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Direito Processual do 
Trabalho II
Priscila Aparecida Borges Camões
Execução Trabalhista 
“Aspectos Gerais”
Sincretismo
“Daí a necessidade de reconhecermos a ausência de
completude do subsistema processual trabalhista, máxime no
que concerne ao cumprimento da sentença trabalhista, e
adotarmos, no que couber, a sua heterointegração (diálogo
das fontes) com o sistema processual civil, não apenas diante
da lacuna normativa, como também, no dizer de Luciano
Athayde Chaves, diante das “frequentes hipóteses em que a
norma processual trabalhista sofre de manifesto e indiscutível
envelhecimento e ineficácia em face de institutos processuais
semelhantes adotados em outras esferas da ciência
processual, inequivocamente mais modernos e eficazes”.
(LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual
do trabalho. 17. São Paulo Saraiva 2018, p. 1367)
Sincretismo
“Assim, diante de lacunas normativas, ontológicas ou
axiológicas na execução trabalhista, é factível a sua
heterointegração6 com as novas normas do sincretismo do
CPC, tudo isso com vistas à máxima efetivação do
direito/princípio fundamental do acesso efetivo à Justiça e,
consequentemente, à realização dos demais direitos dos
cidadãos e cidadãs no campo das relações trabalhistas”.
(LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual
do trabalho. 17. São Paulo Saraiva 2018, p. 1367)
Heterointegração
1º Aplica-se os dispositivos da CLT;
2º Havendo omissão, utiliza-se as leis esparsas,
mormente a Lei 5.584/1970;
3º Persistindo a omissão, será aplicada a Lei
6.830/1980;
4º Em última análise, aplica-se o CPC.
Cumprimento de sentença
Art. 832 - Da decisão deverão constar o nome das
partes, o resumo do pedido e da defesa, a
apreciação das provas, os fundamentos da decisão
e a respectiva conclusão.
§ 1º - Quando a decisão concluir pela procedência
do pedido, determinará o prazo e as condições
para o seu cumprimento.
IN 39 do TST
Art. 3° Sem prejuízo de outros, aplicam-se ao
Processo do Trabalho, em face de omissão e
compatibilidade, os preceitos do Código de
Processo Civil que regulam os
seguintes temas:
III - art. 139, exceto a parte final do inciso V
(poderes, deveres e responsabilidades do juiz);
Atipicidade dos meios executórios
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as
disposições deste Código, incumbindo-lhe:
IV - determinar todas as medidas indutivas,
coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias
necessárias para assegurar o cumprimento de
ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por
objeto prestação pecuniária;
Nota doutrinária
“Todos sabem que este dispositivo aumenta o espectro de aplicação do
§ 5.o do art. 461 do CPC/1973 revogado (atual art. 536, § 1.o),
permitindo uma cláusula geral de efetivação para todas as obrigações,
inclusive as pecuniárias de pagar quantia, mas que obviamente
precisará se limitar às possibilidades de implementação de direitos
(cumprimento) que não sejam discricionárias (ou verdadeiramente
autoritárias) e que não ultrapassem os limites constitucionais, por
objetivos meramente pragmáticos, de restrição de direitos individuais
em detrimento do devido processo constitucional. Parece-nos óbvio
isso. Sob pena de pensarmos que o CPC simplesmente disse: se alguém
está devendo, o juiz pode tomar qualquer medida para que este pague”.
(STRECK, Lenio Luiz; NUNES, Dierle José Coelho; CUNHA, Leonardo José
Carneiro da (Org.). Comentários ao Código de Processo Civil. 2. ed. São
Paulo: Saraiva, 2017, p. 223)
Nota doutrinária
“Em face do que este CPC estabelece em suas normas fundamentais, é
evidente a constatação de que esta cláusula geral de efetivação
implicará um ônus argumentativo diferenciado para o juiz ao
fundamentar e se valer da medida, especialmente pela determinação do
art. 489, § 1.o, II, por se tratar de um conceito jurídico indeterminado,
mitigando a possibilidade de arbitrariedades. Ocorre que a nova
cláusula legal impõe novos desafios interpretativos que podem conduzir
a uma análise superficial e utilitarista de busca de resultados que
desprezem a necessária leitura constitucional. Ademais, põe em debate
a base teórica por nós há muito discutida sobre a liberdade de julgar e a
busca de accountability. Temos a convicção de que não há essa
liberdade”. (STRECK, Lenio Luiz; NUNES, Dierle José Coelho; CUNHA,
Leonardo José Carneiro da (Org.). Comentários ao Código de Processo
Civil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 224)
CLT
Art. 878. A execução será promovida pelas partes,
permitida a execução de ofício pelo juiz ou pelo
Presidente do Tribunal apenas nos casos em que as
partes não estiverem representadas por advogado.
(Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
Nota doutrinária
“Com efeito, a execução será promovida pelas partes, permitida
a execução de ofício pelo juiz ou Presidente do Tribunal apenas
nos casos em que as partes não estiverem representadas por
advogado. Nessa linha de raciocínio processual, os magistrados
trabalhistas alegam que essa perda veemente de atuação
processual ex officio trará enormes prejuízos ao trabalhador
hipossuficiente, tendo em vista a natureza alimentar das verbas
trabalhistas e o comportamento de algumas empresas que
praticam inúmeros subterfúgios para não honrarem os seus
débitos trabalhistas”. (PEREIRA, Leone. Manual de processo do
trabalho. 6. São Paulo Saraiva 2018, p. 837)
Nota doutrinária
“Em virtude de convênio firmado entre o TST e o Banco
Central do Brasil, o juiz do trabalho, previamente
cadastrado, passou a ter a possibilidade de penhorar
(bloquear) valores depositados em conta-corrente e
aplicações do executado trabalhista. É a chamada
penhora on line, que possibilita o bloqueio e a disposição
de valores dos executados trabalhistas, com o objetivo de
garantir o juízo da execução. Nesse sentido, o juiz, a
requerimento do exequente e sem dar ciência prévia do
ato ao executado, determinará às instituições financeiras,
por meio de sistema eletrônico,
Nota doutrinária
que tornem indisponíveis ativos financeiros existentes em nome
do executado, limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado
na execução. No entanto, o procedimento acima foi alterado pela
Lei 13.467/2017, que modificou o art. 878. Salvo quando a parte
estiver acompanhada de advogado poderá o juiz determinar atos
executórios, de ofício, o que modifica radicalmente o
procedimento executório trabalhista, diminuindo-lhe a celeridade
e a efetividade processual. O juiz só poderá determinar o bloqueio
on-line em contas bancárias do réu, com prévio requerimento das
partes, bem como não poderá determinar a desconsideração da
personalidade jurídica sem a instauração do incidente previsto no
art. 855-A da CLT”. (PEREIRA, Leone. Manual de processo do
trabalho. 6. São Paulo Saraiva 2018, p. 840)
DÚVIDAS
Direito Processual do 
Trabalho II
Priscila Aparecida Borges Camões
Princípios da 
execução Trabalhista
Primazia do credor trabalhista (CPC)
Art. 797. Ressalvado o caso de insolvência do
devedor, em que tem lugar o concurso universal,
realiza-se a execução no interesse do exequente
que adquire, pela penhora, o direito de preferência
sobre os bens penhorados.
Parágrafo único. Recaindo mais de uma penhora
sobre o mesmo bem, cada exequente conservará o
seu título de preferência.
Nota doutrinária
“O grande objetivo da execução trabalhista é a satisfação
do direito do credor. Logo, todos os atos processuais
praticados no bojo da execução trabalhista devem ter por
escopo a realização prática de atos concretos e
satisfativos do direito do credor. Por fim, a atuação
interpretativa do juiz do trabalho na execução deverá se
pautar sempre pela ideia da satisfação do direito do
credor trabalhista. Por consequência, caso haja um
conflito de normas trabalhistas que regem a execução, o
magistrado deverá utilizar a mais favorável ao
exequente”. (PEREIRA, Leone. Manual de processo do
trabalho. 6. São Paulo Saraiva 2018, p. 836)
Patrimonialidade
Art. 824. A execução por quantia certa realiza-se
pela expropriação de bens do executado,
ressalvadasas execuções especiais.
Nota doutrinária
“A partir do momento em que o Estado avoca para si o
monopólio da prestação jurisdicional, a execução
encontra uma fase de humanização, ou seja, ela passa a
ter caráter real e não pessoal, na medida em que é o
patrimônio do devedor que passa a ficar sujeito à
constrição e à expropriação. Aliás, o art. 789 do CPC (art.
591 do CPC/73) prescreve que o devedor responde, para
o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus
bens presentes e futuros, salvo as restrições
estabelecidas em lei”. (LEITE, Carlos Henrique Bezerra.
Curso de direito processual do trabalho. 17. São Paulo
Saraiva 2018, p. 1428)
Entendimentos Sumulados
• Súmula Vinculante 25 - É ilícita a prisão civil de
depositário infiel, qualquer que seja a
modalidade de depósito.
• Súmula 419 do STJ - Descabe a prisão civil do
depositário judicial infiel.
Nota doutrinária
“Todavia, o entendimento atual do Supremo Tribunal Federal
é o da impossibilidade da prisão civil por dívida do depositário
infiel, em qualquer modalidade de depósito, considerando-se
a nova roupagem de caráter supralegal atribuída aos tratados
internacionais sobre direitos humanos ratificados antes da
Emenda Constitucional n. 45, de 2004 (Reforma do
Judiciário), em especial ao Pacto de São José da Costa Rica
(Convenção Americana sobre Direitos Humanos), que veda a
mencionada modalidade de prisão civil”. (PEREIRA, Leone.
Manual de processo do trabalho. 6. São Paulo Saraiva 2018, p.
835)
Limitação expropriatória (CPC)
Art. 831. A penhora deverá recair sobre tantos
bens quantos bastem para o pagamento do
principal atualizado, dos juros, das custas e dos
honorários advocatícios.
Art. 899. Será suspensa a arrematação logo que o
produto da alienação dos bens for suficiente para o
pagamento do credor e para a satisfação das
despesas da execução.
Limitação expropriatória (CLT)
Art. 883 - Não pagando o executado, nem
garantindo a execução, seguir-se-á penhora dos
bens, tantos quantos bastem ao pagamento da
importância da condenação, acrescida de custas e
juros de mora, sendo estes, em qualquer caso,
devidos a partir da data em que for ajuizada a
reclamação inicial.
Limitação expropriatória (CLT)
Art. 883-A. A decisão judicial transitada em
julgado somente poderá ser levada a protesto,
gerar inscrição do nome do executado em órgãos
de proteção ao crédito ou no Banco Nacional de
Devedores Trabalhistas (BNDT), nos termos da lei,
depois de transcorrido o prazo de quarenta e cinco
dias a contar da citação do executado, se não
houver garantia do juízo. (Incluído pela
Lei nº 13.467, de 2017)
NOTA DOUTRINÁRIA
“Embora de natureza alimentar, o presente artigo é mais favorável
ao réu do processo civil, pois o art. 523 do CPC/2015 determina o
prazo de 15 dias para cumprimento definitivo da sentença, sob
pena de protesto e certidões negativas (art. 782 do CPC/2015), ao
passo que no processo trabalhista, o legislador concedeu o prazo
de 45 dias para levar o título a protesto, caso não seja pago. Não
obstante pareça algo inaceitável o fato de um título judicial,
emanado do Estado Democrático de Direito, um de seus
fundamentos, ao lado do ato jurídico perfeito e do direito
adquirido, ter que se submeter a protesto em órgão extrajudicial,
o legislador andou bem no sentido de criar mais óbice ou barreira
a uma vida normal do devedor contumaz, que não honra com seus
compromissos”. (SANTOS, Enoque Ribeiro dos. Curso de direito
processual do trabalho. 4. Rio de Janeiro Atlas 2020, p. 627)
Utilidade para o credor (CPC)
Art. 836. Não se levará a efeito a penhora quando
ficar evidente que o produto da execução dos bens
encontrados será totalmente absorvido pelo
pagamento das custas da execução.
Nota doutrinária
“Em suma, a penhora não será realizada quando claro restar que o
produto a ser alienado será absorvido, por completo, pelo
pagamento das custas da execução, o que impedirá o pagamento
da própria dívida, mostrando-se, assim, inútil ao credor. Quando
isso ocorrer, o juiz, com base no art. 40 da Lei 6.830/1980,
suspenderá o curso da execução trabalhista, enquanto não
existirem bens do devedor a serem penhorados. O prazo de
referida suspensão será de um ano; após este, os autos serão
arquivados, podendo ser desarquivados, a qualquer tempo, para a
continuidade da execução, na hipótese de serem encontrados
bens do devedor”. (SANTOS, Enoque Ribeiro dos. Curso de direito
processual do trabalho. 4. Rio de Janeiro Atlas 2020, p. 627)
SANTOS, Enoque Ribeiro dos. Curso de direito processual do
trabalho. 4. Rio de Janeiro Atlas 2020, p. 673)
Menor Onerosidade (CPC)
Art. 805. Quando por vários meios o exequente
puder promover a execução, o juiz mandará que se
faça pelo modo menos gravoso para o executado.
Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a
medida executiva mais gravosa incumbe indicar
outros meios mais eficazes e menos onerosos, sob
pena de manutenção dos atos executivos já
determinados.
Menor Onerosidade (CPC)
Art. 847. O executado pode, no prazo de 10 (dez)
dias contado da intimação da penhora, requerer a
substituição do bem penhorado, desde que
comprove que lhe será menos onerosa e não trará
prejuízo ao exequente.
Menor Onerosidade (CPC)
Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o
crédito do exequente e comprovando o depósito
de trinta por cento do valor em execução,
acrescido de custas e de honorários de advogado,
o executado poderá requerer que lhe seja
permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas
mensais, acrescidas de correção monetária e de
juros de um por cento ao mês.
Nota doutrinária
“No entanto, usualmente, o credor, na execução trabalhista, é
o trabalhador, geralmente hipossuficiente e em estado de
desemprego. Assim, no cotidiano forense, o magistrado
deverá sopesar, pelo critério da equidade, o princípio da
utilidade para o credor e o da não prejudicialidade para o
devedor, dando prevalência ao primeiro, visto que o credor,
em regra, encontra-se em situação mais delicada do que o
devedor, normalmente, o empregador”. (SANTOS, Enoque
Ribeiro dos. Curso de direito processual do trabalho. 4. Rio de
Janeiro Atlas 2020, p. 627) SANTOS, Enoque Ribeiro
dos. Curso de direito processual do trabalho. 4. Rio de
Janeiro Atlas 2020, p. 674)
Especificidade (CPC)
Art. 809. O exequente tem direito a receber, além
de perdas e danos, o valor da coisa, quando essa
se deteriorar, não lhe for entregue, não for
encontrada ou não for reclamada do poder de
terceiro adquirente.
Nota doutrinária
“Tratando-se de obrigação de fazer ou não fazer, e se no prazo
fixado o devedor não satisfizer a obrigação, é lícito ao credor,
nos próprios autos do processo, requerer que ela seja
executada à custa do devedor, ou que haja perdas e danos,
caso em que a obrigação de fazer ou não fazer se converte em
indenização (obrigação de pagar). No processo do trabalho, é
comum a sentença que condena o empregador a reintegrar o
empregado ao emprego. Caso o empregador não cumpra a
obrigação no prazo fixado na sentença, deverá arcar com o
pagamento de multas (astreintes), geralmente por dia de
atraso”. (LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito
processual do trabalho. 17. São Paulo Saraiva 2018, p. 1430)
Não aviltamento do devedor
Art. 3° Sem prejuízo de outros, aplicam-se ao
Processo do Trabalho, em face de omissão e
compatibilidade, os preceitos do Código de
Processo Civil que regulam os seguintes temas:
XV - art. 833, incisos e parágrafos (bens
impenhoráveis);
Nota doutrinária
“Assim, o princípio da humanização da execução,
também chamado de princípio da dignidade da
pessoa do executado ou princípio do não aviltamento
do devedor, preconiza a ideia de que, embora a
execução tenha o objetivo da satisfação do direito do
credor, de outra sorte não poderão ser penhorados
bens indispensáveis para a manutenção da dignidade
e subsistência mínimas para o devedor e sua família,
observando-se o princípio da ponderação de
interesses”. (PEREIRA, Leone. Manual de processo do
trabalho. 6. São Paulo Saraiva 2018, p.832)
Livre disponibilidade do credor
Art. 775. O exequente tem o direito de desistir de
toda a execução ou de apenas alguma medida
executiva.
Parágrafo único. Na desistência da execução,
observar-se-á o seguinte:
Livre disponibilidade do credor
I - serão extintos a impugnação e os embargos que
versarem apenas sobre questões processuais,
pagando o exequente as custas processuais e os
honorários advocatícios;
II - nos demais casos, a extinção dependerá da
concordância do impugnante ou do embargante.
DÚVIDAS
Direito Processual do 
Trabalho II
Priscila Aparecida Borges Camões
Execução Trabalhista
Títulos Executivos (CPC)
Art. 783. A execução para cobrança de crédito
fundar-se-á sempre em título de obrigação certa,
líquida e exigível.
Títulos Executivos (CLT)
Art. 876 - As decisões passadas em julgado ou das
quais não tenha havido recurso com efeito
suspensivo; os acordos, quando não cumpridos; os
termos de ajuste de conduta firmados perante o
Ministério Público do Trabalho e os termos de
conciliação firmados perante as Comissões de
Conciliação Prévia serão executados pela forma
estabelecida neste Capítulo.
Acordo Extrajudicial (CLT)
Art. 855-B. O processo de homologação de acordo
extrajudicial terá início por petição conjunta, sendo
obrigatória a representação das partes por
advogado. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
Art. 855-D. No prazo de quinze dias a contar da
distribuição da petição, o juiz analisará o acordo,
designará audiência se entender necessário e
proferirá sentença. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017)
IN 39/2016 do TST
Art. 13. Por aplicação supletiva do art. 784, I (art.
15 do CPC), o cheque e a nota promissória
emitidos em reconhecimento de dívida
inequivocamente de natureza trabalhista também
são títulos extrajudiciais para efeito de execução
perante a Justiça do Trabalho, na forma do art. 876
e segs. da CLT.
Nota doutrinária
“Parece-nos, contudo, que os títulos extrajudiciais
previstos no processo civil (CPC/73, art. 585; CPC, art.
784) oriundos de relação de trabalho diversa da relação
de emprego (CF, art. 114, I) deveriam ensejar a
propositura da ação de execução de título extrajudicial9 ,
cujo procedimento deveria ser o do CPC, não obstante a
determinação do art. 1o da IN n. 27/2005 do TST, que
manda aplicar o procedimento previsto na CLT. Ora, não
nos parece razoável aplicar a referida IN n. 27 na espécie,
pois isso implicaria reconhecer que a transferência da
competência da
Nota doutrinária
Justiça Comum para a Justiça do Trabalho retiraria do
jurisdicionado/credor uma situação de vantagem
(material e processual), o que certamente ensejaria
ofensa ao princípio da vedação do retrocesso social.
Afinal, devemos interpretar a mudança da competência
(CF, art. 114, I) sob a perspectiva da melhoria da condição
socioeconômica do jurisdicionado e do seu direito
fundamental de efetivo acesso à Justiça”. (LEITE, Carlos
Henrique Bezerra. Curso de direito processual do
trabalho. 17. São Paulo Saraiva 2018, p. 1375)
Competência (CRFB)
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar
e julgar:
VII - as ações relativas às penalidades
administrativas impostas aos empregadores pelos
órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
VIII - a execução, de ofício, das contribuições
sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus
acréscimos legais, decorrentes das sentenças que
proferir;
Títulos Executivos (CLT)
Parágrafo único. A Justiça do Trabalho executará,
de ofício, as contribuições sociais previstas na
alínea a do inciso I e no inciso II do caput do art.
195 da Constituição Federal, e seus acréscimos
legais, relativas ao objeto da condenação
constante das sentenças que proferir e dos acordos
que homologar. (Redação dada pela Lei nº
13.467, de 2017)
SÚMULA VINCULANTE 53
A competência da Justiça do Trabalho prevista no
art. 114, VIII, da Constituição Federal alcança a
execução de ofício das contribuições
previdenciárias relativas ao objeto da condenação
constante das sentenças que proferir e acordos por
ela homologados.
Súmula 368 do TST
 I - A Justiça do Trabalho é competente para
determinar o recolhimento das contribuições
fiscais. A competência da Justiça do Trabalho,
quanto à execução das contribuições
previdenciárias, limita-se às sentenças
condenatórias em pecúnia que proferir e aos
valores, objeto de acordo homologado, que
integrem o salário de contribuição. (ex-OJ nº 141
da SBDI-1 - inserida em 27.11.1998).
DÚVIDAS
Direito Processual do 
Trabalho II
Priscila Aparecida Borges Camões
Incidente de 
Desconsideração da 
Personalidade Jurídica
IDPJ (CPC)
Art. 133. O incidente de desconsideração da
personalidade jurídica será instaurado a pedido da
parte ou do Ministério Público, quando lhe couber
intervir no processo.
§ 1º O pedido de desconsideração da personalidade
jurídica observará os pressupostos previstos em lei.
§ 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de
desconsideração inversa da personalidade jurídica.
Nota doutrinária
“Assim, o incidente de desconsideração da personalidade
jurídica é modalidade de intervenção de terceiros em que
se pretende, desde que atendidos pressupostos legais
para que se efetive a suspensão da autonomia
patrimonial da pessoa jurídica, que os sócios e/ou
administradores da sociedade respondam, com seu
patrimônio próprio, por obrigação específica da
sociedade em cuja personalidade deve incidir a
desconsideração”. (STRECK, Lenio Luiz; NUNES, Dierle
José Coelho; CUNHA, Leonardo José Carneiro da (Org.).
Comentários ao Código de Processo Civil. 2. ed. São
Paulo: Saraiva, 2017, p. 210)
Nota doutrinária
“A desconsideração inversa da personalidade jurídica consiste
no afastamento do princípio da autonomia patrimonial da
pessoa jurídica para responsabilizar a sociedade por
obrigação do sócio. A fraude que se visa coibir aqui é, em
essência, o desvio de bens, pelo devedor (que visa se furtar
do cumprimento de obrigações pessoais), que os transfere
para o patrimônio de pessoa jurídica sobre a qual detém
absoluto controle. Neste particular, o controle no processo
decisório da sociedade, fundação ou associação se mostra
fundamental para a eficácia do desvio promovido pelo sócio”.
(STRECK, Lenio Luiz; NUNES, Dierle José Coelho; CUNHA,
Leonardo José Carneiro da (Org.). Comentários ao Código de
Processo Civil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 210)
IDPJ (CPC)
Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em
todas as fases do processo de conhecimento, no
cumprimento de sentença e na execução fundada em
título executivo extrajudicial.
§ 1º A instauração do incidente será imediatamente
comunicada ao distribuidor para as anotações
devidas.
IDPJ (CPC)
§ 2º Dispensa-se a instauração do incidente se a
desconsideração da personalidade jurídica for
requerida na petição inicial, hipótese em que será
citado o sócio ou a pessoa jurídica.
§ 3º A instauração do incidente suspenderá o
processo, salvo na hipótese do § 2º.
§ 4º O requerimento deve demonstrar o
preenchimento dos pressupostos legais específicos
para desconsideração da personalidade jurídica.
IDPJ (CPC)
Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a
pessoa jurídica será citado para manifestar-se e
requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze)
dias.
Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o
incidente será resolvido por decisão interlocutória.
IDPJ (CPC)
Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo
relator, cabe agravo interno.
Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a
alienação ou a oneração de bens, havida em
fraude de execução, será ineficaz em relação ao
requerente.
IDPJ (CLT)
Art. 855-A. Aplica-se ao processo do trabalho o
incidente de desconsideração da personalidade
jurídica previsto nos arts. 133 a 137 da Lei no
13.105, de 16 de março de 2015 - Código de
Processo Civil.
IDPJ (CLT)
§ 1o Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar
o incidente:
I - na fase de cognição, não cabe recurso de imediato,
na forma do § 1o do art. 893 desta Consolidação;
II- na fase de execução, cabe agravo de petição,
independentemente de garantia do juízo;
III - cabe agravo interno se proferida pelo relator em
incidente instaurado originariamente no tribunal.
IDPJ (CLT)
§ 2o A instauração do incidente suspenderá o
processo, sem prejuízo de concessão da tutela de
urgência de natureza cautelar de que trata o art.
301 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015
(Código de Processo Civil)
Nota doutrinária
“Todavia, em não tendo havido a inserção do sócio como parte,
não se deve ignorar o entendimento manifestado pelo E. TST no
sentido de que, a partir da vigência do CPC de 2015, a
desconsideração da personalidade da pessoa jurídica deve ser
levada a efeito, necessariamente, com a instauração do incidente
de que cuidam os arts. 133 a 137 do referido diploma legal,
conforme orienta, aliás, o art. 6o da IN 39/2016 do TST. O
direcionamento da execução contra a pessoa física titular do
empreendimento sem observância das normas dos arts. 133 a 137
do CPC de 2015, que disciplinam o incidente de desconsideração
da personalidade da pessoa jurídica, enseja violação a direito
líquido e certo do sócio, a ser amparado por mandado de
segurança”. (PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Curso de direito
processual do trabalho. 2. São Paulo Saraiva 2019, p. 330)
Nota doutrinária
“O art. 6o da IN/TST 39/2016 manda aplicar “ao Processo
do Trabalho o incidente de desconsideração da
personalidade jurídica regulado no CPC (arts. 133 a 137),
assegurada a iniciativa também do juiz do trabalho na
fase de execução (CLT, art. 878)”, o que, certamente,
influenciará a mudança da jurisprudência a respeito do
simples redirecionamento da execução em desfavor dos
sócios por simples despacho judicial de desconsideração
da personalidade jurídica da empresa executada”. (LEITE,
Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do
trabalho. 17. São Paulo Saraiva 2018, p. 1441)
DÚVIDAS

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