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9 INTERVENÇÕES-PSICOPEDAGOGICAS-E-NECESSIDADES-ESPECIAIS-2

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INTERVENÇÕES PSICOPEDAGOGICAS E NECESSIDADES 
ESPECIAIS 
 
 
 
 
1
 
 
1 
Sumário 
 
O psicopedagogo na Educação Especial ........................................................... 3 
Psicopedagogia e educação especial ................................................................ 3 
FORMAS E AMBIENTES DE ATUAÇÃO ......................................................... 13 
TÉCNICAS, RECURSOS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO ..................... 22 
Referências ...................................................................................................... 29 
 
 
 
 
 
 
2
 
 
2 
 
FACUMINAS 
 
 
 
A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de 
um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para 
cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, 
como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas 
de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos 
culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e 
comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de 
comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de 
forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir 
uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma 
das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela 
inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3
 
 
3 
 
 
O psicopedagogo na Educação Especial 
A produção deste artigo desenvolveu-se a partir de uma pesquisa 
bibliográfica. Tendo como justificativa a importância da compreensão do 
trabalho psicopedagógico desenvolvido no ambiente educacional inclusivo. 
Bem como objetivando analisar o trabalho do psicopedagogo e interpretar os 
dados referentes à atuação do psicopedagogo na educação especial através 
de paradigmas inclusivos. 
A priori, será realizada uma abordagem objetiva e sucinta sobre a 
psicopedagogia, iniciando seus estudos na Europa, consolidando-se na 
América Latina, mais precisamente na Argentina e, estendendo-se ao Brasil. 
Como também vido na educação especial, através do processo de ensino-
aprendizagem de crianças com necessidades educacionais especiais1. 
Por conseguinte, ressaltará a importância do trabalho psicopedagógico 
ao recorrer a múltiplos pressupostos teóricos, no tocante ao fundamentar-se 
em assistir sistematicamente o desenvolvimento das crianças com 
necessidades educacionais especiais. Para complementar essa 
discussão/análise, será apresentada o foco central da presente, o trabalho do 
psicopedagogo no ambiente educacional inclusivo. Assim, compreende-se que 
a ação psicopedagógica no ambiente educacional inclusivo é de extrema 
relevância, ao oferecer um apoio efetivo à criança com necessidades 
educacionais especiais no contexto educacional e social. 
Psicopedagogia e educação especial 
Os estudos, bem como sucessivas preocupações sobre os problemas de 
aprendizagem começaram a ser difundidos na Europa no século XIX. O 
desenvolvimento da psicopedagogia ocorreu na França. Na literatura francesa, 
destaca-se a psicopedagoga francesa Janine Mery. Segundo Bossa (2007), 
Mery ressalta que ainda no século XIX estudos e interesses sobre a 
compreensão e o atendimento de portadores de deficiências2 sensoriais, 
 
 
 
4
 
 
4 
debilidade mental e outros problemas que comprometem a aprendizagem, 
ganharam notoriedade nas discussões científicas. 
A presente autora complementa que, além disso, no final do mesmo 
século, Educadores europeus, como Jean Marc Gaspard Itarde, Johann 
Heinrich Pesta-lozzi e Edouard Seguin, tomando por base os pensamentos do 
Psicanalista Jacques-Marie Émile Lacan, começaram a dedicar seus estudos 
às crianças que apresentavam dificuldades de aprendizagem em razão de 
vários distúrbios. 
Assim, em 1898 o professor de Psicologia Edouard Claparèd e o 
Neurologista François Neville, foram os precursores ao introduzirem em 
escolas públicas as "classes especiais" destinadas à educação de crianças 
com retardo mental. Na mesma época, a Psiquiatra italiana Maria Montessori, 
cria um método de aprendizagem destinado a essas crianças. 
Influenciado pela tendência montes-sariana, o Psiquiatra belga Ovide 
De-croly, começa a interessar-se sobre as situações de aprendizagem de 
crianças - educação infantil, visando consequentemente à "apreensão 
globalizadora: a criança e a família, a criança e a escola, a criança e o mundo 
animal e assim por diante" (ARANHA, 1996, p. 173). 
Em meio a esse contexto, surgem escolas destinadas a crianças com a 
aprendizagem lenta. Na França por volta de 1930, são criados os primeiros 
centros de orientação educacional infantil formado por educadores, médicos, 
psicólogos e assistentes sociais. Já em 1946, J. Boutonier e George Mauco 
fundam os primeiros Centros Psicopedagógicos. Com objetivo de um estudo 
interdisciplinar através dos conhecimentos da psicologia, da psicanálise e da 
educação, para tratar de crianças com problemas de aprendizagem. 
A partir de 1948, Debesse passa a utilizar o termo "Pedagogia Curativa", 
a qual tinha como objetivo atender tais crianças. De acordo com Maluf (2007), 
na literatura psicopedagógica outros profissionais, como Maud Mannoni, 
Françoise Douto, Pierre Vayer, Pichon-Rivière como tantos, foram importantes 
e grandes expoentes na contribuição através de estudos sobre os problemas 
de aprendizagem, originando a Psicopedagogia Clínica. 
 
 
 
 
5
 
 
5 
Com o século XX, a expansão do ensino é evidente ao tornar a 
educação básica obrigatória em vários países. Na Argentina, a atuação 
psicopedagógica configura-se na estruturação e/ou na fundamentação da 
educação e da saúde. Na educação, o trabalho psicopedagógico está 
relacionado em cooperar na diminuição do fracasso escolar e, a saúde 
referencia-se em reconhecer e atuar sobre as alterações da aprendizagem 
sistemática e/ou assistemática. 
Para tanto, "a psicopedagogia é o campo da reflexão e do fazer 
pedagógicos, tendo como foco os fatores psicológicos. Tem como objeto de 
estudo o processo de aprendizagem e utiliza na prática recursos diagnósticos, 
corretores e preventivos próprios" (ASSIS, 2007, p.19). 
Com a abordagem da epistemologia convergente de Visca (1991) 
perante a psicanálise de Sigmund Freud, a psicologia social de Pichon Rivière 
e a epistemologia genética de Jean Piaget, o estudo sobre as dificuldades de 
aprendizagem deixa de ser apenas clínico e configura-se também institucional. 
A psicopedagogia a partir desta concepção começa a expandir-se, superando 
limites geográficos e/ou culturais, chegando ao Brasil. 
No Brasil, a psicopedagogia começou a ser difundida na década de 80, 
com profissionais engajados no estudo das causas e intervenções dos 
problemas de aprendizagem. Nesse período, acreditava-se que os problemas 
de aprendizagem decorriam de fatores orgânicos. Em 1987, Doris J. Johnson e 
Helmer R. Myklebrust, através de sua literatura: Distúrbios de Aprendizagem, 
foi possível compreender os fatores orgânicos através dos conceitos de 
Disfunção Cerebral Mínima (DCM). 
A psicopedagogia paulatinamente vem sofrendo transformações 
significativas desde os primeiros conceitos, referenciados pela DCM. 
Atualmente, o estudo psicopedagógico possui um caráter interdisciplinar, 
possibilitando a transposição um conhecimento específico, para um 
conhecimento cuja sua amplitude seja realizada por meio da Sociologia, 
Psicologia, Antropologia,Linguística, Filosofia, Psicolinguística, Psicanálise, 
Neurologia, Fonoaudiologia, Medicina, Pedagogia e dentre outras. 
 
 
 
6
 
 
6 
A psicopedagogia nasceu para atender à demanda da não-
aprendizagem, das dificuldades de aprendizagem e do fracasso escolar, 
fundamentando-se no conhecimento de várias ciências e áreas do 
conhecimento. Organizou-se como prática exercida por profissionais de 
diferentes áreas até o surgimento de cursos específicos. A junção de demanda, 
fundamentação teórica e prática originou essa nova área de conhecimento e 
essa nova profissão, inaugurando a área de atuação específica (GRASSI, 
2009, p. 96). 
Assim, baseando-se pelas relações interdisciplinares, está o ambiente 
escolar no que diz respeito à inclusão de crianças com necessidades 
educacionais especiais, através da educação especial. Para Vygotsky apud 
Beyer (2006), o ensino destinado à criança com necessidades educacionais 
especiais tende a propiciar o seu desenvolvimento cognitivo através do 
conhecimento histórico-cultural existente na sociedade em que ela nasceu, isto 
é, seja marcada pela promoção variada e rica de suas vivências sociais. 
[...] A intervenção pedagógica provoca avanços que não ocorreriam 
espontaneamente. A importância da intervenção deliberada de um indivíduo 
sobre os outros como forma de promover desenvolvimento articula-se como um 
postulado básico de Vygotsky: a aprendizagem é fundamental para o 
desenvolvimento desde o nascimento da criança. A aprendizagem desperta 
processos internos de desenvolvimento que só pode ocorrer quando o 
indivíduo interage com outras pessoas. O processo de ensino-aprendizagem 
que ocorre na escola propicia o acesso dos membros imaturos da cultura 
letrada ao conhecimento construído e acumulado pela ciência e a 
procedimentos metacognitivos, centrais ao próprio modo de articulação dos 
conceitos científicos (OLIVEIRA, 1992, p. 33). 
A figura do psicopedagogo é de extrema relevância na educação 
especial, por auxiliar a criança com necessidades educacionais especiais em 
sua adaptação no ambiente escolar, beneficiando-a com que a escola possa 
lhe oferecer. A escola, de acordo com essa premissa precisa rever sua postura, 
como também a de seus profissionais ofertando à criança com necessidades 
 
 
 
 
7
 
 
7 
educacionais especiais o direito à educação e, o respeito por sua diversidade 
estudantil (MITTLER, 2003). 
O modelo educacional carece necessariamente do olhar do 
psicopedagogo sobre a prática pedagógica no ambiente educacional inclusivo, 
haja vista que a psicopedagogia não se ocupa em estudar somente às 
dificuldades que o aluno apresenta no processo de ensino-aprendizagem, mas 
sim sua relação com o social, em meio à construção do conhecimento coletivo, 
bem como às influências que podem ser constituídas mediante essa relação. 
[...] apesar de a psicopedagogia ter surgido como uma disciplina 
complementar da psicologia e da medicina, devido a necessidade do 
atendimento ao aluno com dificuldade de aprendizagem, atualmente esse ramo 
preocupa-se não só com o aluno e sua família, mas com tudo que o cerca, 
influencia e constrói: a escola como instituição, a comunidade onde estão 
inseridos, os professores, a equipe técnica administrativa. [...] dessa forma, é 
preciso lançar seu olhar para a comunidade, a sociedade e a cultura. O foco 
deixa de ser apenas clínico e torna-se também institucional (ASSIS, 2007, p. 
19/20). Refletir sobre a importância do trabalho do psicopedagogo no ambiente 
escolar inclusivo é imprescindível, devido à necessidade do mesmo conduzir à 
criança com necessidades educacionais especiais a uma formação 
sociointeracionista entre o aprender e o compreender, isto é, possibilitá-la a um 
entendimento em vista daquilo que está sendo mais relevante naquele 
momento para ela, seja tal representado por meio 
de valores, sonhos ou fantasias, levando em consideração a 
comunidade que faz parte do convívio social deste ser. 
A educação do século XXI prima-se para a abertura de novos olhares e 
pensamentos sobre as pessoas, onde a ética e a solidariedade prevaleçam 
com ênfase. A pedagogia contemporânea assume uma característica 
interdisciplinar, propondo o redimensionamento nas ações e nos valores, 
pautados em uma visão dialética do social e do mundo (SAN-TOS, 2007). 
Logo, o trabalho psicopedagógico na educação especial é indispensável ao 
fundamentar-se em pressupostos epistemológicos cujo seus enfoques 
 
 
 
8
 
 
8 
garantem a contextualização dos organismos/sistemas que compõem a vida 
social da criança com necessidades educacionais especiais. 
Noções e implicações no processo de inclusão de crianças 
com necessidades educacionais especiais: uma abordagem 
psicopedagógica 
As discussões sobre o termo psicopedagogia, atualmente 
perpassam/produzem na sociedade científica sucessivos estudos em 
decorrência do que vem a ser o presente. A psicopedagogia se ocupa com a 
aprendizagem humana, o que acaba por representar e extrapolar os limites da 
Psicologia e da Pedagogia. Como também, estuda algumas características 
desta aprendizagem, tais sejam: como se aprende, como se processa esse 
aprendizado, que fatores produzem a aprendizagem ou por que não estar 
aprendendo. 
Ao observar essa situação, o psicopedagogo lançar-se a três 
questionamentos fundamentais sobre essa dificuldade apresentada pelo aluno: 
como reconhecê-la, como tratá-la ou como preveni-la. Nesse sentido, 
considera-se que o contingente educacional é multicultural, assim a 
aprendizagem é um resultado da estimulação ambiental sobre o indivíduo e 
suas relações (JOSÉ; COELHO, 2008). 
Essa relação dialética deverá acontecer a partir do momento em que é 
garantido o acesso à educação de crianças com necessidades educacionais 
especiais. Para tanto, fundamentando-se pela ideia de Facion e Castro (2009), 
a educação contemporânea prima pela diversidade humana, propondo o 
redirecionamento dos valores profissionais, contemplados através de uma 
prática pedagógica diferenciada ao privilegiar as subjetividades da criança com 
necessidades educacionais especiais. 
O professor, precisa estar preparado para os novos desafios 
educacionais, em vista de desenvolver posturas reflexivas e críticas, mediante 
a busca e o aprendizado constante de conhecimentos. E, para que isso ocorra 
o profissional precisa conhecer, como também buscar entender o porquê de 
seguir esta ou aquela tendência educacional, avaliando até que ponto ela se 
 
 
 
 
9
 
 
9 
faz relevante quanto sua perspectiva educacional. Assim, é notório considerar 
que a práxis pedagógica do educador da educação especial, bem como do 
psicopedagogo poderá vir estar fundamentada sob paradigma crítico-
materialista. Segundo Reichmann apud Beyer (2006), o paradigma crítico-
materialista deverá ser interpretado, mediante a realidade dos indivíduos, que 
são inseridos em um contexto social concreto, por revelar situações relacionais 
convergentes e/ou divergentes, através da tomada de consciência por sua 
existência ao confrontar-se com o real por ser uma pessoa com deficiência. 
No entanto, para recorrer e atribuir esse paradigma à ação 
psicopedagógica na educação especial, o psicopedagogo carece estar 
fundamentado, ao tecer reflexões em decorrência de bases epistemológicas 
e/ou conceituais, permitindo-lhe a inovação e a reelaboração de novas práticas 
de ensino, em decorrência de propor a inclusão de alunos com necessidades 
especiais no ambiente e educacional e social. 
Tomando como referência as ideias de Lakomy (2008), o conhecimento 
de concepções teóricas no ambiente educacional, torna possível ao professor 
e/ou ao psicopedagogo o uso de estratégias, no sentido de estimular o 
desenvolvimento cognitivo e o processo de aprendizagem de uma criança, seja 
esta até mesmo com necessidades educacionaisespeciais. 
As experiências vividas pelo educando em desenvolvimento são 
referidas e imprimem significação determinante em seu processo de 
construção pessoal. A aprendizagem coloca em foco as diferentes dimensões 
do educando sob a ótica integradora do aspecto cognitivo, afetivo, orgânico e 
social. O 'olhar' sobre esses aspectos, ao mesmo tempo em que relativiza a 
importância da escola na aprendizagem, coloca em foco a importância de toda 
reunião de fatores 'extraclasses' que interferem no processo de construção do 
conhecimento e do papel do aprendente (RELVAS, 2008, p. 112/113). 
Ao atribuir à práxis psicopedagógica essa visão holística do processo de 
ensino-aprendizagem, a atuação do psicopedagogo na educação especial irá 
contribuir satisfatoriamente, por provocar mudanças de comportamentos e 
atitudes ao ampliar as potencialidades da criança com necessidades 
 
 
 
1
0 
 
10 
educacionais especiais, visando atribuir às situações novos conhecimentos, 
novas habilidades e/ou novas aprendizagens, com experiências 
enriquecedoras advindas de seu meio social. 
O psicopedagogo no ambiente educacional inclusivo 
O desenvolvimento do trabalho psicopedagógico originou-se nos 
atendimentos a crianças que apresentam problemas relacionados a 
dificuldades de aprendizagem. A atuação de profissionais que estudam 
questões que envolvam o objeto de estudo da Psicopedagogia foi ampliado em 
diferentes âmbitos, não permanecendo restrito ao ambiente da escola de 
ensino regular ou até mesmo em clínicas onde a ação psicopedagógica 
desenvolvia-se através de um trabalho inter ou multidisciplinar e, sim sofrendo 
uma abertura significativa (OLIVEIRA, 2008). 
A atuação psicopedagógica poderá ser concebida no ambiente escolar 
inclusivo, com alternativas metodológicas e procedimentos didáticos que 
viabilizará a inclusão e, sobretudo a educação de crianças com necessidades 
educacionais especiais, através de atendimentos multidisciplinares, incluindo o 
trabalho psicopedagógico. 
Esses atendimentos são de extrema importância ao serem realizados no 
ambiente educacional, pois segundo Weiss (2008), através da atuação de 
vários profissionais3 engajados e estudando com afinco as dificuldades de 
aprendizagem apresentada pela criança com necessidades 
educacionais especiais, permitirá maior propriedade em examinar os fatores 
orgânicos e psicológicos que desencadeiam tais, com a contribuição de uma 
discussão satisfatória entre a equipe, sobre a realidade estudada. 
Ao realizar o trabalho multidisciplinarmente, as intervenções 
psicopedagógicas que são realizadas com crianças com necessidades 
educacionais especiais, não constituem em uma série de testes que acontecem 
apenas uma vez, mas são baseadas nos estudos das respostas que a mesma 
apresentou durante um período determinado, incitando posteriormente em 
 
 
 
 
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1 
 
11 
análises com propósitos de oportunidades significativas para intervenções 
futuras, com perspectivas de mudanças no seu contexto familiar e escolar. 
O psicopedagogo como também a equipe multidisciplinar, precisam 
conhecer holisticamente a criança que é assistida diante do momento ensino e 
aprendizagem mediante suas subjetividades, criando espaços e condições 
favoráveis para expor suas potencialidades, capacidades, habilidades, 
destrezas e até mesmo suas limitações, como também propiciar seu 
desenvolvimento através de suas estruturas cognitivas, afetivas, sociais, 
pedagógicas e corporais. 
No processo de objetividade e subjetividade, elos entre o lidar consigo 
mesmo e com os outros se constituem como problemática a ser vivenciada. O 
sujeito humano deve interagir com os objetivos e com as regras do meio, mas 
deve também interagir com suas limitações, possibilidades e impossibilidades e 
carências enquanto ser vivente. Se educar é buscar o bem-estar do humano 
em todo este contexto, o espaço/tempo educativo deve priorizar construções 
de processos harmônicos com as condições da vida humana, e interação com 
a natureza do próprio homem e do planeta. A escola do sujeito em processo de 
interação permanente deve-se voltar à compreensão de que todo 
conhecimento é, na verdade, 'saber do outro' (BEAUCLAIR, 2007, p. 22). 
A psicopedagogia contribui para a compreensão destas transformações 
necessárias, implicando em produzir discussões, análises e observações que 
desencadearão em intervenções essenciais. A atuação do psicopedagogo no 
ambiente escolar inclusivo acontece sob uma prévia observação do indivíduo 
que estar sendo assistido, por meio da compreensão da situação apresentada, 
para posteriormente apoiar-se em conhecimentos/pressupostos 
epistemológicos. 
Com essa fundamentação pertinente decorrente de conhecimentos/ 
pressupostos epistemológicos haverá a elaboração do informe 
psicopedagógico com situações concretas, planejando ações organizadas 
futuras no intuito de escolher alternativas flexíveis para intervir nas dificuldades 
de aprendizagem, com uso de critérios adotados, bem como objetivos a serem 
 
 
 
1
2 
 
12 
alcançados, respeitando as características biológicas da criança com 
necessidades educacionais especiais, para serem desenvolvidas na escola de 
ensino regular. 
Ao observar várias produções requisitadas a criança com necessidades 
educacionais especiais e, dispondo de dados concretos, chega a hora de 
conversar entre/com os profissionais que atendem em comum esta criança e, 
com seus pais. A abordagem do psicopedagogo deverá ser estabelecida 
mediante a dados fidedignos quanto ao diagnóstico suscitado, primando pelo 
Código de Ética estabelecido pela Associação Brasileira de Psicopedagogia 
(ABPp), em vista de contextualizar as hipóteses que foram levantadas diante 
da ação psicopedagógico, perante aos profissionais e a família. 
O diagnóstico psicopedagógico é um processo, um contínuo sempre 
revistável, onde a intervenção do psicopedagogo inicia, [...] em uma atitude 
investigadora, até a intervenção. É preciso observar que essa atitude 
investigadora, de fato, prossegue durante todo o trabalho, na própria 
intervenção, com o objetivo da observação ou acompanhamento da evolução 
do sujeito (BOSSA, 2007, p. 94). 
O psicopedagogo deverá considerar vários organismos que fazem parte 
da história de vida da criança com necessidades educacionais especiais, 
representados por sua família, pela escola e, inclusive pelo social como todo, 
pelo fato em adquirir informações amplas e suficientes para formular possíveis 
hipóteses. Assim sendo, esse profissional precisa colaborar com dados 
verídicos, em relação a todo trabalho psicopedagógico que será executado 
com a criança em vista à sua subjetividade perante seu processo de ensino-
aprendizagem na escola e na sociedade. 
Consideramos que um dos maiores desafios que se apresentam ao 
psicopedagogo é proporcionar à família, à escola e ao aluno informações 
amplas de tudo o que coletou, sem enganos nem dissimulações, mas ao 
mesmo tempo, ser capaz de conseguir que a pessoa que receba essas 
informações não se sinta culpada ou atacada, mas perceba saídas possíveis e 
 
 
 
 
1
3 
 
13 
veja mais vantagens na mudança do que em permanecer na mesma situação 
(VILANA, 2008, p. 80). 
O psicopedagogo em consonância com os profissionais, escola e pais 
terá oportunidade de modificar a percepção destes em relação à criança com 
necessidades educacionais especiais, possibilitando-os reverem suas atitudes 
e a maneira de se relacionarem com vários organismos que fazem parte da 
sociedade. A inclusão é compreendida como um processo, em face de certos 
valores e princípios. A parceria estabelecida entre psicopedagogo, profissionais 
e pais implica em um respeito mútuo, baseando-se na troca de experiências 
salutares diante desta criança, através do compartilhamento de informações e, 
até mesmo de sentimentos. 
Talrelação é benéfica e, possui um valor inestimável, por propiciar aos 
pais encorajamento necessário em acreditar nas potencialidades da criança 
com necessidades educacionais especiais em se tratando de um sucesso 
bastante almejado, ou então, ao conquistar um desenvolvimento superior ao 
esperado, em decorrência do comprometimento, como também da qualidade 
de ensino e, sobretudo através da motivação ilimitada de profissionais e pais. 
Como se pode observar, o contexto onde as crianças com necessidades 
educacionais especiais estão inseridas, é mesmo contexto de todos, com suas 
convergências, contradições, dificuldades e alegrias, tornando-se irrelevante 
segregá-las, ou então protegê-las ao modo de reforçar (in)consequentemente 
suas limitações (BEYER, 2006). Assim, a práxis psicopedagógica 
correlacionada à educação especial é aquela que possibilita a convivência de 
crianças com/sem necessidades educacionais especiais de maneira pacífica, 
respeitando as diversidades e diferenças culturais e biológicas, através do 
rompimento de paradigmas excludentes ao admitir o multiculturalismo perante 
o social. 
FORMAS E AMBIENTES DE ATUAÇÃO 
Para Bossa (2000), a forma de atuação, a metodologia a ser utilizada, 
vai se construindo em cada caso, ao passo que o problema aparece. Cada 
caso é único, e demanda atitudes específicas do profissional. 
 
 
 
1
4 
 
14 
De acordo com Soares e Sena (2012), faz parte do papel do 
psicopedagogo 
[...] detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem; 
participar da dinâmica das relações da comunidade educativa a fim de 
favorecer o processo de integração e troca; promover orientações 
metodológicas de acordo com as características dos indivíduos e grupos; 
realizar processo de orientação educacional, vocacional e ocupacional, tanto 
na forma individual quanto em grupo (SOARES; SENA, 2012, p. 2-3). 
A Psicopedagogia pode ser exercida em clínicas e instituições. Os dois 
ambientes exigem metodologias de trabalho específicas. De acordo com Bossa 
(2000), sempre se deve levar em consideração as circunstâncias, ou seja, o 
contexto no qual o sujeito está inserido (família, escola, comunidade). 
A eficácia da atuação psicopedagógica está fortemente ligada ao papel 
que a família desempenha no processo de aprendizagem do aluno. Sabe-se 
que para um bom desempenho da criança é muito importante o vínculo afetivo 
(SOARES; SENA, 2012). Por esse motivo, os pais devem sempre estar 
inseridos no processo de desenvolvimento de seus filhos, participando de 
reuniões e acompanhando o trabalho. 
Ainda conforme esses autores, juntamente com a família, a escola 
também tem grande importância no desenvolvimento do aluno. As dificuldades 
apresentadas pelas crianças na escola podem acarretar outros problemas em 
outras áreas escolares bem como em seu desenvolvimento cognitivo, social e 
afetivo, podendo levar marcas para o futuro. Assim, tanto a escola como a 
família também são responsáveis pela aprendizagem ou não-aprendizagem do 
aluno. 
Osti e Marcelino (2008) apontam que as origens das dificuldades de 
aprendizagem podem ter causas intrínsecas ou extrínsecas, ou seja, podem 
ser de ordem afetiva e emocional ou estar relacionadas à escola, aos 
conteúdos, entre outros. Portanto não estão ligadas somente a questões 
individuais, mas envolvem fatores relacionados à família, escola, meio social, 
 
 
 
 
1
5 
 
15 
não surgindo de problemas apenas orgânicos, como alterações biológicas, 
neurológicas ou deficiência mental. 
Nesse sentido, “não é possível excluir do processo da aprendizagem 
esses virtuais elementos [família, escola, professor ou comunidade], cujo 
influxo sobre o próprio sujeito é marcante” (BOSSA, 2000, p. 87). 
Como já citado anteriormente, o trabalho psicopedagógico pode ser 
realizado em exercício clínico e institucional. A formação psicopedagógica 
possibilita que o profissional atue em instituições de ensino orientando pais e 
profissionais, bem como promovendo palestras, cursos e grupos de estudos, a 
fim de ampliar a visão acerca da aprendizagem e em clínica, atendendo as 
crianças com dificuldades, trabalhando os conteúdos escolares por meio de 
outras técnicas e estratégias (OSTI; MARCELINO, 2008). 
 Trabalho Clínico 
Conforme aponta Visca (1987), o método clínico surgiu na medicina e 
recebeu esse nome devido ao termo Kline, que em grego significa leito, ou 
seja, lugar onde o paciente era observado ou atendido. 
No trabalho clínico o foco é mais terapêutico e geralmente realizado em 
consultórios. Trata-se de um trabalho em que, segundo Bossa (2000), o 
investigador interage constantemente com o objeto-sujeito de estudo. O 
profissional deve compreender o que, como, e por que o sujeito aprende, bem 
como o modo em que o ele se constitui, se transforma, seus recursos de 
conhecimento e a forma pela qual aprende. 
Ainda de acordo com a autora, “o trabalho clínico não deixa de ser 
preventivo, uma vez que, ao tratar alguns transtornos de aprendizagem, pode 
evitar o aparecimento de outros” (BOSSA, 2000, p. 30). Considera também que 
o trabalho 
clínico, envolve a subjetividade do psicopedagogo, pois consiste em uma 
relação entre sujeitos, na qual uma procura identificar aquilo que impede o 
outro de aprender. 
 
 
 
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16 
Pode-se dizer que esse trabalho pode acontecer em duas fases: 
diagnóstica e de intervenção (BOSSA, 2000). No primeiro momento, o maior 
foco é a investigação, em que o profissional procura o sentido da problemática. 
Posteriormente, embora seja uma fase de intervenção, a atitude de 
investigação não deixa de ser empregada, pois o profissional possui dados que 
lhe permitem decidir a melhor forma de conduzir seu trabalho. 
Na escola há maior preocupação e valorização para os acertos dos 
alunos, e nem sempre, ou quase nunca, levam-se em conta os mecanismos de 
construção de conhecimentos. De acordo com Fine (2000), o método clínico 
adotado por Piaget enfatiza a observação cuidadosa da ação do aluno, 
considerando o modo que o aluno pensa e buscando a sensibilidade para 
acompanhar seu raciocínio e assim 
“esclarecer através de perguntas que não pressionem, não imponham 
respostas, mas que estimulem o aluno a pensar, a analisar suas próprias 
respostas, justificá-las e analisar erros” (FINI, 2000, p. 75). Além disso, é 
sempre importante respeitar o ritmo do aluno. 
De acordo com Souza (2000), geralmente o atendimento em 
consultórios se faz devido ao encaminhamento que a escola faz, quando há 
alguma queixa em relação ao desempenho escolar da criança ou alguma 
dificuldade de aprendizagem. Nesse aspecto, a tendência é enxergar a 
dificuldade de aprendizagem como uma repercussão de outro problema na 
dimensão afetiva da criança, que reflete na esfera intelectual. Deste modo há a 
hipótese de que “tratando-se os aspectos afetivos da criança, ocorrerá uma 
repercussão nos aspectos cognitivos, o que nem sempre ocorre a curto prazo” 
(SOUZA, 2000, p. 124). 
Conforme a autora, primeiramente o tratamento provoca uma 
desorganização geral da criança, e posteriormente promove melhoras. No 
atendimento clínico é importante que haja um trabalho multidisciplinar para a 
realização do diagnóstico para que ocorra uma intervenção adequada ao 
problema da criança. É interessante que se tenha a possibilidade de discussão 
dos atendimentos com outros profissionais, pois isso permitirá melhor 
 
 
 
 
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17 
esclarecimento das ideias bem como a ampliação das alternativas de 
atividades a serem desenvolvidas (SOUZA, 2000). 
Segundo Rubinstein (2000), o trabalho de um psicopedagogo é como o 
de um “detetive”, pois busca pistas, e as seleciona, podendo as mesmas ser 
falsas ou até 
irrelevantes. Entretanto, a meta fundamental é investigar o processo 
todo da aprendizagem, considerando todos os fatores que o envolve para 
entendercomo a dificuldade de aprendizagem se constitui. 
Assim, o psicopedagogo realizará sua atuação a fim de levantar 
hipóteses para a elaboração de um diagnóstico. Para isso, conforme 
Rubinstein (2000) o profissional pode utilizar alguns instrumentos como 
entrevistas com a família e com próprio sujeito, contato com a escola e com 
outros profissionais, e uma devolutiva. 
Entrevista com a família 
É possível identificar nas entrevistas com a família qual o motivo da 
procura e a ideia a respeito do não aprender, pois são questões que 
discretamente são passadas ao psicopedagogo. Essas entrevistas, conforme 
Rubinstein (2000), podem ser divididas em dois momentos: a escuta a respeito 
do motivo da consulta e a história de vida (anamnese) do sujeito. 
De acordo com a autora, no primeiro momento o psicopedagogo deve 
realizar mais a “escuta”, pois é o momento em que os pais devem falar 
espontaneamente. 
Procura-se observar através de suas falas se os pais acreditam que 
exista alguma limitação na criança ou se acreditam que o filho seja capaz de 
aprender; qual o significado do sintoma para a família; o que eles esperam com 
a intervenção do terapeuta, sendo que alguns pais desejam saber se o filho 
pode aprender ou se ele não o quer; observar o relacionamento dos pais entre 
si, bem como sua relação com filho. 
Já no segundo momento da entrevista, será realizada uma busca de 
informações que possam levar à compreensão do problema de aprendizagem. 
 
 
 
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18 
Tais informações sobre a vida do sujeito buscam conhecer desde as 
aprendizagens mais precoces, como o controle dos esfíncteres, por exemplo, 
até as mais formais acadêmicas. Além disso, devem-se pesquisar os aspectos 
relacionados a doenças, desenvolvimento, interesse pelo conhecimento, 
escolaridade, traumas, entre outros (RUBINSTEIN, 2000). 
Entrevista com o sujeito 
Procura-se ouvir da criança o que ela entende ser o motivo da consulta. 
É importante que ela esteja consciente dos objetivos dos encontros. 
Nesses encontros, busca-se diagnosticar as dificuldades de 
aprendizagem assim como observar o potencial de aprendizagem. Assim, o 
psicopedagogo irá determinar os instrumentos de avaliação que serão 
utilizados para realizar sua leitura dos problemas. É importante destacar que 
não há um padrão na utilização dos recursos. Os mesmos devem ser 
escolhidos conforme a necessidade que a situação exigir. 
Contato com a escola 
Este contato pode acontecer antes ou depois da entrevista com a 
criança. Assim como em outros aspectos, não há uma regra. Dependerá da 
situação. De acordo com Rubinstein (2000, p.138), “às vezes é útil não manter 
contato para se ter uma visão mais objetiva em relação à criança. Outras vezes 
é útil saber qual a demanda da escola, para poder melhor compreender a 
demanda dos pais”. 
Após a avaliação, segundo a autora, o psicopedagogo deve dar uma 
devolutiva para a escola, devendo explicar quais serão as linhas de trabalho. 
Além de se relacionar com a escola, é importante que se tenha contato 
diretamente com a professora da criança, estabelecendo assim uma melhor 
qualidade do trabalho. 
Contato com outros profissionais 
Como já citado anteriormente, a Psicopedagogia tem um caráter 
interdisciplinar, e, portanto, muitas vezes necessita de outros profissionais que 
colaborem na realização do diagnóstico. 
 
 
 
 
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Além disso, nem todas as respostas serão encontradas logo no primeiro 
diagnóstico. 
Muitas vezes é durante o tratamento que surgirão outras informações, as 
quais permitirão construir ideias mais precisas a respeito do quadro. O 
profissional deve estar atento ao caráter contínuo do diagnóstico durante a 
intervenção (RUBINSTEIN, 2000, p. 139). 
Assim, com uma avaliação multidisciplinar é possível evitar um 
diagnóstico equivocado, o que favorece um melhor atendimento à necessidade 
da criança. 
Devolutiva 
Ainda segundo Rubinstein (2000), após todo o processo de trabalho do 
psicopedagogo, este deve dar uma devolutiva à família. Neste momento, se faz 
um resumo de como foi o processo e procura-se responder às questões que 
foram propostas a ser pesquisadas. 
Nesta ocasião o psicopedagogo pode apresentar “as possíveis relações 
entre as dificuldades apontadas pela família e escola e as condições de 
aprendizagem do aprendiz verificadas durante o processo diagnóstico” 
(RUBINSTEIN, 2000, p. 139). 
Trabalho Institucional 
O trabalho institucional, de acordo com Bossa (2000) é mais voltado 
para a prevenção e normalmente o objeto de estudo é a instituição, no que diz 
respeito ao espaço físico e psíquico da aprendizagem. Nesse aspecto são 
analisados os processos didático-metodológicos bem como a dinâmica da 
instituição. Vale ressaltar que a atuação em instituições não se restringe 
apenas em escolas, mas pode ocorrer em hospitais e empresas. Além disso, 
essa atuação tem um caráter clínico, pois realiza um diagnóstico institucional e 
propõe intervenções pertinentes, ou seja, requer a investigação e a intervenção 
(características da abordagem clínica). 
Na atuação do psicopedagogo em escolas entende-se que o profissional 
deve 
 
 
 
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[...] impulsionar o trabalho cooperativo de professores e demais 
profissionais da escola, procurando contribuir para uma maior eficiência e 
coerência, participando com todos, por exemplo, do momento da definição do 
projeto pedagógico e da análise e discussão de situações e casos especiais 
(FINI, 2000, p. 69). 
Deste modo, faz parte das funções do psicopedagogo na instituição 
escolar orientar e coordenar as equipes de trabalho quanto a sua formação e 
funcionamento. De acordo com Cavicchia (2000), o lugar desse profissional 
pode ser de assessor ou de coordenador pedagógico. 
Ao assumir sua posição como assessor, o psicopedagogo se situa como 
interlocutor, tanto ao selecionar e discutir informações necessárias para a 
reflexão dos educadores em relação às suas práticas, quanto na abertura de 
espaço para elaborar e explicitar questões e dificuldades que surgirem no 
decorrer da intervenção (CAVICCHIA, 2000). Nesse aspecto a autora 
considera que o trabalho psicopedagógico está fortemente relacionado à 
Psicologia Escolar. 
Também de acordo com Cavicchia (2000), é no papel de coordenador 
pedagógico que o psicopedagogo tem a função de orientar os educadores em 
suas modalidades funcionais na relação com as crianças. Nessa função criam-
se condições para a tomada de consciência da identidade profissional e 
pessoal. Desta forma, para a autora, o trabalho psicopedagógico é 
compreendido mais relacionado ao campo da Psicologia da Educação. 
O trabalho do psicopedagogo na instituição implica que este seja um 
trabalho interdisciplinar, pois envolve vários problemas que se apresentam. 
Além disso, o profissional deve integrar-se em um trabalho de equipe, o que 
exige uma harmonia com os outros membros, para que se efetive um trabalho 
de articulação e coordenação. 
O trabalho preventivo é um dos focos da Psicopedagogia. Bossa (2000) 
destaca três níveis de prevenção. No primeiro nível, o objetivo principal 
consiste em diminuir os problemas de aprendizagem, evitando que se 
multipliquem, o que envolve questões didático-metodológicas, formação e 
 
 
 
 
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orientação aos docentes, bem como o aconselhamento aos pais. O segundo 
nível tem por objetivo a diminuição e tratamento dos problemas instalados. 
Para isso, é realizado um diagnóstico e a partir disso são elaborados planos de 
intervenção para que os transtornos não se repitam. O terceiro nível consiste 
na busca de eliminar os transtornos. Embora este nível seja realizado através 
de um procedimento clínico, o caráter preventivo permanece, pois, deste modo, 
ocorre a prevenção do surgimento de outros transtornos. 
Para Cavicchia (2000), um dos maiores desafiosdo psicopedagogo na 
instituição é investigar, analisar e colocar em prática as novas propostas para 
que os educadores possam estabelecer relações mais maduras e conscientes 
com os alunos e com a equipe escolar. 
A escola, segundo Soares e Sena (2012), não consegue ainda lidar com 
as dificuldades de aprendizagem e ao mesmo tempo construir uma proposta de 
intervenção que supere os problemas de aprendizagem. Daí a importância de 
haver Psicopedagogo Institucional, que irá analisar, identificar os problemas e 
tentar solucioná-los. Seu papel consiste em “refletir sobre as ações 
pedagógicas e suas interferências no processo de aprendizagem do aluno” 
(SOARES; SENA, 2012, p. 5). 
Fini (2000) aponta que cabe ao professor estar atento para avaliar sua 
atuação quando um grupo de alunos comete o mesmo tipo de erro ou até 
quando apenas um ou dois alunos apresentam dificuldades. 
Nesse sentido, o professor deve analisar cada criança de forma 
individual, a fim de adequar os conteúdos segundo a necessidade de cada 
aluno. O aluno pode ser considerado como quem apresenta dificuldade de 
aprendizagem, mas muitas vezes o que não permite que ele aprenda é o modo 
pelo qual o professor ensina. O professor precisa ter consciência de que, às 
vezes, sua prática não está adequada, ou seja, não está atingindo o aluno 
como deveria, o que requer mudanças nas estratégias de ensino do professor 
(SOARES; SENA, 2012). 
Assim, a Psicopedagogia dedica-se [...] a áreas relacionadas ao 
planejamento educacional e assessoramento pedagógico, colabora com os 
 
 
 
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planos educacionais e sanitários no âmbito das organizações [...] realizando 
diagnóstico institucional e propostas operacionais pertinentes (BOSSA, 2000, 
p. 91). 
A escola é o local onde acontece, ou deveria acontecer, a maior parte da 
aprendizagem, através da relação com o professor. A Psicopedagogia pensa a 
escola buscando analisar um processo que implica questões metodológicas, 
relacionais e socioculturais, considerando o ponto de vista tanto de quem 
ensina como de quem aprende. Implica pensar sobre a formação do professor. 
Deste modo, para Bossa (2000), uma das principais tarefas da 
Psicopedagogia consiste em encontrar novas modalidades para que tal 
formação seja mais eficiente. 
TÉCNICAS, RECURSOS E INSTRUMENTOS DE 
AVALIAÇÃO 
Existem alguns instrumentos que são utilizados para realização do 
diagnóstico de crianças e adolescentes com queixa de dificuldades de 
aprendizagem, que ajudam o profissional a conhecer melhor o aluno. Muitos 
profissionais entendem que o resultado dos testes é o ponto de partida para a 
intervenção, porém, para Bossa (2000), algo que deve ser sempre lembrado é 
que tal resultado deve ser entendido como algo dinâmico, que orienta a busca 
de soluções. 
A autora aponta alguns instrumentos que serão descritos a seguir: 
Provas de inteligência 
Uma prova de inteligência bastante utilizada pelos psicopedagogos na 
Argentina é o WISC (Escala de Inteligência Wechsler para Crianças). 
Entretanto no Brasil este é um instrumento utilizado apenas por psicólogos, 
pois há necessidade da formação em psicologia clínica para uso deste 
instrumento. 
Essa prova consiste em dois subtestes: escala verbal e de desempenho. 
No primeiro constam provas de Inteligência Geral, Compreensão Geral, 
Aritmética, Semelhanças e Vocabulário. No segundo, Completar Figuras, 
 
 
 
 
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Organização de Figura, Desenho de Objetos, Reunião de Objetos e Labirinto 
ou Código. 
Esta avaliação leva em conta o desempenho da criança na realização de 
modo qualitativo, considerando os fatores emocionais que podem alterar sua 
execução. 
Provas de nível de pensamento 
São provas Piagetianas, utilizadas para verificar o nível de pensamento 
cognitivo do sujeito. Deste modo, são aceitas as respostas corretas e as 
incorretas, pois ambas evidenciam o raciocínio usado ao resolver a situação. 
Assim, não são atribuídos pontos para cada resposta, mas em vez disso é 
analisado o nível de pensamento. 
Com essas provas é possível 
[...] situar o sujeito quanto ao nível que alcançou na estruturação 
cognitiva e em relação à disponibilidade efetiva das estratégias de 
conhecimento para as quais aquela estruturação o habilitaria nas diversas 
áreas de comportamentos cognitivos (figurativo, lógico-matemático, 
experimental) (BOSSA, 2000, p. 44). 
Avaliação do nível pedagógico 
Consiste em uma avaliação pedagógica que o próprio profissional 
elabora com atividades correspondentes ao ano escolar do aluno, a fim de 
verificar qual seu repertório acadêmico. 
Para esse tipo de avaliação, Visca (1987) propõe a Entrevista Operativa 
Centrada na Aprendizagem (EOCA), que consiste em um instrumento simples, 
no qual é possível se colocar em contato com o entrevistado através de uma 
instrução, mantendo o foco da entrevista na aprendizagem. 
Pode-se para que o sujeito mostre aquilo que ele sabe fazer, o que lhe 
ensinaram e o que aprendeu. Colocam-se vários materiais sobre a mesa, como 
papéis, lápis, borracha, apontador, régua, livros, para que o mesmo possa 
utilizá-los, a fim de mostrar aquilo que sabe. 
 
 
 
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Durante a EOCA se destacam três aspectos: a temática, a dinâmica e o 
produto. A primeira consiste no que o sujeito relata, a segunda, naquilo que ele 
faz (gestos, postura, modo de sentar, tom de voz, etc.), e o produto é aquilo 
que ele deixa no papel. 
A observação de tais aspectos conduz ao “primeiro sistema de hipótese, 
o qual estará formado pelos sintomas (com seus indicadores) e certas ideias de 
quais são as causas atuais que o provocam” (VISCA, 1987, p. 74). 
Além disso, segundo Bossa (2000), o psicopedagogo pode observar os 
cadernos e informes da escola em relação ao aluno, sendo possível conhecer 
sua situação de escolaridade, bem como perceber e avaliar também a postura 
da família e sua participação no processo de aprendizagem. 
Avaliação perceptomotora 
Para se avaliar a condição perceptomotora é utilizado o Teste Gestáltico 
Bender, que consiste no desenho de nove figuras que são apresentadas ao 
sujeito, uma de cada vez, para posteriormente serem copiadas em uma folha 
em branco. O objetivo, conforme aponta Bossa (2000), é verificar qual o grau 
de maturidade visomotora que o sujeito apresenta. 
Esse teste admite constatar o nível de aquisição e disponibilidade de 
comportamentos cognitivos, principalmente os da área figurativa. De acordo 
com a autora, 
A dificuldade para uma execução correta pode ter origem num fator 
orgânico. Desta forma, o resultado desta prova, aliado a outras informações no 
contexto do diagnóstico, pode sugerir o encaminhamento do sujeito ao 
neurologista (BOSSA, 2000, p. 45). 
Testes projetivos 
Esses testes podem ser utilizados por psicopedagogos na Argentina, 
porém no Brasil são de uso exclusivo de psicólogos, pois se supõe que eles 
possuam o “pleno conhecimento do instrumento e o referencial teórico que o 
norteia” (BOSSA, 2000, p. 59). 
 
 
 
 
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Neste tipo de instrumento há vários testes: 
Teste de Apercepção Infantil – CAT (Children Apperception Test) 
Trata-se de um método para compreender a criança através de dez 
desenhos que retratam animais realizando situações psicossociais. De acordo 
com Bossa (2000), pede-se para que a criança conte o que está acontecendo 
na figura, o que os animais estão fazendo, o que houve antes e o que irá 
acontecer depois. As “histórias” são anotadas e posteriormente analisadas. 
Geralmente é utilizado com crianças entre 4 e 10 anos de idade. 
O objetivo das figuras é provocar respostas que indicam algumas causas 
de problemas orais, rivalidade entre irmãos, fantasias de agressão, medo de 
abandono, aceitação pelos adultos, entre outros. 
Com esse teste é possível compreender a “estrutura da personalidade 
da criança e deseu dinamismo reacional frente aos diversos problemas da 
vida” (BOSSA, 2000, p. 45). 
Teste de Apercepção Temática – TAT (Thematic Apperception Test) 
Tem o objetivo de medir as necessidades psicológicas do sujeito. Trata-
se de um conjunto de dezenove gravuras com cenas dramáticas, com 
conteúdos imprecisos, imagem difusa e ambígua e tema pouco explícito. 
A projeção da personalidade se dá através da elaboração de histórias a 
partir das imagens, e no desenho que o sujeito faz em um cartão em branco. 
As características apresentadas nas histórias indicam as suas necessidades, 
conflitos, atitudes, desejos. 
Desenho da família 
Este é um teste de fácil aplicação: pede-se que o sujeito desenhe uma 
família. Para interpretá-lo é necessário conhecer as leis da projeção, pois 
“através desse desenho se pode apreciar a percepção que o sujeito tem de si 
mesmo em relação aos outros no núcleo familiar” (BOSSA, 2000, p. 46). 
Nesta prova se revelam dois tipos de conflito que predominam na 
infância: rivalidade entre irmãos e conflitos edípicos. 
 
 
 
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Desenho da figura humana 
A partir deste desenho é possível observar qual a imagem corporal que 
o sujeito tem de si. Primeiramente pede-se que ele desenhe uma pessoa e em 
seguida que desenhe outra do sexo oposto ao desenhado anteriormente. 
Observa-se, por exemplo, o tamanho dos desenhos, posição na página, 
grafismo, uso de roupas, posição dos braços, tratamento dado ao fundo e ao 
chão (ANASTASI, 1977, p. 609, apud BOSSA, 2000, p. 46). Também podem 
ser analisados o uso de detalhes nas roupas, retoques, correções, entre outros. 
Casa, árvore e pessoa – HTP (House, Tree and Person) 
Esse teste foi criado por John N. Buck, em 1948, a fim de compreender 
aspectos da personalidade do sujeito e seu modo de interagir com o ambiente 
e com outras pessoas. É indicado para maiores de oito anos de idade e propõe 
que o sujeito faça os três desenhos sequenciais – casa, árvore, e pessoa – que 
devem ser desenhados em folhas separadas, com o uso de um lápis e 
borracha (BORSA, 2010). É mais utilizado por psicólogos. 
Vale ressaltar que a aplicação do teste exige um bom conhecimento 
técnico e teórico do profissional, e a sua interpretação se dá nos aspectos de 
proporção, detalhes, qualidade da linha, utilização das cores, entre outros. 
Na sua versão atual, o HTP oferece um manual contendo padronização 
de aplicação e de registro das respostas oriundas do inquérito posterior a cada 
desenho. Além disso, oferece um protocolo com uma lista de conceitos 
interpretativos para cada desenho, associados a possíveis características 
psicopatológicas da personalidade (BORSA, 2010, p. 151). 
Testes psicomotores 
Esses testes são utilizados para indicar como o sujeito compõe suas 
funções motoras. Para avaliar a estruturação temporal, segundo Bossa (2000), 
são utilizadas as Provas de Estruturas Rítmicas, que foram elaboradas por 
Stambak enquanto investigava sobre dislexia. 
 
 
 
 
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Essas provas se dividem em três itens: Tempo Espontâneo, que analisa 
o desempenho do sujeito em uma atividade motora simples; Reprodução de 
Estruturas Rítmicas, na qual em uma dificuldade crescente é avaliada a 
capacidade de apreensão imediata de estruturas organizadas; Compreensão 
do Simbolismo das 
Estruturas Rítmicas e Sua Reprodução, em que “se avalia as relações 
entre a possibilidade de compreensão de um simbolismo (função intelectual) e 
a reprodução da estrutura rítmica no plano perceptivo-motor” (BOSSA, 2000, p. 
47). 
Jogo psicopedagógico 
Jogar não significa apenas uma simples brincadeira sem sentido, pelo 
contrário, trata-se de um momento muito importante na vida das crianças. O 
jogo torna-se um auxílio psicopedagógico, auxiliando no desenvolvimento do 
relacionamento em grupo e da autonomia (KAAM; RUBIO, 2013; PETTY; 
PASSOS, 2000). 
Conforme apontam Petty e Passos (2000), a criança pode brincar 
livremente até o momento em que ela entra na escola. Ao ingressar no primeiro 
ano do ensino fundamental ela já é cobrada de alguns compromissos com os 
conteúdos escolares. 
“Esse tom severo e pesado que a escola dá ao estudo faz com que a 
criança encare conhecimento dos adultos como algo muito difícil, complicado, 
quase inatingível” (PETTY; PASSOS, 2000, p. 163). 
De acordo com Kaam e Rubio (2013), o jogo proporciona a oportunidade 
de o aluno buscar e verificar os resultados, raciocinar sobre o conteúdo, 
colocando-o em um momento lúdico e preparando-o para a solução de 
problemas cotidianos. 
Para as autoras, 
A educação lúdica contribui para o desenvolvimento da criança, na qual 
a participação educacional promove a criatividade e interação, valorizando a 
linguagem oral. Dessa forma, os jogos intelectuais como o quebra-cabeça, jogo 
 
 
 
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da memória, amarelinha não podem ser descartados no âmbito escolar, pois 
esses jogos auxiliam no desenvolvimento e na alfabetização do infante (KAAM; 
RUBIO, 2013, p. 7). 
Cabe ao profissional investigar o modo que a criança pensa, para que 
possa ajudá-la na compreensão dos conteúdos escolares e superar as 
dificuldades. Para que isso ocorra de modo eficaz, é importante que a proposta 
do jogo esteja de acordo com a capacidade da criança, ou seja, nem muito 
além nem muito aquém de seus limites, para que não fique desinteressante 
nem se torne uma obrigação (PETTY; PASSOS, 2000). 
De acordo com Kaam e Rubio (2013), o jogo pode auxiliar na diminuição 
da ansiedade, ajudando a criança a perceber a importância do tempo para 
realizar uma determinada tarefa ou quando o educador mostra que o processo 
percorrido para obter o resultado também é importante, e não apenas o 
resultado em si. 
Através de atividades lúdicas a criança pode ter mais liberdade para 
criar e construir seu conhecimento, desenvolvendo assim suas habilidades. Ao 
colocar o aluno em tarefas que necessitam do uso de “estratégias, 
planejamento e exigem antecipação para resolvê-las, o educador está 
consequentemente estimulando o seu raciocínio – lógico” (KAAM; RUBIO, 
2013, p. 8), algo essencial para uma aprendizagem significativa. 
Ainda segundo as autoras, o jogo é um instrumento eficiente para o 
diagnóstico e tratamento de dificuldades de aprendizagem, pois quando o 
sujeito não desenvolve sua aptidão de jogar, aponta sua dificuldade em 
construir seu conhecimento, e assim requer estímulos e tempo para que 
proporcione sua ampliação de conhecimento social, afetivo, cognitivo e 
emocional. 
O erro pode ser visto como uma possível resposta que está de acordo 
com o nível de desenvolvimento no qual a criança se encontra. Os jogos 
possibilitam que a criança exercite sua identificação dos erros e tente evitá-los. 
Assim, é interessante que quando a criança perde, ela se sinta desafiada a 
 
 
 
 
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jogar novamente, lembrando-se das boas jogadas e buscando outras 
estratégias de vencer, eliminando as más jogadas (PETTY; PASSOS, 2000). 
De acordo com Bossa (2000), em uma perspectiva psicanalista, os jogos 
orais como os de fazer comidinha simbolizam as possibilidades que a criança 
tem em dar e receber amor. No que se refere às questões de aprendizagem, 
há uma relação entre a incorporação e o processo de aprendizagem. 
Conforme a autora, 
 Todos esses jogos tomados como referência ao campo da 
aprendizagem dizem de como a criança aprende, que coisas aprende, qual o 
significado do aprender, como ela se defende do objeto do conhecimento e que 
operações mentais utiliza no jogo (BOSSA, 2000, p. 112). 
Para Kaam e Rubio (2013), ao brincar a criança constrói sua 
aprendizagem a partir de sua interação com o novo elemento. Assim, “o 
psicopedagogo proporciona desenvolvimento do cognitivo buscando a 
evolução do prazer para a aquisição de novos saberes” (KAAM; RUBIO, 2013, 
p. 10). 
 
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Artigo recebido em 21 de abril de 2011. Aceito em 28 de setembro de 
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