Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
- -1 Vale-transporte Marcilde Sabadin Introdução Nesta aula, estudaremos as características do benefício vale-transporte, sua operacionalização, bem como a forma como o RH pode fazer a gestão desses serviços, em se tratando de desconto legal ou com abordagem de benefício. Você sabia que o vale-transporte é concedido ao trabalhador e é uma obrigação do empregador, de acordo com alguns aspectos legais? E que ele também pode ser tratado como um benefício? Existem ainda algumas formas de desconto da remuneração do trabalhador, atendendo à legislação trabalhista ou à política de benefícios da empresa. Adiante veremos como podem ser realizados esses cálculos. Ao final desta aula, você será capaz de: • caracterizar o benefício do vale-transporte, definindo sua base de cálculo. Beneficiários do vale-transporte Os beneficiários do vale-transporte são todos os trabalhadores que utilizam transporte público para seu deslocamento de casa para o trabalho e ao inverso, por residirem longe de seus postos de serviço. De acordo com a legislação de 1985, alterada pela Lei nº. 7.619, de 30 de setembro de 1987, os beneficiários do vale-transporte são trabalhadores em geral e servidores públicos federais. De acordo com Gomide e Galindo, “o Vale Transporte, instituído em 1985, continua sendo uma importante fonte de subsídio direto aos usuários dos serviços, financiado pelas empresas empregadoras, mas está restrito aos trabalhadores do mercado formal de trabalho (2013, p.36).” Dois anos após, conforme infere Luz (2011, p.113), legislação específica melhor definiu os trabalhadores do mercado formal, inferido pelos autores: Art. 1º. São Beneficiários do Vale-Transporte, nos Termos da Lei nº. 7.418, de 16 de dezembro de • SAIBA MAIS Leia o artigo “A mobilidade urbana: uma agenda inconclusa ou o retorno daquilo que não foi”. Ele contém estudos avançados sobre o tema, abordando o surgimento do subsídio do vale- transporte para os trabalhadores. Também comenta como o VT arrefeceu os movimentos sociais ligados à causa do transporte coletivo urbano, ao prover subsídio direto aos trabalhadores com carteira assinada. - -2 Art. 1º. São Beneficiários do Vale-Transporte, nos Termos da Lei nº. 7.418, de 16 de dezembro de 1985, alterada pela Lei n7. 7.619, de 30 de setembro de3 1987, os trabalhadores em geral e os servidores públicos federais, tais como: I-) os empregados, assim definidos no art. 3° da Consolidação das Leis do Trabalho; II) os empregados domésticos, assim definidos na Lei n° 5.859, de 11 de dezembro de 1972; III) os trabalhadores de empresas de trabalho temporário, de que trata a Lei n° 6.019, de 3 de janeiro de 1974; IV) os empregados a domicílio, para os deslocamentos indispensáveis à prestação do trabalho, percepção de salários e os necessários ao desenvolvimento das relações com o empregador; V) os empregados do subempreiteiro, em relação a este e ao empreiteiro principal, nos termos do art. 455 da Consolidação das Leis do Trabalho; VI) os atletas profissionais de que trata a Lei n° 6.354, de 2 de setembro de 1976; VII) os servidores da União, do Distrito Federal, dos Territórios e suas autarquias, qualquer que seja o regime jurídico, a forma de remuneração e da prestação de serviços. Ainda, no parágrafo único, do artigo 1º, estabelece que, para efeito deste decreto, adotar-se-á a denominação beneficiário para identificar qualquer uma das categorias mencionadas. Assim, a partir dessa época, os usuários dos vales-transportes foram considerados beneficiários, independente de suas categorias. Figura 1 - Trabalhadores são beneficiários do vale-transporte Fonte: TonyV3112, Shutterstock, 2018. Entende-se que receberá o vale-transporte, todo trabalhador que necessite se deslocar de casa para o trabalho e vice-versa. Base de cálculo do vale-transporte O vale-transporte pode ser calculado conforme prevê a legislação e também como um benefício concedido pela empresa. - -3 Figura 2 - Transporte coletivo urbano Fonte: pio3, Shutterstock, 2018. Para o cálculo do vale-transporte, devemos seguir o que diz o parágrafo único do art. 4º da CLT: “O empregador participará dos gastos de deslocamento do trabalhador com a ajuda de custo equivalente à parcela que exceder a 6% (seis por cento) de seu salário básico” (BRASIL, 1985, on-line.). Desconto do vale-transporte O desconto do vale-transporte ocorre para todos os trabalhadores que optaram por ele e o utilizam para seu deslocamento. O custo que exceder a 6% do salário base fica por conta do empregador. Caso o custo total do vale transporte seja inferior a 6%, então o valor será descontado integralmente do trabalhador. Não há legislação que determine os procedimentos a serem adotados se o trabalhador recebe o vale-transporte e posteriormente não o utilize por falta ao trabalho, ou por desligamento. Contudo, a lei determina que o uso do vale-transporte se dá exclusivamente para o deslocamento residência-trabalho-residência. O mau uso do vale- transporte pode caracterizar falta grave. Havendo previsão em acordo ou convenção coletiva, o empregador poderá realizar os descontos em mês seguinte, ou na rescisão, caso opte em não devolver os vales que não foram utilizados. Algumas empresas dão uma conotação de benefício ao vale-transporte, uma vez que, dependendo do salário base do trabalhador, os 6% a descontar excedem o valor que o empregador pagou pelos vales. Além das políticas internas, as empresas possuem programas que já fazem os cálculos comparativos do desconto, de acordo com a parametrização informada no sistema, no momento da opção pelo vale-transporte. - -4 Figura 3 - Baixo custo do transporte é benefício Fonte: m3ron, Shutterstock, 2018. Para todo o trabalhador que optar em receber o vale-transporte, conforme está disposto na legislação, a concessão autorizará o empregador a descontar mensalmente do beneficiário o valor da parcela. Isto é feito de acordo com a proporcionalidade de vales recebidos, referentes aos dias úteis do mês que se inicia. Caso o empregador opte pelo desconto do vale transporte considerando os dias em que os vales são utilizados o desconto será proporcional: 1.200,00 / 30 x 23 x 6% = 55,20 Neste critério de desconto, o empregador arcará com o valor de 318,80 (368,00 – 55,20). Compreende-se que o desconto de 6% é sobre o salário integral ou proporcional, realizado na folha de pagamento e já descontado no contracheque do mesmo, e ovalor é custeado pelo empregador. A legislação prevê, de acordo com o Decreto n. 95247, de 17 de novembro de 1987: Art. 19. A concessão do benefício obriga o empregador a adquirir Vale-Transporte em quantidade e tipo de serviço que melhor se adequar ao deslocamento do beneficiário. Parágrafo único. A aquisição será feita antecipadamente e à vista, proibidos quaisquer descontos e limitada à quantidade estritamente necessária ao atendimento dos beneficiários. Art. 20. Para cálculo do valor do Vale-Transporte, será adotada a tarifa integral, relativa ao EXEMPLO Para um trabalhador que tem salário de R$ 1.200,00, ao utilizar quatro vales-transportes por dia útil e trabalhar 23 dias no mês, receberá um total de 92 vales-transportes. Se o valor pago pelo empregador, por vale-transporte, for hipoteticamente de R$ 4, haverá um montante de R$ 368 a ser pago relativo a este trabalhador naquele mês. Ao descontar 6% do trabalhador (R$ 72), o empregador arcará com o valor de R$ 296 (368,00-72,00=296,00). - -5 Art. 20. Para cálculo do valor do Vale-Transporte, será adotada a tarifa integral, relativa ao deslocamento do beneficiário, por um ou mais meios de transporte, mesmo que a legislação local preveja descontos. Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, não são consideradas desconto as reduções tarifárias decorrentes de integração de serviços. Art. 21. A venda do Vale-Transporte será comprovada mediante recibo sequencialmente numerado, emitido pela vendedora em duas vias, uma das quais ficará com a compradora, contendo: I - o período a que se referem; II - a quantidade de Vale-Transporte vendidae de beneficiários a quem se destina; III - o nome, endereço e número de inscrição da compradora no Cadastro Geral de Contribuintes no Ministério da Fazenda – CGCMF (BRASIL, 1987,on-line). Figura 4 - Facilidades do cartão magnetizado Fonte: studioloco, Shutterstock, 2018. Caso o trabalhador necessite utilizar o vale-transporte para seu deslocamento em transporte coletivo urbano e intermunicipal, este valor será custeado pelo empregador, com os descontos de percentuais previstos na legislação. - -6 A área de Recursos Humanos tem um papel fundamental nas empresas, para a concessão do vale-transporte aos beneficiários, assim como para fazer o cálculo. Embora já existam muitos programas que o realizam, ele deve ser conferido para contemplar o trabalhador. Este, por sua vez, precisa conhecer as políticas de RH da empresa quanto aos descontos deste benefício. Fechamento Nesta aula, estudamos sobre algumas características do vale-transporte, definindo sua base de cálculo. Vimos que a concessão dele, além de ser exigência legal, com regulamentação própria, ainda pode ter uma conotação de benefício, de acordo com a política de RH da empresa. Por fim, entendemos também que o papel do RH tem muita relevância para a manutenção e disponibilização de controles para os descontos da concessão do vale-transporte, e de requisitos para que o trabalhador comece a receber e ser descontado no contracheque. Referências BRASIL. , de 16 de dezembro de 1985. Institui o Vale-Transporte e dá outras providências.Lei n. 7.418 Disponível em: < >. Acesso em: 30 dez. 2018.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7418.htm BRASIL. Lei n. 7.619, de 30 de setembro de 1987. Altera dispositivos da Lei n. 7.418, de 16 de dezembro de Disponível em: < >.1985, que instituiu o vale-transporte. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7418.htm Acesso em: 30 dez. 2018. BRASIL. Regulamenta a Lei n° 7.418, de 16 de dezembro deDecreto, n 95.247, de 17 de novembro de 1987 1985, que institui o Vale-Transporte, com a alteração da Lei n. 7.619, de 30 de setembro de 1987. Disponível em: < >. Acesso emhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D95247.htm : 31 dez. 2018. GOMIDE, A. A.; GALINDO. E. P. A mobilidade urbana: uma agenda inconclusa ou o retorno daquilo que não foi. . v. 27, n. 79, São Paulo, 2013. Disponível em: <Estudos Avançados http://www.scielo.br/scielo.php? > Acesso emscript=sci_arttext&pid=S0103-40142013000300003 : 30 dez. 2018. LUZ, R. S. : a experiência brasileira. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2011.Gestão de benefícios FIQUE ATENTO As empresas que operam com a venda do vale-transporte, abastecendo o cartão magnetizado para utilização municipal, podem não ser as mesmas que vendem as passagens intermunicipais. Portanto, o RH deve atentar para realizar a compra para os trabalhadores que vêm de outras cidades. Podem ainda disponibilizar a locação de uma van ou ônibus para fazer esse transporte, uma vez que é de responsabilidade do empregador custear o deslocamento do trabalhador da residência-trabalho e vice-versa, mas neste caso o valor pago pelo trabalhador será limitado a 6% do salário. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7418.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7418.htm http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%2095.247-1987?OpenDocument http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D95247.htm http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142013000300003 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142013000300003 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142013000300003 Introdução Beneficiários do vale-transporte Trabalhadores são beneficiários do vale-transporte Base de cálculo do vale-transporte Transporte coletivo urbano Desconto do vale-transporte Baixo custo do transporte é benefício Facilidades do cartão magnetizado Fechamento Referências
Compartilhar