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Introdução
O ambiente é a unidade complexa que envolve todos os elementos bióticos e
abióticos existentes. Em uma determinada época de sua existência, a humanidade
passou a olhar e estudar a natureza fragmentando seus elementos. Estamos
habituados a aprender desde cedo a dividir e classi�car os elementos da natureza,
um método que pode ter atendido às demandas durante muito tempo. Entretanto,
essa visão provocou uma perda de conexão, o ser humano acabou por se distanciar
de sua origem e passou a se considerar como um elemento alheio à natureza. O
modelo mecanicista, que dicotomiza o pensamento, é parte do problema que precisa
ser superado.
Nesta unidade, faremos uma re�exão sobre a relação da sociedade moderna com a
natureza a partir de alguns conceitos-chave. Primeiramente, será feito um resgate
histórico para entender a relação entre o desenvolvimento da Ciência e o
desenvolvimento econômico, sua relação com o aumento da qualidade de vida das
Unidade 4 - Educação ambiental
como ferramenta para a
sustentabilidade
Paola Lemes
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populações e a consequente degradação ambiental que, historicamente,
acompanhou este desenvolvimento.
Em seguida, serão apresentados conceitos referentes às concepções de meio
ambiente e o surgimento da ideia de desenvolvimento sustentável, seguidos de uma
discussão a respeito das diferenças entre crescimento econômico e desenvolvimento
econômico. Você já havia parado para pensar nessa questão?
Seguiremos com a apresentação da abordagem da educação ambiental, seus pilares
históricos no Brasil e no mundo e sua importância estratégica como ferramenta de
conscientização e transformação socioambiental aliada ao ensino de ciências
naturais. Finalmente, fecharemos a unidade apresentando as bases legais brasileiras
para a conservação do meio ambiente e pensando em alternativas para diminuir os
impactos e os vestígios deixados pela sociedade de consumos que somente
começaram a ser questionados muito recentemente.
Vamos juntos?
Bons Estudos!
1. O papel da Ciência para o
desenvolvimento econômico
A relação de culto entre o homem e a natureza e a visão de natureza como mãe
provedora foram, por muitos séculos, permeadas por certa relação com o elemento
divino: a natureza era vista como uma divindade, da qual provinham todos os deuses,
bem como os recursos necessários à existência.
Como já discutimos brevemente em unidades anteriores, embora a exploração da
natureza aconteça desde tempos imemoriais, essa visão de mundo intensi�cou-se a
partir da expansão da visão mecanicista de mundo inserida pelo racionalismo
cartesiano e concretizada com a revolução trazida pela matemática newtoniana no
século XVIII. Neste momento, a sociedade ocidental moderna inaugura uma nova
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visão de natureza: a natureza como objeto, uma fonte inesgotável de recursos que
poderiam ser explorados e dominados pelo homem.
Figura 1. Réplica das representações artísticas encontradas no Caldeirão de Gundestrup (150 a. C),
exemplo conhecido do trabalho de prata da Idade do Ferro na Europa, mostrando relação de
dominação do homem com os elementos da natureza. Fonte: Blog História Ancestral
Essa mudança de paradigma interferiu fortemente na relação humana com a
natureza, já perdura por mais de dois séculos e revolucionou o mundo em que
vivemos em diversos aspectos, inclusive na concepção de Ciência, na formação dos
cientistas e na fragmentação dos saberes (por exemplo, a dicotomia entre ciências da
natureza, ciências exatas e ciências humanas). As inovações tecnológicas trouxeram a
Ciência para toda parte: há Ciência nas construções que elaboramos, nas
comunidades que criamos, no alimento que consumimos e no modo como
entendemos a natureza e até nosso próprio corpo.
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Figura 2. O Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci (1490), analisando as proporções do corpo
humano masculino. Fonte: Pinterest.
A Ciência está sempre questionando por que as coisas são como são e como podem
ser melhoradas. O que somos no grande plano do universo. Questiona de onde
viemos e para onde iremos. Abrange desde as profundezas do universo, até o
dispositivo que você está usando para acessar este trabalho. A partir da era moderna
e, principalmente, durante o iluminismo, as revoluções cientí�cas trouxeram ideias
sobre cálculo, a teoria atômica e a gravidade. A revolução industrial, por meio das
inovações tecnológicas, provocou uma explosão de produção, crescimento e
desenvolvimento social.
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O modo de funcionamento iterativo da Ciência, aliado ao seu método repetível e
falseável, favoreceu a criação e o aperfeiçoamento de tecnologias, que podem ser
substituídas ao tornarem-se obsoletas. Revolucionou os meios de transporte,
inicialmente, cobrindo a Europa com uma malha ferroviária, que se expandiu para o
mundo, posteriormente, desenvolvendo carros e aviões. Revolucionou a agricultura,
permitindo que aumentássemos exponencialmente a nossa produção de alimentos,
contrariando as antigas previsões demográ�cas. E mais recentemente, na era digital,
os cientistas ajudaram a conceber a internet como a conhecemos, para
compartilharmos ideias e mais pesquisas. Os avanços na medicina e na agricultura
salvaram mais vidas humanas do que aquelas perdidas em todas as guerras.
Figura 3. Lente de contato smart, com câmeras integradas já são uma realidade. Fonte: Ipnoze
Saiba mais
Veja mais inovações cientí�cas e tecnológicas que você nunca imaginou
aqui: https://socienti�ca.com.br/2019/04/20/selecionamos-os-maiores-
avancos-cienti�cos-de-2019-ate-agora/
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https://socientifica.com.br/2019/04/20/selecionamos-os-maiores-avancos-cientificos-de-2019-ate-agora/
https://socientifica.com.br/2019/04/20/selecionamos-os-maiores-avancos-cientificos-de-2019-ate-agora/
1.1. Qualidade de vida
Qualidade de vida é um conceito bastante subjetivo, cuja concepção pode englobar
diferentes interpretações e visões de mundo. Porém, restringindo-nos à concepção
da sociedade ocidental moderna, podemos dizer que, em grande parte do tempo,
este conceito esteve amparado na capacidade econômica ou �nanceira dos
indivíduos. Por muitos anos, sua de�nição esteve atrelada ou foi confundida com a
de�nição de crescimento ou desenvolvimento econômico que será discutida mais
adiante.
Mais recentemente, com a construção da ideia de desenvolvimento social e humano,
a distinção torna-se mais clara. Assim, a qualidade de vida pode ser entendida como
um método de avaliar as condições de vida de um ser humano, ou seja, o conjunto
de condições que contribuem para o bem-estar físico e espiritual dos indivíduos em
sociedade.
Como é possível avaliar a qualidade de vida da população em um determinado país
ou território? O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), proposto pela
Organização das Nações Unidas busca responder a essa questão. O IDH foi criado em
1990 e consiste em uma média aritmética de indicadores em três campos distintos:
economia, saúde e educação. A pesquisa é feita anualmente e a pontuação varia
entre 0 e 1.
O Brasil possui um IDH de 0,759 ocupando a 79° posição no ranking global, no ano de
2018. Essa avaliação resulta na classi�cação dos países como desenvolvidos,em
desenvolvimento ou subdesenvolvidos.
Saiba mais
Veja o último ranking de IDH aqui:
https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2018/09/14/idh-
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https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2018/09/14/idh-2018-brasil-ocupa-a-79-posicao-veja-a-lista-completa.htm
2018-brasil-ocupa-a-79-posicao-veja-a-lista-completa.htm
Os indicadores da educação medem a taxa de alfabetização e a escolarização da
população em geral. Os indicadores da saúde avaliam a expectativa de vida dos
indivíduos, ou seja, quanto tempo se espera que uma pessoa vá viver em
determinado país. O cálculo da longevidade é fortemente in�uenciado pela
mortalidade infantil e re�ete com clareza as condições de saúde do local avaliado. Os
indicadores da economia consideram o PIB per capita em dólares americanos, deste
modo, a diferença do poder de compra entre os diferentes países é eliminada por
reconhecer as diferenças no custo de vida.
Figura 4. Índice de Desenvolvimento Humano mundial em 2018. Fonte: publicado pelo jornal Diário
Zona Norte.
Desde o seu surgimento, o IDH tem ajudado a avaliar a condição dos países em
atender suas demandas. Entretanto, é preciso destacar que a complexidade do
mundo extrapola estes três componentes e que essa maneira de avaliar a qualidade
de vida possui graves limitações, como o fato de desconsiderar completamente o
impacto ambiental causado. É preciso ter em mente que o IDH é uma das maneiras
padronizadas de se medir o bem-estar da população, não retratando
necessariamente a absoluta realidade de um país.
1.2. Degradação ambiental
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https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2018/09/14/idh-2018-brasil-ocupa-a-79-posicao-veja-a-lista-completa.htm
A sociedade ocidental moderna vem sofrendo vários tipos de análises críticas, dessas,
três podem ser destacadas, devido a sua importância frente ao movimento
ambientalista: (1) a desigualdade social promovida pelo sistema vigente; (2) a
expansão do modo de vida capitalista (principalmente europeu), como se fosse o
único, muitas vezes, não respeitando outras formas de existência de outras culturas;
(3) o esclarecimento de que a sociedade ocidental moderna tem limites na sua
relação com a natureza. O modelo de desenvolvimento atual que bene�cia uma
pequena parcela da humanidade mostra-se insustentável e não pode ser
generalizado e nem expandido.
Figura 5.  Degradação ambiental ameaça saúde do planeta. Fonte: Conexão Planeta.
Desde a primeira revolução industrial, no século XVIII, há uma massiva emissão de
gases do efeito estufa, devido à expansão da utilização de máquinas movidas à
vapor, proveniente da utilização de carvão mineral como combustível. No �nal do
século XIX, o surgimento de novas tecnologias promoveu uma transformação nas
fontes de energia e deu início à corrida do petróleo. Paralelamente ao aumento das
demandas, ocorreu um aumento do impacto ambiental. No século XX, a visão de
natureza predominante até então passa a ser questionada com o surgimento do
movimento ambientalista.
Você quer ver?
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No Brasil, um dos exemplos mais clássicos e bem-sucedidos dessa
mudança de visão é o caso da Cidade de Cubatão, considerada por anos, a
mais poluída do mundo e que conseguiu reverter quase que totalmente
este quadro. Veja mais no documentário dirigido por Bo Landim “Cubatão,
vale da morte”, de 1987, disponível aqui: https://www.youtube.com/watch?
v=s6zzwvK0R5E
Aprendemos desde cedo que problemas ambientais como desmatamento e poluição
são provenientes do crescimento das cidades e da expansão da atividade industrial.
Recentemente, as evidências da degradação ambiental causada pelo setor primário
da economia têm aumentado paulatinamente. Entretanto, mais do que conhecer os
impactos ambientais e suas fontes de origem, é importante lembrar que a questão
ambiental e a degradação perpassam uma mera mudança de hábitos de consumo. A
degradação ambiental está diretamente relacionada à ideia de expansão, que é o
cerne do modelo econômico atual. Enquanto esta concepção não for mudada, pouco
poderá ser feito a respeito.
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https://www.youtube.com/watch?v=s6zzwvK0R5E
https://www.youtube.com/watch?v=s6zzwvK0R5E
2. Desenvolvimento e meio
ambiente
A Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente realizada em junho de
1972 em Estocolmo e o Relatório do Clube de Roma suscitaram um grande debate
nos meios intelectuais e políticos, levando a sociedade a um modo de pensar
alinhado às demandas ambientais, a partir da década de 80.
Entretanto, apenas em meados dos anos 90, o termo desenvolvimento foi atrelado à
discussão. Quando falamos em desenvolvimento, a primeira ideia que nos vem à
mente relaciona-se com crescimento econômico e aumento de renda. O crescimento
econômico quando relacionado com o desenvolvimento leva a crença que por si só
pode proporcionar uma vida melhor para os cidadãos. No entanto, o crescimento
econômico é apenas um dos componentes necessários para o processo de
desenvolvimento, o qual somente ocorre junto a outros fatores como o social,
ambiental e político.
Estes fatores precisam estar inter-relacionados e tem que agir de maneira integrada
para proporcionar desenvolvimento pleno. Durante o desenvolvimento da sociedade
moderna, criou-se um conceito de qualidade de vida atrelado ao consumo e ao
acúmulo de riquezas e capital. Porém, novas abordagens propõem que a riqueza
genuína não dependa de posses comerciais ou bens de consumo, valorize as relações
sociais pací�cas e uma existência digna.
Evidências empíricas comprovam que o crescimento econômico isoladamente não
conduz ao desenvolvimento ou ao progresso, ainda que o crescimento material e
aumento quantitativo sejam necessários para o desenvolvimento humano genuíno.
Na maioria dos países em desenvolvimento, o PIB cresceu entre o pós-guerra até
1972, não signi�cando aumento do bem-estar social ou maior desenvolvimento.
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Figura 6. Desenvolvimento sustentável: a saúde do planeta está em nossas mãos. Fonte: Global Success
Foundation.
Neste contexto, é interessante mencionar o Modelo de desenvolvimento autêntico
proposto por Goulet (1997), no qual uma sociedade é mais desenvolvida não quando
seus cidadãos podem ter mais, mas sim, quando todos podem ser mais. Ainda
segundo este autor, as sociedades permanecerão subdesenvolvidas enquanto um
pequeno grupo de indivíduos ou alguns grupos privilegiados possuírem abundância
de bens e facilidades, ao custo da privação das necessidades básicas da maior
parcela da população. Amartya Sen (2000) de�ne desenvolvimento como um
processo de expansão da liberdade, requerendo, assim, a remoção de quaisquer
formas de privação da mesma: pobreza e tirania, carência de oportunidades
econômicas, destituição social sistêmica, negligência dos serviços públicos ou
interferência excessiva de estados repressivos.
O papel instrumental da liberdade diz respeito ao modo como os diferentes tipos de
direitos, oportunidades e habilitações contribuem para o alargamento da liberdade
humana, promovendo o desenvolvimento.
Existem pelo menos cinco tipos de liberdades vistas como perspectivas
instrumentais: (1) liberdadepolítica; (2) poder econômico; (3) oportunidades sociais;
(4) garantia de transparência e (5) proteção e segurança. Em um modelo de
desenvolvimento baseado na liberdade, os dispositivos econômicos respeitam as
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oportunidades que os indivíduos dispõem para utilizar os recursos econômicos para
consumo, produção ou troca.
O crescimento econômico, além de aumentar os rendimentos privados, permite a
expansão dos serviços sociais pelo estado, paralelamente, o aumento das
oportunidades sociais contribui para o desenvolvimento econômico. Nurkse (1957)
discorre sobre como os países têm di�culdades para sair da pobreza “uma
constelação circular de forças, tendendo a agir e reagir uma sobre a outra de tal
modo a conservar um país sob um estado de pobreza”. Para que um país possa
começar a vencer a pobreza material, intelectual e tecnológica é necessário quebrar o
círculo vicioso da pobreza. Por meio de políticas programadas de desenvolvimento e
com a conscientização da população.
2.1. Desenvolvimento sustentável
Desenvolvimento sustentável pode ser entendido como um modelo de
desenvolvimento global amparado na preocupação com a principal fonte recursos
naturais: a natureza. Como já citado em outras unidades, o entendimento da
produção humana como causa da degradação ambiental veio em 1972, na
Conferência de Estocolmo. Entretanto, o conceito de desenvolvimento sustentável é
utilizado pela primeira vez em 1987, com a percepção do Relatório de Brundtland, em
inglês, “ Our common future ”. Este documento apresenta a proposta de busca por um
equilíbrio econômico e ambiental.
Podemos dizer que havia uma espécie de paradoxo: a produção precisa aumentar
para atender a demanda da população, porém, a produção é a principal causa da
degradação, assim, é necessário conciliá-la com a preocupação ambiental. As
propostas do Relatório de Brundtland baseiam-se em três pilares principais,
conservar as terras aráveis para manter seu potencial agrícola, conservar as áreas de
�oresta e manter a água limpa. O conceito mais aplicável da carta é onde as nações
começam como a preocupação com o desenvolvimento. Como satisfazer as
necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de
suprir as suas próprias necessidades? A resposta não é tão complexa: fazendo uso
controlado da matéria prima, respeitando sua capacidade de reposição e a
regeneração dos recursos naturais.
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Segundo as Nações Unidas, o desenvolvimento sustentável tem três pilares principais
(1) o crescimento econômico; (2) a inclusão social e (3) a proteção ambiental. Estes
pilares, entretanto, não são simplesmente categorias, ambos se relacionam entre si e
têm aspectos em comum. Para garantir a inter-relação que impulsionará a agenda,
duas dimensões críticas foram adotadas (1) parceria: para fortalecer o trabalho em
conjunto e (2) paz: para fortalecer a justiça e a existência de instituições sólidas.
Para compreender as dimensões do desenvolvimento sustentável, precisamos
analisar a adoção da agenda 2030 e seus 17 objetivos, nos quais a comunidade
mundial rea�rmou seu compromisso com a garantia de desenvolvimento econômico
sustentado e inclusivo, a inclusão social e a proteção ambiental, sendo feitos de
forma colaborativa e pací�ca. Agenda 2030 é universal, transformadora e baseada
em direitos. É um plano de ação ambicioso para países, organismos da ONU e todos
os outros agentes de desenvolvimento envolvidos.
Figura 7. Os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Fonte: ecycle.
Como uma das tendências atuais, os já conhecidos Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODS) nos inspiram a pensar criativamente sobre os desa�os atuais da
sustentabilidade, para desenvolver parcerias e tomar decisões concretas. Os ODS´s
possuem cinco componentes, os cinco P’s: pessoas, prosperidade, parceria, planeta e
paz. Representam uma abordagem holística para entender e enfrentar problemas,
fazendo as perguntas certas, nos momentos adequados. Para alcançar a resolução, é
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necessário considerar os diversos desa�os e tentar entender a relação e o impacto
entre eles. Entender as interdependências auxilia a encontrar a raiz dos problemas e
a criar soluções de longo prazo.
Figura 8. Os cinco P’s da agenda 2030 da ONU. Fonte: Pinterest.
2.2. Diferenças entre crescimento e
desenvolvimento
O conceito de crescimento econômico diz respeito ao aumento contínuo da riqueza
de um país ao longo do tempo. Este crescimento econômico re�ete no aumento da
renda per capita da população, na elevação do produto agregado do país e se
manifesta no aumento contínuo do Produto Interno Bruto (PIB), variável quantitativa
que avalia a renda agregada da população. Para falar de aumento de renda e da
produção nacional, precisamos resgatar os fatores de produção: a terra, o capital e o
trabalho. Estes são componentes essenciais para o aumento da capacidade produtiva
e do crescimento econômico ao longo do tempo. Crescimento econômico é uma
meta da política macroeconômica.
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Figura 9. Variação do PIB em algumas das principais economias do mundo. Fonte: G1.
A ênfase desse crescimento poderá acontecer em curto prazo, com o incentivo ao
aumento de consumo da população, (por exemplo, facilitando o crédito) ou com o
incremento dos gastos do governo. E poderá acontecer também em longo prazo, por
meio de medidas mais duradouras que atuem nos fatores de produção. O
crescimento econômico depende também de outros fatores, como o crescimento
populacional, a acumulação de capital e o desenvolvimento tecnológico, elementos
que incrementam a força vital de trabalho do país, consequentemente, elevando sua
capacidade produtiva. Entretanto, o aumento da população deve ser acompanhado
pelo aumento do crescimento econômico e aumento da renda per capita .
Outro fator importante para um país elevar sua taxa de crescimento é a capacidade
de poupar e �nanciar novos investimentos, aumentando a produção de capital, para
a produção de bens e serviços su�cientes para atender a demanda social como um
todo. O progresso tecnológico integrado aos processos de produção permite a
transformação dos processos e técnicas de produção tradicionais,
consequentemente aumentando a produtividade e o trabalho e melhorando os
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índices de crescimento. É importante ressaltar que não se pode falar em crescimento
econômico e progresso tecnológico sem considerar a educação, com ênfase na
formação de capital humano, na acumulação de conhecimento e na geração de
novas tecnologias.
O conceito de desenvolvimento econômico extrapola a ideia de crescimento e da
quantidade de bens e serviços produzidos por uma economia, implicando em
mudanças de caráter qualitativo, ou seja, na qualidade de vida da população. Para
avaliar a qualidade de vida e o desenvolvimento econômico de uma população, as
Nações Unidas propuseram o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que
considera uma série de fatores não necessariamente ligados à renda como condições
sanitárias, expectativa de vida ao nascer, potencial cientí�co e tecnológico,
distribuição de renda, taxas de natalidade e mortalidade, entre outros. Estes fatores
permeiamtrês dimensões: uma vida longa e saudável, o acesso ao conhecimento e
um padrão de vida decente, que, indiretamente, relacionam-se a concentração de
renda (PIB per capita), conhecimento, alimentação e saúde.
Figura 10. Tirinha ilustrando a diferença entre crescimento econômico e desenvolvimento social. Fonte:
Reticências Políticas.
3. Educação ambiental
Educação é a maneira como o homem aprende, entra em contato com o outro e com
a natureza, respeitando cada cultura. Educar é um processo que faz parte da vida em
comunidade. Como já mencionado anteriormente, o surgimento do movimento
ambientalista no século XX in�uenciou fortemente a visão de natureza pelo ser
humano e, consequentemente, a maneira como o conceito de natureza é trabalhado
na educação básica. Foi em 1972, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
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Ambiente Humano, ocorrida em Estocolmo na Suécia, que surge a proposta da
educação ambiental.
Três anos depois, em 1975, ocorre em Belgrado, na Sérvia, um seminário
internacional que cria o primeiro e um dos mais importantes documentos sobre a
educação ambiental: a Carta de Belgrado, que propõe a adoção de uma nova ética
global, voltada para o combate à fome, à miséria, ao analfabetismo, à poluição e à
exploração do homem pelo homem. Neste momento, questões sociais passaram a
ser consideradas juntamente com as questões ambientais. Na cidade de Tbilisi, na
Rússia em 1977, chefes de estado de 50 países reúnem-se na primeira conferência
internacional de educação ambiental, rea�rmando as posições do evento anterior em
Belgrado e con�rmando a necessidade de considerar de forma igualitária o meio
cultural, social e ecológico nas diferentes abordagens humanas.
A Conferência de Tbilisi estabeleceu as diretrizes que �zeram a educação ambiental
ser concebida dentro de um novo ângulo, como um projeto transformador da
sociedade, crítica e politicamente. Entretanto, durante muitos anos e, principalmente
nos países mais desenvolvidos, a educação ambiental era vista apenas como
ferramenta de preservação da natureza.
A partir de 1992, com a ocorrência da Conferência RIO-92, uma abordagem crítica
que integra também o meio social começou a ganhar espaço, principalmente entre
os países em desenvolvimento, consolidando o conceito de desenvolvimento
sustentável. Foi produzido também neste evento o Tratado de Educação Ambiental
para Sociedades Sustentáveis, que consolida a educação ambiental como ferramenta
de conscientização.
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Figura 11. Educação Ambiental como instrumento transformador da realidade. Fonte: Fia.
Neste contexto, a educação ambiental, não deve ser entendida como uma disciplina
escolar, mas sim, deve ser trabalhada de maneira permanente, na educação formal e
não formal e voltada para a vida. Deve ser um componente essencial em todas as
etapas da educação básica, desde a educação infantil até o ensino superior. Segundo
Philippi Junior (2014), a educação ambiental é entendida como educação política de
formação para a cidadania ativa, visando uma ação transformadora da realidade
socioambiental.
No Brasil, temos a Lei 9795/99 que institui a Política Nacional de Educação Ambiental.
O Brasil foi o primeiro país da América Latina a reconhecer a educação ambiental
como instrumento para buscar padrões mais sustentáveis de sociedade. Segundo
essa lei:
“Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade.” Política Nacional de Educação Ambiental - Lei nº
9795/1999, Art 1º.
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Você quer ler?
Você pode conferir algumas outras de�nições de educação ambiental
segundo outros documentos e conferências importantes no site do
ministério do meio ambiente (MMA): http://www.mma.gov.br/educacao-
ambiental/politica-de-educacao-ambiental
3.1. O ensino de Ciências Naturais como
estratégico para a educação
A educação ambiental nasce em um contexto de defesa do meio ambiente e da
necessidade de mudança de um paradigma. Todo processo de mudança de hábitos
em uma sociedade acaba necessariamente passando por uma etapa de
convencimento, que é por si só, um processo educativo. No ano de 1993, surge no
Brasil o projeto de lei que dá origem à Política Nacional de Educação Ambiental
(PNEA) e, em 1994, é assinado pelo presidente da república o Programa Nacional de
Educação Ambiental a ser desenvolvido em parceria pelos ministérios da Educação
(MEC), do Meio Ambiente (MMA) e da Ciência e Tecnologia (MCTIC). As perspectivas
de ação do programa envolvem o aprofundamento e sistematização da educação
ambiental para as futuras gerações tendo o sistema escolar como instrumento. Em
1997, há o surgimento da Rede Brasileira de Educação Ambiental (REBEA) e inicia-se o
processo de reorientação curricular por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs) que introduzem o tema Meio Ambiente como um dos temas transversais.
Após a publicação da Política Nacional de Educação ambiental em 1999, as
autoridades começam a compreender o caráter integrador deste tema e a buscar a
transversalidade entre diferentes setores da educação forma e não formal. Segundo
Fábio Feldmann, ambientalista e ex-secretário estadual do meio ambiente, de
maneira geral, devido a diversos fatores, o movimento ambientalista caminhou de
forma mais efetiva na educação não formal, um equívoco que precisa ser corrigido. É
preciso trabalhar na capacitação de professores de todos os níveis de ensino para
que a educação ambiental desempenhe seu papel transformador da realidade.
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http://www.mma.gov.br/educacao-ambiental/politica-de-educacao-ambiental
http://www.mma.gov.br/educacao-ambiental/politica-de-educacao-ambiental
De forma prática e devido ao modelo de ensino atual em que as disciplinas ainda são
ministradas de forma fragmentada, apesar dos esforços para promoção da
interdisciplinaridade, a maioria dos conteúdos relativos à temática ambiental recai
sobre a disciplina de ciências naturais. Deste modo, devem ser abordados grandes
temas atuais, de conhecimento dos alunos como mudança climática, uso de plástico,
etc. São questões apresentadas pela mídia e que acabam por suscitar o interesse dos
alunos. Entretanto, é necessário atentar para a falta de neutralidade das informações
e para o risco de manipulações, uma vez que há uma grande quantidade de
informações disponíveis que, muitas vezes, não possuem evidências cientí�cas,
fazendo com que informações ambientais incorretas ou enviesadas sejam
amplamente compartilhadas.
O ensino de ciências naturais é considerado estratégico para a introdução do
conceito de educação ambiental, pois seu eixo de trabalho permite a utilização de
métodos de ensino que promovem resultados bastante positivos. A aula de ciências
possibilita a criação ou a retomada de vínculos afetivos com a natureza e com o
ambiente de estudo, desenvolvendo a capacidade de preocupação com aquele
ambiente e, consequentemente, extrapolando essa preocupação para uma escala
maior. É importante ressaltar que atividades dinâmicas que envolvam a participação
ativa dos estudantes costumam promover maior engajamento do que abordagens
discursivas e expositivas.Entretanto, promover a reconexão dos alunos com o ambiente natural é uma tarefa
extremamente desa�adora, uma vez que vêm de uma vida urbana, vivendo dentro
de condomínios fechados e shoppings. O educador precisa de roteiros de atividade
muito bem estabelecidos para possibilitar a construção de uma percepção ambiental
nos educandos para promover a transformação de sintonia entre o ambiente urbano
e o ambiente natural. O trabalho de educação ambiental está incluso no processo
ensino aprendizagem, e como tal não é constituído apenas de transmissão de
informação e, sim, com um conjunto de percepções corporais, promovendo
sensações que acabam se tornando memórias afetivas e, di�cilmente, serão
esquecidas.
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4. Conservação e proteção
ambiental
Um dos modos mais tradicionais que a sociedade atual encontrou para praticar
minimamente a proteção ambiental diminuindo os seus impactos no
desenvolvimento econômico foi a implementação de unidades de conservação. Mas
o que vem a ser este termo? Nas unidades passadas já discutimos a sua diferença
com o termo “preservação ambiental”, que é basicamente permitir o uso da área e
dos recursos de forma controlada e regulamentada. A Constituição Federal de 1988
implementa a obrigatoriedade do estabelecimento de áreas de proteção ambiental
em todos os estados da federação, as quais só podem ser suprimidas ou alteradas
perante a Lei. Neste contexto, as Unidades de Conservação são uma das categorias
de espaços territorialmente protegidos e consagrados pela Constituição Federal.  A
Lei 9985 de 2000, que regulamenta o Sistema Brasileiro de Unidades de Conservação
(SNUC) de�ne unidade de conservação como o espaço territorial e seus recursos
naturais, incluindo as águas jurisdicionais, instituído pelo poder público que tenha a
�nalidade de conservação.
Figura 12. Unidades de conservação brasileiras em 2016. Fonte: Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICMBio).
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Existem duas Categorias de Unidades de conservação: (1) as unidades de proteção
integral e (2) as unidades de uso sustentável. Nas unidades de proteção integral, os
ecossistemas devem ser mantidos sem alterações causadas pela interferência
humana direta, entretanto, o uso indireto dos recursos é permitido. O uso indireto
não envolve consumo, coleta, extrativismo ou qualquer tipo de dano ou destruição
aos recursos naturais naquele território.
Existem cinco tipos de unidades de conservação de proteção integral:
1.   Estação Ecológica – EE
2.   Reserva Biológica – REBIO
3.   Monumento Nacional – MONA
4.   Parque Nacional – PARNA
5.   Refúgio da Vida Silvestre – RVS
Com relação à segunda categoria, as unidades de conservação de uso sustentável, a
exploração é permitida, entretanto, de forma que garanta a perenidade dos recursos
renováveis e dos processos ecológicos, garantindo sua renovação natural. Portanto, o
objetivo básico das unidades de conservação de uso sustentável é garantir a
compatibilidade da conservação ambiental com a utilização adequada de parte dos
recursos disponíveis, considerando, principalmente, a existência de povos
tradicionais que necessitam daqueles recursos para sua subsistência.
Existem sete tipo de unidades de conservação de uso sustentável:
1.   Área de Proteção Ambiental – APA
2.   Área de Relevante Interesse Ecológico – ARIE
3.   Floresta Nacional – FLONA
4.   Reserva Extrativista – RESEX
5.   Reserva de Fauna – REFAU
6.   Reserva de Desenvolvimento Sustentável – RDS
7.   Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN
Mais recentemente, em 2012, foi promulgada a Lei 12651, a Lei de Proteção da
Vegetação Nativa, (LPVN), conhecida popularmente como o Novo Código Florestal
Brasileiro, a qual implementa outras duas categorias de áreas protegidas, a Área de
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Preservação Permanente (APP) e a Reserva Legal (RL), que podem estar ou não
inseridas nas categorias de unidade de conservação citadas anteriormente.
4.1 Diminuindo os vestígios da sociedade
de consumo
Podemos dizer que atualmente vestir, comer, calçar, se divertir são atos de consumo.
Historicamente remontamos a origem da transformação dos modos de consumo à
perspectiva da revolução industrial que não revolucionou apenas as máquinas com
relação à produção em massa, mas trouxe uma série de outros elementos que
revolucionaram também a relação com o consumo. Um dos pontos foi o transporte
em massa: a produção em massa acabava por fazer com que nem tudo o que era
produzido em uma determinada região pudesse ser consumido pela comunidade
local, o que levou a demanda de transporte desses produtos para outras regiões do
país e até do mundo. Outro elemento decorrente disso foi o surgimento do modelo
de venda em massa.
Remontando às antigas maneiras de consumo, podemos pensar no funcionamento
de uma feira livre onde o vendedor é o intermediador da compra, o que se torna
inviável num modelo de vendas em massa. Aí temos o surgimento do “autosserviço”,
com produtos embalados, organizados em gôndolas onde o consumidor escolhe o
que precisa sem a necessidade da intervenção de um vendedor. Fechando essa
equação temos a �gura do consumidor, que foi introduzida a partir do momento em
que havia a segurança de uma produção em massa feita pelas fábricas, juntamente à
segurança do transporte e da venda.
Paralelamente, havia certa segurança quanto à estabilidade do trabalho nas fábricas,
que garantia recursos �nanceiros ao trabalhador em troca do trabalho prestado.
Situação que se contrapõem aos modelos anteriores, onde podemos ter como
exemplo a produção de alimentos em uma fazenda, a qual estava sujeita a boas
condições climáticas, ao alimento da época e não havia garantia ou segurança quanto
à quantidade e qualidade da produção. Deste modo, com a junção dos elementos
produção, distribuição e venda praticados em massa adicionada à �gura do
consumidor temos o estabelecimento da sociedade de consumo.
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Figura 13. Sociedade do consumo acaba por transformar os consumidores em mercadorias. Fonte:
Provocações Filosó�cas.
Você quer ler?
Você pode re�etir mais sobre o assunto com os textos disponíveis na
página “ Provocações Filosó�cas ”. Disponíveis no link:
https://provocacoes�loso�cas.com/consumo-logo-existo-a-sociedade-de-
consumo-por-bauman-e-baudrillard/
A princípio, se olharmos rápido, não há grandes problemas. Porém, analisando mais
profundamente essa relação, veremos que a sociedade de consumo é baseada num
modelo de economia linear de extração, produção, distribuição, consumo e descarte,
que é insustentável em um planeta com recursos �nitos. E, recentemente, a crise em
que esse sistema se encontra passou a ser mais debatida. Assim, a busca por
alternativas para mudar a visão da sociedade de consumo atual para modelos de
produção e consumo mais sustentáveis torna-se mais frequente.
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https://provocacoesfilosoficas.com/consumo-logo-existo-a-sociedade-de-consumo-por-bauman-e-baudrillard/
https://provocacoesfilosoficas.com/consumo-logo-existo-a-sociedade-de-consumo-por-bauman-e-baudrillard/
Mas a�nal, o que é ser sustentável no consumo?
As alternativas com resultados mais efetivos incluem revisitar os nossos hábitosde
consumo e fazer escolhas mais inteligentes. Ser mais seletivo antes de comprar,
exercitar a capacidade de negociação e valorização do próprio dinheiro. Não comprar
coisas que não precisamos, e, ao invés disso, buscar no produto comprado uma
garantia de bem-estar e experiências memoráveis.
Deste modo, incentiva-se a valorização da qualidade em detrimento da ostentação ou
imagem transmitida pelo produto utilizado. É interessante optar por modelos de
produtos básicos e duradouros, validados pela crítica. Poupar de maneira
desordenada pode não ser a melhor opção, uma vez que diminui a circulação de
capital no mercado, provocando o esfriamento da economia e o favorecimento da
in�ação. A força está no equilíbrio. O consumo em menor quantidade, com qualidade
e consciência potencializa a satisfação, preenche as necessidades, evitando gastos e
compras desnecessárias e por impulso.
Consumir de maneira responsável pensando nas consequências de seus atos de
compra na qualidade de vida do planeta e na vida das futuras gerações é um desa�o
diário. A�nal, optar por produtos mais duráveis, ao invés de descartáveis e analisar a
história da empresa da qual está comprando exige um esforço contínuo, uma vez
que o consumo permeia praticamente todas as atividades do nosso cotidiano.
Pergunte-se: Esta empresa merece receber o seu dinheiro? Qual a preocupação desta
empresa com o meio ambiente e com a qualidade de vida de seus funcionários? Esta
empresa pratica trabalho escravo? Você compraria cosméticos de empresas que
testam seus produtos em animais, sendo que há alternativas?
Trata-se de avaliar os impactos do consumo em nossa sociedade, saúde e meio
ambiente. Quando consumimos um produto de uma empresa, estamos contribuindo
com o seu fortalecimento no mercado e apoiando a sua maneira de agir e produzir.
Somos conscientes no consumo quando escolhemos de qual empresa comprar, ou
seja, qual empresa queremos ajudar a fortalecer, baseados em sua conduta ética e
socioambiental.
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Escolhendo empresas sustentáveis, ajudaremos a tirar do mercado empresas com
maus hábitos e apoiaremos aquelas que contribuem com o desenvolvimento
sustentável. Por outro lado, consumir de forma inconsciente pode ajudar a �nanciar
trabalho escravo, desmatamento, poluição e crueldade contra animais.
Figura 14. Seis perguntas do consumo consciente. Fonte: Instituto Akatu.
Comprar apenas aquilo que se necessita ajuda a diminuir a demanda por recursos
naturais (reduzir), ao consumir faça com o que o produto dure mais (reutilizar) e ao
descartar separe os materiais recicláveis e destine os rejeitos (material não reciclável)
da maneira correta. É importante ressaltar que na sociedade de consumo os
produtos são feitos para serem vendidos e não para atenderem às demandas ou
necessidades dos consumidores.
Deste modo, é necessária uma re�exão sobre a sustentabilidade em todas as etapas
do processo produtivo. Essa re�exão também passa por um processo de
autoconvencimento: é necessária uma mudança de hábitos, que é um processo
lento, não desista!
Síntese
A expansão do modelo econômico atual vem, desde meados do século passado,
chocando-se com os limites do planeta. Se o sistema não se expande, ele entra em
crise. E a expansão traz a degradação ambiental. Reverter essa situação é um dos
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maiores desa�os da nossa era e sua resolução é um fator crucial para outras crises
atuais, como a desigualdade social. Se a humanidade se mantiver na rota da rede
corporativa internacional, o colapso ambiental é certeiro.
Entretanto, poucas coisas conhecidas no nosso planeta são ilimitadas e podemos
dizer que a criatividade humana está entre elas. A criatividade e a capacidade e
inovação associadas a novas metodologias de ensino podem representar uma das
poucas saídas que temos. Re�ita e reinvente-se!
Ao �nal desta unidade, você deverá avaliar se é capaz de:
Relacionar as intersecções entre crescimento econômico e qualidade de vida;
Relacionar as intersecções entre crescimento econômico e degradação dos recursos
naturais;
Entender o papel da ciência para a degradação dos fatores ambientais;
Discutir as relações entre desenvolvimento e meio ambiente;
Compreender as diferenças entre crescimento econômico e desenvolvimento;
Entender o signi�cado do desenvolvimento sustentável;
Compreender a importância da abordagem sobre educação ambiental no ensino de
ciências;
Relacionar o conceito de educação ambiental com as ações de sustentabilidade;
Discutir o processo pedagógico para criar cidadãos críticos e mais responsáveis com
o meio;
Compreender a relação intrínseca entre conservação ambiental, saúde humana,
consumo e qualidade de vida.
Download do PDF da unidade
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Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=7qFiGMSnNjw
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https://www.youtube.com/watch?v=7qFiGMSnNjw