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Ep 04 - Constitucionalismo digital

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EP 04 Constitucionalismo Digital I 
Mas a vida real passou a ser em ampla medida vivida É no mundo digital Como disse antes, estudamos o condicionalismo, estudamos a revolução digital e agora nós começamos o estudo específico do constitucionalismo digital, que seria o produto desse ambiente de inovação e de transformação da realidade, sobre a qual Sobre o qual nós estamos conversando? Funcionalismo digital? Ele se situa num num processo de transformação mais amplo e que é contemporâneo da revolução digital É Mais é anterior a esse protagonismo da revolução É digital a ideia de constitucionalização do direito Ela já vem de algum tempo Ah, no Brasil isso começa em 1988, mas na Europa já havia começado em algum momento depois da Segunda Guerra Mundial, que é 11 processo de passagem da Constituição para o centro do sistema jurídico Esse é um processo histórico contemporâneo àquela observação que fiz anteriormente de criação de supremas cortes de cortes constitucionais Nas diferentes democracias e na ideia de supremacia da Constituição A partir daí, progressivamente, nas democracias, a Constituição vai passando para o centro do sistema jurídico, onde vai desfrutar não apenas de uma supremacia formal que sempre teve, mas também de uma supremacia formal, de uma supremacia axiológica, no sentido de que os valores constitucionais passam a se irradiar por toda a ordem jurídica 
Este processo de entronização da Constituição no centro do sistema jurídico corresponde naturalmente a uma perda da centralidade do direito civil e do código civil, que era a característica dos sistemas romanos germânicos AO direito comum, digamos assim, Nos países da tradição de direito civil, da tradição é romano-germânica Era uma certa centralidade do direito civil e do código civil É no caso brasileiro, o código civil era antigo, de 17, mas se criaram diferentes microssistemas que procuravam atualiza-lo com a chegada da Constituição a esse papel de protagonismo o centro do sistema passa a ser é ocupado pela Constituição, num processo que alguns autores chamam de constitucionalização do direito, como eu mesmo chamei aqui, alguns chamam de filtragem constitucional, que é a leitura de todo o direito de todos os ramos do direito à luz da Constituição Pela lente da Constituição, pelo filtro Da Constituição, essa é uma transformação, é muito importante Porque vai impactar? Oo sentido e o alcance é de todas essas normas 
E a partir dessa passagem da Constituição para o centro do sistema jurídico, em rigor, toda a interpretação jurídica é, em alguma medida, interpretação constitucional Por 2 razões 
A primeira é porque ao aplicar qualquer norma infraconstitucional, ou seja, uma lei ordinária, um regulamento, portaria, o que seja O juiz faz um filtro, ainda que ele não explicite, que é a verificação da compatibilidade daquela norma que ele vai aplicar com a Constituição Porque se a norma não for compatível com a Constituição, se ela for incondicional, ele não deve aplicá-la Evidentemente, na rotina da vida Nem sempre se explicita essa operação, mas ela está sempre implícita Uma norma incondicional não vai ser aplicada pelo juiz Portanto, essa é a primeira razão pela qual toda interpretação jurídica tem uma dimensão constitucional 
E em segundo lugar? Porque o sentido e o alcance das normas infraconstitucionais? Devem ser dados de acordo com esses valores e com esses princípios constitucionais, a partir da centralidade da dignidade da pessoa humana, da justiça, da eficiência, da segurança, da Liberdade de todos esses outros valores Confissionais e que são importantes, portanto, o que nós vivemos É um certo triunfo do do direito condicional Verdadeiramente, já não há mais nada de importante que se possa fazer ou pensar É no Brasil que não passe pela capacidade de trabalhar as categorias do direito constitucional Já vai longe o tempo em que o meu pai me dizia, meu filho precisa parar com esse negócio de fumar, ser Flamengo E o direito condicional também não vai levar você? A parte alguma estuda processo civil, ele me dizia, mas quem resistiu? É venceu? Mais uma Vitória que deve ser celebrada com humildade, porque o direito condicional não é mais do que os outros anos Ele se soma aos outros, aos outros ramos, ele dá sinergia aos outros ramos, ele potencializa os outros ramos do direito A gente na vida deve ser janela e não espelho Portanto, o direito constitucional é uma janela pela qual se olha para o mundo e não um espelho pelo qual cada um olha para si próprio 
Portanto, da passagem da Constituição para o centro do sistema jurídico, trouxe a constitucionalização do direito No Brasil, a constitucionalização do direito significa, na verdade, 2 coisas é distintas É uma característica brasileira, porque a construção brasileira é muito analítica 
A primeira é característica, é a vinda para a Constituição de muitos princípios e regras típicos de outros ramos do direito e que normalmente seriam tratados pelo direito ordinário Mas a Constituição brasileira tem regras de direito civil, de direito administrativo, de direito penal, de direito processual Essa é a primeira constitucionalização do direito a vinda para a Constituição de normas dos diferentes ramos ordinários Mas a constitucionalização do direito significa, sobretudo, não há vinda para a Constituição, mas a ida da Constituição aos diferentes ramos do direito ordinário, levando os seus valores e os seus princípios a esses diferentes Ramos e, portanto, mudando o sentido e alcance do que seja família, do que seja a condição feminina, do que sejam os direitos dos filhos, do que seja o interesse público e o interesse privado no direito Administrativo, quando há Liberdade de expressão, deve prevalecer sobre normas de enquadramento Nau esse é o impacto da constitucionalização É do direito a ida de normas da Constituição para as diferentes ramos, até os que não eram ainda claramente definidos quando surgiu esse processo de passagem da Constituição para o centro do sistema jurídico, como é o caso do direito digital, o direito digital e as preocupações que ele traz São fenómenos novos? 
São As novas, como nós vamos ver amanhã Quando surgiu a internet? Quando começaram a surgir as mídias sociais, a percepção geral é que o direito não deveria interferir, que esse deveria ser um espaço livre, livre, aberta e não regulada Eram as palavras de ordem relativamente à internet e relativamente as mídias sociais E com o passar do tempo, nós todos fomos nos dando conta De que na verdade, é imprescindível É inevitável AA regulação da internet e das mídias sociais sobre múltiplos aspetos Portanto, o direito digital foi sendo construído, foi foram surgindo as demandas, as preocupações, os bens jurídicos a serem protegidos E na medida em que surgiu o direito digital, surge também o constitucionalismo digital, que é a Incidência dos valores Municípios e regras da Constituição sobre esse novo ramo,
 a revolução digital Ela impacta diversos domínios que são regidos pelo direito constitucional, notadamente no campo dos direitos fundamentais, como, por exemplo, a Liberdade de expressão, a privacidade, a proteção de dados e a livre iniciativa 
Além disso, a revolução digital permitiu o surgimento de gigantescas empresas de tecnologia e de dados, como nós comentamos Anteriormente E que, pela sua dimensão, suscitam problemas como o da dominação de mercados e, sobretudo, o desenvolvimento de um imenso poder privado paralelo ao poder Dos órgãos é públicos Únicos, na verdade, existe hoje uma imensa esfera pública criada pela internet, uma esfera pública não estatal Que de certa forma e amplamente, é uma esfera pública controlada por essas empresas de tecnologia 
Na nossa próxima aula nós vamos estudar mais amplamente esse fenómeno das mídias sociais E o espaço que elas ocuparam na vida social e política é contemporânea O que, por ora, nós vamos investigar nessa aproximação com o constitucionalismo digital, é precisamente o impacto que o mundo virtual, que o mundo é digital, produz sobre essas categorias, que são a matéria-primado direito constitucional, proteção dos direitos fundamentais E limitação do poder
Este ainda é um tema pouco explorado, pouco desbravado na literatura nacional? Muito pouca coisa É Eu mesmo estou elaborando essas questões É pela primeira vez, salvo pelas decisões que o supremo já proferiu em temas que recairiam no âmbito do do constitucionalismo digital, sobre o qual nós falaremos amanhã 
Mas a bibliografia ainda é limitada Nada é e predominantemente estrangeira e eu selecionei aqui a único livro é Artigo brasileiro selecionei 3 artigos é estrangeiros que são os mais referenciados nessa matéria, um artigo é brasileiro e um outro também brasileiro, que é meu mesmo, que que é mais sobre revolução tecnológica, um pouco as coisas que a gente conversou aqui Do que propriamente sobre direito E tu? Mas vejo aqui A lista é de livros que eu fiz aqui, com uma letra um pouquinho maior para facilitar a leitura E quem quiser fotografar é Terá a oportunidade de fazêlo Portanto, quais foram os impactos dessas inovações trazidas pela revolução digital? Sobre o direito é constitucional 
Quais são as novidades que exigem reflexões e, eventualmente, novas categorias doutrinárias? Procurei listar algumas delas 
A primeira, as Plataformas tecnológicas elas são empresas privadas, mas vêm desempenhando funções que são quase públicas, como disse anteriormente, justamente porque elas criaram esse imenso espaço público Não estatal, essa é a primeira característica, empresas privadas Que tem esse espaço público, digamos assim, sob seu controle? 
Qual é? AA outra reflexão que traz para o direito constitucional é que normalmente, quando se fala em limitação do poder, no direito constitucional, o foco é a limitação do poder público, é a limitação do poder estatal E aqui nós estamos falando de uma forma muito relevante de poder privado detido por essa Empresas Que é poder que elas exercem no mundo digital Mas a vida real passou a ser em ampla medida vivida É no mundo digital Essas empresas têm um imenso poder Não apenas diz armazenar dados Como de pautar A sociedade Nas informações que vai receber, nas preocupações que vai Desenvolver, portanto, nós vamos identificar na nossa próxima aula, as principais empresas de tecnologia, vamos identificar o market share de cada uma, o tamanho que elas têm, o número de usuários ou de ou de assinantes para passar AA precisa visão do papel que elas hoje desempenham É no mundo, é contemporâneo 
Mas, como disse, o direito constitucional é tradicionalmente só cuidava da limitação à atuação do poder É público dos dos atores públicos, com a revolução digital e a concentração De um amplo poder, que eu diria quase público nas grandes empresas de tecnologia, surgiu a necessidade de se limitar também o Poder privado essa talvez seja a grande novidade do chamado constitucionalismo digital Que eu definiria como o conjunto de valores, de princípios E Regras destinados à proteção dos direitos fundamentais e ao controle do poder público e privado No ambiente digital, portanto, há uma inovação aqui é que é a proteção dos direitos fundamentais contra novas ameaças E a intervenção para limitar o poder, não apenas relativamente ao poder público, mas também com relação ao poder de empresas, é privadas, o condicionalismo digital Ele se destina à realização dos mesmos objetivos do condicionalismo em geral, proteção dos direitos fundamentais e limitação é do poder, mas ele lida com fenómenos novos trazidos pela internet e Mundo é virtual, de modo que o constitucionalismo digital é, de certa forma, uma adaptação Do condicionalismo tradicional a essas inovações trazidas pela vida digital, pelo mundo, é virtual muito Mas muito importante aquela noção que eu transmitia anteriormente de constitucionalização do direito, porque boa parte das categorias do direito digital são categorias típicas de direito privado, apenas sofrendo o impacto da Constituição Na atribuição de sentido e alcance a essas categorias Por que que eu estou dizendo isso? 
Porque o direito é digital, é vai ser regido basicamente por princípios como a autonomia, dá vontade, livre iniciativa, propriedade intelectual Contrato Portanto, nós estamos falando de categorias típicas do direito privado, sobre as quais incidem, no entanto, as categorias do direito constitucional de proteção dos direitos fundamentais, de limitação do poder E aí, na? Nossa, próxima aula eu vou falar um pouco dos novos direitos fundamentais que surg Surgiram Por conta do constitucionalismo digital Por conta da revolução é digital e das novas ameaças a direitos que surgiram Portanto, estaremos juntos na nossa próxima aula Muito obrigado pela atenção 
Resumo
No brasil, a partir de 1988 temos a passagem da constituição para o centro do sistema jurídico. Com isso, perde-se a centralidade do direito civil.
A constituição brasileira reúne normas de diferentes ramos do direito (como é o caso do direito digital).
O constitucionalismo digital se destina à realização dos mesmos objetivos do constitucionalismo geral. É uma adaptação às inovações trazidas pelo mundo digital.
A vida real passou a ser, em ampla medida, vivida no mundo digital e isso impacta diretamente nas empresas de tecnologia e no direito.

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