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II. Princípio da Recorribilidade Imediata das Decisões Interlocutórias As decisões interlocutórias no Processo Trabalhista, a decisão interlocutória é aquela que resolve uma questão incidente, um incidente processual que impede o curso normal na ação, há um problema que para o processo e o impede de seguir. No Processo Civil, a regra inicialmente é que se ataca decisão interlocutória com agravo de instrumento. Com as modificações que tivemos no CPC/15, para efetivar a razoável duração do processo, colocamos como regra, é que atacaríamos com agravo retido, que excepcionalmente atacaria a decisão interlocutória do agravo de instrumento. Na Justiça do Trabalho, nunca foi permitido recorrer de imediato recorrer decisão interlocutória. Porque isso prejudica a celeridade do tramite do processo. Temos que ter em mente, que na Justiça do Trabalho busca-se a satisfação de um crédito de natureza alimentar. Sempre que se discutiu mecanismos de emperramento do andamento processual, esses mecanismos nunca foram bem aceitos na Justiça do Trabalho. Por isso, como regra, aqui não se admite a recorribilidade imediata de decisão interlocutória. O que eu tenho que fazer para poder ter direito de recorrer desta decisão? PROTESTO NOS AUTOS Tenho uma decisão interlocutória, posso recorrer de imediato? NÃO! Na hora em que o juiz proferir decisão interlocutória, em geral, no curso da ação de primeiro grau, na audiência, eu faço o chamado protesto nos autos. Tenho que esperar o juiz proferir a sentença, e da sentença eu posso interpor RECURSO ORDINÁRIO no prazo de 8 dias. Nesse R.O, de forma preliminar, eu posso discutir o teor dessa decisão interlocutória desde que eu tenha feito o protesto nos autos – ESSA É A REGRA Art. 893, §1º, CLT Art. 893 - Das decisões são admissíveis os seguintes recursos: § 1º - Os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em recursos da decisão definitiva. Como regra, é só no recurso da decisão definitiva. A justificativa é garantir a celeridade que deve ser inerente ao processo do trabalho. O TST verificou que o direito ao contraditório se sobrepunha à celeridade, ele estabeleceu em forma de exceção, as hipóteses em que eu posso recorrer de imediato à uma decisão interlocutória. Nós temos, basicamente 3 hipóteses. SÚMULA 214, TST. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT. 1ª – juiz acolhe exceção de incompetência territorial e remeter os autos para outro tribunal: quando se trata de competência territorial, a regra, é que ela seja fixada no local em que presto o serviço. O local que eu prestei o serviço é que irá definir onde vou ajuizar a minha ação. Se eu prestei serviço em 3 lugares? A jurisprudência e a doutrina majoritária indicam que o ultimo local é o competente, salvo exceções. Art. 651, CLT - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro. Exemplo: Marcos, está trabalhou por dois anos em uma empresa, quando foi demitido recebeu a rescisão, mas achou que não recebeu corretamente as horas extras que deveria receber. Recebeu uma proposta dois meses depois, e foi morar em Palmas/TO. Conversando com um advogado, ele o convenceu que ele deveria ajuizar a ação lá, porque havia umas decisões minoritárias que entendem que o trabalhador pode ajuizar a ação em seu domicilio e que valeria a pena arriscar. Ai Marcos contratou o advogado e ajuizou a ação na vara de Palmas (OBS, não existe TRT no Tocantins, o TRT que existe é vinculado ao DF, 10ª Região, em Palmas só existe vara do trabalho). Qual o papel do advogado da reclamada quando recebe esta notificação? É adotar que medida? EXCEÇÃO DE COMPETENCIA TERRITORIAL, justificando que marcos nunca trabalhou em Palmas, Marcos sempre trabalhou em São Luís. Não caberia a Marcos ajuizar uma ação em Palmas, porque isso viola o art. 651 da CLT. O juiz acolhe, entende que realmente não há provas de que ele trabalhou em Palmas, não se aplica a ideia de domicilio, e dá uma decisão despacha remetendo os autos à vara de São Luís. Trata-se de uma decisão interlocutória. Imagina só se não fosse permitido recorrer de imediato, se tivesse que esperar a sentença para alegar que o juiz cometeu um erro, violaria o contraditório, retardaria o contraditório. É por isso que, nesses casos, O TRT permitiu que eu possa recorrer de imediato daquela decisão. Qual o recurso que posso interpor? Nas decisões de primeiro grau cabe, em regra, recurso ordinário. Portanto, vou ter que interpor R.O para o TRT da 10ª Região, que é o TRT que responde pela região de Palmas/TO, e se for julgado procedente o pedido, o processo retorna para Tocantins e retorna o seu julgamento. Se o recurso for julgado improcedente o recurso deverá ser remetido à vara de São Luís e vai continuar seu curso direitinho. Quando você opõe uma exceção de incompetência territorial em que o juiz acolhe essa exceção e manda os autos para um tribunal diverso daquele que estava tramitando, cabe recurso de imediato dessa decisão interlocutória. Diferente seria se ele só estivesse errado a vara. Vamos supor que Marcos trabalhou em Araguaína e ajuizou a ação em Palmas. O Juiz deferiu o pedido da exceção e remeteu os autos para Araguaína. Caberia recurso de imediato? Não, pois só cabe se eu enviar para o tribunal (outro TRT). Outro TRT: não significa ser outro estado, em SP, por exemplo, há dois TRT’s (2º e 15º Região) OBS: O TRT que responde por Palmas é o da 10ª Região, que também responde por Brasília. Vamos supor que Marcos trabalhava em Brasília e resolveu ajuizar ação em Palmas. Não caberia recorrer, uma vez que é vinculado ao mesmo TRT. Só cabe recurso se for remetido para outro TRIBUNAL A exceção de incompetência territorial é apresentada em peça autônoma. Não aplicamos aqui a nuance do CPC/15 que fala que é apresentada em preliminar de contestação. Somente se acolher a exceção. Se recursar? A sumula fala acolher. Então deve haver uma interpretação literal da súmula 2ª- OBS: não está na Súmula. A professora foi questionada se uma pessoa, que era casada com um trabalhador, se ela poderia, eventualmente, cobrar direito do herdeiro (filho dela) que ele recebeu de uma causa trabalhista. Pode, caso haja uma separação ou um divórcio, caso haja uma sentença definindo “pensão”, é só oficiar o juiz da vara de família informando que ele tem direito e ele não cumpriu. No entanto, a mãe resolveu ajuizar uma ação de cobrança de valores contra esse pai na Justiça do Trabalho, sob a justificativa que ela estava cobrando ali porque a situação decorria de um crédito trabalhista. O juiz acolheu a preliminar de incompetência material, porque o assunto não é trabalhista, o assunto refere-se ao direito de família. O juiz, portanto, remeteu o processo para a Vara de Família. Quando o juiz acolher uma preliminar de incompetência absoluta também cabe recurso de imediato se os autos forem enviados para outro tribunal? SIM, apesar de não está na Súmula. Segue-se o mesmo entendimento. A jurisprudência e doutrina majoritária também admitem essa hipótese. O acolhimento de uma preliminar de incompetência material é uma decisão interlocutória, o processo não irá acabar, ele será remitido à outrajustiça e vai continuar lá. 3ª- Decisão de TRT que decida contrariamente a uma Súmula ou uma OJ: não é qualquer decisão, é uma DECISAO INTERLOCUTÓRIA do TRT. A interpretação deve ser literal, logo não é qualquer decisão, não pode ser uma decisão da vara, por exemplo. Se essa decisão interlocutória for dada caberá recurso imediato contra ela. Precisa verificar no caso concreto se cabe recurso de revista (Art. 896, CLT). 4º - Decisão interlocutória suscetível de recurso para o próprio Tribunal: Recurso para o próprio tribunal. Em geral, são decisões que são atacadas por agravo regimental caso seja uma decisão interlocutória monocrática. Tem que ser uma decisão interlocutória que pode ser atacada por agravo regimental – decisão monocrática. Deve-se verificar o regimento interno do tribunal para saber se cabe ou não. Há outra exceção? Quando a decisão interlocutória que concede tutela antecipada violar direito líquido e certo e você tiver prova robusta, cabe MANDADO DE SEGURANÇA. O próprio TST reconhece essa possibilidade. Súmula 414, TST: I – A tutela provisória concedida na sentença não comporta impugnação pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário. É admissível a obtenção de efeito suspensivo ao recurso ordinário mediante requerimento dirigido ao tribunal, ao relator ou ao presidente ou ao vice-presidente dotribunal recorrido, por aplicação subsidiária ao processo do trabalho do artigo 1.029, § 5º, do CPC de 2015. II – No caso de a tutela provisória haver sido concedida ou indeferida antes da sentença, cabe mandado de segurança, em face da inexistência de recurso próprio. III – A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o objeto do mandado de segurança que impugnava a concessão ou o indeferimento da tutela provisória. OBS.I – Se o juiz concedeu a tutela provisória na sentença, contra sentença cabe R.O, por isso, não cabe impugnar por outra via OBS.II – No processo do trabalho, os recursos, como regra, possuem efeito devolutivo. Não temos efeitos suspensivos como no processo civil. Para se ter o efeito suspensivo no Processo do Trabalho eu tenho que entrar com uma cautelar preparatória no TRT ou no TST para que esse recurso seja recebido com efeito suspensivo. OBS.III – quando a tutela provisória é decidida é por meio de decisão interlocutória, uma vez que não resolve o processo, o processo continua a andar, só há a resolução de um incidente processual. Trata-se, portanto, de uma exceção, porque cabe mandado de segurança. No entanto, só haverá MS se houver PROVA ROBUSTA. Não temos regulamentação do MS na CLT, então, utiliza-se de forma subsidiária a Lei 12.016/09 (lei que regulamenta o MS) REGRA: decisões interlocutórias não são recorríveis de imediato, só posso recorrer da sentença de mérito que finalizou o processo em 1º grau (art. 893, ª1, CLT). Toda regra tem sua exceção, nós temos 3 exceções que constam na Súmula 214, além delas, nós temos a questão da preliminar de incompetência material, e, também, o Mandado de Segurança (Súmula 414,II, TST). III. Concentração dos atos processuais Na Justiça do Trabalho os atos são praticados em audiência una, em um único momento. Os atos processuais são concentrados num único momento Não existe saneamento do processo, muito menos citação válida. O processo inicia, o reclamado recebe a notificação para comparecer à audiência e apresentar defesa, e é somente nesta audiência que o juiz terá contato com o processo. Presume-se que essa notificação foi entregue em 48h após a postagem, você recebe e tem que se defender. Deve-se dá entrada na defesa em até 1h antes da audiência pelo sistema eletrônico. Na hora em que inicia a audiência, como regra, ela deve ser contínua. Ela não se interrompe, ela é una. No mesmo momento o juiz deverá conciliar, instruir as partes e marcar a data fictícia para promover a sentença. Excepcionalmente são suspensas ou bipartidas. Prestigia-se a celeridade. Em especial no rito sumaríssimo (causas acima de 2 até 40 salários mínimos). A própria lei deixa clara que audiência deverá ser uma e os atos processuais deverão se concentrar nesse momento. Art. 852-C, CLT - As demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas em audiência única, sob a direção de juiz presidente ou substituto, que poderá ser convocado para atuar simultaneamente com o titular No rito sumaríssimo: É REGRA a audiência uma. Só cabe pericia em caráter excepcional. Art. 849, CLT - A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continuação para a primeira desimpedida, independentemente de nova notificação. Regra: ato continuo Caráter excepcional: suspende-se. Na prática, observa-se esse princípio no rito sumaríssimo. No rito ordinário (causas cima de 40 salários mínimos) não se observa muito isso. No rito ordinário, a audiência ocorre em dois momentos. No primeiro momento há a conciliação, e marca uma outra data para instrução do processo. Na prática, no rito ordinário, a audiência uma não é muito vista, mas por lei deveria ser. O Art. 849 é relacionado ao rito ordinário E o CEJUSC? O CEJUSC é um centro de conciliação que foi implantado na justiça do trabalho. Não interrompe, porque é como se fosse o papel do juiz que conciliava antes, mas agora quem faz esse papel é o CEJUSC. A parte principal que é a instrução continua sendo una. OBS: o CEJUSC só pode ser composto por servidores da justiça do trabalho, aposentados e ativos. IV. Princípio da imediatidade Papel do juiz na condução do processo. Cabe ao juiz colher pessoalmente as provas produzidas nos autos. O juiz não deve delegar essa atribuição a um servidor, a uma outra pessoa. Quando o juiz colhe pessoalmente as provas produzidas nos autos, ele tem mais capacidade de julgar com justiça e segurança Inclusive, se necessário, fazendo a inspeção judicial, in loco, para verificar se a irregularidade existe ou não. h. Princípio da Cooperação Ideia defendida por alguns processualistas, como o Fredie Didier, e já aplicada dentro do Poder Judiciário por alguns magistrados. Art. 6º, CPC/15 - Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. As partes e o juiz devem estar atuando de modo coordenado, em comunhão de interesses de modo a efetivar o andamento processual. Trazer a possibilidade de a tutela jurisdicional ser dada justa e eficaz. Efetiva a razoável duração do processo. O princípio da cooperação quer dizer que as partes, advogados e juiz devem atuar de forma conjunta na gestão do processo, de modo a garantir estabilidade do litigio e uma solução justa, de modo a garantir a efetividade do litigio. Sujeitos: juiz, partes, serventuários, advogados. i. Princípio da lealdade processual O que é atuar de forma leal no processo? Atuar de acordo com a boa-fé e probidade. Lealdade processual que está relacionado ao comportamento das partes no processo. O comportamento das partes deve ser adequado. Deve ser de acordo com a boa-fé e a probidade, para assim garantir a dignidade da justiça. Não se pode permitir que as partes tumultuem o processo, que pratiquem atos que visem prejudicar o outro sem qualquer respaldo legal/jurídico, somente para se beneficiar da própria torpeza. Se a parte não aplica esse princípio ela poderá ser condenada a litigância de má-fé, que é justamente a penalidade aplicada à parte que não atua com probidade e boa-fé. Lealdade processual se dá quando as partes litigantes do processo atuam com probidade e boa-fé, de modo a garantir e respeitar a dignidade da justiça Sempre aplicamos esse princípio no processo do trabalho, muito embora não tivéssemos um dispositivo na CLT que falasse que as partes devem atuar de forma proba, somente pedindo aquilo que deveria pedir, nãoutilizando recursos com fins meramente protelatórios, sempre utilizamos de forma subsidiária o Código de Processo Civil Sérgio Pinto Martins: esse princípio não se aplica ao Processo do Trabalho. Não é uma questão que decorre da relação de trabalho, logo, a Justiça do Trabalho não tem competência para julgar uma questão dessa. Prof: se nasceu de um processo trabalhista, é lógico que a Justiça do Trabalho tem condições e julgar. O juiz pode condenar de oficio ou à revelia das partes. Ideia ultrapassada Reforma Trabalhista: passamos ter previsão expressa, um capitulo, que fala sobre a litigância de má-fé. Agora, ainda mais que antes, podemos afirmar que a lealdade deve ser observada sob pena de o reclamante ou reclamado ser condenado à litigância de má fé Art. 793-A, CLT –Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como reclamante, reclamado ou interveniente. Art. 793-B, CLT. Considera-se litigante de má-fé aquele que: I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II - alterar a verdade dos fatos; III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; VI - provocar incidente manifestamente infundado; VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório Art. 793-C. De ofício ou a requerimento, o juízo condenará o litigante de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a 1% (um por cento) e inferior a 10% (dez por cento) do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou. § 1o Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juízo condenará cada um na proporção de seu respectivo interesse na causa ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária § 2o Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em até duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. § 3o O valor da indenização será fixado pelo juízo ou, caso não seja possível mensurá-lo, liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos. Pode ser reclamante, reclamado ou terceiro interessado Penalidade: indenização para outra parte + multa.
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