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Diagnóstico Psicopedagógico

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DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO: ETAPAS E INSTRUMENTOS
Diagnóstico psicopedagógico clínico - epistemologia convergente de Jorge Visca
Etapas e instrumentos de avaliação: 
Entrevista inicial, anamnese, entrevista operativa centrada na aprendizagem (Eoca), o uso de testes, provas do diagnóstico operatório, provas projetivas e da caixa de trabalho. 
Outros tipos de avaliação clínica:
Observação lúdica, avaliação pedagógica (leitura e escrita e matemática), relações entre o aluno-professor e aluno-escola e avaliação psicomotora.
CITAÇÃO DE BOSSA (2000)
O processo diagnóstico, assim como o tratamento, requer procedimentos específicos que constituem o que chamo de metodologia ou modus operandi do trabalho clínico. Ao falar da forma de se operar na clínica psicopedagógica, vale recordar que ela varia entre os profissionais, a depender, por exemplo, da postura teórica adotada, além de se contar com o fato de que, como já foi dito, cada caso é um caso, com suas variantes, suas nuances, que diferenciam o sujeito, seu histórico, seu distúrbio. [...] a forma de abordagem e tratamento (a metodologia) aqui apresentada não consiste na única forma de se realizar o trabalho psicopedagógico e tampouco pretendo considerá-la a melhor. Esta é, no entanto, a forma de eu me conduzir no exercício clínico em Psicopedagogia, porque surte resultados positivos, extremamente gratificantes, apesar de tudo.
As etapas do diagnóstico psicopedagógico clínico
1ª SESSÃO: ENTREVISTA INICIAL (FAMILIAR)
OBJETIVOS:
Esclarecimento sobre o trabalho psicopedagógico;
identificação da criança (nome), filiação (pai, mãe), data de nascimento, endereço, nome do responsável;
Motivos da consulta — queixa (causa que levou os pais ou responsáveis a buscar a avaliação psicopedagógica) e contrato (estabelecer critérios como dia, local, horário, frequência e valores);
1ª SESSÃO: ENTREVISTA INICIAL (FAMILIAR)
OBJETIVOS:
Investigação sobre o processo de aprendizagem desde os primeiros anos de vida;
Investigação sobre o nível socioeconômico e cultural da família;
Investigação sobre atendimento anterior;
Investigação sobre as expectativas da família e da criança.
2ª SESSÃO: ENTREVISTA OPERATÓRIA CENTRADA NA APRENDIZAGEM
OBJETIVOS:
Dinâmica: O psicopedagogo deve realizar um encontro com a criança (sem a presença da mãe, do pai ou do responsável durante a sessão), com hora marcada — para iniciar e finalizar — e claramente pedir a ela que demonstre o seguinte: “O que você sabe fazer, o que lhe ensinaram a fazer, o que você aprendeu a fazer”.
2ª SESSÃO: ENTREVISTA OPERATÓRIA CENTRADA NA APRENDIZAGEM
OBJETIVOS:
O psicopedagogo também deve estar atento à entrevistada no que se refere à postura física da criança, ao processo de respiração, a direção do seu olhar, o que diz a respeito da realização da EOCA e das demais provas e testes, o que a avaliada demonstra saber fazer, o que a ensinaram a fazer e o que aprendeu no processo de escolarização formal e informal e a forma como segura/ manuseia os materiais durante a avaliação.
2ª SESSÃO: ENTREVISTA OPERATÓRIA CENTRADA NA APRENDIZAGEM (EOCA)
SUGESTÃO DE MATERIAIS: Lápis de cor, lápis grafite, apontador, massa de modelar, canetas hidrocor, régua, quebra-cabeça, palitos de sorvete, gibis, pincéis atômicos, borracha, tesoura, cola, caderno, livros de histórias infantis, barbante, papel-ofício, papel pautado, papel colorido, pedaços de cartolina, jogos diversos etc. 
A criança escolhe livremente as atividades que quer exercer com base em elementos disparadores que são os materiais colocados à sua disposição sobre a mesa.
2ª SESSÃO: ENTREVISTA OPERATÓRIA CENTRADA NA APRENDIZAGEM
Para uma avaliação adequada durante a EOCA, o psicopedagogo deve evitar a apresentação de materiais distantes do cotidiano da criança.
O psicopedagogo deve evitar demonstrar satisfação, insatisfação ou surpresa com desempenho do entrevistado, ou seja, não aprovar ou desaprovar com gestos, palavras, sorrisos ou expressões de surpresa.
O avaliador psicopedagógico evite nomear os materiais, pois tal conduta compromete a verificação de vários aspectos do entrevistado, tais como: desenvolvimento da fala, conhecimentos prévios, estágio operatório, nível sociocultural etc.
3ª E 4ª SESSÕES: PROVAS E TESTES
PROVAS OPERATÓRIAS (PIAGET):
Objetivo: Obter dados para o conhecimento do funcionamento e desenvolvimento das funções lógicas da criança.
PROVAS DE CLASSIFICAÇÃO
Prova de mudança de critério (dicotomia).
Prova de quantificação da inclusão de classes.
Prova de intersecção de classes.
3ª E 4ª SESSÕES: 
PROVAS E TESTES
PROVAS DE CONSERVAÇÃO
Prova de conservação de pequenos conjuntos discretos de elementos.
Prova de conservação das quantidades de líquido (transvasamento).
Prova de conservação da quantidade de matéria.
Prova de conservação de peso.
Prova de conservação de volume. 
Prova de conservação de comprimento.
3ª E 4ª SESSÕES: 
PROVAS E TESTES
PROVAS DE SERIAÇÃO
Prova de seriação de palitos.
PROVAS OPERATÓRIAS PARA O PENSAMENTO FORMAL (+ 11/12 ANOS)
Prova de combinação de fichas.
Prova de permutações possíveis com um conjunto determinado de fichas.
5ª E 6ª SESSÕES: 
PROVAS E TESTES
PROVAS PROJETIVAS
Objetivo: Perceber os conteúdos afetivos constitutivos do processo por meio de uma investigação projetiva.
Par educativo.
Eu e meus companheiros.
Fazendo o que mais gosta.
Família educativa.
Os quatro momentos do dia.
O dia do meu aniversário.
Minhas férias.
7ª SESSÃO: ANAMNESE (HISTÓRIA DE VIDA)
Objetivo: Obter dados contextuais para a melhor compreensão da problemática por meio da ETIOLOGIA do caso.
ASPECTOS GERAIS: Nascimento, gravidez, parto, pós-parto.
EVOLUÇÃO DAS APRENDIZAGENS INFORMAIS: Brincar, comer, controle dos esfíncteres, vestir-se, compreensão de ordens, relato de novelas, filmes, programas de TV etc. (procurando perceber a organização do pensamento, a relação com os outros, a curiosidade, a atenção, os medos, as explosões etc.).
O NÃO APRENDER E O GRUPO FAMILIAR: Como as dificuldades de aprendizagem são vistas pela família e como os familiares viveram e vivem suas próprias aprendizagens.
7ª SESSÃO: ANAMNESE (HISTÓRIA DE VIDA)
A EVOLUÇÃO ESCOLAR: À relação com o aprender sistemático.
A EXPECTATIVA E O DIAGNÓSTICO (dos pais).
PESSOAS SIGNIFICATIVAS NA VIDA DA CRIANÇA: Pessoas que residem atualmente com a criança. 
INTERESSES E HABILIDADES: O que a criança gosta de fazer e o que faz bem.
DOENÇAS DA INFÂNCIA: Deficiências visual, auditiva? Cirurgias? Medicamentos?
8ª SESSÃO: INFORME DIAGNÓSTICO (DEVOLUÇÃO)
Objetivo: Esclarecer a problemática da criança com base nas hipóteses levantadas no diagnóstico.
Nesse momento será passado aos pais e/ou responsáveis os resultados da avaliação, utilizando-se o relatório psicopedagógico.
A CAIXA DE TRABALHO, OU CAIXA LÚDICA
A caixa de trabalho, idealizada por Visca (1987) como uma forma de trabalhar com as dificuldades psicopedagógicas, foi inspirada na psicanálise de crianças, mais precisamente na caixa individual utilizada por terapeutas e analistas.
Segundo os mesmos autores, no caso da psicopedagogia clínica, a caixa irá conter “materiais que possibilitem a vivência do aprender para a criança ou para o adolescente”, ou seja, no lugar do inconsciente, trabalharemos as questões mais voltadas à aprendizagem.
A CAIXA DE TRABALHO, OU CAIXA LÚDICA
Assim, serão colocados objetos de uso individual na caixa sugeridos pelo psicopedagogo, tais como: papéis, lápis, borracha, apontador, caneta hidrocor, cola, jogos, lápis de cor etc.; mas também serão guardadas as produções da criança durante o tratamento, tais como: desenhos, pinturas, textos etc.
OUTRAS FORMAS DE AVALIAÇÃO CLÍNICA
A observação lúdica:
A observação lúdica deve ser um momento de descontração, que proporcione prazer à criança e que não tenha, como a EOCA, um olhar diretamente voltado para as questões de aprendizagem escolar. 
Isso certamente proporcionará à criança um momento mais tranquilo e agradável, no qualela não se sinta “julgada” e analisada em seus “pontos fracos” e possa agir livremente, manipulando os materiais e “conduzindo” a sessão com certa autonomia. Isso facilita a formação de um vínculo positivo entre o psicopedagogo e a criança, diminuindo as possíveis resistências desta em relação à avaliação.
OUTRAS FORMAS DE AVALIAÇÃO CLÍNICA
A AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA
A avaliação pedagógica não se limita ao conteúdo escolar. 
Como qualquer um dos outros momentos do diagnóstico, a conduta do paciente deve ser vista como uma expressão global em que se está pondo em foco o nível pedagógico, mas estarão juntos o seu funcionamento cognitivo e suas emoções ligadas ao significado dos conteúdos e ações.
OUTRAS FORMAS DE AVALIAÇÃO CLÍNICA
AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA
Leitura e escrita
Matemática
Avaliação da relação aluno-professor
Avaliação da relação aluno-escola
A avaliação psicomotora
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