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Imunidades Tributárias

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Imunidades tributárias
A Constituição estabelece, como visto, vários limites aos poderes tributários, embora não o faça a ponto de proibir a existência dos tributos. As limitações anteriores são dadas especialmente para estabelecer algumas garantias que têm que ser preservadas no relacionamento com o contribuinte.
Veremos a seguir um panorama sobre o que diz a Constituição e o Direito de tributar:
Surge na Constituição, a par daquelas determinações, uma série de medidas que também é o resultado de um contexto histórico, mas que, na verdade, estabelece vedações ao próprio poder de tributar. De forma distinta das anteriores, tais determinações aparecem de forma a produzir um impedimento à tributação de algumas pessoas, bens ou sujeitos.
Então o que se tem nesse contexto é a existência de uma norma constitucional. Não se trata de um mero limite ao exercício do poder de tributar, e sim de uma vedação a tal poder.
Normalmente, tais interdições não são de "forma absoluta". Ou seja, não significa afastar a totalidade das espécies dos tributos. No fundo, ela será absoluta diante de determinado caso indicado na estipulação constitucional.
Recai nesse sentido a visão conceitual mínima das imunidades tributárias. Dessa forma, reconhece-se a visão do Direito Tributário de que as imunidades são previsões que sequer permitem a incidência de tributos devido a um comando expresso da Carta Magna, inexistindo a ocorrência do fato gerador por vedação constitucional.
Isso equivale a dizer que, nessas hipóteses, haverá uma incompetência. Na verdade, por trás dos conceitos de imunidade tributária, o que na realidade vai existir é toda uma preocupação quanto a determinadas pessoas, bens ou serviços ou situações que estarão fora da tributação de determinadas exações.
Estamos diante de uma grande previsão constitucional, na qual essas pessoas, bens ou serviços (ou situações), independentemente da vontade do legislador ordinário, vão ter o benefício final se não se sujeitarem ao tributo. Para tanto, isso já está enraizado no Texto Constitucional.
Por representar vedação constitucional, não haverá nem o nascimento da obrigação, nem o consequente crédito, já que aquela substância fática está fora do campo de atuação do legislador ordinário. Assim, os poderes tributantes dos entes políticos não podem trazer tais fatos ao campo da tributação.
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Saiba mais
Explicitamente, a Constituição Federal não utiliza a expressão “imunidade tributária”, sendo tal imunidade reconhecida na avaliação histórica da doutrina nacional para caracterizar os casos de não incidência tributária determinada pela norma constitucional. Logo, a imunidade tributária é o obstáculo constitucional à incidência da regra jurídica de tributação, concorrendo no desenho constitucional para delimitar a competência tributária.
Conceitualmente, a natureza jurídica é de uma limitação do poder de tributar. Mas, sempre que se abordar a imunidade, isso significará a ausência de competência e, portanto, a a ausência de poder de tributar, por determinação da própria Constituição Federal.
Ainda que com vários casos espalhados em todo o corpo constitucional, as grandes imunidades são encontradas no art. 150, inciso VI, da CF de 1988. Veremos algumas delas a seguir:
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O patrimônio, a renda ou os serviços dos entes tributantes entre si, inclusive os de suas autarquias e fundações (art. 150, § 2°, CF), desde que vinculados às suas finalidades essenciais ou delas decorrentes (imunidade recíproca).
2. list
O patrimônio, a renda e os serviços das instituições religiosas (sem qualquer discriminação, naturalmente) relacionados com suas finalidades essenciais.
3. list
O patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais de:
· partidos políticos e suas fundações;
· entidades sindicais dos trabalhadores (inclusive as centrais sindicais);
· instituições de educação sem fins lucrativos;
· instituições de assistência social sem fins lucrativos.
4. list
Os livros, jornais, periódicos e o papel com que são impressos, com clara intenção de baratear a produção das obras, atingindo diretamente o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e prestação de serviços de transporte interestadual ou intermunicipal e de comunicações (ICMS), o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e os impostos de importação e de exportação.
5. list
Imunidade do CD e DVD de música nacional. Incluída pela Emenda nº 75, de 15 de outubro de 2013, a alínea "e" do art. 150, inciso VI, estabelece a não incidência de impostos sobre os fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil.
De todas essas imunidades, verifica-se que as três primeiras são subjetivas, pois afastam os impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços daquelas pessoas jurídicas. Por outro lado, essa imunidade dos livros e dos papéis destinados à sua impressão representa não incidência objetiva, afastando apenas os impostos que recaiam sobre tais bens. O mesmo pode-se concluir sobre a recente imunidade musical incluída em 2013 pela Emenda nº 75.
Nesse contexto, não serão afastados os tributos incidentes sobre as pessoas a tais produtos, porque o prédio onde se situa a empresa jornalística ou a livraria deverá pagar normalmente o IPTU, os autores, e as empresas suportarão o IR etc.
Agora que já falamos da imunidade, vamos falar, a partir daqui, dos conceitos de isenção e taxa zero, além de fazer um comparativo entre esses termos. Vamos lá!
Isenção
Você sabe o que é isenção no Direito Tributário?
A isenção constitui o favor clássico do Direito Tributário, já que dispensa o sujeito passivo do pagamento em relação a fatos geradores que ainda vão ocorrer. Trata-se de medida de política fiscal, ora associada à capacidade contributiva, ora a objetivos de uma finalidade extrafiscal.
A isenção é a concessão realizada por lei específica (art. 150, §6º, da CF) pelo próprio ente tributante, dispensando o pagamento de determinado tributo, cuja disciplina se dá nos art. 176 a 179 do Código Tributário.
Por dispensar o pagamento de fato gerador futuro, fica excluído o crédito com a dispensa da autoridade administrativa em realizar o lançamento correspondente. Naturalmente, isso constitui matéria de reserva legal ou, como explicita o art. 176, ainda que fruto de convenção ou contrato, depende de lei para a sua materialização.
A necessidade de lei também está consignada no art. 176 do CTN, já que, ainda que prevista em contrato, ela é sempre decorrente de lei. Essa norma deverá especificar as condições e os requisitos exigidos para a sua concessão e os tributos a que se aplica.
Ainda no cabimento dessa lei, será possível, sendo o caso, definir o prazo de sua duração. No mesmo sentido, a lei poderá determinar que a isenção seja restrita a determinada região do território da entidade tributante em função de condições a ela peculiares. Tudo isso deverá ser feito na forma do art. 176 do CTN.
Diferença entre imunidade e isenção
Para começar, vamos ver as principais diferenças entre imunidade e isenção:
Imunidade
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Refere-se a uma limitação do poder de tributar que nenhuma lei tem atribuição para regular por se tratar de norma materialmente constitucional. A imunidade representa uma inexistência de competência. Por representar uma limitação do poder de tributar, ela está descrita na CF.






Isenção
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É apenas um favor legal por ser fruto do exercício da competência tributária por parte da entidade tributante. Representa o exercício de competência tributária, uma vez que só pode conceder isenção aquele que tem a competência tributária.
Por representar um favor legal, ela decorre da lei. Deve-se observar que a entidade tributante exerce a sua competência tributária por intermédio de lei, o que reforça o fato de que a isenção é descrita em lei. Justamente por essa qualidade, ela pode ser revogada a critério da entidade tributante, enquanto a imunidade não pode ser.
A corrente clássica que prevalece no STF defende que a isenção não afasta a hipótese de incidência do fato gerador, mas tão somenteo pagamento do tributo, enquanto a imunidade afastaria a própria incidência. Assim, para sintetizar, veja os esquemas abaixo:
Imunidade
· Vedação absoluta ao poder de tributar. “Previsão constitucional (ex.: art. 150, inciso VI, CF)."
· É sempre uma previsão constitucional, uma norma constitucional estabelecendo na Constituição um afastamento do poder de tributar. Como não vai haver lei possibilitando a tributação, não vai existir o fato gerador, já que a norma constitucional proíbe o legislador ordinário de tratar determinados fatos como tributáveis.
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Isenção
· Existe o tributo, e ela não o afasta; o que há é a dispensa do pagamento, ou seja, a exclusão de crédito (arts. 175-179, CTN).
· Não há essa proibição. Muito pelo contrário: ao surgir o tributo, surge a lei, havendo um fato tratado como fato gerador, embora o próprio legislador dispense o pagamento da pessoa. Na isenção, há exclusão do crédito, e não de obrigação. O CTN separa bem o que é fato gerador do crédito dele decorrente. As questões que afetam o crédito não afastam a existência da obrigação, ou seja, o fato gerador ocorre.
Vamos observar o esquema a seguir:
Alíquota zero
Ela é diferente, apesar de parecida com a isenção, pelo caminho jurídico que percorre. Na verdade, nesse caso, o tributo existe e é legislado, tendo seus elementos essenciais presentes. No entanto, ele tem o elemento nulo justamente na parte necessária ao cálculo.
Existem determinados tributos que têm suas alíquotas definidas por ato do Poder Executivo:
	Tributos cujas alíquotas são definidas pelo Poder Executivo
	Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
	Imposto sobre Importação (II) de produtos estrangeiros
	Imposto de Exportação (IE) para o exterior de produtos nacionais ou nacionalizados.
	OBS.: Essas alíquotas são dadas por ato do Poder Executivo no curso do ano.
Cabe aqui o seguinte questionamento:
Se transformarmos a alíquota do IPI em zero, isso será uma isenção?
O efeito parece o mesmo: não vai pagar, mas não é uma isenção. Primeiramente, porque não é por lei; em segundo lugar, a alíquota pode ser restabelecida livremente, da mesma forma que foi estabelecida, a qualquer momento.
Pode-se dizer, portanto, que, quando se tem alíquota zero, há fato gerador, havendo tributação. Porém, na hora de calcular, faz-se presente um elemento nulo que age da seguinte forma: o tributo se resume à expressão nenhuma, porque o problema é de cálculo, e não de um benefício legal a dispensar pagamento ou não.
Tomando como ponto de partida os conceitos já estudados de isenção e alíquota zero, podemos destacar as seguintes diferenças:
Isenção
No caso da isenção, a sua lei ataca todos os elementos do fato gerador na sua integralidade: subjetivo, objetivo, temporal, espacial e qualitativo (alíquota e base de cálculo). Por essa razão é que se diz que a lei de isenção é uma lei bloqueadora da eficácia da norma tributária.
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Alíquota zero
A alíquota zero só ataca parte do elemento qualitativo do fato gerador integral. Logo, o instituto de alíquota zero é uma forma de intervenção na economia. Ele em nada se assemelha ao instituto da isenção, senão quanto ao seu efeito final de não implicar a consequência de pagamento.
Em síntese, a alíquota zero é um instrumento de manipulação jurídica que atinge apenas um dos elementos quantitativos do fato gerador, ou seja, a alíquota. Por esse motivo, a Constituição, em alguns momentos, flexibiliza a alteração das alíquotas de alguns tributos (extrafiscais) por decreto ou ato do Poder Executivo. Vem daí a exceção ao princípio da legalidade, o que não acontece com qualquer outro elemento do tributo.
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