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MINDFULNESS COMO UMA TÉCNICA COMPLEMENTAR EFETIVA E ACESSÍVEL PARA PACIENTES COM TRANSTORNO DE ANSIEDADE: UMA REVISÃO NARRATIVA. Natália de Oliveira Kuhn Psicologia Sumário Introdução Problema Objetivos Referencial Teórico Metodologia Introdução A ansiedade é uma emoção comum às peculiaridades da vida. Uma prova, um novo trabalho, um encontro, razões que facilmente nos tiram do estado “normal” e nos colocam a sentir medo do que irá acontecer. Essas respostas podem ser vistas como esperadas e comuns, o problema começa quando esse misto de sentimentos aparecem em quase todos os dias, em situações que não deveriam e principalmente, que nos faz fugir da responsabilidade e do evento estressor, podendo assim, gerar um quadro de transtorno mental. Introdução Em 2021, o Brasil foi eleito o pais mais ansioso do mundo, com cerca de 8% da população com a doença, segundo a OMS. Em 2019, 301 milhões de pessoas, no mundo todo, sofriam com o diagnóstico de transtorno de ansiedade, e em 2020 esse número aumentou para 374 milhões, com impacto da pandemia do COVID-19, criando uma crise global para a saúde mental. O TAG acaba sendo o mais diagnosticado e ainda apresenta poucas chances de remissão espontânea, podendo se transformar em uma condição crônica e se tornar uma porta de entrada para outras condições psiquiátricas. (Pine,1997; Vianna, et. al, 2009). Introdução Atualmente com um padrão de tratamento efetivo na maioria dos casos, a psicologia trabalha com o tratamento medicamentoso e terapia cognitiva comportamental (Reyes, et. al, 2017). Entretanto, considerando questões de aderência ao tratamento e melhora nos sintomas, no que se refere a frequência na terapia e adesão, a população acometida muita das vezes não consegue continuar esse tratamento, seja pelos sintomas ainda estarem presentes na sua vida ou por não se adaptar com as tarefas que lhe forem dados (Taylor, 2000; Zayfert & Black, 2000). As técnicas de Mindfulness surgem como uma opção de complemento ao tratamento usual, podendo ser realizada de forma online ou offline e todos os dias, não sendo necessária a presença do psicólogo. Problema/Hipótese Com os números crescentes de casos de transtorno de ansiedade no mundo todo, e levando em consideração a acessiblidade ao tratamento, e a aderência ao tratamento, as técnicas de atenção plena poderiam ser usadas como um método complementar da terapia tradicional para o tratamento da ansiedade. Objetivo GERAL Apresentar as técnicas de Mindfulness para os profissionais da área da saúde, como uma forma complementar ao tratamento do Transtorno de Ansiedade Generalizada afim de desmistificar o seu uso no meio acadêmico e profissional. Objetivos Elaborar propostas de uso das técnicas meditativas para o uso do paciente em casa ou na clinica, como uma forma de dar uma continuidade no tratamento. Identificar pontos que levam a não aderência ao tratamento usual e demonstrar que a meditação pode auxiliar nesses casos. Objetivo Específico Objetivo Específico Referencial Teórico Transtorno de Ansiedade Considera-se a ansiedade patológica quando a emoção interfere na funcionalidade do sujeito causando prejuízo emocional e social, resultando em sofrimento (Knapp, et. al, 2008). Em 1953 a APA, Associação Psiquiátrica Americana, publica o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), falando pela primeira vez da ansiedade como forma de sintoma de outras comorbidades (Reyes, 2017). Anteriormente o CID (Classificação Internacional de Doenças) apenas falava de doenças agudas. Na edição III (1980) é que cria-se a denominação "Transtornos Ansiosos" e deixa de ser um sintoma. Cria-se um subtipo dentro do grupo chamado Transtorno de Ansiedade Generalizada. Referencial Teórico Transtorno de Ansiedade A. Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses, com diversos eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou profissional). B. O indivíduo considera difícil controlar a preocupação. C. A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais) dos seguintes seis sintomas (com pelo menos alguns deles presentes na maioria dos dias nos últimos seis meses). 1. Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele. 2. Fatigabilidade. 3. Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente. 4. Irritabilidade. 5. Tensão muscular. 6. Perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório e inquieto). (DSM, 2014, p. 222). Referencial Teórico Tratamento Atual Padrão Ouro A psicologia baseada em evidências é uma abordagem que promove a prática psicoterapêutica mais eficaz e atualizada para o tratamento, com base em estudos atuais e padronizados para a confiabilidade dos dados. A efetividade diz respeito ao que é testado, validado e disponibilizado para a saúde pública com base em avaliação psicológica, formulação de caso, relação terapêutica e intervenções psicológicas (Souza; Carvalho, 2014). Atualmente, o tratamento padrão ouro, com base em evidências, para o transtorno de ansiedade generalizada é a terapia cognitivo comportamental (pelo menos 18 sessões) e o uso de alguns medicamentos psiquiátricos como sertralina, paroxetina e fluoxetina (Reyes; Fermann, 2017). Referencial Teórico Implicações no tratamento Segundo Benetti e Cunha (2008) em relação às políticas públicas de saúde, o abandono ou interrupção do processo psicoterapêutico é apontado como uma situação com implicações sérias nas trajetórias de saúde dos indivíduos e com alto custo econômico e social, além de acarretar a não resolutividade dos transtornos. Os mesmos autores também salientam que na maioria dos estudos, os jovens, a distância do local de atendimento e de nível socioeconômico baixo, constituíam os casos mais frequentes de abandono psicoterápico. O abandono também é visto quando o paciente não cumpri o número determinado pelo psicólogo de sessões terapêuticas, classificando-o como “abandonante”, e que se dá até pelo fato do paciente ver ou não a melhora dos sintomas (CHILELLI; ENÉAS, 2000). Geralmente, o processo de abandono resulta no agravamento dos casos, na insatisfação profissional e em maior gasto econômico. Referencial Teórico Mindfulness Mindfulness tem sua origem no Oriente como uma forma espiritual de conexão consigo mesmo, que advém da prática religiosa budista (Langer, 2014; T. P. T. Ramos, 2015). Com uma prática de consciência do presente, trabalhando com a respiração e atenção, a meditação mindfulness foi gradativamente introduzida no Ocidente a partir da década de 60. Uma definição da prática é um processo de atenção total, com consciência, à experiência do momento presente. Esse processo se dá como uma meditação, de consciência da experiência do momento nos ajuda a suprimir as demandas psicológicas do cotidiano, ocasionando em um bem estar psíquico e um relaxamento total no corpo e mente (Vandenberghe, 2013). Referencial Teórico Mindfulness e sua eficáfica As técnicas formais incluem diversas formas de disciplina sensório-motora, desde permanecer sentado em silêncio, respirando de modo consciente, até exercícios de ioga. Já as informais, se referem a prestar atenção nas atividades em que se está fazendo como tomar banho, escovar os dentes, se alimentar... Apenas por volta da década de 80 a meditação começou a ser objeto de estudos mais rigorosos. Um dos estudos pioneiros na área foi realizado por Kabat-Zinn (1982) sendo proporcionado em forma de um programa, denominado programa de redução de estresse baseado em mindfulness, de 8 semanas para redução de estresse e dor crônica. O programa consistia em 2,5 horas semanais de mindfulness em grupo com um professor treinado, aliado de áudios para se treinar em casa (aproximadamente 45 minutos/dia) e um retiro de atenção plena de um dia sendo realizado na última semana do programa. A partir desse estudo, iniciou-se uma onda de intervençõesbaseadas nos preceitos de mindfulness que comprovou sua eficácia na redução do estresse, ansiedade, depressão e bem estar em geral. Referencial Teórico Mindfulness e sua eficácia Em uma revisão sistemática (Galero; et.al 2019), analisando 26 estudos usando programas de Mindfulness para combater a ansiedade, foram apresentados resultados ótimos no final do tratamento, concluindo que os programas são efetivos quando se há uma duração de 7 semanas em diante. Dentro desses 26 estudos também apresentaram um tamanho de efeito médio para o pós tratamento, mostrando que novos estudos acerca do pós devem ser feitos para quantificar esse efeito. Em uma nova revisão sistemática (Li; et. al, 2021) feito com 11 trabalhos publicados em forma de estudos clínicos, foi comparado intervenções de atenção plena versus terapia cognitiva comportamental clássica, no tratamento para pacientes com ansiedade. Os resultados mostraram semelhanças na efetividade do tratamento de ansiedade, depressão e qualidade de sono. Não houve uma diferença significativa entre as duas práticas mas em um estudo, houve um efeito mais positivo de mindfulness em comparação com a TCC no seguimento de 6 meses após a intervenção. Podendo até ser um tratamento alternativo para a doença. Referencial Teórico Mindfulness e sua eficácia Na maioria dos estudos comparativos com terapias usuais, o Mindfulness apresenta alguns benefícios a mais para os sintomas da ansiedade principalmente no quesito pós intervenção, e então é proposto que talvez esses tratamentos também possam ser usados para prevenir a recorrência da doença com o uso em casa, como os aplicativos de meditação, mas que ainda se deve padronizá-los com professores devidamente formados para tal prática. As intervenções de mindfulness também podem ajudar indivíduos com transtornos de humor que estão atualmente experimentando altos níveis de pânico ou sintomas depressivos. As intervenções visam promover uma consciência aberta e receptiva dos próprios pensamentos e sentimentos, incluindo uma atitude observadora em relação aos padrões de pensamento e experiências corporais que ocorrem quando a pessoa sente-se ansiosamente ansiosa ou deprimida. Esse processo de voltar a atenção para essas experiências foi postulado para ajudar a reduzir a evitação experiencial, o autojulgamento e a ruminação que são frequentemente desencadeadas por depressão e ansiedade agudas (Roemer & Orsillo 2009). Referencial Teórico Mindfulness e sua eficácia A base de evidências atual sugere que mesmo intervenções breves de mindfulness (por exemplo, meditações guiadas de atenção plena de 5 a 10 minutos, treinamento de meditação de atenção plena de 3 a 4 sessões) podem ser eficaz, e a curto prazo trazer um benefício de autocontrole contra a impulsividade (Broderick 2005). Em contraste, doses maiores de intervenções de atenção plena, como o programa de redução de estresse de Kabat-Zinn, de 8 semanas, produzem efeitos moderados a nível de tratamento. (Baer 2003, Goyal et al. 2014). Finalmente, embora a dosagem seja importante, é mais importante que os participantes aprendam como aplicar habilidades formais de treinamento de atenção plena a experiências estressantes ou situações da vida diária, para que o desenvolvimento de habilidades de atenção plena possa se traduzir em uma estratégia de enfrentamento principalmente com seu uso em casa. Também deve-se desmitificar as técnicas meditativas como um uso religioso, contribuindo com a divulgação tanto com os profissionais, quanto no publico em geral, desse uso efetivo para essas doenças. Metodologia O trabalho trata-se de uma revisão narrativa da literatura. Portanto, foram analisados artigos com os termos “meditação”, “mindfulness”, “tratamento ansiedade”, “ansiedade generalizada” e também os mesmos termos em inglês para uma amplitude de resultados. Foram estudados 18 artigos de revisões sistemáticas e narrativas para a elaboração da discussão sobre o tema. Foi pesquisado em sites Pubmed, Google Acadêmico, Science Direct, Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva e Annual Review of Psychology. Obrigada!
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