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Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 P963 Processos construtivos / André Luís Abitante ... [et al.] ; [revisão técnica: Shanna Trichês Lucchesi]. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. 271 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-224-9 1. Engenharia civil. 2. Processos construtivos. CDU 624 Revisão técnica: Shanna Trichês Lucchesi Mestre em Engenharia de Produção Professora do curso de Engenharia Civil Processos construtivos_Impressa.indd 2 06/10/2017 16:28:50 Aplicação de materiais transformados Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Relacionar materiais transformados para as mais diversas aplicações. Identi� car os critérios necessários para a escolha do material transfor- mado mais adequado para cada situação. Relacionar os diferentes materiais transformados necessários para uma mesma aplicação. Introdução Processos construtivos racionalizados são aqueles que incorporam princípios de planejamento e controle, tendo como objetivo eliminar o desperdício e aumentar a produtividade, planejando o fluxo de produção e programando os custos. O aumento de produtividade pode se dar, de uma forma mais avan- çada, pela industrialização. O conceito de sustentabilidade na construção civil, na realidade, procura extrair o máximo potencial de cada sistema construtivo (convencional ou industrializado), de cada material, de cada tecnologia. A evolução (industrialização) se dá por novos desafios, novas necessidades e novas possibilidades. Atuar sobre os materiais, industrializá-los e pré-fabricá-los, ou melhor, agir sobre todos os componentes e as etapas de uma obra, são o sonho atual, assemelhando cada vez mais a construção civil a uma linha de montagem. Estruturas pré-fabricadas em concreto (pilares, vigas e painéis), estru- turas metálicas, drywall, light steel framing, entre tantos outros materiais transformados e tecnologias desenvolvidas, são indispensáveis para atingirmos esse tão almejado nível de excelência. U N I D A D E 2 Processos construtivos_U2_C06.indd 83 06/10/2017 13:30:44 Aplicação de materiais transformados Aglomerantes pulverulentos A seguir, você verá os tipos de aglomerantes pulverulentos: Gesso O gesso é largamente utilizado em revestimentos internos e fabricação de pré-moldados – placas (de forro), painéis para divisórias, etc. Quando usado em revestimentos, a espessura da camada de gesso deve ser pequena (embora possa atingir até 2 cm, o ideal é em torno de 0,5 cm), pois espessuras elevadas fazem-no trincar. Isso exige que o gesso seja aplicado em paredes e tetos bem regulares para que fique uma estrutura plana. Se a superfície da parede ou do teto estiver muito irregular, é necessária aplicação do emboço antes do gesso, fazendo com que seu uso não se torne tão vantajoso. O gesso tem também baixa resistência a choques, não devendo ser utilizado em áreas de tráfego intenso de pessoas ou cargas, como acontece, por exemplo, em áreas de circulação de prédios comerciais ou industriais. Seu uso é indicado para áreas internas residenciais ou de escritórios. Cal Na construção civil, a cal é utilizada principalmente na forma hidratada, como componente fundamental no preparo de pastas e argamassas de assentamento e de revestimento de grande durabilidade e de ótimo desempenho. Também é matéria-prima da fabricação de cimento. A argamassa mais comum utilizada na construção civil é feita com areia, água, cimento e cal hidratada. As proporções (“traço”) desses elementos variam de acordo com a finalidade da argamassa. Por exemplo, uma massa para assentar tijolo comum é diferente daquela onde se colocarão azulejos cerâmicos. Aplicação de materiais transformados84 Processos construtivos_U2_C06.indd 84 06/10/2017 13:30:44 A cal é utilizada também no preparo de tintas alcalinas de alta alvura, atribuindo à pintura propriedades fungicidas e bactericidas que favorecem a saúde e o conforto dos usuários das edificações. Na construção de estradas, serve de elemento de estabilização e reforço de solos de baixa capacidade de suporte e como aditivo de misturas asfálticas, assegurando maior longevidade ao capeamento das rodovias. Cimento O cimento Portland é o material de construção de mais amplo uso no mundo. Quando misturado com água e outros materiais de construção, tais como a areia, a pedra britada, o pó de pedra e a cal, resulta nos concretos e nas argamassas usados na construção de casas, edifícios, pontes, barragens, etc. Está com dificuldade para definir qual o melhor tipo de cimento Portland para a sua construção? Escolha a partir da indicação de aplicação sugerida pela ABCP, na Tabela 1. 85Aplicação de materiais transformados Processos construtivos_U2_C06.indd 85 06/10/2017 13:30:44 Fonte: ABCP Aplicação Tipos de cimento Portland Argamassa de revestimento e assentamento de tijolos e blocos Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de alto-forno (CP III) e pozolânico (CP IV) Argamassa de assentamento de azulejos e ladrilhos Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II- F) e pozolânico (CP IV) Argamassa de rejuntamento de azulejos e ladrilhos Branco (CPB) Concreto simples (sem armadura) Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de alto-forno (CP III) e pozolânico (CP IV) Concreto magro (para passeios e enchimentos) Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de alto-forno (CP III) e pozolânico (CP IV) Concreto armado com função estrutural Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de alto-forno (CP III), pozolânico (CP IV), de alta resistência inicial (CP V-ARI) e branco estrutural (CPB Estrutural) Concreto protendido com protensão das barras antes do lançamento do concreto Composto (CP II-Z, CP II-F), de alta resistência inicial (CP V-ARI) e branco estrutural (CPB Estrutural) Concreto protendido com protensão das barras após o endurecimento do concreto Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de alto-forno (CP III), pozolânico (CP IV), de alta resistência inicial (CP V-ARI) e branco estrutural (CPB Estrutural) Concreto armado para desforma rápida, curado por aspersão de água ou produto químico De alta resistência inicial (CP V-ARI), composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de alto-forno (CP III), pozolânico (CP IV) e branco estrutural (CPB Estrutural) Concreto armado para desforma rápida, curado a vapor ou com outro tipo de cura térmica Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de alto-forno (CP III), pozolânico (CP IV), de alta resistência inicial (CP V-ARI) e branco estrutural (CPB Estrutural) Elementos pré-moldados de concreto e artefatos de cimento curados por aspersão de água Composto (CP II-E, CP II-Z, CP II-F), de alto-forno (CP III), pozolânico (CP IV), de alta resistência inicial (CP V-ARI) e branco estrutural (CPB Estrutural) (VER NOTA) (*) Tabela 1. Tabela esquemática de uso dos diferentes tipos de cimentos. Aplicação de materiais transformados86 Processos construtivos_U2_C06.indd 86 06/10/2017 13:30:44 Metais mais utilizados A liga mais utilizada na construção civil é o aço, pelo seu emprego como arma- ção nos concretos. Os principais usos dos outros metais, resumidamente são: Alumínio Utilizado em centrais nucleares, complexos petroquímicos, edifícios, automóveis e caminhões, barcos, aviões, como refl etor de calor e luz, o alumínio consagra- -se defi nitivamente em segundo lugar entre os metais mais utilizados. Pela sua resistência à corrosão, é ainda utilizado em embalagens de alimentos e bebidas, na manipulação de ácidos e solventes em processos industriais entre outros usos. Mesmo com condutibilidade elétrica inferior à do cobre, é mais indicado que este por ter densidade menor, tornando-se preferido na produção de cabos elétricos destinados à condução de altas tensões. Como é excelente condutor de calor, é utilizado em gigantescos trocadores de calor industriais,bem como em bandejas para gelar alimentos. São bastante utilizados na construção civil, em fios e cabos elétricos, coberturas, revestimentos, esquadrias (portas, janelas, vitrôs), guarnições, arremates, etc. Para esquadrias, os serralheiros compram os perfis para uso quase que imediato. Basicamente existem dois tipos de serralheiros (indústria de caixilhos): os que trabalham de maneira padronizada e vendem seus produtos em lojas de materiais para construção e os que trabalham sob encomenda (medida), não padronizados. Cobre Os principais usos do cobre são: motores elétricos, telefones e telégrafos, circuitos elétricos, tubulações, serpentinas de aquecimento ou refrigeração, coberturas, ornatos, etc. O bronze é uma liga com 85 a 95% de cobre e 5 a 15% de estanho. Utilizado em ferragens e ornatos, bem como em máquinas, pela sua capacidade de desli- zar, com baixo coeficiente de atrito sobre o aço, dispensando até lubrificação. Chumbo O chumbo é utilizado na fabricação de baterias (placas dos acumuladores), tubos e conexões para água e esgoto (em desuso), coberturas (impermeabili- zação), arremates, absorventes de choque, etc. 87Aplicação de materiais transformados Processos construtivos_U2_C06.indd 87 06/10/2017 13:30:45 Pela grande densidade, é largamente utilizado no revestimento de ambientes onde são manipuladas substâncias radioativas. Portas de salas de reatores, por exemplo, são blindadas com o metal. As instalações radiológicas, bem como as mãos e o corpo dos operadores de raios X são defendidas por materiais onde o chumbo se faz presente. A liga chumbo/estanho é utilizada como solda, na montagem dos enca- namentos de cobre e em emendas de calhas e condutores feitos em chapa de aço galvanizado. Zinco Como ligas, o zinco é usado em zincografi as, pilhas e coberturas, bem como na fabricação de injetados (peças fundidas). As ligas ZAMAK são utilizadas para fundição em moldes de areia, em coquilha e, sobretudo, para fundição sob pressão. A zincagem é a proteção do aço contra a corrosão, tratando-se de um processo de banho com o zinco eletrolítico. O zinco também bastante utilizado em coberturas, em lâminas com a seguinte composição: cobre 0,6 a 1,2%, chumbo 0,0025%, cádmio 0,0005%, titânio 0,1 a 0,2%, níquel 0,0003% e ferro 0,0025%. O latão é a liga cobre-zinco, bastante utilizado na fabricação de tubos, conexões, torneiras, fechaduras, ornatos, etc. Ferro Conforme já mencionado, o ferro é o metal de maior utilização na construção civil. Alguns produtos com ferro são citados na sequência: Folhas de flandres (lata): São chapas finas de aço cobertas por uma leve camada de estanho, para não oxidar, obtida por imersão ou deposição eletrolítica. Usado na confecção de embalagens sem cantos vivos, para não quebrar a película de estanho, bem como esta será comprometida se houver amassamento. Chapas galvanizadas: São chapas finas de aço revestidas com zinco. É a imersão da chapa em um banho de zinco fundido. Ferros perfilados: Ferro fundido, laminado, apresentado em forma de barras redondas, quadradas, retangulares, perfis L, T, I, U. Arames e telas: Os arames são finos fios de aço laminado, galvanizados ou não. O arame utilizado na amarração das armaduras de concreto Aplicação de materiais transformados88 Processos construtivos_U2_C06.indd 88 06/10/2017 13:30:45 armado é recozido, ou queimado, na bitola 18 BWG (1,24 mm), sendo utilizado o 16 (1,65 mm) em armaduras pesadas. BWG significa Bir- mingham Wire Gauge. O arame recozido nº 10 é utilizado na amarração de andaimes e pontaletes sem grandes responsabilidades. As telas são malhas fortes de arame, de- nominadas pela bitola do arame e abertura da malha. Por exemplo, uma tela usual para alambrado sem fio (arame) 12 e malha 2” (50 mm). Pregos: são fabricados a partir de arame galvanizado em máquinas apro- priadas que cortam o arame e moldam a ponta e a cabeça do prego. Aços para concreto armado e concreto protendido Os aços estruturais, já de conhecimento de todos, são usados para concreto armado ou protendido. As telas soldadas são elementos pré-fabricados de aço A ou B, formando uma rede de malhas retangulares ou quadradas. Os fios em cada direção são paralelos e soldados com os fios cruzados em todos os pontos de interseção. São empregadas em lajes armadas e pisos, na fabricação de pré-moldados, tubos, etc. Os aços laminados a quente não sofrem tratamento algum após a laminação. Suas características elásticas são alcançadas unicamente pela composição química adequada com ligas de C, Mn, Si e Cr. Como são laminados a quente, não perdem suas propriedades se aquecidos, por isso podem ser soldados e não sofrem demasiadamente com a exposição a chamas moderadas em caso de incêndio. Materiais cerâmicos Tijolo comum Os tijolos comuns, também denominados caipira, maciço ou burro, são utili- zados em paredes de vedação, encunhamento em paredes de tijolos furados ou como autoportantes em pequenas estruturas. Bloco cerâmico (tijolo furado) Usados como alvenaria de blocos estruturais, os tijolos furados apresentam a linha de meio bloco, canaleta e meia canaleta para vergas, para evitar cortes e quebras. Também são usados em alvenaria como bloco de vedação, mais comumente. 89Aplicação de materiais transformados Processos construtivos_U2_C06.indd 89 06/10/2017 13:30:45 Telhas cerâmicas As telhas cerâmicas são usadas em coberturas e são basicamente de dois tipos: as planas e as curvas. Nas planas, destaca-se a “francesa” e a “de escamas”, que é uma placa mesmo. Entre as curvas são comuns a “paulistinha” e a “capa-canal”, dentro delas a “romana”, a “portuguesa” e a “italiana”. Deve ser aplicada com declividade de 32 a 40% utilizando-se aproximadamente 15 peças por m². Azulejos Para aplicação de azulejos com argamassa industrializada (cimento-cola), a parede deve ser emboçada ou de preferência rebocada, pois quanto menor a rugosidade, menor vai ser o consumo dessa argamassa. Para o uso de cimento- -cola, é necessário que os azulejos não apresentem empenamento, pois, caso contrário, parte da peça fi cará não aderida na sua totalidade. Rejuntamento é o que se chama “tomada das juntas”. Consiste em pre- encher as juntas entre os azulejos com nata de cimento branco ou de cimento Portland comum. Há no mercado também os rejuntes industrializados, brancos ou coloridos, de efeito impermeabilizante e estético. A aplicação dos ladrilhos cerâmicos tem sequência semelhante à dos azulejos, podendo-se utilizar argamassa tipo cimento-cola ou massa de cimento e areia, na proporção de 1:3. Apesar de alguns fabricantes não re- comendarem molhar os materiais, é prudente efetuar a limpeza da sua face de assentamento, pois alguns vêm cobertos de pó claro, o engobe, que é o resíduo da esmaltação, e costuma causar problemas, pois se cola o pó e não a cerâmica, que ficará solta. As pastilhas cerâmicas vêm de fábrica coladas pela face acabada, em folha de papel Kraft, formando painéis de aproximadamente 40 x 80 cm. São aplicadas sobre a superfície lisa emboçada ou rebocada, assentes com argamassa tipo cimento-cola ou com argamassa especial colorida, que também será o rejunte. Litocerâmica é o revestimento em terracota, que pode ser esmaltado, que imita o tijolo à vista. São produzidos em medidas próximas de 220 x 50 mm, com espessura de 10 a 15 mm. São assentados sobre emboço, com argamassa cimento-cola ou convencional, na proporção de 1:3. Aplicação de materiais transformados90 Processos construtivos_U2_C06.indd 90 06/10/2017 13:30:45 Materiais não cerâmicos para alvenaria Bloco de concreto Os blocos de concreto são utilizados em paredes de vedação e em paredes autoportantes, inclusive em edifícios de múltiplos andares, dispensando pilares e vigas. As resistências dos blocos são maiores nos andares baixos, diminuindo gradativamente. Os blocos podem ser assentes com argamassa preparada na obra ou com argamassa industrializada.Para paredes de vedação, o traço indicado é 1:0,5:4,5 (cimento, cal e areia). Para paredes estruturais, os traços são indicados pelo calculista, que também indica as ferragens e o grout a serem colocados. As paredes internas executadas com regularidade aceitam aplicação de gesso diretamente sobre a superfície, dispensando emboço e reboco. Há ainda um tipo de bloco para alvenaria de vedação e estrutural em prédios de múltiplos andares, que também pode dispensar o uso de vigas e pilares, chamado bloco sílico-calcário. Em alvenaria de vedação, usa-se argamassa 1:2:9 (cimento, cal e areia); na estrutural, o traço é definido pelo calculista. Pode ser deixado à vista, com juntas fechadas ou vincadas. Pode receber massa fina ou gesso ou mesmo a massa corrida diretamente ou, ainda, pintura direta. Não existem normas brasileiras, utilizam-se normas alemãs. Esse bloco é conhecido por bloco alemão. Bloco de concreto celular O bloco de concreto celular é produzido na forma de blocos ou painéis. É empregado sob a forma de alvenaria de vedação, com características de pro- duto capaz de reduzir as cargas da estrutura e das fundações. É um isolante térmico para lajes. Como painéis, compõe sistemas construtivos modulares. Divisórias leves As chapas de gesso acartonado são aplicadas como divisórias internas em construções residenciais, comerciais, hospitalares, etc. Não são aconselháveis em banheiros e cozinhas, por ser a chapa higroscópica, isto é, absorvente de umidade. Permitem a execução de paredes com superfície contínua, sem juntas aparentes, desde que utilizada a chapa de bordas rebaixadas. Na junta, é aplicado papel e, sobre ele, massa corrida ou acrílica. 91Aplicação de materiais transformados Processos construtivos_U2_C06.indd 91 06/10/2017 13:30:45 A aplicação é feita constituindo-se uma base formada por perfis metálicos onde as chapas são parafusadas, uma de cada lado do perfil, o que permite a passagem pelo seu interior de tubulações e fiação elétrica. Materiais não cerâmicos para cobertura Fibrocimento ou cimento amianto Na construção civil, o fi brocimento é amplamente utilizado em caixas d’água, tubos e conexões, pisos e forros. Como telhas onduladas, são fabricados nas espessuras de 4, 5, 6 e 8 mm, sendo as duas primeiras utilizadas em obras sem grandes responsabilidades, a de 6 mm é a mais comum em residências e barracões, e as de 8 mm, em barracões de maior qualidade. As telhas de fibrocimento podem ser cortadas com serrote ou serra circular, viabilizando qualquer extensão. Os cantos também são cortados para eliminar a sobreposição nos recobrimentos. Os encaixes podem ser de meia onda ou uma onda e meia, sempre no sentido contrário dos ventos dominantes. Telhas de alumínio Por serem fabricadas de maneira contínua, a partir de bobinas, as telhas de alumínio podem ser fornecidas em comprimentos de 0,50 até 12,00 m, limite este por questões de transporte, conseguindo-se telhados sem emendas trans- versais. Para os dois tipos de perfi l característicos, trapezoidal e senoidal, são fabricadas peças complementares como cumeeiras e rufos, e a fi xação se dá geralmente por parafusos de alumínio de rosca soberba ou ganchos. Telhas de aço galvanizado As telhas de aço galvanizado são fabricadas de modo semelhante às telhas de alumínio, mas também de forma autoportantes, com perfi s mais altos, fornecidas retas ou arqueadas, de modo a dispensar estrutura de apoio e disponíveis para vãos de até 32 m. Telhas de concreto As telhas de concreto são basicamente de dois tipos: as pequenas e as auto- portantes. As telhas pequenas medem 41 cm de comprimento por 33 cm de Aplicação de materiais transformados92 Processos construtivos_U2_C06.indd 92 06/10/2017 13:30:46 largura (30 cm útil) e são mais pesadas que as cerâmicas. Aceitam inclinação entre 25 e 100% e, se o projeto prevê mais, deverão ser furadas e parafusadas. As telhas autoportantes em concreto são fabricadas em comprimentos de até 20 m, sendo o principal entrave o transporte e o içamento das peças. Materiais betuminosos Os materiais betuminosos podem ser utilizados em impermeabilização de lajes e também de caixas d’água. Os principais usos na construção civil, no entanto, são como plásticos, asfaltos e alcatrões (aglomerante). O betume encontra grande aplicação na construção civil, como impermea- bilizantes, tintas, pisos, etc. Os principais materiais betuminosos são o asfalto e o alcatrão, dos quais derivam: Asfaltos oxidados: Não é bom para pavimentação. É bom para im- permeabilização de lajes e terraços, usado também como vedação de juntas de manilhas. Asfaltos diluídos: São utilizados em remendos de pavimentos, em impermeabilizações e na indústria de tintas. Filtro asfáltico: São materiais de larga aplicação em impermeabiliza- ções, constituídos de feltros ricos em algodão ou papelão absorvente, embebidos com asfalto. Recebem o nome comercial de manta asfáltica, existindo vários fabricantes no Brasil. Há também o cartão prensado ou feltro mineralizado, que é feltro asfáltico recoberto com pedriscos ou pó de pedra e prensado para dar maior resistência mecânica. Existem até telhas onduladas feitas com esse material. Pavimentações: Pavimento asfáltico é todo o pavimento constituído por agregado aglutinado por asfalto. O asfalto serve como aglomerante e para impermeabilizar, sendo que o agregado dá a resistência mecânica. Areia-asfalto (sand-asphalt): É um pavimento asfáltico de baixo custo, feito só com areia e asfalto, usado quando não há agregado graúdo. Concreto asfáltico: É pavimento asfáltico já com agregado graúdo, com grande estabilidade, resistência e durabilidade. Solo-asfalto: É a mistura de asfalto com solo natural, para se obter estabilização, semelhante ao solo-cimento, mas que não é apropriado para tráfego. Macadame: Denomina-se o processo inventado pelo engenheiro John Mac Adam, que consiste em sucessivas camadas de agregados de diâmetro cada vez menor. Sobre cada camada, o terreno é molhado 93Aplicação de materiais transformados Processos construtivos_U2_C06.indd 93 06/10/2017 13:30:46 e comprimido fortemente. Ao final cobre-se tudo com um cimento adequado, que pode ser o asfalto. Plásticos O PVC é o plástico de maior utilização, notadamente em tubos e conexões para água, esgoto e eletricidade, peças de arremate como torneiras, chuveiros, perfi s para azulejos, espaçadores, etc. Também como coberturas para solucio- nar problemas de luminosidade em telhados de barracões entre outros usos. O poliestireno, que tem superfícies brilhantes e polidas, resiste pouco ao calor e é quebrado devido à pouca flexibilidade, bastante utilizado em apa- relhos de iluminação mais econômicos. Existe o polietileno de alto impacto, mais resistente, utilizado na fabricação de assentos sanitários, bancos e peças hidráulicas (sifões, válvulas e outras peças). O poliestireno expandido (isopor) tem seu polímero em forma de esferas que são comprimidas dentro de um molde fechado, por intermédio de um gás que se dilata quando aquecido. Dessa maneira, fabricam-se blocos que são cortados originando placas de várias espessuras ou fabricam-se peças já moldadas. O principal uso é como isolante térmico em lajes, forros, câmaras frigoríficas, etc. O polietileno tem baixo custo e é de fácil trabalhabilidade, é flexível e tem fracas propriedades mecânicas e baixa resistência ao calor. Tem grande utilização sob a forma de folhas em rolos, para proteção de paredes, lajes e materiais contra a chuva, cobertura de equipamentos, formação de pequenos lagos para represamento, etc. O náilon é um dos plásticos mais nobres e de melhores qualidades. Usado como reforço de telhas plásticas, em buchas de fixação e como “ferragens” para armários (dobradiças, trincos, puxadores, etc.). O fiberglass é a combinação de vidro com resina poliéster ou com epóxi e melaminas. Convenientemente projetado, forma uma estrutura semelhante aoconcreto armado, em que a resina seria o concreto, e as fibras de vidro, as armaduras. Pela facilidade de moldagem, é bastante utilizado na fabricação de banheiras, pisos de box, pias, reforço em conexões de PVC, reparos em tubulações de ferro fundido, como telhas e também como camada imperme- abilizante em lajes. Os acrílicos são plásticos nobres, de qualidades óticas e aparência se- melhante ao mais fino vidro. Podem ser leitosos, utilizados para difusão de luz nos aparelhos de iluminação, em domos de iluminação zenital, box de banheiro, etc. Aplicação de materiais transformados94 Processos construtivos_U2_C06.indd 94 06/10/2017 13:30:46 As resinas alquídicas, fenólicas e vinílicas são largamente utilizadas nas indústrias de tintas e vernizes, principalmente o PVA. Resinas vinílicas associadas com outros elementos (p. ex., o amianto) geram material destinado a piso de pequena espessura (paviflex). As resinas fenólicas são empregadas nos laminados plásticos (fórmica) e no revestimento de chapas de madeira modificada (duraplac). As resinas epóxi são aplicadas principalmente como revestimento por sua dureza e resistência para concreto. O hypalon e o neoprene são elastômeros ou borrachas sintéticas usadas para impermeabilização, apresentando boas qualidades de resistência às intempéries, à luz solar e ao calor. O hypalon é um revestimento aplicado a rolo, pincel ou pulverização sobre vários tipos de superfícies, impermeabilizando- as. O neoprene possui diversas aplicações, como gaxetas, vedação de paredes e esquadrias, em juntas de expansão e como base antivibratória. Os silicones são obtidos a partir do silício e especialmente indicados para proteção de superfícies sujeitas a intempéries. A aplicação do silicone confere ao tijolo, ao reboco ou ao concreto uma tensão superficial sensivel- mente menor que a da água. Esta, sem ter sua tensão superficial rompida, escorre sobre a superfície sem encharcá-la. Essa aplicação tem o nome de hidrofugação. Como mástique, os silicones são utilizados em vedação das mais diversas juntas. Tintas para construção civil Linha PVA: Látex PVA: produto à base de resina de acetato de polivinila, pigmentos e solventes. Sobre reboco de rende 10 a 12 m²/L e sobre massa corrida de 12 a 15 m²/L, por demão. Massa corrida: também à base de resina PVA, utilizada para nivelar e corrigir imperfeições da superfície interna de reboco, rende de 2 a 3 m²/L. Líquido selador: à base de resina de PVA, aditivos e solventes, indicado para selar paredes internas de reboco absorvente, uniformizando a absorção. Rende de 10 a 13 m2/L. Líquido brilho: aplicado como última demão, para regular o brilho da parede, incolor após a secagem, melhora as condições de lavabilidade. Corantes: vendidos em frascos plásticos de 60cc, bisnagas, para colo- ração de látex, acrílico e tintas solúveis em água como caiação e outras em pó e também para colorir rejuntamentos de azulejos e pisos. 95Aplicação de materiais transformados Processos construtivos_U2_C06.indd 95 06/10/2017 13:30:46 Linha esmalte: Esmalte sintético: à base de resina alquídica, pigmentos, aditivos especiais e solventes, indicado para pintura de superfícies de madeira e ferro. Rende de 10 a 12 m2/L, por demão. Fundo branco fosco: indicado como primeira pintura para madeira nova, como isolante e nivelador. Massa a óleo: para corrigir e nivelar superfícies de madeira. Zarcão: anticorrosivo e antioxidante para proteção das superfícies ferrosas. Aguarrás: à base de solventes alifáticos e aromáticos, indicado para diluição de esmalte sintético. Silicone líquido: à base de resina de silicone, aditivos e solventes alifáticos e aromáticos, indicados para superfícies externas de tijolo à vista, reboco, concreto, evita a infiltração de água. Rende de 1 a 1,5 m2/L, por demão. Vernizes: Verniz filtro solar: à base de resinas alquídicas, aditivos e solventes, indicado para pintura de superfícies internas e externas de madeira. Rende de 8 a 12 m2/L, por demão. Verniz poliuretano: também à base de resinas alquídicas, aditivos e solventes, para madeiras internas e externas, mesmo rendimento. Verniz copal: também à base de resinas alquídicas, aditivos e solventes, indicado para interiores, mesmo rendimento. Selador para madeiras: à base de resina nitrocelulose, aditivos e sol- ventes, para preparação das madeiras internas. Rende igual aos vernizes. Linha acrílica: Látex acrílico: semibrilho e fosco – à base de resina acrílica estirenada, pigmentos, aditivos e solventes, indicado para pinturas de reboco, blocos de concreto, amianto, massa acrílica, massa corrida e repinturas. Rende de 12 a 15 m2/L, por demão. Massa acrílica: também à base de resina acrílica estirenada, pigmentos, aditivos e solventes. Para nivelar ou corrigir imperfeições de reboco, blocos, concreto, etc. Rende de 2 a 2,5 m2/L, por demão. Aplicação de materiais transformados96 Processos construtivos_U2_C06.indd 96 06/10/2017 13:30:46 Verniz acrílico: a mesma base, indicado para concreto aparente, rende de 12 a 15 m2/L, por demão. Selador acrílico: a mesma base de resina acrílica estirenada, pigmentos, aditivos e solventes, indicados para pinturas internas e externas, dando aparência texturada. Rende de 1 a 2 m2/L, por demão. Acrílico para pisos: a mesma base, utilizado em pisos de quadras poliesportivas, áreas de estacionamento, quintais, lojas, etc. Rende de 4 a 6 m2/L, por demão. Vidro na construção civil Os vidros temperados são aplicados diretamente nas alvenarias através de buchas de náilon, trilhos, etc. Os lisos e as fantasias, os “comuns”, são aplicados nas esquadrias de madeira aço ou alumínio através de baguete de fi xação com gaxetas de neoprene ou através de massa de vidraceiro. A fi nalidade da gaxeta ou da massa é dar estanqueidade e eliminar vibrações. A manutenção dos vidros é muito simples, bastando sua limpeza com água e produtos apropriados disponíveis no mercado, não alcalinos. Cuidado especial deve ser dado às vedações, sejam de massa ou de elastômeros, pois seu não funcionamento comprometerá a esquadria, causando perda da imper- meabilidade, vibrações e até mesmo a quebra do vidro. As massas devem ser repintadas regularmente, e os elastômeros, substituídos quando apresentarem problemas, sendo a inspeção visual. 97Aplicação de materiais transformados Processos construtivos_U2_C06.indd 97 06/10/2017 13:30:46 1. Qual opção apresenta tipos de polímeros que podem ser encontrados como materiais de construção civil? a) Poliestireno (PS), tintas e policloreto de vinila (PVC). b) Água, argila e vernizes. c) Cimento, escória e filler. d) Areia, alumínio e ferro. e) Cobre, alumínio e ferro. 2. O cimento é um dos principais materiais de construção utilizados no Brasil e no mundo. Em relação a esse material, é incorreto afirmar: a) O cimento Portland comum, CP I e CP I-S, produto de uso geral, pode ser empregado sempre que não sejam exigidas propriedades especiais, como resistência elevada a agentes agressivos e desprendimento moderado de calor. b) Concretos que utilizam o cimento CPV-ARI (alta resistência inicial), em tese, são mais duráveis e menos fissuráveis do que aqueles que utilizam, em sua composição, o cimento Portland comum. c) O cimento CPV-ARI (alta resistência inicial) é um cimento de alta resistência inicial e deve ser utilizado nos casos em que for necessário desformar a peça rapidamente ou fazê-la ser logo submetida às solicitações de serviço, além de ser utilizado nos casos em que seja necessário conseguir elevada resistência em um curto intervalo de tempo. d) O cimento Portland composto é o tipo de cimento mais utilizado no Brasil, sendo produzido nos tipos: CP II-E (cimento Portland composto com escória); CP II-Z (cimento Portland composto com Pozolana); e CP II-F (cimento Portland com filler). e) O cimento CP II-Z -32 trata-se de um cimentoPortland composto com adição de pozolana, cuja resistência à compressão aos 28 dias é de 32 MPa. 3. O sistema construtivo concreto/ PVC vem se popularizando, ideia análoga às “pvcercas”. Esse sistema faz uso de dois materiais conhecidos da indústria da construção civil, em que: a) painéis formados por perfis modulares de PVC recebem reforços internos longitudinais, pelas suas faces laterais perfuradas, permitindo assim a concretagem conjunta das paredes. b) painéis de concreto são reforçados por partes de PVC, facilitando a colocação das armaduras, embora as tubulações das instalações elétricas, por exemplo, tenham que permanecer externas e aparentes. c) o PVC é o material usado para aumentar a rigidez do conjunto e atingir a resistência mecânica requerida à estrutura. d) os painéis, que são perfis modulares de PVC com reforços internos longitudinais e faces laterais perfuradas, exigem a justaposição de painéis de concreto pré-moldados. Aplicação de materiais transformados98 Processos construtivos_U2_C06.indd 98 06/10/2017 13:30:47 e) os painéis são perfis modulares de concreto que possuem reforços internos longitudinais e faces laterais perfuradas de PVC, que permitem a concretagem conjunta das paredes. 4. A respeito do solo-cimento (ou mesmo solo-cal), material alternativo de baixo custo para a construção, é correto afirmar: a) O solo argiloso é o mais adequado para sua composição. b) Uma das grandes vantagens é de que o solo, um material natural local, constitui a maior parcela da mistura. c) Nas obras de pequeno porte, utiliza-se um traço padrão de uma parte de cimento para quatro partes de solo. d) Betoneiras são indicadas para prepará-lo. e) A composição é feita de solo, cimento, água e materiais orgânicos. 5. Novos materiais e novas técnicas são introduzidos frequentemente no mercado e facilitam o retrofit (reforma/readequação) de edificações mais antigas por apresentarem baixa sobrecarga. Nesse sentido, a opção a seguir em que os materiais relacionados são adequados à construção de paredes em reformas, em substituição à alvenaria tradicional em tijolo cerâmico, é: a) Alvenaria armada. b) Painéis pré-moldados de concreto. c) Paredes modulares de madeira maciça com perfis metálicos. d) Gesso acartonado e concreto celular. e) Tijolos de concreto. 99Aplicação de materiais transformados Processos construtivos_U2_C06.indd 99 06/10/2017 13:30:47 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5732: Cimento Portland comum. Rio de Janeiro, 1991. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5733: Cimento Portland de alta resistência inicial. Rio de Janeiro, 1991. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5735: Cimento Portland de alto-forno. Rio de Janeiro, 1991. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5736: Cimento Portland po- zolânico. Rio de Janeiro, 1991. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7215: Cimento Portland – de- terminação da resistência à compressão. Rio de Janeiro, 1996. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11578: Cimento Portland com- posto – especificação. Rio de Janeiro,1991. BAUER, L. A. F. Materiais de construção. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008. BORGES, A. C. Prática das pequenas construções. 9. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2009. v. 1. CHING, F. D. K. Técnicas de construção ilustradas. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. ISAIA, G. C. (Ed.). Materiais de construção civil. São Paulo: IBRACON, 2007. OLIVEIRA. H.M. Cimento Portland. In: BAUER, L. F. A. (Org.). Materiais de construção I. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008. p. 35-62. PETRUCCI, E. G. R. Concreto de cimento Portland. 9. ed. Rio de Janeiro: Globo, 1982. PETRUCCI, E. G. R. Materiais de construção. Porto Alegre: Globo, 1975. PEURIFOY, R. L. et al. Planejamento, equipamentos e métodos para construção civil. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015. SENÇO, W. Manual de técnicas de pavimentação. 2. ed. São Paulo: PINI, 2001. SILVA, M. R. Materiais de construção. São Paulo: PINI, 1985. VERCOSA, E. J. Materiais de construção. Porto Alegre: Sagra, 1984. YAZIGI, W. A técnica de edificar. 10. ed. São Paulo: Pini, 2009. Aplicação de materiais transformados100 Processos construtivos_U2_C06.indd 100 06/10/2017 13:30:47 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Processos construtivos_U2_C06