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Imunização Ativa e Passiva

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FERNANDA AMADOR RODRIGUES
1. Diferencie imunização ativa e passiva. (Natural, artificial…)
Imunidade Adquirida
A resposta imune adaptativa (também chamada de adquirida) é mediada por células chamadas linfócitos e seus
produtos. Os linfócitos expressam receptores altamente diversos que são capazes de reconhecer um vasto número de
antígenos. Há duas populações principais de linfócitos, denominadas linfócitos B e linfócitos T, os quais medeiam
diferentes tipos de respostas imunes adaptativas.
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TIPOS DE IMUNIDADE ADAPTATIVA
Os dois tipos de imunidade adaptativa, chamados imunidades humoral e celular, são mediados por
diferentes células e moléculas, conferindo defesa contra microrganismos extracelulares e
intracelulares, respectivamente:
• A imunidade humoral é mediada por proteínas chamadas anticorpos, que são produzidos por células chamadas
linfócitos B. Os anticorpos secretados entram na circulação, nos fluidos teciduais extracelulares e nos lumens de
órgãos revestidos por mucosa como os tratos: gastrintestinal e respiratório. Os anticorpos conferem defesa contra
microrganismos presentes nestes locais, impedindo-os de invadir células teciduais e neutralizando as toxinas
produzidas por microrganismos. Os microrganismos que vivem e se dividem fora das células, mas que são
prontamente destruídos após serem ingeridos pelos fagócitos são chamados microrganismos extracelulares, e os
anticorpos podem intensificar a captação destes microrganismos para o interior dos fagócitos. No entanto, muitos
microrganismos, frequentemente chamados microrganismos intracelulares, podem viver e se dividir dentro das
células infectadas, incluindo os fagócitos. Embora possam prevenir que esses microrganismos infectem as células
teciduais, os anticorpos não são efetivos depois que os microrganismos entram nas células.
• A defesa contra microrganismos que já entraram nas células hospedeiras é denominada imunidade celular, por ser
mediada por células chamadas linfócitos T. A imunidade mediada por células é especialmente importante na defesa
contra organismos intracelulares que conseguem sobreviver e se replicar dentro das células. Alguns linfócitos T
ativam fagócitos para destruírem microrganismos que foram ingeridos e sobrevivem no interior de vesículas
intracelulares desses fagócitos. Outros linfócitos T matam qualquer tipo de células hospedeiras (inclusive células não
fagocíticas) que abriguem microrganismos infecciosos no citoplasma ou no núcleo. Em ambos os casos, as células T
reconhecem antígenos microbianos exibidos nas superfícies das células hospedeiras, o que indica a existência de um
microrganismo no interior da célula. Alguns linfócitos T também auxiliam na defesa contra microrganismos
extracelulares, por meio do recrutamento de grande número de fagócitos, que ingerem e destroem os
microrganismos, para os sítios de infecção.
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As especificidades dos linfócitos B e T diferem em aspectos importantes. A maioria das células T reconhece apenas
fragmentos peptídicos de antígenos proteicos apresentados nas superfícies celulares, enquanto as células B e os
anticorpos conseguem reconhecer muitos tipos de moléculas diferentes, tais como proteínas, carboidratos, ácidos
nucléicos e lipídios.
A imunidade pode ser induzida em um indivíduo por infecção ou vacinação (imunidade ativa), ou
conferida a um indivíduo por meio da transferência de anticorpos ou linfócitos de outro indivíduo
ativamente imunizado (imunidade passiva).
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Imunidade Ativa
Na imunidade ativa, um indivíduo exposto aos antígenos de um microrganismo monta uma resposta para erradicar a
infecção e desenvolve resistência a infecções posteriores pelo mesmo microrganismo. Diz-se que esse indivíduo está
imune ao microrganismo, em contraste com um indivíduo naive, que nunca foi exposto previamente aos antígenos do
microrganismo.
A infecção natural (com ou sem sintomas) confere imunidade ativa, natural e é duradoura, pois há estimulação das
células de memória. Após uma infecção por sarampo, rubéola ou varicela, por exemplo, o indivíduo ficará protegido,
não havendo mais o risco de adquirir a mesma doença novamente.
A imunidade ativa, adquirida de modo artificial, é obtida pela administração de vacinas, que estimulam a
resposta imunológica, para que esta produza anticorpos específicos.
Imunidade Passiva
Na imunidade passiva, um indivíduo naive recebe anticorpos ou células (p. ex., linfócitos) de outro indivíduo que já é
imune a uma infecção, ou anticorpos protetores sintetizados por meio de técnicas de bioengenharia moderna. O
receptor adquire a capacidade de combater a infecção, enquanto durarem os anticorpos ou células transferidas.
A imunidade passiva, portanto, é útil para conferir imunidade rapidamente, mesmo antes de o indivíduo ser capaz de
montar uma resposta ativa, entretanto não induz resistência duradoura à infecção.
O único exemplo fisiológico de imunidade passiva é observado em recém - nascidos, cujos sistemas imunes não são
maduros o suficiente para responder a muitos patógenos, mas são protegidos contra infecções pela aquisição de
anticorpos maternos durante a vida fetal, através da placenta, e no período neonatal, pelo leite materno. ( Imunidade
passiva natural)
Do ponto de vista clínico, a imunidade passiva é útil para o tratamento de algumas doenças de imunodeficiência,
usando um pool (mistura) de anticorpos provenientes de múltiplos doadores, e para o tratamento emergencial de
algumas infecções virais e picadas de cobra, usando soro proveniente de doadores imunizados. Anticorpos e células T
projetadas para reconhecer tumores são, hoje, amplamente usados na imunoterapia passiva do câncer. (Imunidade
passiva artificial)
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Referência:
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2. Explique as imunoglobulinas e suas funções.
Introdução
Uma das principais funções do sistema imunológico é a produção de proteínas solúveis que circulam livremente e
exibem propriedades que contribuem especificamente para a imunidade e proteção contra material estranho. Estas
proteínas solúveis são denominadas anticorpos, e, devido a sua estrutura globular, pertencem à classe das proteínas
denominadas globulinas. Ini-cialmente, em função de suas propriedades migratórias em um campo eletroforético, elas
foram chamadas 𝛾-globulinas (em relação às proteínas que migram mais rapidamente, a albumina, a α-globulina e a
𝛽-globulina); atualmente, elas são coletivamente conhecidas como imunoglobulinas.
As imunoglobulinas podem existir em duas formas: ligadas à membrana ou secretadas. Quando estão ligadas à
membrana, são encontradas na superfície das células B, atuando como receptores específicos para antígenos. Essa
forma ligada à membrana está associada a uma estrutura heterodimétrica chamada Ig α /Ig 𝛽 , que forma o Receptor
de Células B (BCR).
Ou seja, as imunoglobulinas são proteínas produzidas por glóbulos brancos chamados células B que se
ligam fortemente ao antígeno de um invasor, marcando o invasor para ser atacado ou neutralizando-o
diretamente.
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Estrutura
Os anticorpos possuem a forma de um "Y" e são constituídos por quatro cadeias polipeptídicas ligadas por pontes
dissulfeto, contendo uma região constante e duas regiões variáveis. É nas regiões variáveis que se estabelece a ligação
entre o anticorpo e um antígeno que lhe é específico.
A ligação entre antígeno e anticorpo é do tipo chave e fechadura, portanto só existe a ligação entre anticorpos que
sejam específicos para o antígeno que estimulou a sua produção.
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Classificação
Basicamente existem 5 classes de imunoglobulinas (isotipos), que podem ser determinadas por diferentes sequências
de aminoácidos:
IgM: É o primeiro anticorpo a ser formado pelo feto, ainda dentro do útero, constituindo elemento essencial na sua
proteção contra vírus e bactérias, se forma mais precocemente após uma primeira exposiçãoa um antígeno.
IgG: É o anticorpo que é mais produzido na resposta imune secundária (a partir da segunda exposição ao mesmo
antígeno). maior concentração no soro, constituindo aproximadamente 75% das imunoglobulinas presentes no
plasma. O IgG é a única classe de anticorpos que atravessa a barreira placentária, conferindo ao bebê imunidade
natural passiva, mesmo antes da lactação.
IgE: Sua principal função é a sua capacidade de ligação a mastócitos e basófilos ativando acascata de eventos que
leva à desgranulação dos mesmos, produzindo a liberação de mediadores químicos como os leucotrienos, a heparina e
a histamina, capazes de produzir broncoespasmo, vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular, contração de
músculos lisos e quimiotaxia (atração de outras células inflamatórias), iniciando resposta inflamatória local (urticária
e dermatites) ou sistêmica (choque anafilático).
IgA : É a principal imunoglobulina presente em secreções como lágrima, colostro, leite materno, suor, suco gástrico,
saliva e muco. importante, por constituir importante mecanismo de defesa aos neonatos e na proteção de portas de
entrada de diversos antígenos.
IgD: Está principalmente ligada à superfície de linfócitos B (assim como os IgM), atuando principalmente como
receptores de antígenos.
Referência:
ABBAS, AK et al. Imunologia celular e molecular . Rio de Janeiro (RJ): Elsevier, 2008. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788595158924/epubcfi/6/28[%3Bvnd.vst.idref%3Dchapter05]!/4
3. Explique a composição dos tipos de vacina (atenuada, inativa …) e contraindicações.
Vacina – Produto biológico que, administrado a um indivíduo, confere imunidade ativa contra doenças infecciosas,
devido à memória imunológica adquirida contra os epítopos dos antígenos que foram inoculados.
Tipos de vacinas:
A) Vacinas de microrganismos vivos atenuados: São feitas com culturas de microrganismos vivos com virulência
diminuída por agentes físicos. Esse tipo de vacina costuma ter eficácia alta, produzindo imunidade numa grande
proporção da população exposta, mesmo após uma única dose, entretanto, pode produzir “doença vacinal” e reações
adversas.
B) Vacinas de microrganismos mortos ou inativados: São preparadas com culturas de microrganismos mortos
por agentes físicos como o calor ou por substâncias químicas como o formol. Esse tipo de vacina, apesar de muito
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seguro, costuma apresentar menor eficácia,ou seja, imuniza uma proporção menor de usuários e por um período mais
curto, que as vacinas de agentes atenuados, necessitando de mais doses para atingir um resultado satisfatório.
C) As vacinas à base de toxina modificada (anatoxina): São feitas a partir de filtrados de cultura microbiana,
contendo apenas as toxinas, e não o do patógeno em si. Esse tipo de vacina é muito seguro porque não contém o
agente microbiano, mas frequentemente necessita vários reforços para produzir eficácia adequada e a imunização
costuma ter duração curta.
D) Vacinas de DNA recombinante: São produzidas por engenharia genética. De forma resumida, genes do patógeno
são isolados e clonados por tecnologia de biologia molecular.Esse gene é introduzido em um microrganismo não
patogênico o microrganismo transgênico passa então a produzir e secretar a proteína do gene clonado em larga escala
(cultivo em tanques, como os de cerveja), este produto é então purificado é utilizado na produção da vacina.
E) Vacinas conjugadas: São vacinas produzidas a partir de tecnologias de ponta, que utilizam frações de
microorganismos purificadas (polissacarídeos, por exemplo) e conjugadas, por meio de ligação química, com proteínas
(toxóides, tetânico ou diftérico), de forma a potencializar a resposta imune, principalmente em crianças de baixa
idade.
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Tipos de vacinas I: Bactéria viva atenuada
Vacina BCG (Bacillus De Calmette-Guérin)
● Composição: bacilos vivos, a partir de cepas do Mycobacterium bovis atenuadas.
● Via: intradérmica.
● Esquema: dose única o mais precoce possível, preferencialmente nas primeiras 12 horas após o nascimento.
○ 2ª dose: para comunicantes domiciliares de hanseníase com intervalo de 6 meses entre as doses.
● Indicação: prevenção de formas graves de tuberculose (miliar e meníngea).
● Contraindicação:
○ Maiores de 5 anos portadores de HIV.
○ Imunodeficiência congênita ou adquirida.
○ Neoplasia maligna.
○ Tratamento com corticoide em dose imunossupressora, quimioterapia ou radioterapia.
○ Gestantes (exceto em alto risco de exposição).
Tipos de vacinas II: vírus inativado
Vacina hepatite B
● Composição: antígeno recombinante de superfície AgHBs.
● Via: intramuscular.
● Esquema vacinal: 3 doses com intervalo de 30 dias entre a primeira e a segunda e 6 meses entre a
primeira e a terceira dose.
○ Os recém- nascidos devem receber a primeira dose nas primeiras 24 horas ou até 30 dias de vida.
○ A continuidade do esquema vacinal será com a vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis, hepatite
B e Haemophilus influenzae b (conjugada), nessa situação, o esquema corresponderá a 4 doses, para
as crianças que iniciam esquema vacinal a partir de 1 mês de idade até 4 anos, 11 meses e 29 dias.
● Contraindicação: reação anafilática após o recebimento de qualquer dose da vacina ou de seus
componentes.
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Tipos de vacinas V: vacina poliomielite inativada 1, 2 e 3 (VIP)
● Composição: A vacina é trivalente e contém os vírus da poliomielite dos tipos 1, 2 e 3, obtidos em cultura
celular e inativados.
● Via: intramuscular.
● Esquema vacinal: Esta vacina integra o esquema sequencial com a vacina poliomielite 1, 2 e 3 (atenuada)
(VOP):
○ três doses, sendo duas doses da vacina VIP (aos 2 e 4 meses) e uma dose da VOP (aos 6 meses),
com intervalo de 60 dias entre as doses e mínimo de 30 dias.
● Contraindicação: reação anafilática aos componentes da vacina.
Hepatite A
● Composição: antígeno do vírus da hepatite A.
● Via: intramuscular.
● Esquema vacinal: uma dose aos 12 meses de idade na rotina de vacinação.
● Contraindicação: reação anafilática a algum dos componentes.
Vacina influenza
● Composição: diferentes cepas do vírus Myxovirus influenzae inativados, fragmentados e purificados,
cultivados em ovos embrionados de galinha.
● Via: intramuscular.
● Esquema vacinal: administrada anualmente para grupos elegíveis.
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● Contraindicação:
○ Menores de 6 meses de idade.
○ Reação anafilática em dose anterior.
Vacina papilomavírus humano 6, 11, 16 e 18 (recombinante) (HPV)
● Composição: quadrivalente recombinante inativada, constituída por proteínas L1 do HPV tipos 6, 11, 16 e
18.
● Via: intramuscular
● Esquema vacinal:
○ 2 doses (0 e 6 meses) para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos.
○ 3 doses (0, 2 e 6 meses): meninas e mulheres infectadas pelo HIV entre 9 e 26 anos.
● Contraindicação: hipersensibilidade aos componentes da vacina e gestantes.
Tipos de vacinas III: Vírus atenuado
Vacina poliomielite atenuada 1,2 e 3 (VOP)
● Composição: A vacina é trivalente, ou seja, contém os três tipos de poliovírus 1, 2 e 3.
● Via: oral.
● Esquema vacinal: esta vacina integra o esquema sequencial com a vacina VIP: três doses, sendo duas doses
da vacina VIP (aos 2 e 4 meses) e uma dose da VOP (aos 6 meses), com intervalo de 60 dias entre as doses e
mínimo de 30 dias. Administre duas doses de reforço com a VOP aos 15 meses e aos 4 anos de idade. Cada
dose da vacina corresponde a duas gotas.
● Contraindicação:
○ Imunodeficiência humoral ou mediada por células com neoplasias.
○ Uso de terapia imunossupressora.
○ Usuários que apresentaram poliomielite paralítica associada à dose anterior desta mesma vacina.
○ Usuários que estejam em contato domiciliar com pessoas imunodeficientes suscetíveis.
○ Lactentes e crianças internados em UTI.
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Vacina Rotavírus Humano (Atenuada) (VORH)
● Composição: A vacina é constituída por um sorotipo do rotavírus humano atenuado da cepa.
● Via: via oral.
● Esquema vacinal:duas doses, administradas aos 2 e 4 meses de idade. A primeira dose pode ser
administrada a partir de 1 mês e 15 dias até 3 meses e 15 dias. A segunda dose pode ser administrada a
partir de 3 meses e 15 dias até 7 meses e 29 dias. Intervalo mínimo de 30 dias entre as doses.
● Contraindicação:
○ Histórico de invaginação intestinal ou com malformação congênita não corrigida do trato
gastrointestinal.
○ Administração fora da faixa etária preconizada.
Vacina sarampo, caxumba, rubéola (tríplice viral)
● Composição: vírus vivos (atenuados) das cepas do vírus da rubéola, do sarampo e da caxumba.
● Via: subcutânea.
● Esquema vacinal: duas doses:
○ 12 meses a 19 anos de idade: duas doses conforme a situação vacinal. A primeira dose (aos 12
meses de idade) deve ser com a vacina tríplice viral e a segunda dose (aos 15 meses de idade) deve
ser com a vacina tetra viral, para as crianças que já tenham recebido a 1ª dose da vacina tríplice
viral.
○ > 15 meses de idade não vacinadas: administrar a tríplice viral com o intervalo mínimo de 30
dias entre as doses.
○ 20 a 49 anos de idade: uma dose conforme a situação vacinal encontrada. Considerar vacinada a
pessoa que comprovar uma dose de vacina com componente de sarampo, caxumba e rubéola ou
sarampo e rubéola.
● Contraindicação:
○ Anafilaxia.
○ Gestação.
Vacina sarampo, caxumba, rubéola e varicela (atenuada) (tetra viral)
● Composição: vírus vivos atenuados de cepas do sarampo, da caxumba, da rubéola e da varicela.
● Via: subcutânea.
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● Esquema vacinal: uma dose aos 15 meses de idade em crianças que tenham recebido a primeira dose da
vacina tríplice viral.
● Contraindicação:
○ Anafilaxia após dose anterior.
○ Usuários com imunodeficiência clínica ou laboratorial grave.
Vacina Febre Amarela (Atenuada) (FA)
● Composição: vírus vivos atenuados da febre amarela.
● Via: subcutânea.
● Esquema vacinal: uma dose a partir dos 9 meses de idade. Uma dose deve ser administrada a cada 10 anos.
● Contraindicação:
○ Menores de 6 meses de idade.
○ Gestantes e aleitamento materno.
○ Imunodeprimido grave, independentemente do risco de exposição.
○ Portadores de doenças autoimunes.
Tipos de vacinas IV: bactéria inativada ou componente bacteriano inativado
Pneumocócica conjugada 10 valente (Pneumo 10)
● Composição: Vacina preparada a partir de polissacarídeos capsulares bacterianos purificados do
Streptococcus pneumoniae (pneumococo), com 10 sorotipos de pneumococo.
● Via: intramuscular profunda.
● Esquema vacinal: A vacina deve ser administrada aos 2, 4 e 6 meses de idade, com intervalo de 60 dias
entre as doses e mínimo de 30 dias, em menores de 1 ano de idade. O reforço deve ser feito entre 12 e 15
meses, com intervalo de 6 meses após o esquema básico.
● Contraindicação: reações anafiláticas a doses anteriores.
Meningocócica C (Conjugada) (Meningo C)
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● Composição: constituída por polissacarídeos capsulares purificados da Neisseria meningitidis do sorogrupo
C.
● Via: intramuscular
● Esquema vacinal: duas doses, administradas aos 3 e 5 meses de idade, com intervalo de 60 dias entre as
doses e mínimo de 30 dias. O reforço deve ser feito entre 12 e 15 meses. Em crianças entre 12 e 23 meses
de idade sem comprovação vacinal ou com esquema incompleto, administrar uma única dose.
● Contraindicação: reações anafiláticas a doses anteriores.
Vacina difteria, tétano, pertusis, hepatite B e haemophilus influenzae B – PENTA
● Composição: toxóides purificados de difteria e tétano, suspensão celular inativada de Bordetella pertussis,
antígeno de superfície da hepatite B e oligossacarídeos conjugados de Haemophilus influenzae b.
● Via: intramuscular profunda.
● Esquema vacinal: 3 doses – 2, 4 e 6 meses de idade com intervalo de 60 dias entre as doses.
○ Doses de reforço com a DTP (difteria, tétano e pertussis) aos 15 meses e 4 anos.
● Contraindicação:
○ Criança com quadro neurológico em atividade.
○ Quando após a dose anterior de vacina a criança apresentar alterações neurológicas.
○ História de choque anafilático.
Vacina difteria, tétano e pertussis (DTP)
● Composição: combinação de toxóides purificados de difteria e tétano, suspensão celular inativada de
Bordetella pertussis.
● Via: intramuscular profunda.
● Esquema vacinal: primeiro reforço aos 15 meses e segundo aos 4 anos. Idade máxima: 7 anos.
● Contraindicação: as mesmas da vacina Pentavalente.
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Referência:
1- CARVALHO, W. Imunologia: Do básico ao aplicado .
2- Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de Normas e
Procedimentos para Vacinação. Brasília, 2014.
4. Discorra sobre o calendário vacinal.
Como deve ocorrer o calendário vacinal?
O planejamento de um calendário vacinal deve, do ponto de vista epidemiológico, evitar um grande intervalo entre
vacinas sucessivas, iniciando-se o mais precocemente possível, considerando a resposta imunológica dos produtos em
relação às idades, assim como a história das enfermidades na população. Para ser aceitável, deve-se avaliar: hábitos
de deslocamento da população; as alterações climáticas que interrompem atividades comunitárias;crenças e
costumes locais que possam representar um obstáculo à divulgação e execução. Em relação a questões operacionais, o
calendário deve prever um mínimo de visitas para um mesmo indivíduo e otimizar a administração simultânea de
várias vacinas e de vacinas combinadas. Periodicamente, deve haver uma atualização e revisão dos critérios
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estabelecidos, considerando-se as respostas obtidas, assim como novas informações científicas,demonstrando a
eficácia do calendário estabelecido.
O Ministério da Saúde (MS) publicou em portaria a última revisão do calendário vacinal do Programa Nacional de
Imunizações (PNI). Essa portaria determina que o cumprimento do calendário é de caráter obrigatório e deve ser
comprovado através de atestado de vacinação emitido por serviços públicos de saúde ou pelas clínicas privadas de
vacinação, desde que estejam de acordo com a legislação vigente. O atestado deve conter a identificação da unidade
de atendimento, do imunobiológico administrado, do laboratório produtor, o número do lote e deve ser assinado pelo
médico ou enfermeiro responsável pelo serviço. O MS, através do PNI, implantou os Centros de Referência de
Imunobiológicos Especiais (CRIE), com produtos de moderna tecnologia e alto custo, destinados a uma parcela
especial da população brasileira que, por algum motivo, é impedida de usufruir os benefícios dos materiais disponíveis
na rotina da rede pública. Esses centros especializados possibilitam a avaliação das condições do paciente, da
necessidade de vacinação e do esquema mais adequado.
Atualmente, 48 imunobiológicos são distribuídos anualmente pelo PNI (vacinas, imunobiológicos
especiais,soros e imunoglobulinas), sendo 20 vacinas oferecidas às crianças, adolescentes, adultos, idosos e
gestantes conforme o Calendário Nacional de Vacinação. Destas, 18 são vacinas só para crianças e adolescentes
ofertadas no Calendário Nacional de Vacinação. Toda a população pode se vacinar gratuitamente nas mais de 38 mil
salas de vacinação localizadas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de todo o país. Para isso, basta comparecer a um
posto de saúde com o cartão de vacinação em mãos. Para quem perdeu o cartão de vacinação, a orientação é procurar
o posto de saúde onde recebeu as vacinas para resgatar o histórico de vacinação e fazer a segunda via. A ausência da
Caderneta de Vacinação não é um impeditivo para se vacinar. O cartão de vacinação é o documento que comprova a
situação vacinal do indivíduo, devendo ser guardado junto aos demais documentos pessoais.Os CRIEs têm como
finalidade facilitar o acesso da população aos imunobiológicos especiais,principalmente para as pessoas com
imunodeficiências congênita ou adquirida e de outras condições especiais de morbidade ou pessoas expostas a
situações de risco. Além disso, os Cries buscam garantir os mecanismos necessários para investigação,
acompanhamento e elucidaçãodos casos de eventos adversos graves e/ou inusitados associados temporalmente à
aplicação de imunobiológicos. O acompanhamento de eventos adversos continua acontecendo depois que a vacina é
licenciada, o que permite a continuidade de monitoramento da segurança do produto. O Programa Nacional de
Imunizações realiza ainda o monitoramento dos eventos adversos pós vacinação de todas as vacinas oferecidas pelo
programa, em parceria com a Anvisa.
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Referências:
1- FEIJÓ, RB; CUNHA, J.; KREBS, LS Calendário vacinal na infância e adolescência: avaliando diferentes propostas. Jornal de Pediatria , v. 3, pág.
s4–s14, 1 jul. 2006.
2- https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_crianca_menina_5.ed.pdf
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https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_crianca_menina_5.ed.pdf
5. Entenda os mecanismos de ação das vacinas no sistema imunológico (reforço,
número de doses).
Vacinas bacterianas e virais atenuadas e inativadas
As vacinas com bactérias atenuadas ou mortas atualmente induzem proteção limitada e são efetivas somente por
curtos períodos.
Atenuadas:
Geralmente são mais efetivas, como as contra poliomielite, sarampo e febre amarela.
As vacinas virais muitas vezes induzem imunidade específica e duradoura, por isso da imunização das crianças é
suficiente para toda vida.
Inativadas:
O problema de vírus atenuados poderem causar doenças foi abortado pela reversão para a vacina com o vírus morto,
que é uma vacina inativada, como a da influenza muito usada.
Eles são cultivados em ovos de galinha e pode ser usada em 2 tipos: via intramuscular e spray nasal.
3 cepas (trivalente) de influenza encontrados com mais frequência são selecionadas anualmente e incorporados na
vacina inativada, por via intramuscular.
A outra envolve as mesmas 3 cepas, porém é feita com vírus atenuado e usadas como spray nasal .
Vacinas de antígenos purificados (Subunidades)
Contém subunidades ou toxinas inativadas, geralmente administradas com um adjuvante e um uso efetivo é na
prevenção de doenças causadas por toxinas bacterianas.
Dessa forma, as toxinas podem ser tornadas inofensivas, mas sem perder a imunogenicidade (capacidade de provocar
uma resposta imune) como as vacinas para difteria e tétano que usaram preparações contendo o toxoide.
✦ Vacinas conjugadas hapteno-carreador
São as que estão em uso contra H.influenzae, pneumococos e meningococos
Os antígenos polissacarídeos são acoplados a proteínas, formando vacinas conjugadas, para que sejam capazes de
formar uma resposta T-dependente, pois só ela induz as reações de centro germinativo Æ anticorpos de alta afinidade,
montam respostas fortes e desenvolvem células de memória.
Principalmente nos bebês, porque eles não conseguem montar respostas fortes de anticorpo pela via T-independente,
quando no caso o antígeno é só o polissacarídeos.
✥ Vacinas de proteínas purificadas
São capazes de estimular respostas de T auxiliares e de anticorpos, mas não conseguem gerar CTLs potentes
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Isso porque as proteínas e peptídeos exógenos são inefetivas na entrada da via de apresentação antigênica do MHC-I
(que apresenta pro TCD8), assim, as vacinas de proteínas são reconhecidas de modo ineficiente pelas células TCD8+
restritas ao MHC de classe I.
Vacinas de antígenos sintéticos
Usam a tecnologia do DNA-recombinante para deduzir as sequências proteicas daqueles antígenos ou epítopos
microbianos que são mais imunogênicos, assim, preparam grandes quantidades sintéticas
Elas atualmente são usadas para os vírus da hepatite N e papilomavírus humanos (HPV)
Vacinas virais vivas envolvendo vírus recombinantes
São usados vetores virais que não provocam efeito citopático nos humanos para introduzir neles os genes
codificadores daqueles antígenos microbianos patogênicos, assim, eles são usados para infectar os indivíduos,
produzem o antígeno do gene estranho e, dessa forma, como são vivos, conseguem estimular fortes respostas
humorais e celulares, principalmente de CTL.
Tem sido mais usada com vetores de vírus da vacínia e com os da varíola dos canários, que não são patogênicos em
seres humanos.
Obs: induz imunidade humoral e celular tanto contra o antígeno estranho quanto os antígenos dos vetores que estão
sendo usados.
Obs: efeito citopático é qualquer mudança detectável na célula hospedeira devido à infecção, como a curvatura da
célula, inchaço/murchamento, morte etc.
Desvantagem e riscos
Elas são de uso limitado, porque pode acontecer desses vírus infectarem as células, mas mesmo que eles não sejam
patogênicos, podem produzir antígenos que estimulam respostas de CTL que matam as células hospedeiras infectadas.
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Vacinas de DNA
É baseada na inoculação de um plasmídeo bacteriano contendo DNA complementar (DNAc) que codifica um antígeno
proteico, levando a respostas imunes humorais e adaptativas.
As APCs, como as células dendríticas são transfectadas pelo plasmídeo e o Cdna é transcrito e traduzido em proteína
imunogênica indutora de respostas específicas.
Principalmente porque os plasmídeos bacterianas são ricos em um nucleotídeo não metilado (CpG) que é reconhecido
por um TLR9 nas DCs, deflagrando uma resposta imune inata que intensifica a adaptativa.
Portanto, essas vacinas usando plasmídeo de DNA poderiam ser efetivas mesmo que fossem administradas sem
adjuvantes.
Adjuvantes e imunomoduladores
Os adjuvantes são necessários para que respostas imunes T- dependentes sejam iniciadas, porque eles conseguem
deflagrar resposta imune inata, com aumento de expressão de coestimulador e produção de IL-12, que estimula o
crescimento e diferenciação de célula T.
Os aprovados para pacientes são o hidróxido de alumínio em gel (que parece promover principalmente respostas de
células B) e uma formulação lipídica chamada esqualeno, que consegue ativar fagócitos.
Referência:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788595158924/epubcfi/6/50[%3Bvnd.vst.idref%3Dchapter16]!/4/256/1:335[mun%2Coev]
6. Explique o desenvolvimento do sistema imune do feto, RN e criança.
Embriogênese
Como surgem as primeiras células de defesa do sistema imunológico?
Durante o desenvolvimento embrionário e fetal há uma modulação contínua do tecido linfóide. O sistema
hematopoiético (medula óssea e órgãos linfóides: baço, timo, linfonodos, entre outros) , junto com o sistema
vascular e cardíaco, é um dos primeiros a surgir durante a embriogênese.
As primeiras células sanguíneas, derivadas de células do mesoderma, estão localizadas no saco vitelino na fase
embrionária. Essas células primitivas migram para a região anterior da linha primitiva no embrião e formam
progenitores eritróides. Acredita-se que esses primeiros progenitores também deem origem tanto aos granulócitos
e macrófagos quanto aos megacariócitos.
A seguir, o fígado fetal passa a ser responsável pela hematopoiese, que depois passa a ocorrer na medula óssea.
Quando ocorre a diferenciação das células progenitoras em células T?
Após sete semanas de gestação, as células progenitoras de células T que expressam receptores CD34 migram para o
timo, onde ocorre sua diferenciação e maturação em células T com receptor (TCR) αβ. Porções menores de
progenitores de células T no fígado fetal apresentam TCRs γδ a partir da 6ª a 8a semana de gestação e não migram
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https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788595158924/epubcfi/6/50[%3Bvnd.vst.idref%3Dchapter16]!/4/256/1:335[mun%2Coev
para o timo para maturação. Estudos com sangue do cordão umbilical mostram que progenitores linfóides
multipotentes se diferenciam para se tornar células B.
Como ocorre a diferenciação de células B?
A maturação e a diferenciação de células B fetais envolvem a ativação de fatores de transcrição de uma maneira
gradual e recombinação V(D)J (também conhecida como recombinação somática, é o mecanismo de recombinação
genética (do DNA) que ocorre apenas em linfócitos em desenvolvimento durante os primeiros passos da maturação de
células B e T. O processo resulta em um repertório diverso de anticorpos (Igs) e receptores de células T (TCRs),
encontradosrespectivamente em células B e T. O processo é uma característica marcante do sistema imune
adaptativo) para a origem de moléculas de IgD e IgM na superfície da célula B.
As células imunológicas semeiam outros órgãos linfóides ou periféricos – incluindo nódulos linfáticos, pele, intestino,
rim e pulmão – e se adaptam ao ambiente de cada órgão.
OBS: Diversos tipos de células imunológicas se desenvolvem e amadurecem em diferentes estágios
gestacionais, o que é necessário para estabelecer tolerância e resposta funcional com base nas necessidades de
desenvolvimento. Isso prepara o embrião e o feto em desenvolvimento para a exposição ao antígeno durante a
gravidez e após o nascimento.
Epigenética
O que a exposição a alérgenos, patógenos e desequilíbrio nutricional da gestante pode
provocar ao neonato?
A exposição a alérgenos e patógenos provoca uma alteração no ambiente intrauterino com um impacto tanto na
imunidade ao nascimento quanto na maturação imunológica durante o início da vida das crianças. Um desequilíbrio
nutricional da mãe, tanto deficiente quanto em excesso, podem também ter um efeito considerável na imunidade
neonatal e na maturação imunológica no início da vida. O estresse nutricional das mães induz elevada
estimulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, o que resulta em redução do peso do timo fetal, que por sua vez leva
a apoptose de timócitos e de células B e T imaturas. Perturbações no desenvolvimento do sistema imunológico em
neonatos causadas pelo desequilíbrio nutricional materno podem resultar em suscetibilidade a infecções ao
nascimento e/ou risco tardio de doenças imunomediadas ou inflamatórias.
Imunidade inata
Quais as células que atuam no sistema imune inato?
O sistema imunológico inato consiste em granulócitos (principalmente neutrófilos), células apresentadoras de
antígenos, células natural killer (NK) e células T γδ.
Porque o sistema inato é tão importante na vida intra-uterina?
Essas células são imediatamente disponíveis para atuar de maneira eficiente sobre uma ampla gama de patógenos.
Dada a exposição limitada a antígenos no ambiente intrauterino e a imatura resposta imunológica adaptativa
neonatal, os recém-nascidos dependem fortemente de sua resposta imunológica inata para proteção contra
infecção.
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Como é a sua atuação dos neutrófilos no sistema imunológico do neonato?
Os neutrófilos são o principal componente do sistema imunológico inato e são responsáveis pela destruição de
patógenos durante a infecção. A maioria das células do sangue humano são neutrófilos (70%-75%). No entanto, os
neutrófilos neonatais têm defeitos tanto quantitativos quanto qualitativos. Ao nascimento, o número de neutrófilos
varia de 1,5 a 28 × 109 células/L de sangue, em comparação com os níveis de 4,4 × 109/L em adultos. Além das
deficiências quantitativas, os neutrófilos neonatais expressam TLR4 (Receptor-Toll-Like) em níveis mais baixos que
neutrófilos de adultos; já a expressão de TLR2 (Receptor-Toll-Like) por neutrófilos de neonatos é semelhante à dessas
células de adultos. A sinalização por meio das vias MyD88 (molécula de sinalização essencial para a maioria dos TLRs
e é essencial para a indução de citocinas pró-inflamatórias) é deficiente em neonatos após estimulação tanto de TLR2
quanto de TLR4.
O que causa uma resposta imune dos neutrófilos diminuída?
Essa resposta diminuída é atribuída a altos níveis de adenosina no sangue neonatal, o que aumenta os níveis de AMP
cíclico (adenosina 3',5'-monofosfato cíclico, tipo de mensageiro), levando à inibição da secreção de TNF-α (citocina
que provoca apoptose) estimulada por TLR.
Neutrófilos neonatais expressam baixos níveis de L-selectina (proteína) na superfície celular e Mac-1 (CD11b/ CD18), o
que ocasiona uma redução de 50% na transmigração dessas células para locais de infecção.
Essa resposta quimiotática prejudicada ocorre devido ao influxo de cálcio intracelular reduzido e à
polimerização alterada de actina, limitando a capacidade dos neutrófilos de deformar e penetrar no revestimento
endotelial vascular.
Os neutrófilos neonatais não produzem adequadamente as redes neutrofílicas (NETs), importantes na destruição de
bactérias extracelulares. lém disso, o sistema NADPH oxidase e a capacidade de gerar radicais hidroxila também não
atuam perfeitamente nos granulócitos neonatais.
OBS: Todas essas particularidades dos neutrófilos no início da vida tornam os neonatos especialmente suscetíveis
à sepse.
O que ocorre com os neutrófilos após o nascimento?
Ao longo dos primeiros anos de vida, essas células sofrem um processo de maturação que é fundamental para a
aquisição de competência imunológica nos bebês.
Como atua o sistema complemento no feto?
Os componentes do sistema complemento são expressos inicialmente no feto durante a gravidez e aumentam,
atingindo os níveis de adulto ao longo dos primeiros 12 a 18 meses de vida. As proteínas C encontradas no feto
sob condições fisiológicas desempenham um papel crítico na capacidade de neutralização dos anticorpos e
protegem o feto do sistema imunológico materno. Recém-nascidos expressam as frações C3, C4 e complemento
hemolítico total (CH50).
OBS: A deficiência desses fatores aumenta a suscetibilidade a infecções pré ou perinatais.
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Qual papel desempenham as células NK?
As células NK desempenham papel importante na resolução de infecções virais respiratórias agudas graves causadas
por influenza ou vírus sincicial respiratório. As contagens de células NK são maiores em recém-nascidos do que
em adultos, com expressão aumentada do receptor inibitório CD94/NKG2A. Entretanto, de modo geral, as células NK
de neonatos apresentam uma reduzida capacidade funcional se comparadas às células NK de indivíduos adultos.
As células T γδ são uma das primeiras a responder a infecções por Mycobacterium tuberculosis e Listeria
monocytogenes. Elas liberam grandes quantidades de IFN-γ e exibem uma função citotóxica. São encontradas no timo
e no sangue do cordão umbilical. De maneira geral, as células T γδ neonatais apresentam baixa capacidade de
proliferação, produção de citocinas frente a estimulação e produzem menores proporções de perforina e granzima B.
OBS: As células NK dos recém-nascidos apresentam função reduzida com menos ação citotóxica contra vírus, embora
sejam equivalentes em números às dos adultos.
OBS: Sistema complemento: Elas se encontram reduzidas nos recém-nascidos. Durante a gravidez, há pouca
transferência materna de proteínas do complemento.
OBS: O recém-nascido apresenta função reduzida de monócitos e macrófagos, com prejuízo na fagocitose.
Imunidade adaptativa
Como atuam as células do sistema imune adaptativo?
Células T
Existem dois subconjuntos distintos de células T que expressam os receptores de células T (TCRs) α/β e γ/δ.
As células que expressam TCRs γ/δ no fígado fetal não migram para o timo para maturação, mas desempenham um
papel importante na proteção contra infecções microbianas em um estágio inicial de desenvolvimento. As células T
α/β migram para o timo para maturação, resultando em timócitos TCR + de linhagem T CD4 + ou T CD8 +, o que está
associado ao posterior reconhecimento de antígenos e ativação de células T.
Em humanos, as células do sangue do cordão T CD4 + neonatais proliferam em resposta à IL-7 na ausência de
estimulação de TCR. Estudos experimentais de células T CD4+ neonatais demonstram polarização para respostas T
helper 2 - Th2 (IL-4, IL-5, IL-10) com uma produção diminuída de citocinas Th1 (IFN-γ, IL-2 e TNF-α). Por outro lado, as
células Th17 desempenham um papel importante no desenvolvimento de imunidade a infecções bacterianas e fúngicas
em nível de mucosa e pele.
As células Th1, Th2 e Th17 desempenham um papel importante no desenvolvimento da imunidade a patógenos
intracelulares e parasitas extracelulares, enquanto as células T regulatórias (Treg) são essenciais para a tolerância
imunológica e desempenham um papel crucial na limitação das respostas imunes excessivas exercidas pelas células
Th1, Th2 e Th17.
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Células B
As célulasB neonatais não mostram evidência de exposição antigênica e têm apenas um repertório de imunoglobulina
(Ig) de superfície parcialmente desenvolvido.
Os precursores dos linfócitos B estão no fígado com oito semanas, onde já iniciam sua diferenciação. Após
onascimento, a maturação das células B se verifica na medula óssea. A produção de imunoglobulinas fetais já se inicia
desde a 10ª semana de gestação, atingindo pico com 26 semanas. A partir de então, cai drasticamente até o
nascimento. Isso ocorre devido à baixa exposição intrauterina a antígenos e aos altos níveis de imunoglobulinas
maternas transferidas passivamente ao feto. Dessa forma, ao nascimento a criança apresenta baixos níveis de
imunoglobulinas (IgM, IgA e IgE), sendo a grande maioria da IgG de origem materna.
Quais as peculiaridades do sistema imune adaptativo dos neonatais?
Em resumo, de modo geral, os linfócitos B e T naïves são programados de maneira diferente em neonatos em
comparação com seus correspondentes encontrados em adultos. Os recém-nascidos exibem uma suscetibilidade
aumentada a infecções decorrente da imaturidade de seus linfócitos, incluindo um baixo número de células T
de memória efetora, secreção reduzida de citocinas Th1 e reduzida força de sinalização do receptor de
células B. Por alguns meses após a concepção, o lactente está sob influência da IgG materna, que diminui
ao longo dos primeiros meses. Após os 2 anos de idade, a resposta adaptativa começa a se organizar, com completo
funcionamento após a primeira década de vida.
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Resumindo:
Desenvolvimento do Sistema Imune
Feto:
Desenvolvimento Inicial:
→ O sistema imunológico começa a se desenvolver a partir da 5ª semana de gestação.
→ As células imunes, como os linfócitos, começam a ser produzidas na medula óssea fetal.
Transferência de Imunidade:
→ O feto recebe anticorpos da mãe através da placenta, principalmente IgG, conferindo imunidade passiva
temporária.
→ Essa transferência de anticorpos fornece proteção contra infecções nos primeiros meses de vida.
Recém-nascido:
Imunidade Inata:
→ Ao nascer, o bebê possui um sistema imunológico imaturo, dependendo principalmente da imunidade inata para
combater infecções.
→ Os neutrófilos e macrófagos são as principais células envolvidas na defesa contra patógenos.
Imunidade Adaptativa:
→ Com o tempo, o sistema imunológico do RN começa a desenvolver a imunidade adaptativa, com a produção de
linfócitos T e B.
→ A resposta imune adaptativa é mais lenta e menos eficaz do que em adultos.
Criança:
Maturação do Sistema Imune:
→ Durante a infância, o sistema imunológico continua a se desenvolver e amadurecer.
→ A exposição a antígenos desencadeia respostas imunes específicas e contribui para a formação da memória
imunológica.
Vacinação:
→ As vacinas desempenham um papel fundamental no fortalecimento do sistema imunológico da criança,
proporcionando imunidade contra várias doenças infecciosas.
→ O Calendário Nacional de Vacinação estabelece as vacinas recomendadas para cada faixa etária, contribuindo
para a proteção individual e coletiva
Referência:
Sistema imunológico: desenvolvimento e aquisição de competência imunológica. Jornal de Pediatria , v. 97, p. S59–S66, 1º de março. 2021.
25
7. Discorra sobre a PNI.
No Brasil, desde o início do século XIX, as vacinas são utilizadas como medida de controle de doenças. No entanto,
somente a partir do ano de 1973 é que se formulou o Programa Nacional de Imunizações (PNI), regulamentado pela Lei
Federal no 6.259, de 30 de outubro de 1975, e pelo Decreto n° 78.321, de 12 de agosto de 1976, que instituiu o
Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE).
O PNI organiza toda a política nacional de vacinação da população brasileira e tem como missão o controle, a
erradicação e a eliminação de doenças imunopreveníveis. É considerado uma das principais e mais relevantes
intervenções em saúde pública no Brasil, em especial pelo importante impacto obtido na redução de doenças nas
últimas décadas. Os principais aliados no âmbito do SUS são as secretarias estaduais e municipais de saúde.
As diretrizes e responsabilidades para a execução das ações de vigilância em saúde, entre as quais se incluem as
ações de vacinação, estão definidas em legislação nacional que aponta que a gestão das ações é compartilhada pela
União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios. As ações devem ser pactuadas na Comissão
Intergestores Tripartite (CIT) e na Comissão Intergestores Bipartite (CIB), tendo por base a regionalização, a rede de
serviços e as tecnologias disponíveis.
1) Responsabilidades das esferas nacional e estadual
Na esfera federal, o PNI está sob responsabilidade da Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações
(CGPNI) do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis (DEVIT) da Secretaria de Vigilância em Saúde
(SVS) do Ministério da Saúde.
Constituem competências da esfera federal:
● A coordenação do PNI (incluindo a definição das vacinas nos calendários e das campanhas nacionais de
vacinação), as estratégias e as normatizações técnicas sobre sua utilização.
● O provimento dos imunobiológicos definidos pelo PNI, considerados insumos estratégicos.
● A gestão do sistema de informação do PNI, incluindo a consolidação e a análise dos dados nacionais e a
retroalimentação das informações à esfera estadual.
Constituem competências da esfera estadual:
● A coordenação do componente estadual do PNI.
● O provimento de seringas e agulhas, itens que também são considerados insumos estratégicos.
● A gestão do sistema de informação do PNI, incluindo a consolidação e a análise dos dados municipais, o envio
dos dados ao nível federal dentro dos prazos estabelecidos e a retroalimentação das informações à esfera
municipal.
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2) Responsabilidades da esfera municipal
A vacinação, ao lado das demais ações de vigilância epidemiológica, vem ao longo do tempo perdendo o caráter
verticalizado e se incorporando ao conjunto de ações da atenção primária em saúde. As campanhas, as intensificações,
as operações de bloqueio e as atividades extramuros são operacionalizadas pela equipe da atenção primária, com
apoio dos níveis distrital, regional, estadual e federal, sendo fundamental o fortalecimento da esfera municipal.
Constituem competências da esfera municipal:
● A coordenação e a execução das ações de vacinação integrantes do PNI, incluindo a vacinação de rotina, as
estratégias especiais (como campanhas e vacinações de bloqueio) e a notificação e investigação de eventos
adversos e óbitos temporalmente associados à vacinação.
● A gerência do estoque municipal de vacinas e outros insumos, incluindo o armazenamento e o transporte
para seus locais de uso, de acordo com as normas vigentes.
● O descarte e a destinação final de frascos, seringas e agulhas utilizados, conforme as normas técnicas
vigentes.
● A gestão do sistema de informação do PNI, incluindo a coleta, o processamento, a consolidação e a avaliação
da qualidade dos dados provenientes das unidades notificantes, bem como a transferência dos dados em
conformidade com os prazos e fluxos estabelecidos nos âmbitos nacional e estadual e a retroalimentação das
informações às unidades notificadoras.
Referência:
MINISTÉRIO DA SAÚDE Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação. [s.l: s.n.]. Disponível
em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_procedimentos_vacinacao.pdf.
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https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_procedimentos_vacinacao.pdf

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