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O_NOVO_CODIGO_CIVIL - IV DO DIREITO DA FAMILÍA

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Prévia do material em texto

Capítulo I — Disposições Gerais I
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
 LIVRO IV
DO DIREITO DE FAMÍLIA
O NOVO CÓDIGO CIVIL
O Novo Código Civil — Do Direito de Família
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
I I
Capítulo I — Disposições Gerais III
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
O NOVO CÓDIGO CIVIL
LIVRO IV
DO DIREITO DE FAMÍLIA
Coordenação Geral:
Heloisa Maria Daltro Leite
Coordenação Acadêmica:
Augusto Dourado
Maria da Conceição Lopes de Souza Santos
Autores:
Andréa Rodrigues Amin
Angela Maria Silveira dos Santos
Bianca Mota de Moraes
Daniela Farias Tavares
Galdino Augusto Coelho Bordallo
Heloisa Maria Daltro Leite
Katia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel
Leônidas Filippone Farrulla Junior
Lucia Maria Teixeira Ferreira
Lucia Mothé Glioche
Maria Beatriz P. F. Câmara
Maria Luiza De Lamare São Paulo
Nelcy Pereira Lessa
Patricia Silveira Tavares
Regina Ghiaroni
Roberta da Silva Dumas Rego
Virgilio Panagiotis Stavridis
O Novo Código Civil — Do Direito de Família
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
IV O Novo Código Civil — Do Direito de Família
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
IV
N945
O novo código civil: livro IV do direito de família / Andréa
Rodrigues Amin...[et al.]; coord. Heloisa Maria Daltro Leite. �
Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2002.
576p.; 23 cm
ISBN: 85-353-0248-4
1. Direito civil � Brasil. 2. Direito de família � Brasil. I Amin,
Andréa Rodrigues. II. Leite, Heloisa Maria Daltro.
CDD: 346.81
Livraria Freitas Bastos Editora S.A.
Av. Londres, 381 cep 21041-030 Bonsucesso
Rio de Janeiro, RJ telefax (021) 2573-8949
e-mail: fbastos@netfly.com.br
Copyright © 2002 by Elso Vaz
Todos os dire i tos reservados e protegidos pela Lei 9 .610, de 19.2 .1998.
É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, bem como a produção
de apostilas, sem autorização prévia, por escrito, da Editora.
Direitos exclusivos da edição em língua portuguesa:
Livraria Freitas Bastos Editora S.A.
Editor: Isaac D. Abulafia
Projeto gráfico: Freitas Bastos Editora
Gerente de Produção: Ricardo Quadros
Capa: Freitas Bastos Editora
Copydesk: Elso Vaz
Revisão de Texto: Hélio José da Silva
Sandro Gomes dos Santos
Editoração Eletrônica: Jair Domingos de Sousa
BAW Editoração Ltda.
CATALOGAÇÃO NA FONTE
DO DEPARTAMENTO NACIONAL DO LIVRO
Capítulo I — Disposições Gerais V
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
V
PREFÁCIO
No ano de 2003 terá vigência o novo Código Civil ,
revogador daquele que terá regido as relações jurídicas de na-
tureza privada por quase um século.
Trata-se, portanto, de texto jurídico altamente peculiar e
de intenso significado, sendo digno de registro que a lei que o
implementa começou a ser elaborada ao final dos anos 60.
Para valorar ainda mais as especiais circunstâncias do
novo texto e as conseqüências que advirão tanto na ordem jurí-
dica pátria, como no cotidiano do cidadão brasileiro ou das pes-
soas físicas e jurídicas que aqui estão estabelecidas ou mantêm
relações ou negócios jurídicos, o Excelentíssimo Presidente da
República Fernando Henrique Cardoso sancionou a nova
codificação civil em solenidade realizada no Palácio do Planal-
to, a qual contou com a presença de representantes dos três Po-
deres constituídos, de diversas autoridades, em especial os ju-
ristas remanescentes da Comissão originariamente designada
para a elaboração do respectivo texto, e dos Procuradores-Ge-
rais de Justiça de todo o País.
Assim como foi honroso e emocionante estar presente à so-
lenidade de sanção do novo Código Civil, sinto-me imensamen-
te orgulhoso em apresentar esta obra, cujo conteúdo são as re-
flexões realizadas por colegas do Ministério Público fluminense,
acerca das normas que regerão o Direito de Família.
Pode-se afirmar a singularidade de ser esta a primeira vez
em que membros do Parquet se reúnem especialmente para a
edição de obra dessa natureza e magnitude.
O lançamento do livro dar-se-á ao mesmo tempo em que o
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, por intermédio
de sua Coordenação das Promotorias Cíveis e do Centro de Es-
O Novo Código Civil — Do Direito de Família
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
VI
tudos Jurídicos da Procuradoria-Geral de Justiça, e contando
com o apoio da Fundação Escola do Ministério Público �
FEMPERJ �, promove o I Congresso Nacional de Promotores
de Justiça de Família, do qual também participarão juristas da
América do Sul, Europa e Oriente Médio, e cuja conferência de
abertura será proferida pelo Ministro JOSÉ CARLOS MOREIRA
ALVES, decano do Supremo Tribunal Federal e que integrou a
Comissão elaboradora do novo Código Civil.
Por todos os motivos, parabenizo os autores pela excelên-
cia dos textos e agradeço, em especial, à Procuradora de Justi-
ça Heloisa Maria Daltro Leite, que idealizou e coordenou o pro-
jeto, e aos Procuradores de Justiça Augusto Dourado e Maria
da Conceição Lopes de Souza Santos, que supervisionaram a
edição da obra.
Rio de Janeiro, 1o de junho de 2002.
JOSÉ MUIÑOS PIÑEIRO FILHO
Procurador-Geral de Justiça
Capítulo I — Disposições Gerais VII
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APRESENTAÇÃO
A presente obra vem a lume no período da vacatio legis da
Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002; instituidora do novo
Código Civil Brasileiro, constituindo os trabalhos aqui reuni-
dos, circunscritos ao exame dos dispositivos inseridos na Parte
Especial � Livro IV: Do Direito de Família, fruto da dedicação,
persistência e, sobretudo, devoção dos autores, ilustres culto-
res do Direito, que, por certo, conscientes da importância do
Ministério Público no panorama jurídico nacional, se debruça-
ram, em análise esmerada, quanto ao tratamento hoje dispen-
sado aos temas em destaque, ora apontando a repetição de dis-
positivos já retratados pela Lei 3.071, de 01.01.1916, que nos
regerá até 31.12.2002, ora constatando os avanços e inovações
colhidos e reproduzidos pela nova sistemática que está prestes
a gerar seus aguardados efeitos.
Em qualquer caso, demonstrando, a um só tempo, a cons-
tante preocupação em desvelar aos leitores as várias visões que
velhos e novos institutos estão fomentando na comunidade ju-
rídica, como também, propiciando maior segurança àqueles que
por certo se predispuserem a conhecer o que, nesta oportunida-
de, representa contribuição do Parquet fluminense à interpre-
tação da ordem jurídica vigente, como exemplo de desprendi-
mento, fraternidade e solidariedade na distribuição e democra-
tização do conhecimento.
Em razão de convite indeclinável de nossos pares, cuja in-
discutível relevância para nós decorre do esforço que nos uniu
a todos, é com justificado orgulho e indisfarçável satisfação que,
como integrante do MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO
RIO DE JANEIRO, estamos vindo a público, na firme certeza e
com o inabalável propósito de estarmos contribuindo de forma
VII
O Novo Código Civil — Do Direito de Família
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
VIII
judiciosa e profícua para a consolidação do Estado Democrático
de Direito no Brasil, o qual tem como substrato básico a FAMÍ-
LIA BRASILEIRA
Rio de Janeiro, maio de 2002
MARIA DA CONCEIÇÃO L. S. SANTOS
Capítulo I — Disposições Gerais IX
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
INTRODUÇÃO
O novo Código Civil, embora atualize o Código anterior
dotando-o de institutos novos, também inclui em sua sistemáti-
ca matéria contida em leis especiais promulgadas após 1916,
devendo amoldar-se aos princípios constitucionais.
Incorpora ele, portanto, diversas normas que já se encon-
travam em plena vigência, com destaque para a área do Direitode Família, na qual há muito se revelou impositivo um ordena-
mento legal que refletisse as mudanças culturais ocorridas no
século passado e que inspiraram princípios consagrados na
Constituição da República promulgada durante sua longa tra-
mitação.
A presente obra representa tentativa de abordagem críti-
ca do novedio diploma legal, no que concerne à sua missão de
atualizar o Código anterior e consolidar regras de leis esparsas,
sobretudo à luz dos referidos princípios constitucionais, entre
os quais se destacam os de repúdio a discriminações relativas à
mulher, a algumas formas de constituição da família e aos fi-
lhos. Quanto a estes, muito se salientou a importância da Dou-
trina de Proteção Integral, que abrange o Princípio do Melhor
Interesse da Criança e do Adolescente, norteamento para o
aplicador das leis referentes à família.
Pela exímia pena de ilustres membros do Ministério Pú-
blico fluminense, expôs-se o resultado da codificação, apontan-
do-se os louváveis acertos e as naturais imperfeições desta. Há
sugestões de interpretação dos dispositivos, com base no enten-
dimento doutrinário e jurisprudencial gerado pelo Código ante-
rior, pela legislação especial aproveitada e pelas próprias re-
gras constitucionais auto-aplicáveis, reconhecendo-se também
que muito ainda está para ser construído pelos juristas. A pers-
pectiva é positiva, mas realista, iluminada pela experiência prá-
tica decorrente da missão, que já vem sendo exercida pelo
IX
O Novo Código Civil — Do Direito de Família
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
X
Parquet, de defesa dos interesses sociais e individuais indispo-
níveis, como é o caso daqueles referentes aos dos integrantes
da família, base da sociedade, que do Estado deve ter proteção
especial.
É por isso que, ao lado de elogios aos critérios utilizados
pelo legislador, existem, diante de algumas incongruências com
o novo sistema de valores, até mesmo indicações para supres-
são de dispositivos, como os artigos 1.575 e 1.705.
Foi também corretamente apontada, vale notar, a
obsolescência do instituto da separação judicial, injustificável
resquício da resistência à implantação do divórcio no Brasil,
infelizmente mencionado na própria Constituição da República
(art. 226, § 6º), e de cuja reprovável permanência no ordena-
mento jurídico resultam soluções acomodadoras altamente
insatisfatórias, como o prazo de apenas um ano de ruptura de
vida em comum referido no § 1º do art. 1.572 do novo Código
(mormente se comparado com o prazo de dois anos do divórcio
direto) ou o procedimento meramente burocrático de conversão
de tal separação em divórcio.
Não podemos deixar de assinalar, ainda, a precisa refe-
rência feita a leis que tratam de temas abordados pelo novo
Código mas que com ele coexistirão. Entre elas temos a Lei de
Registros Públicos, decerto na parte relativa ao Registro Civil,
e principalmente o Estatuto da Criança e do Adolescente, raro
exemplo de excelência na produção legislativa pátria dos últi-
mos tempos.
O trabalho, assim, enriquece a série de relevantes estu-
dos produzidos pela comunidade jurídica nacional a respeito da
codificação prestes a entrar em vigor.
Como se pode perceber pelo que até aqui dissemos, a tare-
fa de coordenação de trabalhos tão esmerados representou, na
verdade, uma inestimável oportunidade de aprimoramento de
conhecimentos, que muito nos honrou.
Rio de Janeiro, maio de 2002
AUGUSTO DOURADO
Capítulo I — Disposições Gerais XI
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
XI
SUMÁRIO
PREFÁCIO .................................................................................................. v
APRESENTAÇÃO .....................................................................................vii
INTRODUÇÃO ........................................................................................... ix
TÍTULO I � DO DIREITO PESSOAL........................................................ 1
SUBTÍTULO I � DO CASAMENTO .......................................................... 3
Capítulo I � Disposições Gerais (arts. 1.511 � 1.516) .......................... 3
Capítulo II � Da Capacidade para o Casamento (arts. 1.517 � 1.520)
17
Capítulo III � Dos Impedimentos (arts. 1.521 � 1.522) ..................... 23
Capítulo IV � Das Causas Suspensivas (arts. 1.523 � 1.524) ........... 31
Capítulo V � Do Processo de Habilitação para o Casamento
(arts. 1.525 � 1.532) ........................................................................ 37
Capítulo VI � Da Celebração do Casamento (arts. 1.533 �
1.542) ................................................................................................. 47
Capítulo VII � Das Provas do Casamento (arts. 1.543 �
1.547) ................................................................................................. 63
Capítulo VIII � Da Invalidade do Casamento (arts. 1.548 � 1.564) . 67
Capítulo IX � Da Eficácia do Casamento (arts. 1.565 �
1.570) ............................................................................................... 111
Capítulo X � Da Dissolução da Sociedade e do Vínculo
Conjugal (arts. 1.571 � 1.582) ....................................................... 123
Capitulo XI � Da Proteção da Pessoa dos Filhos (arts. 1.583 � 1.590)
139
SUBTÍTULO II � DAS RELAÇÕES DE PARENTESCO .................... 165
Do Parentesco ..................................................................................... 169
Capítulo I � Disposições Gerais (arts. 1.591 � 1.595) ...................... 171
Capítulo II � Da Filiação (arts. 1.596 � 1.606) ................................. 181
Capítulo III�DoReconhecimento dos Filhos (arts. 1.607 �
1.617) ................................................................................................... 219
O Novo Código Civil — Do Direito de Família
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
XII
Capítulo IV�DaAdoção (arts. 1.618 � 1.629) ..................................... 237
CapítuloV �DoPoder Familiar (arts. 1.630 � 1.638) ........................... 283
Seção I �DisposiçõesGerais (arts. 1.630 � 1.633) ........................... 283
Seção II �Do exercício do poder familiar (art. 1.634) ...................... 290
Seção III �Da suspensão e extinção do poder familiar (arts. 1.635 �
1.638) ......................................................................................... 296
TÍTULOII �DODIREITOPATRIMONIAL .............................................. 311
SUBTÍTULOI�DOREGIMEDEBENSENTREOS
CÔNJUGES ........................................................................................ 313
Capítulo I � Disposições Gerais (arts. 1.639 � 1.652) ...................... 313
Capítulo II � Do Pacto Antenupcial (arts. 1.653 � 1.657) ............... 333
Capítulo III � Do Regime da Comunhão Parcial (arts. 1.658 � 1.666)
339
Capítulo IV � Do Regime de Comunhão Universal (arts. 1.667 �
1.671) .............................................................................................. 349
Capítulo V � Do Regime de Participação Final nos Aqüestos
(arts. 1.672 � 1.686) ................................................................... 353
Capítulo VI � Do Regime de Separação de Bens (arts. 1.687 � 1.688)
373
SUBTÍTULO II � DO USUFRUTO E DA ADMINISTRAÇÃO
DOS BENS DE FILHOS MENORES ................................................ 381
Arts. 1.689 � 1.693 .............................................................................. 381
SUBTÍTULO III � DOS ALIMENTOS .................................................. 387
Arts. 1.694 � 1.710 .............................................................................. 387
SUBTÍTULO IV � DO BEM DE FAMÍLIA ........................................... 413
Arts. 1.711 � 1.722 ............................................................................... 413
TÍTULO III � DA UNIÃO ESTÁVEL .................................................... 427
Arts. 1.723 � 1.727.............................................................................. 429
TÍTULO IV � DA TUTELA E DA CURATELA ..................................... 445
Capítulo I � Da Tutela (arts. 1.728 � 1.766) ..................................... 447
Seção I � Dos tutores (arts. 1.728 � 1.734) .................................. 447
Seção II � Dos incapazes de exercer a tutela (art. 1.735) .......... 469
Seção III � Da escusa dos tutores (arts. 1.736 � 1.739) ............. 475
Seção IV � Do exercício da tutela (arts. 1.740 � 1.752) .............. 481
Seção V � Dos bens dos tutelados (arts. 1.753 � 1.754) ............. 505
Seção VI � Da prestação de contas (arts. 1.755 � 1.762) ........... 513
Seção VII � Da cessação da tutela (arts. 1.763 � 1.766) ............ 527
Capítulo II � Da Curatela (arts. 1.767 � 1.783) ............................... 533
Seção I � Dos interditos (arts. 1.767 � 1.778) ............................. 535
Seção II � Da curatela do nascituro e do enfermo ou
portador de deficiência física (arts. 1.779 � 1.780) ................. 557
Seção III � Do exercício da curatela (arts. 1.781 � 1.783) ......... 563
Capítulo I — Disposições Gerais 1
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
TÍTULO I
DO DIREITO PESSOAL
O Novo Código Civil — Do Direito de Família2
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Capítulo I — Disposições Gerais 3
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
3
Subtítulo I
DO CASAMENTO
Capítulo I
D ISPOSIÇÕES GERAIS
Maria Luiza de Lamare São Paulo
Promotora de Justiça Titular da Curadoria de Família e Infância e
Juventude da Comarca de Nova Friburgo — Estado do Rio de Janeiro
Roberta da Silva Dumas Rego
Promotora de Justiça Titular da Curadoria de Justiça da Comarca de Bom
Jesus de Itabapoana — Estado do Rio de Janeiro
Ao longo de um quarto de século, enquanto o Projeto do
Novo Código Civil dormitava no Congresso Nacional, o cenário
sociopolítico experimentava alterações profundas e significati-
vas, aptas a moldar um novo sistema jurídico, em grande parte
expresso na Carta Constitucional de 1988.
O processo de redemocratização, o advento de duas consti-
tuições, o progresso biotecnológico e a releitura das instituições,
por certo, trouxeram a necessidade de compatibilizar o projeto
há tanto elaborado com a nova realidade. E tantos eram os dis-
positivos inconstitucionais ou anacrônicos frente à legislação
extravagante atualmente em vigor, que se fez necessária a apro-
vação de resolução alterando o Regimento Comum do Congresso
Nacional com vistas a permitir as imprescindíveis adequações
constitucionais e legais.
Deparamo-nos, então, agora, com um fato incontestável: a
nova codificação é uma realidade, a despeito daqueles que duvi-
davam da utilidade ou da possibilidade de aprovar um Projeto
de Código Civil com quase três décadas de defasagem.
O Novo Código Civil foi elaborado em meio à intensifica-
ção da atividade econômica, decorrente da urbanização e da pre-
valência das relações de consumo, circunstâncias refletidas na
O Novo Código Civil — Do Direito de Família4
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
própria estrutura organizacional da codificação. Neste contex-
to, logo após a Parte Geral � na qual se destacam os direitos e
deveres das pessoas e se estabelecem as regras gerais da vida
civil � situa-se, no primeiro livro da parte especial, a discipli-
na das obrigações. A seguir, encontram-se o livro denominado
Direito da Empresa, a disciplina do Direito das Coisas e, só en-
tão, vêm regulados o Direito de Família e o Direito Sucessório.
Cumpre registrar que inúmeras regras constantes da Par-
te Geral do Código Civil, algumas tidas como princípios, regu-
lamentam preceitos fundamentais expressos na Carta Magna.
A Constituição Federal de 1988 trouxe avanços consideráveis à
ordem jurídica, com repercussão em todos os ramos do Direito,
em especial, no Direito de Família, mais sensível às modifica-
ções sociais.
O Livro IV da Parte Especial do Código Civil, que trata do
Direito de Família, foi elaborado pelo jurista Clóvis do Couto e
Silva e teve como Relatores o Deputado Cleverson Teixeira e o
Senador José Ignácio Ferreira.
Em consonância com valores consagrados pela sociedade
moderna, a formulação jurídica da família recepciona relações
advindas não apenas do casamento, mas de outros modelos es-
truturais, como o oriundo da união estável e a comunidade
monoparental (art. 226, parágrafo 4º, CF).
Parece sintomático que, das 332 emendas aprovadas, 138
tratam de dispositivos relacionados ao Direito de Família, re-
presentando 42% (quarenta e dois por cento) das alterações.
O cerne da tutela legal foi deslocado para as relações fa-
miliares, não porque a família constitui uma unidade de produ-
ção e reprodução de valores sociais, e sim por ser a célula pri-
meira a abrigar o indivíduo, conferindo-lhe dignidade e propician-
do-lhe o desenvolvimento da personalidade.
É certo que questões palpitantes deixaram de ser aborda-
das pelo Novo Código Civil, tais como reprodução assistida, união
civil homossexual, famílias monoparentais e tantas outras que
não puderam, em razão da falta de amparo regimental, compa-
tibilizar-se com os reclamos sociais.
Não se pode olvidar, contudo, que o Novo Código Civil re-
sulta de esforço para sistematizar o Direito de Família, sincro-
nizando-o com o arcabouço constitucional adotado e os valores
consagrados pela sociedade contemporânea. Em verdade, as ver-
dadeiras inovações decorrem da Constituição e de leis posterio-
res, tais como o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Código
Capítulo I — Disposições Gerais 5
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
de Defesa do Consumidor, a Lei de Investigação de Paternidade
e tantas outras, não restando grandes inovações a serem imple-
mentadas pelo Novo Código Civil. Em verdade, as alterações
legislativas devem refletir os reclamos sociais, e, na hipótese, o
que se verifica é a dissociação entre o texto anacrônico e as ques-
tões emergentes da atualidade.
Assim como grande parte dos Códigos da atualidade, o novo
Código Civil não define o casamento. Campeiam no campo dou-
trinário acirradas divergências quanto à conceituação e à natu-
reza jurídica de tal instituto.
Sem embargo daqueles que repudiam a caracterização do
casamento como contrato, podemos defini-lo como um negócio
jurídico por meio do qual um homem e uma mulher se vinculam
numa relação matrimonial, com vistas à comunhão de vida.
Dessarte, o casamento é ato de autonomia privada. Relevante
sublinhar, contudo, que a extensão da autonomia privada no
Direito de Família é mais restrita do que a existente no campo
das relações patrimoniais. Embora inquestionável a presença
da autonomia privada na liberdade de casar, na liberdade de
escolha do cônjuge e no plano dos efeitos patrimoniais do casa-
mento, quanto aos seus efeitos pessoais, prevalece a regra da
indisponibilidade.
A tendência legislativa, em compasso com a orientação ju-
risprudencial, vem abrindo espaço à disponibilidade, admitin-
do, por exemplo, a adoção pelo cônjuge do nome de família do
consorte, a manutenção do nome de família do ex-cônjuge no
divórcio, a determinação do domicílio etc.
A liberdade de casar é tida hoje como direito fundamental,
consagrado pelo art. 16 da Declaração Universal dos Direitos
do Homem e pelo art. 12 da Convenção Européia dos Direitos do
Homem.
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão
plena de vida, com base na igualdade de direi-
tos e deveres dos cônjuges.
Direito anterior: Art. 5º, 226, §5º, da Constituição Federal e art.
229 do Código Civil.
Ver também: Arts. 231, 233/235, 240, 243 e 246 do Código Civil.
Dois aspectos devem ser considerados.
Primeiro, a igualdade de direitos e deveres dos cônjuges.
O Novo Código Civil — Do Direito de Família6
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Contemplado pela Constituição Federal de 1988, o princí-
pio da isonomia gera influxos no ordenamento jurídico como um
todo e, em especial, no Direito de Família. Como uma das alte-
rações mais significativas, alinha-se no texto codificado a insti-
tuição da paridade dos cônjuges no exercício da sociedade con-
jugal, constituindo, em seus efeitos jurídicos, o �poder familiar�,
em substituição ao poder marital. Não se pode olvidar, contudo,
que as alterações no ordenamento civil, conquanto considerá-
veis, nada mais são do que projeções do texto constitucional. No
processo evolutivo, o marco não foi propriamente o Novo Código
Civil, mas sim a promulgação da Constituição Federal de 1988.
O Código Civil de 1916, influenciado pelo Direito Romano,
consagrava o modelo patriarcal, onde o varão desempenhava o
papel de chefe da família e a mulher sequer era dotada de plena
capacidade civil. Tal modelo somente foi ultrapassado muito
tempo depois, como decorrência de um processo lento e
gradativo. Com a revolução industrial e as guerras mundiais, a
mulher se viu obrigada a buscar colocação no mercado de traba-
lho e, por vezes, a assumir as rédeas da condução familiar.
No direito pátrio, o Estatuto da Mulher Casada represen-
tou um marco neste processo histórico, ao atribuir àquela capa-
cidade plena.
Em pleno século XXI, seria inaceitável que o ordenamento
jurídico deixasse de consagrar a já efetivamente reconhecida
igualdade entre homens e mulheres e, por conseguinte, os efei-
tos da adoção deste princípio sob todos os aspectos, atribuindo-
lhe plena efetividade. Para tanto, imprescindível conferir-lhes
igualdade de direitos e condições, respeitadas as peculiarida-
des de cada um dos consortes. Vale destacar que aos homens e
às mulheres são conferidos iguais direitos e deveres, o que não
significa a igualdade de atributos entre as pessoas. Tal ponde-
ração não deve ser olvidada a fim de que a paridade de direitos
lhes seja materialmente assegurada, deixando de figurar ape-
nas no campo formal. A licença-maternidade, por exemplo, tem
período de duração superior ao da licença-paternidade, em ra-
zão do aleitamento, e, por conseguinte, da necessária presença
física da mulher ao lado do bebê.
Segundo aspecto diz respeito à nova conformação do casa-
mento, cujo objetivo é estabelecer comunhão de vida entre os
cônjuges. O antigo Código Civil estabelecia que o casamento ti-
nha como finalidades a educação dos filhos, o convívio sexual e
o auxílio mútuo e recíproco. Elaborado em 1916, o Código Civil
Capítulo I — Disposições Gerais 7
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Brasileiro acolheu as influências do Direito Canônico, segundo
o qual o fim primário do casamento era a procriação e a educa-
ção da prole, e o secundário, a mútua colaboração e o remédio
contra a concupiscência. Tal entendimento não subsiste no vi-
gente Código Canônico, de 1983, que define o casamento como
�aliança matrimonial, pela qual o homem e a mulher constituem
entre si uma comunhão de vida toda�. Destarte, foi abolida a
hierarquia entre as finalidades do casamento, sendo valorizado
o elemento moral na vida de família.
Oportuno destacar a supressão, no projeto original do Novo
Código Civil, da expressão �e institui a família legítima�. Isto
se deu em virtude da proteção constitucional conferida à união
estável entre um homem e uma mulher e à comunidade forma-
da por qualquer dos pais e seus descendentes, como entidades
familiares merecedoras de reconhecimento do Estado. Atribuir
legitimidade exclusivamente à família advinda do casamento
seria burlar o dispositivo constitucional. A partir de 1988, a
Constituição Federal reconheceu que o casamento não é a única
forma de constituição da família, estendendo a proteção à união
estável e à comunidade monoparental.
Art. 1.512. O casamento é civil e gratuita a sua
celebração.
Direito anterior: Art. 226, § 1º, da Constituição Federal.
Casamento é negócio jurídico solene.
Entre os séculos X e XVIII, a Igreja conservou o monopólio
da disciplina do casamento. Com a reforma protestante, inau-
gurou-se o processo de secularização do vínculo matrimonial.
Assim, o casamento civil foi inicialmente introduzido nos paí-
ses protestantes, sob o influxo das idéias difundidas por Lutero
e Calvino, no sentido de negar a natureza sacramental do ma-
trimônio e defender sua disciplina e jurisdição pelo Estado.
No Brasil, somente em 1889, com a Proclamação da Repú-
blica, o casamento civil foi acolhido pela legislação, delineando-
se a separação do casamento civil e do religioso.
O Decreto nº 181, de 24 de janeiro de 1890, estabeleceu
que somente o casamento civil teria o condão de gerar efeitos
jurídicos. O dogma da soberania do Estado moderno influenciou
de tal forma o ordenamento jurídico da época que, em 26 de ju-
nho de 1890, foi expedido um decreto prescrevendo que �O casa-
O Novo Código Civil — Do Direito de Família8
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
mento civil, único válido nos termos do art. 108 do Decreto 181,
de 24 de janeiro último, precederá sempre as cerimônias religio-
sas de qualquer culto, com que desejam solenizá-la os nubentes.
O ministro de qualquer confissão que celebrar as cerimônias re-
ligiosas do casamento antes do ato civil será punido com seis
meses de prisão e multa da metade do tempo�. Com tal determi-
nação, pretendia o legislador desestimular a realização de ceri-
mônias religiosas sem o correspondente casamento civil, dei-
xando os nubentes a descoberto da proteção legal, além de pôr
em relevo a soberania Estatal. Em grande parte dos países oci-
dentais, o casamento civil obrigatório caracterizou um dos as-
pectos do cisma entre o Estado e a Igreja.
A obrigatória precedência da celebração do casamento ci-
vil não inibia os cônjuges de contraírem casamento religioso e
de fazê-lo segundo seu culto, embora nenhum valor jurídico fos-
se atribuído à solenidade religiosa, pois esta era facultativa.
O casamento civil obrigatório foi consagrado na Carta
Constitucional de 1891. Enquanto o Estado só emprestava efei-
tos jurídicos ao casamento civil, para o ordenamento religioso
era válido exclusivamente o casamento religioso, impondo aos
nubentes a dupla celebração. Tal situação arrastou-se até 1934,
quando a nova Constituição atribuiu efeitos civis ao casamento
celebrado em forma religiosa.
Cumpre salientar que não foi instituído outro tipo de ca-
samento, admitindo-se tão-somente formas de celebração do
casamento civil. Este é o sistema que perdura até os dias atuais.
Desta forma, buscou o legislador adequar o sistema matrimonial
às peculiaridades históricas e sócio-culturais do povo brasileiro,
tão profundamente marcado pela religiosidade.
Parágrafo único. A habilitação para o casamen-
to, o registro e a primeira certidão serão isen-
tos de selos, emolumentos e custas, para as
pessoas cuja pobreza for declarada, sob as pe-
nas da lei.
A gratuidade da celebração do casamento civil é assegura-
da pelo art. 226, § 1º da Constituição. O Código Civil cuidou,
portanto, de estendê-la aos atos necessários à formalização do
casamento, quais sejam, habilitação, registro e primeira certi-
dão. Tal determinação é consentânea com a diretriz adotada pela
Capítulo I — Disposições Gerais 9
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Carta Magna, visando à adoção de políticas públicas voltadas
para a proteção da família e ao incentivo ao casamento, como
decorre, por exemplo, do disposto no art. 226, § 3º. Para que os
contraentes façam jus à gratuidade, basta a simples afirmação
de hipossuficiência financeira, tal como sucede nas hipóteses
de deferimento do benefício da justiça gratuita, previsto pela
Lei 1.060/50.
O Decreto 83.936, de 06 de setembro de 1979, aboliu a exi-
gência de atestado de pobreza, emitido por autoridade pública.
É certo que, no projeto original, havia previsão de reco-
nhecimento judicialde pobreza. A manutenção deste dispositi-
vo, além de dif icultar o acesso à justiça em virtude do
assoberbamento da máquina judiciária, constituiria um incen-
tivo à não realização do casamento.
Aquele que se encontre em situação de pobreza limita-se a
declará-la, sujeitando-se, caso incorra no crime de falsidade ide-
ológica, às penas da lei.
Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direi-
to público ou privado, interferir na comunhão
de vida instituída pela família.
Direito anterior: Art. 226, § 7º, da Constituição Federal.
A vedação da interferência na comunhão de vida instituí-
da pela família constitui política pública de respeito à dignida-
de familiar. Oportuno pôr em relevo que, inobstante a inserção
deste artigo nas disposições gerais do casamento, a proteção é
extensiva a todas as formas de entidade familiar, seja esta de-
corrente da união estável ou da comunidade monoparental.
Uma notável modificação introduzida pela nova lei diz res-
peito à codificação das disposições protetoras da organização fa-
miliar, como o planejamento familiar, livre decisão do casal, in-
tervindo o Estado tão-somente para propiciar recursos educacio-
nais e científicos ao exercício deste direito (art. 1.567). Nas pa-
lavras de Orlando Gomes, surgiu modernamente a socialização
dos deveres familiares, quando o Estado chama para si as obri-
gações que a lei sempre impôs aos cônjuges, auxiliando a cria-
ção dos filhos, mediante a concessão de abonos especiais. Orga-
nizando em larga escala a previdência social, ampara e socorre
os cônjuges mediante o auxílio-enfermidade. Descarrega, em
O Novo Código Civil — Do Direito de Família1 0
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
suma, nos ombros da sociedade encargos que outrora incumbi-
am ao marido. 1
Deve-se ressaltar a Lei nº 9.263/96, sobre Planejamento
Familiar, que não é uma forma de interferência nas decisões do
casal, mas a previsão da política social estatal de prevenção e
auxílio aos casais.
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento
em que o homem e a mulher manifestam, peran-
te o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo
conjugal, e o juiz os declara casados.
Direito anterior: Art. 194 do Código Civil.
O consentimento matrimonial é elemento indispensável ao
casamento e a vontade dos contraentes voltada para o estabele-
cimento de plena comunhão de vida deve ser manifestada no
momento da celebração. Cuida-se do princípio da atualidade do
consentimento. Se o caráter personalíssimo do casamento im-
põe decisão pessoal dos nubentes e não admite representação
legal, a lei prevê hipótese de representação voluntária no casa-
mento celebrado mediante procuração.
O cunho estritamente pessoal do casamento decorre de sua
natureza familiar. Na esteira destas considerações, pode-se afir-
mar que o casamento não pode ser celebrado a termo ou sob
condição. Cláusulas neste sentido revelam-se incompatíveis com
a dignidade e a essência da relação afetiva e comunitária
advinda do casamento. Soma-se a estas razões a imprescindível
certeza quanto ao estado civil das pessoas, ditado pelo interes-
se público.
Se a vontade dos nubentes é elemento essencial do casa-
mento, a lei impõe que sua manifestação seja permeada de for-
malidades, com o propósito de alertá-los para a seriedade da
condição que pretendem assumir, de protegê-los de sua preci-
pitação, ao demandar mais acurada preparação e, portanto, maior
reflexão, e para facilitar a prova. Dentre as formalidades que
cercam o casamento, distinguem-se o processo preparatório e a
celebração propriamente dita, seguida pelo registro.
1 Introdução ao Direito Civil, atualizador Humberto Theodoro Júnior,
17ª ed., Ed. Forense, 2000, p.85/86.
Capítulo I — Disposições Gerais 1 1
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Em resumo, tanto a manifestação da vontade dos noivos
como a presença da autoridade são requisitos essenciais para a
realização do casamento, por força da natureza de ato jurídico
complexo. Assim, são partes, obrigatoriamente, os nubentes e o
juiz de paz.
A consumação se dá no momento em que a autoridade,
ouvindo a livre manifestação dos noivos, declara-os casados.
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender
às exigências da lei para a validade do casa-
mento civil, equipara-se a este, desde que re-
gistrado no registro próprio, produzindo efeitos
a partir da data de sua celebração.
Direito anterior: Art. 226, § 2º, da Constituição Federal.
O instituto do casamento religioso, antes disciplinado pela
Lei 1.110/50, foi inserido no Código Civil.
Ao revés do sistema facultativo do tipo latino (ou católi-
co), em que se admite o matrimônio religioso tal como discipli-
nado pelo direito canônico, o sistema adotado pelo Brasil, de
influência anglo-saxônica, não reconheceu um verdadeiro e pró-
prio casamento religioso, na medida em que prevalece a unida-
de da lei matrimonial e da jurisdição do Estado.2
2 �No Brasil, o casamento civil foi introduzido como medida política
associada às tendências republicanas. Na população, continuou a ser
usado o casamento religioso, estabelecendo-se, com raríssimas exce-
ções, a dualidade de atos. Todos os nubentes casavam duas vezes, uma
no civil e outra no religioso. A Constituição de 1934 veio permitir o
casamento religioso com efeitos civis. A de 1937 deixou toda a maté-
ria à legislação ordinária. Era indiferente ao modo da celebração. Podia
ser adotado, tão-só, o casamento civil, ou as duas formas, ou só o ca-
samento religioso. A Constituição de 1946 volveu à 1934.
Tal faculdade de variar de sistema põe diante de nós o problema da
técnica legislativa. Não nos parece que o Estado deva impor o casa-
mento civil, nem qualquer forma de casamento religioso. Tão-pouco,
visão sociológica das premissas permite que consideremos as religiões
como simples negócios privados, pois que, antes de serem fatos inte-
riores dos indivíduos, são processos sociais, cá fora. A melhor solução
é reconhecer o Estado a celebração segundo a religião dos nubentes,
ou segundo as regras de direito interconfessional, quando forem de
religiões diferentes, e permitir aos que não têm religião, ou que prefe-
O Novo Código Civil — Do Direito de Família1 2
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Ao estabelecer que o casamento é civil, a lei não retira dos
nubentes a faculdade de optar quanto à forma de prestar o con-
sentimento matrimonial, admitindo-o no contexto religioso, na
presença do ministro do culto ou, no ato da celebração civil, pe-
rante o Juiz. Independentemente da forma de celebração, é cer-
to que o casamento é civil, disciplinado pela legislação estatal.
O sistema adotado no Brasil desde 1934 garante idêntica
situação jurídica perante o Estado aos consortes, independen-
temente das diferenças entre os dois grupamentos sociais que
compõem a sociedade brasileira, sendo, portanto, mantido pelo
novo Código Civil. Aliás, a unidade da disciplina legislativa e a
faculdade de escolher entre a celebração civil e religiosa de ce-
lebração do casamento, ajustam-se perfeitamente à ordem cons-
titucional do País, cuja Carta Magna assegura a inviolabilida-
de da liberdade de consciência e de crença (art. 5º, VI).
Ao tempo da Constituição Federal de 1946, foi publicada a
Lei 1.110 /50 para disciplinar os efeitos civis do casamento reli-
gioso.
Na medida em que a Constituição Federal de 1988 assegu-
ra, em seu art. 226 §§ 1º e 2º, que �O casamento é civil e gratuita
a sua celebração� e �O casamento religioso tem efeito civil, nos
termos da lei�, a matéria continuou a ser regulada pela Lei 1.110/
50, até a edição do novo Código Civil.
Como autoriza a lei civil, os nubentes podem optar pela
celebração do casamento perante a autoridade religiosa, que
deve documentar a realização do ato lavrando assento do casa-
mento religioso com os requisitos do art. 70 da Lei 6.015/73 (Lei
de Registros Públicos).
Oportuno insistir que, pela análise do texto codificado,dessume-se que, em matéria de formação da família pelo casa-
mento, escassas inovações podem ser reconhecidas no novo Có-
digo.
Na prática, devem os noivos promover, perante o oficial de
registro civil, a habilitação reclamada para o casamento civil e
apresentar a certidão de que estão habilitados a comparecerem
perante a autoridade religiosa apta para promover a solenida-
rem casar-se sem os efeitos religiosos, o casamento civil. Assim, per-
feitamente se conciliam os interesses das religiões, os dos indivíduos
e os do Estado, ressaltando o valor teórico e prático da solução
legislativa� (Pontes de Miranda, Tratado de Direito de Família, vol. I,
Direito matrimonial, 3ª ed., Max Limonad, 1947, p. 91).
Capítulo I — Disposições Gerais 1 3
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
de, no prazo legal. Após o ato, que deve revestir-se da formali-
dade prevista na legislação civil, os interessados, no prazo le-
gal, realizarão o registro, expedindo então, o oficial, a certidão
competente.
Art. 1.516. O registro do casamento religioso
submete-se aos mesmos requisitos exigidos
para o casamento civil.
Direito anterior: Art. 71 da Lei nº 6.015.
Deve ser ressaltado que a Lei faculta apenas a realização
solene do ato de acordo com a confissão religiosa dos nubentes,
sendo certo que toda a documentação a ser apresentada peran-
te o oficial da habilitação é determinada e especificada pela le-
gislação civil. Os outros documentos impostos pela autoridade
religiosa, de acordo com a confissão dos noivos, são determina-
ções estranhas à legislação civil e peculiares a cada uma delas.
O rito a ser adotado no casamento religioso é determinado pe-
las �regras jurídicas extra-estatais de cada confissão�,3 desde que
observados os requisitos para a celebração do casamento civil
(manifestação dos cônjuges de que pretendem casar por livre e
espontânea vontade, na presença de testemunhas).
§ 1º O registro civil do casamento religioso de-
verá ser promovido dentro de noventa dias de
sua realização, mediante comunicação de qual-
quer interessado, desde que haja sido homolo-
gada previamente a habilitação regulada neste
Código. Após o referido prazo, o registro depen-
derá de nova habilitação.
A celebração do casamento religioso pode ocorrer com pré-
via habilitação ou não. Para que seja efetuado seu registro ci-
vil, no entanto, a habilitação se faz imprescindível. O parágrafo
primeiro do art. 1.516 cuida da hipótese de casamento religioso
precedido de habilitação.
Como dispõe o art. 1.525 da nova Codificação, o procedi-
mento de habilitação é inaugurado com a declaração dos inte-
ressados de que pretendem contrair casamento perante a auto-
3 Pontes de Miranda, obra cit., p. 225.
O Novo Código Civil — Do Direito de Família1 4
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
ridade religiosa. Encerrado o procedimento preliminar, os noi-
vos recebem o certificado do oficial do Registro Civil, o qual os
habilita à realização do matrimônio.
O assento do casamento religioso deve ser entregue ao ofi-
cial do Registro Civil através do qual se processou a habilitação
para que realize a devida transcrição.
Qualquer interessado deve requerer, no prazo de noventa
dias, que se faça a transcrição da certidão do assento no regis-
tro civil.
O Código Civil praticamente reeditou o texto da Lei 1.110,
mantendo algumas lacunas que, ao longo do tempo, vêm sendo
alvo de crítica dos operadores do Direito. Uma falha há muito
tempo apontada é a circunstância de que as partes não estão
obrigadas a promover a transcrição do casamento religioso. A
rigor, o sistema conferia aos cônjuges disponibilidade dos efeitos
civis do casamento. A despeito de terem declarado no procedi-
mento de habilitação desejar os efeitos civis do casamento, os
cônjuges podiam simplesmente deixar de requerer a transcri-
ção, gerando até mesmo incerteza social quanto ao estado civil
das pessoas e os efeitos jurídicos dele decorrentes. A lei atual
substituiu a expressão poderá, presente no art. 73 de Lei de
Registros Públicos, pelo comando verbal expresso na palavra
deverá, ora inserta no parágrafo primeiro. A lei, todavia, não
prevê qualquer tipo de sanção para a omissão, salvo as conse-
qüências jurídicas comuns advindas da não inscrição de ato ju-
rídico sujeito a registro.
O parágrafo primeiro do art. 1.516 estatui também que
qualquer interessado poderá promover o registro civil do casa-
mento religioso, deixando de individualizar as pessoas legiti-
madas a fazê-lo. Seguindo a disciplina anterior, o Código Civil
não inovou também neste particular. A orientação que vem sen-
do adotada procura considerar interessadas apenas aquelas
pessoas que, no âmbito familiar, possam, da eficácia civil do
casamento religioso, extrair alguma �utilidade jurídica�, a exem-
plo dos filhos, cônjuges e ascendentes, em relação aos direitos
sucessórios e aos alimentos.
Segundo o sistema adotado, a transcrição do casamento
religioso é condição de eficácia dos efeitos civis, assumindo fei-
ção constitutiva e não meramente declaratória. A transcrição
do casamento religioso no registro público dentro do prazo de
noventa dias de sua realização confere efeitos civis desde a data
da celebração. O art. 7º da Lei 1.110 já assegurava a retroativi-
Capítulo I — Disposições Gerais 1 5
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
dade dos efeitos do casamento civil à data da celebração religio-
sa. Neste caso, os efeitos civis decorrem da transcrição e não da
celebração propriamente dita.
Em resumo, pode o pedido de registro ser feito pelo próprio
celebrante, pelos nubentes pessoalmente ou através de procura-
dor.
O celebrante, no primeiro caso, envia ao cartório onde se
processou a habilitação civil informação completa relativa ao
ato solene, com todos os dados determinados no artigo 1.536 deste
Código.
Em sendo o caso de o pedido de registro ser feito pelos
nubentes, devem estes levar ao cartório de registro competente
a declaração do celebrante, também com todos os dados neces-
sários: hora e local da celebração, dia, mês e ano, nome comple-
to do celebrante e cargo ocupado na confissão religiosa a que
pertence, nomes completos, idades, profissões, domicílio e resi-
dência dos nubentes, seus pais e testemunhas do ato.
Uma interpretação sistemática da lei induz ao entendimen-
to de que o prazo de noventa dias se refere à eficácia do certifi-
cado de habilitação para o casamento. A transcrição do casa-
mento religioso no registro público pode ser feita extempo-
raneamente, desde que os interessados promovam nova habili-
tação, retroagindo os efeitos do casamento na forma do art.
1.515. Tanto assim que o parágrafo seguinte admite a transcri-
ção do casamento realizado sem a prévia habilitação, sendo
injustificável negar-lhe efeitos quando celebrado de acordo com
as formalidades legais.
§ 2º O casamento religioso, celebrado sem as
formalidades exigidas neste Código, terá efei-
tos civis se, a requerimento do casal, for regis-
trado, a qualquer tempo, no registro civil, medi-
ante prévia habil i tação perante a autoridade
competente e observado o prazo do art. 1.532.
Caso haja a celebração do casamento religioso sem as for-
malidades preliminares, a transcrição do casamento religioso
fica condicionada à prévia habilitação perante o oficial do Re-
gistro Civil. O processo de habilitação inicia-se com o requeri-
mento dos nubentes, acompanhado da prova do ato religioso e
dos documentos relacionados no art. 1.525 deste Código.
O Novo Código Civil — Do Direito de Família1 6
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
O procedimento de habilitação tem o escopo de verificar a
existência, à época da celebração, de algum impedimento que
inviabilize a transcrição.
Para o registro do casamento, devem constar do termo do
ato religioso os elementos elencados no art. 1.536 do Código
Civil, bem como o nome e a posição ocupada pelo celebrantena
confissão religiosa a que pertence.
§ 3º Será nulo o registro civil do casamento re-
ligioso se, antes dele, qualquer dos consorcia-
dos houver contraído com outrem casamento
civil.
Na sistemática anterior, o surgimento de impedimento
entre a celebração religiosa e o registro não obstava a transcri-
ção, da mesma forma que a morte de um dos nubentes não cons-
tituía empecilho ao registro do casamento realizado valida-
mente. Exemplificativamente, o casamento civil de um dos côn-
juges com terceiro entre a celebração do casamento religioso e
sua transcrição não a inviabilizava, sendo nulo o segundo ma-
trimônio. O parágrafo terceiro do art. 1.516 veio espancar, de
forma expressa, esta possibilidade, o que, de certo modo, se con-
trapõe à própria natureza jurídica do instituto. Como os efeitos
civis do casamento religioso retroagem à data da celebração,
deveria ser o segundo casamento eivado pelo vício da nulidade.
Os impedimentos ao casamento e suas causas suspensivas de-
veriam ser aferidas no momento da celebração religiosa, visto
que retroativos os efeitos civis decorrentes do registro. A opção
legislativa, contudo, encontra justificativa na necessária segu-
rança das relações jurídicas. A relevância do registro advém do
fato de este permitir a prova do casamento e do estado civil atra-
vés das certidões. Assim, não resta destituída de coerência a
posição legislativa ao conferir validade ao casamento que for
primeiro transcrito no Registro Civil.
Cuida-se de inovação no Código Civil, que silencia de vez
algumas vozes isoladas que ainda viam na transcrição do casa-
mento ato de natureza meramente declaratória.
Capítulo II — Da Capacidade para o Casamento 1 7
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Capítulo II
DA CAPACIDADE PARA O CASAMENTO
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis
anos podem casar, exigindo-se autorização de
ambos os pais, ou de seus representantes le-
gais, enquanto não atingida a maioridade civil.
Direito anterior: Art. 183, XI e XII, 185 e186 do Código Civil.
Ver também: Art. 5º, I da Constituição Federal e Arts. 1º; 3º,
inciso I e 5º, parágrafo único, inciso II; todos do Código Civil.
O dispositivo estabelece a idade núbil, ou seja, a partir da
qual é permitido contrair casamento.
A capacidade, como condição para o casamento, tem natu-
reza positiva: podem casar. Significa aptidão para constituição
de sociedade conjugal civil, em razão da idade, conjugando-a
com a vontade livre.
O antigo Código Civil dispunha que a mulher poderia ca-
sar-se a partir de dezesseis e o homem a partir de dezoito anos,
estabelecendo, outrossim, a necessidade de autorização dos pais
ou dos representantes legais daqueles para o casamento dos me-
nores de vinte e um anos. A distinção era justificada por moti-
vos fisiológicos e sociológicos. Primeiramente, porque se enten-
dia que, na mulher, a puberdade ocorria mais precocemente do
que nos homens, reconhecendo-lhe a capacidade para a concep-
ção a partir dos dezesseis anos. Segundo, porque, como ao ho-
mem era atribuído o papel de provedor do lar, supunha-se que
somente a partir dos dezoito anos se revelaria capaz de alcan-
çar maturidade e qualificação profissional que lhe permitisse
assumir o encargo familiar. Para compatibilizar o texto com a
igualdade de tratamento assegurada a homens e mulheres pela
Constituição Federal, a diferença de idade foi rechaçada pelo
novo ordenamento jurídico.
1 7
O Novo Código Civil — Do Direito de Família1 8
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
A Carta Magna, em seu art. 226, § 5º, preceitua que �os
direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos
igualmente pelo homem e pela mulher�. Diante de tal comando,
não pôde subsistir o argumento até então invocado para a dis-
tinção do limite de idade para o casamento, sendo os encargos
de sustento da família partilhados pelo casal. Presumiu o legis-
lador que, aos dezesseis anos, jovens de ambos os sexos já pos-
suem suficiente maturidade física e mental para a responsabi-
lidade familiar.
Não se pode olvidar que o próprio ato matrimonial, volta-
do à comunhão plena de vida entre os cônjuges, requer dos
nubentes certo grau de maturidade, o que justifica o estabeleci-
mento da idade núbil inspirado no desenvolvimento pleno da
personalidade. Na esteira de tal assertiva, vale destacar o as-
pecto negativo da opção legislativa ao fixar a idade núbil aos
dezesseis anos (e não aos dezoito), em descompasso com a idéia
de completa maturidade psíquica. Tanto assim que a capacida-
de negocial só é conferida aos maiores de dezoito anos.
Segundo tendência observada em algumas legislações es-
trangeiras (italiana e alemã), uma solução coerente com a gra-
vidade do ato matrimonial é a coincidência entre a idade núbil
e aquela exigida para a capacidade geral.
O ordenamento jurídico estabelece uma incapacidade es-
pecífica em matéria de casamento, que não pode ser sanada pelo
instituto da representação, uma vez que a vontade de casar é
pessoal e deve ser manifestada pelo próprio nubente.
Os maiores de dezesseis anos, conquanto permaneçam su-
jeitos ao poder familiar até os dezoito, podem contrair casamen-
to. Podem, portanto, expressar validamente a vontade de casar,
devendo, porém, contar com a anuência dos pais ou represen-
tante legal.
Também com base na igualdade de direitos e deveres en-
tre os cônjuges, passou-se a exigir a autorização de ambos os
pais. O pai deixou de ter o poder de definir o futuro dos filhos
com exclusividade, partilhando com a mãe o poder familiar. A
expressão �pátrio poder� foi, inclusive, abolida do novo texto le-
gal, a fim de afastar, definitivamente, a idéia de que cabem ao
homem as determinações concernentes aos filhos. Havendo di-
vergência entre os genitores, a questão é decidida pelo juiz. Esta
exegese já vem norteando a aplicação da lei desde 1988.
Se antes a autorização dos pais era exigível aos menores
de vinte e um anos, hodiernamente só o é aos menores de dezoi-
Capítulo II — Da Capacidade para o Casamento 1 9
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
to, como decorrência da antecipação da maioridade civil. Aos
dezoito anos, o nubente atinge a plena capacidade civil, poden-
do casar, independentemente da manifestação dos pais ou de
seus representantes legais.
Oportuno ressaltar que o novo Código reduz para dezesseis
anos a possibilidade de emancipação do filho, passando ele a
gozar de plena capacidade civil. Ao lado da emancipação, exer-
cício de emprego público efetivo, colação de grau em curso de
ensino superior e estabelecimento civil ou comercial com econo-
mia própria, o casamento sempre constituiu causa de cessação
da incapacidade civil.
Parágrafo único. Se houver divergência entre os
pais, aplica-se o disposto no parágrafo único
do art. 1.631.
O poder familiar compete aos pais. Na falta ou impedimen-
to de um deles, o outro o exercerá com exclusividade. Na hipóte-
se de ambos os genitores terem tido declarada a ausência, te-
nham sido interditados, suspensos ou destituídos do poder fami-
liar, o poder de assentir será conferido a um tutor.
Impedimentos de fato ao exercício do poder familiar são,
para efeito do assentimento, equiparados aos impedimentos de
Direito. É o que ocorre, por exemplo, com o genitor acometido
por doença mental não interditado ou com o genitor que tenha
abandonado o lar encontrando-se em local ignorado, apesar de
não declarado ausente judicialmente. Nestes casos, a ocorrência
do impedimento de fato deve ser demonstrada no procedimento
de habilitação matrimonial, a ser submetido ao crivo do Ministé-
rio Público.
Ao contrário do que ocorria sob a vigência da lei anterior,
quando prevalecia a vontade do cônjuge com quem estivessem
os filhos pela lei atual, em caso de ruptura da vida em comum,
não há qualquer alteração no status jurídico entre pais e filhos,
exceto quanto ao direito de os primeiros terem os segundos em
sua companhia. Logo,para o casamento do menor de dezoito,
permanece imprescindível a autorização de ambos os pais, ain-
da que insubsistente a sociedade conjugal entre estes.
O poder de assentir no casamento dos filhos é considerado
atributo do poder familiar.
E, na forma do art. 1.519, entendendo injusta a denegação
de seus pais, ou tutor, poderá o menor pedir o necessário supri-
mento judicialmente.
O Novo Código Civil — Do Direito de Família2 0
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Art. 1.518. Até a celebração do casamento, po-
dem os pais, tutores ou curadores revogar a au-
torização.
Direito anterior: Art. 187 do Código Civil.
A revogação da autorização deve ser feita, por escrito, pe-
rante a autoridade onde se processa a habilitação, com indica-
ção de motivo justo e posterior à autorização, ou de fato ou cir-
cunstância que ensejou o erro.
Se a revogação se der no momento da celebração, pode ser
feita oralmente.
Uma vez apresentada a revogação, deve ser suspensa a tra-
mitação da habilitação ou a celebração do ato, se apresentada
em tal momento, para que se apure a relevância da causa, de-
vendo ser decidida pelo juiz do registro civil competente, ouvi-
do o Ministério Público.
Questiona-se quanto à possibilidade de outrem revogar a
autorização, na falta ou impedimento daqueles que autoriza-
ram, em havendo uma causa superveniente. Somos no sentido
de que pode ser pedida a revogação pela pessoa ora represen-
tante do menor, através do procedimento próprio, explicitada a
circunstância superveniente.
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quan-
do injusta, pode ser suprida pelo juiz.
Direito anterior: Art. 188 do Código Civil.
Não havendo hipótese legal de justa causa para a negati-
va da autorização, deverá haver apreciação judicial dos motivos
alegados, decidindo o juiz pela relevância ou não dos fatos e
circunstâncias, cabendo o ônus da prova a quem negou o con-
sentimento.
O assentimento dos titulares do poder familiar é forma de
integração da vontade do nubente menor de dezoito anos e pode
ser suprido por decisão judicial, quando injusta a recusa.
Havendo pedido de suprimento judicial, os pais serão cita-
dos para que esclareçam os fundamentos da denegação, deven-
do o juiz avaliar sua legitimidade.
Embora não haja critérios estabelecidos para aferir a jus-
tiça da decisão dos pais, o magistrado pode buscar orientação
nos elementos fornecidos no art. 1.637 do Código Civil, onde são
traçadas diretrizes para o exercício legítimo do poder familiar
Capítulo II — Da Capacidade para o Casamento 2 1
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
(segurança do menor e de seus haveres). O que não se admite é
o abuso do poder familiar, devendo este ser informado tão-so-
mente pelo interesse do menor.
Tradicionalmente, os tribunais pátrios suprem o assenti-
mento denegado pelos genitores nas hipóteses de vida em co-
mum entre os nubentes ou gravidez.
Data maxima venia, essas circunstâncias, por si só, não
caracterizam a injustiça da recusa ao assentimento. Por óbvio,
a natureza do matrimônio demanda maturidade que habilite os
nubentes à responsabilidade decorrente da sociedade conjugal.
A experiência é pródiga em demonstrar que casamentos prema-
turos culminam freqüentemente em divórcio. Assim, tanto o
suprimento de consentimento, como o suprimento de idade núbil
demandam cuidadosa ponderação das circunstâncias de cada
caso, a fim de que o enlace não seja efetivado com o propósito
único de tutelar a honra presumida ou conveniências sociais.
Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o
casamento de quem ainda não alcançou a ida-
de núbil (art. 1.517), para evitar imposição ou
cumprimento de pena criminal ou em caso de
gravidez.
Direito anterior: Art. 214 do Código Civil.
Na redação original do Projeto do Código Civil, seria per-
mitido o casamento de menor incapaz para evitar imposição ou
cumprimento de pena criminal ou para resguardo da honra da
mulher que não atingiu a maioridade. Nestes casos, o juiz pode-
ria ordenar a separação de corpos, até que os cônjuges alcan-
çassem a idade legal.
Demonstrando estar atento à evolução social e aos valores
contemporâneos, o legislador entendeu que a falta de convivên-
cia conjugal comprometeria o próprio casamento, estando o dis-
positivo em franca dissonância com a diretriz traçada pela Car-
ta Magna, ao conferir especial proteção à família.
Inegável que a convivência de jovens que ainda não alcan-
çaram a idade núbil é freqüente e usualmente aceita no meio
social. Como se posicionou o eminente desembargador do Tribu-
nal de Justiça de São Paulo, Yussef Said Cahali, em audiência
pública perante a Comissão Especial de Reforma do Código Ci-
vil, �essa idade núbil, hoje, na prática, realmente não funcio-
na�. Negar a realidade social não altera o curso dos aconteci-
O Novo Código Civil — Do Direito de Família2 2
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
mentos. A lei deve espelhar as peculiaridades de seu tempo, sob
pena de se tornar nada mais do que letra morta e cair em des-
crédito.
A norma foi criada com o escopo de excepcionar a regra
geral que admite o casamento a partir dos dezesseis anos.
Visto ter a idade cronológica natureza jurídica de condi-
ção para a realização do casamento, pode tal condição ser su-
prida pelo juiz, em face de determinadas circunstâncias. O Có-
digo não determina idade mínima dispensável; assim, inexiste
limitação legal, desde que presente uma das situações expres-
samente previstas, quais sejam gravidez e imposição de pena a
evitar.
Resta a inafastável pergunta: e quanto ao menor que bus-
ca suprimento de idade núbil fora dos casos expressamente as-
sinalados?
Não se cuida aqui de resguardar a honra da mulher sem a
devida capacidade civil, e sim conferir especial proteção a uma
família em vias de formação. Evidentemente, situações como esta
preservam o traço da excepcionalidade, embora facetas da rea-
lidade apontem não raras situações em que adolescentes se unem
em relacionamentos não juridicamente formalizados. A alterna-
tiva seria negar o suprimento e incentivar a formação de uniões
informais, envolvendo interesses de pessoas em desenvolvimen-
to que, mais do que aquelas detentoras da plena capacidade ci-
vil, carecem de especial proteção do Estado.
Questões de ordem prática, portanto, aconselham o
abrandamento dos limites legais e a adoção de providências re-
lacionadas à proteção da nova família a ser formada, com ou
sem anuência judicial. Conveniente, portanto, a realização de
estudo social, avaliação psicológica e orientação familiar, medi-
das previstas no art. 101 da Lei 8.069 (Estatuto da Criança e do
Adolescente), como forma de adequar a aplicação da lei às dire-
trizes firmadas pela Constituição Federal, proporcionando efe-
tiva proteção ao menor e à família.
Capítulo III — Dos Impedimentos 2 3
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Capítulo III
DOS IMPEDIMENTOS
Os impedimentos constituem causas obstativas da reali-
zação do casamento, determinando sua invalidade caso desres-
peitadas.
Na sistemática adotada pelo vetusto Código Civil, os im-
pedimentos classificavam-se em dirimentes absolutos, dirimen-
tes relativos e os meramente impedientes ou proibitivos. A in-
fringência aos primeiros acarretava a nulidade ou a anulabili-
dade do ato, conforme houvesse violação de norma de caráter
público ou privado. O casamento celebrado com infringência dos
impedimentos proibitivos, por sua vez, não era afetado em sua
validade, determinando apenas a incidência de sanções de na-
tureza civil.
Há autores que estabelecem uma distinção entre os obstá-
culos à realização do casamento com base em circunstâncias de-
terminantes de incapacidade ou em circunstâncias constitutivas
de impedimentos em sentido estrito. As primeiras obstariam o
enlace do incapaz com qualquer pessoa (casamento anterior e
falta de idade núbil, por exemplo) e assegundas vedariam o
casamento com pessoa determinada (impedimentos derivados
de parentesco, por exemplo). O Código, no entanto, despreza esta
classificação. O legislador, equivocadamente, inseriu no rol dos
impedimentos a proibição ao casamento em virtude de vínculo
anterior não dissolvido quando a questão está afeta à capacida-
de matrimonial.
Não se pode deixar de destacar que, em matéria de impe-
dimentos, houve avanço significativo do Novo Código Civil, sendo
conferido à matéria tratamento mais consentâneo com os inte-
resses que se busca preservar. Os impedimentos públicos ou ab-
solutos, tipificados como dirimentes ante situações nas quais
incida parentesco, casamento anterior ou relação entre o cônju-
2 3
O Novo Código Civil — Do Direito de Família2 4
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
ge sobrevivente e o condenado por homicídio ou tentativa con-
tra o seu consorte, foram relacionados num só dispositivo legal.
Assim, não subsiste a clássica distinção doutrinária entre im-
pedimentos dirimentes absolutos, dirimentes relativos e os me-
ramente impedientes.
Outras hipóteses foram elencadas como causas suspensivas
do casamento, por não terem o caráter de definitividade e ver-
sarem questões meramente patrimoniais.
O presente Código Civil não estabeleceu impedimento ma-
trimonial aos incapazes de consentir ou manifestar, de modo
inequívoco, o consentimento. Inobstante a omissão legislativa,
é certo que a manifestação de vontade no casamento demanda
agente capaz e vontade livre. Assim, aqueles que, por enfermi-
dade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discerni-
mento para a prática dos atos da vida civil e os que, mesmo por
causa transitória, não puderem exprimir sua vontade não po-
dem casar. Em razão do caráter personalíssimo do casamento, o
representante legal (no caso, o curador) não pode manifestar a
vontade em nome do incapaz.
Decerto, era absolutamente despiciendo (para não dizer des-
provido de técnica) incluir questões relacionadas aos obstáculos à
manifestação de vontade no rol dos impedimentos, quando vícios
do consentimento constituem causas de nulidade ou anulabilida-
de dos atos jurídicos em geral, inclusive do casamento.
Art. 1521. Não podem casar.
Direito anterior: Arts. 183 e 207 do Código Civil.
Os incisos I a V correspondem aos usualmente chamados
impedimentos de parentesco.4
4 �Cumpre distinguir a incapacidade matrimonial dos impedimentos,
geralmente confundidos. O conceito de legitimação, trazido do campo
do Direito Processual para o Direito Civil, esclarece a distinção. A
incapacidade significa inaptidão do indivíduo para casar com quem
quer que seja. No impedimento, consubstancia uma proibição que atin-
ge uma pessoa em relação a outra, ou as outras. Tal pessoa não é inca-
paz; tem capacidade para casar, apenas se lhe não permite que esco-
lha certa pessoa para, com ela, constituir o vínculo matrimonial. Tec-
nicamente, pois, não está legitimada a contrair com certas pessoas,
mas é livre de fazê-lo com todas as outras que não se acham compreen-
Capítulo III — Dos Impedimentos 2 5
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
A vedação ao casamento entre ascendentes e descenden-
tes, assim como entre irmãos (colaterais de segundo grau), é uni-
versalmente acolhida, com fundamento em valores éticos e na
consciência de questões eugênicas.
Na linha reta, o impedimento para o casamento perpetua-
se pelas gerações, ao passo que na linha colateral restringe-se
ao casamento entre irmãos (germanos ou não) e entre tio e so-
brinha (ou tia e sobrinho). Não há óbice legal ao enlace de pri-
mos (colaterais de quarto grau), inobstante as considerações de
ordem eugênica.
Oportuno mencionar que o impedimento existe sempre que
houver parentesco biológico, independentemente de reconheci-
mento formal. Por exemplo, a filha cuja paternidade não foi re-
conhecida não pode se casar com o pai, pois o casamento confi-
guraria incesto, com conseqüências inaceitáveis dos pontos de
vista ético e social.
Admite-se que a prova do vínculo de parentesco não reco-
nhecido seja apresentada para fim exclusivo de oposição de im-
pedimento matrimonial no processo de habilitação. Releva men-
cionar o art. 1º, IV, da Lei 8.560/92 (Lei de Investigação de Pa-
didas na proibição. Numa palavra, é impedida de casar com determi-
nada pessoa, mas não incapaz para o casamento. Por essa razão, deve-
se separar dos casos de incapacidade os de falta de legitimação.
Na disciplina dos impedimentos matrimoniais, a distinção entre im-
pedimentos dirimentes e simplesmente impedientes deve ser abolida.
Estes não constituem verdadeiros obstáculos ao casamento, não ha-
vendo razão para assim continuar a considerá-los.
Não é de acolher-se, outrossim, a divisão dos impedimentos diri-
mentes em impedimentos absolutos e relativos. Reduzem-se estes ca-
sos a de incapacidade relativa, decorrentes da necessidade de autori-
zação para a prática do ato, que exige para os menores, ou da existên-
cia de vício de consentimento. Falta-lhe, pois, a característica do im-
pedimento propriamente dito. Impedimento, genuinamente, é falta
de legitimação. Qualificam-se como tal exclusivamente os que costu-
mam denominar impedimentos dirimentes absolutos. Alteração de
pouca monta, mas que relevaria a preocupação de tornar claras e
acessíveis suas disposições, seria a referência, na enumeração das
pessoas, aos parentes entre os quais há proibição, pela sua designa-
ção, dizendo-se, por exemplo, que o sogro não pode se casar com a
nora, nem a sogra com o genro, em vez da referência, como no direito
vigente, aos parentes por afinidade, em linha reta.� * Orlando Gomes,
obra cit. p. 87.
O Novo Código Civil — Do Direito de Família2 6
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
ternidade), segundo o qual qualquer manifestação expressa e
direta perante o juiz, ainda que o reconhecimento não seja o
objeto único e principal do ato que o contém, será tido como re-
conhecimento da paternidade. Como a habilitação será homolo-
gada pelo juiz, por força do art. 1.526 do Código Civil, a decla-
ração paterna será tomada como reconhecimento
Exceção ao princípio da indivisibilidade do estado emerge
da hipótese de filiação adotiva, uma vez que, conquanto a ado-
ção rompa os vínculos com a família biológica, os impedimentos
persistem, por questões morais e eugênicas.
II — os afins em linha reta;
Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do
outro pelo vínculo da afinidade que é determinada segundo o
modelo do parentesco consangüíneo, subdividindo-se em linhas
reta e colateral.
Tal como no parentesco consangüíneo, a afinidade em li-
nha reta gera impedimento ad infinitum, no ensinamento de
Pontes de Miranda.
Caio Mário, por sua vez, afirma que a afinidade (impedi-
mentum affinitatis) deve limitar-se ao 1º grau, já que afinidade
não gera afinidade, citando o Direito Romano: affinitas
affinitatem non parit.5
Na linha colateral, ao contrário da afinidade em linha reta,
que é perpétua, não há impedimento por afinidade, porque esta
se extingue com a dissolução do casamento, citando-se como
exemplo a hipótese do cunhado, que deixa, com a separação ju-
dicial ou o divórcio, de ter esta qualidade.
III — o adotante com quem foi o cônjuge do ado-
tado e o adotado com quem o foi do adotante;
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 227, § 6º, con-
sagra a igualdade entre os filhos, havidos ou não da relação do
casamento, ou por adoção, conferindo-lhes os mesmos direitos e
qualificações, proibidas quaisquer expressões discriminatórias
relativas à filiação.
5 Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, vol. V, Di-
reito de Família, 3ª ed., Ed. Forense, 1974, p. 61.
Capítulo III — Dos Impedimentos 2 7
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Sem embargo de opiniões divergentes, sob o influxo da or-
dem constitucional, mesmo a adoção regida peloantigo Código
Civil conferia ao adotado o status de filho para todos os efeitos,
rompendo os vínculos com a família natural, exceto para os efei-
tos de impedimentos matrimoniais.
Nesta ordem de idéias, o art. 1.625 do novo Codex atribui
a situação de filho ao adotado, desligando-o de qualquer víncu-
lo com os pais e parentes consangüíneos, salvo quanto aos impe-
dimentos para o casamento. A exceção ocorre quando um dos
cônjuges ou companheiros adota o filho do outro. Neste caso,
mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou
companheiro do adotante e os respectivos parentes.
Na verdade, o presente dispositivo era justificável no sis-
tema adotado pelo Código Civil de 1916, onde o parentesco re-
sultante da adoção limitava-se ao adotante e ao adotado. Hoje,
o adotado tem o status de filho, sendo vedada qualquer distin-
ção relativa à filiação, restando estabelecido o parentesco com a
família do adotante. Assim, desnecessário mencionar os impedi-
mentos em relação ao adotado, quando a ele se aplicam as dis-
posições relativas aos filhos naturais (impedimentos decorren-
tes do parentesco por consangüinidade).
Por questões naturais, a adoção rompe os vínculos entre o
adotado e sua família natural, exceto para fins de impedimen-
tos matrimoniais.
IV — os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e de-
mais colaterais, até o terceiro grau, inclusive;
O impedimento para casamento entre colaterais de tercei-
ro grau (tio e sobrinha, tia e sobrinho) admite dispensa. Cuida-
se aqui da única hipótese de dispensa de impedimento com pre-
visão na legislação pátria.
Admite-se o casamento de tio com sobrinha ou de tia com
sobrinho, desde que os interessados requeiram ao juiz compe-
tente para a habilitação a nomeação de dois médicos que ates-
tem a possibilidade da realização do matrimônio, sob o ponto de
vista eugênico, informando a inexistência de risco à saúde dos
contraentes e à prole. Este procedimento é regulado pelo Decre-
to-Lei 3.200/41.
O Novo Código Civil — Do Direito de Família2 8
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
V — o adotado com o filho do adotante;
Pela adoção, o adotado é integrado na família do adotante,
passando a incidir todos os impedimentos advindos do parentes-
co por consangüinidade.
VI — as pessoas casadas;
Ao vedar o casamento de pessoas casadas, o legislador con-
sagra a monogamia, considerada princípio fundamental nos
países cujo direito positivo deita raízes na civilização ocidental.
A monogamia, assim, assume feição de interesse público,
assertiva sublinhada pela tipificação penal da bigamia.
A relevância conferida ao Direito pátrio à monogamia, como
princípio de ordem pública, tem considerável reflexo no Direito
Internacional Privado: com fundamento no art. 17 da Lei de
Introdução ao Código Civil, recusa-se eficácia a leis, atos e sen-
tenças de país estrangeiro que contrariem o princípio da
monogamia, eis que ofensivas à ordem pública e aos bons costu-
mes.
Na hipótese de ter sido celebrado o segundo casamento sem
que fosse suscitado o impedimento, pode este ser convalidado
caso o primeiro seja declarado nulo ou anulado, desde que não
se lhe atribua putatividade. Isto se dá em virtude da eficácia
retroativa da nulidade do primeiro casamento. Destarte, even-
tual ação de nulidade do segundo casamento pode ser suspensa,
até o julgamento de nulidade do primeiro, por ser esta questão
prejudicial (art. 265, IV, a, do Código de Processo Civil).
Quanto ao divorciado no exterior que pretende contrair ma-
trimônio no Brasil, o STF firmou entendimento no sentido de
ser necessária a homologação da sentença estrangeira de divór-
cio. Até mesmo porque o art. 483 do Código de Processo Civil
dispõe expressamente que �A sentença proferida por tribunal
estrangeiro não terá eficácia no Brasil senão depois de homolo-
gada pelo Supremo Tribunal Federal�. Admite-se, porém, que a
homologação da sentença de divórcio seja posterior à celebra-
ção do segundo casamento, convalidando-o, já que a decisão
homologatória tem eficácia retroativa. Na lição de Pontes de
Miranda, antes da homologação da sentença estrangeira de di-
vórcio, o segundo casamento não é nulo, e sim ineficaz no Bra-
sil, assim conservando-se até a homologação. Além dos divorcia-
Capítulo III — Dos Impedimentos 2 9
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
dos, são legitimados para requerer a homologação a pessoa ca-
sada com o divorciado e o filho advindo desta união.
Para a caracterização da bigamia, é irrelevante a ausên-
cia de transcrição do casamento realizado no estrangeiro no re-
gistro civil brasileiro.
Releva observar ainda a exclusão do adultério como causa
de impedimento do cônjuge adúltero ao novo casamento. Sem
embargo de posições em contrário, o amplo reconhecimento so-
cial constitui causa supralegal de exclusão de ilicitude, estando
o adultério em vias de descriminalização. Prova disto é a ine-
xistência de jurisprudência atualizada versando a respeito de
condenação criminal pela prática de adultério. Na sociedade mo-
derna, onde as relações se tornam cada dia mais superficiais e o
romance é difundido via internet, a manutenção do adultério
como crime constitui mera excrescência de um ordenamento
jurídico já obsoleto. Neste passo, andou bem o legislador ao afas-
tar o adultério como causa impeditiva da realização do casa-
mento, num Código que se pretende afinado com a realidade
social, até porque não deve o Direito manter um impedimento
utilizado, na maioria das vezes, como simples instrumento de
satisfação de ressentimentos.
VII — o cônjuge sobrevivente com o condenado
por homicídio ou tentativa de homicídio contra
o seu consorte.
O dispositivo alcança o crime consumado ou tentado. Sua
incidência não requer a participação de um dos cônjuges no cri-
me perpetrado contra o outro, bastando a condenação de um dos
nubentes por homicídio ou tentativa de homicídio contra pes-
soa que foi cônjuge do seu pretendente.
O impedimento não incide na hipótese de homicídio culpo-
so, já que ausente a intenção de matar.
Entre a consumação do crime e o trânsito em julgado da
sentença condenatória, pode ocorrer a celebração do casamen-
to, restando frustrado o objetivo da lei. Muito embora a decla-
ração de nulidade do vínculo produza efeitos ex tunc, o legisla-
dor português, visando a conferir maior efetividade ao disposi-
tivo legal, estabeleceu o impedimento fundado na simples pro-
núncia do nubente pelo crime de homicídio doloso contra o côn-
juge do outro, enquanto não houver despronúncia ou absolvi-
O Novo Código Civil — Do Direito de Família3 0
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
ção. Esta não foi, contudo, a solução adotada pelo sistema pá-
trio, em razão do princípio da presunção de inocência, com sede
constitucional.
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos,
até o momento da celebração do casamento, por
qualquer pessoa capaz.
Direito anterior: Arts. 189 e 190 do Código Civil.
Em se tratando da oposição de impedimentos, qualquer
pessoa capaz pode ajuizá-lo, por envolverem questões de ordem
pública. Embora não haja previsão legal expressa, a possibili-
dade de o Ministério Público formular oposição resta extreme
de controvérsias. Com o propósito de evitar a celebração de ca-
samento nulo ou anulável, a qualquer pessoa é permitido decla-
rar os impedimentos. Seria um despropósito vedar tal faculda-
de ao Ministério Público, que tem o dever de velar para que tais
impedimentos não sejam desconsiderados.
A oposição pode ser realizada até o momento da celebra-
ção do casamento, a qual, in casu, será suspensa.
Parágrafo único. Se o juiz ou o oficial de regis-
tro tiver conhecimento da existência de algum
impedimento, será obrigado a declará-lo.
A lei impôs ao juiz e ao oficial do registro a obrigação de
declarar fato de seu conhecimento, o qual impeça a realização
do casamento, perdendo tal iniciativa o caráter facultativo da
legislação anterior.

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