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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ CAMPUS LONDRINA Aluno: Aurélio Soares Rodrigues Disciplina: Sociologia da religião Data: 20/03/2022 Teses: os pressupostos histórico-filosóficos 1º- No século XVII uma nova abordagem do tema de Deus e da religião surge muito forte com Spinoza. Quando este propõe a ideia de um Deus que não é dotado de Vontade, mas é Natureza Naturante que se exprime em infinitos atributos e modos, natureza naturada, ele devolve o ser humano ao reino natural, negando a tese de que o ser humano é imperium in imperium, como ele mesmo anuncia na introdução da III parte da Ética, numa crítica a pensamentos dualistas. Esse movimento leva o ser humano a reavaliar sua relação com Deus, seja pessoal ou social. Nietzsche em uma carta a Overbeck no ano de 1881 (dois anos antes da publicação da Gaia Ciência, onde ele declara a morte de Deus, no aforismo 125) diz que Spinoza é seu precursor em cinco aspectos: negação do mal, negação de uma ordem moral do mundo, negação dos fins, negação da liberdade da vontade e afirmação do não-egoísmo. Isso sintetiza um pouco do pensamento que fundamenta uma sociedade que inicia uma desvinculação com a religião no sentido institucional. O que Spinoza faz é justamente dar o ponta pé inicial nesse movimento que fomenta o pensamento crítico contra as paixões tristes e a servidão voluntaria, da qual a religião, segundo ele, é uma das grandes promotoras (o escravo, o padre e o tirano são os três que vivem imergidos ou tirando proveito das paixões tristes, que são os afetos advindos do conhecimento inadequado, ou do primeiro gênero, onde está a imaginação, a superstição etc.). 2º- Giambattista Vico segue um caminho diferente de Spinoza, postulando a religião como fundamento positivo para a formação das sociedades e seu desenvolvimento humano, cultural, social e legal. Esse pensamento, embora em outro tempo, está muito associado atualmente a neurocientistas que postulam o surgimento da religião como parte da homeostase. Embora com premissas diferentes, essas duas teorias afirmam a religião como formadora de caráter, promotora de ordem e como um escudo contra a violência e a desordem. É uma leitura, antropologicamente falando, muito positiva a cerca da relação entre o ser humano e suas crenças religiosas. Questão: Como uma sociedade poderia extrair os valores positivos da experiência religiosa, expressados por Vico, sem cair no perigo da servidão voluntaria de uma religião instrumentalizada?