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Assistência de Enfermagem em AVC

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CENTRO UNIVERSITÁRIO PLANALTO DO DISTRITO 
FEDERAL– UNIPLAN 
 BACHARELADO EM ENFERMAGEM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASSISTÊNCIA DA ENFERMAGEM PARA OS CUIDADOS DOS 
PACIENTES COM ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO. 
 
 
 
 
 
ANTONIO FERNANDO GOMES FERREIRA - Ul30101366 
EMILY GABRIELY DO NASCIMENTO - UL20106491 
MARIA LARISSA CARRIAS DE SOUSA - UL20104169 
NÚBIA RODRIGUES DE MORAES DA SILVA - Ul20102335 
ROSEANE LIMA CARDOSO - UL20102575 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CODÓ-MA 
2024
 
 
ANTONIO FERNANDO GOMES FERREIRA - Ul30101366 
EMILY GABRIELY DO NASCIMENTO - UL20106491 
MARIA LARISSA CARRIAS DE SOUSA - UL20104169 
NÚBIA RODRIGUES DE MORAES DA SILVA - Ul20102335 
ROSEANE LIMA CARDOSO - UL20102575 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASSISTÊNCIA DA ENFERMAGEM PARA OS CUIDADOS DOS 
PACIENTES COM ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
a ao Centro Universitário Planalto Distrito 
FederalUNIPLAN como requisito final para 
obtenção do título de bacharel em 
enfermagem. 
Orientador (a): Joyna Azevedo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CODÓ-MA 
2024 
 
 
ANTONIO FERNANDO GOMES FERREIRA - Ul30101366 
EMILY GABRIELY DO NASCIMENTO - UL20106491 
MARIA LARISSA CARRIAS DE SOUSA - UL20104169 
NÚBIA RODRIGUES DE MORAES DA SILVA - Ul20102335 
ROSEANE LIMA CARDOSO - UL20102575 
 
 
 
 
ASSISTÊNCIA DA ENFERMAGEM PARA OS CUIDADOS DOS 
PACIENTES COM ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
a ao Centro Universitário Planalto Distrito 
FederalUNIPLAN como requisito final para 
obtenção do título de bacharel em 
enfermagem. 
Orientador (a): Prof. Joyna Azevedo 
 
Aprovado em ___/____/____ 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
____________________________________ 
Prof. Joyna Azevedo 
Orientadora UNIPLAN 
 
____________________________________ 
Prof. Nome do Professor 
 
____________________________________ 
Prof. Nome do Professor 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la 
como arte, requer uma devoção tão exclusiva, 
um preparo tão rigoroso, quanto à obra de 
qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar 
da tela morta ou do frio mármore comparado 
ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito 
de Deus? É uma das artes; poder-se-ia dizer, 
a mais bela das artes! 
 
(Florence Nightingal) 
https://www.pensador.com/autor/florence_nightingale/
 
 
RESUMO 
O presente trabalho realiza um estudo sobre as implicações clínicas, sociais e 
emocionais que o acidente vascular encefálico causa a seus acometidos. Nesse 
contexto, a participação do enfermeiro é amplamente abordada a fim de que se 
tenha uma rica discussão sobre o atendimento que o profissional presta a esses 
pacientes, não somente quanto à parte clinica, onde a categoria trabalha 
essencialmente, por meio da administração de medicamentos e verificação de sinais 
vitais, mas também sobre a assistência emocional que os enfermeiros prestam a 
seus pacientes. A pesquisa em mãos também aborda a importância do 
gerenciamento do cuidado por parte da equipe de enfermagem, pois essa gestão 
garante o controle das ações, o bom clima organizacional na equipe e evita que o 
paciente seja vitima de erros ou negligência clínica. O trabalho também discorre 
sobre o trabalho humanizado na enfermagem e a importância do apoio emocional a 
esses pacientes, uma vez que essa doença costuma causar certas sequelas, 
fazendo com que o acometido necessite de um tratamento fisioterapêutico mediante 
todo um processo de reabilitação. Ademais, é viável que esse tratamento seja 
paralelo a um tratamento psicológico, pois as mudanças que a enfermidade causa 
na vida do individuo costuma causar danos emocionais e até depressão. 
 
Palavras-Chave: Enfermeiro. Acometido. Cuidados. Paciente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
The present work carries out a study on the clinical, social and emotional implications 
that stroke causes to those affected. In this context, the participation of nurses is 
widely addressed in order to have a rich discussion about the care that the 
professional provides to these patients, not only regarding the clinical part, where the 
category essentially works, through the administration of medications and checking 
vital signs, but also about the emotional assistance that nurses provide to their 
patients. The research in hand also addresses the importance of care management 
by the nursing team, as this management guarantees control of actions, a good 
organizational climate within the team and prevents the patient from becoming 
victims of errors or clinical negligence. The work also discusses humanized work in 
nursing and the importance of emotional support for these patients, since this 
disease usually causes certain sequelae, making the affected person need 
physiotherapeutic treatment through an entire rehabilitation process. Furthermore, it 
is possible for this treatment to be parallel to psychological treatment, as the changes 
that the illness causes in the individual's life usually cause emotional damage and 
even depression. 
 
 
Keywords: Nurse. Affected. Care. Patient. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 08 
 
1 ACIDENTE VASCULAR ENCEFALICO ........................................................... 10 
1.1 Perfil sociodemográfico dos pacientes ........................................................... 12 
1.2 Fatores de risco .............................................................................................. 13 
1.3 Classificação .................................................................................................. 14 
 1.3.1 Isquêmico .......................................................................................... 14 
1.3.2 Hemorrágico ...................................................................................... 17 
 
2 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO .................................................................... 20 
2.1 Sintomas e detecção ...................................................................................... 20 
2.2 O tratamento do AVEi e a participação clínica da enfermagem ..................... 21 
2.3 O tratamento do AVEh e a participação clínica da enfermagem .................... 23 
2.4 Danos psicológicos sofridos no período pós-AVE .......................................... 26 
 
3 ENFERMAGEM E O ATENDIMENTO AOS PACIENTES ACOMETIDOS POR AVE. .28 
3.1 Assistência clínica .......................................................................................... 29 
3.2 Assistência emocional e a humanização da enfermagem .............................. 30 
3.3 O enfermeiro e o gerenciamento do cuidado ................................................. 32 
3.4 Assistência para com as sequelas da doença durante o período pós-AVE ... 32 
 3.4.1 Disfagia .............................................................................................. 33 
 3.4.2 paralisia facial ..................................................................................... 34 
 3.4.3 Déficits de sensibilidade e alterações visuais........................................34 
 3.4.4 Dificuldades motoras e funcionais ...................................................... 34 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................36 
 
REFERÊNCIAS.......................................................................................................38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
AVE - Acidente Vascular Encefálico 
AIT - Ataque Isquêmico Transitório (AIT) 
AVEi - Acidente Vascular Encefálico Isquêmico 
AVEh - Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico 
ATGV - Aterosclerose de Grandes Vasos 
AICA - cerebelar anteroinferiorDPAVC - depressão pós-AVC 
EGG - eletrocardiograma 
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
MS - Ministério da Saúde 
OMS - Organização Mundial de Saúde 
OPV - Cardioembolia, Oclusão de Pequenos Vasos 
OE - Outras Etiologias 
PAICA - cerebelar póstero-inferior 
SUS – Sistema Único de Saúde 
SCA - artérias cerebelar superior 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
INTRODUÇÃO 
O Acidente Vascular Encefálico (AVE), antes descrito como Acidente Vascular 
Cerebral (AVC), é causado por uma falha do fluxo sanguíneo, que impede a 
circulação de irrigar toda a região do cérebro de forma convencional. Essa 
interrupção do fluxo sanguíneo pode acontecer de duas maneiras: por uma artéria 
cerebral bloqueada (AVE isquêmico) ou pela ruptura de um vaso sanguíneo (AVE 
hemorrágico). 
O AVE consiste numa lesão cerebral que provoca uma deficiência neurológica 
focal, a qual exige atendimento imediato e adequado para a completa recuperação 
do paciente, evitando incapacidades como disfunções sensoriais, dificuldade para 
falar, andar, dentre outras sequelas que roubam a capacidade do paciente de 
interagir socialmente e/ou de trabalhar (MARIANELLI et al., 2020). 
Para os autores, o enfermeiro também deve contribuir para reduzir a 
probabilidade de o paciente sofrer uma dessas incapacidades e, evitar complicações 
secundárias. Logo, é fundamental que tanto o enfermeiro quanto os demais 
profissionais de saúde envolvidos no atendimento do paciente sejam capacitados e 
dispostos a ofertar cuidado imediato e especializado a fim de que o paciente goze da 
garantia de seus direitos pertinentes à saúde. 
No tocante a relevância do tema, essa pesquisa se justifica, essencialmente, 
pela fatalidade e pelo aumento de episódios da doença, pois um estudo da 
Organização Mundial do AVC, publicado em outubro de 2023, prevê que o número 
de mortes pela enfermidade aumentará 50%, no mundo, até 2050. Assim, o número 
de acometidos, que em 2020 foi 6,6 milhões será de 9,7 milhões em 2050. 
O estudo também aponta que a doença é mais frequente em países como o 
Brasil, isto é, países subdesenvolvidos, pois 86% dos óbitos de 2020 aconteceram 
em países pobres. Outro dado indicado pela pesquisa diz respeito à situação 
socioeconômica desses países devido ao aumento de recursos públicos com os 
gastos para com tratamento e reabilitação dos pacientes. Estima-se que esses 
gastos somados a perda de contribuintes por mortes e ao aumento de benefícios 
sociais devido à deficiência por sequela da doença supere R$ 4,5 trilhões para R$ 
11,8 trilhões entre 2020 e 2050. 
Diante do exposto e, considerando que o tratamento capacitado e disciplinado 
para vitimas de AVE deve permanecer por meses após a manifestação da doença, a 
9 
 
 
pesquisa em mãos busca responder: quais são os aspectos do AVE que o 
enfermeiro deve profundamente conhecer para garantir um atendimento que 
facilitará a reabilitação do paciente no período pós-AVE? 
Para responder o problema acima foram levantadas três hipóteses, a primeira 
considera os fatores de risco, pois mesmo durante a manifestação da doença o 
tratamento e/ou eliminação desses fatores garante a recuperação física e minimiza as 
chances de o paciente ficar com algum tipo de incapacidade; a segunda hipótese 
aponta o protocolo de atendimento de pacientes internados, uma vez que esse 
protocolo especifica os serviços médicos e de enfermagem que o paciente deve 
receber diante da suspeita ou confirmação do diagnóstico. Já a ultima hipótese 
acredita que a resposta seja o perfil epidemiológico dos pacientes, pois conhecer 
esse perfil é importante para atuar na prevenção primária, na redução dos fatores de 
risco e, na recuperação dos pacientes (BARCELOS, 2016). 
Quanto aos objetivos, esse trabalho-estudo espera de modo geral verificar o 
agir profissional do enfermeiro na execução do cuidado de pacientes com 
diagnostico de AVE, para tal, especificadamente, discorrerá o que a literatura 
enfatiza sobre a classificação, tratamento e sequelas da doença; discutirá a atuação 
do enfermeiro na gestão do cuidado do paciente a fim de atender o ultimo objetivo 
que é apontar a contribuição da enfermagem para cura e bem-estar do paciente 
vitima de AVE. 
No que diz respeito à metodologia, este estudo consiste numa revisão de 
literatura, do tipo básica realizada entre fevereiro a maio de 2024, quando foram 
consultados livros e artigos científicos encontrados no banco de dados do Scielo, da 
Bireme e sites oficiais, como o Wikipédia. Quanto à forma de abordagem do 
problema é qualitativa, sendo exploratória quanto aos objetivos, visto que “as 
pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e 
modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais 
precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores” (Gil, 2020, p. 28). 
Já o acervo bibliográfico usado na construção deste trabalho é diversificado, 
inclui documentos legais do Ministério da Saúde, da Organização Mundial da Saúde, 
estudos monográficos, autores que pesquisam sobre o trabalho da enfermagem e 
autores que abordam as implicações da doença em questão. Por fim, a pesquisa é 
dividida em três capítulos, os quais atendem os objetivos discorridos nesta 
introdução, já o problema de pesquisa é respondido nas considerações finais. 
10 
 
 
1 ACIDENTE VASCULAR ENCEFALICO - AVE 
Em dezembro de 2020, a Organização Mundial da Saúde publicou um 
levantamento intitulado “as 10 doenças que mais matam no mundo”, o estudo 
considera as doenças que mais mataram entre 2000 e 2019, e coloca o AVE na 
segunda posição; com 6 milhões de mortes. O portal de Transparência do Registro 
Civil da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais permite saber 
que de 1º de janeiro até 13 de outubro de 2022, o AVE matou 87.518 brasileiros, o 
equivalente a 307 óbitos por dia, sendo a principal causa de morte no Brasil. 
Enquanto doença cerebrovascular, o AVE acomete, sobretudo, os idosos, 
porém, é sabido que pessoas jovens também são acometidas pela enfermidade, 
principalmente as que atendem aos fatores de risco, dentre os quais pode citar-se 
doenças cardíacas congênitas ou adquiridas, diabetes, obesidade, doenças como 
vasculites, doenças no sangue, tabagismo, alcoolismo, drogas, estresse, 
sedentarismo, colesterol alto e; apneia do sono (CAMILO; PONTES-NETO, 2021). 
De acordo com um estudo divulgado, em outubro de 2023, pela Revista 
Médica: The Lancet Neurology, o AVE tem vitimado com mais frequência adultos 
com menos de 50 anos e, uma justificativa para esse aumento em jovens pode ser o 
excesso de trabalho, que é uma causa de estresse, que por sua vez é um fator de 
risco para a doença. 
Enquanto enfermidade, o AVE compromete, de modo focal ou global, o 
sistema neurológico da pessoa, a qual apresenta sintomas, que persistem por mais 
de 24 horas e podem levar à morte: 
 
De forma geral, o paciente apresenta déficit focal de início súbito. Pode 
haver ou não perca de consciência. Os principais fatores a serem 
observados são: perda súbita de força ou formigamento em um lado do 
corpo; dificuldade súbita de falar ou compreender; perda visual súbita em 
um ou ambos os olhos; tontura, perca de equilíbrio e/ou coordenação; dor 
de cabeça súbita sem causa aparente (BRASIL, 2024). 
 
Esses danos neurológicos podem gerar sequelas física, sensorial e cognitiva, 
o que torna o AVE não apenas a principal causa de morte no país, mas também a 
principal causa de incapacidades, logo é uma doença com serias implicações 
socioeconômicas. 
Considerando dados do Ministério da Saúde (MS), somente 30% dos 
sobreviventes de AVE conseguem se recuperar completamente enquanto que 60% 
11 
 
 
ficam com alguma sequela que os torna dependente de familiares e/ou cuidadores 
(BRASIL, 2024). Logo, por acometer, principalmente, idosos, o AVE é uma doença 
que incapacita, um grupo que já é limitado pelaprópria idade. 
De acordo com dados da Fundação Fiocruz, publicados no site Proadess, o 
AVE isquêmico representa cerca de 80% dos casos da doença. Nessa doença, o 
fluxo sanguíneo cerebral normal é de aproximadamente 50 a 55 mL.100g-1.min-1, 
quando esse fluxo muda para 18 mL.100g-1.min-1 a transmissão sináptica é 
paralisada, o que faz com que a atividade eléctrica cerebral seja cessada, mesmo a 
célula nervosa ainda estando íntegra e pronta para recuperar suas funções (CRUZ, 
2015). 
Nessa perspectiva, a autora prossegue afirmando que, se o fluxo sanguíneo 
cerebral chegar a níveis menores que a 8 mL.100g-1.min-1 ocorre a falência das 
funções da membrana celular com possibilidade de dano permanente devido a 
morte celular. 
Segundo a OMS (2024), o AVE é uma enfermidade de causa multifactorial, ou 
seja, é a combinação dos fatores de risco que aumenta as chances de uma pessoa 
vim a sofrer um derrame cerebral. Assim, o AVE é susceptível de prevenção, pois os 
fatores de riscos podem ser reduzidos. Para Marianelli (et al., 2020), essa redução 
de risco pode acontecer de três maneiras: sendo a primeira chamada de prevenção 
primária, a qual acontece por meio do controle do peso corporal, do controle do 
colesterol e com renúncia do tabagismo. 
Já a prevenção secundária, acontece por meio de tratamento médico 
adequado, como a vigilância e controle de doenças como diabetes, hipertensão e 
patologia coronária. Por sua vez, a prevenção terciária se destina a indivíduos que 
têm histórico de AVC na família, onde se é necessário prevenir complicações 
relacionadas a alterações cerebrais. Assim, as sequelas da doença podem ser 
reduzidas através da prevenção, do tratamento ou da reabilitação. 
Essa prevenção é necessária, uma vez que, o AVE, regularmente, gera 
incapacidades que limita o paciente, quase sempre o retirando do mercado de 
trabalho e; tornando-o beneficiário de benefícios sociais para portadores de 
deficiência. Essas incapacidades têm implicações que perpassam a vida do 
paciente; impactando a saúde pública e a economia do país, pois quando a vitima de 
AVE deixa de ser contribuinte e passa a ser apenas dependente do Estado ela 
colabora para déficits na economia pública. 
12 
 
 
De acordo com a OMS (2024), em todo o mundo, 15 milhões de pessoas 
foram acometidas por AVE, destes, metade morreram e os outros cinco milhões 
ficaram com algum tipo de deficiência permanente. São milhões de pessoas que 
passaram a ser dependentes de cuidadores e do Estado, que deixam de contribuir 
para a previdência social, o que testifica que o AVE tem sérias implicações 
socioeconômicas. 
Ademais, em 2030, considerando as projeções do Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (IBGE), o número de jovens entre 15 e 29 anos será 
significativamente menor que o número de idosos, isso porque a população idosa 
vem crescendo desde 1940 (IPEA apud BRASIL, 2010, p. 51). O Brasil terá 20,4 
milhões de pessoas acima de 70 anos (9% da população), o que significa mais 
pessoas aposentadas, mais gastos com saúde e previdência social e mais episódios 
de AVE, pois, como visto nesse trabalho o aumento de casos de AVE tende a 
aumentar entre 2030 e 2050, ou seja, na medida em que ocorrerá o envelhecimento 
populacional brasileiro. 
Portanto, não é a doença que se tornará mais grave ou mais comum são as 
pessoas com predisposição a serem acometidas que estarão em maior número na 
pirâmide populacional, o que também explica porque a doença aumentará a nível 
mundial, uma vez que o envelhecimento populacional é um fenômeno mundial. 
Ademais, isso também explica porque as mulheres têm sido cada vez mais 
acometidas por AVE do que os homens, pois com o envelhecimento da população 
brasileira há a feminização do país, isto é, as mulheres estão se tornando maioria na 
população brasileira. 
 
1.1 Perfil sociodemográfico dos pacientes 
Silva (2019) em trabalho-estudo quantitativo concluiu que, durante o ano de 
2019, a maioria dos pacientes acometidos por AVE, em Uberlândia (MG), eram 
idosos, pessoas hipertensas e; mulheres. No mesmo tipo de trabalho, Cantarellas e 
Pinto (2016), apontaram que o Hospital Universitário São Francisco, localizado na 
cidade de Bragança Paulista, no tocante ao AVE, no ano de 2016 atendeu “[...] em 
sua maioria, homens, brancos, casados, sem formação, com media de idade de 63,9 
anos” (p.24). 
Concordando com as autoras, Ponte et al.,(2020) apontou que no serviço de 
emergência da Santa Casa de Misericórdia de Sobral (SCMS) 67% dos paciente 
13 
 
 
atendidos por AVE, no ano de 2017 eram do sexo masculino, com média de idade 
de 58 anos, sendo 83% dos pacientes casados ou em união estável, 43,40% 
aposentados e; 45,29% com fundamental incompleto. Os autores destacam o fato de 
que nenhum dos pacientes considerados na pesquisa tinha ensino superior 
completo ou algum familiar que tivesse. Ademais, os autores também apontam a 
contribuição da enfermagem: 
 
No tocante aos cuidados de enfermagem implementados, descrevem-se a 
seguir as práticas assistenciais realizadas no momento da admissão do 
paciente, os principais procedimentos, os tipos de medicações 
administradas e os cuidados pré-operatórios a pacientes com indicação 
cirúrgica, com base em evidências e achados clínicos, tendo como diretrizes 
os protocolos clínicos e os protocolos de enfermagem institucionais 
vigentes, que contribuem para o desfecho satisfatório. Quanto à admissão 
pela enfermagem, o histórico foi investigado em 90,57% dos pacientes e 
aplicou-se o exame físico em 87,74% deles. Os sinais vitais foram avaliados 
em 100% dos casos (Ponte et al., 2020, p.22). 
 
Por sua vez, Oliveira e Waters (2021), em artigo sobre o perfil epidemiológico 
dos pacientes, constataram que “[...] a frequência entre o gênero masculino e 
feminino foi igual, prevaleceram indivíduos na faixa etária acima de 60 anos, com 
baixa escolaridade, casados, aposentados, sedentários e obesos”. Já no estudo de 
Vaz et al. (2020), 55,46% dos pacientes eram do sexo masculino. 
Por fim, estudando estes e outros autores citados nas referências deste 
trabalho-estudo, percebe-se que o gênero masculino é o mais acometido pela 
enfermidade, que os pacientes são em sua maioria idosos e com baixa escolaridade. 
O fato de a maioria dos pacientes serem idosos é explicado pela pressão alta, pois é 
sabido que a HAS costuma atingir mais esse grupo populacional, já a baixa 
escolaridade permite compreender o quanto a educação é necessária, inclusive no 
cuidado para com a saúde: na prevenção de doenças. 
 
1.2 Fatores de risco 
Cunha (2014) permite saber que o AVE possui fatores de risco modicáveis 
(passível de intervenção) e não modificáveis. Nestes fatores, o grupo de risco são os 
idosos, homens, pessoas que nasceram com baixo peso, negros, pessoas com pré-
disposição a doenças cardiovasculares, com casos de AVE na família e com 
condições genéticas favoráveis à doença, como a anemia falciforme. Já nos fatores 
modificáveis encontram-se doenças ou situações clínicas que podem ser evitadas 
14 
 
 
ou controladas, tais como o tabagismo, a HAS, a diabetes mellitus, a fibrilação atrial, 
a dislipidemia e doenças cardiovasculares. 
O autor ainda ressalta que, o aparecimento da doença em mulheres tem 
relação com a hiperglicemia, histórico familiar favorável a doenças tromboembólicas 
e a uso de pílulas contraceptivas. Apesar dessa divisão dos fatores de risco do AVE, 
cabe mencionar que é consenso na literatura, o que inclui o autor supracitado, que 
as principais causas da doença é a HAS, aneurismas, tumores, arteriosclerose e 
traumatismos. 
Considerando que os fatores modificáveis são passíveis de intervenção e que 
a doença pode ser prevenida é viável tornar a população consciente desses fatores 
e dos meios de prevenção. Assim, é de suma importância que, desde já, os gestores 
municipais eduque a comunidade quanto a identificação, prevençãoe fatores de 
risco do AVE. Para Cruz (2015), essa comunicação é uma estratégia necessária que 
pode reduzir o número de acometidos e de incapacitados pela enfermidade, haja 
vista que, essa educação garante que a população saiba constatar sinais e sintomas 
da doença para buscar atendimento médico o mais rápido possível. 
 
1.3 Classificação 
1.3.1 Isquêmico 
Knobel (2016) afirma que esse tipo de AVE é um déficit isquêmico 
neurológico focal de pouca duração, que ao evoluir para uma reversão completa do 
quadro não deixa alterações no exame de imagem. Nesse tipo de AVE há o 
entupimento de vasos sanguíneos que complementam o cérebro, o que acontece 
porque a irrigação sanguínea de um tecido diminui, provocando a privação de 
oxigênio e nutrientes em quantidades adequadas. 
De acordo com Pinheiro (2012), o AVE isquêmico representa 85% dos casos 
da doença e, pode ser entendido como uma pequena ocorrência de disfunção 
neurológica causada por uma isquemia cerebral. Já a OMS (2019) classifica esse 
AVE como sendo um déficit neurológico focal repentino, que dura menos de 24 
horas, sendo, presumidamente, de natureza vascular e contido numa área cerebral. 
Apesar da gravidade, o Ataque Isquêmico Transitório (AIT) pode ser 
reversível quando o atendimento médico é realizado entre 10 a 60 minutos (Oliveira, 
2012). Essa rapidez no atendimento é necessária para evitar que o paciente sofra 
alguma incapacidade, por isso, a enfermagem nesse contexto trabalha para prevenir 
15 
 
 
e recuperar pacientes vitima de AVE que tiveram alguma sequela a nível sensorial, 
cognitivo, motor, dentre outros, a fim de garantir a dignidade do paciente. 
Ademais, o AIT pode ser classificado em cinco subtipos, considerando o 
sistema TOAST (Trial of Org 10172 in Acute Stroke Treatment): 
1. Aterosclerose de Grandes Vasos (ATGV), 
2. Cardioembolia, Oclusão de Pequenos Vasos (OPV), 
3. Outras Etiologias (OE) 
4. Indefinido. 
 
O AVEi causado por ATGV acontece quando há um acúmulo de placas de 
gordura na parede vascular, o que cria uma estenose maior que 50% ou um 
fechamento de grandes ramos arteriais ipsilateral à lesão central ou placas 
complexas na aorta ascendente ou transversa (> 4mm) (FERNANDES et al., 2021; 
ZHAO et al., 2020). 
Ainda segundo o autor, o AVEi cardioembólico é causado por um fechamento 
de um leito vascular cerebral por êmbolos originários do coração. Já o OPV é 
resultado de infartos lacunares com menos de 1,5 cm de diâmetro, em área irrigada 
pelas artérias que vascularizam os núcleos da base, o tálamo, tronco encefálico, 
coroa radiada e cápsula interna e externa. 
Por isso, o AVEi por OPV, quase sempre ressoa nas síndromes lacunares, 
como a hemiparesia motora pura, hemiparesia sensitiva pura, hemiparesia atáxica e 
mão desajeitada (FERNANDES et al., 2021; ZHAO et al., 2020). Por sua vez, o AVEi 
de OE, é assim chamado por não se encaixar nas outras categorias, estando 
associado a doenças como a doença de Moyamoya e a dissecção arterial; 
disfunções hematológicas; desordens na coagulação e vasculites (CAMILO; 
PONTES-NETO, 2021). 
Portanto, o Acidente Vascular Encefálico Isquêmico (AVEi) é uma doença 
multifatorial, onde o quadro clínico do paciente tende a se agravar quando dentro de 
24 horas o mesmo apresenta perda de força ou de sensibilidade em alguma parte do 
corpo. Em todo caso, um exame de imagem é necessário para apontar a origem do 
AVE (BRASIL, 2013; MARIANELLI el al., 2020; Zhao, et al., 2021). 
Dito isso, o AVEi é a segunda causa de morte e a terceira causa de 
deficiência no mundo, logo é um problema de saúde pública a nível global que gera 
altos gastos hospitalares (DIENER; HANKEY, 2020). Ademais, é um problema com 
16 
 
 
implicações sociais e psicológicas, pois causa deficiências permanentes; são 
pacientes que de repente vêm sua situação física ou mental mudar e, se encontram 
presos num novo e cruel destino. 
O AVEi representa a causa que mais gera óbitos, sendo responsável por um 
número expressivo de internações hospitalares no Brasil. Além disso, gera altos 
índices de morbimortalidade devido a ineficiência do Sistema Único de Saúde 
(SUS), uma vez que, só é possível receber o atendimento e tratamento adequado 
nos centros especializados e hospitais padrões, o que só é possível nas capitais e 
nas regiões desenvolvidas (PONTES-NETO et al., 2008). 
Dados do Ministério da Saúde (2021) informa que, no ano de 2021, as taxas 
de mortalidade e de internações do AVEi foram maiores no Sudeste e menor no 
Centro-oeste brasileiro: 
 
Quadro 01: óbitos e internações por AVEI durante janeiro a novembro de 2021 
REGIÁO [OBITOS INTERNA;ÓES 
Norte 147 1.045 
Nordeste 481 3.522 
Sul 1.756 8.148 
Sudeste 681 4.710 
Centro-oeste 120 908 
TOTAL 3.185 18.333 
Fonte: elaborado pelo o autor com base em Ministério da Saúde - Sistema de Informações 
Hospitalares do SUS (SIH/SUS). 
 
Machado (2022) permite saber que, para entender a representação clínica do 
AVEi é necessário ao médico compreender o sistema carotídeo interno e o sistema 
vertebro-basilar, pois essa representação depende do território vascular irrigado. Isto 
porque o sistema carotídeo origina a artéria que irriga o bulbo ocular e suas 
formações anexas, além da corióidea anterior, da comunicante posterior e das 
artérias cerebral média e anterior. Já o sistema vertebro-basilar cria ás artérias 
espinhais anteriores e posteriores, as artérias cerebelares inferiores posteriores e às 
artéria basilar. 
Por fim, a sintomologia do AVEi depende de qual artéria foi bloqueada, uma 
vez que cada uma rega determinado região vascular (HANDELSMANN et al,. 2021). 
17 
 
 
Por isso, o AVEi também pode acontecer no cerebelo quando a artéria entupida é 
uma das artérias cerebelar superior (SCA), cerebelar póstero-inferior (PAICA) ou 
cerebelar anteroinferior (AICA), (ALVES et al., 2021). 
 
1.3.2 Hemorrágico 
Esse tipo da doença representa cerca de 10% da dos casos de AVE, sendo 
mais frequente que a hemorragia subaracnóida e mais grave que o infarto cerebral. 
O AVEh resultante de hipertensão são causados nos núcleos da base, tálamo, ponte 
e cerebelo; áreas que são suprimidas por vasos sanguíneos de pequeno calibre, que 
por isso, sofrem mais com o efeito da pressão (HANDELSMANN et al,. 2021). 
Para o autor, as principais alterações fisiopatológicas da doença acontecem 
nas pequenas artérias e arteríolas devido à hipertensão arterial, podendo acontecer 
também por outras causas menos frequentes, tais como malformações 
arteriovenosas, distúrbios da coagulação, uso de anticoagulantes ou trombolíticos, 
aneurismas, sangramento de tumores, transformações hemorrágicas de infartos ou 
abuso de drogas. 
Nesse AVE, o déficit neurológico focal é súbito e progride rapidamente; 
causando rebaixamento do nível de consciência, cefaleia somado a náusea, vômitos 
e alta pressão arterial (MACHADO, 2022). Para analisar perfeitamente o estado do 
paciente é necessária uma tomografia computadorizada de crânio, pois este exame 
é o que permite diferenciar o AVEi do AVEh o apontar o local do sangramento. 
No tocante a classificação, o AVEh é subdividido de acordo com a região em 
que ocorreu a hemorragia: intracerebral, parenquimatosa e subaracnóide. A 
hemorragia intracerebral acontece quando no interior do cérebro um vaso se rompe 
ensanguentando a região. Essa situação é mais comum em pacientes com HAS, 
pois é, essencialmente, causada por hipertensão arterial, podendo ser também 
consequência de trauma, tumores, infecções, problemas de coagulação sanguínea 
e; irregularidades nos vasos sanguíneos (HANDELSMANN et al,. 2021). 
 
FIGURA 01: Tomografia computadorizada de um sangramento intracerebral 
espontâneo, vazamento nos ventrículos laterais. 
18 
 
 
 
Fonte: Fonte: STECKELBERG et al., 2021 
 
 
Já a hemorragia intracerebral parenquimatosa espontânea (HIP), segundo o 
autor, afeta com mais frequência os gânglios dabase, a protuberância e o cerebelo, 
sendo mais frequente na região das artérias cerebrais e nos paramedianos da 
artéria basilar. Ademais, essa subdivisão do AVEh provoca um sangramento na 
parênquima cerebral e; a nível mundial, tem uma taxa expressiva de morbidade e 
mortalidade. 
 
FIGURA 02: Tomografia de hemorragia intraparenquimatosa 
 
Fonte: STECKELBERG et al., 2021 
 
De acordo com a análise clínica da imagem, o paciente apresenta um 
hematoma intraparenquimatoso na região núcleocapsular à direita. Esse tipo de 
AVEh representa 10% da doença e, geralmente, é causado pelo rompimento de uma 
19 
 
 
arteríola (STECKELBERG et al., 2021). Conforme o autor, assim como todo caso de 
AVE, esse também consiste numa emergência médica, que depende de diagnóstico 
rápido para a melhor recuperação dos pacientes, pois a deterioração precoce 
costuma acontecer nas primeiras horas após a manifestação da doença. 
Por fim, a A hemorragia subaracnóidea (HSA) acontece entre as membranas 
pia-máter e aracnoide, apresentando sangramento (hematoma subdural) entre a 
dura-máter e a aracnoide e; um hematoma epidural entre a dura-máter e o osso. 
Sobre a causa, essa hemorragia pode acontecer devido à quebra de artérias 
superficiais, aneurismas saculares, malformações de vasos intracranianos, 
traumatismos e angiomas arteriovenosos (STECKELBERG et al., 2021). 
 
FIGURA 03: Tomografia sem contraste, com a seta indicando acúmulo de sangue 
por quadro de HSA 
 
Fonte: Fonte: STECKELBERG et al., 2021 
 
Vele ressaltar que, a HAS possui uma relação com o aneurisma cerebral, que 
é uma dilatação gerada na parede debilitada de uma artéria cerebral. Essa dilatação 
quando se rompe causa um sangramento entre o cérebro e o crânio, o que, por sua 
vez, provoca a hemorragia subaracnóidea (HANDELSMANN et al,. 2021). 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
2 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO 
2.1 Sintomas e detecção 
Dentre os primeiros sintomas do AVE encontram-se perda de sensibilidade ou 
fraqueza súbita na região da face, braço e/ou pernas, distúrbio mental, alterações 
visuais, dificuldade para falar e compreender o que é falado, dificuldade para 
permanecer em pé, perda súbita da coordenação e; cefaleia (HANDELSMANN et al,. 
2021). 
O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Acidente Vascular Cerebral 
Isquêmico Agudo (BRASIL, PORTARIA CONJUNTA SAES/SECTICS Nº 29, DE 12 
DE DEZEMBRO DE 2023) permite saber que para um diagnóstico diferencial 
 
O conhecimento do médico sobre as principais formas de instalação das 
desordens cerebrais é fundamental para o diagnóstico clínico de AVC 
hemorrágico ou isquêmico. Por exemplo, um déficit que se desenvolve 
durante semanas é usualmente decorrente de lesão cerebral com efeito de 
massa, p. ex., neoplasia ou abscesso cerebrais. Já um hematoma subdural 
deve ser distinguido de um AVC por seu curso mais prolongado e pela 
combinação de disfunções focais e difusas. Os ataques isquêmicos 
transitórios (AIT) podem ser confundidos com migrânea com aura, 
caracterizada por sinais ou sintomas focais, usualmente visuais como os 
escotomas cintilantes, hemiparesia ou outros déficits focais25. Convulsões 
podem ser confundidas com AIT. A maioria das convulsões produz atividade 
motora ou sensitiva positivas, enquanto a maioria dos AVC ou AIT produz 
sintomas negativos. O estado pós-ictal observado após uma convulsão 
pode também ocorrer em algumas síndromes isquêmicas. Uma pequena 
proporção de AVC (10%), especialmente os embólicos, é associada a 
convulsões concomitantes. Outras doenças que podem mimetizar um AVC 
são: hipoglicemia, doença de Ménière ou outras vestibulopatias periféricas. 
 
Para ser confirmado, o diagnóstico clínico considera os sintomas, a 
anamnese e a manifestação súbita de um déficit focal agudo ou ligeiramente 
progressivo. Ademais, a confirmação deve ser feita por exames de imagem como a 
tomografia de crânio. A Ressonância Magnética também é um exame que identifica 
a localização da hemorragia com precisão, todavia é um exame demorado e o 
tempo pode cobrir o indicado para realizar o tratamento trombolítico (BRASIL, 2023). 
Ainda segundo o Protocolo de Atendimento do Ministério da Saúde, os 
exames eletrocardiografia de repouso; hemograma completo; glicemia capilar; 
tempo de protrombina com medida do RNI (razão internacional normalizada); tempo 
parcial de tromboplastina ativada (TTPA); e níveis séricos de potássio, sódio, ureia e 
creatinina e; troponina devem ser solicitados, pois permitem que toda a situação 
clínica do paciente seja considerada durante o tratamento, evitando erros e, 
21 
 
 
principalmente, eventuais complicações. 
 
2.2 O tratamento do AVEi e a participação clínica da enfermagem 
No caso de AVE isquêmico, o paciente é encaminhado para realizar 
trombólise. Esta, somente pode ser realizada dentro de 4 a 5 horas após a 
manifestação da doença, seu objetivo é reduzir as consequências dos mecanismos 
fisiopatológicos que a isquemia provoca. Logo, todo diagnóstico de AVEi deve 
considerar a possibilidade de tratamento trombolítico, mas o tratamento só deve ser 
realizado se o paciente atender aos critérios de inclusão. Assim, cabe a equipe 
médica conhecer e adotar em casos de AVEi os critérios de inclusão e exclusão 
desse tratamento presente nos protocolos de atendimento da doença (BARCELOS, 
2016). 
De acordo com o autor, nesse tratamento é feita a infusão do rt-PA (ativador 
do plasminogênio tissular recombinante) e durante esta infusão os sinais vitais do 
paciente e sua condição neurológica deve ser avaliada a cada 15 minutos. Passado 
6 horas seguidas, essa avaliação só necessita ser feita a cada meia hora e; nas 
próximas 16 horas pode ocorrer somente a cada 60 minutos. Já a temperatura deve 
ser verificada a cada 4 horas e os batimentos cardíacos devem ser observados nas 
primeiras 72 horas. 
A Trombólise visa destruir o coágulo via medicamentos trombolíticos, sendo o 
mais utilizado a alteplase: “alteplase: 0,9 mg/kg (máximo de 90 mg), por via 
intravenosa, com 10% da dose aplicada em bolus e o restante, continuamente, ao 
longo de 60 minutos” (BRASIL, PORTARIA CONJUNTA SAES/SECTICS Nº 29, DE 
12 DE DEZEMBRO DE 2023). 
O período de 48 horas com os sintomas neurológicos é chamado de fase 
aguda do AVE e, quando persite por cerca de 4 a 6 horas torna as lesões cerebrais 
irreversíveis. Logo, até 4 horas e meia após a confirmação do AVEi a neuroproteção 
deve ser iniciada e o rt-PA deve ser administrado, não sendo possível fazer essa 
administração dentro do tempo necessário deve-se recorrer a terapia farmacológica 
com o ácido acetilsalicílico (HANDELSMANN et al,. 2021). 
Segundo os autores, no tratamento do AVEi, a equipe de enfermagem 
também é responsável por monitorar os parâmetros fisiológicos; a temperatura 
corporal e hipóxia cerebral; observar o risco de hipoperfusão da região cerebral 
afetada; manter a pressão arterial inferior a 220/120 mmHg. 
22 
 
 
Em suma, depois de ser admitido na emergência e cadastrado no sistema, o 
paciente passa para a sala vermelha, onde é avaliado pela a equipe multidisciplinar 
de saúde, a qual deve ser, no mínimo, composta por um enfermeiro, um médico 
emergencista e um médico neurologista. Confirmada a possibilidade de um AVEi 
agudo, o paciente é conduzido a realizar exames de imagem, se o paciente 
manifestou os sintomas a menos de 4 ou 5 horas realiza-se uma Tomografia (TC) de 
crânio, se os sintomas já persistem por mais de 8 horas a TC deve ser sem 
contraste somada a uma angio TC de vasos intra e extracranianos, se o paciente já 
sofre os sintomas por 8 a 24 horas realiza-se uma TC somada a uma angio TC de 
vasos intra e extracranianos e a uma TC perfusão ou ressonância magnética (RM) 
(BRASIL, 2023). 
Depois de avaliada a TC sem constrate, se o resultado apontar que a Artéria 
cerebral média apresenta hipordensidade menor que 1/3 do território e déficit 
neurológico com prejuízo nafunção, se ainda há tempo para o tratamento 
trombolítico, deve ser feito trombólise IV com alteplase. Feito isto, se angio TC de 
vasos intra e extracranianos apontar que há oclusão de grande vaso realizar-se a 
trombectomia, se os sintomas já ocorrem a menos de 8 horas, se esse tempo já foi 
ultrapassado, avalia-se a TC perfusão ou a RM para averiguar a possibilidade de 
tratar com trombectomia (BRASIL, 2023). 
Essa trombectomia é um tratamento não medicamentoso, consiste em 
remover o coágulo que bloqueia o vaso sanguíneo usando cateteres para levar um 
dispositivo de remoção até o local de obstrução. Para realizar essa remoção pode se 
usar o dispositivo chamado stent autoexpansível removível, o qual se integra ao 
trombo e extrai o mesmo quando retirado, ou um dispositivo capaz de aspirar o 
trombo: 
 
Já a estratégia de aspiração utiliza um sistema tri-axial, consistindo de um 
cateter guia (com ou sem balão) em que se coloca um conjunto de 
microcateter e microguia. O microguia é navegado até o contato do 
trombo, idealmente sem ultrapassá-lo. Em seguida, um sistema de 
aspiração deve ser engajado no coágulo à medida em que se retira o 
conjunto do microcateter e microguia, ligando-se à bomba de aspiração 
por 3 a 5 minutos. Após, retira-se o cateter de aspiração para o cateter 
guia e então se avalia a reperfusão arterial. Preconiza-se a realização de 
trombectomia mecânica em pacientes com lesões de grandes vasos e 
com janela do início de sintomas menor que 8 horas ou entre 8 a 24 horas, 
de acordo com os critérios de inclusão e exclusão deste Protocolo 
(BRASIL, PORTARIA CONJUNTA SAES/SECTICS Nº 29, DE 12 DE 
DEZEMBRO DE 2023). 
 
23 
 
 
Entretanto, nem sempre o paciente sabe precisar o momento em que 
começou a sentir os sintomas, dificultando a prescrição do tratamento mais indicado. 
Nesses casos, a equipe multidisciplinar deve calcular o período dos sintomas 
considerando o ultimo momento em que o paciente acredita que estava bem. Esse 
será o tempo que a equipe médica considerará para determinar a janela de sintomas 
e prescrever o tratamento (HANDELSMANN et al,. 2021). 
Quando há suspeita de AVEi agudo, o paciente deve ser conduzido a um 
hospital de referência em AVE, pois estes dispõem dos recursos humanos e 
materiais necessários para atender o paciente como se deve e; para realizar a 
infusão de trombolítico, pois contam com uma equipe capacitada e coordenada por 
neurologista clínico disponível 24 horas, recursos materiais que permitem o 
monitoramento contínuo da condição cardiovascular e respiratória do paciente, 
Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Laboratório especializado com funcionamento 
de 24 horas, aparelho de tomografia, neurocirurgião disponível por 24 horas, serviço 
de hemoterapia e de crioprecipitado (BRASIL, 2023). 
Sendo Assim, os Centros de Atendimento de Urgência ao AVE e os hospitais 
habilitados podem ser considerados regalias das quais gozam apenas as capitais e 
cidades desenvolvidas, haja vista que é sabido que a maioria das cidades, 
sobretudo, às nordestinas não dispõem de hospitais de grande porte ou de centros 
especializados em atendimento de pacientes acometidos por AVE. Por exemplo, em 
estados pobres, como o Maranhão, quase todas as cidades (com exceção da 
capital) possuem hospitais de pequeno ou médio porte e, estes não contam com um 
departamento de neurológia que funcionam 24 horas. Ao contrário, nem mesmo 
contam com determinados especialistas no quadro de profissionais da unidade 
hospitalar, a exemplo disso, tem-se a cidade de Codó, cujo o Hospital Geral 
Municipal não dispõe de um neurocirurgião na equipe multidisciplinar, o que leva as 
vitimas de AVE a aguardarem transferência de leito via regulação ou atendimento 
em uma policlínica. 
 
2.3 O tratamento do AVEh e a participação clínica da enfermagem 
Como visto no capítulo anterior, o AVEh consiste num sangramento dentro ou 
em volta do cérebro causado por vazamento ou rompimento de vasos sanguíneos. 
Quando o sangramento é ao redor do cérebro se tem uma hemorragia 
subaracnóidea (HSA), quando dentro do cérebro chama-se hemorragia intracerebral 
24 
 
 
(HIC), que costuma ser resultado de pressão alta. Ambos os casos trata-se de uma 
urgência médica, pois o sangue provoca o inchaço do tecido cerebral. 
Para tratar o AVEh, primeiro o médico determina a causa da hemorragia, nos 
próximos passos a equipe de enfermagem controla/monitora a pressão arterial; não 
administra nenhum tipo de anticoagulante e; monitora a pressão dentro do cérebro e 
do crânio (BRASIL, 2023). 
Para que o enfermeiro realize esse monitoramento da pressão intracraniana, 
antes, o neurocirurgião mede essa pressão inserindo o tubo de ventriculostomia no 
ventrículo, uma área do cérebro. Se a pressão estiver alta retira-se do ventrículo um 
pouco de líquido cefalorraquidiano. Tal procedimento também pode ser usado para 
drenar o sangue acumulado no cérebro devido à hemorragia e, não exige sala de 
cirurgia, podendo ser feito até mesmo no leito do paciente (BARCELOS, 2016). 
De acordo com o autor, o objetivo do tratamento cirúrgico é conter a 
hemorragia ou prevenir novo sangramento. Essa cirurgia depende do quadro do 
paciente, pois o mesmo precisa está estabilizado e pode ser realizada nos três 
primeiros dias após a manifestação da doença ou até em duas semanas depois. 
Considerando o Protocolo de Atendimento para AVE do Ministério da Saúde, 
essa cirurgia é indicada nas seguintes situações (BRASIL, 2023): 
 Hemorragia cerebelar com diâmetro > 3 cm; 
 Escala de coma de Glasgow (9-12); 
 Pacientes com hemorragia lombar grande; 
 Deterioração neurológica muito rápida; 
 Hematomas em núcleo da base > 30 ml; 
 Desenvolvimento de hidrocefalia aguda. 
Além disso, necessita-se controlar a pressão arterial (PA) e a pressão 
intracraniana (PIC), principalmente, nos casos que não demanda cirurgia e deve-se 
esperar que o sangue extravasado seja absorvido. A tomografia de crânio deve ser 
realizada logo após o diagnóstico de AVEh, momento em que a equipe de 
enfermagem já deve ter administrado drogas para reduzir a pressão arterial sistólica 
do paciente para números inferiores a 140-90mmHg, pois, em geral, durante a 
manifestação do AVE, o acometido apresenta pressão arterial acima de 180, 
200mmHg (BARCELOS, 2016). 
Por sua vez, os pacientes que durante a manifestação do AVEh apresentarem 
25 
 
 
crises convulsivas, hemorragias lombares, que forem torporosos e comatosos 
devem ser indicados para a terapia anticonvulsivante, a qual deve ser mantida, no 
minimo por 30 dias, devendo ser prolongada caso as crises continuem ocorrendo. Já 
a prescrição inicial suspende a dieta oral até que a deglutição do paciente seja 
avaliada; mantém o monitoramento do eletrocardiograma e do nível de saturação de 
oxigênio; o controle da diurese (12/12h), a cabeceira elevada a 30º; realiza 
profilaxia da trombose venosa profunda (TVP); dipirona IV (para Tax > 37,5º); 
Bromoprida (para náusea ou vômito), dentre outros, de acordo com a necessidade 
(BRASIL, 2023). 
Para Machado (2002), após sofrer um AVEh a pessoa pode ter algumas 
complicações médicas, como coágulos sanguíneos, problemas de deglutição, 
infecção em alguma parte do sistema urinário, sangramento em alguma parte do 
sistema digestivo, problemas cardíacos, cataratas, convulsões e escarras. 
A presença de um coágulo sanguíneo no período pós-AVEh requer atenção 
por parte do paciente e da equipe de saúde, pois se o coágulo romper pode causar 
uma embolia pulmonar. Para evitar que isso aconteça e/ou que um coágulo seja 
formado em alguma veia profunda do corpo a equipe de enfermagem deve 
administrar um anticoagulante tão logo a hemorragia cerebral cesse. Por isso, é 
importante monitorar o paciente nos primeiros sete dias após o AVEh, pois é nesse 
espaço de tempo que os coágulos sanguíneos podem se formar. 
Geralmente, essa complicação é mais alta em pacientesque durante o 
tratamento apresentaram dificuldade de equilíbrio e coordenação, pois a dificuldade 
para andar pode estar associada a uma paralisia decorrente do AVEh. Paralisado, o 
paciente tem seus movimentos limitados, o que aumenta as chances de ele sofrer 
uma trombose venosa profunda (MACHADO, 2002). Por isso, o enfermeiro-chefe 
deve orientar o paciente e sua família sobre a necessidade de o paciente está 
realizando determinados exercícios, além de comunicar o fisioterapeuta da equipe 
multidisciplinar sobre essa demanda. 
Os problemas de deglutição, ou seja, dificuldade para comer e beber 
acontece devido a fraqueza muscular decorrente da lesão que o cérebro sofreu, uma 
vez que os nervos e músculos da boca, língua e garganta foram prejudicados. Essa 
é uma condição médica que também requer atenção por parte do paciente, de seus 
familiares e da equipe multidisciplinar de saúde, logo demanda monitoramento por 
parte do enfermeiro, pois tal quadro clínico pode levar o paciente a inalar saliva e até 
26 
 
 
alimentos para os pulmões (BRASIL, 2023). 
A infecção do trato urinário é uma complicação pós-AVEh que se apresenta 
de 3 formas: 
1. Dificuldade para urinar; 
2. Incontinência urinária (falta de controle da bexiga); 
3. Retenção urinária (esvaziamento incompleto da bexiga). 
A solução desses possíveis problemas consiste na inserção de um cateter 
dentro da bexiga durante as primeiras semanas pós-AVEh. Contudo, alguns 
cuidados são necessários, pois o uso do cateter pode causar infecção e, compete a 
equipe de enfermagem diligenciar nesse sentido (BARCELOS, 2016). 
Para o autor, outra complicação médica que o paciente pode sofrer depois de 
um AVeh ou um AVEi é o risco de convulsões. Sobre isso, o médico pode optar por 
prescrever anticonvulsivantes de modo preventivo ou somente se o paciente tiver 
crises. As chances de o paciente sofrer essa complicação é maior no primeiro mês 
após a manifestação da doença, mas as crises também podem começar a acontecer 
anos depois. 
Depois de um AVE, seja o isquêmico ou o hemorrágico é comum o paciente 
sofrer com arritmia ou infarto do miocárdio, por isso, é importante exames como o 
eletrocardiograma (ECG) e o monitoramento do paciente. Sobre isso, a revista 
Cardiology and Cardiovascular Medicine publicou um estudo realizado em 2021 pela 
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), o qual demonstra 
que sobreviventes de AVE são mais propensos a sofrerem um infarto. 
Escaras ou ulceras de decúbito é uma complicação do período pós-AVE, que 
provoca uma lesão na pele do paciente, fazendo com que o mesmo tenha 
vermelhidão ou úlceras profundas. É um problema com risco de infecção e que pode 
ser evitado com cuidados simples que a equipe de enfermagem e o acompanhante 
do paciente devem adotar. Esses cuidados incluem mover o paciente, evitando que 
ele fique muito tempo deitado na mesma posição; coloca-lo deitado de lado em um 
ângulo de 30º; evitar pressão nos tornozelos e joelhos por meio do uso de almofadas 
ou semelhante; de vez em quando elevar os calcanhares e; elevar a cabeceira da 
cama. 
 
2.4 Danos psicológicos sofridos no período pós-AVE 
Os primeiros autores a pesquisar sobre depressão pós-AVC (DPAVC) foram 
27 
 
 
Robinson, Bolduc e Price, na década de 1980 e, suas publicações ainda são às mais 
consideradas quanto ao tema. Esses pesquisadores, após dois anos de estudo, 
concluíram que as chances de o paciente ter um quadro de depressão nas duas 
semanas após o AVE é de 27%, sendo 22% depois de três meses, 34% após 6 
meses, 14% depois de 12 meses e; 21% após 24 meses. 
De acordo com Fráguas e Figueiró (2014), os danos psicológicos 
provenientes de um AVE podem afetar a capacidade funcional e a qualidade de vida 
do paciente, um quadro que é agravado e justificado pelas próprias limitações 
impostas pela doença, o que costuma acontecer quando o paciente fica com alguma 
sequela decorrente da doença. 
Para os autores, as vitimas de AVE têm mais que o dobro de chances de 
sofreram depressão quando comparadas a outras pessoas e, essas complicações 
psicológicas costumam ocorrer quando o paciente tem dificuldades de aceitar e 
adaptar-se a sua situação médica. o que é um agravante para sua recuperação; 
prologando o tempo de internação hospitalar. 
Assim, conclui-se que, um quadro de depressão no período pós-AVE dificulta 
ainda mais o processo de recuperação e de reabilitação do paciente, o que 
consequentemente demanda um trabalho ainda mais humanizado por parte da 
equipe multidisciplinar de saúde. Além disso, a DPAVC também aponta para a 
necessidade e importância do profissional em psicologia compor a equipe de saúde, 
pois apesar de o enfermeiro também ofertar um apoio emocional ao paciente, esse 
serviço não é sua prioridade dentro do processo saúde-doença. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
3 ENFERMAGEM E O ATENDIMENTO AOS PACIENTES 
ACOMETIDOS POR AVE 
 Enquanto permanece hospitalizado, a pessoa acometida por AVE recebe 
cuidados da equipe multidisciplinar hospitalar, na qual está inserida o enfermeiro 
enquanto profissional da área da saúde. Sobre isso, Machado (2022) afirma que os 
serviços de enfermagem persistentes aos cuidados para com pacientes vitimas de 
AVE inclui avaliação neurológica, identificação dos déficits motores e sensoriais que 
causam a doença, determinação do prognóstico, atividades de reabilitação e de 
prevenção de iatrogênicas. 
Ademais, o enfermeiro deve atuar visando reduzir as chances de o paciente 
ter alguma incapacidade resultante da doença. Assim, seu trabalho considera a 
reabilitação do paciente, isto é, seu bem-estar pós-AVE. Outro cuidado citado por 
Machado (2022) refere-se ao apoio emocional do qual necessita tanto o paciente 
quanto seus familiares, pois, para o autor, os profissionais da enfermagem também 
devem garantir esse apoio juntamente com os demais colegas da equipe 
multidisciplinar. 
Para Barcelos (2016) é exatamente este apoio que ajuda o paciente a lidar 
com os sintomas, com o estresse hospitalar e, com o medo de ficar com alguma 
sequela. Além disso, o autor acredita que também compete aos enfermeiros realizar 
atividades que buscam reduzir as dificuldades neurológicas impostas ao paciente 
pela doença, tais como treinar a fala do paciente e suas habilidades motoras. O que 
pode ser um exagero por parte do autor, uma vez que questões pertinentes a fala 
deveriam ser trabalhadas pelo o profissional de fonoaudiologia do hospital, tal como 
o fisioterapeuta da equipe multidisciplinar deve cuidar da parte de reabilitação da 
motricidade. 
Segundo o autor, o enfermeiro também é fundamental para fazer com que o 
paciente e seus familiares compreendam o curso da doença, suas fases e suas 
limitações, o que é feito por meio de apoio, orientação e oferta de informação. 
Concluindo o pensamento do autor, a relevância dessa atividade por parte do 
enfermeiro é nítida quando pensa-se no período pós-AVE, no tratamento e na 
reabilitação do paciente que deve continuar fora do ambiente hospitalar, onde o 
cuidador é alguém da família e; como fariam isso, se no hospital no forem 
preparados para tal atividade? 
29 
 
 
Essa preparação ocorre por meio de orientação, onde o enfermeiro deve 
ensinar os familiares do paciente a fornecer corretamente a medicação, a realizar 
corretamente a higiene corporal, a realizar a mudança de decúbito, a locomover o 
paciente, a prevenir quedas, dentre outros cuidados. Logo, é dessa forma que a 
equipe de enfermagem contribui para os cuidados pós-hospitalar; se fazendo 
presente na vida do paciente mesmo quando já não esta em contato com ele. 
Dito isso, vale ressaltar que as competências dos enfermeiros, inclusive para 
com os pacientes vitimas de AVE são descritas e amparadas pela Lei do Exercício 
Profissional. São atribuições que enfatizam o quanto o cuidado da enfermagem é 
necessário dentro do processode saúde-doença, sendo essencial para a 
recuperação física e emocional do paciente. 
 
3.1 Assistência clínica 
O trabalho da enfermagem dentro do processo saúde-doença para pessoas 
acometidas por AVE é tão indispensável quanto o trabalho do médico ou de 
qualquer outro profissional dentro da equipe hospitalar, pois é o enfermeiro que, 
diariamente, verifica alterações neurológicas, fisiológicas e motoras do paciente. 
Além de verificar as seguintes alterações, ausência ou existência de algum 
movimento; alteração do nível de consciência; abertura ocular; análise de balanço 
hídrico; nutrição; hidratação; integridade da pele; sinais vitais; temperatura e, 
juntamente com os técnicos de enfermagem evita que o paciente faça movimentos 
ou atividades que podem prejudicar sua recuperação (PAULA; GONÇALVES; 
SOUZA; CASSÍA, 2017). 
Para esses autores, o enfermeiro deve auxiliar o paciente a enfrentar a 
doença, ser zeloso no cuidado prestado, saber identificar fatores de risco e ser 
capaz de prevenir agravantes como lesões por pressão, atrofia de membros, 
infecções no trato urinário, bronco aspiração e qualquer complicação que possa 
afetar ainda mais o quadro clínico ou emocional do paciente. 
Segundo Machado (2022), no caso do AVE, os enfermeiros também realizam 
as seguintes tarefas: 
 triagem dos pacientes para o uso da terapia trombolítica; 
 administração medicamentosa; 
 monitoramento clínico; 
 encaminhamento a outros serviços prestados pela equipe 
30 
 
 
multidisciplinar; 
 
Ademais, quando o paciente chega à emergência sua avaliação inicial é 
realizada pelo enfermeiro e, é o momento onde o profissional deve concentrar sua 
avaliação nos sinais vitais, nas vias aéreas, circulação sanguínea e respiração 
(MACHADO, 2022). 
No atendimento pré-hospitalar às vitimas de AVE, isto é o atendimento 
realizado antes de o paciente chegar ao hospital, o enfermeiro a serviço do SAMU 
realiza dentre outros os seguintes procedimentos: Acesso venoso periférico; 
administração de oxigênio por cateter nasal ou máscara; verificação de glicemia 
capilar; aplicação da escala pré-hospitalar de AVE; registro e horário de sintomas e; 
uso de antitérmico quando a temperatura axilar for maior que 37,5° 
(STECKELBERG et al., 2021). 
O autor também cita os cuidados que os pacientes acometidos por AVE 
devem receber no atendimento hospitalar: exames de confirmação do diagnóstico; 
transferência de leito para hospital ou centro médico de referência em AVE; 
checagem do horário em que os sintomas tiveram início; uso da escala do National 
Institutes of Health (NIH); verificação se o paciente pode começar a trombólise 
intravenosa antes de 4 ou 5 horas da manifestação da doença; observar os 
protocolos de indicação e contraindicação da trombólise; dentre outros. 
Para Meneghelo e Barroso (2018), os trombolíticos tem sido 
significativamente usado nos últimos 20 anos, sendo uma das causas emergente de 
AVEh e, o sangramento do Sistema Nervoso Central (SCN) pode acontecer após a 
trombólise de AVE isquêmico, mesmo quando o enfermeiro adota os protocolos de 
triagem. Assim, é importante que o enfermeiro faça com zelo a seleção dos 
pacientes encaminhados para a trombólise para que não haja um sangramento 
ainda mais frequente. 
Para os autores, os sangramentos decorrentes da HAS e da angiopatia 
amiloide são diferentes dos sangramentos resultantes de lesões no encéfalo, sendo 
chamados de primários. Geralmente, a angiopatia amiloide acontece em idosos com 
mais de 65 anos e, a proteína amiloide infiltra as camadas média e adventícia de 
vasos corticais. 
 
3.2 Assistência emocional e a humanização da enfermagem 
31 
 
 
O enfermeiro deve cuidar das vitimas de AVE com disciplina profissional, 
devendo ser compassivo a fim de garantir apoio ao pacientes e a seus familiares 
para que estes se tornem menos dependente da equipe de saúde. Assim, o trabalho 
da enfermagem no cuidado para com as vitimas de AVE deve ser dinâmico, efetivo, 
eficiente e, interdisciplinar para que o paciente seja reintegrado a sua comunidade 
(BARCELOS, 2016). 
Dessa forma, a enfermagem promove o bem-estar do paciente, considerando 
sua dignidade, prevendo doenças e reduzindo as chances de eventuais 
incapacidades do AVE. Isso acontece porque os membros da equipe de 
enfermagem (enfermeiros, técnicos e auxiliares) são os profissionais que mais tem 
contato direto com o paciente, atendendo suas necessidades básicas e clínicas, de 
maneira, disciplinada e humanizada, pois 
 
“Humanizar, caracteriza-se em colocar a cabeça e o coração na tarefa a ser 
desenvolvida, entregar-se de maneira sincera e leal ao outro e saber ouvir 
com ciência e paciência as palavras e os silêncios. O relacionamento e o 
contato direto fazem crescer, e é neste momento de troca, que humanizo, 
porque assim posso me reconhecer e me identificar como gente, como ser 
humano (ALVES, 2019, p.26). 
 
Esse trabalho humanizado é importante em qualquer atendimento na area da 
saúde e, é uma necessidade dos pacientes com diagnósticos graves como o AVE, 
pois a humanização do paciente garante direitos básicos como respeito e dignidade, 
ressalta o autor. 
Sobre isso, o Ministério da Saúde afirma que o atendimento humanizado 
começa na 
Recepção ao usuário, desde a sua chegada, responsabilizando-se 
integralmente por ele, ouvindo sua queixa, permitindo que ele expresse 
suas preocupações, angústias, e, ao mesmo tempo, colocando os limites 
necessários, garantindo atenção resolutiva e a articulação com os outros 
serviços de saúde para a continuidade da assistência, quando necessário 
(BRASIL, 2019, p.35) 
 
Portanto, o processo de cuidar exige essa humanização por parte da 
enfermagem, é preciso que estes profissionais sejam compassivos com os 
pacientes, sobretudo, os acamados e os que podem sofrer com incapacidades, 
como as vitimas de AVE. Nessa linha, Roque et al., (2007) acredita que o 
atendimento humanizado deve atenuar com o carinho, de maneira que, ao atender 
um paciente com dor, o enfermeiro deve executar suas tarefas com palavras 
32 
 
 
carinhosas, permitindo que o paciente expresse seus sentimentos . 
Portanto, o ato de cuidar, a assistência clínica deve ser realizada com 
compassividade, apesar da sobrecarga de trabalho, compete o enfermeiro gerenciar 
as atividades da equipe a fim de que consiga prestar a todos os pacientes, não 
apenas as vitimas de AVE, um atendimento humanizado, considerando as normas 
legais que dispõem sobre isso, tal como a Política Nacional de Humanização do 
SUS, de 2003. 
 
3.3 O enfermeiro e o gerenciamento do cuidado 
Ao gerenciar o cuidado de seus pacientes ou uma ação preventiva de AVE, 
por exemplo, o enfermeiro vai encontrar problemas que podem não ter sidos 
considerados no início do plantão, pois é durante o agir profissional que surgem 
situações que não puderam ser previstas, como a evasão de um paciente, regresso 
no tratamento, demora no pedido de transferência de leito (regulação). Esses 
imprevistos requerem da equipe de enfermagem capacidade administrativa quanto à 
gestão para que as situações negativas sejam trabalhadas evitando riscos maiores e 
as situações favoráveis aproveitadas (ALVES, 2019). 
Para o autor, o gerenciamento permite o controle das ações, prevenindo 
situações-problemas e garantindo o tratamento prescrito pelo médico. Essa 
disciplina garante que os medicamentos sejam administrados devidamente, que a 
higiene e o acolhimento sejam feitos corretamente e, quando necessário, que não 
haja sobrecarga profissional, o que por sua vez, evita erro profissional. 
De acordo com o protocolo de gestão médica neurológica do Hospital Igesp, 
criado em 06/2017, revisto em 07/2021, em casos de AVE compete ao enfermeiro 
gestor as seguintes atribuições: 
 Acompanhamento dos pacientes em tratamento ou com suspeita de 
diagnóstico; 
 Intervenção protocolar: adesão de protocolos pertinentes àdoença; 
 Coleta de dados dos pacientes em tratamento; 
 Discussão dos casos com equipe médica; 
 Feedback para os demais membros da equipe multidisciplinar; 
 Treinamento da equipe de enfermagem; 
 Análise e registro dos dados; 
33 
 
 
 Divulgação dos Resultados para o hospital ou Secretaria de Saúde. 
 
A importância da gestão do cuidado foi nitidamente percebida no auge da 
pandemia causada pelo covid-19, a má gestão de muitos governadores estaduais e 
municipais levou a saúde local ao caos, não havia controle dos recursos, faltavam 
medicamentos, oxigênio, leitos de UTI e até havia desfalque em algumas equipes de 
saúde. 
Por isso, na gestão, o enfermeiro deve administrar as atividades dos cuidados 
pré-hospitalar e hospitalar do AVE, zelando pelo bem do paciente e pelo bom 
trabalho em equipe, pois os funcionários são pessoas; sujeitos às mais diversas 
influências do ambiente e as variadas maneiras de reagir emocionalmente a tais 
influências (PAULA; GONÇALVES; SOUZA; CASSÍA, 2017). 
Portanto, o clima organizacional interfere no emocional do funcionário 
afetando seu rendimento para bom ou ruim, logo, é necessário que o clima 
organizacional na unidade de saúde seja sempre bom. Daí a importância de o 
enfermeiro-chefe realizar o gerenciamento dos serviços ofertados aos pacientes. 
Com um clima organizacional positivo, o enfermeiro garante a base 
fundamental para sua equipe desempenhar com êxito suas atribuições, evitando 
erros, acidentes de trabalho, riscos de desvio de função e, garantindo que a vitima 
de AVE receba um atendimento que vise sua recuperação completa, sem ficar com 
alguma sequela. 
 
3.4 Assistência para com as sequelas da doença durante o período pós-AVE 
O período chamado de pós-AVE é o momento posterior à manifestação da 
doença, onde o paciente já não corre mais risco de vida e permanece internado para 
terminar o tratamento, também é o período onde o paciente já recebeu alta 
hospitalar e em casa realiza o tratamento de reabilitação. Esta é necessária para 
que o paciente com sequela adapte-se a sua nova condição física ou neurológica e, 
principalmente, reduza o nível de limitação imposta pela incapacidade. 
De acordo com dados da Organização Panamericana da Saúde (2014) cerca 
de 30 a 40% dos pacientes acometidos por AVE sofrem alguma sequela que as 
impede de retornar ao mercado de trabalho e que fazem-nas precisar de cuidador ou 
de alguém que lhe ajude com certas atividades de rotina. 
 
34 
 
 
3.4.1 Disfagia 
A disfagia enquanto uma incapacidade decorrente do AVE é um déficit 
sensório-motor que dificulta a alimentação do paciente, entre seus muitos sintomas 
pode-se citar a falta de apetite, a dificuldade de preparar e comer o alimento, 
dificuldades para mastigar, dificuldade para engolir e tosse durante o ato de comer. 
Logo, é complicação grave que pode levar o paciente a perder peso e até a uma 
pneumonia por aspiração (PAULA; GONÇALVES; SOUZA; CASSÍA, 2017). 
Essa complicação consiste num problema de deglutição e são muitas as 
formas de a equipe de enfermagem ajudar o paciente, tais como: ajudar o paciente a 
alimentar-se; orientar o paciente e seu acompanhante (cuidador) sobre a 
estimulação sensorial intra e extraoral; incentivar cuidador e paciente a realizar 
exercícios para lábios e língua; solicitar os serviços de fisioterapia e nutrição do 
hospital (BRASIL, 2023). 
 
3.4.2 paralisia facial 
Outra condição associada ao AVE bem conhecida da população é a paralisia 
facial, acontece quando os movimentos faciais de um dos lados do rosto passam a 
ser limitados ou nulos. Essa condição pode passar em algumas semanas ou tornar-
se irreversível por falta de reinervação. Logo, é uma situação que também demanda 
um processo de reabilitação, onde os efeitos da paralisia devem ser minimizados a 
fim de garantir mais independência ao paciente. 
No hospital, o enfermeiro pode ajudar o paciente com essa limitação 
ensinando e incentivando seu cuidador a realizar uma massagem indutora; a realizar 
compressa fria para estimular o músculo da face que foi lesionado e; realizar 
exercícios com ativação cortical. 
 
3.4.3 Déficits de sensibilidade e alterações visuais 
Quando a área do cérebro responsável por interpretar a sensibilidade é 
lesionada pela hemorragia o paciente apresenta déficits de sensibilidade, uma 
incapacidade que pode alterar a percepção de dor, tato e sensação térmica. No 
processo de reabilitação, a equipe de enfermagem pode ajudar o paciente auxiliando 
e incentivando-o a realizar os exercícios solicitados pelo fisioterapeuta do hospital. 
Quanto às alterações visuais, a gravidade dessa incapacidade depende da 
região do cérebro que foi atingida pelo sangramento. As dificuldades impostas por 
35 
 
 
essa condição vão desde dificuldade para movimentar o globo ocular, dificuldade 
para processar o que se ver, perda do campo visual ou da visão central. A equipe de 
enfermagem deve ajudar os pacientes com essa incapacidade por meio da 
informatização e orientação, pois tanto o paciente quanto seus familiares precisam 
saber o prognóstico de reabilitação e sentirem-se acolhidos. 
 
3.4.4 Dificuldades motoras e funcionais 
Nessa condição associada ao AVE, o paciente pode sofrer com dificuldade 
para manter-se sentado; dificuldade em levantar e ficar em pé; dificuldade para ficar 
na posição ortostática; dificuldade para deambular; dificuldade para movimentar às 
mãos. Esse é um quadro que requer bastante exercícios fisioterapêuticos do 
paciente, devendo o enfermeiro zelar para que isso aconteça, tanto por parte do 
fisioterapeuta do hospital quanto por parte de seu acompanhante/cuidador. 
Dentre os exercícios para a primeira dificuldade apresentada, o paciente pode 
tentar alcançar objetos em todas as direções e adequar sua postura visando o 
alinhamento do corpo. Para reabilitar a capacidade de o paciente ficar na posição 
ortostática existe uma serie de exercícios que permitem que o peso seja distribuído 
nos membros inferiores se deslocando do centro de massa corporal. A dificuldade 
de deambular assim como a dificuldade de movimentar as mãos também requer 
uma reabilitação especifica e complexa, o que torna esses pacientes uma demanda 
ativa do fisioterapeuta hospitalar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Revisando o que fora discorrido ao longo desses três capítulos, pode-se 
concluir que o Acidente Vascular Encefálico é uma doença cruel não somente no 
sentido físico, mas em dimensões psicológicas e econômicas, uma vez que as 
incapacidades que a doença costuma causar adoece o emocional do paciente ao 
mudar radicalmente sua vida por meio da deficiência e da dependência financeira 
por parte do Estado. 
Além disso, é uma enfermidade de alto custo, pois o tratamento e a 
reabilitação do paciente envolvem diversos profissionais da equipe multidisciplinar 
de saúde, o que exige de toda essa equipe um trabalho ainda mais humanizado, 
com oferta de apoio emocional não apenas para o paciente, mas para seus 
familiares, os quais serão seu cuidador depois da alta hospitalar. 
Percebeu-se também que é uma doença passível de prevenção, inclusive por 
meio do tratamento de alguns fatores de riscos, o que exige um trabalho de 
educação em saúde por parte dos gestores municipais, uma vez que ao ser 
orientada sobre essa prevenção a população pode adotar os cuidados necessários a 
fim de evitar esse mal. 
No tocante a atuação do enfermeiro no atendimento ao paciente acometido 
por AVE, este trabalho-estudo demonstrou que ao cumprir suas competências e 
atribuições previstas em leis especificas da profissão, o enfermeiro é capaz de 
diagnosticar a doença, realizar os primeiros socorros e aplicar protocolos de 
atendimentos previstos em documentos legais, além de ter uma participação 
necessária durante o tratamento clínico do paciente. Logo, o papel do enfermeiro 
para com essespacientes não é diferente de seu exercício profissional no tocante a 
outros pacientes, sendo um fazer disciplinado, ordenado e gerenciado, de maneira 
que suas ações se estendem para além da administração de medicamentos; do 
controle de sinais vitais; prestando também um atendimento humanizado com oferta 
de apoio emocional. 
Além disso, como visto no capítulo dois, o agir do enfermeiro está presente 
em todo o processo de recuperação do paciente: nos cuidados pré-hospitalar, 
hospitalar e pós-AVE. Neste último, atua por meio da orientação; onde prepara 
(ensina) o paciente e seus familiares a continuarem os cuidados em casa. Essa 
tarefa é de extrema importância, pois garante que em sua residência o paciente 
37 
 
 
continuará tomando corretamente os medicamentos, fará os exercícios de 
reabilitação (caso precise) e, buscará os serviços de que necessita para sua 
completa recuperação, tais como fisioterapia, fonoaudiologia e terapia. 
Outra conclusão sobre o exposto nesta monografia é o fato de que o 
gerenciamento do cuidado é extremamente importante e necessário para a rápida 
recuperação do paciente, pois é o que garante que o plano de trabalho de toda a 
equipe multidisciplinar seja devidamente cumprido e que nenhum serviço deixe de 
ser prestado por falha humana. 
Sobre isso, como visto no capítulo três, o enfermeiro é o líder da equipe de 
enfermagem, devendo assumir essa função e gerenciar o cuidado dos pacientes e o 
clima organizacional de sua equipe. Essa tarefa do enfermeiro é tão importante 
quanto o ato de cuidar, medicar, pois é esse controle das ações que garante que o 
paciente não seja vitima de negligência ou erro clínico. 
Por fim, respondendo ao problema de pesquisa: quais são os aspectos do 
AVE que o enfermeiro deve profundamente conhecer para garantir um atendimento 
que facilitará a reabilitação do paciente no período pós-AVE? Pode-se afirmar que a 
resposta é a apresentada na segunda hipótese, isto é, o protocolo de atendimento 
para pacientes acometidos por AVE, pois o profundo conhecimento desse protocolo 
somado aos conhecimentos técnicos da enfermagem é o que garante que o 
paciente seja devidamente diagnosticado e rapidamente medicado, o que leva a 
uma rápida e completa recuperação do paciente, minimiza as chances de sequelas 
e garante uma reabilitação mais fácil e rápida, pois como visto no capítulo um, o 
AVE é uma doença que requer atendimento adequado e imediato o mais rápido 
possível, onde cada minuto é considerado nas decisões médicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
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