise, mas definitivamente alteraram o nosso cotidiano, não mais vinculado a questões pandêmicas, foi o uso intenso de smartphones, 9 computadores e até mesmo televisão conectada à internet (não só para fins de lazer em redes sociais ou filmes por streaming por exemplo, mas para comunicação, trabalho, tarefas do dia a dia). Uso da internet no Brasil, pós-COVID-19. A utilização da Internet se consolidou no país. Vejamos alguns dados selecionados a partir de abrangentes relatórios do Centro Regional de Es- tudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), liga- do ao Comitê Gestor da Internet do Brasil (CGI.br) 2. 152 milhões de usuários no país, equivalente a 81% da população adulta (16 anos ou mais); 43% das pessoas que utilizam internet pagaram para assistir filmes ou sé- ries; 80% trabalharam remotamente como consequência do distanciamento social; Surgimento do PIX (do zero a 72%, durante a pandemia); Cresceu o uso combinado de dispositivos (telefone + computador) e o acesso à internet pela TV foi de 40% em 2019 a 58% em 2020 (como ilustrado no gráfico abaixo) e, em 2021, atingiu 64%; Consultas e transações financeiras se tornaram habituais (em 2018, 36% utiliza- vam este meio, passando a 71% em menos de 2 anos), compras por PIX saíram do zero a 72%, em meses); Aumentou a realização de serviços públicos (16% da população agendou consul- tas e outros serviços na rede pública, ante 4% em 2019) e a própria telemedici- na também foi regulamentada e foi amplamente praticada nos últimos anos. 2 Relatórios com informações ricas a respeito de hábitos de brasileiros na internet em relação à pandemia, educação, trabalho, saúde, lazer, consulta a serviços públicos etc.: https://cetic.br/pt/noticia/cresce-o-uso-de-internet-durante-a-pandemia-e-numero-de-usuarios-no-brasil-chega-a-152- milhoes-e-o-que-aponta-pesquisa-do-cetic-br/#:~:text=do%20Cetic.br-,Cresce%20o%20uso%20de%20Internet%20durante%20 a%20pandemia%20e%20n%C3%BAmero,aponta%20pesquisa%20do%20Cetic.br&text=O%20Brasil%20tem%20152%20 milh%C3%B5es,com%2010%20anos%20ou%20mais. https://www.cetic.br/media/analises/painel_tic_covid19_1edicao_coletiva_imprensa.pdf https://www.cetic.br/media/analises/painel_tic_covid19_2edicao_coletiva_imprensa.pdf https://www.cetic.br/media/analises/painel_tic_covid19_4edicao_coletiva_imprensa.pdf https://cetic.br/pt/noticia/cresce-o-uso-de-internet-durante-a-pandemia-e-numero-de-usuarios-no-brasil-chega-a-152-milhoes-e-o-que-aponta-pesquisa-do-cetic-br/#:~:text=do Cetic.br-,Cresce o uso de Internet durante a pandemia e n%C3%BAmero,aponta pesquisa do Cetic.br&text=O Brasil tem 152 milh%C3%B5es,com 10 anos ou mais https://cetic.br/pt/noticia/cresce-o-uso-de-internet-durante-a-pandemia-e-numero-de-usuarios-no-brasil-chega-a-152-milhoes-e-o-que-aponta-pesquisa-do-cetic-br/#:~:text=do Cetic.br-,Cresce o uso de Internet durante a pandemia e n%C3%BAmero,aponta pesquisa do Cetic.br&text=O Brasil tem 152 milh%C3%B5es,com 10 anos ou mais https://cetic.br/pt/noticia/cresce-o-uso-de-internet-durante-a-pandemia-e-numero-de-usuarios-no-brasil-chega-a-152-milhoes-e-o-que-aponta-pesquisa-do-cetic-br/#:~:text=do Cetic.br-,Cresce o uso de Internet durante a pandemia e n%C3%BAmero,aponta pesquisa do Cetic.br&text=O Brasil tem 152 milh%C3%B5es,com 10 anos ou mais https://cetic.br/pt/noticia/cresce-o-uso-de-internet-durante-a-pandemia-e-numero-de-usuarios-no-brasil-chega-a-152-milhoes-e-o-que-aponta-pesquisa-do-cetic-br/#:~:text=do Cetic.br-,Cresce o uso de Internet durante a pandemia e n%C3%BAmero,aponta pesquisa do Cetic.br&text=O Brasil tem 152 milh%C3%B5es,com 10 anos ou mais https://www.cetic.br/media/analises/painel_tic_covid19_1edicao_coletiva_imprensa.pdf https://www.cetic.br/media/analises/painel_tic_covid19_2edicao_coletiva_imprensa.pdf https://www.cetic.br/media/analises/painel_tic_covid19_4edicao_coletiva_imprensa.pdf 10 Em paralelo, sabemos que o comércio eletrônico, também conhecido como e-commerce, se consolidou como parte dos hábitos cotidianos do con- sumidor brasileiro. Mesmo após a retomada dos hábitos nas ruas das cidades, o e-commerce continua apresentando grande crescimento, como os 19% em 2021, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico1. O COVID-19 acelerou a transformação das práticas cotidianas e processos de negócios. Com a ascensão do trabalho remoto, por exemplo, muitos brasileiros fize- ram de suas casas os seus escritórios. Conhecemos espaços de reuniões digitais (como o Zoom) e enchemos nossos telefones de aplicativos que nos permitiriam realizar tarefas comuns no trabalho e em casa, deixando mais tênues ainda a fronteira entre tecnologia corporativa e tecnologia de consumo pessoal. Uma pequena reflexão a respeito do mundo interconectado (e, provavel- mente em uma infodemia) & efeitos da pandemia. A consultoria Domo divulgou a edição 2021 (a nona) do infográfico Data Never Sleeps2, que mostra o que acontece na internet em cada minuto, meros 1 ABComm divulga balanço de e-commerce: setor cresceu 19% em 2021 https://itforum.com.br/noticias/abcomm- divulga-balanco-de-e-commerce-setor-cresceu-19-em-2021/ 2 INFOGRÁFICO ATUALIZADO MOSTRA O QUE ACONTECE NA INTERNET A CADA MINUTO https:// primeirodigital.com.br/marketing-digital/infografico-atualizado-mostra-o-que-acontece-na-internet-a-cada-minuto/ https://itforum.com.br/noticias/abcomm-divulga-balanco-de-e-commerce-setor-cresceu-19-em-2021/ https://itforum.com.br/noticias/abcomm-divulga-balanco-de-e-commerce-setor-cresceu-19-em-2021/ https://primeirodigital.com.br/marketing-digital/infografico-atualizado-mostra-o-que-acontece-na-internet-a-cada-minuto/ https://primeirodigital.com.br/marketing-digital/infografico-atualizado-mostra-o-que-acontece-na-internet-a-cada-minuto/ 11 60 segundos. Este estudo revela de maneira impressionante o impacto das fer- ramentas digitais na vida das pessoas por causa da pandemia. https://www.domo.com/learn/infographic/data-never-sleeps-9 Este é o “novo normal”, e se quisermos prosperar daqui para frente - tanto individualmente quanto como organizações - teremos que continuar a reima- ginar nossos ritmos no trabalho e em casa, bem como encontrar maneiras de usar a tecnologia para trazer essas novas cadências para a vida mais rápida e fácil. Observações: Vale ponderarmos, por outro lado, a questão da infodemia3, intoxicação por excesso de informação, além do ambiente propício para desinformação (abordaremos esta questão adiante). Outro contraponto é a reflexão da nossa situação, ainda com um abismo social e um país de muitas realidades, com boa parte da população com acesso precário à internet4. As desigualdades entre os preparados para o novo am- biente econômico e a vulnerabilidade dos sem condições de se desenvolverem para as novas necessidades é preocupante. Um estudo do Instituto Locomotivas e da empresa de consultoria PwC identificou que 33,9 milhões de pessoas estão 3 Infodemia: entenda como o excesso de informações pode prejudicar sua saúde mental. https://www.nossasaude.com.br/ dicas-de-saude/infodemia-entenda-como-o-excesso-de-informacoes-pode-prejudicar-sua-saude-mental/ 4 Mais de 33 milhões de brasileiros não têm acesso à internet. https://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2022/03/21/mais- de-33-milhoes-de-brasileiros-nao-tem-acesso-a-internet-diz-pesquisa.ghtml https://www.domo.com/learn/infographic/data-never-sleeps-9 https://www.nossasaude.com.br/dicas-de-saude/infodemia-entenda-como-o-excesso-de-informacoes-pode-prejudicar-sua-saude-mental/https://www.nossasaude.com.br/dicas-de-saude/infodemia-entenda-como-o-excesso-de-informacoes-pode-prejudicar-sua-saude-mental/ https://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2022/03/21/mais-de-33-milhoes-de-brasileiros-nao-tem-acesso-a-internet-diz-pesquisa.ghtml https://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2022/03/21/mais-de-33-milhoes-de-brasileiros-nao-tem-acesso-a-internet-diz-pesquisa.ghtml 12 desconectadas e outras 86,6 milhões não conseguem se conectar todos os dias. No Brasil, apenas 8% dos internautas considerados “plenamente conecta- dos” pertencem às classes D e, enquanto entre os “desconectados”, eles repre- sentam 60%. Aqui, mais uma vez, os conceitos de propósito e significado podem propiciar empreendedorismo de negócios com impacto social. A situação atual, com e após a COVID-19, nos exige novas maneiras de pensar, agir e se comportar na sociedade atual. A situação atual, com e após a COVID-19, nos exige novas maneiras de pensar, agir e se comportar na sociedade atual. Representá-la em um mundo volátil e ambíguo, por exemplo, parece não descrever inteiramente o que real- mente vivemos. Desde a popularização e massificação de novas tecnologias da informação e comunicação, o mundo interconectado, não demorou muito para o mundo VUCA ficasse desatualizado e insuficiente para retratar a realidade. Com o contexto da COVID-19, este conceito ficou ainda mais obsoleto, exi- gindo novas maneiras de pensar, agir e se comportar na sociedade atual. Enfrentando a Era do Caos5. “Este momento atual de caos político, desastres climáticos e pandemia global, de- monstra vividamente a necessidade de uma forma de dar sentido ao mundo, a ne- cessidade de um novo método ou ferramenta para entender as formas que essa era de caos vai tomar. Os métodos que desenvolvemos ao longo dos anos para reconhecer e responder às interrupções comuns são cada vez mais inadequados quando o mundo parece estar desmoronando.” Jamais Cascio Em um paralelo intencional com VUCA, BANI se propõe a ser um esquema (framework) para articular as situações cada vez mais comuns em que a simples volatilidade ou complexidade são perspectivas insuficientes para entender o que está acontecendo. Situações em que as condições não são simplesmente instáveis, são caóticas6. 5 Jamais Cascio, professor da Universidade da Califórnia, historiador, pesquisador e membro do Institute for the Future, cunhou o acrônimo BANI neste artigo: https://medium.com/@cascio/facing-the-age-of-chaos-b00687b1f51d 6 BANI versus VUCA: uma nova sigla para descrever o mundo https://glicfas.com.br/bani-versus-vuca-uma-nova-sigla-para-descrever-o-mundo/#:~:text=O%20chamado%20mundo%20 MUVUCA%20%C3%A9,aos%20nossos%20atos%20e%20escolhas https://medium.com/@cascio/facing-the-age-of-chaos-b00687b1f51d https://glicfas.com.br/bani-versus-vuca-uma-nova-sigla-para-descrever-o-mundo/#:~:text=O chamado mundo MUVUCA %C3%A9,aos nossos atos e escolhas https://glicfas.com.br/bani-versus-vuca-uma-nova-sigla-para-descrever-o-mundo/#:~:text=O chamado mundo MUVUCA %C3%A9,aos nossos atos e escolhas 13 Observações: Vale um “disclaimer”, um aviso deste professor ao trazer estas siglas. O mundo adora encaixotar conceitos, entendimentos em novas expressões /si- glas. Neste caso, não é diferente, mas a intenção, no contexto deste curso, é refletirmos a respeito de como agirmos em um ambiente caótico (mais do que um termo da moda em si, que um futurólogo conseguiu emplacar). Outro aspecto a se levar em consideração é que o próprio autor do termo pondera que a tentativa de enquadrar uma nova perspectiva de mundo pode corresponder a uma visão apocalíptica. Segundo Cascio, “o perigo desse impul- so é que ele pode facilmente se tornar um gatilho para a rendição, uma corren- te de desespero. Tal perigo não se limita aos futuristas; para tantos ao redor do mundo, as coisas são muito estranhas, muito fora de controle, muito intensas e muito frágeis para sequer começar a imaginar respostas apropriadas.” Não pre- cisa ser assim. A estrutura BANI oferece uma lente através da qual se pode ver e estruturar o que está acontecendo no mundo (a seguir). O mundo Frágil (Brittle, do BANI). De uma hora para outra, pode surgir um novo vírus mortal, um concorren- te pode mudar a lógica do mercado ou uma falha do outro lado do mundo pode afetar o nosso continente. Problemas crônicos dos microchips, falta de contêineres afetando até exportadores brasileiros de frutas... Nesse contexto, empresas e empregos não 14 são garantidos, posições não são sinônimo de segurança e mudanças de carrei- ras são normais, empresas antes disruptivas (Netflix) agora sendo acuadas por novos entrantes (Disney, Amazon, dentre outros). Um sistema frágil não falha de forma sutil, ou graciosa. Ele quebra. Fragi- lidade geralmente decorre de esforços para maximizar a eficiência, extrair cada pedaço de valor ao limite. Monoculturas, com extração da produção máxima até o momento em que um único inseto afeta sua espécie e arrase o campo. Os países dependentes de recursos naturais e não são incentivados a desenvolver alternativas de longo prazo... Antigamente as crises poderiam ficar circunscritas a uma região, mas o mundo atualmente é extremamente interconectado (geo- politicamente, economicamente, tecnologicamente, logisticamente). Sistemas frágeis são sólidos até que não sejam. Neste sentido, a fragilida- de é uma força ilusória. Um sistema frágil em um mundo BANI pode estar sina- lizando o tempo todo que é bom, forte, capaz de continuar, mesmo que esteja à beira do colapso. Coisas que são frágeis não são resilientes, por vezes são até “anti-resilien- tes” – elas podem tornar a resiliência mais difícil. Na Unidade 3, abordaremos mais atentamente um ponto que se conecta com este -na teoria econômica e estudos de estratégias empresariais, se discute o que se entende por “depen- dência da trajetória”, onde o sucesso anterior inibe a inovação e busca por cená- rios alternativos. Oportunidades de resposta, mesmo que superficiais neste momento (po- dem ser mais reações do que soluções, mas sugerem a possibilidade de encon- trar respostas): - Capacidades de resiliência; - Necessidade de folgas e compreensão de limites – a fragilidade vem ausência de um amortecedor para falhas, qualquer sistema que dependa da produção máxima corre o risco de colapsar se a produção cair. Uma falha em um compo- nente pode levar a falhas em cascata. O mundo Ansioso (Anxious, do BANI). Pensar que qualquer falha em um sistema fortemente interconectado pro- vavelmente induzirá um pouco de ansiedade, não é mesmo? E todo o ambiente 15 multimídia que nos cerca nos estimula de tal forma que parece projetado para aumentar a ansiedade. O imediatismo costuma se sobrepor à fidelidade da informação e propi- cia um ambiente vasto de desinformação, exageros e temor. Esta condição leva algumas pessoas a criar um sistema de desinformação defensiva, enviesando a análise dos dados e criando um tipo de realidade própria, sem considerar sinais dissonantes. E a ansiedade pode nos levar também à passividade, por temermos fazer escolhas erradas. Ou pode se manifestar como desespero, em uma percepção exacerbada para não perder uma chance de tomar uma decisão crítica, acredi- tando que não haverá outra chance. Oportunidades de resposta, mesmo que superficiais neste momento (po- dem ser mais reações do que soluções, mas sugerem a possibilidade de encon- trar respostas): Atenção plena –foco no presente, de maneira ativa (diminuindo ansiedade, re- duzindo chance de vieses cognitivos) e reduzindo distrações); Empatia. O mundo não linear (Nonlinear, do BANI). Para início de conversa, o controle nunca foi possível, mas em um mundo não linear, causa e efeito são aparentemente desconectados ou desproporcio- nais. Em um mundo não linear, os resultados das ações tomadas ou não to- madas podem acabar ficando totalmente desequilibradas. Pequenas decisões acabam com enormes consequências, boasou ruins. Um grande esforço pode não trazer grandes resultados. Ao perder a line- aridade, os altos e baixos não são proporcionais. Aprendemos que consequên- cias de qualquer causa podem emergir rapidamente, ou podem demorar meses para que os resultados apareçam. Ainda estamos no meio de uma crise de não linearidade com o COVID-19. A escala e o alcance dessa pandemia vão muito além da experiência cotidiana; a 16 velocidade com que a infecção se espalhou nos primeiros meses foi impressio- nante. Os eventos climáticos extremos são outro exemplo, com efeitos da ação humana que se refletem apenas décadas depois. Mas não são os únicos exem- plos: Na esfera política, a não linearidade é visível, especialmente na forma de causa e efeito desproporcionais. Interferências em aplicativos de mensagens ou redes sociais impactam eleições e plebiscitos em nações desenvolvidas, distúr- bios de grandes proporções em países pobres eclodem com consequências e custos imprevisíveis. Na economia, desde a rápida disseminação da financeirização e a criação de novos instrumentos financeiros até sistemas de negociação algorítmicos hi- percinéticos. As demandas por crescimento incessante e sempre crescente são, em última análise, uma demanda por não linearidade. Mais importante ainda, a não linearidade é onipresente em sistemas bio- lógicos. O crescimento e o colapso das populações, a eficácia da vacinação, o comportamento de enxames e, como já abordado, a disseminação de pande- mias – tudo isso tem um aspecto fortemente não linear. De fora, eles são fasci- nantes de assistir; de dentro, eles são surpreendentes para experimentar, como estamos descobrindo agora (o que leva à incompreensibilidade). Oportunidades de resposta, mesmo que superficiais neste momento (po- dem ser mais reações do que soluções, mas sugerem a possibilidade de encon- trar respostas): - A não linearidade precisaria de contexto e flexibilidade. - Adaptabilidade e leitura de cenários múltiplos. O mundo Incompreensível (Incomprehensible, do BANI). A não linearidade incorre em fatos impossíveis de entender. Testemu- nhamos eventos e decisões que parecem ilógicas ou sem sentido, seja porque as origens são muito antigas, ou muito indescritíveis, ou simplesmente muito absurdas. “Por que eles fizeram isso?” “Como isso aconteceu?” Tentamos encon- trar respostas, mas as respostas não fazem sentido. Além disso, informações adicionais não são garantia de melhor compre- ensão. A incompreensibilidade é, de fato, o estado final de uma sobrecarga de 17 informação. Mais dados – mesmo big data – podem ser contraproducentes, so- brecarregando nossa capacidade de entender o mundo, dificultando a distinção entre ruído e sinal. A incompreensibilidade parece ser intrínseca ao tipo de sistema de apren- dizado de máquina/inteligência artificial que estamos começando a construir. À medida que as tecnologias baseadas em Inteligência Artificial (IA) se tornam mais complicadas, aprendem mais, fazem mais, mais difícil se torna entender precisamente como elas tomam suas decisões. Este não é apenas um enigma tecnológico. Enquanto a IA se torna mais integrada em nosso cotidiano, temos que prestar muita atenção às maneiras pelas quais algoritmos comple- xos podem levar a resultados racistas, sexistas e outros vieses tendenciosos. O código que aprende conosco pode aprender mais do que as lições e re- gras pretendidas. Observações: Este “reino do incompreensível” sugere também um ponto importante: incompreensível agora não significa incompreensível para sempre. Oportunidades de resposta, mesmo que superficiais neste momento (podem ser mais reações do que soluções, mas sugerem a possibilidade de encontrar respostas): - incompreensibilidade pede transparência, criatividade e intuição. NOVAS DEMANDAS DA SOCIEDADE E OPORTUNIDADES. Da perspectiva da crise e transformação para uma visão prospectiva. Para relaxar um pouco do contexto da pandemia e as mais recentes trans- formações que impactaram na sociedade recentemente, proponho agora sair- mos do cenário atual de crise e transformação que acabamos de abordar para uma análise mais distanciada, que nos permita uma visão mais panorâmica para então buscar uma visão prospectiva. É um raciocínio semelhante ao “sair- mos da caixa” para poder ver melhor, ou a analogia dos pixels ou do pontilhis- mo, que permite ao expectador distinguir melhor a imagem à medida em que se distancia da tela. 18 Os superciclos (ou grandes ondas). A ruptura geralmente decorre de fontes influentes de mudança macro. Estas fontes representam fatores externos que afetam os negócios, o governo e a sociedade, mas que normalmente estão fora do nosso controle (ao menos em determinado instante). Schumpeter, um dos mais referenciados teóricos da inovação, resgatou o conceito de superciclos, ou ondas longas, para tentar explicar desenvolvimento econômico e ciclos de uso de novas tecnologias. São chamadas de ondas de Kondratiev, ou K-waves7, em homenagem ao economista russo Nikolai Kondratiev, apesar de outros economistas também terem sugerido, no início do século XX, a existência de padrões cíclicos, com duração de 50 a 60 anos. Este assunto não tem consenso no mundo acadêmico, mas entendo como conveniente ilustrar a evolução recente da civilização, com a referência a transformações tecnológicas. Cada k-onda teria três fases do ciclo, expansão, estagnação e recessão e, atualmente, é comum uma divisão em quatro, considerando um ponto de infle- xão, que é o colapso do ciclo, entre as fases de expansão e a de estagnação. 7 Mais a respeito das Ondas K, Super Ciclos: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ondas_de_Kondratiev O que nos importa aqui é falar do sexto ciclo, proposto na década passada, considerando que o 5º ciclo (ou onda-K) teria terminado com a crise econômica global de 2000-2003. Parte dos estudiosos desta vertente, especulam que este novo ciclo seria dominado por uma (ou combinação https://pt.wikipedia.org/wiki/Ondas_de_Kondratiev 19 entre) de megatendências relacionadas a tecnologias verdes (meio am- biente), nanotecnologias ou saúde holística8. Estas megatendências te- riam o potencial não apenas de desencadear aumentos de produtividade de longo prazo para a economia global, mas também para influenciar a sociedade como um todo. Observação: Apesar de temas como desenvolvimento de novos negó- cios, inovação serem fundamentais para o nosso curso, não temos o objeti- vo de estruturar aqui exercícios de futurologia. A este respeito, disponibili- zaremos material complementar bem profundo, o Relatório de tendências tecnológicas e científicas de 2022 do Future Today Institute, detalhando 12 megatendências, como Inteligência Artificial, Saúde & Medicina, Logística, Metaverso, Telecomunicações e Clima. Para quem tiver interesse por mais conhecimentos a respeito de ten- dências e oportunidades relacionadas às novas demandas da sociedade, seguem ainda algumas fontes de informação públicas, em português, com seus pontos-chave, “insights”, que espero, inspire ou aprimore bons mode- los de negócios. Todos os estudos recentes, de 2020 ou 2022. Em um exercício de apon- tar e conectar os assuntos mais relevantes abordados por cada uma des- tas fontes de conhecimento, a Figura 6 abaixo resulta em bons insights para oportunidades baseadas em novas demandas da sociedade atual. Pode se notar que não são muito distintas das megatendências apontadas em estudos internacionais. Pontos-chave Como podemos observar nesta Unidade, temos os seguintes pontos a destacar: - Mundo interconectado (em termos de geopolítica, economia, tecnologia, logística etc.) e digital (internet). - BANI propõe uma forma de ver e estruturar o que está acontecendo no mundo. Oportunidades de reação e possibilidades de encontrar respostas: a fragilidade pode ser enfrentada por resiliência e folga; a ansiedade pode ser aliviada pela empatia e atenção plena; a não linearidade precisaria decontexto e flexibilidade; a incompreensibilidade pede transparência e cria- tividade. 8 Relatório da área de investimentos do conglomerado financeiro alemão Allianz, a respeito de possível sexto super ciclo, ou sexta Onda Kondratieff: https://www.allianz.com/content/dam/onemarketing/azcom/Allianz_com/ migration/media/press/document/other/kondratieff_en.pdf https://www.allianz.com/content/dam/onemarketing/azcom/Allianz_com/migration/media/press/document/other/kondratieff_en.pdf https://www.allianz.com/content/dam/onemarketing/azcom/Allianz_com/migration/media/press/document/other/kondratieff_en.pdf 20 - Megatendências: consumo consciente, sustentabilidade, saúde e qualida- de de vida. Nas videoaulas, a Unidade foi encerrada com a apresentação de um vídeo (palestra TEDx) com a Beia Carvalho9, futurista que provoca pontos bem pertinentes ao assunto desta Unidade. Ela abordou temas como a provoca- ção entre intenção (propósito) e intensão (intensidade), bem como falou de design e configuração para o desenvolvimento de um projeto (considerando suas perspectivas, não exatamente suas metas e métricas) para atuar sobre o futuro. Compartilhou ainda três aprendizados do seu preparo para uma conferência sobre o futuro em 2040: pensar nossas relações com as tecnolo- gias; redes de trabalho como apoio e aliadas a tecnologias para aceleração ao futuro e, por fim, mas não menos importante: ouvir as crianças (“não ensine, pergunte”; “não dê ordens, aprenda”). “No futuro será melhor ser do que ter.” “Se joguem para o futuro com uma intensa intenção.” 9 Você vai deixar o futuro te atropelar? (Beia Carvalho, no TEDx São Paulo) https://www.youtube.com/ watch?v=oMkiRLUG83E https://www.youtube.com/watch?v=oMkiRLUG83E https://www.youtube.com/watch?v=oMkiRLUG83E 21 Beia Carvalho Material para leitura complementar. Artigo a respeito da técnica e prática do mindfulness, com visão críti- ca e além do modismo https://medium.com/nossa-coletividad/o-movimen- to-mindfulness-c976801bd933 Relatório de tendências tecnológicas e científicas de 2022 do Future Today Institute https://futuretodayinstitute.com/trends/ Um contraponto e reflexão em relação à visão de que estamos em uma era de florescimento de novas tecnologias e de inovações disrupti- vas: a NeoFeed de abril de 2022 tem uma entrevista com Michael Bhaskar, pesquisador que, na contramão da corrente majoritária, argumenta que na verdade estamos em uma fase de “A Grande Estagnação”, em relação a inovações e impactos tecnológicos na sociedade. https://neofeed.com.br/ blog/home/eureka-pesquisador-alerta-para-a-falta-de-grandes-ideias-e-dis- cute-as-razoes/ Por fim, vale a pena assistirem a versão completa, de apenas 12 minutos, do vídeo em que selecionei dois cortes para apresentar ao fim da última aula (detalhe: a palestra original foi realizada antes do Covid-19): https://www.youtu- be.com/watch?v=oMkiRLUG83E https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/pb/artigos/conhe- ca-novos-padroes-de-consumo-e-tendencias-do-mercado-pos-pandemia,- d9b41925eef73710VgnVCM1000004c00210aRCRD Blog da Oxigênio Aceleradora de startups (do grupo Porto Seguro) -ten- dências e impactos para o mundo pós-pandemia: “O mundo após a pandemia: como as empresas vão se adaptar?”. https://blog.oxigenioaceleradora.com.br/ mundo-apos-a-pandemia/ MIT Technology Review –artigo do Gustavo Caetano descreve a evolu- ção dos diferentes perfis de consumidores, até a proposta da classificação do “Consumidor 5.0”.: “Consumidor é o fio condutor para o futuro dos negócios.” https://mittechreview.com.br/consumidor-e-o-fio-condutor-para-o-futuro-dos- -negocios/?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=artigo- -consumidor-e-o-fio-condutor-para-o-futuro-dos-negócios https://medium.com/nossa-coletividad/o-movimento-mindfulness-c976801bd933 https://medium.com/nossa-coletividad/o-movimento-mindfulness-c976801bd933 https://futuretodayinstitute.com/trends/ https://neofeed.com.br/blog/home/eureka-pesquisador-alerta-para-a-falta-de-grandes-ideias-e-discute-as-razoes/ https://neofeed.com.br/blog/home/eureka-pesquisador-alerta-para-a-falta-de-grandes-ideias-e-discute-as-razoes/ https://neofeed.com.br/blog/home/eureka-pesquisador-alerta-para-a-falta-de-grandes-ideias-e-discute-as-razoes/ https://www.youtube.com/watch?v=oMkiRLUG83E https://www.youtube.com/watch?v=oMkiRLUG83E https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/pb/artigos/conheca-novos-padroes-de-consumo-e-tendencias-do-mercado-pos-pandemia,d9b41925eef73710VgnVCM1000004c00210aRCRD https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/pb/artigos/conheca-novos-padroes-de-consumo-e-tendencias-do-mercado-pos-pandemia,d9b41925eef73710VgnVCM1000004c00210aRCRD https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/pb/artigos/conheca-novos-padroes-de-consumo-e-tendencias-do-mercado-pos-pandemia,d9b41925eef73710VgnVCM1000004c00210aRCRD https://blog.oxigenioaceleradora.com.br/mundo-apos-a-pandemia/ https://blog.oxigenioaceleradora.com.br/mundo-apos-a-pandemia/ https://mittechreview.com.br/consumidor-e-o-fio-condutor-para-o-futuro-dos-negocios/?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=artigo-consumidor-e-o-fio-condutor-para-o-futuro-dos-negócios https://mittechreview.com.br/consumidor-e-o-fio-condutor-para-o-futuro-dos-negocios/?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=artigo-consumidor-e-o-fio-condutor-para-o-futuro-dos-negócios https://mittechreview.com.br/consumidor-e-o-fio-condutor-para-o-futuro-dos-negocios/?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=artigo-consumidor-e-o-fio-condutor-para-o-futuro-dos-negócios 22 Forbes “Mais de 25% da população passará 1 hora no metaverso até 2026” https://forbes.com.br/forbes-tech/2022/04/mais-de-25-da-populacao-passara- -1-hora-no-metaverso-ate-2026-diz-gartner/ Você vai deixar o futuro te atropelar? (Beia Carvalho, no TEDx São Paulo) https://www.youtube.com/watch?v=oMkiRLUG83E https://forbes.com.br/forbes-tech/2022/04/mais-de-25-da-populacao-passara-1-hora-no-metaverso-ate-2026-diz-gartner/ https://forbes.com.br/forbes-tech/2022/04/mais-de-25-da-populacao-passara-1-hora-no-metaverso-ate-2026-diz-gartner/ https://www.youtube.com/watch?v=oMkiRLUG83E 23 CAPÍTULO 2 2. O EMPREENDEDORISMO E O EMPREENDEDOR Agenda. Nesta unidade, temos os seguintes objetivos: - Compreender a relevância do empreendedorismo; - Distinguir tipos, processos de conhecimento do empreendedor; - Assinalar os principais desafios do processo de empreender; - Explicar distinção entre planejamento estratégico e as estratégias frente aos ambientes inovadores. A relevância e o papel do empreendedorismo na sociedade capitalista. Vamos começar explorando o espaço que o empreendedorismo ocupa no contexto em que vivemos. Crescimento do país e fortalecimento a novos negócios. Parece haver um consenso de que o crescimento de uma nação capitalista está condicionado ao fortalecimento de novos empreendimentos, especialmen- te pequenas e médias empresas. Vamos explorar a seguir alguns dados e pes- quisas para fundamentar (ou refutar) esta afirmação. Um dos países mais empreendedores. O Brasil é um dos países mais empreendedores do mundo. Segundo o Global Entrepreneurship Monitor 2021 (GEM1), são 14 milhões de empreende- 1 Dados do Monitoramento de empreendedorismo global ou GEM (Global Entrepreneurship Monitor), que é considerado o maior estudo unificado de atividade empreendedora no mundo. Foi fundado em 1999 como um projeto conjunto da Babson College e a London Business School. Atualmente conta com uma equipe de mais de 370 especialistas em empreendedorismo, além de mais de 300 instituições acadêmicas e de pesquisa e realizam aproximadamente 200 mil entrevistas anualmente. No Brasil, o projeto é liderado pelo IBQP, com participação do SEBRAE. https://gemconsortium.org/report/gem-20212022-global-report- opportunity-amid-disruption https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2022-03/taxa-de-empreendedorismo-voltou-cair-no-brasil-em-2021 https://gemconsortium.org/report/gem-20212022-global-report-opportunity-amid-disruptionhttps://gemconsortium.org/report/gem-20212022-global-report-opportunity-amid-disruption https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2022-03/taxa-de-empreendedorismo-voltou-cair-no-brasil-em-2021 24 dores estabelecidos (cujas empresas estão ativas, com receita e pagamentos, há mais de 3 anos e meio). Subiu duas posições no ”ranking” (entre 47 países analisados) em termos de taxa de empreendedorismo total, estabelecendo-se no quinto lugar, fican- do atrás apenas da República Dominicana (45,2%); Sudão (41,5%); Guatemala (39,8%) e Chile (35,9%). Corresponde à proporção da população adulta ocupada como empreen- dedor de 30,4% (contra 31,6% em 2020 e 38,7% em 2019, quando foi registrado o mais alto índice após 2015, 39,3%). Na Figura 7, uma imagem que conversa com o que abordamos na Unida- de anterior, quando falamos dos efeitos da pandemia. Apesar do crescimento de empresas com mais de 3,5 anos de atividade entre 2020 e 2021, é impressio- nante a queda em relação a 2019, ano anterior à COVID-19. Abaixo, a relação dos países levando-se em conta o PIB per capita (de certa forma, a riqueza do país por cada habitante) e o TEA, índice que ilustra o percentual de empreendedores iniciais (que abriram um negócio há menos de 3,5 anos) em relação ao tamanho da população (o Brasil recuou 2,4 pontos per- 25 centuais no último ano). Uma das conclusões deste abrangente trabalho é que não há relação de riqueza das nações e altas taxas de empreendedorismo. Se, por um lado, nações desenvolvidas oferecem mais condições de acesso a recursos, no outro sentido, os países mais ricos também oferecem mais oportunidades de carreira como funcionários corporativos, o que pode corresponder a mais sacrifícios e concessões para aqueles que decidirem em- preender. Em relação aos países de mais baixa renda média, menos acesso a recursos para empreender, porém, menos opções a não ser empreender. A conclusão ilustrada neste quadro se conecta com um assunto abordado mais a frente, a respeito dos tipos de empreendedores e suas motivações. Não necessariamente países desenvolvidos, ricos, dependem do fortaleci- mento de novos empreendimentos de pequeno e médio porte (mas é parte da contribuição para o dinamismo e importante para o futuro desta situação). 26 Por fim, cabe ilustrar o perfil deste empreendedor. Em um corte social dos pesquisados no país, pode-se concluir que o empreendedor brasileiro médio é jovem (entre 18 e 34 anos, em sua maior representatividade), masculino e com diploma superior, como mostra a Figura 9. O empreendedor sempre busca a mudança, reage a ela e sabe explorá-la como uma grande oportunidade. Peter Drucker Não é uma aula de autoajuda, nem de biografia dos citados, mas entendo que cabe uma reflexão e homenagem ao professor. Abrace as mudanças e aproveite as oportunidades! Conceitos, tipos e fundamentos cognitivos do empreendedor. O empreendedorismo como um ramo de negócios, possui raízes impor- tantes na economia, nas ciências do comportamento e na sociologia. O empreendedorismo é visto não como uma situação, mas um processo, envolvendo perspectivas micro (comportamento de indivíduos), quanto macro (fatores ambientais) e multidisciplinar. Avançaremos a respeito de alguns conceitos e tipificação deste ator tão importante. 27 A interseção entre oportunidades valiosas e indivíduos realizadores. Conceituando o empreendedor (não que precise rotulá-lo, carimbar uma definição, principalmente porque se trata de uma condição muito dinâmica): O empreendedorismo, como uma área de negócios, busca entender como surgem as oportunidades para criar algo novo. Baron, R. A., & Shane, S. A. (2007) Esta definição sugere o empreendedorismo como atividade executada por indivíduos, envolvendo: - identificar uma oportunidade que seja potencialmente valiosa no sentido de ser explorada em termos práticos como um negócio, gerando lucratividade. - identificar as atividades envolvidas na exploração ou no desenvolvimento real dessa oportunidade. Mas não se restringe a apenas fundar novos empreendimentos, mas tam- bém envolve a capacidade de administrar uma nova empresa com sucesso após a sua criação. Desta forma, podemos compreender que o empreendedorismo é visto não como uma situação, mas um processo, envolvendo perspectivas micro (comportamento de indivíduos), quanto macro (fatores ambientais) e multidisci- plinar. Outros conceitos: Empreendedor como responsável por introduzir inovação que altera a ordem vigente – a “destruição criativa”. Inovação e progresso econômico promovidos pelos empreendedores, com papel ati- vo no desenvolvimento das nações. Joseph Schumpeter2 Joseph Schumpeter (1893 – 1950) foi um economista austríaco e professor de Harvard, um dos mais prestigiados estudiosos dos temas relacionados à ino- vação e empreendedorismo e, portanto, será citado outras vezes neste curso. 2 Christensen, C. M. (2012). O dilema da inovação: quando as novas tecnologias levam empresas ao fracasso. M Books. 28 Não indiferente às ideias evolucionistas que permeava o ambiente intelec- tual da sua época e seduz os mais liberais, ele dizia que a inovação impulsiona- va a economia, por meio da competição, com sua ótica de produtividade e cres- cimento. Ele resgatou o conceito, abordado na Unidade 1, de superciclos como tentativa de ilustrar o desenvolvimento econômico e ciclos de uso de novas tecnologias. Schumpeter foi a figura fundamental que colocou o empreendedor em eminência no pensamento econômico. Outras definições, ainda, são mais abrangentes, como conceituar o em- preendedor como uma pessoa que simplesmente está iniciando ou operando um negócio. Tipos de empreendedores. Um breve olhar pela história capitalista sugere que os empreendedores sempre existiram e sempre “atraíram atenção” em suas sociedades: grandes fortunas com certeza foram acumuladas por empreendedores do passado. No entanto, importantes evidências indicam que cada vez mais pessoas estão buscando ou levando em conta esse papel, mas com menos glamour. 29 Seja por condições de alteração das dinâmicas de trabalho e empregabilidade, seja por necessidade. Empreendedor por necessidade. É considerado aquele que foi obrigado a abrir sua empresa por falta de uma alternativa ou condições de empregabilidade. Segundo a última edição da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM 2021), o número de pessoas que começam a empreender por necessidade saltou de 37,5% para 50,4% no primeiro ano da pandemia (2020). No ano seguinte, representou 48,9%. Vamos adiante passar rapidamente por algumas outras tipificações. Empreendedor planejado. Por outro lado, em contraste com o caso do empreendedor por necessi- dade, o empreendedor planejado (também conhecido como empreendedor por oportunidade) vislumbra uma oportunidade de negócio e o planeja com muitos detalhes antes de implementá-lo. Empreendedor herdeiro. Como o termo em si explica, essencialmente, é aquele que recebe a em- presa geralmente de um empreendedor nato. Empreendedor nato. É aquele que já nasce com forte inclinação para o empreendedorismo, vistos como visionários e por terem construído grandes corporações a partir do “nada” (deixando para o herdeiro...). Empreendedor corporativo. Se trata do intraempreendedor, dedica-se a empreender dentro de uma corporação. O empreendedor que aprende é quele que inicia sua carreira em alguma organização e, em determinado momento, encontra uma oportunidade de negócios, resolve apostar e se estabelece como empreendedor, saindo do emprego; 30 Empreendedor serial. É a pessoa que tem como principal motivação abrir empresas, uma mente criativa cuja paixão é criar conceitos, modelos de negócio. Empreendedor social. É aquele que se envolve em causas humanitárias, altruístas, com um pro- pósito de construir um mundo melhor para a sociedade. Fundamentos cognitivos do empreendedor. O que são ótimas ideias sem gerar valor? A definiçãodo Valdez Luiz Lu- dwig para “piotário”3, aquele que se diz pioneiro de uma determinada ideia, mas que nunca a implementou, traz a provocação: O que são ótimas ideias sem gerar valor? No passado, as oportunidades eram vistas de forma primária em termos econômicos. Isso é razoável, mas ignora questões como de que forma o pro- cesso de reconhecimento de oportunidades ocorre e por que algumas pessoas são melhores do que outras nisso. A perspectiva cognitiva aborda essa e outras questões. Processos-chave do empreendedorismo. Os processos cognitivos são a base para a geração de novas ideias, para a criatividade e para o reconhecimento de oportunidades. Avançaremos ago- ra neste tema, a partir de alguns conceitos e trazendo alguns passos para que você possa avançar com sua habilidade de reconhecer oportunidades potencial- mente valiosas. Geração da ideia. A ideia diz respeito à produção de ideias para algo novo. Não importa como ou onde esse processo tem início, ele depende forte- mente da “matéria-prima” que os indivíduos possuem – seu estoque único de conhecimentos. Cada um possui recursos, estoque de conhecimentos distinto e 3 Piotário: ótimas ideias sem gerar valor. Ideias sem implementação; criatividade x inovação. https://www.youtube.com/ watch?v=gDJkbsfT55w&list=PLmvbcNnwywDD6C02KSe1L2s5t-0K76c8-&index=19&t=1s https://www.youtube.com/watch?v=gDJkbsfT55w&list=PLmvbcNnwywDD6C02KSe1L2s5t-0K76c8-&index=19&t=1s https://www.youtube.com/watch?v=gDJkbsfT55w&list=PLmvbcNnwywDD6C02KSe1L2s5t-0K76c8-&index=19&t=1s 31 que corresponde a ações únicas, que não se replicam. Criatividade. Refere-se à geração de ideias, mas potencialmente úteis. Para contextualizar, Baron e Shane (2007) exemplificam a civilização Inca, mais evoluídos em muitos aspectos do que os europeus, tinham, à época da invasão dos espanhóis, brinquedos com rodas. Por outro lado, os incas não uti- lizavam a roda para veículos. Para se estimular a criatividade, há uma abordagem que propõe que ela emerja da convergência de recursos básicos, como: - Habilidades intelectuais; - Base de conhecimentos ampla; - Estilo apropriado de pensamento; - Atributos de personalidade; - Motivação intrínseca focada em tarefas; - Ambiente que encoraja ideias criativas; - Reconhecimento de oportunidades. Trata-se do reconhecimento de que ideias não são somente novas e po- tencialmente úteis, como também têm o potencial de gerar valor econômico. Refere-se ao processo pelo qual os indivíduos concluem que identificaram o po- tencial para criar algo novo com capacidade de gerar valor econômico (ou seja, potenciais lucros futuros). 32 Então, da pergunta inicial: Por que algumas pessoas geram ideias para novos produtos ou serviços, ou identificam oportunidades para novos empre- endimentos lucrativos, negligenciados por outros? Considere resgatar na sua memória algum exemplo de empreendedor que teve sucesso com uma ideia, que de tão simples, agora que está implemen- tada, nos surpreende o fato de ninguém ter criado um negócio tão bom quanto este, antes dele. Pode ser perto da sua casa, um pequeno negócio ou pode ser uma Star- bucks, que consegue montar um modelo que é tão desejado mesmo em um país amante de cafés como o nosso, cheio de lojas “tradicionais”. Abaixo, alguns exemplos como a Dedé Cachaçaria, de Manaus, ou sorvetes Cairu, de Belém, ou o camelô da banca do David no Rio de Janeiro e ainda uma fintech (mais uma!) –neste caso, a biz capital, que nasceu para dar solução a uma dor de pequenos empreendedores. 33 A perspectiva cognitiva sugere, por exemplo, que as informações – o acesso a elas e a capacidade de utilizá-las – desempenham um papel crucial no reconhecimento de oportunidades. Duas teorias cognitivas – a teoria da detecção de sinais e a teoria do foco regulador – oferecem mais esclarecimentos sobre os fundamentos cognitivos do reconhecimento de oportunidades. A teoria da detecção de sinais Coloca uma questão básica: “Existe determinada oportunidade?” -e suge- re que os empreendedores busquem maximizar os acertos (reconhecer opor- tunidades que existem) e ao mesmo tempo e ao mesmo tempo evitar alarmes falsos. A teoria do foco regulador Sugere que os empreendedores bem-sucedidos podem estar mais incli- nados que os malsucedidos a combinar duas perspectivas contrastantes (foco na promoção e foco na prevenção) em sua procura por oportunidades. Existem alguns passos possíveis para um empreendedor em formação aumentar a habilidade de reconhecer oportunidades valiosas. Eles incluem construir uma base de conhecimento rica e organizada, pesquisar ativamente as oportunidades, aumentar sua inteligência prática, além de combinar sua ansiedade por “acertos” com saudável receio de alar- mes falsos. Por falar de “estoque de conhecimento”, os próximos tópicos possibilita- rão boas noções a respeito dos principais desafios ao empreendedorismo e ao planejamento... Desafios ao empreendedorismo e ao planejamento. Pessoas negativas têm um problema para cada solução Albert Einstein Como o tema de “desafios” não pode colocar o “astral” para baixo, vamos 34 preparar os ânimos! Como uma das características necessárias ao empreende- dor é a resiliência e adaptabilidade, proponho colocarem esta frase bem-humo- rada e provocativa lembrete. Segundo o monitoramento global de empreendedorismo (GEM 2021), mesmo com as altas taxas de atividade empreendedora no Brasil, os especialis- tas foram em sua maioria negativos em sua avaliação das condições do quadro empresarial brasileiro. Isso implica que muitos dos empreendedores brasileiros não estão alcançando seu potencial em decorrência de restrições, gargalos. A partir da comparação do país com outros 11 países com a mesma faixa de renda (PIB per capita), ilustrados abaixo, destacamos alguns pontos: - Em “Facilidade de Acesso a Financiamento”, o Brasil obteve nota 3,2, a segunda menor entre as economias comparadas. Isto pode corresponder, entre outros fatores, a empreendedores que procuram fazer investimentos em tecnologia digital e podem estar sendo limitados por dificuldades na obtenção de financia- mento. - A respeito de “Políticas Governamentais: Impostos e Burocracia”, o Brasil obte- ve nota 2,3, novamente segunda menor entre as economias GEM Nível C e re- forçando a constatação da pesquisa de que iniciar um negócio no Brasil é difícil, mesmo que muitas pessoas o façam. Dificuldades com burocracia e impostos muitas vezes resultam em custos de conformidade, cumprimento às regras, muito altos para muitos empreendedores. Como resultado, muitos não regis- tram seus negócios. A falta de investimento em infraestrutura também restringe os empreen- dedores brasileiros. Sem surpresa, sua condição de “Infraestrutura Física” tam- bém recebeu uma pontuação baixa, 5,2, a terceira mais baixa entre as econo- mias comparadas. No entanto, na condição de “Facilidade de Entrada: Dinâmica de Merca- do”, uma pontuação igual a 6,0 classificou o Brasil em terceiro lugar entre os 12 países. Isso pode refletir o poder de uma grande economia doméstica com uma base de consumidores ávida por novos produtos e serviços. 35 No Brasil, 3 em cada 10 pessoas que abrem o próprio negócio (como MEI) encerram as atividades após 5 anos. De acordo com a pesquisa Sobrevivência de Empresas (2020)4, promovida pelo Sebrae, a taxa de mortalidade dos microempreendedores individuais (MEI) é de 29%. A pesquisa é realizada com base em dados da Receita Federal e com le- vantamento de campo e análises por parte do Sebrae. Em relação à maior “mor- talidade” das MEI, notem a declaração do presidente da entidade, Carlos Melles, à Agência Brasil: “Quando avaliamos a realidade da maioria dos MEI, a pesqui- sa mostra que, nesse segmento, há maior proporção de pessoas que estavam desempregadas antes de abrir o próprio negócio e que, por isso, não tiveram condições de se capacitar adequadamente e aprimorar a gestão”. É possível no- tar a relação destefato com a seção em que abordamos os diferentes tipos de empreendedores. Neste caso, um dos agravantes para a “mortalidade” dos MEI é o cenário em que boa parte da categoria é composta de empreendedores por necessidade, sem qualificação e acompanhamento técnico adequado. Já as microempresas têm taxa de “mortalidade”, após cinco anos contados 4 Pesquisa Sobrevivência de Empresas (2020) do Sebrae https://www.agenciasebrae.com.br/asn/Estados/NA/ Sobrevivencia-empresas-sebrae_Final.pdf https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2021-06/sebrae-pequenos-negocios-tem-maior-taxa-de- mortalidade#:~:text=De%20acordo%20com%20a%20pesquisa,pequeno%20porte%2C%20de%2017%25 https://www.agenciasebrae.com.br/asn/Estados/NA/Sobrevivencia-empresas-sebrae_Final.pdf https://www.agenciasebrae.com.br/asn/Estados/NA/Sobrevivencia-empresas-sebrae_Final.pdf https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2021-06/sebrae-pequenos-negocios-tem-maior-taxa-de-mortalidade#:~:text=De acordo com a pesquisa,pequeno porte%2C de 17%25 https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2021-06/sebrae-pequenos-negocios-tem-maior-taxa-de-mortalidade#:~:text=De acordo com a pesquisa,pequeno porte%2C de 17%25 36 da abertura dos respectivos CNPJs, de 21,6% e as de pequeno porte, de 17%. O menor índice de “mortalidade” foi o referente aos estados do Amazonas e do Piauí (e o maior, Minas Gerais) Vale informar também que a “taxa de mortalidade” é maior no setor de comércio (30,2%) e, na outra ponta, menor no setor da indústria extrativista (14,3%). O que poderia ter evitado o fechamento das empresas? O mesmo estudo (ou “autópsia”?!) pesquisou junto a ex-empresários, que precisaram fechar seus empreendimentos em 2020 os principais motivos alega- dos para o encerramento das atividades, ilustrados abaixo. Ainda segundo o levantamento, apenas 7% desse grupo de empresas soli- citaram crédito bancário e obtiveram êxito. Covid-19 e os impactos na sobrevivência das empresas. 41% dos entrevistados citaram como causa do encerramento da empre- sa a pandemia e para 22%, a falta de capital de giro foi primordial para o fe- chamento do negócio. As informações mais uma vez evidenciam o fato de que acesso ao crédito é decisivo para o fomento da atividade empresarial. Outro 37 ponto de destaque é que problemas de crédito costumam ser maiores quanto menores forem as empresas, agravando a situação de MEIs, micro e pequenos empreendedores. A pesquisa apontou ainda que 20% dos antigos empresários reclamaram do baixo volume de vendas e da falta de clientes. Olhando o copo meio cheio. É interessante notar que, na pesquisa um pouco mais recente, de acordo como o GEM 2021, o monitoramento global de empreendedorismo, surpreen- dentemente, 83,6% dos entrevistados do TEA afirmam que planejam usar mais tecnologias digitais para vender bens e serviços nos próximos seis meses, o mais alto entre os países mapeados pelo GEM, na faixa de nações com menor renda per capita. Outra área de esperança é quanto dinâmica do consumidor brasileiro: apesar de seus muitos desafios, a base de consumidores domésticos é uma vantagem para os empresários brasileiros. Estratégias deliberadas e estratégias emergentes. Grande parte do conteúdo a respeito de escolas do pensamento estratégi- co, com suas teorias e ferramentas, foi influenciado por um livro chamado Safá- ri da Estratégia5. O nome é uma referência a uma fábula indiana, bem bacana, “Os Cegos e o Elefante”. O leitor é levado a entender a necessidade de se ter a visão compreensiva, abrangente, da realidade para que só então se possa se valer de decisões. Assim com naquela parábola, a formulação de estratégia é o nosso elefante. “Como ninguém conseguiu enxergar o animal inteiro, cada um tocou numa ou noutra parte e “prosseguiu em total ignorância” a respeito do restan- te. Somando todas as partes, certamente não se chegará em um elefante. Um elefante é mais do que isto. Contudo, para compreender o todo, precisamos compreender as partes. Para não deixar de fazer uma ponte com as próximas unidades, que se referem ao cenário inovador, de incertezas e muita concorrência, gostaria de provocar uma reflexão a respeito das estratégias estritamente planejadas e as estratégias 5 Mintzberg, H., Ahlstrannd, B., & Lampel, J. (2010). Safári de estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. (2a ed.). Bookman. 38 que emergem com a realidade, a cada fato e reagindo a cada nova situação. Inicialmente, não vamos falar de ferramentas específicas (como SWOT, Forças de Porter etc.), mas de abordagens estratégicas, formas de se considerar o pensamento estratégico. O importante aqui é compreender diversas possibili- dades de administrar estrategicamente (para depois, se valer de alguma deter- minada ferramenta, sabendo para que serve e em que contexto pode ser váli- da). Henry Mintzberg considera que a estratégia (no contexto de administração estratégica) requer uma série de definições, como o ponto de vista dos “Cinco Ps para Estratégia”, Plan, Pattern, Position, Perspective & Ploy (em português, Pla- no, Padrão, Posição, Perspectiva e Truque). Estas definições não são mutuamen- te excludentes entre si e muitas vezes não é uma questão de certa ou errada: 39 5 pontos de estratégia Se perguntar a alguém uma definição de estra- tégia, provavelmente você ouvirá que estratégia é um plano -uma direção, plano, uma visão pre- tendida, o caminho a ser percorrido para levar a empresa de um ponto A para um ponto B, não é mesmo? Mas um fato importante para este nosso curso é que, se você pedir a um administrador que defina a estratégia que sua organização de fato seguiu nos últimos, digamos, cinco anos, você constatará que as pessoas, em geral, ficarão satisfeitas em responder o que aconteceu, sem se importar com a própria defi- nição do termo “plano”, aquele trabalho prévio de delinear ações previamente. A realidade tomou as rédeas deste planejamento prévio, provavelmente. Estratégia como padrão é a coerência em com- portamento ao longo do tempo, um padrão. A empresa, ou organização, seguindo uma trajetória de acordo com seus esforços em se aperfeiçoar (corretamente avaliados ou não). Por vezes, a estratégia se fundamenta na posi- ção, na localização de determinados produtos em determinados mercados, como por exemplo, uma empresa tradicional de transporte nos rios da Amazônia. Ela provavelmente vai oferecer a seus clientes produtos que têm afinidade com o ser- viço principal: passagens a pessoas para irem de uma cidade ribeirinha a outra. A empresa vai oferecer produtos variados, mas no posicionamento que vai girar em torno do serviço-chave. Pode ser o mais econômico, para o cliente pendurar a rede, pode ser uma cabine, para serviços mais caros e exclusivos. Quem sabe, desta forma possa se diferenciar de con- correntes desprovidos de embarcações preparadas para este público. Mas a estratégia pode ser uma questão de perspectiva, uma maneira fundamental de uma organização fazer as coisas. A estratégia da em- presa olha para dentro, mas também para cima, para a grande visão que ela tem a respeito do 40 negócio em que atua. Retomando o exemplo anterior, a empresa de navegação pode avaliar que seus recursos (cada empresa tem suas características úni- cas, de pessoal, infraestrutura, tecnologias e conhecimentos) pode ter ganhos oferecendo serviços de transporte de carga, ou integração com outras moda- lidades (modais) de transporte, combinando a viagem fluvial e uma passagem rodoviária, em parceria com uma empresa de ônibus que opera um trecho não atendido por hidrovias. A empresa de barcos, utilizando-se de sua expertise e clientela, pode ganhar comissão em vendas de passagens que ela não poderia operar sem alterar de maneira relevante seu negócio central, pode ganhar mais clientes vindos da parceria etc. Por último, o último “P”, de “Ploy”, pode ser definido como estratégia de truque, como uma manobra de uma empresapara confundir ou enganar um concorrente a respeito dos movimentos dessa. Um exemplo, seria a empresa de navegação comprar um terreno na margem de uma cidade para induzir um entendimento de que ela estaria preparando instalar ali um atracadouro, ex- pandindo sua estrutura -e, com isto, inibir concorrentes de se instalarem, na- quele momento. O pensamento estratégico proposto por Mintzberg não pode ser copia- do e colado, uma fórmula de sucesso a ser copiada por outras empresas e só faz sentido para aquela organização específica, pois só ela tem todos os outros elementos — dos recursos humanos, de capital, tecnológicos e infraestrutura, clientes etc. — que justifiquem aquele caminho a ser percorrido. Isto dialoga com a teoria de VBR –Visão Baseada em Recursos- e com a de Capacidades Di- nâmicas, para quem desejar e puder se aprofundar no assunto. Voltando ao tema do curso, podemos tentar refletir a respeito de como o planejamento é tratado por empreendedores. Um levantamento6 com funda- dores de 100 companhias incluídas na lista da Inc. das 500 companhias de cres- cimento mais rápido nos Estados Unidos, em 1989, revelou que os empreende- dores dedicavam poucos esforços a seu plano de negócios inicial: 41% simplesmente não tinham um plano de negócios; 26% tinham apenas um esboço rudimentar de plano; 5% elaboraram projeções financeiras para investidores e 28% haviam redigido um plano completo. 6 Bhide, A. (1994). How Entrepeneurs Craft Strategies That Work. Harvard Magazine Review (March- April), 150-161. Apud Mintzberg, H., Ahlstrannd, B., & Lampel, J. (2010). Safári de estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. (2a ed.). Bookman. 41 Este cenário não deve ser surpresa para boa parte dos alunos deste curso, principalmente se considerar quem vive em ambiente de incertezas, recursos extremamente limitados e, como poderemos fundamentar melhor a seguir, sem condições práticas de prever o que irá acontecer em futuro breve. Estratégia e inovação Na próxima unidade, abordaremos com maior nível de detalhe a Inovação, mas não será possível falar de estratégia para empreendedores sem considerar a inovação. Como falamos na parte de conceituação do empreendedor, voltare- mos brevemente ao Schumpeter. Ele preconizava que o dinamismo do mercado é a natureza latente do capitalismo. O capitalismo seria então baseado no deslocamento contínuo dos produtos velhos e velhas formas de organização por outros, novos. De fato, podemos estar às voltas com uma revolução tão profunda -com frentes abertas de inovação radical nos campos ambiental, saúde, materiais – não só de informação. Em ambientes onde dinamismo do mercado é a natureza latente do capitalismo, empresas são obrigadas não apenas a se reinventarem, mas reinventarem o setor em que atuam e passarem a competir por participa- ção nas oportunidades (e não apenas nos mercados existentes), em escala mais global do que nunca. Estratégia é síntese, não é análise. Eu afirmo que ninguém na história da Terra jamais planejou “estratégia por meio de um conjunto de técnicas analíticas” – como proposto por Porter7. Mintzemberg. Na opinião de Mintzemberg, o processo de gestão estratégica é baseado em síntese e não em análise. Muito mais um método que consiste em reunir elementos diferentes e fundi-los em uma forma coerente, do que a separação do todo em partes para que estas sejam estudadas a fundo e, então, se deli- berar a respeito de uma tendência de ação e reação. Consequentemente, se a formulação de uma estratégia é falha, sua implementação não terá destino diferente. 7 Observação: Porter era um “semideus” na época de estudos de gestão e análise de mercados deste professor, na faculdade de Engenharia de Produção. Este curso não pretende minimizar sua importância, mas contextualizar sua devida aplicação e limitações de sua teoria quando aplicada à prática. 42 Feitas as considerações entre o que se denomina estratégia no sentido de plano versus a estratégia efetivamente implementada, além do caráter dinâmi- co que permeia o empreendedorismo, podemos descrever com mais naturali- dade o conceito de emergente, em relação a algo que surge em consequência de outros fatores, que se interrelacionam com um contexto prévio. Uma ação emerge em função do conhecimento de uma situação prévia, mas considerando novos fatos. Esta reconfiguração de orientação inclui descar- tar até mesmo algum tipo de planejamento feito anteriormente, para tomar de- cisões mais adequadas às mais recentes mudanças do cenário em que se atua. Ao contrário, um acontecimento deliberado se refere a um ato premedita- do, com finalidade delineada com base em informações relativas a um cenário especulado previamente, em um período por vezes muito anterior à sua imple- mentação. O conceito de “Estratégia Emergente” implica em reajustar constantemen- te o seu direcionamento através de um processo contínuo de avaliação do con- texto, com rápidas reações. Esta visão se opõe à de Estratégia Deliberada, que se refere a buscar um planejamento de longo prazo a partir de uma visão de futuro bem estabelecida, previamente. Os fatores de sucesso da aplicação das abordagens de emergentes focam em flexibilidade e autonomia, favorecendo o core business, a área principal de atuação de uma empresa. Mas ao viabilizar ações e reações rápidas, a flexibili- dade e autonomia na operação são fatores que, por si só, não são suficientes para garantir o aprendizado nas áreas adjacentes, os territórios mais distantes do seu dia a dia. Desta forma, algum teor de planificação, de intenção delibera- da, pode ser útil para especular e explorar oportunidades e cenários alternati- vos aos mercados visados prioritariamente pelas organizações. Outro exemplo de aplicação de estratégias deliberadas são os planos de ação ou projetos com clara definição de resultado final, que devem ser implan- tados e acompanhados rigidamente (em um ambiente de controle). Por outro lado, estratégias emergentes seriam mais adequadas para am- bientes inovativos e de incertezas, ágeis. Sem resultado evidente, mas sim dire- trizes -visão estratégica (em ambientes de visão compartilhada e de colabora- 43 ção). Effectuation. Bem alinhada com a abordagem de estratégias emergentes, uma teoria tem vi- rado uma tendência recente no mundo empreendedor -a metodologia proposta por Sara Sarasvathy denominada de “Effectuation” (como relativa a uma abor- dagem efetiva). É um exemplo mais radical deste tipo de abordagem sem tanto caráter plani- ficado, sem despender um grande esforço de previsão, com energia gasta em inúmeros cenários e muito tempo em organizar ideias, procurar investidores, estruturar tudo o que tem em mente, da melhor maneira, em uma sólida (mas nem sempre, infalível) organização. O Effectuation é a ideia de simplesmente fazer alguma coisa com o que está disponível e sustenta casos de sucesso como os do AirBnB e do Brownie do Luiz (RJ). Esse conceito se baseia, portanto, em utilizar os recursos de maneira criati- va para lidar com as surpresas e dificuldades da implementação de uma ideia. A metodologia tenta tornar possível abrir e comandar uma empresa sem pre- cisar recorrer a previsões sobre o futuro, ou tomar decisões baseadas em ce- nários que ainda não aconteceram. Direciona o foco do empreendedor para a situação atual, ou seja, para o trabalho que ele sabe e pode fazer no momento. Seus 5 princípios: Pássaro na mão. Empreender com o que você tem disponível: comece com o que você tem, use o que está ao seu controle. São quatro as perguntas básicas e que per- meiam o método: Quem é você, o que você sabe, quem você conhece? “Não é preciso criar um grande compromisso de cara. Invista apenas aqui- lo que está disposto a perder. Você pode dizer “Vou apostar nessa ideia por seis meses”, ou “Vou manter o emprego e empreender dois dias por semana”. Ao longo do caminho, vai aprender o que funciona ou não.” Perda acessível. Investir apenas oque se pode perder enquanto valida seu negócio: Ao limitar os recursos, o fundador da empresa saberá exatamente aquilo que pode perder ao empreender. Assim, em vez de aplicar o all-in e arriscar ainda mais, você compreende melhor quais são os riscos das suas ações e, assim, gasta apenas o que puder. 44 Manta de retalhos. Relaciona-se a construir uma rede de contatos que auxilie o empreende- dor a conquistar o que deseja, encontrar as pessoas que te ajudarão: procurar por parceiros para estabelecer o seu negócio. Limonada. Refere-se a lidar com as contingências e aceitar os obstáculos e, assim, encontrar um novo mercado para atuar ou serviço para oferecer. Se a vida te dá limões, faça uma limonada. Piloto de avião. Indica que a gestão é mais importante do que a previsão: focar apenas na- quilo que você pode controlar. Desta forma, ao invés de previsões, que muitas vezes não se concretizam — para o bem ou para o mal —, o empresário deve focar nas ações sob o seu controle e, assim, potencializar as chances de conse- guir melhores resultados. A empresa enxuta. Meu conselho para empreendedores: vocês vão errar. Eric Ries A frase não deve ter sido daquelas estimulantes, revigorantes para você, não é? Mas eu a vejo em um contexto muito interessante, de não ter medo de errar. E, como veremos à frente, errar rápido, corrigir e seguir em frente. Ou mesmo alterar a rota, mudar (por vezes radicalmente) o seu modelo de negócio para que continue focando em algo que realmente traga valor para o cliente e rentabilize a empresa. Vamos falar mais deste autor, a respeito de modelos de negócio e gestão enxuta de novas empresas. Sua principal obra, “The Lean Startup” (a empresa enxuta) virou praticamente o nome de cursos inteiros de MBA ou, no mínimo, de disciplinas em universidades. O método proposto para uma “empresa enxuta” quebra o paradigma de que as regras do empreendedorismo se fundamentavam em estar no lugar cer- to, na hora certa e trabalhar duro, se esforçar. Sair de uma visão de fundador 45 de startup norte-americana com uma megaempresa que nasceu na garagem para a realidade de que uma nova empresa, mesmo iniciante, requer práticas de gestão de negócio -mas regras diferenciadas. Os assuntos vão se encontrar e espero que este encadeamento faça sentido para você. Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferen- tes Albert Einstein E, de uma forma a não ter medo de errar, que se altere o destino, alteran- do o como sua empresa quer progredir! Pontos-chave Como podemos observar nesta Unidade, temos os seguintes pontos a destacar: - O empreendedorismo no Brasil, um dos países de maior destaque neste as- sunto no mundo, não significa riqueza nacional, mas sem dúvida alguma, é imprescindível para o país -e deve ter seu potencial melhor aproveitado; - Intersecção entre oportunidades valiosas e indivíduos realizadores; - Mercado consumidor brasileiro ávido por novidades e empresário muito resi- liente e receptivo a tecnologias digitais; - Estratégia é aprendizado e agilidade, mais do que análise prévia e esperar re- sultados conforme previstos. 46 Material para leitura complementar “Os Cegos e o Elefante”: http://api.adm.br/artigos/?page_id=192 Vídeo curto do professor Mintzemberg explicando em suas palavras por- que a estratégia de planejar a realidade não funcionaria: “Don’t plan strategy” “Não planeje ESTRATÉGIA” – “Você APRENDE estratégia” https://www.youtube. com/watch?v=ieyZH1vwErY Meu conselho para empreendedores: vocês vão errar. Artigo original do Eric Ries e, em português, entrevista dele a respeito deste assunto: https://www. linkedin.com/pulse/20141208194944-2157554-my-advice-to-entrepreneurs-you- -are-going-to-be-wrong/ https://epocanegocios.globo.com/Empreendedorismo/noticia/2017/08/o- -recado-de-eric-ries-para-os-empreendedores-voces-vao-errar-e-muito.html Dicionário startupês - Os significados dos principais termos do ecos- sistema empreendedor. https://img1.wsimg.com/blobby/go/d6895ea8-b6d- 6-4225-9b59-081f7e25add8/downloads/Dicion%C3%A1rio%20-%20Startups%20 -%202020.pdf?ver=1590433537715 Ignorância não é mérito! Esperança não é estratégia! http://api.adm.br/artigos/?page_id=192 https://www.youtube.com/watch?v=ieyZH1vwErY https://www.youtube.com/watch?v=ieyZH1vwErY https://www.linkedin.com/pulse/20141208194944-2157554-my-advice-to-entrepreneurs-you-are-going-to-be-wrong/ https://www.linkedin.com/pulse/20141208194944-2157554-my-advice-to-entrepreneurs-you-are-going-to-be-wrong/ https://www.linkedin.com/pulse/20141208194944-2157554-my-advice-to-entrepreneurs-you-are-going-to-be-wrong/ https://epocanegocios.globo.com/Empreendedorismo/noticia/2017/08/o-recado-de-eric-ries-para-os-empreendedores-voces-vao-errar-e-muito.html https://epocanegocios.globo.com/Empreendedorismo/noticia/2017/08/o-recado-de-eric-ries-para-os-empreendedores-voces-vao-errar-e-muito.html https://img1.wsimg.com/blobby/go/d6895ea8-b6d6-4225-9b59-081f7e25add8/downloads/Dicion%C3%A1rio - Startups - 2020.pdf?ver=1590433537715 https://img1.wsimg.com/blobby/go/d6895ea8-b6d6-4225-9b59-081f7e25add8/downloads/Dicion%C3%A1rio - Startups - 2020.pdf?ver=1590433537715 https://img1.wsimg.com/blobby/go/d6895ea8-b6d6-4225-9b59-081f7e25add8/downloads/Dicion%C3%A1rio - Startups - 2020.pdf?ver=1590433537715 47 CAPÍTULO 3 3. INOVAÇÃO Agenda. Nesta unidade, temos os seguintes objetivos: - Compreender os principais conceitos e tipologias; - Distinguir tipos e respectivos reflexos competitivos e paradoxos; - Compreender as principais condições inibidoras e potencializadoras. - Conceitos e impactos competitivos. Inovação: algo diferente que tem impacto Scott Anthony Abordaremos o glamour, da inovação como responsável por poder elevar uma empresa de um ambiente de competição perfeita (sem diferenciais compe- titivos) para uma situação de vantagem estratégica. Vamos começar esta seção lidando com os conceitos e diferenças, para finalizá-la com dois dos mais importantes, os tipos de inovação quanto a sua intensidade. Invenção não é o mesmo que inovação. Quando na unidade passada falamos a respeito dos processos cognitivos, tratamos de três processos-chave do empreendedorismo (geração da ideia, criatividade e reconhecimento de oportunidades), vale acrescentar que nem 48 toda inovação é de toda inédita, uma invenção, no sentido de completa novida- de. Pode se referir a uma melhoria, ou aplicação inovadora de um processo, ou tecnologia já usual em outro contexto. A inovação não precisa ser técnica, não precisa sequer ser uma ‘coisa’. Poucas inovações técnicas podem competir, em termos de impacto, com as inova- ções sociais, como o jornal ou o seguro. Peter Drucker Tipos de inovação e expectativas de vantagens estratégicas Seguem alguns exemplos de vantagens competitivas advindas de diferen- tes mecanismos de inovação. Inovação em produtos e serviços. Onde uma possível vantagem competitiva é a oferta de produtos ou ser- viços diferenciados, como o posicionamento da linha de telefones da Apple, os iPhones. Inovação no processo produtivo. Quando a inovação é nos processos para a produção de produtos e servi- ços, uma consequência desejada é gerar produtos mais baratos, personalizados ou mais rapidamente colocados no mercado. Um exemplo neste contexto é o internet banking com várias vantagens sobre o canal tradicional dos bancos, físico. Inovação de posição de mercado. Referindo-se à uma alteração do posicionamento do produto ou servi- ço, criando formas de uso, como o caso das rodinhas de policarbonato sendo transferidas do mercado de malas (de rodinhas) para o de brinquedos, como patinetes. Inovação de paradigma. Ocasionando a alteração da própria forma de atuação da empresa ou de um setor, como as tecnologias que permitiram o armazenamento de dados em nuvem, alterando toda a lógica da indústria de softwares (antes se vendiam dis- 49 quetes e licenças para instalação e os softwares eram
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