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Resumo de cada APG em 1Pagina ORTOPEDIA N1

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Carla Bertelli – 5° Período 
Coluna Lombar 
A maioria dos distúrbios da coluna vertebral está relacionada à espondilose, 
que resulta do desgaste que ocorre nas vértebras, discos intervertebrais, 
processos articulares e outras articulações da coluna, ligamentos associados 
e, secundariamente, músculos paravertebrais e outros músculos. Na coluna 
vertebral, as estruturas sensíveis à dor incluem o periósteo da coluna 
óssea (vértebras), a dura-máter, os processos articulares e outras 
articulações verdadeiras, o ânulo fibroso (mas não o núcleo pulposo), vasos 
sanguíneos, ligamentos e músculos paravertebrais.Quando afeta um 
miótomo (o grupo de músculos suprido por neurônios motores de um 
único segmento da medula espinal), o déficit motor associado a um 
distúrbio de raiz espinal é do tipo de neurônio motor inferior. Os achados 
típicos são fraqueza, hipotonia, reflexos diminuídos ou ausentes, 
fasciculações e, se a síndrome persiste há pelo menos várias semanas, 
atrofia muscular. No nível do nervo espinal, a sensibilidade é diminuída ou 
ausente para todas as modalidades, em um padrão de dermátomo 
característico. A sensibilidade inferior e superiormente à raiz afetada é 
preservada. 
Nos membros inferiores, as situações que afetam a coluna lombar superior 
tendem a referir a dor para a virilha e/ou coxa anterior (desde o quadril 
até o joelho). As situações que afetam a coluna lombar inferior tendem a 
causar dor referida na nádega, na face posterior da coxa, na perna (do 
joelho até o tornozelo) ou no pé. A dor referida pode ser uni ou bilateral, 
e a dor que acompanha uma distribuição em dermátomos provavelmente 
é resultado de doença na raiz do nervo. 
• L1: sintomas geralmente, dor, parestesia na região inguinal 
• L3: dor e parestesia na região anterior e medial da coxa e do joelho, 
com fraqueza do quadríceps e diminuição do reflexo patelar; 
• L4: dor e perda de sensibilidade na região medial do membro 
inferior; diminuição do reflexo patelar e diminuição da força do 
musculo tibial anterior, com redução de força na flexão dorsal do pé 
-> hérnia de disco; 
• L5: dor e perda de sensibilidade no dorso do pé e lateral da perna; 
perda de força na extensão longa do hálux -> hérnia de disco; 
• S1: dor e perda de sensibilidade na lateral e planta do pé, com 
diminuição da força nos fibulares curto e longo, tendo dificuldade na 
eversão e flexão plantar do pé, com redução do reflexo de aquileu 
Hérnia de Disco – Um segmento do núcleo pulposo se infiltra por 
meio da laceração no anel fibroso rígido (anel de colágeno denso que 
circunda a polpa nuclear) Quanto mais central for a herniação: maior a 
probabilidade de comprimir a raiz nervosa em sua passagem (S1 em L5/S1). 
Quanto mais lateral for a herniação, maior a chance de comprimir a raiz 
nervosa em sua saída (L5 em L5/S1) 
• A herniação pode causar deformação mecânica da raiz nervosa 
• Lberação de diversos mediadores inflamatórios pelo disco herniado = reação 
inflamatória intensa + irritação da raiz nervosa 
Muitos casos de radiculopatia sintomática causados por hérnia de disco 
têm base mecânica e inflamatória – o que ajuda a entender porque o 
tamanho da hérnia não tem necessariamente relação direta com a 
intensidade dos sintomas 
Estenose do Canal de Vertebral – Frequentemente causada por 
quadros degenerativos da coluna, mas também pode ocorrer por 
estreitamento congênito do canal vertebral ou por quadros inflamatórios 
ou traumáticos.. Os sintomas se agravam com a extensão e melhoram por 
flexão da coluna. Estreitamento do canal vertebral, na maioria das vezes 
causado por acúmulo de material degenerativo ocupando espaço, como 
ocorre em casos com hipertrofia de ligamento amarelo, osteofitos e hérnia 
ou protuberância discal. A estenose pode ocorrer na porção central do 
canal, no recesso lateral (ou seja, na área sob as facetas articulares) ou no 
forame. Na maioria dos casos, a estenose ocorre ao nível das facetas 
articulares. É nesta altura que as alterac ̧ões patológicas em disco, facetas e 
ligamento amarelo convergem para produzir o maior grau de 
estreitamento. Quando ocorre estenose de forame, geralmente a causa é 
hipertrofia e/ou migração proximal da faceta articular superior a partir do 
nível inferior O segmento mais comumente envolvido é L4/5. 
Doença Degenerativa Discal – O envelhecimento do disco leva a 
desidratac ̧ão e a ruptura interna. A maioria dos casos é assintomática. O 
envelhecimento do disco intervertebral = perda de conteúdo líquido, 
reduc ̧ão na altura e alteração nas propriedades mecânicas normais = 
Hipermobilidade segmentar + laceração no anel. Essa cascata degenerativa 
ocorre em todas as colunas com a idade, mas se torna sintomática em 
uma pequena minoria. 
Síndrome Facetária – São relativamente comuns, mas 
frequentemente são causas subestimadas de dor em pacientes com 
quadro degenerativo lombar. Facetas articulares parecem ser um causador 
independente de dor lombar. Embora a artrose facetária possa se seguir à 
degeneração discal, a síndrome facetária e a síndrome de dor lombar dis- 
cogênica geralmente não ocorrem simultaneamente, uma vez que o 
bloqueio anestésico das facetas e a discografia são positivos no mes- mo 
nível em menos de 3 a 10% dos casos. O nível mais comumente envolvido 
é L5/S1, seguido por L4/5 e L3/4. A degeneração facetária é 
caracterizada por alterações similares àquelas encontradas em outras 
articulac ̧ões sinoviais – osteofitos, cistos subcondrais, desgaste de 
cartilagem, redução do espaço articular e deformação 
Espondillolistese – Há seis tipos distintos de espondilolistese. Sinais e 
sintomas dependem do tipo, mas frequentemente incluem: lombalgia e 
dor na perna. O termo espondilolistese = deslizamento anormal de uma 
vértebra sobre a seguinte. Os tipos mais comuns são a ístmica e a 
degenerativa. 
Espondilolistese degenerativa – Os pacientes normalmente são mais idosos 
(50 anos ou mais) A estenose foraminal também pode ocorrer. Assim, os 
sintomas radiculares podem estar associados às raízes que deixam e que 
cruzam a altura da estenose. O nível L4/5 é, de longe, o mais 
comumente afetado por espondilolistese degenerativa 
Espondilolistese ístmica – Os pacientes podem se apresentar durante a 
pré-adolescência ou na adolesce ̂ncia ou podem se manter relativamente 
assintomáticos até a vida adulta. L5-S1 é de longe o nível mais comumente 
envolvido. Estreitamento foraminal e a resultante compressão da raiz 
nervosa são típicos 
Infecções Vertebrais – A coluna lombar é mais comumente 
envolvida seguida pela torácica nas infecções bacterianas. A coluna 
torácica está mais comumente envolvida em infecções fúngicas. A 
fisiopatologia da infecc ̧ão é diferente quando se comparam crianças e 
adultos. As formas mais comuns de infecção são: (1) discite, (2) 
osteomielite, (3) abscesso epidural e (4) pós-operatória (infecções 
complicam 0-5% das cirurgias de coluna). O Staphylococcus aureus é o 
microrganismo mais comumente isolado, seguido por Staphylococcus 
coagulase-negativo e microrganismos entéricos gramnegativos, e o 
diagnóstico es- pecífico obtido por meio de cultura. O Propionibacterium 
acne e o Staphylococcus epidermidis são patógenos comuns nas 
infecc ̧ões tardias de coluna após fusão vertebral com instrumentos. Nas 
crianc ̧as, o disco pode ser primariamente infectado via os vasos 
sanguíneos que cruzam o platô̂ e ligam as vértebras ao núcleo. Nos 
adultos, o disco é avascular e secundariamente infectado a partir de foco 
primário no corpo vertebral (i.e., osteomielite). A osteomielite hematogênica 
caracteristicamente se inicia no canto anterior-inferior do corpo vertebral. 
Nesta porção do corpo vertebral, as arteríolas terminais formam uma alça 
com reduc ̧ão da velocidade do fluxo sanguíneo. Além disso, a drenagem 
venosa do corpo vertebral é destituída de válvulas (plexo de Batson) e se 
comunicacom o sistema venoso pélvicoAs infecções não bacterianas são 
menos comuns 
Carla Bertelli – 5° Período 
Osteomielite 
Biofilme – Ajuda a proteger as bactérias da resposta imune do 
hospedeiro e dificulta a penetração dos antibióticos. O biofilme é formado 
por uma matriz extracelular composta principalmente de polissacarídeos, 
proteínas e DNA, produzidos pelas próprias bactérias. A formação de 
biofilmes dificulta o tratamento da osteomielite e aumenta a probabilidade 
de recorrência da infecção. A organização e a estrutura dos biofilmes 
possibilitam o acesso a nutrientes e a eliminação de resíduos metabólicos 
disponíveis. No biofilme, os microrganismos individuais usam a sinalização 
química como meio de comunicação intercelular primitivo para 
representar o estado do meio ambiente. Isso é conhecido como detecção 
de quorum. Fatores de Risco – Os principais fatores de risco para o 
desenvolvimento de osteomielite incluem diabetes mellitus, doença arterial 
periférica, insuficiência venosa crônica, imunossupressão e uso prolongado 
de cateteres intravenosos ou dispositivos médicos implantáveis. 
Infecção Óssea causada por diversos agentes etiológicos. O mais comum é 
S. aureus, seguido por S. Grupo A. Em portadores de anemia falciforme é 
mais comum infecção por Salmonella e em imunodeprimidos ou 
queimados, Pseudomonas. É mais comum em crianças, acomete 
preferencialmente ossos longos, com predomínio dos MMII. Fêmur > Tíbia > 
Úmero.. Classificada com base no mecanismo de infecção (hematogênico 
ou não), e na duração da doença (aguda, subaguda ou crônica). É 
importante salientar que a Osteomielite é mais comum em crianças, 
podendo ser decorrente de bacteremia em infecções como impetigo, 
otite média, faringite ou pneumonia. A região metafisária óssea é 
altamente vascularizada, o que diferencia o osso da criança em relação ao 
adulto, e a membrana sinovial também é mais vascularizada em crianças, 
favorecendo nelas o acometimento dos processos infecciosos. O fluxo 
sanguíneo, ao atingir os ramos terminais das artérias metafisárias, sofre 
redução da velocidade e do turbilhonamento, o que propicia condição 
favorável para a bactéria alojar-se nessa região A infecção pode progredir 
pela cavidade medular até o córtex metafisário, elevando o periósteo e 
formando um abcesso subperiosteal 
• Inoculação Direta – Causada por ferimento penetrante, infiltrações, 
picada de inseto, fratura exposta, cirurgias 
• Contiguidade – Infecções por proximidade ou foco infeccioso 
• Via Hematogênica – Por meio da circulação sanguínea por bacteremia 
A infecção óssea começa com a aderência dos agentes infecciosos à 
superfície do osso, seguida da formação de um biofilme microbiano que 
ajuda a proteger as bactérias da resposta imune do hospedeiro e dificulta 
a penetração dos antibióticos. A partir daí, ocorre uma reação inflamatória 
local que é responsável pela destruição do tecido ósseo. Essa resposta 
inflamatória envolve a ativação de células inflamatórias, como macrófagos, 
neutrófilos e linfócitos, que produzem citocinas e quimiocinas que recrutam 
ainda mais células inflamatórias. A inflamação também pode causar 
destruição tecidual e levar à formação de cavidades e abscessos no osso. 
Além disso, a osteomielite pode resultar em alterações circulatórias no 
osso afetado, comprometendo a nutrição e a oxigenação dos tecidos. A 
infecção pode causar trombose e obstrução dos vasos sanguíneos, além 
de interferir com a atividade das células ósseas e a produção de matriz 
óssea. Todo esse processo patológico pode levar à necrose e destruição 
do tecido ósseo, e a formação de abscessos pode facilitar a disseminação 
da infecção para outras áreas do corpo. Por isso, é importante reconhecer 
os fatores de risco para a osteomielite e identificar a infecção o mais cedo 
possível, a fim de prevenir a progressão da doença e minimizar as 
complicações 
Penetração Direta – A penetração direta ou extensão de bactérias 
provenientes de uma fonte externa (exógena) atualmente é a causa mais 
comum de osteomielite. As bactérias podem ser introduzidas diretamente 
no osso por um ferimento penetrante, uma fratura exposta ou cirurgia. 
Hematogênica – Difere em crianças e adultos. Em crianças, a 
infecção geralmente afeta os ossos longos do esqueleto apendicular. 
Começa na região metafisária próximo da lâmina epifisial, onde a 
terminação dos vasos sanguíneos nutrientes e o fluxo sanguíneo lento 
favorecem a fixação das bactérias disseminadas pelo sangue. Com o 
avanço da infecção, há acúmulo de exsudato purulento no tecido ósseo 
rigidamente fechado. Por causa da estrutura rígida do osso, há pouco 
espaço para o edema, e o exsudato purulento se desloca sob o periósteo, 
secionando as artérias perfurantes que irrigam o córtex, levando à 
necrose do osso cortical. 
Em adultos, a microcirculação dos ossos longos já não favorece a 
disseminação, e a infecção hematogênica raramente afeta o esqueleto 
apendicular. Em vez disso, articulações vertebrais, esternoclaviculares e 
sacroilíacas e a sínfise púbica estão envolvidas. A infecção geralmente 
envolve primeiro o osso subcondral, espalhando-se para o espaço articular. 
Na Osteomielite vertebral, isso causa a destruição sequencial da placa 
terminal, do disco adjacente e do corpo vertebral contíguo. A infecção 
menos comumente começa na articulação e se espalha para o osso 
adjacente. 
Hematogênica Aguda – Mais comum em crianças e adolescentes. 
Diagnosticada em até 2 semanas a partir do início dos sintomas. 
Geralmente é uma lesão única (monostótica) que acomete os membros 
inferiores em 90% dos casos. Os locais mais afetados em ordem de 
frequência é: tíbia proximal, fêmur proximal, úmero, rádio, pelve. Em 
prematuros é comum osteomielite multifocal, devido à imaturidade do 
sistema imunológico e à necessidade frequente de cateteres intravenosos. 
O quadro clínico de osteomielite hematogênica aguda varia de acordo com 
a localização, mas geralmente estão presentes febre alta, astenia e dor 
localizada. Os sinais e sintomas dependem da gravidade da infecção, da 
localização, da idade e das condições clínicas do paciente. Manifestações 
sistêmicas de septicemia aguda (febre alta, calafrios, vômito e desidratação) 
podem ou não estarem presentes. Nos recém nascidos e lactentes, a 
febre pode aparecer, sendo a irritabilidade e a recusa alimentar os achados 
clínicos mais consistentes. O sintomas mais frequente é dor sentida pela 
movimentação passiva ou ativa e pela palpação. O surgimento de edema 
depende da proximidade do osso com a pele. Em localizações mais 
próximas das articulações pode ocorrer limitação da amplitude do 
movimento. Diagnóstico – Feito por meio de história, exame físico, 
exames laboratoriais e imagens radiográficas. Hemograma com leucocitose, 
PCR, VHS, hemocultura positiva em 50 a 60% dos casos. A punção 
aspirativa do osso ou abcesso ajuda a identificar o agente em até 70% 
dos casos. Os exames radiográficos podem ser normais na fase inicial ou 
mostrar edema nas partes moles. As alterações tornam-se evidentes entre 
10 e 14 dias, com elevação do periósteo e das áreas radiotransparentes 
com esclerose ao redor, devido à formação óssea reativa na metáfise – 
camadas de osso lamelar por aposição, conhecido como ‘’casca de 
cebola’’. USG é útil para revelar precocemente edema de partes moles, 
deslocamento periosteal ou abcesso. Cintilografia tem baixa especificidade, 
porém boa sensibilidade. RM é o mais sensível e específico. Após os 
exames de imagem, procede-se à punção aspirativa da área afetada, e o 
material é encaminhado para análise (cultura e anatomopatológico). Se o 
aspecto do material for purulento, estará indicado o procedimento de 
limpeza cirúrgica. 
Crônica – Geralmente resultante da osteomielite aguda não 
diagnosticada, não tratada ou tratada tardiamente e de maneira inadequada. 
Apresenta sintomas por semanas a meses e estáassociado à 
antibioticoterapia por tempo insuficiente (menos de 3 semanas). Estão 
presentes sequestros ósseos (tecido desvitalizado, sinal radiológico 
radiolucente) devido ao prejuízo vascular do osso infectado. Pode ocorrer 
comunicação do segmento ósseo com o meio externo (fistulização). A 
fístula não só drena o pus, mas também pode ser porta de entrada para 
infecção secundária. 
 
Carla Bertelli – 5° Período 
Dores Articulares 
Artralgia corresponde à dor da articulação desencadeada por 
trauma ou inflamação com redução da função articular (leve à 
severo). A dor articular pode ser adjacente à cápsula articular, 
acometendo tendões ou bursas. As articulações podem 
simplesmente estar doloridas (artralgia) ou também inflamadas 
(artrite). O número de articulações envolvidas são determinadas 
pelo número de grupos articulares afetados em: Monoartrite (1), 
Oligoartrite (2 a 4) e Poliartrite (>5). A dor poliarticular pode ser 
oriunda de inflamação (infecção, artrite induzida por cristais, 
doenças inflamatórias sistêmicas como AR e artrite psoriática) ou 
por doença mecânica ou não inflamatória (osteoartrite, síndromes 
de hipermobilidade, flexibilidade articular, trauma excessivo). Pode 
envolver articulações periféricas e/ou articulações axiais (sacroilícia, 
apofisária, discovertebral ou costovertebral) 
A artrite poliarticular aguda associa à infecção, geralmente viral; 
surto de alguma doença inflamatória sistêmica, gota ou artrite por 
pirofosfato de cálcio (pseudogota), enquanto a crônica está 
relacionada à artrite reumatoide e à espondiloartropatias 
soronegativa (espondilite anquilosante, artrite reativa, artrite 
psoriásica ou enteropática). Em crianças, a forma crônica está 
relacionada à artrite idiopática juvenil. 
As origens articulares da dor situam-se no interior da articulação. 
As origens periarticulares da dor situam-se nas estruturas que 
envolvem a articulação (p. ex., tendões, ligamentos, bursas, 
músculos), podendo resultar de causas inflamatórias ou mecânicas. 
A sinóvia e a cápsula articular são as principais origens de dor no 
interior de uma articulação. A membrana sinovial é o principal local 
atingido pela inflamação (sinovite). A dor que atinge várias 
articulações na ausência de inflamação pode ser decorrente do 
aumento da flexibilidade articular e de trauma excessivo, como na 
síndrome de hipermobilidade benigna. 
• Dor poliarticular não inflamatória em adultos decorre mais 
frequentemente de Osteoartrite. 
• Na maioria das vezes a poliartralgia crônica em adultos é 
causada por AR e osteoartrite. 
• Em crianças, a artralgia poliarticular crônica decorre mais 
frequentemente de Artrite idiopática juvenil. 
Comumente, a artralgia e a artrite aumentam o volume e causam 
dor à palpação, evidenciando o comprometimento de toda 
articulação e não parte dela; o edema é “menos firme” quando 
comparado ao inchaço de origem periarticular; existe dor ao 
movimento ativo e passivo. Nas doenças articulares a dor se 
produz com maior frequência durante o exercício ou mesmo 
durante as atividades cotidianas habituais. Este aumento da 
sensibilidade dolorosa é atribuída a: Sensibilização periférica: 
aumento da sensibilidade dos nociceptores articulares a estímulos 
mecânicos aplicados na articulação. É induzida por mediadores 
inflamatórios tais como a bradicinina, prostaglandinas e citocinas. 
Sensibilização central: aumento da sensibilidade dos neurônios 
relacionados com as informações das sensibilidades dolorosa e 
mecânica das articulações. É induzida pela informação dos 
receptores dolorosos articulares e mantida pelos mecanismos 
centrais de amplificação. 
Dor Articular Inflamatória – Deve ser caracterizada 
quanto ao número de articulações envolvidas, pode ser mono, oligo 
ou poli. Há o sinal de pelos 3 dos 5 sinais de inflamação: Edema, 
Calor, Rubor, Dor e Perda Funcional. Se inflamado a dor alivia, com 
medicação, em 24h e desaparece apenas em 48 ou 72h (ela não 
desaparece de um dia para outro). As dores podem ser simétricas 
ou assimétricas. Quando há presença de crepitações indica 
degeneração da cartilagem, como condromalácia. Quanto mais 
rude for, maior o comprometimento. Importante diferenciar a 
origem do edema de inflamatória ou por outra etiologia, como 
túnel do carpo ou fibromialgia, e determinar sua duração. Presença 
de sinais sistêmicos e alterações no sono. É de frequência contínua 
ou episódica. Diferenciar fadiga e fraqueza: a fadiga alivia com o 
repouso, enquanto a fraqueza se associa, por exemplo, à miopatia 
inflamatória e, se há comprometimento de apenas um membro, é 
necessário cogitar doenças do SNC ou SNP. É distal ou proximal, 
comumente há alívio em movimentações leves (aquele a 
articulação), dores articulares inflamatórias estão associadas à dor 
pela manhã (ausência de drenagem do líquido sinovial quando há 
repouso prolongado; fenômeno gel). Geralmente, a presença de 
dor noturna relaciona-se à doença mais grave. 
Envolve causas como Artrite Reumatóide, Lúpus Eritematoso 
Sistêmico, Espondilite Anquilosante, Gota, Artrite Idiopática Juvenil, 
Artrite Psoríasica, febre reumática 
Dor Articular Mecânica – Dor relacionada somente a 
utilização da articulação (articulação fica instável devido ao uso 
prolongado e\ou repetitivo). Os distúrbios não inflamatórios podem 
estar relacionados com traumatismo (laceração do manguito 
rotador), uso repetitivo (bursite, tendinite), degeneração ou reparo 
ineficaz (OA), neoplasia ou amplificação da dor (fibromialgia). Pode 
atingir as articulações periféricas de carga como os joelhos e as 
coxo-femorais, mas também articulações que sofrem movimentos 
repetitivos por períodos de tempo muito prolongados. Geralmente 
é contínua, e pode haver em um tipo particular, dor à noite. Tem 
evolução aguda ou crônica, e piora com atividade física, podendo 
aliviar ao repouso. Isso acontece devido aos receptores periféricos 
(os nociceptores se tornam mais sensíveis por fatores 
inflamatórios, como bradicinina, PTG e citocinas) ou centrais 
(amplificação central da dor captada por receptores articulares). 
As causas incluem: Artrose/Osteoartose, Tendinite, Bursite, 
Osteoartrite 
Diagnóstico: É feito com base no exame físico, em 
radiografias, imagens por RM e TC, hemograma e líquido sinovial. 
• RX: deformações, perda cartilaginosa, ruptura de ligamentos, 
calcificações, etc. 
• RM: hiperplasia sinovial, edema da medula óssea e outras 
alterações do tecido mole. 
• TC: alteração óssea. 
• Hemograma: marcadores inflamatórios (VHS, PCR) 
 
 
Carla Bertelli – 5° Período 
Cervicalgias 
 
A maioria das causas de dor cervical são condições musculoesqueléticas (por 
exemplo, tensão cervical, espondilose cervical, dor discogênica cervical), com o 
restante relacionado a doenças neurológicas (por exemplo, radiculopatia cervical) e 
não espinhais (por exemplo, infecção, malignidade, doença reumatológica). É 
extremamente difícil, na prática clínica, estabelecer com exatidão qual a estrutura 
anatômica responsável pela cervicalgia crônica comum. Na teoria, a irritação do disco 
intervertebral, as articulações facetárias, as articulações uncovertebrais, os 
ligamentos e os enteses podem causar dor. Ao contrário, a simples compressão da 
raiz nervosa não é suficiente para causar dor. É preciso que, além da compressão, 
haja inflamação para o desenvolvimento de dor radícula 
Síndrome Tensional Cervical – Dor cervical não irradiada, associada com 
sobrecargas mecânicas ou posturais anormais prolongadas da coluna. Dor 
em região cervical posterior em área do músculo trapézio, com restrições 
de movimentos ativos e passivos, além de áreas dolorosas à palpação. 
Sem irradiação para braços, mas pode se irradiar para ombros e se 
exacerba com a movimentação do pescoço. Melhora em repoiso 
Hérnias Discais Cervicais – Protusão do núcleo pulposo. Ocorre 
frequentemente em situação posterolateral.Acomete frequentemente 
C6-C7 e C5-C6. Queixa de dor no braço, as vezes sem cervicalgia 
associada. A dor geralmente é descrita como se iniciando no pescoço e 
posteriormente irradiando-se para o ombro, braço, antebraço até os 
dedos, com distribuição na dependência da raiz acometida. 
Síndrome do Chicote (Wishplash) – Ocasionada por impactos indiretos, 
geralmente colisões automobilísticas em baixas velocidades. Ocorre 
aceleração-desaceleração, com transferência da força para a região 
cervical. Também ocasionada por colisões laterais e mergulhos. Pode 
resultar em lesões ósseas ou de partes moles. 50% apresentam queixas 
de cervicalgia crônica após tais eventos, a dor tem origem nas articulações 
interfacetárias. l. Casos com dor cervical importante, localizada e com 
evolução mais protraída, ou na presença de sintomas radiculares, devem 
ser avaliados com radiografias em extensão e flexão e RM. 
Osteoartrose Cervical – Patologia crônica, desenvolvimento osteofitário e 
outros sinais degenerativos, como consequência de doença discal também 
relacionada à idade. Apresentação de artrose isolada, com radiculopatia, 
mielopatia ou mielorradiculopatia. Mais comum >40 anos. Pode ocorrer 
cefaleia suboccipital concomitante. Há dor à mobilização cervical e exame 
neurológico normal. 
Artrite Reumatoide – Cefaleias occipitais, perda da consciência ou síncope, 
incontinência esfincteriana, disfagia, nistagmo e sintomas de insuficiência 
vértebro-basilar. Há dor no pescoço que se exacerba à movimentos, 
dificuldade em realizar movimentos, rigidez articular, dor de cabeça 
tensional, sensação de dormência ou formigamento no pescoço, ombros 
ou braços. 
Síndromes Espondilíticas - Espondilose cervical é a osteoartrite da coluna 
cervical que causa estenose do canal cervical e, às vezes, mielopatia 
cervical por invasão dos crescimentos ósseos de osteoartrite (osteófitos) 
na medula espinal cervical inferior, com possível envolvimento das raízes 
nervosas cervicais (radiculomielopatia). O envolvimento cervical é menos 
comum do que o lombar. Presença de dor cervical alta, com irradiação 
para occipício e mastoides, rigidez progressiva, apresentam maior risco de 
subluxações atraltoaxial e mais suscetível à fraturas de C6-C7 
Hiperostose Esquelética Idiopática Difusa – Rigidez cervical e ao raio x 
presença de ossificações exuberantes das estruturas espinhais e extra-
espinhais. É a calcificação de ligamentos da coluna vertebral. Há dor 
cervical em 50% dos casos, pode ocorrer disfagia em uma pequena 
parcela de pacientes devido à formação osteofitária anterior, mais 
frequente em C5-C6. Dificuldade para IOT 
Doenças Infecciosas – O sintoma primário dos pacientes com infecção 
vertebral é de dor cervical, geralmente além do segmento acometido. O 
exame físico demonstra uma diminuição dos movimentos, espasmo da 
musculatura paravertebral e dor à percussão sobre a área envolvida. 
Anormalidades dos exames laboratoriais rotineiros não estão sempre 
presentes e podem ser inespecíficas. Alterações radiológicas, que incluem 
perda óssea subcondral, erosões em vértebras contíguas e diminuição do 
espaço discal são úteis quando presentes, porém ocorrem tardiamente, 
geralmente após semanas a meses do início dos sintomas. 
Radiculopatia Cervical – Compressão ou disfunção da raiz do nervo 
espinhal Pode ocorrer devido à estenose do forame vertebral ou hérnica 
de disco; herpes zoster. Há sintomas de dor com anormalidades sensoriais 
e/ou fraqueza na extremidade superior. No exame físico à alteração no 
padrão dermatomal, reflexos diminuídos e/ou fraqueza muscular localizada. 
Mielopatia Espondilótica Cervical – Lesões da medula por ação 
degenerativa que estreitam o canal espinhal. Sintomas de fraqueza em 
MMII, deficiência dos esfíncteres. A mielopatia espondilótica cervical é um 
processo degenerativo que afeta as vértebras do pescoço 
Ossificação do Ligamento Longitudinal Posterior – Nessa doença, ocorre 
calcificação anormal e aumento da espessura de um ligamento situado 
dentro do canal da coluna, causando estreitamento do mesmo. Os 
sintomas vão desde dor cervical (cervicalgia), formigamentos, até fraqueza 
nos membros, perda da sensibilidade e perda do controle da urina e 
fezes. 
Quadro Clínico – A maioria é secundária à problemas musculoesqueléticos, 
como tensão muscular, espondilose e dor discogênica. O segundo grupo 
mais acometido são os de causas neurológicas, como as radiculopatias, 
seguido de causas não espinhais como infecções, malignidade e doença 
reumatológica. A forma de apresentação clínica da cervicalgia depende 
essencialmente da sua causa 
Diagnóstico – Primeiro identifica a presença de quaisquer sinais de 
alerta, pois geralmente requerem avaliação urgente. Para os pacientes 
sem sinais de alarme, se prossegue a avaliação com: história clínica + 
exame físico, avaliação neurológica e avaliação dos sintomas ou sinais 
radiculares com manobras provocativas. Quando necessário, exames de 
imagem podem incluir RX, RM, TC e Cintilografia óssea. Na presença de 
sinais de comprometimento neurológico, com exame radiográfico normal, 
ou quando a radiografia sugere lesão óssea, com diminuição do espaço 
intervertebral e sintomas neurológicos, deve ser estudado o uso da RM ou 
da TC; A TC complementa a radiografia simples na avaliação de 
processos vertebrais degenerativos e na avaliação de desarranjos discais, 
mas não possibilita uma avaliação confiável de alterações intramedulares. 
Tratamento: Pode ser conservador (medicamentos, fisioterapia, 
acupuntura) ou cirúrgico, depende da etiologia. No farmacológico se visa o 
alívio sintomático com analgésicos simples, geralmente um AINEs e os 
Esteroidais (que são os cortcoides). Praticamente todos os fármacos AINEs 
apresentam ações analgésicas, antipiréticas e antiinflamatórias. Em função 
disso, são utilizados para provocar o alívio dos sintomas da inflamação 
ocasionada por doenças, como a gota, a artrite reumatoide e a 
osteoartrite, além de também serem empregados para o alívio de dores 
leves e moderadas e para a redução da temperatura corporal, nos casos 
de febre. 
 
Carla Bertelli – 5° Período 
Síndrome do Manguito Rotador 
O ombro é a articulação de maior amplitude de Movimento do 
corpo humano, por isso é uma das mais vulneráveis a lesões. 
Possui uma complexa estrutura anatômica composta por 3 
diartroses: glenoumeral, acromioclavicular e esternoclavicular. Possui 
3 sistemas osteotenomioligamentares de deslizamento: subacromial, 
umerobiciptal e escapulotorácico. Além disso, tem 14 ligamentos e 
19 músculos 
Conjunto de sintomas com dor na região do ombro, dificuldade 
para alguns movimentos com o braço e possivelmente falta de 
força e firmeza ou estabilidade da articulação para determinadas 
tarefas. Isto pode ser causado por inflamações ou rupturas nos 
tendões. Representam um espectro de doenças que vão desde 
uma tendinite aguda até uma lesão maciça. Prevalência varia entre 
7 a 40% e aumenta de acordo com a idade. Se caracteriza pela 
degeneração, lesão ou inflamação dos tendões do manguito 
rotador. Pode ocorrer devido a vários fatores, como trauma agudo, 
desgaste crônico, uso excessivo ou envelhecimento (causas 
intrínsecas e extrínsecas) 
A fisiopatologia da Síndrome do Manguito Rotador envolve um 
processo inflamatório crônico nos tendões do manguito rotador. A 
lesão repetitiva ou o envelhecimento podem levar a microtraumas 
nos tendões, resultando em degeneração progressiva. A resposta 
inflamatória inclui a liberação de citocinas, aumento da atividade de 
enzimas degradativas e diminuição da síntese de colágeno, levando 
à deterioração e enfraquecimento dos tendões. vascularização e 
impacto subacromial são os fatores citados com mais frequência. 
As lesões traumáticas recebem atenção especial, embora a maioria 
dos pacientes com ruptura completa do manguito não tenha 
lembranças de qualquer trauma direto.O manguito rotador 
envelhece biologicamente, e grande parte das lesões ocorre após 
os 40 anos de vida do indivíduo. Os principais fatores de risco 
incluem idade avançada, atividades que envolvem movimentos 
repetitivos do ombro, história de lesões no ombro, anatomia 
anormal do ombro e fatores genéticos. Os sintomas comuns da 
Síndrome do Manguito Rotador incluem dor no ombro, fraqueza, 
limitação de movimento e dificuldade em realizar atividades que 
envolvem o uso do braço afetado 
Intrínsecas – Processo degenerativo relacionado ao 
envelhecimento natural dos tendões (entesopatia), devido a 
mudanças na vascularização do manguito ou outras alterações 
metabólicas. Existe uma ‘’zona crítica’’, uma porção do tendão do 
supraespinhoso localizada a 1cm medial à sua inserção no tubérculo 
maior, na sua parte articular, como o local de maior mudança 
degenerativa. Foi observado um suprimento vascular esparso na 
inserção do supraespinhoso, correspondente a sua parte articular e 
uma rica vascularização no lado bursal.. Portanto, todos esses 
indicativos nos levam a crer que a doença do manguito seja uma 
tendinopatia intrínseca causada por avascularidade e relacionada 
com a idade. 
Extrínsecas – Secundárias a traumas. O atrito anormal entre o arco 
coracoacromial e os tendões seria a causa da lesão que ele 
denominou de síndrome do impacto subacromial. Em adição, 
fricção e atrito na superfície do acrômio poderiam agravar as 
mudanças degenerativas do manguito, conduzindo a uma lesão 
completa. A literatura atual vem mostrando que os fatores 
extrínsecos, como o esporão acromial, têm papel secundário na 
lesão do manguito rotador e que sua etiologia, na verdade, é 
multifatorial. 
Evolução Patológica do Manguito Rotador. Fase I: Edema e 
hemorragia (inflamação) reversível, são pacientes jovens, causado 
pelo uso excessivo do membro, tratamento conservador. Fase II: 
Fibrose e tendinite (ruptura parcial) do manguito rotador: ocorrem 
de maneira crônica e intermitente, em indivíduos jovens ou adultos. 
E a Fase III tem ruptura completa do manguito com alterações 
ósseas típicas ao raio X simples (esclerose óssea, cistos 
subcondriais, osteófitos na porção anterior e na articulação 
acromioclavicular e contato da cabeça do úmero com o acrômio, 
nos casos de ruptura maciça), ocorre >50 anos. 
É classificado conforme a duração, extensão e etiologia. As lesões 
parciais podem ser classificadas de acordo com a sua localização 
(bursal, articular e intratendinosa) e de acordo com a sua espessura 
e o seu tamanho (grau I = 25% ou até 3mm; grau II = 50% ou de 
3 a 6mm; e grau III = 50% ou > 6mm). Neer classificou as lesões 
do manguito rotador em três estágios: I = edema e hemorragia, 
idade típica < 25 anos; II = fibrose e tendinite, idade típica entre 25 
e 40 anos; e III = osteófitos e ruptura tendinosa, idade típica > 40 
anos. 
Quadro Clínico – Dor. Se localiza na região anterior-lateral do 
ombro e face lateral do braço e sua intensidade é variável A 
maioria dos pacientes se queixa de dor noturna e dificuldade ou 
incapacidade de deitar-se sobre o lado afetado, sendo este um 
aspecto muito característico e constante da doença do manguito 
rotador. Ao exame físico são pesquisados assimetria das cinturas 
escapulares, atrofias das fossas supra e infra-espinhais, cicatrizes e 
deformidades da coluna cervicotorácica. A presença de crepitações 
à rotação passiva do ombro, muitas vezes dolorosa, é também 
bastante sugestiva e característica. Os sinais de irritação do 
manguito rotador podem ser demonstrados por diversas manobras 
Opioides – Os opioides são um grupo de medicamentos que 
são frequentemente prescritos para o alívio da dor intensa ou 
crônica. Eles funcionam ligando-se aos receptores opioides no 
cérebro e na medula espinhal, reduzindo a transmissão da dor. 
Existem três principais tipos de receptores opioides: mu, delta e 
kappa. Os opioides atuam promovendo a abertura dos canais de 
potássio e a inibição da abertura de canais de cálcio controlados 
por voltagem. Causando assim, hiperpolarização e redução da 
excitabilidade neuronal. Além disso, ocorre redução da liberação de 
transmissores (pela inibição da entrada de Ca2+).Os opioides 
podem ser classificados como agonistas puros, agonistas-
antagonistas ou antagonistas puros. Os agonistas puros, como a 
morfina e a hidrocodona, ativam os receptores opioides, 
produzindo um efeito analgésico significativo. Os agonistas-
antagonistas, como a buprenorfina, ativam alguns receptores 
opioides e bloqueiam outros, produzindo um efeito analgésico mais 
fraco. Os antagonistas puros, como a naloxona, bloqueiam 
completamente os receptores opioides, revertendo os efeitos dos 
opioides 
 
 
Carla Bertelli – 5° Período 
Túnel do Carpo 
O mediano e seu ramo interósseo anterior são responsáveis pela 
inervação dos músculos pronador redondo, flexor radial do carpo, 
palmar longo, flexor superficial dos dedos, e muitos outros. Se 
localiza na zona IV de Verdan onde passa junto aos nove tendões 
flexores (superficiais e profundos dos dedos e o longo do polegar) 
através do mesmo túnel. O Túnel do Carpo é uma estrutura 
localizada na região anterior do punho, delimitada pelo ligamento 
transverso e dorsalmente pelos ossos do carpo. 
A pressão normal do Túnel do Carpo em um indivíduo 
assintomático é de 25mmHg na posição neutra e de 30-31mmHg 
em extensão e flexão máximas. No sintomático a pressão na 
posição neutra atinge 32mmHg e em extensão e flexão máximas 
podem atingir 99 e 110mmHg. 
A STC é a mais frequente das síndromes compressivas e é 
definida pela compressão e/ou tração do nervo mediano ao nível 
do punho. É uma neuropatia (mononeuropatia) de aprisionamento 
e, assim como tal, se caracteriza por ser um distúrbio que reduz a 
função da musculatura da mão devido a compressão e/ou tração 
do nervo mediano ao nível do punho, podendo também afetar a 
sensibilidade da região, principalmente do lado palmar. A condição 
pode ser causada por uma variedade de condições que produzem 
uma redução na capacidade do canal do carpo (alterações ósseas 
ou nos ligamentos) ou um aumento do volume do conteúdo do 
túnel (inflamação dos tendões, edema sinovial ou tumores). A 
maioria dos casos de síndrome do túnel do carpo é resultado do 
uso repetitivo do punho (movimentos de flexão e extensão e 
estresse associado a movimentos de beliscar e agarrar). 
Do ponto de vista fisiopatológico, uma síndrome compressiva 
combina fenômenos de compressão e tensão. Anatomicamente, 
existem dois locais de compressão do nervo mediano: um no nível 
do limite proximal do túnel do carpo, ocasionado pela flexão do 
punho por causa da alteração na espessura, na rigidez da fáscia 
antebraquial e na porção proximal do RF; e o segundo no nível da 
porção mais estreita, próximo do hâmulo do hamato. Compressão 
e tração nervosa podem criar, de maneira sequencial, problemas 
na microcirculação sanguínea intraneural, lesões no nível da bainha 
de mielina e no nível axonal e alterações no tecido conjuntivo de 
suporte. Em resumo ocorre devido ao aumento da compressão do 
túnel, na zona IV de Verdan 
Incidência maior entre mulheres dos 30 aos 60 anos, pode ser 
idiopática ou ter etiologia pós-traumática ou sistêmica, estando 
associada à obesidades, diabetes, hipotireoidismo, artrite 
reumatoide, insuficiência renal e amiloidose. Também pode 
desencadear ou estar associado ao alcoolismo, tenossinovite 
inespecífica, gestação e outras situações que provoquem. 
Manifestações Clínicas – A síndrome do túnel do carpo é 
caracterizada por dor, parestesia e dormência do polegar e dos 
dois ou três primeiros dígitos da mão; dor no punho e na mão, 
que piora à noite; atrofia do músculo adutor do polegar e fraqueza 
na pegada de precisão. Essas anomalias podem contribuir para a 
falta de jeito para realizar atividades motoras finas. Apresenta 
hipoestesia, diminuiçãoprogressiva da força muscular da mão, 
queimação no território do nervo mediano – POLEGAR, SEGUNDO 
E TERCEIRO DEDOS – dor noturna que se irradia para o 
antebraço. Com evolução da doença o paciente pode apresentar 
atrofia da musculatura tênar. 
Fatores de Risco – Obesidade, Diabetes, Gravidez, Artrite 
Reumatoide, Hipotireoidismo, Doenças do tecido conjuntivo, 
mononeuropatia mediana, predisposição genética, uso de 
aromatase, sexo feminino, fatores ocupacionais. 
Uma possível explicação para o predomínio feminino é anatômica. 
A área transversal do túnel do carpo proximal é menor nas 
mulheres do que nos homens. Os fatores ocupacionais que foram 
propostos para causar ou agravar a STC incluem o seguinte: Uso 
repetitivo das mãos e pulsos; Uso vigoroso das mãos e pulsos; 
Trabalhar com ferramentas vibratórias; Pressão sustentada do 
punho ou palma da mão; Extensão e flexão prolongadas do punho; 
Uso das mãos em baixas temperaturas. Como o hiporeoidismo, a 
menopausa e a gravidez são fatores de risco, existe forte suspeita 
de que alterações hormonais podem ser o causador; no entanto, 
não existem evidências para apoiar esta hipótese. Gravidez 
provavelmente aumenta o risco de STC por uma combinação de 
edema e alterações hormonais. 
Diagnóstico: O diagnóstico geralmente é baseado em distúrbios 
sensoriais confinados à distribuição do nervo mediano e um sinal 
positivo no teste de Tinel ou Phalen. O sinal de Tinel é o 
desenvolvimento de uma sensação de formigamento na palma da 
mão, que é provocada pela percussão leve sobre o nervo 
mediano no punho. A manobra de Phalen é realizada ao pedir à 
pessoa que mantenha o punho em flexão completa para cerca de 
um minuto. Se houver dormência e parestesia reproduzidas ou 
exageradas ao longo do nervo mediano, o resultado do teste é 
considerado positivo. Frequentemente, são realizados EMG e 
estudos de condução nervosa para confirmar o diagnóstico e 
excluir outras causas da doença. 
Testes Especiais – Tinel, Phalen, Durkan, Allen (circulação) 
Tinel – Percussão sobre o nervo mediano, na altura do túnel do 
carpo, provocando sensação de choque. 
Phalen – Flexão máxima do punho por 60s, provocando início dos 
sintomas de parestesia e formigamento. Se aparecer <30s está 
associado à pior prognóstico. 
Durkan – Compressão digital sobre o nervo mediano por 30s 
Allen – Determina a patência das artérias que suprem a mão. o 
paciente relaxa os dedos e o examinador libera uma das artérias e 
observa se houve reperfusão imediata da mão e, se assim for, 
está confirmada a patência da artéria liberada, em caso contrário, 
ou seja, ausência de reperfusão, o teste é positivo, indicando 
alteração do fluxo arterial testado. Em seguida, o teste é repetido e 
liberada a artéria que permaneceu comprimida 
 
 
 
 
Carla Bertelli – 5° Período 
Ortopedia Pediátrica 
Displasia de Quadril – Os recém-nascidos geralmente apresentam 
frouxidão fisiológica do quadril e imaturidade do acetábulo durante as 
primeiras semanas de vida. Na maioria dos casos, a frouxidão 
desaparece e o acetábulo continua a se desenvolver normalmente. 
Também chamada de luxação congênita de quadril, defeito congênito 
relativamente comum. Afeta mais o sexo feminino. O acetábulo não se 
forma completamente ou os ligamentos da articulação do quadril são 
frouxos. Em ambos os casos, a cabeça do fêmur tende a “escorregar” 
para fora de seu soquete. Variações observadas nessa condição, como 
instabilidade do quadril, displasia acetabular, subluxação e luxação 
propriamente dita. A displasia por si só nem sempre acompanha 
instabilidade. 
Na 11ª semana de vida intrauterina, o quadril já está completamente 
formado. A cabeça do fêmur é mantida no acetábulo pela tensão 
superficial causada pelo líquido sinovial, que provoca uma força de 
retenção semelhante a uma ventosa. Tal fator demonstra por que é 
extremamente difícil luxar um quadril normal. O principal estímulo para 
a forma côncava do acetábulo é a presença da cabeça do fêmur 
esférica bem localizada e centrada no seu interior. − A Displasia do 
Desenvolvimento do Quadril (DDQ) é o termo que designa os diversos 
distúrbios articulares resultantes dos defeitos de formação da relação 
normal entre o acetábulo e a porção proximal do fêmur. 
A DDQ predomina no sexo feminino, de 6 a 8:1, sendo o lado 
esquerdo o mais afetado – 60%, fato que tem relação com a posição 
fetal mais comum: dorso lateral esquerdo. A DDQ está associada a 
apresentação pélvica, gestação gemelar, oligodrâmnio, primogênitos, 
raça branca e história familiar positiva. Pode apresentar outras 
deformidades posicionais associadas, como metatarso varo, calcâneo 
valgo, contratura em extensão dos joelhos, torcicolo congênito e 
plagiocefalia 
Os exames mais importantes, que são realizados de rotina em todos 
os recém-nascidos, são os testes de Barlow (luxação) e de Ortolani 
(redução). Ambos devem ser realizados em um quadril de cada vez. 
Este deve estar fletido a 90°; para reduzi-lo, deve ser feita abdução, 
com o dedo indicador do examinador pressionando o trocânter maior 
na direção do acetábulo, assim é sentido um “clunck”. Na manobra de 
Barlow, o quadril a 90° deve ser aduzido, provocando-se, 
simultaneamente, pistonagem na direção posterior. −O teste de 
Barlow é provocativo, ou seja, provoca a luxação do quadril e, assim, 
determina se o quadril é luxável. O teste de Ortolani é a manobra de 
redução de um quadril luxado. −É importante lembrar que só se 
conseguem realizar esses testes até os 3 meses; após esse período, 
a chance de algum deles ser positivo é muito pequena, mesmo que 
exista displasia ou luxação. 
Outros achados clínicos são: 1. Dobras cutâneas assimétricas da coxa e 
poplíteas (sinal de Peter-Bade); 2. Assimetria das dobras inguinais; 3. 
Assimetria das pregas glúteas; 4. Encurtamento aparente do fêmur 
(sinal de Galeazzi); 5. Limitação da abdução (sinal de Hart) – sinal mais 
confiável após os 3 meses de idade; 6. Frouxidão em extensão do 
quadril e joelho (o normal é até os 3 meses, em uma contratura em 
15 a 20° de flexão); 7. Se a DDQ não for diagnosticada e tratada, as 
repercussões clínicas afetarão a deambulação, que terá claudicação 
devido à diferença do comprimento dos membros inferiores e 
fraqueza do músculo glúteo médio (teste de Trendelenburg positivo) 
e rotação externa do membro quando há acometimento bilateral 
(hiperlordose e marcha anserina). 
Pé Torto Congênito – É uma das deformidades mais frequentes. Pé 
com deformidade em quino e varo do retropé, adução e supinação 
do antepé e cavo plantar acentuado. Predomina no sexo masculino, 
pode ser bilateral, bem como estar associado a outras patologias, 
como a displasia do quadril e torcicolo congênito. Acredita-se que 
fatores intrínsecos, como alterações histológicas musculares e herança 
familiar, quanto extrínsecos como oligodrâmios e posturais, estejam 
relacionados à etiologia. Predomina no sexo masculino. Pode ser 
classificado em Postural, Idiopático e teratológico. 
Osteogênese Imperfeita – Doença hereditária que afeta o tecido 
conjuntivo e leva a alterações posturais, fraturas frequentes, 
deformidades e inabilidades, alterações na córnea e esclera, dentre 
outros sintomas. −É uma síndrome de complexidade variável que 
consiste em um conjunto de alterações genéticas causadas pela 
mutação de genes que produzem o colágeno, especificamente o 
colágeno tipo I, responsável por 70 a 80% do peso seco dos tecidos 
fibrosos densos que formam o musculoesquelético. Todos os tecidos 
ricos em colágeno, como tendões, fáscias, dentina, córnea e esclera, 
dentre outros, podem ser afetados, ocasionando deficiência de 
crescimento corporal, hipermobilidade articular, esclera azulada e perda 
de audição. No entanto, a principal manifestação clínica da 
osteogênese imperfeita é a fragilidade óssea, associada 
frequentemente a osteoporose, deformidades ou arqueamentode 
ossos longos, além de escoliose 
Torcicolo Congênito – clínico caracterizado por uma postura assimétrica 
da cabeça e do pescoço originado por diversas entidades patológicas 
e com diferentes graus de gravidade. Terceira alteração 
musculoesquelética mais frequente. Caracterizado por alterações na a 
estrutura do músculo esternocleidomastoideu (ECM) associadas a uma 
posição cefálica constante de inclinação homolateral e rotação 
contralateral. A sua etiopatogenia não está esclarecida, entre as várias 
teorias propostas para explicar as alterações encontradas a mais aceite 
atualmente é a de síndrome compartimental como consequência de 
um traumatismo intrauterino ou perinatal, conduzindo a isquemia e 
fibrose com encurtamento muscular. Há 3 tipos: torcicolo com 
presença de tumor do ECM, torcicolo muscular perante alterações do 
ECM sem nódulo e torcicolo postural quando não se evidenciam 
alterações musculares. 
Doença de Legg-Calvé-Perthes É uma condição na qual ocorre a 
interrupção do suprimento sanguíneo para a cabeça femoral, levando 
à necrose avascular da cabeça do fêmur. Afeta principalmente 
crianças do sexo masculino entre 4 e 10 anos de idade. Os sintomas 
incluem claudicação e dor no quadril, e o tratamento visa preservar a 
articulação e restaurar sua função. é uma síndrome afecção 
autolimitada de origem idiopática, decorrente da interrupção do 
suprimento sanguíneo arterial para a epífise femoral proximal e que 
resulta em uma área de necrose óssea (Osteonecrose - necrose 
avascular) do quadril. Geralmente, apresenta-se como dor no quadril, 
de início agudo ou insidioso em crianças entre 3 e 12 anos de 
idadeNecrose avascular autolimitada da epífise femoral proximal do 
fêmur, acomete o esqueleto imaturo • Entre 4 e 12 anos de idade • 
Idiopática • Dor no quadril, na região inguinal e/ou joelho. Limitação da 
amplitude do movimento do quadril • Claudicação, com frequência 
unilateral • Em casos crônicos pode haver fraqueza do músculo glúteo 
médio – Sinal de Trendelenburg positivo

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