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Transtornos de sintomas somáticos DEFINIÇÕES · Englobam um conjunto de condições em que sintomas e queixas físicas são o foco principal da vida do paciente, resultando em comprometimento da vida diária e busca incessante por atendimento médico · São eles: transtorno de sintomas somáticos, transtorno conversivo, transtorno ansioso de doença, condições médicas agravadas por fatores psicológicos, transtorno factício TRANSTORNO DE SINTOMAS SOMÁTICOS (TSS) · Caracteriza-se pela presença de um ou mais sintomas, podendo a dor ser um deles, que causam sofrimento significativo e comprometimento da vida diária · Pode ou não haver uma doença de base que explique o quadro, porém a intensidade dos sintomas e a interferência na funcionalidade são marcantes e além do esperado · Muitas vezes, os exames são normais e, por manterem queixas importantes, os pacientes são submetidos a exames e procedimentos cada vez mais invasivos a fim de tentar achar uma explicação · Os exames, ao invés de levarem a uma hipótese diagnóstica, muitas vezes são inconclusivos e levam a novas hipóteses · É sempre importante lembrar que o sofrimento é genuíno e que o paciente não tem controle de seus sintomas mesmo não havendo uma causa orgânica identificada, eles de fato sentem tudo aquilo que referem · O quadro clínico compreende múltiplas queixas ou uma queixa única, sendo dor um sintoma frequente · Os sintomas não são coerentes e não podem ser atribuídos a uma síndrome conhecida, sendo comuns queixas gastrointestinais, zumbido, tontura, dores, cansaço extremo, mal-estar, falta de ar, insônia etc · Quando há uma causa orgânica, a intensidade dos sintomas e o comprometimento das atividades diárias são além do observado na maioria dos casos · Muitos pacientes desenvolvem alternância das queixas, sendo que sintomas desaparecem sem explicação para dar lugar a novas apresentações clínicas · Podem ocorrer também sintomas conversivos e dissociativos concomitantes como paralisias, formigamentos e perda da orientação espacial · Outra característica marcante é a falta de insight, ou seja, geralmente o paciente não faz qualquer associação entre os conflitos psíquicos e sintomas físicos e qualquer tentativa do médico em fazê-lo costuma ser mal recebida · A resposta aos tratamentos propostos é pobre e existe grande susceptibilidade a efeitos colaterais, com muitas reclamações acerca das medicações e resistência em se comprometer com outras propostas terapêuticas (fisioterapia, psicoterapia, atividade física), alegando que os sintomas impedem sua realização DIAGNÓSTICO · É clínico, baseado nos critérios diagnósticos, evolução, características do paciente, falta de resposta aos tratamentos propostos etc · Por esses pacientes serem vistos majoritariamente por especialistas de outras áreas que não psiquiatras, são importantes instrumentos de rastreio que possam identificar possíveis casos · O PHQ-15 é um inventário simples com 15 questões acerca da presença de sintomas físicos no último mês e a intensidade deles. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS · Especificar se: · Com dor predominante: este especificador é para indivíduos cujos sintomas somáticos envolvem predominantemente dor · Especificar se: · Persistente: é caracterizado por sintomas graves, prejuízo marcante e longa duração (mais de seis meses) · Especificar a gravidade atual: · Leve: apenas um dos sintomas especificados no critério B é satisfeito · Moderada: dois ou mais sintomas especificados no critério B são satisfeitos · Grave: dois ou mais sintomas especificados no critério B são satisfeitos, além da presença de múltiplas queixas somáticas (ou um sintoma somático muito grave) TRATAMENTO · A primeira dificuldade no tratamento dos sintomas somáticos consiste na atribuição persistente a causas orgânicas, o que gera investigações diagnósticas e tratamentos muitas vezes custosos e invasivos, com pouca ou nenhuma eficácia terapêutica · No cenário de prática de saúde mental ou em serviços especializados em psicossomática, dar a hipótese diagnóstica de TSS é muito mais fácil, mas o estabelecimento do vínculo terapêutico se impõe como dificuldade apriorística do tratamento, uma vez que o paciente se mantém ambivalente e desconfiado sobre a origem orgânica de seu sintoma · Encorajar a adoção de estilo de vida saudável, prática de atividade física, higiene do sono, interação social e atividade profissional que faça sentido para o paciente pode ajudar no tratamento · É possível lançar mão de medicações sintomáticas e terapias alternativas, com moderação, além do tratamento dos transtornos psiquiátricos mórbidos · O uso de medicações para dor crônica, como os antidepressivos tricíclicos, os duais, a pregabalina e a gabapentina, deve ser criterioso e avaliado caso a caso · Para os casos leves, muitas vezes essas diretrizes já são suficientes; nos casos moderados a graves, o encaminhamento para serviços especializados talvez se faça necessário · A terapêutica é focada nas terapias de grupo de orientação analítica, de frequência semanal e consultas psiquiátricas bastante frequentes image1.png