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AS CONSEQUÊNCIAS DO SISTEMA PÚBLICO DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO NA MOBILIDADE URBANA E NA QUALIDADE DE VIDA DA POPULAÇÃO DE BELÉM-PA: ESTUDO DE CASO NA AUGUSTO MONTENEGRO Gabriel Augusto Barboza Pereira Silvana Lima da Costa RESUMO O presente estudo teve como objetivo analisar as consequências do sistema público de transporte rodoviário na mobilidade urbana de Belém-PA e seu impacto na qualidade de vida da população na Avenida Montenegro, por meio de entrevistas com os usuários do transporte público. O estudo evidenciou que, a mobilidade urbana em Belém, especialmente ao longo da Avenida Augusto Montenegro, apresenta desafios significativos, conforme revelado por uma pesquisa com 273 entrevistados. O perfil diversificado dos participantes, majoritariamente mulheres (56%) e jovens adultos (45%), reflete a complexidade das experiências na cidade. A pesquisa destaca que 90% dos entrevistados utilizam o transporte público, enfrentando obstáculos como superlotação (64%), atrasos frequentes (67%), má qualidade de veículos e infraestrutura precária das paradas (76%), além de insegurança (63%). Esses desafios impactam diretamente na qualidade de vida, gerando estresse, cansaço e ansiedade, além de riscos de contágio por vetores virais. A pesquisa sugere a necessidade urgente de melhorias, destacando a expansão e melhoria da infraestrutura, políticas para redução da superlotação e investimentos em alternativas sustentáveis, como calçadas e ciclovias. Palavras-Chave: Mobilidade urbana. Transporte público. Qualidade de vida. Desafios. 1 INTRODUÇÃO Desde início da civilização até os dias atuais, a necessidade de deslocamento tem sido fundamental para os indivíduos, transformando os meios de locomoção em importantes atividades econômicas. No passado, os deslocamentos ocorriam principalmente entre vilarejos e aldeias, porém atualmente ocorrem entre grandes centros urbanos. Com o advento da segunda revolução industrial, iniciou-se a modernização desses deslocamentos. De acordo com Faria (1985), em 1888 nos Estados Unidos, na cidade de Richmond, foi estabelecida a primeira linha de bonde impulsionada por motor elétrico, 2 economicamente viável. Nessa mesma época, Ford Motor Company lançou seu primeiro veículo comercializável no ramo automobilístico. A partir de 1920, com a introdução de ônibus movidos a óleo diesel, esses veículos começaram a substituir os bondes. Com a produção em massa de automóveis por Henry Ford, em 1950, conforme mencionado por Canteiro (2006), ocorreu um aumento significativo da motorização, acompanhado por um processo acelerado de urbanização e industrialização. É importante entender que esses fatores contribuíram para o desenvolvimento da mobilidade urbana no Brasil, transformando- a ao longo do tempo. No entanto, para abordar os desafios atuais da mobilidade urbana e as soluções em curso do transporte urbano na cidade de Belém, é essencial considerar a introdução dos planos de desenvolvimento urbano, como os Planos de Desenvolvimento de Transporte Urbano (PDTU) e os Planos de Desenvolvimento Urbano Integrado (PDUI). O PDTU desenvolvido para região metropolitana de Belém, desempenhou um papel fundamental na gestão da cidade e na melhoria da mobilidade urbana, uma vez que, estabeleceu diretrizes estratégicas para o desenvolvimento do sistema de transporte urbano em Belém, proporcionando definições de políticas de transporte e que seriam desenvolvidas a longo prazo e a direção que o sistema de transporte deve seguir para atender às necessidades da população. O acúmulo de veículos ocorrido nas cidades também se deve à crença de que os automóveis particulares são mais seguros e confortáveis do que o transporte público. O aumento no número de automóveis nas cidades começou a ter impactos negativos na vida das pessoas, incluindo tráfego intenso, acidentes e superlotação nos transportes públicos. As principais consequências da precária mobilidade urbana são sentidas pelas pessoas que residem nas periferias da cidade. Com a concentração de habitantes com maior poder aquisitivo nas áreas centrais e de pessoas com menos recursos nas áreas periféricas, há a necessidade de percorrer maiores distâncias para chegar ao centro, onde a maior parte das atividades econômicas e empregos está concentrada (BRITO, 2011). Essa disparidade na distribuição geográfica das oportunidades socioeconômicas resulta em desigualdades no acesso aos serviços básicos, como educação, saúde e lazer. Além disso, os moradores das periferias enfrentam um 3 aumento significativo nos tempos de deslocamento, o que gera cansaço físico e emocional, reduzindo sua qualidade de vida. No caso de Belém, uma cidade em constante crescimento populacional, a situação se agrava devido ao aumento expressivo no número de habitantes e veículos. Conforme mencionado anteriormente, o número de automóveis nas ruas aumentou consideravelmente, enquanto a infraestrutura viária não acompanhou esse crescimento de forma adequada. Belém, capital do estado do Pará, com uma população de mais de 1.506.420 habitantes, enfrenta inúmeros problemas relacionados à mobilidade urbana, como acidentes de trânsito frequentes, demora nas locomoções e baixa qualidade dos veículos de transporte público. Para abordar essas questões e melhorar a mobilidade na cidade, o Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU) de Belém foi desenvolvido, servindo como um guia estratégico para orientar as decisões relacionadas com o transporte público em Belém. Oferecendo um conjunto de diretrizes, o PDTU é um instrumento importante que visa orientar o planejamento e a gestão do sistema de transporte urbano na cidade, buscando soluções para os desafios enfrentados. O PDTU é projetado para garantir uma circulação mais eficaz e acessível nos espaços urbanos, bem como para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. E a partir disso, o BRT, um serviço de transporte rápido, implementado para facilitar a locomoção da população e conectar as periferias ao centro, no entanto, ainda há debates sobre sua viabilidade e eficiência. A situação da mobilidade urbana em Belém também tem trazido impactos ambientais significativos. O aumento no uso de veículos particulares contribui para a poluição do ar, emissões de gases de efeito estufa e degradação da qualidade do ambiente urbano. Além disso, a falta de infraestrutura adequada para pedestres e ciclistas dificulta a adoção de modos de transporte mais sustentáveis, como caminhar ou andar de bicicleta. Nesse contexto, é crucial identificar as falhas no sistema de transporte público e compreender seu impacto nos diferentes aspectos da vida dos moradores de Belém, além de compreender os aspectos da mobilidade urbana na Av. Augusto Montenegro, que é uma via urbana que está situada na Região Metropolitana de Belém, servindo como uma das principais ligações entre as áreas periféricas da cidade e o centro urbano. Ela conecta várias áreas residenciais, comerciais e industriais da cidade. rodri Comentário do texto Faltou no final da introdução um parágrafo decorrendo sobre as seções do artigo e o que é abordado em cada uma. 4 2 PROBLEMA DA PESQUISA Nesse contexto, a mobilidade urbana e o sistema de transporte público rodoviário em Belém enfrentam desafios que impactam diretamente a qualidade de vida da população. Segundo Silva et al. (2020), o aumento da frota de veículos particulares, aliado à precariedade do transporte público, gera consequências negativas como congestionamentos, maior tempo de deslocamento, insegurança e falta de acesso a serviços essenciais. A falta de infraestrutura adequada e a deficiência no planejamento urbano são apontadas como causas da precariedade do sistema de transporte público rodoviário em Belém. Conforme Rocha (2018), a concentração de habitantes de baixa renda nasáreas periféricas da cidade resulta em longas distâncias a serem percorridas para acessar o centro, onde estão concentradas as atividades econômicas e empregos. Além disso, a falta de investimentos na modernização do transporte público e a inadequação dos horários e rotas dos ônibus contribuem para a insatisfação da população. Ferreira (2019) destaca que a ineficiência do sistema de transporte público em Belém afeta especialmente os indivíduos de baixa renda, que dependem desse meio de locomoção para realizar suas atividades diárias. Diante desse contexto, a problemática central desta pesquisa consiste em compreender as consequências do sistema público de transporte rodoviário e a mobilidade urbana de Belém e qual o impacto na qualidade de vida da população. A questão problema que norteia a pesquisa é: Quais são as principais consequências da precariedade do sistema público de transporte rodoviário em Belém e quais soluções podem ser propostas para melhorar a mobilidade urbana e a qualidade de vida dos cidadãos? A partir disso, busca-se investigar a opinião da população em relação à mobilidade urbana, identificar os principais problemas enfrentados, no trecho do BRT. 3 JUSTIFICATIVA A mobilidade urbana e o sistema de transporte público são questões de extrema relevância para a sociedade contemporânea. O acesso eficiente e seguro aos deslocamentos urbanos é fundamental para o desenvolvimento das cidades e 5 para a qualidade de vida da população. Nesse contexto, a cidade de Belém enfrenta desafios significativos em relação à mobilidade urbana, especialmente no que diz respeito ao sistema público de transporte rodoviário. Em relação à justificativa pessoal, este estudo tem como base a preocupação com o bem-estar e a qualidade de vida dos cidadãos de Belém. Vivendo na cidade e testemunhando diariamente os problemas de mobilidade, compreendemos a importância de investigar e analisar as consequências desse sistema de transporte para a população. De acordo com Ferreira (2019), a precariedade do sistema de transporte público rodoviário em Belém afeta diretamente a vida dos cidadãos, resultando em deslocamentos demorados, superlotação de veículos e falta de infraestrutura adequada. Esses problemas têm um impacto negativo na qualidade de vida, gerando estresse, perda de tempo e limitações de acesso aos serviços básicos. Em termos de justificativa social, o estudo é relevante para entender as implicações da precária mobilidade urbana em Belém sobre os diversos aspectos da vida dos cidadãos. De acordo com Rocha (2018), a má qualidade do transporte público rodoviário prejudica especialmente a população de baixa renda, que depende desse sistema para acessar empregos, serviços de saúde, educação e outras atividades essenciais. Compreender as consequências sociais dessa situação é fundamental para a promoção de políticas públicas mais eficientes e inclusivas. Academicamente, este estudo de caso contribuirá para o avanço do conhecimento na área de mobilidade urbana e transporte público. Ao analisar as consequências do sistema público de transporte rodoviário em Belém, com base em entrevistas, o estudo, buscará fornecer subsídios para a formulação de estratégias de melhorias e soluções para os problemas identificados. Portanto, a importância deste estudo reside na necessidade de compreender as implicações da precária mobilidade urbana causada pelo sistema público de transporte rodoviário em Belém, tanto em termos pessoais, sociais e acadêmicos. O conhecimento gerado a partir dessa pesquisa poderá subsidiar a tomada de decisões e contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e para o desenvolvimento sustentável da cidade. 6 4 OBJETIVOS 4.1 OBJETIVO GERAL. Analisar as consequências do sistema público de transporte rodoviário e seu impacto na mobilidade urbana de Belém-PA quanto a qualidade de vida da população na Augusto Montenegro, por meio de entrevistas com os usuários do transporte público. 4.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS - Avaliar a precariedade do sistema de transporte público rodoviário em Belém, considerando fatores como infraestrutura, disponibilidade, confiabilidade e qualidade dos serviços de transporte baseado na pesquisa; - Investigar a opinião da população de Belém em relação à mobilidade urbana, por meio da realização de pesquisas e entrevistas. 5 REFERENCIAL TEORICO 5.1 MODELOS DE TRANSPORTES PÚBLICOS RODOVIÁRIOS E BRT Os sistemas de transporte público rodoviário desempenham um papel fundamental na mobilidade urbana das cidades. Dentre os diferentes modelos existentes, destaca-se o Bus Rapid Transit (BRT), que tem sido adotado em diversas cidades brasileiras como uma alternativa para melhorar a eficiência e a qualidade do transporte público. Segundo Hidalgo (2017), o BRT é caracterizado pela segregação do espaço viário para o uso exclusivo dos ônibus, priorização do transporte coletivo, estações de embarque modernas e tecnologias avançadas de bilhetagem. Em Belém, a implementação do sistema BRT tem sido discutida como uma possível solução para a melhoria da mobilidade urbana (FERREIRA, 2019). 7 O transporte público rodoviário consiste no uso de ônibus como principal meio de locomoção coletiva nas áreas urbanas. Ainda segundo Hidalgo (2017), o modelo BRT tem a vantagem de ser flexível, podendo atender a diferentes demandas e se adaptar às necessidades de cada cidade. Além disso, é um meio de transporte mais acessível em termos de custo, comparado a outros modos como o metrô. No entanto, os sistemas de transporte público rodoviário também enfrentam desafios, como a saturação das vias e os congestionamentos, que impactam a velocidade e a eficiência dos ônibus. Nesse sentido, o modelo de Bus Rapid Transit (BRT) surge como uma solução que busca melhorar a qualidade do transporte público. O BRT é caracterizado pela segregação do espaço viário para o uso exclusivo dos ônibus, a priorização do transporte coletivo, a presença de estações de embarque modernas e tecnologias avançadas de bilhetagem. Essas características visam oferecer um transporte mais rápido, seguro e eficiente para os usuários (HIDALGO, 2017). A implementação do sistema BRT tem sido discutida como uma possível solução para a melhoria da mobilidade urbana. Ferreira (2019) destaca que a ineficiência do sistema de transporte público impacta especialmente os indivíduos de baixa renda, que dependem desse meio de locomoção para realizar suas atividades diárias. Nesse sentido, o BRT pode contribuir para reduzir o tempo de deslocamento e melhorar o acesso aos serviços e empregos. É importante ressaltar que a adoção do modelo BRT demanda um planejamento adequado e a adaptação da infraestrutura urbana. Estudos como o de Hidalgo (2017) sobre a implementação do BRT em Pereira, na Colômbia, podem fornecer informações importantes sobre os desafios e as oportunidades desse tipo de sistema. Além disso, é necessário considerar as características específicas da cidade em que BRT será implementado, como a topografia, o padrão de ocupação urbana e as demandas de deslocamento da população, para garantir que o sistema seja eficiente e atenda às necessidades locais (Ferreira, 2019). A viabilidade econômica e a sustentabilidade do sistema BRT também são aspectos importantes a serem considerados. Segundo Hidalgo (2017), o investimento inicial na implantação do BRT pode ser alto, mas os benefícios a longo prazo, como a redução dos congestionamentos e a diminuição das emissões de poluentes, podem compensar esses custos. rodri Comentário do texto O transporte público rodoviário no Brasil consiste... 8 Além do BRT, outros modelos de transporte público rodoviário têm sido adotados em diferentes cidades brasileiras. É interessante analisar essasexperiências para identificar as boas práticas e os desafios enfrentados. Estudos como o de Rocha (2018), que analisa a mobilidade urbana e o acesso aos serviços em bairros periféricos de Belém, podem fornecer insights sobre a eficácia de diferentes modelos de transporte público rodoviário. Um exemplo de modelo de transporte público rodoviário utilizado em algumas cidades brasileiras é o sistema de ônibus convencional. Esse modelo consiste no uso de ônibus comuns, que circulam compartilhando o espaço viário com os demais veículos. Embora seja amplamente utilizado, esse modelo enfrenta desafios como a lentidão devido ao trânsito e a falta de prioridade para o transporte coletivo. Outro modelo que tem sido adotado é o sistema de ônibus seletivo ou executivo, que oferece um serviço de maior qualidade e conforto em relação aos ônibus convencionais. Geralmente, esses ônibus operam em linhas expressas, com menos paradas, e cobram uma tarifa mais alta. No entanto, é importante considerar a acessibilidade desse modelo para a população de baixa renda, que pode ter dificuldades em arcar com os custos. Além dos modelos tradicionais de transporte público rodoviário, algumas cidades brasileiras têm investido em sistemas de ônibus híbridos ou elétricos, visando a redução das emissões de poluentes e a sustentabilidade. Essas tecnologias mais limpas são importantes para mitigar os impactos ambientais do transporte público e contribuir para a melhoria da qualidade do ar nas cidades. Ao analisar os diferentes modelos de transporte público rodoviário, é necessário considerar não apenas as características técnicas e operacionais, mas também a capacidade de atender às demandas da população e promover a inclusão social. A acessibilidade, a integração com outros modos de transporte e a adequação às necessidades locais são aspectos fundamentais a serem considerados na escolha do modelo mais adequado. O estudo de caso realizado por Ferreira (2019) sobre os impactos da precariedade do transporte público na qualidade de vida em Belém destaca a necessidade de investimentos na modernização e adequação do sistema de transporte público. Para a efetiva implementação do sistema BRT, é fundamental considerar as peculiaridades da cidade e a participação ativa da população no processo de 9 planejamento e tomada de decisões. Em suma, os modelos de transporte público rodoviário, incluindo o BRT, desempenham um papel fundamental na mobilidade urbana e na qualidade de vida da população. A escolha do modelo adequado deve considerar as características e demandas locais, buscando oferecer um serviço eficiente, sustentável e acessível. A análise de experiências de outras cidades e estudos acadêmicos pode fornecer subsídios para a tomada de decisões e aprimoramento dos sistemas de transporte público rodoviário. Nesse sentido, é importante considerar a integração do sistema BRT com outras modalidades de transporte, como bicicletas e sistemas de compartilhamento de veículos, para oferecer opções de deslocamento mais sustentáveis e abrangentes. Assim, a discussão sobre os modelos de transporte público rodoviário e a aplicabilidade do BRT deve levar em consideração a participação ativa da comunidade e a inclusão de diferentes grupos sociais. Ações de planejamento participativo e diálogo com os moradores das áreas periféricas podem ajudar a identificar as necessidades específicas dessas regiões e garantir que o sistema de transporte atenda a todos os cidadãos de forma equitativa. Além disso, é importante mencionar que a avaliação contínua do sistema de transporte público é fundamental para identificar oportunidades de melhorias e ajustes. Monitorar a satisfação dos usuários, analisar o impacto do sistema na redução das desigualdades sociais e acompanhar indicadores de desempenho, como tempo de deslocamento e qualidade do serviço de transporte público das cidades. É válido dizer que, os modelos de transporte público rodoviário, como o BRT, desempenham um papel crucial na melhoria da mobilidade urbana e no acesso aos serviços públicos. Sendo assim, a análise de experiências de outras cidades, bem como estudos acadêmicos e a avaliação constante do sistema, são ferramentas importantes para o desenvolvimento de um sistema de transporte público eficiente e de qualidade para a população. 5.2 PLANO DIRETOR E MOBILIDADE URBANA O Plano Diretor desempenha um papel fundamental no planejamento urbano e na definição de políticas de mobilidade, visando orientar o desenvolvimento das rodri Comentário do texto Físico, operacional ou ambos? É bom especificar. 10 cidades de forma sustentável e equilibrada. Segundo Oliveira, Lima e Pereira (2016), o Plano Diretor é um instrumento legal que estabelece diretrizes para o uso do solo, a ocupação urbana, a infraestrutura e a mobilidade urbana. Ele tem o objetivo de promover uma cidade mais acessível, inclusiva e com qualidade de vida para os seus habitantes. No contexto da cidade de Belém, é importante avaliar o Plano Diretor e suas diretrizes relacionadas à mobilidade urbana. De acordo com Oliveira, Lima e Pereira (2016), o Plano Diretor de Belém estabelece metas e ações para melhorar a mobilidade urbana, como a criação de corredores exclusivos para transporte coletivo e a ampliação da infraestrutura cicloviária. Essas diretrizes refletem a preocupação em promover um sistema de transporte mais eficiente e sustentável, que atenda às necessidades da população e contribua para a redução dos problemas de mobilidade na cidade. Uma análise das ações e metas propostas no Plano Diretor de Belém revela a importância dada à melhoria da mobilidade urbana. Segundo Oliveira, Lima e Pereira (2016), o Plano Diretor prevê a implantação de corredores exclusivos para ônibus, com prioridade ao transporte coletivo, a fim de promover a integração e o acesso facilitado aos diferentes pontos da cidade. Autores como Silva (2013) destacam a importância de uma abordagem integrada no Plano Diretor, considerando a interação entre a mobilidade urbana e outros aspectos, como o uso do solo, a acessibilidade e a qualidade ambiental. Nesse sentido, o Plano Diretor busca promover uma integração entre os diferentes modos de transporte, com o objetivo de oferecer opções de deslocamento mais eficientes e sustentáveis para a população. No entanto, é importante avaliar a efetividade e a implementação das diretrizes propostas no Plano Diretor. Ferreira (2019) ressalta a necessidade de monitoramento e fiscalização para garantir que as metas sejam alcançadas e que as ações propostas sejam devidamente executadas. A falta de implementação efetiva das diretrizes pode comprometer os avanços na mobilidade urbana e dificultar a conquista de uma cidade mais inclusiva e acessível. É fundamental envolver a população e os diferentes atores sociais no processo de elaboração, implementação e monitoramento do Plano Diretor. A participação cidadã contribui para uma maior representatividade das necessidades da população e para o fortalecimento das políticas de mobilidade urbana. 11 Autores como Oliveira, Lima e Pereira (2016) destacam a importância do diálogo com a comunidade, a realização de audiências públicas e a criação de canais de comunicação que possibilitem a troca de informações e a construção coletiva de soluções. Além disso, é relevante destacar a necessidade de integração entre o Plano Diretor e outros instrumentos de planejamento urbano, como o Plano de Mobilidade Urbana. Essa integração permite alinhar as diretrizes e metas relacionadas à mobilidade urbana com as demais políticas setoriais, como o uso do solo, o transporte público e a infraestrutura viária. Conforme ressaltado por Silva (2013), a coordenação entre esses instrumentos é essencial para garantir a efetividade das açõespropostas e evitar conflitos e sobreposições no desenvolvimento urbano.  A avaliação do Plano Diretor no que diz respeito à mobilidade urbana também deve considerar a capacidade de adaptação e atualização do documento. Com o passar do tempo, as demandas e necessidades da população em relação à mobilidade podem mudar, assim como as políticas e tecnologias disponíveis. Nesse sentido, é necessário que o Plano Diretor seja um instrumento flexível e passível de revisões periódicas, de forma a acompanhar as transformações urbanas e atender às demandas emergentes. Outro ponto relevante é a necessidade de investimentos adequados para a implementação das ações propostas no Plano Diretor. Conforme discutido por Ferreira (2019), a falta de recursos financeiros pode ser um obstáculo para a realização das melhorias na mobilidade urbana. É fundamental que haja planejamento e articulação entre os diferentes níveis de governo e setores da sociedade para viabilizar os investimentos necessários, garantindo a efetivação das diretrizes estabelecidas. A análise das diretrizes e ações propostas no Plano Diretor também pode ser enriquecida com a comparação e o estudo de experiências de outras cidades. Estudos de casos, como o de Rocha (2018) sobre mobilidade urbana em bairros periféricos de Belém, podem fornecer exemplos de boas práticas e desafios enfrentados em contextos semelhantes. A troca de conhecimentos entre municípios e a discussão de casos bem-sucedidos podem contribuir para aprimorar o planejamento e a implementação das políticas de mobilidade urbana. Para Carvalho et al. (2020) essencial destacar que o Plano Diretor não deve ser encarado como um documento estático, mas sim como um processo contínuo de reflexão, avaliação e atualização. As dinâmicas urbanas e as demandas da população 12 estão em constante transformação, e é necessário acompanhar e adaptar as políticas de mobilidade urbana para melhor atendê-las. De acordo com Farias (2019) o diálogo entre os diferentes atores envolvidos, a participação cidadã e a utilização de instrumentos de monitoramento e avaliação são fundamentais para garantir a efetividade e a sustentabilidade das ações propostas pelo Plano Diretor. Em suma, o Plano Diretor desempenha um papel crucial no planejamento urbano e na definição de políticas de mobilidade, proporcionando diretrizes e metas para promover uma cidade mais acessível, inclusiva e com qualidade de vida. No entanto, é importante ressaltar que a efetividade do Plano Diretor depende da implementação adequada das diretrizes propostas. O monitoramento e a fiscalização são fundamentais para garantir que as metas sejam alcançadas e que as ações sejam devidamente executadas. Além disso, a participação cidadã desempenha um papel essencial no processo de elaboração, implementação e monitoramento do Plano Diretor, pois permite a inclusão das necessidades e demandas da população no planejamento urbano. A integração entre o Plano Diretor e outros instrumentos de planejamento urbano, como o Plano de Mobilidade Urbana, é um fator chave para o sucesso das políticas de mobilidade (CARVALHO et al., 2019). Essa integração possibilita a coordenação entre as diferentes áreas e setores envolvidos, evitando conflitos e garantindo a efetividade das ações propostas. Segundo Ribeiro et al. (2020), a articulação entre esses instrumentos de planejamento é essencial para que as ações voltadas à mobilidade urbana estejam alinhadas com a visão de desenvolvimento da cidade estabelecida pelo Plano Diretor. A falta de integração entre esses planos pode levar a ações fragmentadas e incoerentes, comprometendo a eficácia das políticas de mobilidade urbana. Ademais, a capacidade de adaptação e atualização do Plano Diretor é fundamental para acompanhar as transformações urbanas e atender às demandas emergentes da sociedade. Entretanto, é importante reconhecer os desafios enfrentados na implementação das políticas de mobilidade urbana. De acordo com Moura et al. (2019) a falta de recursos financeiros é um obstáculo que precisa ser superado, exigindo planejamento e articulação entre os diferentes atores envolvidos, como os governos municipais, estaduais e federal, assim como a participação do setor privado. 13 A busca por parcerias público-privadas (PPPs) e a captação de recursos externos são alternativas que podem viabilizar os investimentos necessários para melhorar a mobilidade urbana. De acordo com Silva et al. (2020), as PPPs podem proporcionar acesso a recursos adicionais, expertise técnica e agilidade na implementação de projetos, contribuindo para a superação das limitações financeiras e para a realização de investimentos em infraestrutura de transporte. Assim, é essencial destacar a importância de considerar o Plano Diretor como um processo dinâmico, sujeito a revisões e atualizações periódicas. A cidade e suas demandas evoluem ao longo do tempo, assim como as políticas e tecnologias disponíveis (SOUZA, 2017). Portanto, o Plano Diretor deve ser flexível e capaz de se adaptar às mudanças, garantindo a sustentabilidade e efetividade das ações propostas. 6 METODOLOGIA Neste estudo O estudo de caso será conduzido por meio de entrevistas com a população, a fim de analisar a mobilidade urbana e o sistema de transporte público rodoviário. A pesquisa adotará uma abordagem qualitativa, buscando compreender a percepção dos entrevistados e identificar os principais problemas e soluções relacionados à mobilidade urbana. 6.1 COLETA DE DADOS A coleta de dados será realizada por meio de entrevistas semiestruturadas, que permitirão uma abordagem mais flexível e aprofundada do tema abordado. As entrevistas serão gravadas com o consentimento dos participantes e posteriormente transcritas para análise. 14 6.2 AMOSTRA A seleção dos participantes será feita por meio de uma amostragem estatística, considerando o grupo de interesse relacionados à mobilidade urbana, especificamente, o público que usa o BRT na Avenida Augusto Montenegro. A amostra será definida a partir do cálculo estatístico: Tamanho da amostra = 𝑍2 . 𝑝 . 𝑞 . 𝑁 𝑒2 . (𝑁−1) + 𝑍2 . 𝑝 . 𝑞 Sendo, Erro desejada (e):5%; A porcentagem em que o fenômeno se verifica (p e q): 50%; A população de Belém segundo o último censo do IBGE (N): 1.303.403; O desvio padrão (90%); Onde, Z é o valor crítico para o nível de confiança de 90%, que é aproximadamente 1,65 e é a margem de erro, que é ±5% ou 0.05. Assim: Tamanho da amostra = 1,652. 0,5 . 0,5 . 1303403 0,052 . (1303403 − 1)+ 1,652 . 0,5 . 0,5 Tamanho da amostra ≅ 273 pessoas Assim, a amostra pode ser composta por 273 pessoas. 6.3 PROCEDIMENTOS • Definição dos critérios de seleção dos participantes, levando em consideração sua relação com a mobilidade urbana e o transporte público em Belém. • Abordagem e convite aos participantes selecionados para a realização das entrevistas, explicando os objetivos da pesquisa e garantindo o consentimento informado. • Agendamento das entrevistas de acordo com a disponibilidade dos participantes, que poderão ser realizadas presencialmente ou por videoconferência. • Aplicação do roteiro de entrevistas semiestruturadas, que abordará questões relacionadas à percepção dos participantes sobre a mobilidade urbana, os problemas rodri Comentário do texto Qual a fonte/autoria desta metodologia? rodri Comentário do texto Faltou um parágrafo inicial introduzindo os procedimentos a serem seguidos. rodri Comentário do texto Faltou apresentar o formato e a fonte do modelo deste roteiro. 15 enfrentados no sistema de transporte público, as consequências para a qualidade de vida e possíveis soluções. • Entrevistas semiestruturadas com a população na Augusto Montenegro por meiode um formulário de entrevista no Google Forms. • Análise dos dados coletados, identificando temas, categorias e padrões emergentes. • Apresentação dos resultados obtidos a partir das entrevistas, com destaque para os principais problemas identificados e as possíveis soluções propostas pelos participantes. • Discussão dos resultados à luz da literatura especializada sobre mobilidade urbana e transporte público. 7 RESULTADOS E DISCUSSÃO É possível dizer então que os principais fatores que interferem na mobilidade das pessoas envolvem a distribuição de renda, a ocupação laboral, o gênero, a idade, e o tipo de modal de transporte que existe em cada lugar. Esses são fatores socioeconômicos que diferenciam e que determinam as condições que cada indivíduo ou grupo social possui para se movimentar no espaço urbano (KLEIMAN, 2011, p. 5). Nesse sentido, a Avenida Augusto Montenegro, sendo uma via vital da comunidade, serve como uma artéria essencial para a movimentação de pessoas. A qualidade do transporte público ao longo dessa rota desempenha um papel significativo na vida dos residentes. Diante disso, buscou-se compreender as percepções e experiências dos usuários para identificar áreas de melhoria e contribuir para a otimização desse serviço. Foram entrevistadas 273 pessoas, e o primeiro dado levantado foi relacionado com a orientação de gênero, os resultados estão apresentados abaixo: rodri Comentário do texto Qual é a semiesrtutura da entrevista? rodri Comentário do texto Faltou um mapa de localização da Avenida Augusto Montenegro ajudando o leitor a compreender visualmente a extensão do espaço estudado. rodri Comentário do texto Faltou comentar como foi feita a seleção da população na Augusto Montenegro. 16 Figura 1 - Gênero Fonte: Elaborado pelo autor a partir da coleta de dados de entrevistas, 2023. O Gráfico apresentado, mostra que, a maioria das pessoas entrevistadas identifica-se com o gênero feminino (56%), seguido do gênero masculino (41%) e de outras designações de gênero (3%). Figura 2 – Faixa etária Fonte: Elaborado pelo autor a partir da coleta de dados de entrevistas, 2023. O Gráfico mostra que, a grande maioria dos entrevistados são representados por jovens adultos na faixa etária entre 18 e 34 anos (123). Essa faixa etária é frequentemente mais ativa nas áreas urbanas. Na faixa da meia-idade, ou seja, dos 35 aos 55 anos foram entrevistadas 107 pessoas, e, foram ainda entrevistados 37 idosos, na faixa etária acima de 54 anos. E, uma amostra menos expressiva (6) foram os jovens abaixo de 18 anos. 56% 41% 3% Gênero Femino Msculino Outro 23% 22% 21% 18% 8% 6% 2% Faixa etária 18-24 anos 25-34 anos 35-44 anos 45-54 anos 55-64 anos 65 anos ou mais rodri Comentário do texto Faltou a explicação do porquê a faixa etária de 0 a 17 anos não participou da entrevista. 17 Em relação à escolaridade dos entrevistados, obteve-se os seguintes resultados: Figura 3 - Escolaridade Fonte: Elaborado pelo autor a partir da coleta de dados de entrevistas, 2023. A maioria dos entrevistados (142) possui algum nível de ensino superior, seja incompleto (81) ou completo (61). 57 entrevistados têm o ensino médio completo, representando uma parte significativa da amostra. 44 entrevistados possuem pós- graduação, indicando uma parcela considerável com um alto nível de qualificação educacional. 16 entrevistados têm o ensino médio incompleto, e 11 têm o ensino fundamental incompleto. Em relação ao uso do transporte público rodoviário, obteve-se os seguintes resultados: Figura 4 – Uso do transporte público Fonte: Elaborado pelo autor a partir da coleta de dados de entrevistas, 2023. 81; 30% 61; 23% 57; 21% 44; 16% 16; 6%11; 4% Escolaridade Ensino superior incompleto Ensino superior completo Ensino médio completo 90% 10% Usa o sistema de transporte público rodoviário Sim Não 18 A maioria dos entrevistados (245) utiliza o sistema de transporte público rodoviário em Belém, enquanto uma minoria (28) não utiliza, indicando uma amostra em grande parte composta por usuários desse serviço. Assim, precisou-se saber com que frequência o usavam o transporte público na Augusto Montenegro, e, obteve-se os seguintes resultados: Figura 5 – Uso do transporte público na Avenida Augusto Montenegro Fonte: Elaborado pelo autor a partir da coleta de dados de entrevistas, 2023. A maioria expressiva dos entrevistados (132) utiliza o transporte público diariamente na Avenida Augusto Montenegro. Entretanto, a superlotação é uma realidade dos transportes públicos, e buscou-se saber com que frequência os entrevistados vivenciavam a superlotação, e obteve-se os seguintes resultados: Figura 6 – Superlotação do transporte público Fonte: Elaborado pelo autor a partir da coleta de dados de entrevistas, 2023. 48% 27% 14% 7%4% Utiliza o sistema de transporte público na Avenida Augusto Montenegro Dirariamente Raramente Semanalmente 63% 21% 7% 6% 3% Enfrenta superlotação Muito frequente Frequentemente Raramente Eventualmente Nunca 19 A superlotação é um problema significativo, com a maioria expressiva dos entrevistados (173) enfrentando-a muito frequentemente. Os números indicam um desafio sério em termos de capacidade do sistema de transporte público na Avenida Augusto Montenegro. Sobre os atrasos, os entrevistados responderam: Figura 7 – Atrasos dos ônibus Fonte: Elaborado pelo autor a partir da coleta de dados de entrevistas, 2023. A maioria dos entrevistados (184) relata enfrentar atrasos nos ônibus muito frequentemente, indicando uma preocupação séria com a pontualidade do sistema de transporte público. Um número significativo também menciona enfrentar atrasos frequentemente (51). Sobre a má qualidade dos veículos e a precariedade de infraestrutura das paradas, os entrevistados afirmaram que vivenciam: Figura 8 – Má qualidade do transporte público Fonte: Elaborado pelo autor a partir da coleta de dados de entrevistas, 2023. 67% 19% 6% 5%3% Atrasos Muito frequente Frequentemente Eventualmente Raramente Nunca 76% 16% 2%3% 3% Má qualidade dos veículos e precariedade das infraestrutura das paradas Muito frequente Frequentemente Eventualmente Nunca Raramente 20 A grande maioria dos entrevistados (208) enfrenta a má qualidade dos veículos e a precariedade das infraestruturas das paradas muito frequentemente. Há um número significativo (44) que relata enfrentar esses problemas frequentemente. Conforme Alves (2014) a falta da mobilidade urbana representa um contexto de aumento de custos e tempo para as viagens, aumentos na poluição do ar, de acidentes de trânsito de na diminuição da qualidade de vida das pessoas. E por isso, é essencial que haja políticas públicas voltadas para o desenvolvimento da infraestrutura física, social e econômica das cidades, de modo que, o crescimento das mesmas não ocorra de modo concentrado gerando uma polarização social e o empobrecimento de parte da população (Ribeiro; Ribeiro, 2013). Cardoso (2008) destaca que os setores de renda mais baixa concentram a maioria de suas viagens em atividades relacionadas ao trabalho, escola e compras. A qualidade do transporte público, portanto, não apenas afeta a mobilidade, mas também tem implicações diretas na participação econômica e no acesso a oportunidades educacionais. Assim, quis-se também saber sobre a (in)segurança no transporte público, e os entrevistados responderam que: Figura 9 – Insegurança no transporte público Fonte: Elaborado pelo autor a partir da coleta de dados de entrevistas, 2023. A insegurança no transporte público é uma preocupação significativa para a maioria dos entrevistados, com 171 relatando enfrentá-la muito frequentemente. Além disso, há um número considerável deentrevistados (43) que enfrentam insegurança frequentemente. 12% 16% 62% 4%6% Insegurança no transporte público Eventualmente Frequentemente Muito frequente Nunca Raramente rodri Comentário do texto Não recomendo o uso de expressões como essa. Passa a sensação de sarcasmo. 21 O transporte público, embora fundamental, enfrenta desafios consideráveis, especialmente no que diz respeito à segurança percebida pelos usuários. A questão da criminalidade nos transportes coletivos urbanos também é um fator crucial que contribui para a sensação de insegurança entre os passageiros. Apesar do papel essencial do transporte público na redução da exclusão social, o medo de violência durante o deslocamento é uma realidade enfrentada pelos usuários (Caldeira, 2001). A relação entre criminalidade e ambiente destaca a importância do planejamento adequado dos trajetos e paradas, buscando reduzir as oportunidades para crimes violentos (Kruger; Landman, 2007). Os pontos de parada, terminais de integração e o trajeto completo do usuário também desempenham um papel crucial. Experiências negativas nesses ambientes podem influenciar significativamente a escolha dos passageiros no uso do transporte público, limitando ou até mesmo impedindo seu uso. Esta perspectiva ampliada, abordando não apenas o interior dos ônibus, mas toda a infraestrutura associada à mobilidade, destaca a complexidade do desafio e a necessidade de soluções abrangentes (Cardoso; Santos; Silva, 2021). Quando perguntados se os entrevistados acreditam que a precariedade do sistema de transporte público afeta a sua qualidade de vida e a qualidade de vida da comunidade na Avenida Augusto Montenegro, eles responderam que: Figura 10 – Qualidade de vida da população Fonte: Elaborado pelo autor a partir da coleta de dados de entrevistas, 2023. A maioria expressiva dos entrevistados (269) acredita que a precariedade do sistema de transporte público afeta a sua qualidade de vida e a qualidade de vida da 1% 99% Afeta a qualidade de vida da comunidade não sim 22 comunidade na Avenida Augusto Montenegro. Um número muito pequeno (4) não percebe esse impacto. Nesse sentido, Ribeiro e Ribeiro (2013) destacam que, par que se tenha de bem-estar com a mobilidade urbana, é essencial que haja entrosamento sobre o que a cidade pode proporcionar para os indivíduos em termos de qualidade de vida com o que pode ser usado de forma coletiva. E para isso, é essencial que seja construído um plano de bem-estar para a coletividade. Com isso, entra em evidência o planejamento dos transportes, sendo assim, considerar a mobilidade urbana a partir de toda a sua dimensão, é o mesmo que admitir que, a qualidade de vida das pessoas toma forma em função dos meios de deslocamentos que a elas são disponibilizados nos espaços urbanos de seu cotidiano. Nesse sentido, é possível dizer que, a lógica correta é que, conforme determinado espaço é ampliado e se desenvolve, é preciso que em paralelo haja infraestrutura adequadas para promover o deslocamento de bens e de pessoas, pois, como destacado pelo Ministério das Cidades (BRASIL, 2007) Quando perguntados qual as consequências do sistema de transporte público na vida dos entrevistados, estresse e cansaço foram as consequências mais citadas, seguidos por ansiedade, alergias/doenças de pele e risco de contágio por vetores virais. Isso destaca a complexidade das questões relacionadas ao transporte público. Um dos maiores desafios das cidades é dar melhores condições para a mobilidade das pessoas de modo confortável e com qualidade, e uma das soluções que pode ser apontadas com esse fim é investir em infraestrutura, em transportes públicos de qualidade, e incentivar o uso de transportes não motorizados e também proporcionar um espaço público mais adequado e seguro, de forma que contribua com a qualidade de vida e com a saúde de todos. As entrevistas realizadas revelaram uma clara insatisfação da população em relação à mobilidade urbana. Os usuários do transporte público destacaram a superlotação, a falta de pontualidade e a necessidade de melhorias na infraestrutura como questões cruciais. É necessário investir na expansão da rede de transporte público, incluindo a construção de novas linhas de ônibus e BRTs. Também é importante investir na melhoria da infraestrutura existente, como a manutenção dos veículos e a construção de terminais de ônibus. Deve-se criar políticas públicas para implementar ações para reduzir a superlotação dos veículos, como a ampliação da oferta de transporte público, o 23 aumento da fiscalização do cumprimento das regras de transporte e a conscientização da população sobre a importância de respeitar os assentos reservados para idosos, pessoas com deficiência e gestantes. Também é importante investir na infraestrutura urbana, como a construção de calçadas e ciclovias, para melhorar o acesso ao transporte público, especialmente para pedestres e ciclistas. 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS A mobilidade urbana em Belém é um desafio multifacetado que exige abordagens integradas e soluções inovadoras. O estudo buscou não apenas identificar os problemas, mas também compreender suas ramificações na vida dos cidadãos. As consequências da precariedade do sistema público de transporte rodoviário não são apenas questões de deslocamento; são questões de acesso, igualdade e qualidade de vida. Ao analisar a mobilidade urbana na Avenida Augusto Montenegro, foi possível aprofundar nossa compreensão dos desafios específicos enfrentados pelos moradores dessa região. As soluções propostas visam não apenas mitigar os problemas imediatos, mas também criar um ambiente urbano mais sustentável, inclusivo e eficiente. Uma vez que, a construção de uma cidade mais acessível e equitativa depende não apenas de infraestrutura adequada, mas também de uma abordagem holística que coloque as necessidades e experiências dos cidadãos no centro das decisões relacionadas à mobilidade urbana. Neste cenário, a análise dos resultados e discussões revela a complexidade dos desafios enfrentados pela população de Belém em relação à mobilidade urbana, particularmente ao longo da Avenida Augusto Montenegro. A pesquisa, baseada em entrevistas com 273 pessoas, proporcionou informações valiosas sobre as percepções e experiências dos usuários em relação ao sistema público de transporte rodoviário. O perfil dos entrevistados destaca uma diversidade significativa, com uma predominância de mulheres (56%) e uma maioria expressiva de jovens adultos na 24 faixa etária de 18 a 34 anos (45%). A maioria possui algum nível de ensino superior (52%), refletindo uma amostra educacionalmente diversificada. A grande maioria dos entrevistados (90%) utiliza o transporte público rodoviário em Belém, com 48% utilizando-o diariamente na Avenida Augusto Montenegro. No entanto, a experiência desses usuários é marcada por desafios significativos. A superlotação (64%), atrasos frequentes (67%), má qualidade dos veículos e infraestrutura precária das paradas (76%), e a insegurança no transporte público (63%) são desafios críticos enfrentados pelos usuários. Esses problemas têm um impacto direto na qualidade de vida, contribuindo para estresse, cansaço e ansiedade, além de riscos de contágio por vetores virais. Sendo assim, os resultados da pesquisa evidenciaram a interconexão entre a qualidade do sistema de transporte público rodoviário, a mobilidade urbana e a qualidade de vida da população. A precariedade desse sistema impacta negativamente diversos aspectos, desde o deslocamento diário até a saúde mental dos usuários. Portando, para promover uma mobilidade urbana mais eficiente e melhorar a qualidade de vida, é crucial que as autoridades e planejadores adotem medidas abrangentes e integradas.A participação ativa da comunidade, aliada a investimentos em infraestrutura e políticas públicas eficazes, pode ser a chave para transformar a realidade da mobilidade urbana em Belém, proporcionando uma vida mais sustentável e satisfatória para todos os cidadãos. REFERÊNCIAS ARANTES, L. S. et al. 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