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39 Fundamentos da Ludopedagogia Capitulo 03 – O lúdico no desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor Introdução 3.1 Aspectos cognitivos 3.2 Aspectos psicossociais 3.3 Afetividade 3.4 Psicomotricidade 3.4.1 Desenvolvimento psicomotor infantil 3.4.2 Passos do desenvolvimento psicomotor 3.4.3 A ludicidade vinculada a psicomotricidade Atividades 40 Fundamentos da Ludopedagogia Introdução Fonte:https://www.gazetadopovo.com.br/blogs/educacao-e-midia/preciso-incluir-uma-pessoa-com- deficiencia-auditiva-e-agora/ Se dividirmos o desenvolvimento infantil em parte cognitiva e parte psicossocial, colocamos a matemática no primeiro bloco e os estudos sociais que envolvem o comportamento e as relações familiares no segundo bloco. Nessa divisão que tem sua lógica observamos que todas as áreas são impor t antes par a o pleno desenvolvimento da criança. Na parte cognitiva encontramos os aspectos psicobiológicos, ou seja, a inteligência está ligada a o aparato psicobiológico e depende de aprendizado, sendo preciso conhecer o processo neuropsicológico, que inter-relaciona a cognição e o comportamento, permitindo intervenção no desenvolvimento intelectual e motor, intimamente organizados. As inteligências para aprender são múltiplas e, no espaço para a Educação Infantil, devem caber todas as crianças.Sobre os aspectos sócios emocionais, podemos inferir que o desenvolvimento se faz pela interação com o ambiente e com as pessoas, principalmente as mais próximas ao redor sociais da criança. Os relacionamentos se enraízam na fase de Educação Infantil: é o início da formação da personalidade, da auto-estima e da autonomia, que estarão presentes nos contatos sociais por toda a vida. A afetividade tem sido objeto de discussão de muitos teóricos da educação, e várias pesquisas mostram que as relações entre as pessoas do convívio da criança, tanto nos espaços escolares como nos familiares, são determinantes para a sua formação, contribuindo, assim, para o desenvolvimento de um ser humano, capaz de agir com autonomia, de respeitar seus pares e enfrentar os desafios do dia-a-dia com mais segurança (VIANA , 2010). Portanto, é relevante compreender e considerar a afetividade na Educação Infantil, pois cada vez mais se confirma que as relações afetivas significativas, no contexto escolar ou 41 Fundamentos da Ludopedagogia familiar, fortalecem o desenvolvimento integral da criança. Nesse sentido, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998), como base legal, informa sobre a necessidade de assegurar aos pequeninos o pleno desenvolvimento deles, pois, em seu cotidiano, elas interagem entre si e com os adultos, sendo essa relação natural e conflitante. É necessária, então, uma relação intensa, onde a afetividade seja o pano de fundo para o sucesso na Educação Infantil. Infelizmente, a referida lei não garante essa possibilidade, mesmo porque, muitas crianças quando chegam às creches ou à pré-escola já trazem experiências marcantes, umas cheias de alegrias, outras frustrantes, as quais influenciam no seu comportamento. A existência de um ambiente acolhedor, porém, não significa eliminar conflitos, disputas e divergências presentes nas interações sociais, mas pressupõe que o professor forneça elementos afetivos e de linguagem para que as crianças aprendam a conviver, buscando as soluções mais adequadas para as situações com as quais se defrontam diariamente (RCNEI, 1998, p. 31). É necessário salientar que as crianças também podem desenvolver habilidades sozinhas quando elaboram suas descobertas, construindo sentimentos de propriedade para as ações antes partilhadas com as pessoas do seu convívio, possibilitando o fortalecimento de novas interações, confrontando e reformulando os conhecimentos nas situações de troca (RCNEI, 1998). Ainda considerando as bases legais que legitimam a promoção de melhores condições de desenvolvimento da criança, no Estatuto da Criança e do Adolescente (Brasil, 1990), é explicitado o “direito ao lazer, à diversão e a ser viços que respeitem a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento”. Por tanto, é fundamental que se conheça e entenda a criança como pessoa de sentimentos, vontades, desejos e necessidades, sobretudo com direitos e deveres para, apartir de tais considerações, agirem sobre ela de forma que possa contribuir para o seu desenvolvimento, sendo que a relação entre criança, família e escola deve ser dinâmica e verdadeira, caracterizando-se pela participação dos educadores e dos seus responsáveis, sem deixar de conhecer e reconhecer sua história de vida (VIANA, 2010) 42 Fundamentos da Ludopedagogia Fonte:https://blog.oxfamintermon.org/actividades-para-trabajar-los-valores-educativos-en-el-aula/ Nesse sentido, a escola deve ser um espaço que ofereça condições para possibilitar o fortalecimento dos laços afetivos, mesmo havendo adultos ou profissionais que convivem com crianças pequenas que adotem o autoritarismo como elemento potencializador das suas relações, desconhecendo a criança como pessoa, essencialmente humana e com capacidades de decisão. A esse respeito, o educador precisa ficar atento ao seu saber- fazer pedagógico, distanciando-se de uma prática educativa dura, autoritária, estritamente acadêmica e intelectual. Restrepo (1998, p. 32) chama a atenção, afirmando que a escola, em seu conjunto, sente uma profunda aversão a sensorialidade e à singularidade. Pode-se constatar isso na maneira de tratar o chamado problema de aprendizagem. Ao negar a importância das cognições afetivas, a educação se afirma como um pedantismo do saber que se mantém subsidiário de uma concepção de razão universal e apática, distante dos sentimentos e afetos, fiadora de um interesse imperial que desconhece a importância de ligar-se a contextos e seres singulares. Para o autor, a ternura tem sido excluída do meio acadêmico, em honra ao rigor científico da suposta verdade sobreposta aos sentimentos, sendo ignorados como um dos requisitos primordiais para o desenvolvimento de aprendizagens, e, há de concordar com a importância e a urgência do resgate à amabilidade no convívio acadêmico e social. Por isso, fazemos nossas as palavras de Viana (2010), ou seja, fazemos um convite a uma reflexão particular, individual a cada um e a todos, independentemente da idade, raça, credo ou condição social. Quem não se lembra ou recorda com saudade e ternura de colegas, professores ou amigos, pessoas amáveis que souberam respeitar, acalentar ou acolher nos momentos de conflitos, dor ou alegrias? E, pensando quando ocorre ao contrário, quem não quer esquecer ou perdoar as pessoas quando em momentos de dor, fracasso, sucesso ou alegria ignoraram ou desrespeitaram tais sentimentos? 43 Fundamentos da Ludopedagogia Isso não quer dizer que as relações afetivas acontecem de forma tão simples e em momentos isolados, pois cada pessoa reage de forma singular, dependendo, por tanto, da constituição de cada um em suas dimensões biopsicossociais. O exemplo, ora citado, é com o intuito de chamar a atenção, bem como convite a uma reflexão acerca dos laços afetivos que marcam e inter ferem na vida e no desenvolvimento da criança. Por esses e por vários outros aspectos emocionais que contribuem para o desenvolvimento pleno da criança, as relações afetivas devem ser consideradas e respeitadas, não apenas como direito legal, mas também, sobretudo, como necessidade e direito humano. A psicomotricidade envolve características do desenvolvimento humano de maneira totalitária, e não dual como era proposta por teorias anteriores, estas fundamentas nas perspectivas de dualismo cartesiano, deste modo visa uma educação integrada que trabalhe concomitantemente aspectos cognitivos, inteligíveis, sociais, culturais e motores. A ludicidade, a princípio, veio unidaao folclore lusitano abrangendo contos, histórias, lendas e superstições, incluindo brincadeiras de rodas e outras atividades próprias da cultura e do contexto em questão. A origem da ludicidade nas escolas se deu graças à mescla das atividades culturais. Como reflexo de um contexto cultural a ludicidade representa a essência de uma sociedade em seu determinado momento histórico. O lúdico tem fundamental importância na formação da psique humana, possibilitando mecanismo de resoluções de problema, criatividade, melhor administração da afetividade e outros. Diante desta proposta educacional, a criatividade e a ludicidade são mecanismos que possibilitam a integração das habilidades de cada individuo permitindo que se desenvolvam fisicamente, cognitivamente e socialmente. Jogos e atividades que envolvam capacidade motora, cognitiva e social, possibilitam a livre expressão corporal e formação de vínculos afetivos, portanto oferecem um leque de oportunidades de desenvolvimento humano como um todo. Deste modo, a presente pesquisa teve por objetivo fazer uma revisão bibliográfica acerca da ludicidade e da psicomotricidade no desenvolvimento infantil, eapresentar como estes elementos se relacionam na formação educacional, de modo a refletir e evidenciar a importância destes no processo de educar. 44 Fundamentos da Ludopedagogia Sabe-se que apesar do vasto acervo bibliográfico e pesquisas acerca do tema, as praticas e a oferta de um ambiente criativo e lúdico e do trabalho psicomotor nas redes de ensino ainda são escassos, deste modo, se torna de grande valia o reforço teórico e as pesquisas voltadas para o tema de modo que, cada vez mais os estudos impulsionem a pratica e a busca de uma educação de qualidade, eficaz e efetiva na formação dos indivíduos e da sociedade como um todo. 3.1 Aspectos cognitivos Fonte:http://patatitralala.blogspot.com/2014/06/as-inteligencias-multiplas-e.html A matemática na educação infantil é, de verdade, uma disciplina essencial, porque envolve a aquisição de conceitos e habilidades de raciocínio que farão par te do aprendizado escolar, do desenvolvimento cognitivo, mas, principalmente, é formador a de estruturas necessárias à adaptação psicossocial, ao relacionamento dos nossos pequenos cientistas com o mundo. Ele faz experiências, somando conhecimentos que vão construir a mente pensante e o corpo habilidoso. As múltiplas inteligências, descritas por Gardner e Hatcb (1989 apud VALLE, 2008) estão envolvidas nos processos cerebrais e, de alguma forma, ligam-se ao conhecimento do mundo na percepção e na habilidade de responder aos desafios a vencer. 45 Fundamentos da Ludopedagogia Em linhas gerais, essas inteligências são: Inteligência lingüística – sensibilidade para os sons, os ritmos e os significados das palavras, além de uma especial percepção das diferentes funções da linguagem, habilidade par a usar a linguagem para comunicação ou transmissão de idéias. Em crianças, esta habilidade se manifesta por meio da capacidade para contar histórias originais ou experiências vividas. Inteligência musical – habilidade para apreciar, compor ou reproduzir uma peça musical. Incluidiscriminação de sons, habilidade para perceber temas musicais, sensibilidade para ritmos, texturas e timbre e habilidade para produzir música. A criança pequena com habilidade musical especial valoriza os diferentes sons no seu ambiente e usa-os. Inteligência lógico -matemática – sensibilidade para padrões, ordem e sistematização. É a habilidade para explorarrelações, categorias e padrões, por meio da manipulação de objetos ou símbolos; é a habilidade para lidar com séries de raciocínios, para reconhecer problemas e resolvê-los. A criança com especial aptidão nesta inteligência demonstra facilidade para contar e fazer cálculos ma temáticos e, para aplicações, criar notações práticas de seu raciocínio. Inteligência espacial – capacidade para perceber o mundo visual e espacial de forma precisa. É a habilidade para manipular formas ou objetos mentalmente e, apartir das percepções iniciais, criarem tensão, equilíbrio e composição, em uma representação visual ou espacial. Em crianças pequenas, o potencial especial nessa inteligência é percebido por meio da habilidade para quebra-cabeças e outros jogos espaciais e a atenção a detalhes visuais. Inteligência cinestésica – habilidade para usar a coordenação grossa ou fina em esportes, artes cênicas ou plásticas no controle dos movimentos do corpo e na manipulação de objetos com destreza. A criança especialmente dotada de inteligência cinestésica se move com graça e expressão. Inteligência interpessoal – habilidade para entender e responder adequadamente a humores, temperamentos e desejos de outras pessoas. A inteligência interpessoal se manifesta em crianças pequenas como a habilidade para distinguir pessoas e, na sua forma mais avançada, como a habilidade para perceber intenções e desejos de outras pessoas e para reagir apropriadamente, para liderar outras crianças. Inteligência intrapessoal – habilidade para ter acesso aos próprios sentimentos e utilizá- los na solução de problemas pessoais. Ela só é observável por meio dos sistemas simbólicos das outras inteligências, ou seja, por meio de manifestações linguísticas, musicais ou sinestésicas. Brincar de aprender s e faz com o uso desses processos cognitivos que se interligam desde a infância, quando as crianças necessitam de mediadores para melhor explorar as próprias habilidades em desenvolvimento. Mas, é preciso aprender com as crianças a se apaixonar por suas brincadeiras, com o um aliado brincalhão, capaz de planejar ações, 46 Fundamentos da Ludopedagogia que se baseiam em conceitos e conhecimentos que reunirão em números estatísticos os resultados de qualidade em Educação Infantil que buscamos (VALLE, 2008). 3.2 Aspectos psicossociais Fonte:http://tecla.pt/index.php%3Ft=training&key=intervencao-psicossocial-em-criancas-jovens-e-familias-em-risco Os estudos sociais também podem começar por um processo de divisão: reconhecer o todo para separar as partes é a primeira ação a realizar. Não podemos negar que toda ação é intencional e que vai interferir em um sistema. Para Valle (2008), é possível planejar, fazer acontecerintencionalmente uma educação infantil satisfatória, a qual tem por finalidade levar a criança ao seu desenvolvimento integral até os seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. São diversos os aspectos do desenvolvimento biopsicossocial que precisam ser observados para prevenir distúrbios que poderão ser trata dos antecipadamente, ou para auxiliar o desenvolvimento de estratégias psicopedagógicas ou tecnológicas que sejam úteis na adaptação da criança, independentemente dos limites existentes. Deixaremos para aprofundar essas provas ou testes que podem ser utilizadas para perceber aspectos do desenvolvimento biopsicossocial que fundamentam o aprendizado da leitura e escrita na apostila de Tópicos Especiais em Ludo-educação, por ora elas são: coordenação fina, global, óculo-manual; dissociação; equilíbrio; esquema corporal; orientação espacial e temporal; linguagem e desenvolvimento sócio-emocional. Estudos sobre resiliência (resistência emocional no enfrentamento de situações sociais difíceis) mostram que é essencial dar suporte à promoção de enrique cimento emocional par a crianças com menor fator de proteção resiliente, de forma que possam enfrentar as situações ambientais insatisfatórias. Devemos apostar no potencial infantil para a adaptação e os cuidados em relação a si mesma e com o ambiente, ou seja, não devemos nos preocupar em treinar a criança em suas deficiências, mas em atendê-la em suas necessidades e estimular suas potencialidades. A chegada da era da tecnologia e da informação, além dasmodificações