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Educação Financeira - UNIASSELVI

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sergio junior

em

Ferramentas de estudo

Questões resolvidas

Qual é o objetivo da disciplina de Educação Financeira?

a) Fornecer subsídios fundamentais para a formação acadêmica do discente na área financeira.
b) Auxiliar no desenvolvimento de habilidades culinárias.
c) Promover a prática de esportes radicais.
d) Estudar a história da arte brasileira.

Definida como política de Estado de caráter permanente e suas características principais são a garantia de gratuidade das iniciativas que desenvolve ou apoia e sua imparcialidade comercial. O objetivo da ENEF, criada através do , é contribuir para o fortalecimento da cidadania ao fornecer e apoiar ações que ajudem a população a tomar decisões flnanceiras mais autônomas e conscientes. A estratégia foi criada através da articulação de nove órgãos e entidades governamentais e quatro organizações da sociedade civil, que juntos integram o Comitê Nacional de Educação Financeira (CONEF).

Domingos (2011, p. 50-51) aconselha as pessoas a pensar duas vezes em toda e qualquer situação de compra, sendo que, para evitar as compras por impulso, o autor sugere:
• Resista ao impulso: deixe para o dia seguinte, pois, se esse item for realmente necessário, você retornará depois para comprá-lo.
• Não compre nada que você não tenha certeza de que precisa e que realmente irá agregar algo a sua vida.
• Se for possível, experimente o bem desejado para ter certeza de que ele lhe agrada.
• Não leve dinheiro ou cartão de crédito ao sair de casa se não tem intenção de efetuar uma compra.
• Se não possuir dinheiro suficiente para comprar o que deseja, evite comprar a prazo.
• Verifique se esse gasto cabe em seu orçamento.
Acadêmico, nos dias de hoje, dados estatísticos mostram que a cada ano acontece o endividamento das pessoas e das famílias principalmente por despesas não previstas. Um exemplo dessas despesas não previstas são os gastos não planejados, e muitas dessas compras são realizadas por impulso. Também é apontado nas pesquisas que essas compras por impulso e sem planejamento ocorrem de modo excessivo principalmente nas épocas que antecedem as datas comemorativas, por exemplo, no Natal, na Páscoa, no dia das mães, dos pais, das crianças etc. É comum percebermos o quanto as propagandas publicitárias instigam as pessoas a comprarem nessas épocas do ano, incentivando a aquisição de mercadorias.
As dívidas não planejadas podem ser evitadas se as pessoas tiverem consciência do quanto ganham e do quanto podem gastar, e uma alternativa é controlar e planejar os seus gastos. Tolotti (2007, p. 31) apresenta que uma pessoa pode ser considerada endividada, “[...] quando não consegue cumprir seus compromissos financeiros e possui um atraso que oscila entre 1 mês e 3 meses”. A autora também ressalta que o endividamento pessoal pode ser dividido em dois grupos: o endividamento passivo e o endividamento ativo.
O endividamento passivo acontece quando existe um aumento de dívidas por consequência de alguma situação que é alheia a vontade da pessoa, por exemplo, doença, morte, desemprego, algum acidente ou até mesmo separação.
Já o endividamento ativo é caracterizado por uma quantidade de dívidas adquiridas por escolhas erradas, ou seja, originadas por uma má gestão financeira. São considerados endividados ativos aquelas pessoas que, independentemente dos rendimentos que possuem, se encontram constantemente endividadas, e geralmente, não se programam para imprevistos (TOLOTTI, 2007). A autora também aponta que, de qualquer modo, o endividamento é um problema que no mínimo, tira o sossego, a autoestima, e também a segurança do devedor.
Acadêmico, pelos motivos aqui apontados, precisamos evidenciar a importância do ensino da Educação Financeira em sala de aula por meio de resoluções de problemas com situações que os estudantes se deparam no dia a dia. É importante também trazer questões atuais que façam os estudantes refletirem sobre suas atitudes financeiras.

Como já mencionado, nos dias de hoje a aquisição desenfreada de bens e de mercadorias, ocorre, muitas vezes, de forma desnecessária. Por esse motivo, é importante que sejam discutidos em sala de aula com os estudantes os problemas gerados pelo consumismo.
Pena (2020) nos apresenta que se entende por desenvolvimento sustentável a capacidade de utilizar os recursos e os bens da natureza sem comprometer a disponibilidade desses elementos para as gerações futuras, isso significa adotar um padrão de consumo e de aproveitamento das matérias-primas extraídas da natureza de modo a não afetar o futuro da humanidade, aliando desenvolvimento econômico e também responsabilidade ambiental. Nesse sentido, pode-se compreender que o desenvolvimento humano sustentável é uma forma de crescimento que visa uma vida melhor para todos, com um consumo consciente e que se preocupe com os impactos causados no meio ambiente.
Acadêmico, é sempre importante lembrar que é comum percebermos que a mídia tem apresentado mensagens publicitárias dirigidas diretamente para as crianças de pouca idade, o que é um problema, pois essas crianças já crescem sendo incentivadas para a aquisição de mercadorias desnecessárias.
Nesse sentido, podemos destacar que a Educação Financeira contribui para o desenvolvimento humano sustentável a partir do momento que as pessoas se conscientizarem sobre os problemas gerados pelo consumismo e o quanto o consumo exagerado prejudica o meio em que vivemos. É importante ressaltar que esse é outro tema muito importante que devemos discutir com os estudantes em sala de aula, pois é inegável que nos últimos anos a questão ambiental tornou-se uma preocupação mundial.

2 Com relação à Educação Financeira, sua crescente relevância nos últimos anos vem ocorrendo em decorrência do desenvolvimento dos mercados financeiros e das mudanças demográficas, econômicas e políticas. Nesse sentido, analise as sentenças e classifique V para as sentenças VERDADEIRAS e F para as FALSAS:
( ) A Educação Financeira é importante para os consumidores, visto que ela auxilia as pessoas a gerirem a sua renda com responsabilidade.
( ) A Educação Financeira é importante apenas para pessoas com baixa renda.
( ) A Educação Financeira contribui para as pessoas pouparem e investirem com responsabilidade e consciência.
( ) A Educação Financeira é um tema que está relacionado à forma como compreendemos o dinheiro e todas as informações relacionados a ele.
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – V – F – F.
b) ( ) F – V – V – F.
c) ( ) V – F – V – V.
d) ( ) F – F – F – V.

4 Alguns autores estudiosos sobre Educação Financeira alertam que o ensino da Educação Financeira é pouco trabalhado no ambiente escolar, logo, muitos jovens estão concluindo a educação básica sem nenhum aprendizado sobre situações financeiras. Nesse sentido, sobre a importância do ensino da Educação Financeira em sala de aula, analise as sentenças a seguir:
I- Para iniciar o estudo da Educação Financeira em sala de aula, primeiramente, o professor deve deixar claro para os estudantes o que é Educação Financeira.
II- A Educação Financeira deve ser abordada pelos professores somente nas séries finais do ensino fundamental e no ensino médio.
III- Quando a Educação Financeira é ensinada em sala de aula, os estudantes podem se tornar cidadãos mais responsáveis e conscientes com o seu futuro financeiro.
Agora, assinale a alternativa que corresponda às sentenças CORRETAS:
a) ( ) I e II.
b) ( ) II e III.
c) ( ) I e III.
d) ( ) I, II e III.

Para compreendermos melhor o que estudamos até aqui, observe esse exemplo: vamos supor que temos uma aplicação inicial de R$1.000,00 com juros de 6% a.m. Qual valor vamos ter depois de um mês?

Para que uma operação financeira exista, é necessário a presença de dois agentes: o tomador e o financiador. Acadêmico, sabemos que todos os negócios que envolvem juros contêm uma parte de “entrada” e uma de “saída”. Pense, por exemplo, em um empréstimo bancário, em que, de um lado está o cliente, e, de outro está a instituição financeira que repassa o dinheiro. Para ambos os lados, os valores inicial e final do processo são os mesmos. O que modifica é o fluxo da quantia, se está “entrando” ou “saindo”. Entre o valor inicial e o final está o tempo, variável essencial quando falamos de juros, afinal, sabemos que a quantidade de tempo envolvida é o que determinará o tamanho da diferença entre o valor presente e o futuro (WAKAMATSU, 2012).

Maria contraiu uma dívida de R$4.500, pelo sistema de capitalização simples, com taxa de juros anual. Um ano depois, quando ela procurou o banco para quitar seu débito, verificou que deveria pagar R$8.100. Qual a taxa de juros que vigorou na operação?

AUTOATIVIDADE

1 Sabemos que os juros podem ser aplicados por mês, dia, ano ou qualquer outro prazo estabelecido. Com relação aos juros compostos, conteúdo estudado nesse tópico, responda às seguintes perguntas:

a) O que são juros compostos?
b) Qual a diferença essencial entre juros simples e juros compostos?
c) Quais são os parâmetros que fazem parte de uma operação de juros compostos?
d) Qual a diferença entre a equivalência de capitais a juros simples e a equivalência de capitais a juros compostos?
e) O que é taxa de juros efetiva?
f) O que são duas taxas de juros equivalentes?

2 Qual o tempo necessário para que um capital, aplicado a uma taxa efetiva de 3% a.m., duplique o seu valor?

a) ( ) 23,45

Você deseja aplicar um montante de R$3.000,00 para chegar a uma quantia de R$3.800,00. Se o seu planejamento é manter a aplicação por 6 meses, qual a taxa de juros que nos levará ao valor desejado?

a) ( ) 3% a.m.
b) ( ) 2% a.m.
c) ( ) 4% a.m.
d) ( ) 5% a.m.

Para utilizar o SAM, entra em cena um termo chave que recebe o nome de coeficiente q. Ele assume o valor de 0,5 nessa fórmula, aplicada para o cálculo da primeira parcela no SAM. Agora, devemos calcular o r. O valor de r nos indica que é isso que as parcelas vão recuar a cada virada de tempo, ou seja, a primeira será de R$66.547,00, a segunda será de R$64.047,00, a terceira R$61.547,00 e, por fim, a quarta será de R$59.047,00. Substituindo q por 0 e 1, descobrimos o valor de cada uma das parcelas nos sistemas constante e Price. Veja, a seguir, a tabela comparativa entre sistema constante, Price e misto para esse exemplo:

a) Sistema Price: R$63.094,00; Sistema SAM: R$66.547; Sistema SAC: R$70.000,00
b) Sistema Price: R$63.094,00; Sistema SAM: R$64.047,00; Sistema SAC: R$65.000,00
c) Sistema Price: R$63.094,00; Sistema SAM: R$61.547,00; Sistema SAC: R$60.000,00
d) Sistema Price: R$63.094,00; Sistema SAM: R$59.047,00; Sistema SAC: R$55.000,00

Você deseja adquirir um carro cujo valor à vista é de R$12.000,00. Você deseja fazê-lo em quarenta e oito vezes mensais, com juros de 10% a.m. Qual o valor das parcelas, sendo que a primeira parcela vence 30 dias após a compra?

a) ( ) R$1.202,25.
b) ( ) R$3.202,10.
c) ( ) R$1.212,10.
d) ( ) R$1.212,50.

Em quantas prestações mensais de R$150,00 será pago um celular que custa R$4.000,00 se a taxa contratada for de 2% a.m.?

a) ( ) 38,49.
b) ( ) 39,20.
c) ( ) 39.
d) ( ) 38,10.

Um imóvel de R$150.000,00 foi financiado para você a 2% ao mês, durante 120 meses. Tal financiamento, pelo sistema de pagamentos uniformes, gerou uma parcela fixa de R$3.521,53. Quanto foi pago de juros e quanto foi amortizado na primeira parcela?

a) ( ) R$325,87.
b) ( ) R$287,74.
c) ( ) R$421, 53.
d) ( ) R$521,53.

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Questões resolvidas

Qual é o objetivo da disciplina de Educação Financeira?

a) Fornecer subsídios fundamentais para a formação acadêmica do discente na área financeira.
b) Auxiliar no desenvolvimento de habilidades culinárias.
c) Promover a prática de esportes radicais.
d) Estudar a história da arte brasileira.

Definida como política de Estado de caráter permanente e suas características principais são a garantia de gratuidade das iniciativas que desenvolve ou apoia e sua imparcialidade comercial. O objetivo da ENEF, criada através do , é contribuir para o fortalecimento da cidadania ao fornecer e apoiar ações que ajudem a população a tomar decisões flnanceiras mais autônomas e conscientes. A estratégia foi criada através da articulação de nove órgãos e entidades governamentais e quatro organizações da sociedade civil, que juntos integram o Comitê Nacional de Educação Financeira (CONEF).

Domingos (2011, p. 50-51) aconselha as pessoas a pensar duas vezes em toda e qualquer situação de compra, sendo que, para evitar as compras por impulso, o autor sugere:
• Resista ao impulso: deixe para o dia seguinte, pois, se esse item for realmente necessário, você retornará depois para comprá-lo.
• Não compre nada que você não tenha certeza de que precisa e que realmente irá agregar algo a sua vida.
• Se for possível, experimente o bem desejado para ter certeza de que ele lhe agrada.
• Não leve dinheiro ou cartão de crédito ao sair de casa se não tem intenção de efetuar uma compra.
• Se não possuir dinheiro suficiente para comprar o que deseja, evite comprar a prazo.
• Verifique se esse gasto cabe em seu orçamento.
Acadêmico, nos dias de hoje, dados estatísticos mostram que a cada ano acontece o endividamento das pessoas e das famílias principalmente por despesas não previstas. Um exemplo dessas despesas não previstas são os gastos não planejados, e muitas dessas compras são realizadas por impulso. Também é apontado nas pesquisas que essas compras por impulso e sem planejamento ocorrem de modo excessivo principalmente nas épocas que antecedem as datas comemorativas, por exemplo, no Natal, na Páscoa, no dia das mães, dos pais, das crianças etc. É comum percebermos o quanto as propagandas publicitárias instigam as pessoas a comprarem nessas épocas do ano, incentivando a aquisição de mercadorias.
As dívidas não planejadas podem ser evitadas se as pessoas tiverem consciência do quanto ganham e do quanto podem gastar, e uma alternativa é controlar e planejar os seus gastos. Tolotti (2007, p. 31) apresenta que uma pessoa pode ser considerada endividada, “[...] quando não consegue cumprir seus compromissos financeiros e possui um atraso que oscila entre 1 mês e 3 meses”. A autora também ressalta que o endividamento pessoal pode ser dividido em dois grupos: o endividamento passivo e o endividamento ativo.
O endividamento passivo acontece quando existe um aumento de dívidas por consequência de alguma situação que é alheia a vontade da pessoa, por exemplo, doença, morte, desemprego, algum acidente ou até mesmo separação.
Já o endividamento ativo é caracterizado por uma quantidade de dívidas adquiridas por escolhas erradas, ou seja, originadas por uma má gestão financeira. São considerados endividados ativos aquelas pessoas que, independentemente dos rendimentos que possuem, se encontram constantemente endividadas, e geralmente, não se programam para imprevistos (TOLOTTI, 2007). A autora também aponta que, de qualquer modo, o endividamento é um problema que no mínimo, tira o sossego, a autoestima, e também a segurança do devedor.
Acadêmico, pelos motivos aqui apontados, precisamos evidenciar a importância do ensino da Educação Financeira em sala de aula por meio de resoluções de problemas com situações que os estudantes se deparam no dia a dia. É importante também trazer questões atuais que façam os estudantes refletirem sobre suas atitudes financeiras.

Como já mencionado, nos dias de hoje a aquisição desenfreada de bens e de mercadorias, ocorre, muitas vezes, de forma desnecessária. Por esse motivo, é importante que sejam discutidos em sala de aula com os estudantes os problemas gerados pelo consumismo.
Pena (2020) nos apresenta que se entende por desenvolvimento sustentável a capacidade de utilizar os recursos e os bens da natureza sem comprometer a disponibilidade desses elementos para as gerações futuras, isso significa adotar um padrão de consumo e de aproveitamento das matérias-primas extraídas da natureza de modo a não afetar o futuro da humanidade, aliando desenvolvimento econômico e também responsabilidade ambiental. Nesse sentido, pode-se compreender que o desenvolvimento humano sustentável é uma forma de crescimento que visa uma vida melhor para todos, com um consumo consciente e que se preocupe com os impactos causados no meio ambiente.
Acadêmico, é sempre importante lembrar que é comum percebermos que a mídia tem apresentado mensagens publicitárias dirigidas diretamente para as crianças de pouca idade, o que é um problema, pois essas crianças já crescem sendo incentivadas para a aquisição de mercadorias desnecessárias.
Nesse sentido, podemos destacar que a Educação Financeira contribui para o desenvolvimento humano sustentável a partir do momento que as pessoas se conscientizarem sobre os problemas gerados pelo consumismo e o quanto o consumo exagerado prejudica o meio em que vivemos. É importante ressaltar que esse é outro tema muito importante que devemos discutir com os estudantes em sala de aula, pois é inegável que nos últimos anos a questão ambiental tornou-se uma preocupação mundial.

2 Com relação à Educação Financeira, sua crescente relevância nos últimos anos vem ocorrendo em decorrência do desenvolvimento dos mercados financeiros e das mudanças demográficas, econômicas e políticas. Nesse sentido, analise as sentenças e classifique V para as sentenças VERDADEIRAS e F para as FALSAS:
( ) A Educação Financeira é importante para os consumidores, visto que ela auxilia as pessoas a gerirem a sua renda com responsabilidade.
( ) A Educação Financeira é importante apenas para pessoas com baixa renda.
( ) A Educação Financeira contribui para as pessoas pouparem e investirem com responsabilidade e consciência.
( ) A Educação Financeira é um tema que está relacionado à forma como compreendemos o dinheiro e todas as informações relacionados a ele.
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – V – F – F.
b) ( ) F – V – V – F.
c) ( ) V – F – V – V.
d) ( ) F – F – F – V.

4 Alguns autores estudiosos sobre Educação Financeira alertam que o ensino da Educação Financeira é pouco trabalhado no ambiente escolar, logo, muitos jovens estão concluindo a educação básica sem nenhum aprendizado sobre situações financeiras. Nesse sentido, sobre a importância do ensino da Educação Financeira em sala de aula, analise as sentenças a seguir:
I- Para iniciar o estudo da Educação Financeira em sala de aula, primeiramente, o professor deve deixar claro para os estudantes o que é Educação Financeira.
II- A Educação Financeira deve ser abordada pelos professores somente nas séries finais do ensino fundamental e no ensino médio.
III- Quando a Educação Financeira é ensinada em sala de aula, os estudantes podem se tornar cidadãos mais responsáveis e conscientes com o seu futuro financeiro.
Agora, assinale a alternativa que corresponda às sentenças CORRETAS:
a) ( ) I e II.
b) ( ) II e III.
c) ( ) I e III.
d) ( ) I, II e III.

Para compreendermos melhor o que estudamos até aqui, observe esse exemplo: vamos supor que temos uma aplicação inicial de R$1.000,00 com juros de 6% a.m. Qual valor vamos ter depois de um mês?

Para que uma operação financeira exista, é necessário a presença de dois agentes: o tomador e o financiador. Acadêmico, sabemos que todos os negócios que envolvem juros contêm uma parte de “entrada” e uma de “saída”. Pense, por exemplo, em um empréstimo bancário, em que, de um lado está o cliente, e, de outro está a instituição financeira que repassa o dinheiro. Para ambos os lados, os valores inicial e final do processo são os mesmos. O que modifica é o fluxo da quantia, se está “entrando” ou “saindo”. Entre o valor inicial e o final está o tempo, variável essencial quando falamos de juros, afinal, sabemos que a quantidade de tempo envolvida é o que determinará o tamanho da diferença entre o valor presente e o futuro (WAKAMATSU, 2012).

Maria contraiu uma dívida de R$4.500, pelo sistema de capitalização simples, com taxa de juros anual. Um ano depois, quando ela procurou o banco para quitar seu débito, verificou que deveria pagar R$8.100. Qual a taxa de juros que vigorou na operação?

AUTOATIVIDADE

1 Sabemos que os juros podem ser aplicados por mês, dia, ano ou qualquer outro prazo estabelecido. Com relação aos juros compostos, conteúdo estudado nesse tópico, responda às seguintes perguntas:

a) O que são juros compostos?
b) Qual a diferença essencial entre juros simples e juros compostos?
c) Quais são os parâmetros que fazem parte de uma operação de juros compostos?
d) Qual a diferença entre a equivalência de capitais a juros simples e a equivalência de capitais a juros compostos?
e) O que é taxa de juros efetiva?
f) O que são duas taxas de juros equivalentes?

2 Qual o tempo necessário para que um capital, aplicado a uma taxa efetiva de 3% a.m., duplique o seu valor?

a) ( ) 23,45

Você deseja aplicar um montante de R$3.000,00 para chegar a uma quantia de R$3.800,00. Se o seu planejamento é manter a aplicação por 6 meses, qual a taxa de juros que nos levará ao valor desejado?

a) ( ) 3% a.m.
b) ( ) 2% a.m.
c) ( ) 4% a.m.
d) ( ) 5% a.m.

Para utilizar o SAM, entra em cena um termo chave que recebe o nome de coeficiente q. Ele assume o valor de 0,5 nessa fórmula, aplicada para o cálculo da primeira parcela no SAM. Agora, devemos calcular o r. O valor de r nos indica que é isso que as parcelas vão recuar a cada virada de tempo, ou seja, a primeira será de R$66.547,00, a segunda será de R$64.047,00, a terceira R$61.547,00 e, por fim, a quarta será de R$59.047,00. Substituindo q por 0 e 1, descobrimos o valor de cada uma das parcelas nos sistemas constante e Price. Veja, a seguir, a tabela comparativa entre sistema constante, Price e misto para esse exemplo:

a) Sistema Price: R$63.094,00; Sistema SAM: R$66.547; Sistema SAC: R$70.000,00
b) Sistema Price: R$63.094,00; Sistema SAM: R$64.047,00; Sistema SAC: R$65.000,00
c) Sistema Price: R$63.094,00; Sistema SAM: R$61.547,00; Sistema SAC: R$60.000,00
d) Sistema Price: R$63.094,00; Sistema SAM: R$59.047,00; Sistema SAC: R$55.000,00

Você deseja adquirir um carro cujo valor à vista é de R$12.000,00. Você deseja fazê-lo em quarenta e oito vezes mensais, com juros de 10% a.m. Qual o valor das parcelas, sendo que a primeira parcela vence 30 dias após a compra?

a) ( ) R$1.202,25.
b) ( ) R$3.202,10.
c) ( ) R$1.212,10.
d) ( ) R$1.212,50.

Em quantas prestações mensais de R$150,00 será pago um celular que custa R$4.000,00 se a taxa contratada for de 2% a.m.?

a) ( ) 38,49.
b) ( ) 39,20.
c) ( ) 39.
d) ( ) 38,10.

Um imóvel de R$150.000,00 foi financiado para você a 2% ao mês, durante 120 meses. Tal financiamento, pelo sistema de pagamentos uniformes, gerou uma parcela fixa de R$3.521,53. Quanto foi pago de juros e quanto foi amortizado na primeira parcela?

a) ( ) R$325,87.
b) ( ) R$287,74.
c) ( ) R$421, 53.
d) ( ) R$521,53.

Prévia do material em texto

EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Profa Ana Carolina Gadotti Aurélio
Indaial – 2020 1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Profª Ana Carolina Gadotti Aurélio
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial.
 (
A927e
Aurélio,
 
Ana
 
Carolina
 
Gadotti
Educação
 
financeira.
 
/
 
Ana
 
Carolina
 
Gadotti
 
Aurélio.
 
–
 
Indaial:
 
UNIASSELVI,
 
2020.
242
 
p.;
 
il.
ISBN 978-65-5663-285-8
ISBN Digital 978-65-5663-286-5
1.
 
Segurança
 
financeira.
 
-
 
Brasil.
 
2.
 
Finanças
 
pessoais.
 
–
 
Brasil.
 
II.
 
Centro
 
Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 332.024
)
Impresso por:
APRESENTAÇÃO	
Prezado acadêmico! Seja bem-vindo à disciplina de Educação Financeira. O objetivo dessa disciplina é fornecer subsídios fundamentais para a formação acadêmica do discente na área financeira, para que este possa atuar como agente de divulgação da cultura de educação financeira no país. Com o estudo dessa disciplina, podemos ampliar o nível de compreensão dos discentes para efetuarem escolhas conscientes relativas à administração de seus recursos financeiros e colaborar para a preparação dos estudantes para o consumo sustentável e para uma vida financeira responsável.
Na Unidade 1, você terá acesso ao estudo da introdução à educação financeira. Para isso, no primeiro tópico você estudará sobre a importância da educação financeira na educação básica e na vida das pessoas. Em seguida, relembrará os conceitos básicos da matemática financeira. No terceiro tópico você estudará sobre os juros compostos, e por fim, sobre as séries de pagamento.
Na Unidade 2, que trata sobre o estudo do planejamento financeiro, está dividido em três tópicos: planejamento financeiro pessoal, investimento e poupança, e fundos de investimentos. Nesta unidade, você compreenderá o que é e qual a importância de um planejamento financeiro, o que é um investimento, conhecer e entender como funciona o Tesouro Direto, e estudará sobre poupança e caderneta de poupança.
Por fim, na terceira unidade, que trata sobre o mercado financeiro, você terá acesso a algumas noções básicas do mercado financeiro no primeiro tópico. Você verá que o mercado financeiro pode ser dividido em quatro principais segmentos: mercado monetário, mercado de crédito, mercado cambial e mercado de capitais, por isso, no segundo tópico, você estudará sobre o mercado monetário e mercado de crédito, e, por fim, no Tópico 3, sobre o mercado de capitais e mercado cambial.
Você, aluno da Educação a Distância, deve saber que existem fatores importantes para um bom desempenho: disciplina, organização e um horário de estudos pré-definido para que obtenha sucesso em seus estudos. Em sua caminhada acadêmica, você é quem faz toda a diferença. Por isso, lembre- se que o estudo é algo primoroso. Aproveite esta motivação para iniciar a leitura deste livro.
Desejo bons estudos a todos!
Profª Ana Carolina Gadotti Aurélio
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enflm, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE.
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Olá
 
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UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA	1
TÓPICO 1 — A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA	3
INTRODUÇÃO	3
O QUE É EDUCAÇÃO FINANCEIRA?	5
CONSUMISMO E ENDIVIDAMENTO	6
EDUCAÇÃO FINANCEIRA E CIDADANIA	11
EDUCAÇÃO FINANCEIRA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL	12
RESUMO DO TÓPICO 1	14
AUTOATIVIDADE	16
TÓPICO 2 — CONCEITOS BÁSICOS DA MATEMÁTICA FINANCEIRA	19
INTRODUÇÃO	19
TERMINOLOGIA	20
CONCEITOS BÁSICOS	21
DIAGRAMA DAS OPERAÇÕES FINANCEIRAS	23
REGIME DE CAPITALIZAÇÃO SIMPLES	25
O REGIME DE JUROS SIMPLES	25
PERÍODOS NÃO INTEIROS	27
EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS A JUROS SIMPLES	32
TAXAS DE JUROS NOMINAIS E TAXA PROPORCIONAL	35
TAXA DE JUROS NOMINAIS	35
TAXA PROPORCIONAL	36
DESCONTOS	38
DESCONTO SIMPLES	39
Desconto racional simples	39
Desconto bancário ou comercial simples	39
TAXA DE DESCONTO EFETIVA	41
RESUMO DO TÓPICO 2	44
AUTOATIVIDADE	46
TÓPICO 3 — MATEMÁTICA FINANCEIRA: JUROS COMPOSTOS	49
INTRODUÇÃO	49
JUROS COMPOSTOS	51
DIFERENÇA ENTRE JUROS SIMPLES E JUROS COMPOSTOS	52
CÁLCULOS ESPECÍFICOS PARA JUROS COMPOSTOS	54
VALOR PRESENTE A JUROS COMPOSTOS	54
PERÍODO DE CAPITALIZAÇÃO	54
TAXA DE JUROS	56
EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS E TAXAS A JUROS COMPOSTOS	57
EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS A JUROS COMPOSTOS	57
TAXA DE JUROS EFETIVA	58
TAXA OVER (TAXA POR DIA ÚTIL) E CDI	60
EQUIVALÊNCIA DE TAXA DE JUROS EFETIVA	60
RESUMO DO TÓPICO 3	62
AUTOATIVIDADE	64
TÓPICO 4 — SÉRIES DE PAGAMENTOS	65
INTRODUÇÃO	65
VALOR PRESENTE	66
VALOR PRESENTE PARA SÉRIES POSTECIPADAS	66
VALOR PRESENTE PARA SÉRIES ANTECIPADAS	67
VALOR FUTURO	68
VALOR DAS PARCELAS	70
TAXA DE JUROS	71
QUANTIDADE DE PAGAMENTOS	74
SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO	75
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE UMA OPERAÇÃO DE AMORTIZAÇÃO	77
Tabela de amortização de empréstimos	77
Diagrama dos fluxos de caixa de um financiamento	77
SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC)	78
SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO FRANCÊS (PRICE)	80
SISTEMA DE AMORTIZAÇÕES CONSTANTES (SAC)	81
SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO MISTO (SAM)	82
LEITURA COMPLEMENTAR	85
RESUMO DO TÓPICO 4	88
AUTOATIVIDADE	90
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO	93
TÓPICO 1 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL	95
INTRODUÇÃO	95
O QUE É PLANEJAMENTO FINANCEIRO?	96
A IMPORTÂNCIADO PLANEJAMENTO FINANCEIRO	99
PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL E NOSSA RELAÇÃO COM
O DINHEIRO	99
ORÇAMENTO PESSOAL	101
A IMPORTÂNCIA DO ORÇAMENTO	104
COMO ELABORAR UM ORÇAMENTO?	104
Planejamento	105
Registro	106
Agrupamento	106
Avaliação	106
DIFERENÇA ENTRE ORÇAMENTO E PLANEJAMENTO FINANCEIRO	107
VANTAGENS DO PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL	107
ERROS DE UM PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL	108
COMO FAZER UM PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL	109
RESUMO DO TÓPICO 1	117
AUTOATIVIDADE	118
TÓPICO 2 — INVESTIMENTO E POUPANÇA	121
INTRODUÇÃO	121
INVESTIMENTO	122
COMPONENTES DE UM INVESTIMENTO	122
Liquidez	123
Risco	123
Rentabilidade	124
O QUE UMA PESSOA PRECISA SABER ANTES DE INVESTIR	124
O seu perfil de investidor	125
Objetivos do investimento (meta de acumulação)	127
Prazo de aplicação/realização	128
TIPOS E MODALIDADES DE INVESTIMENTOS	128
RECOMENDAÇÕES AO INVESTIR	130
POUPANÇA E CADERNETA DE POUPANÇA	131
O QUE É POUPANÇA E CADERNETA DE POUPANÇA	132
CÁLCULO DO RETORNO DA CADERNETA	133
TAXA SELIC	135
TESOURO DIRETO	136
O QUE É TESOURO DIRETO?	136
VANTAGENS DO TESOURO DIRETO	138
TÍTULOS DO TESOURO DIRETO	138
Títulos prefixados	139
Títulos Pós-Fixados	139
RISCOS DO TESOURO DIRETO	140
RESUMO DO TÓPICO 2	142
AUTOATIVIDADE	143
TÓPICO 3 — FUNDO DE INVESTIMENTO	147
INTRODUÇÃO	147
O QUE É FUNDO DE INVESTIMENTO	147
COMO FUNCIONA UM FUNDO DE INVESTIMENTO	148
TIPOS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO	151
FUNDOS DE RENDA FIXA	151
Renda fixa – curto prazo	152
Renda fixa – referenciados	152
Renda fixa – simples	153
Renda fixa – dívida externa	154
FUNDOS DE AÇÕES	154
FUNDOS MULTIMERCADO	155
FUNDOS CAMBIAIS	155
RENTABILIDADE DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO	156
VANTAGENS E DESVANTAGENS DO FUNDO DE INVESTIMENTO	156
LEITURA COMPLEMENTAR	158
RESUMO DO TÓPICO 3	163
AUTOATIVIDADE	164
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO	165
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO MERCADO FINANCEIRO	167
INTRODUÇÃO	167
NOÇÕES BÁSICAS DO MERCADO FINANCEIRO	169
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL	174
ÓRGÃOS NORMATIVOS	175
Conselho Monetário Nacional (CMN)	175
Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP)	176
Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC)	177
ENTIDADES SUPERVISORAS	177
Banco Central do Brasil (BACEN)	177
Comissão de Valores Mobiliários (CVM)	179
ÓRGÃOS OPERADORES	180
Bancos de varejo (bancos comerciais)	181
Bancos de atacado ou bancos de investimento	183
Bancos múltiplos	183
Instituições financeiras não bancárias	183
Fintechs	183
RESUMO DO TÓPICO 1	192
AUTOATIVIDADE	193
TÓPICO 2 — MERCADO MONETÁRIO E MERCADO DE CRÉDITO	195
INTRODUÇÃO	195
MERCADO MONETÁRIO	195
AGENTES PARTICIPANTES	198
OPERAÇÕES DO MERCADO MONETÁRIO	199
Títulos públicos	200
Mercado aberto	201
Mercado interbancário	203
MERCADO DE CRÉDITO	204
PRODUTOS DO MERCADO DE CRÉDITO	208
Crédito às pessoas físicas	209
Modalidade de operações ou limites de crédito às pessoas físicas	210
RESUMO DO TÓPICO 2	214
AUTOATIVIDADE	215
TÓPICO 3 — MERCADO DE CAPITAIS E MERCADO CAMBIAL	217
INTRODUÇÃO	217
MERCADO DE CAPITAIS	217
AÇÕES	220
DEBÊNTURES	223
BOLSA DE VALORES	224
MERCADO CAMBIAL	225
ABRANGÊNCIA DO MERCADO CAMBIAL	227
POLÍTICA CAMBIAL	228
RISCO CAMBIAL	230
TAXAS DE CÂMBIO	230
DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL	231
LEITURA COMPLEMENTAR	233
RESUMO DO TÓPICO 3	235
AUTOATIVIDADE	237
REFERÊNCIAS	239
 (
—
)UNIDADE 1
INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO
FINANCEIRA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
· compreender o que é Educação Financeira;
· reconhecer a importância da Educação Financeira;
· conhecer as terminologias básicas utilizadas na Matemática Financeira;
· compreender os conceitos básicos da Matemática Financeira;
· entender o que é uma taxa;
· diferenciar juros simples de juros compostos;
· entender o que são descontos;
· compreender o que são séries de pagamentos.
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA TÓPICO 2 – CONCEITOS BÁSICOS DA MATEMÁTICA FINANCEIRA TÓPICO 3 – MATEMÁTICA FINANCEIRA: JUROS COMPOSTOS TÓPICO 4 – SÉRIES DE PAGAMENTOS
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
 (
238
)
1 (
—
) (
TÓPICO
 
1
A
 
IMPORTÂNCIA
 
DA
 
EDUCAÇÃO
FINANCEIRA
UNIDADE
 
1
)INTRODUÇÃO
Cada vez mais, seja através das mídias, TV, jornal ou internet, sabemos que questões ligadas à economia estão sempre em alta, principalmente quando são destacados assuntos que estão relacionados à crise financeira, consumismo e ao endividamento das pessoas.
Não podemos negar que, atualmente, comprar algo do nosso interesse, mesmo quando não temos dinheiro, tornou-se algo mais fácil com a opção de crédito. Porém, também não podemos negar que o uso incontrolável e inconsciente desse crédito tem tornado muitas pessoas consumistas e endividadas. Ainda podemos perceber que muitos estabelecimentos comerciais vendem mercadorias a prazo e quando o valor mensal é pequeno, as pessoas tendem a adquirir mais objetos, pois acreditam que “como as parcelas são baixas, posso comprar”.
Desde 1998, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Matemática para o terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental têm apontado que pesquisas realizadas sobre os temas trabalho e consumo podem fornecer contextos para que os conceitos e os procedimentos estatísticos ganhem significado. O documento também nos apresenta que trabalhar em sala de aula situações que envolvam Matemática Comercial e Financeira auxiliam os estudantes a compreender, decidir e avaliar diversas situações cotidianas, como, por exemplo, a melhor forma de pagar uma compra ou escolher um financiamento.
Já na versão atual (2017) da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), no ensino da Matemática, a BNCC propõe cinco unidades temáticas (números; álgebra; geometria; grandezas e medidas; probabilidade e estatística), que orientam a formulação de habilidades a serem desenvolvidas ao longo do Ensino Fundamental. Na unidade temática números, a BNCC aponta que deve ser considerado o estudo dos conceitos básicos de economia e finanças, visando à educação financeira dos alunos e, assim,
[...] podem ser discutidos assuntos como taxas de juros, inflação, aplicações financeiras (rentabilidade e liquidez de um investimento) e impostos. Essa unidade temática favorece um estudo interdisciplinar envolvendo as dimensões culturais, sociais, políticas e psicológicas, além da econômica, sobre as questões do consumo, trabalho e dinheiro. É possível, por exemplo, desenvolver um projeto com a História, visando ao estudo do dinheiro e sua função na sociedade, da relação entre dinheiro e tempo, dos impostos em sociedades diversas, do consumo em diferentes momentos históricos, incluindo estratégias atuais de marketing (BRASIL, 2017, p. 269).
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
A BNCC também aponta que essas questões, além de promover o desenvolvimento de competências pessoais e sociais dos estudantes, podem também se constituir em excelentes contextos para as aplicações dos conceitos da Matemática Financeira, e também proporcionar contextos para ampliar e também aprofundar esses conceitos (BRASIL, 2017).
Acadêmico, sabemos que o estudo de temas matemáticos fornece instrumentos para uma leitura do mundo (SCHNEIDER, 2009), porém, isso só é possível quando os conteúdos ensinados pelos professores possuem um real significado para os estudantes. Diante disso, podemos destacar que a Educação Financeira contribui para os estudantes associarem os conteúdos matemáticos ensinados em sala de aula com o seu cotidiano, visto que o seu ensino envolve várias situações presentes no dia a dia das pessoas.
Peretti (2008), autor do livro Educação financeira: aprenda a cuidar do seu dinheiro, destaca que o objetivo da Educação Financeira é atingir a maturidade financeira, sendo importante para formação da consciência do controle e também do bom senso. O autor também destaca que a Educação Financeira desenvolveo caráter e a personalidade das pessoas, afastando-as do medo e fazendo que elas criem coragem para resolver os seus problemas financeiros.
Nesse sentido, podemos destacar que, com o ensino da Educação Financeira, as pessoas podem aprender a cuidar do seu dinheiro e dos seus investimentos. Se todos os estudantes tivessem a oportunidade de aprender sobre Educação Financeira nas escolas, a formação do cidadão crítico poderia acontecer, colaborando para todos terem consumos e uma vida financeira conscientes. O ensino da Educação Financeira nas escolas pode ajudar também no processo da construção da cidadania, colaborando para o desenvolvimento de um estudante mais autônomo e preparado para tomar melhores decisões no campo econômico e financeiro (BRASIL, 2018).
Com relação à importância da Educação Financeira, sabemos que o mundo mudou e muitos jovens possuem cartão de crédito, porém, muitos não foram educados sobre investimentos, finanças, economia e impostos, ou seja, muitos jovens estão despreparados diante do mundo consumista (PERETTI, 2008). Já as pessoas alfabetizadas financeiramente sabem lidar com o seu dinheiro, como também sabem gastar, ganhar, poupar e também investir. A Educação Financeira é um instrumento capaz de proporcionar às pessoas melhor bem-estar e melhor qualidade de vida (PERETTI, 2008).
Neste sentido, o ensino da Educação Financeira em sala de aula pode ajudar os estudantes a refletirem sobre essas práticas financeiras, auxiliando na tomada de decisões em diversas situações do cotidiano, bem como o conhecimento da diferença paga quando é comprado algum produto à vista ou no crediário, e quais as vantagens de cada opção de pagamento.
TÓPICO 1 — A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Como a Educação Financeira está ligada à autonomia e à formação do cidadão, a partir do momento que ela é ensinada para o estudante, o professor está construindo um saber que auxiliará os educandos nas decisões em diversas situações relacionadas ao seu dia a dia, bem como na construção de sua autonomia. Assim, educando desde cedo as crianças e os jovens com situações financeiras úteis para o seu dia a dia e implementando a Educação Financeira nas escolas, podemos ajudar na formação das crianças e dos jovens estudantes em pessoas e cidadãos mais preparados não somente para o momento presente, mas também para o futuro.
2 O QUE É EDUCAÇÃO FINANCEIRA?
Afinal, o que é Educação Financeira? Peretti (2008, p. 17) destaca que:
É proporcionar uma mentalidade inteligente e saudável sobre dinheiro. É criar consciência do limite. É saber ganhar, gastar, poupar, investir e doar dinheiro. É a capacidade de administrar o seu rico dinheiro [...]. É fazer tudo o que se deseja com responsabilidade, ética e maturidade. Educação financeira é despertar a inteligência financeira, ou seja, dinheiro trabalhando para você. Ser inteligente é ser capaz de responder o que a vida nos propõe. É saber plantar para depois colher.
Por fim, o autor defende que Educação Financeira é criar o hábito de poupar para aprender a investir; é criar a independência financeira.
No site da ENEF (Estratégia Nacional de Educação Financeira) é apresentado o conceito de Educação Financeira no Brasil segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), no ano de 2005, apontando que a Educação Financeira é o processo através do qual os indivíduos e as sociedades em um todo melhoram a sua compreensão sobre conceitos e produtos financeiros, sendo que, com informações, formações e orientações, todos possam desenvolver valores e competências que são necessários para se tornarem pessoas mais conscientes das oportunidades e também dos riscos neles envolvidos. Com isso, todos podem ter escolhas bem informadas, ter o conhecimento de, se necessário, onde procurar ajuda, como também adotar outras ações que favorecem o seu bem-estar. Desse modo, segundo a OCDE, a Educação Financeira pode contribuir com a formação de indivíduos e sociedades mais responsáveis e comprometidos com o futuro (ENEF, s.d.).
 (
A Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF) é uma mobilização
 
multissetorial
 
em
 
torno
 
da
 
promoção
 
de
 
ações
 
de
 
educação
 
flnanceira
 
no
 
Brasil.
 
A
 
estratégia
 
foi
 
instituída
 
como
 
política
 
de
 
Estado
 
de
 
caráter
 
permanente
 
e
 
suas
 
características
 
principais
 
são a garantia de gratuidade das iniciativas que desenvolve ou apoia e sua imparcialidade
 
comercial.
 
O
 
objetivo
 
da
 
ENEF,
 
criada
 
através
 
do
 
Decreto
 
Federal
 
n°
 
7.397/2010
,
 
é
 
contribuir
 
para o fortalecimento da cidadania ao fornecer e apoiar ações que ajudem a população a
 
tomar decisões flnanceiras mais autônomas e conscientes. A estratégia foi criada através
 
da articulação de nove órgãos e entidades governamentais e quatro organizações da
 
sociedade
 
civil,
 
que
 
juntos
 
integram
 
o
 
Comitê
 
Nacional
 
de
 
Educação
 
Financeira
 
(CONEF).
FONTE:
 
<http://www
.
vidaedinheiro.gov.br/quemsomos/>.
 
Acesso
 
em:
 
20
 
mar.
 
2020.
)UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
3 CONSUMISMO E ENDIVIDAMENTO
Acadêmico, é fato que o consumismo tem se tornado, aos poucos, um assunto cada vez mais presente no dia a dia das pessoas. Como já mencionado anteriormente, sabemos que um dos problemas do consumismo é o uso exagerado e inconsciente do cartão de crédito (PEREIRA, 2013). O consumismo é o ato que está relacionado ao consumo excessivo, ou seja, a compra de produtos ou serviços de um modo exagerado.
 (
Consumo:
 
o
 
consumo
 
está
 
associado
 
à
 
prática
 
econômica
 
de
 
adquirir
 
bens
 
e
 
serviços.
 
Quando se compra algum item, está se consumindo
 
aquela unidade.
Pessoa
 
consumista:
 
uma
 
pessoa
 
consumista
 
é
 
aquela
 
que
 
compra
 
de
 
modo
 
excessivo,
 
exagerado.
)O autor Peretti (2008) destaca que o mundo mudou e que a maioria dos jovens de hoje já possuem cartão de crédito, porém, nunca tiveram uma aula sobre investimento, economia, finanças e até sobre impostos. A partir dessa constatação, o autor conclui que os jovens continuam sem experiência financeira, despreparados para o mundo consumista que estamos vivendo na atualidade,
TÓPICO 1 — A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA
sem responsabilidade com o seu futuro e sem o entendimento de que precisamos poupar para saber investir. O autor também enfatiza que essa falta de experiência dos jovens, ou seja, esse despreparo, traz consequências desagradáveis para a família, como, por exemplo, aborrecimentos e intrigas.
Cerbasi (2003), no seu livro Dinheiro: os segredos de quem tem, ressalta que em diversas situações do nosso dia a dia nós deixamos de economizar dinheiro porque não analisamos corretamente uma proposta de compra, ou até mesmo por não termos negociado, e que, assim como perdemos dinheiro com uma grande frequência, “constantemente deixamos de aproveitar ao máximo o vendedor potencial que há dentro de nós ou a nossa capacidade de análise” (CERBASI, 2003, p. 57). O autor também alerta sobre o “vírus do consumo”, que, para ele, foi “criado nos laboratórios de marketing, é extremamente perigoso para a humanidade. Ataca o cérebro, mas os efeitos colaterais mais graves surgem em um dos pontos mais sensíveis do corpo humano no longo prazo: o bolso” (CEBRASI, 2003, p. 57).
Cerbasi (2003) destaca que muitas compras realizadas pelas pessoas acontecem por impulso e a grande razão dessas compras sem planejamento são as eficientes estratégias de marketing criadas pelas empresas. Um dos motivos disso acontecer são os grandes investimentos e tecnologias que são utilizados pelas empresas para que as pessoas sejam convencidas a levar um produto para a sua casa.
A todo instante somos bombardeados por apelos de marketing. Durante nossas compras em supermercado não vemos o produto que queremos. Ao invés disso, vemos embalagens feitas para chamar nossa atenção, letras e formatos chamativos, fotos de lugares e situações em que desejaríamos estar, atendentes bonitas oferecendo amostras deartigos que nunca pensamos em comprar. Artigos fúteis expostos ao lado de bens de primeira necessidade. Embalagens promocionais, embalagens novas, brindes que terão utilidade duvidosa em nossos armários de casa. Leve doze e pague dez, e tantas outras promoções que lhe empurram produtos e quantidades além daqueles que você planejava comprar. É claro que há casos em que essas promoções são realmente interessantes, desde que você faça uso de todos os itens adquiridos (CERBASI, 2003, p. 58)
Acadêmico, é fato que todas essas situações que envolvem apelos de marketing e que estão presentes nos dias de hoje fazem com que tenhamos cada vez mais pessoas consumistas. Perceba, por exemplo, que os comerciais estão sendo criados cada vez mais atraentes, e, muitas vezes, com propagandas enganosas, que iludem muitas pessoas. A autora Tolotti (2007), em seu livro As armadilhas do consumo: acabe com o endividamento destaca que alguns comerciais: “[...] são espetaculares e envolventes, a criatividade aliada ao marketing é uma manifestação artística, e é agradável apreciar qualquer expressão de arte. Mas é fundamental manter um distanciamento, pois os comerciais são representações e não tradutores de sonhos” (TOLOTTI, 2007, p. 24).
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
A autora também alerta: “o problema não está no marketing, nas operadoras de cartões de crédito ou nos meios de comunicação. O problema está na inversão que ocorreu: a maioria das pessoas passou a acreditar que o mais importante é ter e não ser” (TOLOTTI, 2007, p. 25, grifos do original). Nesse sentido podemos entender que muitas pessoas acabam tornando-se consumistas pelo simples fato de querer ter o que não tem condições de comprar, ou seja, por um status que não é compatível com a sua realidade financeira (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2013).
O autor Peretti (2008) apresenta concepções sobre compradores compulsivos, destacando que esse comportamento é um hábito aprendido e seguido por questões emocionais, sendo normalmente a ansiedade e a angústia, e suas causas podem ser por insegurança no meio familiar ou até mesmo vivências do passado. “O comprador compulsivo é praticamente um dependente do hábito de comprar, e precisa fazê-lo sem limites para sentir-se bem, pelo menos naquele momento. O comprador compulsivo acaba comprando por comprar e não pela necessidade do objeto comprado” (PERETTI, 2008, p. 72). Por esse motivo, sendo o consumismo uma compulsão que leva as pessoas a comprarem sem necessidade e consciência, um comprador compulsivo é um consumista, ou seja, é aquela pessoa que compra sem planejamento.
Os compradores compulsivos são, geralmente, pessoas que estabelecem uma relação doentia com o uso do dinheiro, estão, na maioria das vezes, atoladas em dívidas e acabam fazendo um empréstimo para cobrir outro. Essas pessoas devem ter cuidado para não pegar dinheiro emprestado, pois quanto mais elas recebem, mais elas gastam e se endividam (PERETTI, 2008).
As principais necessidades dos compradores compulsivos estão relacionadas com a diversão, o status social, o apelo ao comércio e o modismo, ou seja, comprar e usar o que os outros estão comprando e usando (PERETTI, 2008). Essas pessoas geralmente compram coisas muito similares, têm a sensação de que não podem ficar sem comprar por muito tempo, e, após as compras, acabam sentindo culpa e remorso. Também possuem baixa autoestima e falta de controle, são depressivas, ansiosas e muito agitadas (PERETTI, 2008).
A pressão do mercado, com propagandas cada vez mais instigantes ao ato de comprar, contribui para o aumento de pessoas compradoras compulsivas, ou seja, pessoas consumistas. Por esse motivo não podemos desconsiderar que o consumismo é um problema, e que, muitas vezes, gera dívidas, crise financeira, desequilíbrio individual e familiar, e, até mesmo, a falência. “A falência tem se tornado um problema nacional. Débitos com o cartão de crédito se alastram. E nossas crianças não sabem o suficiente sobre dinheiro” (GODFREY; EDWARDS, 2007, p. 11). Esses problemas estão se tornando progressivamente mais presentes no cenário brasileiro, o que acaba elevando o número de pessoas endividadas no nosso país.
 (
O livro 
Dinheiro não dá em árvore: um guia para os pais criarem filhos
 
financeiramente
 
responsáveis
,
 
das
 
autoras
 
Neale
 
S.
 
Godfrey
 
e
 
Carolina
 
Edwards,
 
é
 
um
 
ótimo
 
livro para os pais quando chega o momento de ensinar aos fllhos sobre administração
 
flnanceira. Nesse livro é apresentado exercícios e exemplos concretos, desde como
 
desenvolver
 
um
 
planejamento
 
flnanceiro
 
responsável
 
até
 
compreender
 
diferenças
 
entre
 
“querer”
 
e
 
“precisar”
 
para
 
jovens
 
de
 
todas
 
as
 
idades.
)TÓPICO 1 — A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Domingos (2011), no seu livro Terapia financeira: realize seus sonhos com educação financeira, ressalta que comprar e gastar faz parte da nossa vida e do nosso dia a dia e que muitas das mercadorias que estão a nossa disposição realmente são fundamentais, porém, temos que fazer uma análise do nosso comportamento de consumo e mudar os hábitos que não fazem bem para a nossa saúde e para as nossas finanças. “Vivemos em uma sociedade totalmente consumista, em que a maioria dos hábitos de consumo se baseia em padrões sociais” (DOMINGOS, 2011, p. 49).
Para Domingos (2011), todas as pessoas precisam conhecer o seu “eu” financeiro, observando tudo o que consomem e em quais situações do dia a dia as compras sem necessidade são feitas. O autor destaca que, antes de comprar, as pessoas devem parar e refletir, observando se as suas compras estão sendo motivadas pela busca da satisfação emocional ou pela real necessidade de determinado produto.
Domingos (2011, p. 50-51) aconselha as pessoas a pensar duas vezes em toda e qualquer situação de compra, sendo que, para evitar as compras por impulso, o autor sugere:
· Resista ao impulso: deixe para o dia seguinte, pois, se esse item for realmente necessário, você retornará depois para comprá-lo.
· Não compre nada que você não tenha certeza de que precisa e que realmente irá agregar algo a sua vida.
· Se for possível, experimente o bem desejado para ter certeza de que ele lhe agrada.
· Não leve dinheiro ou cartão de crédito ao sair de casa se não tem intenção de efetuar uma compra.
· Se não possuir dinheiro suficiente para comprar o que deseja, evite
comprar a prazo.
· Verifique se esse gasto cabe em seu orçamento.
Acadêmico, nos dias de hoje, dados estatísticos mostram que a cada ano acontece o endividamento das pessoas e das famílias principalmente por despesas não previstas. Um exemplo dessas despesas não previstas são os gastos
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
não planejados, e muitas dessas compras são realizadas por impulso. Também é apontado nas pesquisas que essas compras por impulso e sem planejamento ocorrem de modo excessivo principalmente nas épocas que antecedem as datas comemorativas, por exemplo, no Natal, na Páscoa, no dia das mães, dos pais, das crianças etc. É comum percebermos o quanto as propagandas publicitárias instigam as pessoas a comprarem nessas épocas do ano, incentivando a aquisição de mercadorias.
 (
Os
 
dados
 
dessas
 
pesquisas
 
atuais
 
você
 
encontra
 
no
 
site
 
do
 
SPC
 
Brasil:
 
https://
 
www.spcbrasil.org.br/pesquisas.
)As dívidas não planejadas podem ser evitadas se as pessoas tiverem consciência do quanto ganham e do quanto podem gastar, e uma alternativa é controlar e planejar os seus gastos. Tolotti (2007, p. 31) apresenta que uma pessoa pode ser considerada endividada, “[...] quando não consegue cumprir seus compromissos financeiros e possui um atraso que oscila entre 1 mês e 3 meses”. A autora também ressalta que o endividamento pessoal pode ser dividido em dois grupos: o endividamento passivo e o endividamento ativo.
O endividamento passivo acontece quando existe um aumento de dívidas por consequência de alguma situação que é alheia a vontade da pessoa, por exemplo, doença, morte, desemprego,algum acidente ou até mesmo separação.
Já o endividamento ativo é caracterizado por uma quantidade de dívidas adquiridas por escolhas erradas, ou seja, originadas por uma má gestão financeira. São considerados endividados ativos aquelas pessoas que, independentemente dos rendimentos que possuem, se encontram constantemente endividadas, e, geralmente, não se programam para imprevistos (TOLOTTI, 2007). A autora também aponta que, de qualquer modo, o endividamento é um problema que no mínimo, tira o sossego, a autoestima, e também a segurança do devedor.
Acadêmico, pelos motivos aqui apontados, precisamos evidenciar a importância do ensino da Educação Financeira em sala de aula por meio de resoluções de problemas com situações que os estudantes se deparam no dia a dia. É importante também trazer questões atuais que façam os estudantes refletirem sobre suas atitudes financeiras.
 (
Acadêmico,
 
no
 
site
 
do
 
SPC
 
Brasil
 
(Serviço
 
de
 
Proteção
 
ao
 
Crédito),
 
https://www
.
 
spcbrasil.org.br/, você encontra várias notícias atuais sobre educação flnanceira no Brasil.
 
Acesse ao site e veja quantas notícias você pode utilizar em sala de aula para apresentar
 
aos
 
estudantes.
)TÓPICO 1 — A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA
4 EDUCAÇÃO FINANCEIRA E CIDADANIA
Para o CONEF (Comitê Nacional de Educação Financeira), um dos objetivos da Educação Financeira é formar para a cidadania. Sandra Tiné (2017), presidente do Grupo de Apoio Pedagógico do CONEF, destaca que a educação financeira vai além do que comumente as pessoas entendem, como algo vinculado apenas à matemática; é planejar para ver seus sonhos realizados. É poupar em todas as áreas, como economizar água fechando a torneira. Essas são ações que podemos trabalhar desde a educação infantil até adolescentes e adultos nas universidades.
 (
Cidadania é o conjunto de direitos e deveres exercidos por um indivíduo que
 
vive em sociedade, no que se refere ao seu poder e grau de intervenção no usufruto de
 
seus
 
espaços
 
e
 
na
 
sua
 
posição
 
em
 
poder
 
nele
 
intervir e
 
transformá-lo.
)De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a educação básica tem por finalidade o desenvolvimento do educando, preparando-o para o exercício da cidadania e também para a sua qualificação no mercado de trabalho, fornecendo meios para que os estudantes possam progredir no trabalho e também em estudos posteriores.
Já no ensino médio, sendo a etapa final da educação básica, a lei apresenta quatro finalidades, sendo que uma delas é a preparação básica para o trabalho e para a cidadania dos educandos, para que assim eles tenham a oportunidade de continuar aprendendo, e que sejam capazes de se adaptar com flexibilidade às novas condições de ocupação como também a aperfeiçoamentos posteriores (BRASIL, 1996).
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Conforme destacam Godfrey e Edwards (2007), quando o estudante aprende sobre dinheiro, ele aprende sobre valores, e um desses valores é a cidadania. As autoras trazem também um questionamento muito interessante que, segundo elas, os pais devem sempre se perguntar: “o que devo dizer ao meu filho sobre finanças que eu gostaria que alguém tivesse me dito quando eu tinha a idade dele?” (GODFREY; EDWARDS, 2007, p. 170). As autoras também defendem que as escolas e as empresas, aos poucos, estão percebendo que a Educação Financeira é importante, e que as crianças de hoje não têm conhecimento suficiente sobre dinheiro. Por esse motivo, é importante introduzir Educação Financeira na vida das pessoas desde cedo.
Nesse sentido, com o ensino e a compreensão da Educação Financeira, seja no ambiente escolar ou familiar, os jovens estudantes podem tornar-se pessoas mais preparadas para tomar decisões em sua vida, fazendo com que eles se tornem cidadãos mais responsáveis no presente e mais preparados para o futuro. Por isso, dizemos que a Educação Financeira pode preparar as crianças e os jovens para o exercício da cidadania (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2013).
5 EDUCAÇÃO FINANCEIRA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Como já mencionado, nos dias de hoje a aquisição desenfreada de bens e de mercadorias, ocorre, muitas vezes, de forma desnecessária. Por esse motivo, é importante que sejam discutidos em sala de aula com os estudantes os problemas gerados pelo consumismo.
Pena (2020) nos apresenta que se entende por desenvolvimento sustentável a capacidade de utilizar os recursos e os bens da natureza sem comprometer a disponibilidade desses elementos para as gerações futuras, isso significa adotar um padrão de consumo e de aproveitamento das matérias- primas extraídas da natureza de modo a não afetar o futuro da humanidade, aliando desenvolvimento econômico e também responsabilidade ambiental. Nesse sentido, pode-se compreender que o desenvolvimento humano sustentável é uma forma de crescimento que visa uma vida melhor para todos, com um consumo consciente e que se preocupe com os impactos causados no meio ambiente.
Acadêmico, é sempre importante lembrar que é comum percebermos que a mídia tem apresentado mensagens publicitárias dirigidas diretamente para as crianças de pouca idade, o que é um problema, pois essas crianças já crescem sendo incentivadas para a aquisição de mercadorias desnecessárias.
TÓPICO 1 — A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Nesse sentido, podemos destacar que a Educação Financeira contribui para o desenvolvimento humano sustentável a partir do momento que as pessoas se conscientizarem sobre os problemas gerados pelo consumismo e o quanto o consumo exagerado prejudica o meio em que vivemos. É importante ressaltar que esse é outro tema muito importante que devemos discutir com os estudantes em sala de aula, pois é inegável que nos últimos anos a questão ambiental tornou- se uma preocupação mundial.
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
· Educação Financeira é o processo através do qual os indivíduos e as sociedades em um todo melhoram a sua compreensão sobre conceitos e produtos financeiros, sendo que, com informações, formações e orientações, todos podem desenvolver valores e competências que são necessários para se tornarem pessoas mais conscientes das oportunidades e também dos riscos neles envolvidos.
· Nos dias de hoje, comprar algo do nosso interesse, mesmo quando não temos dinheiro, tornou-se algo mais fácil com a opção de crediário.
· Com o ensino da Educação Financeira, as pessoas podem aprender a cuidar do seu dinheiro e dos seus investimentos.
· Se todos os estudantes tivessem a oportunidade de aprender sobre Educação Financeira nas escolas, a formação do cidadão crítico poderia acontecer, colaborando para todos terem consumos e uma vida financeira conscientes.
· O ensino da Educação Financeira nas escolas pode ajudar também no processo da construção da cidadania.
· A Educação Financeira desenvolve o caráter e a personalidade das pessoas, afastando-as do medo e fazendo que elas criem coragem para resolver os seus problemas financeiros.
· A Educação Financeira pode contribuir com a formação de indivíduos e sociedades mais responsáveis e comprometidos com o futuro.
· Uma pessoa pode ser considerada endividada quando não consegue cumprir seus compromissos financeiros e possui um atraso que oscila entre 1 mês e 3 meses.
· O consumismo é o ato que está relacionado ao consumo excessivo, ou seja, a compra de produtos ou serviços de um modo exagerado.
· Desenvolvimento sustentável é a capacidade de utilizar os recursos e os bens da natureza sem comprometer a disponibilidade desses elementos para as gerações futuras, e isso significa adotar um padrão de consumo e de aproveitamento das matérias-primas extraídas da natureza de modo a não afetar o futuro da humanidade, aliando desenvolvimento econômico e também responsabilidade ambiental.
· A Educação Financeira contribui para o desenvolvimento humano sustentável a partir do momento que as pessoas se conscientizarem sobre osproblemas gerados pelo consumismo e o quanto o consumo exagerado prejudica o meio em que vivemos.
 (
AUTOATIVIDADE
)
1 Vimos que a Educação Financeira pode ajudar as pessoas a cuidarem do seu dinheiro e dos investimentos, colaborando para que elas tenham consumos e uma vida financeira consciente. Por isso, diante do que você estudou nesse tópico, defina e explique o que é Educação Financeira.
2 Com relação à Educação Financeira, sua crescente relevância nos últimos anos vem ocorrendo em decorrência do desenvolvimento dos mercados financeiros e das mudanças demográficas, econômicas e políticas. Nesse sentido, analise as sentenças e classifique V para as sentenças VERDADEIRAS e F para as FALSAS:
( ) A Educação Financeira é importante para os consumidores, visto que ela auxilia as pessoas a gerirem a sua renda com responsabilidade.
( ) A Educação Financeira é importante apenas para pessoas com baixa renda.
( ) A Educação Financeira contribui para as pessoas pouparem e investirem com responsabilidade e consciência.
( ) A Educação Financeira é um tema que está relacionado à forma como compreendemos o dinheiro e todas as informações relacionados a ele.
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – V – F – F.
b) ( ) F – V – V – F.
c) ( ) V – F – V – V.
d) ( ) F – F – F – V.
3 Vimos, neste primeiro tópico, que as pessoas estão sempre envolvidas com finanças, seja no ambiente escolar, familiar ou profissional. Diante disso, qual a importância da Educação Financeira na vida das pessoas?
4 Alguns autores estudiosos sobre Educação Financeira alertam que o ensino da Educação Financeira é pouco trabalhado no ambiente escolar, logo, muitos jovens estão concluindo a educação básica sem nenhum aprendizado sobre situações financeiras. Nesse sentido, sobre a importância do ensino da Educação Financeira em sala de aula, analise as sentenças a seguir:
I- Para iniciar o estudo da Educação Financeira em sala de aula, primeiramente, o professor deve deixar claro para os estudantes o que é Educação Financeira.
II- A Educação Financeira deve ser abordada pelos professores somente nas
séries finais do ensino fundamental e no ensino médio.
III- Quando a Educação Financeira é ensinada em sala de aula, os estudantes podem se tornar cidadãos mais responsáveis e conscientes com o seu futuro financeiro.
Agora, assinale a alternativa que corresponda às sentenças CORRETAS:
a) ( ) I e II.
b) ( ) II e III.
c) ( ) I e III.
d) ( ) I, II e III.
5 É fato que o consumismo é um problema que afeta muitas pessoas e famílias nos dias de hoje. Nesse sentido, responda: quais as contribuições do ensino da Educação Financeira para evitar o consumismo?
6 Neste tópico, vimos que, nos dias de hoje, muito mais que a alguns anos atrás, ouve-se falar sobre o endividamento da população, consumismo e crise financeira. Diante disso, disserte sobre a importância da Educação Financeira para evitar o endividamento das pessoas e das famílias.
 (
—
) (
TÓPICO
 
2
CONCEITOS
 
BÁSICOS
 
DA
MATEMÁTICA
 
FINANCEIRA
UNIDADE
 
1
)1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, para iniciaremos nosso estudo sobre Matemática Financeira, conteúdo deste segundo tópico, primeiramente precisamos entender o que ela significa.
Santos (2017, p. 10) destaca que “a Matemática Financeira é um ramo da matemática que tem como objeto de estudo o comportamento do dinheiro ao longo do tempo. Esse tema avalia a forma como esse dinheiro é ou será empregado, visando maximizar o resultado”. Santos (2017, p. 10) ainda destaca que “a Matemática Financeira busca quantificar as transições que ocorrem no meio financeiro, levando em conta o valor monetário no tempo. No atual cenário de economia globalizada, nenhum projeto prossegue sem que sejam levados em conta todos seus aspectos financeiros”. Nesse sentido, podemos destacar que a matemática financeira é a aplicação de métodos matemáticos para problemas financeiros.
Sabemos também que a Matemática Financeira pode ser aplicada em várias situações do dia a dia, como, por exemplo, calcular as prestações de um financiamento de um móvel ou imóvel, optando pela forma de pagamento à vista ou parcelado. Desse modo, o estudo da Matemática Financeira se mostra como uma ferramenta essencial para qualquer pessoa que deseja entender o fluxo de capital corrente pelo mundo (SANTOS, 2017).
O autor Gimenes (2009, p. 19) nos apresenta o motivo do porquê estudar Matemática Financeira:
A matemática financeira pode ser sua maior ferramenta na tomada de decisões no dia a dia. O mercado está estruturado para vender cada vez mais rápido, ‘por impulso’, para você, ‘consumidor’. Nem sempre as operações são claras e bem explicadas, e isso faz com que, em certas situações, o consumidor não saiba decidir o que é melhor para ele. Cálculos financeiros, algumas vezes básicos, são muito úteis; eles o ajudarão a fazer bons negócios e a economizar seu dinheiro, acredite!
Afinal, qual o objetivo da Matemática Financeira? “A matemática financeira trata, em essência, do estudo do valor do dinheiro ao longo do tempo. O seu objetivo básico é o de efetuar análises e comparações dos vários fluxos de entrada e saída de dinheiro de caixa verificados em diferentes momentos” (ASSAF NETO, 2012, p. 1). O autor também destaca:
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Receber uma quantia hoje ou no futuro não são evidentemente a mesma coisa. Em princípio, uma unidade monetária hoje é preferível à mesma unidade monetária disponível amanhã. Postergar uma entrada de caixa (recebimento) por certo tempo envolve um sacrifício, o qual deve ser pago mediante uma recompensa, definida pelos juros. Desta forma, são os juros que efetivamente induzem o adiamento do consumo, permitindo a formação de poupanças e de novos investimentos (ASSAF NETO, 2012, p. 1).
	
	
Acadêmico, mais adiante estudaremos sobre os juros.
2 TERMINOLOGIA
Toda operação financeira, como a contratação de empréstimos, como, por exemplo, as dívidas em cartão de crédito e os financiamentos bancários, tem quatro componentes essenciais: o valor presente, o tempo, os juros e o valor futuro.
O valor presente funciona como ponto de partida da operação. Exemplo: o montante que você pega emprestado de um banco ao fazer o financiamento do seu carro ou da sua casa. A notação para o valor presente é a letra P. O valor presente também é chamado de origem (O), principal (P), ou capital (C).
O segundo componente essencial é o tempo. Toda operação se passa dentro de uma quantidade específica de tempo, certo? Pense, por exemplo, nos financiamentos de imóveis que se estendem até 30 anos, de acordo com o plano. Para nos referirmos à quantidade de tempo, usamos a letra n. É importante lembrar que não há uma regra nos dizendo se devemos utilizar dia, mês ou ano como unidade de medida, pois tudo depende do cálculo que desenvolveremos.
Tudo isso tem relação com o próximo componente, que são os juros. Sabemos que os juros podem ser aplicados por mês, dia, ano ou qualquer outro prazo estabelecido. O importante é que façam referência ao n (tempo), ou seja, quando falamos de 10% de juros ao mês, todos os nossos cálculos terão o mês como unidade de tempo e assim sucessivamente. I é a notação para a taxa de juros quando expressa em porcentagem e i para a citação em decimal.
O último componente, valor futuro, é o resultado da ação dos juros sobre o valor presente. Sua notação é Fn (esse n é o mesmo n da quantidade de tempo). O valor futuro é essencial para que o investidor saiba o quanto ele receberá no fim do investimento. Observação: os termos montante (M) e saldo (S) também são usados para designar o valor futuro.
 (
Acadêmico,
 
mais
 
adiante
 
trataremos
 
sobre
 
juros
 
compostos,
 
quando
 
utilizaremos
 
essas
 
terminologias
 
aqui
 
apresentadas.
)TÓPICO 2 — CONCEITOS BÁSICOS DA MATEMÁTICA FINANCEIRA
2.1 CONCEITOS BÁSICOS
Quando uma pessoa deseja pegar dinheiro emprestado em um banco, ela deve pagar uma espécie de “aluguel” pelo tempo que ficará com o dinheiro. Por esse motivo, quandotermina o prazo do empréstimo, a pessoa precisará pagar ao banco um valor maior do que pediu emprestado.
Esse aluguel é sempre uma porcentagem do valor do empréstimo. Assim, se a pessoa fizer um empréstimo maior, ela pagará mais aluguel. Além disso, o valor do aluguel é proporcional ao tempo que a pessoa fica com o dinheiro, ou seja, quanto maior for o período, maior será o aluguel.
Acadêmico, esse aluguel que comentamos até agora chama-se juros. A porcentagem que se paga de aluguel é a taxa de juros. O dinheiro que se pede emprestado é o capital, e o total que se paga no final do empréstimo é o montante. Veja, na figura a seguir, uma ilustração sobre o dinheiro emprestado pelo banco, mais os juros, que será igual ao montante que a pessoa deverá pagar no final do empréstimo.
FIGURA 1 – DEFINIÇÃO DE JUROS
FONTE: <https://blog.professorferretto.com.br/wp-content/uploads/2017/12/28.png>.
Acesso em 20 mar. 2020
Também devemos lembrar que, em vez de pedir dinheiro emprestado ao banco, uma pessoa pode também aplicar o dinheiro no banco, e, nesse caso, é a pessoa que está emprestando dinheiro ao banco e ele lhe pagará os juros.
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
No sistema de juros simples, o percentual é aplicado apenas sobre o valor inicial, sendo que, geralmente, o juro simples é usado em situações de curto prazo. Já nos juros compostos, a taxa incide sobre o montante de cada mês e não sobre o capital inicial. Sendo assim, podemos definir juros como o rendimento de uma aplicação financeira, valor referente ao atraso no pagamento de uma prestação ou a quantia paga pelo empréstimo de um capital (SANTOS, 2017).
Afinal, o que são juros? Por que eles existem? O autor Samanez (2010,
p. 1) nos traz uma definição para juros mais técnica: “juro é a remuneração do capital empregado”. Isso quer dizer que é a taxa de juros que faz com que um capital aplicado ou uma dívida acumulada tenha um valor diferente depois de um determinado período de tempo (WAKAMATSU, 2012).
Como vimos anteriormente, a taxa de juros tem notação i em seu formato decimal. Sua fórmula pode ser expressa por:
Nessa fórmula, J é o rendimento, ou seja, o quanto o valor inicial evoluiu, e P é o valor presente.
Agora, desenvolveremos essa fórmula para chegar a um outro dado interessante. Se
temos por extensão que J = P . i. Por definição, o rendimento é a diferença entre P e
 (
n
n
n
)F . Daí, concluímos que P . i = F – P. Colocando P em evidência, temos: F = P (1 + i)
Acadêmico, antes de continuarmos nosso estudo sobre os conceitos básicos, é importante destacar que os juros podem ter qualquer periodicidade, ou seja, podemos usar dias, meses ou anos. O importante é deixar isso bem claro e trabalhar sempre com a mesma medida de tempo. Uma boa maneira de explicitar isso é com uma notação simples, no formato a.x, em que x se refere a unidade de tempo que escolhemos. Ou seja:
a.a. – ao ano.
a.m. – ao mês.
a.d. – significa ao dia.
a.s. – ao semestre.
a.t. – ao trimestre.
TÓPICO 2 — CONCEITOS BÁSICOS DA MATEMÁTICA FINANCEIRA
Para compreendermos melhor o que estudamos até aqui, observe esse exemplo: vamos supor que temos uma aplicação inicial de R$1.000,00 com juros de 6% a.m. Qual valor vamos ter depois de um mês?
Fn= P (1 + i) Fn= 1.000 (1 + 0,06)
 (
n
)F = 1.000 . 1,06
Fn= 1.060
 (
Acadêmico, note que deflnimos nesse exemplo uma taxa de juros de 6%,
 
porém, para realizar o cálculo, utilizamos 0,06. Essa notação percentual para decimal é
 
essencial
 
para
 
a
 
execução
 
do
 
cálculo.
 
Lembre-se
 
que
 
6%
 
é
 
o
 
mesmo
 
que
 
ou
 
0,06.
)Ou seja, se aplicarmos R$1.000 com juros de 6% a.m., após um mês, teremos R$1.060,00, isso quer dizer que teremos um rendimento de R$60,00.
3 DIAGRAMA DAS OPERAÇÕES FINANCEIRAS
 (
O
 
diagrama
 
das
 
operações
 
flnanceiras
 
também
 
é
 
conhecido
 
como
 
diagrama
 
de
 
fluxo
 
de
 
caixa
 
(entradas
 
e
 
saídas
 
de
 
caixa).
)Para que uma operação financeira exista, é necessário a presença de dois agentes: o tomador e o financiador. Acadêmico, sabemos que todos os negócios que envolvem juros contêm uma parte de “entrada” e uma de “saída”. Pense, por exemplo, em um empréstimo bancário, em que, de um lado está o cliente, e, de outro está a instituição financeira que repassa o dinheiro. Para ambos os lados, os valores inicial e final do processo são os mesmos. O que modifica é o fluxo da quantia, se está “entrando” ou “saindo”. Entre o valor inicial e o final está o tempo, variável essencial quando falamos de juros, afinal, sabemos que a quantidade de tempo envolvida é o que determinará o tamanho da diferença entre o valor presente e o futuro (WAKAMATSU, 2012).
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
O diagrama das operações financeiras é uma representação gráfica em uma reta, dos períodos e dos valores monetários em cada período. É traçado uma reta horizontal, que é denominada eixo do tempo e que pode ser expresso em dias, meses, anos etc., na qual são representados os valores monetários, considerando a seguinte convenção: seta para cima para o dinheiro recebido e seta para baixo para o dinheiro pago. Ou seja, o diagrama deve ser feito sempre sob as duas óticas: a do tomador e a do recebedor da operação.
Gimenes (2009) nos traz um exemplo prático para ilustrar a produção de um diagrama: vamos supor que um amigo pede dinheiro emprestado a outro. O amigo A empresta R$1.000,00 ao amigo B, e eles combinam que, 5 meses após a realização do empréstimo, B devolverá a A os R$1.000,00 e mais R$100,00 adicionais (uma espécie de “compensação” pelo tempo de espera). O fluxo de caixa, na visão de B, o tomador do empréstimo, teria o aspecto da figura a seguir:
FIGURA 2 – FLUXO DE CAIXA NA VISÃO DO TOMADOR
FONTE: Gimenes (2009, p. 22)
Agora, compreenderemos cada um dos elementos diagrama. A primeira figura oval aponta “para cima”, isso significa que ela se refere a uma entrada de dinheiro. Nela apontamos o valor do início do processo. Logo, a figura oval da direita, que aponta para baixo, representa a saída de dinheiro, onde citamos os R$1.100,00, valor que o tomador terá que desembolsar no fim da operação.
Entre uma figura oval e outra, temos a linha do tempo, sendo zero na entrada e cinco na saída. Acadêmico, é importante destacar que, se a situação é bem descrita, não é necessário esclarecer qual a unidade de tempo representada pela linha. Veremos agora como ficará o diagrama na visão do financiador:
TÓPICO 2 — CONCEITOS BÁSICOS DA MATEMÁTICA FINANCEIRA
FIGURA 3 – FLUXO DE CAIXA NA VISÃO DO FINANCIADOR
FONTE: Gimenes (2009, p. 22)
Certamente você percebeu que os dois diagramas são praticamente uma versão espelhada. A linha do tempo é exatamente a mesma. O segredo está na inversão do sentido das duas figuras ovais. O que havia aparecido como entrada vem agora como saída e vice-versa. A primeira figura oval, que aponta “para baixo”, representa saída de dinheiro para o financiador, R$1.000,00. Logo, a figura oval da direta, que aponta “para cima”, significa que ela se refere a entrada de dinheiro, ou seja, R$1.100,00.
4 REGIME DE CAPITALIZAÇÃO SIMPLES
Caro acadêmico, para dar continuidade ao nosso estudo, iremos agora estudar sobre o regime de juros simples. Vamos lá!
4.1 O REGIME DE JUROS SIMPLES
Acabamos de estudar uma situação em que um valor de empréstimo “nasce” em R$1.000,00 e é quitado por R$1.100,00. Sabemos que o que faz uma quantia se elevar até a outra são os juros. Nesse exemplo podemos afirmar que houve R$100,00 de juros, visto que é essa a diferença entre o valor inicial e o valor final.
Podemos definir o regime de juros simples, como aquele em que “os juros de cada período são calculados sempre sobre o mesmo principal” (SAMANEZ, 2010, p. 2). Ou seja: em um intervalo de tempo, os juros incidirão única e exclusivamente sobre P, o valor inicial dos procedimentos e não sobre o montante já derivado dos próprios juros nas etapas seguintes (WAKAMATSU, 2012).
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Veja o exemplo do autor Wakamatsu (2012),que ilustra bem o regime de juros simples: o cidadão C obtém um empréstimo de R$1.000,00 com seu amigo D. Eles combinam entre si que o sistema é de juros simples e que haverá uma taxa de 10% ao mês. Após 5 meses, qual o valor exato que C deverá pagar a D? Primeiramente, precisamos recorrer à terminologia e às fórmulas que já aprendemos anteriormente nesse tópico.
O valor presente, P, é 1.000. A taxa de juros, i, é 10%, e com representação decimal i = 0,1. O valor futuro, Fn , é exatamente o que nós queremos calcular.
Agora, entra em cena um componente que ainda não havíamos estudado nesse tópico, o tempo. Nesse exemplo, estamos falando sobre um processo que dura 5 meses e que tem taxa de juros de aplicação mensal.
Para aferir a passagem do temo, basta inserir a quantidade de tempo correspondente multiplicando a taxa na fórmula que já vimos anteriormente:
Fn= P (1 + i)
A qual passa a ser expressa como:
 (
n
)F = P [1 + (i . n)]
Aplicando a fórmula no nosso exemplo, temos que:
 (
n
)F = P [1 + (i . n)]
 (
n
)F = 1.000 [1 + (0,1 . 5)]
Fn= 1.000 [1 + (0,5)]
Fn= 1.000 (1,5)
Fn= 1.500
Logo, após 5 meses, o cidadão C deverá pagar ao seu amigo D, R$1.500,00.
 (
n
)Acadêmico, com base no autor Wakamatsu (2012), entenderemos como chegamos à fórmula F = P [1 + (i . n)]. Nossa meta era incluir o componente tempo para calcular o valor futuro, certo? Por definição, o valor futuro é igual à soma
 (
n
)entre o valor presente e o rendimento; ou, em notação, Fn= P + Jn. Esses juros variam de acordo com o tempo e são resultantes da multiplicação entre o valor presente, a taxa de juros (em decimal) e a quantidade de tempo. Então: J = P. i . n .
Agora, transpondo o cálculo do rendimento para o do valor futuro,
ficamos com F = P + (P . i . n) , de onde podemos extrair o F = P [1 + (i . n)] que
n	n
acabamos de utilizar.
TÓPICO 2 — CONCEITOS BÁSICOS DA MATEMÁTICA FINANCEIRA
Algumas manipulações na fórmula nos levam a um mecanismo que nos permite calcular o rendimento mesmo quando não temos o valor presente. Nesse caso, precisamos trabalhar somente com o valor futuro, o tempo, e a taxa de juros. Veja:
Se
J = P . i . n
Logo,
P. i . n = J
Logo, isolando P, temos que:
Se J é, por essência, igual a Fn–P, ao substituirmos P pelo que acabamos de calcular, teremos:
Outro mecanismo existente para o cálculo dos juros simples é o que chamamos de método hamburguês. Esse método pode ser empregado quando temos uma mesma taxa de juros, mas com valores presente e contagens de tempo distintos – sua aplicação clássica é o cheque especial. A fórmula do método hamburguês é:
 (
n
2
2
1
1
n
n
)J = i . [(P . n ) + (P . n ) + ... + (P . n )],
Sendo P e n relativos a cada um dos períodos de tempo que estamos analisando. Geralmente, o método hamburguês é utilizado com o auxílio de uma planilha eletrônica.
4.2 PERÍODOS NÃO INTEIROS
Acabamos de desenvolver um exemplo que tem n com um valor inteiro, o da unidade de tempo padrão, que se refere também ao regime de juros. Porém, como devemos trabalhar com frações de períodos? O autor Samanez (2010, p. 3)
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
nos traz que, muitas vezes, “o período de investimento é somente uma fração do período expresso na taxa de juros. Nesses casos em que a unidade de tempo da taxa de juros e do período de investimento são diferentes, é necessário homogeneizá- las por meio de um ajuste na taxa”.
Acadêmico, pense, por exemplo, em um empréstimo contraído com uma taxa de juros de 10% ao ano e do qual queremos saber o valor de quitação no prazo de 15 meses. Nesse caso, não podemos simplesmente aplicar a taxa de juros anual, certo?
Se ocorrer isso, ou qualquer outra situação em que haja “discordância” entre o tempo e a referência temporal da taxa de juros, precisamos utilizar recursos matemáticos para efetuar o cálculo dos juros de forma correta (WAKAMATSU, 2012). Veja agora alguns exemplos de ajuste na taxa de juros:
a) Se a taxa de juros for mensal e o prazo de aplicação referir-se a dias:
 (juro comercial)
b) Se a taxa de juros for anual e o prazo de aplicação referir-se a meses:
 (juro comercial)
c) Se a taxa de juros for anual e o prazo da aplicação referir-se a dias:
 (juros comerciais), e (juros exatos)
 (
O
 
ano
 
comercial
 
tem
 
360
 
dias
 
e
 
não
 
365;
 
assim
 
como
 
atribuímos
 
o
 
total
 
de
 
30 dias por mês quando falamos de mês genérico. Além do comercial, temos o ano civil,
 
no
 
qual
 
as
 
datas
 
são
 
representadas
 
com
 
exatidão.
 
Antes
 
de
 
qualquer
 
exercício
 
ou
 
atividade
 
geral
 
para calcular
 
valores futuros,
 
conflrme qual
 
contagem de tempo
 
será adotada.
)As taxas entre parênteses representam taxas proporcionais, homogêneas em relação ao prazo de aplicação.
TÓPICO 2 — CONCEITOS BÁSICOS DA MATEMÁTICA FINANCEIRA
Veja agora dois exemplos de aplicação:
Exemplo 1: qual o rendimento de R$10.000,00 aplicados por um mês à
taxa de juros simples de 36% a.a.?
Dados:
P = R$10.000,00
n = 1 mês
i = 36% a.a. = 0,36
J = ?
Calculando:
Ou seja, o rendimento será de R$300,00.
Exemplo 2: calcular o rendimento de R$12.000,00 aplicados durante os primeiros 5 meses do ano à taxa de juros simples de 40% a.a. Efetuar os cálculos considerando ano comercial (360 dias) e ano civil (365 dias).
Dados:
P = R$12.000,00
n = 150 dias (comercial) e 151 dias (civil) i = 40% a.a. = 0,40
J =?
Calculando (ano comercial):
Calculando (ano civil):
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Acadêmico, é importante destacar que, em alguns casos, pode ser que o tempo chegue até nós de maneira indireta, em vez de termos como ponto de partida algo como “10 dias” ou “3 meses”, o exercício nos dá apenas a data inicial e a data final da aplicação. Quando isso acontece, podemos recorrer à tábua para contagem de dias entre duas datas.
TABELA 1 – TÁBUA PARA CONTAGEM DE DIAS ENTRE DUAS DATAS
	JAN.
	FEV.
	MAR.
	ABR.
	MAI.
	JUN.
	JUL.
	AGO.
	SET.
	OUT.
	NOV.
	DEZ.
	1
	32
	60
	91
	121
	152
	182
	213
	244
	274
	305
	335
	2
	33
	61
	92
	122
	153
	183
	214
	245
	275
	306
	336
	3
	34
	62
	93
	123
	154
	184
	215
	246
	276
	307
	337
	4
	35
	63
	94
	124
	155
	185
	216
	247
	277
	308
	338
	5
	36
	64
	95
	125
	156
	186
	217
	248
	278
	309
	339
	6
	37
	65
	96
	126
	157
	187
	218
	249
	279
	310
	340
	7
	38
	66
	97
	127
	158
	188
	219
	250
	280
	311
	341
	8
	39
	67
	98
	128
	159
	189
	220
	251
	281
	312
	342
	9
	40
	68
	99
	129
	160
	190
	221
	252
	282
	313
	343
	10
	41
	69
	100
	130
	161
	191
	222
	253
	283
	314
	344
	11
	42
	70
	101
	131
	162
	192
	223
	254
	284
	315
	345
	12
	43
	71
	102
	132
	163
	193
	224
	255
	285
	316
	346
	13
	44
	72
	103
	133
	164
	194
	225
	256
	286
	317
	347
	14
	45
	73
	104
	134
	165
	195
	226
	257
	287
	318
	348
	15
	46
	74
	105
	135
	166
	196
	227
	258
	288
	319
	349
	16
	47
	75
	106
	136
	167
	197
	228
	259
	289
	320
	350
	17
	48
	76
	107
	137
	168
	198
	229
	260
	290
	321
	351
	18
	49
	77
	108
	138
	169
	199
	230
	261
	291
	322
	352
	19
	50
	78
	109
	139
	170
	200
	231
	262
	292
	323
	353
	20
	51
	79
	110
	140
	171
	201
	232
	263
	293
	324
	354
	21
	52
	80
	111
	141
	172
	202
	233
	264
	294
	325
	355
	22
	53
	81
	112
	142
	173
	203
	234
	265
	295
	326
	356
	23
	54
	82
	113
	143
	174
	204
	235
	266
	296
	327
	357
	24
	55
	83
	114
	144
	175
	205
	236
	267
	297
	328
	358
	25
	56
	84
	115
	145
	176
	206
	237
	268
	298
	329
	359
	26
	57
	85
	116
	146
	177
	207
	238
	269
	299
	330
	360
	27
	58
	86
	117
	147
	178
	208
	239
	270
	300
	331
	361
	28
	59
	87
	118
	148
	179
	209
	240
	271
	301
	332
	362
	29
	
	88
	119
	149
	180
	210
	241
	272
	302
	333
	363
	30
	
	89
	120
	150
	181
	211
	242
	273
	303
	334
	364
	31
	
	90
	
	151
	
	212
	243
	
	304
	
	365
FONTE: Adaptado de Samanez (2010, p. 10)
TÓPICO 2 — CONCEITOS BÁSICOS DA MATEMÁTICA FINANCEIRA
Com essa tábua, podemos determinar quantos dias se passaram entre uma data e outra. Para isso, basta pegar o número correspondente à data mais avançada e subtrair o da mais recuada, por exemplo, se queremos verificar quantos dias se passaram entre8 de maio e 11 de agosto, subtraímos 128 de 223 e chegamos a um n igual a 95 dias, veja:
TABELA 2 – UTILIZANDO A TÁBUA PARA CONTAGEM DOS DIAS
FONTE: A autora
	
encontrado.
	
Tenha cuidado de, no caso de anos bissextos, acrescentar 1 (um) ao resultado
Acadêmico, veja agora um exemplo em que vamos utilizar a tábua para contagem de dias entre duas datas (SAMANEZ, 2010, p. 11):
Exemplo: um capital de R$1.000,00 aplicado em 12 de fevereiro a juro simples de 0,2% a.d. foi resgatado em 14 de julho do mesmo ano. Determine o valor do resgate.
Dados:
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
P = 1.000
i = 0,2% a.d. = 0,002
n =?
Fn = ?
Determinação do prazo usando a tábua de contagem de dias entre duas datas do ano civil (ver número de dias na Tabela 1):
Número de dias da data posterior (14 de julho): 195 Número de dias da data anterior (12 de fevereiro): 43
195 - 43 = 152. Logo, n = 152.
Aplicando os dados na fórmula:
Logo, o valor do resgate será de R$1.304,00.
4.3 EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS A JUROS SIMPLES
Acadêmico, agora, entenderemos um pouco mais sobre equivalência de capitais a juros simples, mas, para isso, analisaremos a seguinte situação: vamos supor que duas pessoas têm, cada uma, uma dívida de R$2.000,00 com o banco. Pense: nesse caso, podemos dizer que as duas pessoas pegaram emprestado o mesmo valor? Não necessariamente. Mas por quê? Os R$2.000,00 podem representar situações completamente diferentes, com valores presentes, taxas de juros e tempos diferentes. Isso quer dizer que uma dívida igual seria apenas uma coincidência (WAKAMATSU, 2012).
O autor Wakamatsu (2012, p. 11) destaca que: “em matemática financeira, chamamos de equivalentes os capitais que têm o mesmo valor em determinada data de avaliação (data focal)”. O autor ainda apresenta que a equivalência está muito presente em situações, como, por exemplo, uma renegociação de dívidas, ou seja, a pessoa tem um débito, que sabe que não poderá quitá-lo no prazo, e, por conta disso, busca um acordo para o pagamento dessa dívida em outra data. Nesse caso, é necessário que o novo montante seja equivalente ao que seria pago se fossem cumpridas as disposições iniciais.
TÓPICO 2 — CONCEITOS BÁSICOS DA MATEMÁTICA FINANCEIRA
Para exemplificar, o autor Samanez (2010) nos apresenta um diagrama de fluxo que ilustra a equivalência a juros simples de 10% de dois capitais: um de R$3.636,35 que ocorre na data 1 e outro de R$5.600,00, na data 6. Veja:
FIGURA 4 – EXEMPLO DE DIAGRAMA DE FLUXO
FONTE: Samanez (2010, p. 7)
Se nós mudarmos a data focal, a equivalência dos capitais não será mantida. “Consequentemente, a juros simples, capitais equivalentes em determinada época não o serão em outra. Esse resultado é produto do processo de cálculo adotado no regime linear ou de juros simples, em que não se pode fracionar o prazo da aplicação” (SAMANEZ, 2010, p. 7).
Nas transações com regime de juro simples, a equivalência ocorre somente em um único instante no tempo, ou seja, é em apenas um n que duas situações distintas terão seus Fn iguais entre si. Os exercícios ligados ao conceito
de equivalência podem lhe questionar qual o n, quais os valores presentes e até
mesmo a taxa de juros. Nas situações que veremos agora, vamos trabalhar apenas com exemplos nos quais a taxa é igual para os dois montantes (WAKAMATSU, 2012).
Acompanhe agora o exemplo do autor Samanez (2010, p. 8), que nos ajudará a compreender a ideia:
Exemplo: uma pessoa tem os seguintes compromissos a pagar: R$2.000,00 daqui a 3 meses e R$2.500,00 daqui a 8 meses. Ela quer trocar esses débitos por dois pagamentos iguais, um para 10 meses e outro para 15 meses. Calcule o valor desses pagamentos se a taxa de juros simples for de 10% a.m.
O primeiro passo para resolver uma questão de equivalência é colocar
essa situação em um gráfico. Veja:
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
FIGURA 5 – EXEMPLO DE EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS A JUROS SIMPLES
FONTE: Samanez (2010, p. 8)
Nesse exemplo, temos uma linha do tempo e as discriminações dos 4 pagamentos que foram citados no exemplo: os dois pagamentos atuais (a 3 e 8 meses) e a 10 e 15 meses, os dois (com o mesmo valor) da nova situação. Agora, a partir da figura anterior e dos dados fornecidos nessa figura, analise a fórmula a seguir:
Substituindo os valores do exemplo, temos que:
Acadêmico, perceba que essa fórmula exemplifica e nos mostra a igualdade entre os dois pagamentos, e, nesse caso, utilizamos de um lado da equação x para representar os dois pagamentos reais, e, do outro lado, X para representar a quantia hipotética.
Outra observação: nos denominadores, perceba a ponderação da taxa de juros de acordo com os n sobre os quais estamos trabalhando nesse exemplo: 3, 8, 10 e 15. Agora, resolvendo a fórmula, temos:
TÓPICO 2 — CONCEITOS BÁSICOS DA MATEMÁTICA FINANCEIRA
Ou seja, dois pagamentos de R$3.252,61, efetuados um no 10º e outro no 15º mês de uma transação que tem juros mensais de 10%, equivalem a um pagamento de R$2.000,00, no 3º mês, e um de R$2.500,00 no 8º mês, ambos também com juros de 10% a.m.
5 TAXAS DE JUROS NOMINAIS E TAXA PROPORCIONAL
Acadêmico, estudaremos, neste subtópico, sobre as taxas de juros nominais e logo em seguida a taxa proporcional. Após isso, fecharemos nosso estudo sobre juros simples, nesse segundo tópico da primeira unidade, abordando os descontos. Vamos lá?
5.1 TAXA DE JUROS NOMINAIS
As taxas de juros nominais são outra maneira de explicarmos como ocorre a evolução de uma dívida. Elas são aplicáveis quando queremos trabalhar com um período de tempo diferente do especificado pela taxa de juros (também quando os juros são capitalizados mais de uma vez no período a que a taxa se refere). Um exemplo é quando falamos de uma taxa anual de juros, da qual sabemos que a aplicação será feita em cada um dos meses compreendidos no período (WAKAMATSU, 2012).
O cálculo das taxas nominais tem como base unicamente as pontas do processo: o valor presente e o valor futuro. Essas taxas são chamadas nominais justamente por isso, pois elas referem-se a valores que conhecemos e que dão essência a uma transação financeira. Sua fórmula de cálculo é simples: basta dividir os juros (diferença entre valor futuro e valor presente) pelo valor nominal do empréstimo (que é o valor presente) (WAKAMATSU, 2012). Ou seja:
Acadêmico, veja agora o exemplo que o autor Wakamatsu (2012, p. 14) nos apresenta: pense em uma situação em que uma pessoa solicita um empréstimo de R$30mil e, ao quitá-lo, um mês após o empréstimo, desembolsa R$38 mil. Chegamos à taxa de juros nominal efetuando o seguinte cálculo:
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
ou seja,
Taxa nominal = 26,67% a.m.
Acadêmico, multiplicando 0,2666... por 100, temos que a taxa é de 26,67%
a.m. (lembrando que nesse caso utilizamos as regras de arredondamento).
Verificamos, então, que a taxa para uma pessoa que solicita um empréstimo de R$30 mil e, ao quitá-lo, um mês após o empréstimo, desembolsa R$ 38 mil, é de 26,67% a.m.
Outra taxa que também pode ser citada é a taxa efetiva. Utilizamos essa taxa quando lidamos com situações em que, além da taxa de juros convencional, há ainda outro valor a ser pago pelo cliente. Pense, por exemplo, nas taxas de administração, muito utilizadas pelos bancos. Agora, aplicaremos essa realidade ao exemplo que acabamos de ver. Imagine que o cliente da situação descrita tenha que pagar uma tarifa de 5% sobre o valor do empréstimo. Então, ao final do processo (após um mês), terá que desembolsar, além dos R$38 mil, mais 5% de R$30 mil. Então, nesse caso, para calcularmos a taxa de juros efetiva, colocamos no numerador da fração tudo o que cliente efetivamente pagou (WAKAMATSU, 2012). Acadêmico, veja agora a conta que essa situação nos dá:
ou seja,
Taxa efetiva = 33,33% a.m.
Verificamos, então, que a taxa é de 33,33% a.m.
5.2 TAXA PROPORCIONAL
As taxas proporcionais são outra maneira de expressarmos as taxas nominais. É o modo como definimos as taxas nominais de acordo com uma fração do tempo aoqual elas se referem. O seu cálculo é realizado da seguinte maneira: dividir a taxa nominal de juros pela fração do tempo que se quer calcular.
TÓPICO 2 — CONCEITOS BÁSICOS DA MATEMÁTICA FINANCEIRA
	
	
As taxas proporcionais também são conhecidas por taxas lineares.
A seguir, veremos um exemplo de Samanez (2010, p. 38):
Exemplo: a taxa proporcional ao mês para uma taxa nominal de 18% a.a., capitalizada mensalmente, é de 1,5% a.m., veja:
Taxa proporcional = 
Nesse caso, o percentual de juros que incidirá sobre o capital a cada mês será 1,5%. A taxa proporcional é de 6% a.m., para três meses, é de 18%; a de 24% a.a., para cinco meses, é de 10%, e assim sucessivamente, variando linearmente. Logo, as taxas proporcionais devem atender à seguinte proporção:
 (
1
1
2
2
)n . i = n . i ,
em que n1 e n2 representam os prazos de cada taxa; e i1 e i2 correspondem aos percentuais das taxas consideradas.
Exemplo: determinar as seguintes taxas proporcionais:
a) 2,5% a.m. é proporcional a qual taxa anual?
2,5% x 12 = 30% a.a.
b) 3% a.s. é proporcional a qual taxa anual?
3% x 2 = 6% a.a.
c) 4% a.t. é proporcional a qual taxa anual?
4% x 4 = 16% a.a.
d) 9% a.s. é proporcional a qual taxa trimestral?
9% 2 = 4,5% a.t.
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
	
	
Lembrando que: a.s. = ao semestre e a.t. = ao trimestre
6 DESCONTOS
Todos os cálculos que fizemos até agora tem algo em comum: foram contas aditivas, com valor final maior do que o inicial. Sempre partimos de uma quantia e, por causa dos juros, obtivemos um montante superior, certo? Agora, veremos como fazer o contrário: reduzir valores aplicando os ensinamentos da matemática financeira.
Na vida real, a situação em que esse tipo de cálculo se faz mais necessário é o resgate antecipado de aplicações. Por exemplo: se você colocou um valor no banco e pretende retirá-lo em 12 meses, mas, por motivo qualquer, precisa reaver o dinheiro antes desse prazo de 12 meses, certamente não obterá a mesma quantia que retiraria caso cumprisse o prazo, e nesse caso, haverá um desconto. Afinal, o que é desconto? Para Samanez (2010, p. 6):
Desconto é a denominação dada a um abatimento que se faz quando um título de crédito é resgatado antes de seu vencimento. É uma operação tradicional no mercado financeiro e no setor comercial, em que o portador de títulos de crédito, tais como letras de câmbio, notas promissórias etc., pode levantar fundos em um banco, descontando o título antes da data de vencimento. O banco, naturalmente, libera uma quantia menor que o valor inscrito no título, dito nominal. A diferença entre o valor nominal (N) e o valor líquido (V) pago ao portador do título é o que se denomina desconto (D).
Para Wakamatsu (2012, p. 16), “a noção de desconto, aliás, é análoga à dos juros – trata-se da diferença entre o valor inicial e o valor final; a diferença entre os dois conceitos é o “sentido” da operação”. O autor também destaca que há uma modalidade de desconto, chamada desconto racional simples, cujo cálculo é igual à da aplicação de juros simples.
 (
O termo “valor inicial” é equivalente ao termo “valor presente” e o termo “valor
 
flnal”
 
é
 
equivalente
 
ao
 
termo
 
“valor
 
futuro”.
)TÓPICO 2 — CONCEITOS BÁSICOS DA MATEMÁTICA FINANCEIRA
6.1 DESCONTO SIMPLES
Pela sistemática da capitalização simples, os valores do desconto são obtidos por meio de cálculos lineares. Nessa sistemática, o desconto é tradicionalmente classificado em duas modalidades:
· Desconto racional simples, que também é chamado desconto por dentro.
· Desconto bancário ou comercial simples, que também é chamado desconto por fora.
A rigor, o desconto racional simples não passa de uma aplicação de juros simples quando o valor presente do capital é desconhecido (SAMANEZ, 2010).
6.1.1 Desconto racional simples
Nessa modalidade, o valor do desconto é cálculo a juros simples da seguinte maneira:
Em que i representa a taxa de juros simples, n é o prazo a decorrer até o
vencimento do título e Vr é o valor atual ou o valor líquido liberado na data do desconto.
6.1.2 Desconto bancário ou comercial simples
Damos o nome de comercial ou bancário ao tipo de desconto mais frequente na matemática financeira. Nessa modalidade, também chamada desconto por fora, o valor do desconto é obtido multiplicando-se o valor nominal do título pela taxa de desconto fornecida pelo banco e pelo prazo a decorrer até o vencimento do título:
Dc = N. d. n
 (
Nem
 
sempre
 
o
 
banco
 
trabalha
 
apenas
 
com
 
a
 
taxa
 
de
 
desconto.
 
Ele
 
também
pode cobrar uma taxa pelos seus serviços, chamada de “taxa de serviço bancário (s)”, que
 
comumente
 
recai
 
sobre
 
o
 
valor
 
nominal
 
(N).
 
Quando
 
isso
 
ocorrer,
 
a
 
expressão
 
do
 
valor
será: 
D
 
=
 
N 
.
 
(s + d 
.
 
n).
b
)UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
A seguir, veremos um exemplo de Wakamatsu (2012, p. 16):
Exemplo: temos um título de R$1.000,00, cujo vencimento ocorreria daqui a 3 meses. A taxa de desconto é de 5% ao mês. Se formos resgatar esse título hoje, com quanto ficaremos em mãos?
Dados:
N = 1.000
d = 5% = 0,05
n = 3
Substituindo os dados na fórmula:
 (
c
)D = N . d . n
 (
c
)D = 1.000 . 0,05 . 3
Dc = 150
Um erro muito comum que poderíamos cometer é acabar o exercício e dar R$150,00 como resposta. Devemos observar que a questão não foi sobre o desconto, mas sim sobre o valor final do resgate. Como já sabemos o desconto e o valor presente, agora só precisamos efetuar uma subtração simples para chegar ao valor futuro:
Fn = P – Dc
Fn = 1.000 – 150
Fn = 850
Agora sim, respondendo à pergunta do exemplo: é com R$850,00 que
ficaríamos em mãos se resgatássemos o dinheiro hoje.
É importante destacar que, nesse exemplo que acabamos de ver, nós sabíamos o valor nominal, o prazo e a taxa de desconto, então calculamos o
TÓPICO 2 — CONCEITOS BÁSICOS DA MATEMÁTICA FINANCEIRA
desconto propriamente dito. Porém, há situações em que a incógnita pode ser outra. É comum termos à disposição o valor nominal e o valor de resgate, além do prazo, e, a partir daí, buscarmos o cálculo da taxa de desconto (WAKAMATSU, 2012). Quando isso ocorrer, utilizamos a seguinte fórmula:
O número 30 que está na segunda fração deve ser utilizado apenas quando os juros forem mensais, e o n que vai abaixo dele diz respeito ao total de dias transcorridos. Se forem juros anuais, colocamos 12 no numerador e, no denominador, os meses passados.
6.2 TAXA DE DESCONTO EFETIVA
A taxa de desconto efetiva é aquela que é realmente cobrada na operação de desconto. Essa taxa, quando aplicada sobre o valor liberado (valor descontado), gera no período considerado (prazo da operação) um montante igual ao valor nominal do título, isto é, gera juros iguais ao valor do desconto.
A taxa de desconto efetiva é essencial para a compreensão de muitas operações bancárias, afinal, há ocasiões em que a taxa de desconto que conhecemos não explica totalmente a diferença entre o valor de resgate e o valor nominal.
Para compreender melhor a relação entre a taxa de desconto efetiva e a taxa de desconto convencional, veja o exemplo de Samanez (2010, p. 71): consideremos uma duplicata com valor nominal de R$5.500,00, descontada comercialmente 3 meses antes do vencimento à taxa de desconto de 3,3333% a.m. A seguir, calculamos o valor do desconto (juros) e o valor liberado:
 (
c
)D = N . d . n
 (
c
)D = 5.500 . 0,033333 . 3
Dc = 550
Substituindo os dados na fórmula:
V = N – D
V = 5.500 – 550
V = 4.950
Logo, o valor de resgate seria R$4.950,00.
 (
Duplicata
 
é
 
um
 
documento
 
que
 
estabelece
 
e
 
comprova
 
um
 
acordo,
 
um
 
título
 
de
 
crédito
 
pelo
 
qual
 
o
 
comprador
 
se
 
obriga
 
a
 
pagar
 
dentro
 
do
 
prazo.
)UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Veja a figura a seguir, que nos mostra como podemos representar esse processo graficamente:
FIGURA 6 – DIAGRAMA DA TAXA DE DESCONTO EFETIVA
FONTE: Samanez (2010, p. 72)
Chegamos, então, ao momento em que constatamos a diferençaentre as duas taxas. Se resgatamos R$4.950,00 por conta dos 3 meses de antecedência, isso sugere que, se aplicássemos esses mesmos R$4.950,00 por 3 meses com juros de 3,3333% a.m., teríamos os R$5.500,00, o valor nominal da duplicata. Agora, faremos as contas aplicando o princípio do cálculo dos juros simples:
 (
n
)F = P [1 + (i . n)]
 (
n
)F = 4.950 [1 + (0,03333 . 3)]
Fn= 4.950 [1 + 0,09999]
 (
n
)F = 4.950 .1,09999
Fn= 5.444,95
Observe que a nossa conta não fechou. Por quê? A explicação para isso é que, em uma operação com desconto comercial, os juros são pagos antecipadamente e, por consequência, podem ser reaplicados pelo banco. Aliás, é daí que vem grande parte do lucro obtido pelas instituições bancárias. O nosso desafio agora passa a ser encontrar uma taxa de juros que leve os R$4.950,00 aos R$5.500,00. Essa taxa será a que realmente corresponde à variação dos valores (WAKAMATSU, 2012). Para isso, utilizaremos a fórmula de cálculo da taxa de desconto efetiva linear (i). Veja:
TÓPICO 2 — CONCEITOS BÁSICOS DA MATEMÁTICA FINANCEIRA
Essa fórmula leva em conta a taxa de desconto e o tempo do resgate. Temos também uma fórmula alternativa, similar à do desconto comercial que já estudamos anteriormente:
Nessa fórmula, o n representa o tempo em dia. É importante ressaltar que, quando formos trabalhar com uma taxa anual, devemos trocar o numerador 30 da segunda fração por 360. A sua vantagem é não precisar da taxa de desconto nominal para o cálculo. Agora, aplicaremos as duas fórmulas ao nosso exemplo. Veja:
Acadêmico, agora, para que você visualize com perfeição a importância da taxa efetiva, vamos aplicar os R$4.950,00 por 3 meses, a 3,7037% a.m., e verificar o resultado:
 (
n
)F = P [1+ (i . n)]
 (
n
)F = 4.950 [1+ (0,037037 . 3)]
Fn = 4.950 [1+ (0,111111)]
Fn = 4.950 [1,111111]
Fn = 5.500
Com isso, encontramos o valor nominal da duplicata.
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
· A Matemática Financeira é um ramo da matemática que tem como objeto de estudo o comportamento do dinheiro ao longo do tempo.
· A Matemática Financeira busca quantificar as transições que ocorrem no meio financeiro, levando em conta o valor monetário no tempo.
· Toda operação financeira, como a contratação de empréstimos, como, por exemplo, as dívidas em cartão de crédito e os financiamentos bancários, tem quatro componentes essenciais: o valor presente, o tempo, os juros e o valor futuro.
· Juro é a remuneração do capital empregado.
· Para que uma operação financeira exista, é necessária a presença de dois agentes: o tomador e o financiador.
· Podemos definir o regime de juros simples, como aquele em que os juros de
cada período são calculados sempre sobre o mesmo principal.
· Em matemática financeira, chamamos de equivalentes os capitais que têm o mesmo valor em determinada data de avaliação (data focal).
· Desconto é a denominação dada a um abatimento que se faz quando um título de crédito é resgatado antes de seu vencimento.
QUADRO 1 – FÓRMULAS DO TÓPICO 2
	Valor futuro
	Fn = P (1 + i)
	Valor futuro – Juros simples
	Fn = P [1 + (i . n)]
	Juro simples (quando não temos o valor presente)
	
	Rendimento juro comercial (se a taxa de juros for mensal e o prazo de aplicação referir-se a dias)
	
	Rendimento juro comercial (se a taxa de juros for anual e o prazo de aplicação referir-se a meses)
	
	Rendimento juro comercial (se a taxa de juros for anual e o prazo da aplicação referir-se a dias)
	
	Rendimento juros exatos (se a taxa de juros for anual e o prazo da aplicação referir-se a dias)
	
	Taxa de juros nominal
	Taxa nominal = 
	Taxa de juros efetiva
	Taxa efetiva = 
	
Taxa proporcional
	Taxa proporcional = 
	Desconto racional simples
	
	
Desconto bancário ou comercial simples
	
	
Taxa de desconto efetiva
	
	Taxa de desconto efetiva linear
	
FONTE: A autora
 (
AUTOATIVIDADE
)
1 Vimos, neste tópico, que a Matemática Financeira é um ramo da matemática que tem como objeto de estudo o comportamento do dinheiro ao longo do tempo. Nesse sentido, é importante que, além de calcular, saibamos os conceitos básicos da Matemática Financeira. Diante disso, responda:
a) O que é Matemática Financeira?
b) O que são juros?
c) Qual a diferença entre juros e taxas de juros?
d) Qual a diferença entre valor presente e valor futuro? Que notações representam esses termos?
e) O que são descontos?
2 A matemática financeira tem por objetivo estudar as diversas formas de evolução do valor do dinheiro no tempo, bem como as formas de análise e comparação de alternativas para aplicação ou obtenção de recursos financeiros. A respeito deste tema, analise os itens a seguir:
I- Juros é o “aluguel” que deve ser pago ou recebido pela utilização de um valor em dinheiro durante um certo tempo.
II- No regime de juros simples ou de capitalização simples, os juros incidem
sempre sobre o capital final.
III- No regime de juros compostos ou capitalização composta, apenas no fim do último período os juros são calculados sobre o capital inicialmente aplicado.
IV- Taxa de juros é um coeficiente que corresponde à razão entre os juros pagos ou recebidos no fim de um determinado período de tempo e o capital inicialmente empatado.
Agora, assinale a alternativa que apresenta os itens CORRETOS:
a) ( ) I e II.
b) ( ) I e IV.
c) ( ) II e III.
d) ( ) III e IV.
3 Patrícia contraiu um empréstimo de R$1.000, no regime de juros simples, com taxa de juros de 2% a.m. Passados 6 meses, Patrícia quer quitar sua dívida. Qual o valor a ser pago?
a) ( ) R$1.113,00.
b) ( ) R$2.240,00.
c) ( ) R$2.113,00.
d) ( ) R$1.120,00.
4 Maria contraiu uma dívida de R$4.500, pelo sistema de capitalização simples, com taxa de juros anual. Um ano depois, quando ela procurou o banco para quitar seu débito, verificou que deveria pagar R$8.100. Qual a taxa de juros que vigorou na operação?
5 Uma aplicação de R$5.000 foi efetuada pelo sistema de juros simples, com taxa de juros de 15% a.a. Após 1 mês, qual o rendimento que ela proporcionou?
6 Qual é a taxa anual de juros simples obtida por uma aplicação de R$1.300
que, após um ano, produz um montante de R$1.750?
7 Em quantos meses um capital de R$28.000 aplicados à taxa de juros simples
de 48% a.a. produz um montante de R$38.080?
a) ( ) 10 meses.
b) ( ) 9 meses.
c) ( ) 7 meses.
d) ( ) 12 meses.
8 Determine as seguintes taxas proporcionais e responda:
a) 2,5% a.m. é proporcional a qual taxa anual?
b) 8% a.t. é proporcional a qual taxa anual?
c) 7% a.s. é proporcional a qual taxa trimestral?
d) 4% a.s. é proporcional a qual taxa anual?
1 (
—
) (
TÓPICO
 
3
MATEMÁTICA
 
FINANCEIRA:
 
JUROS
COMPOSTOS
UNIDADE
 
1
)INTRODUÇÃO
No tópico anterior, aprendemos também a relacionar tempo, dinheiro e uma taxa estabelecida pelo financiador para chegar a um montante final. Agora, nós daremos um passo importante no nosso estudo: conheceremos os juros compostos. Os juros compostos são popularmente conhecidos como juros sobre juros, ou regime de juros sobre juros. Essa denominação explica de maneira precisa o que eles significam.
Para compreendermos melhor o que é juros compostos, voltaremos aos juros simples: a fórmula básica para o sistema de capitalização simples é Fn= P [1 + (i . n)]. Nessa equação chegamos a um valor futuro (Fn) considerando um montante inicial (P), uma taxa de juros (i) e uma certa quantidade de tempo (n). Nesse sistema, os juros são aplicados sempre sobre o mesmo valor. Ou seja: se tomássemos emprestados R$100,00 pelo sistema de capitalização simples a juros de 2% a.m. para pagarmos depois de 6 meses, teríamos a incidência, por seis vezes seguidas, de 2% sobre R$100,00 (WAKAMATSU, 2012).
Acadêmico, os juros compostos vão além disso. Neles, a partir do terceiro período de tempo, a aplicação dos juros se dá sobre o montante que restou quando a taxa incidiu da primeira vez. Pensando no exemplo anterior, na passagem do segundo para o terceiro mês, já não teríamos como P os R$100,00 iniciais, e, sim, os R$102,00 que surgiram na primeira virada dotempo de referência.
Veja o exemplo a seguir que o autor Samanez (2010) nos apresenta. Essa tabela nos mostra a diferença entre o que obtemos com os juros simples e que o obtemos com os juros compostos:
TABELA 3 – RENDIMENTOS E MONTANTES NO REGIME DE JUROS SIMPLES E NO REGIME DE JUROS COMPOSTOS
FONTE: Samanez (2010, p. 15)
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Com essa tabela podemos ver que, um investimento de R$1.000,00 a juros simples de 20% a.a. ganha R$200,00 por ano. Em 3 anos, o montante seria de R$1.600,00. Porém, se à medida que forem recebidos, os juros forem incorporados ao principal, o montante será de R$1.728,00 ao término de 3 anos. Perceba que o dinheiro cresce mais rapidamente a juros compostos que a juros simples. A juros compostos, o dinheiro cresce exponencialmente em progressão geométrica ao longo do tempo, dado que os rendimentos de cada período são incorporados ao saldo anterior e passam, por sua vez, a render juros. Já no regime de juros simples, o montante cresce linearmente, pois os juros de determinado período não são incorporados ao principal para o cálculo dos juros do período seguinte (SAMANEZ, 2010).
Do ponto de vista técnico, o regime de juros compostos é superior ao de juros simples. Nesse regime, os prazos podem ser fracionados, o que permite apurar e manter a equivalência entre capitais em qualquer data focal. Isso é muito diferente em relação aos juros simples, em que capitais equivalentes em determinada época não o serão necessariamente em outra, pois os cálculos adotados no regime linear ou de juros simples não permitem fracionar o prazo da aplicação (SAMANEZ, 2010, p. 16).
Acadêmico, veja, no gráfico a seguir, um exemplo do crescimento dos
juros compostos (exponencialmente) e dos juros simples (linearmente):
GRÁFICO 1 – CRESCIMENTO DOS JUROS SIMPLES E JUROS COMPOSTOS
FONTE: <http://experatoinvestimentos.com.br/wp-content/uploads/2016/05/juros-simples-ju- ros-compostos.jpg>. Acesso em: 20 mar. 2020.
Acadêmico, agora que você compreendeu a linha de raciocínio por trás do
processo, é hora de aprender os cálculos relativos a ele. Vamos lá?
2 JUROS COMPOSTOS
TÓPICO 3 — MATEMÁTICA FINANCEIRA: JUROS COMPOSTOS
Como mencionado anteriormente, os juros compostos são popularmente conhecidos como juros sobre juros, ou seja, é a ideia de que o resultado obtido após a incidência dos juros serve de base para o cálculo seguinte. Agora, entenderemos como isso se dá em termos matemáticos.
Vamos supor que você emprestou R$1.000,00 a um amigo, com taxas de juros de 10% a.m., na capitalização composta, e você combinou com ele que o pagamento deve ser feito dentro de 5 meses. Na notação ficamos com P = 1.000,00,
i = 0,1 e n = 5. Agora, precisamos descobrir o valor de F5, e para saber o seu valor,
precisamos verificar como a dívida evolui em cada um dos meses.
 (
n
)Sabemos que F = P [1 + (i . n)] . Utilizando os dados do exemplo, para o
primeiro mês (F1), temos que F1
= 1.000 [1 + (0,1 + . 1) = 1.100,00. Se fosse no sistema
simples, agora teríamos que calcular F2, em seguida o F3 , F4 e F5, chegando no
 (
Acadêmico,
 
para
 
praticar,
 
faça
 
os
 
cálculos
 
dos
 
juros
 
nos
 
5
 
meses,
 
trabalhando
com um valor presente a cada trecho, e chegue no montante 
F
5
 
= 1.610,51. Lembre-se de
 
utilizar
 
n
 
=
 
1.
)valor dos juros no quinto mês, que será F5 = 1.610,51.
Compreenderemos, agora, como chegar na fórmula definitiva para o cálculo de juros compostos, segundo o autor Wakamatsu (2012): a base para o
cálculo dos juros simples é F = P [1 + ( i . n )]. Quando queremos encontrar F ,
n	1
ficamos com F = P [1 + ( i . 1 )]. No cálculo de F , o P passar a ser o F que encontramos
1	2	1
anteriormente, ou seja,
Note que, se buscarmos F3 ,por esse processo, faremos uma conta análoga
e chegaremos a F3 = P [1 + (i . 1)] . Assim, chegamos à fórmula definitiva para o
3
cálculo dos juros compostos:
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
 (
n
)F = P [1 + (i . 1)]n
Na fórmula, a taxa de juros deve sempre referir-se à mesma unidade de tempo do período financeiro. De acordo com Samanez (2007), o termo chave da fórmula, (1 + i)n, é chamado fator de capitalização, ou fator de valor futuro para
 (
Acadêmico,
 
para
 
aprofundar
 
e
 
ampliar
 
seus
 
conhecimentos,
 
busque
 
pelas
 
deduções
 
das
 
fórmulas
 
apresentadas
 
nessa
 
unidade.
)aplicação única. É o número pelo qual devemos multiplicar o valor da aplicação inicial para obter seu valor futuro ou de resgate.
2.1 DIFERENÇA ENTRE JUROS SIMPLES E JUROS COMPOSTOS
Acadêmico, antes de partirmos para os cálculos específicos dos juros compostos, entenderemos rapidamente a diferença entre juros simples e juros compostos. Para isso, vamos, primeiramente, colocar as duas fórmulas para cálculo de juros lado a lado:
QUADRO 2 – FÓRMULAS PARA CÁLCULO DE JUROS
	Juros simples
	Juros compostos
	Fn= P [1 + (i . n)]
	Fn= P [1 + (i . 1)]
n
FONTE: A autora
Veja que na fórmula dos juros compostos temos um cálculo exponencial. Sabemos que as funções em que existe uma potência tendem a apresentar um crescimento rápido, certo? De fato, é o que ocorre quando n atinge valores mais elevados. A capitalização simples ocorre de forma linear, enquanto a capitalização composta é exponencial. Isso faz com que, a partir do valor presente P, o valor final em um instante Fn qualquer, seja maior nos juros compostos (desde que n
seja número inteiro e maior que 1).
TÓPICO 3 — MATEMÁTICA FINANCEIRA: JUROS COMPOSTOS
A principal diferença entre juros simples e compostos ocorre quando a capitalização é inferior a 1. Nesse caso, os juros simples são maiores que os compostos. Veja o quadro a seguir, que nos mostra como isso dá na situação que descrevemos agora a pouco, do empréstimo de R$1.000,00, com taxas de juros compostos de 10% a.m.
QUADRO 3 – DIFERENÇA ENTRE JUROS SIMPLES E JUROS COMPOSTOS
	Tempo n
	Juros simples
	Juros compostos
	0,30 de um mês
	F0,3= 1.030,00
	F0,3= 1.029,00
	0,50 de um mês
	F0,5 = 1.050,00
	F0,5 = 1.048,80
	0,80 de um mês
	F0,8= 1.080,00
	F0,8= 1.079,80
	1 mês
	F1= 1.100,00
	F1= 1.100,00
	2 meses
	F2= 1.200,00
	F2= 1.210,00
	3 meses
	F3 = 1.300,00
	F3 = 1.331,00
	4 meses
	F4 = 1.400,00
	F4 = 1.464,10
	5 meses
	F5 = 1.500,00
	F5 = 1.610,51
FONTE: Gimenes (2009, p. 30)
Acadêmico, veja a figura a seguir, que também representa a diferença entre juros simples e juros compostos. Perceba que, como já mencionado, a capitalização simples ocorre de forma linear, enquanto a capitalização composta é exponencial.
GRÁFICO 2 – DIFERENÇA ENTRE JUROS SIMPLES E JUROS COMPOSTOS
FONTE: Gimenes (2009, p. 30)
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
3 CÁLCULOS ESPECÍFICOS PARA JUROS COMPOSTOS
Acadêmico, aprendemos anteriormente a fórmula base para os problemas com juros compostos, que nos leva ao cálculo dos valores futuros. Com isso, podemos estender o raciocínio e, com base no desenvolvimento da mesma fórmula, calcular valor presente, período de capitalização e taxa de juros.
3.1 VALOR PRESENTE A JUROS COMPOSTOS
Se nós temos em mãos o quanto foi pago, os juros praticados e o período de tempo do empréstimo, podemos encontrar o valor presente, que é o ponto de partida da transação.
 (
n
)Se F = P [1 + (i . 1)]n , temos por extensão que P =	. Com isso, podemos compreender o cálculo através de um exemplo:
Exemplo: você paga hoje a seu amigo R$1.610,51 por um empréstimo realizado há 5 meses. Se o regime de capitalização foi de juros compostos e a taxa combinada, de 10% a.m., quanto você pegou emprestado?
Dados:
Fn = 1.610,51
n = 5
i = 10% = 0,1
Substituindo esses dados na fórmula, temos que:
P = P =
P = 1.000
Logo, você pegou emprestado R$1.000,00. Perceba que, nesse exemplo, pegamos todos os termos da fórmula principal e isolamos P, que é o valor que não tínhamos no exemplo.
3.2 PERÍODO DE CAPITALIZAÇÃO
Para Wakamatsu (2012), a busca pelo tempo da transação é, talvez, uma das aplicações mais úteis da matemática financeira. Mas por quê? Pense, por exemplo, que você pretendedispor de R$5.000,00 em uma data futura. Se você
TÓPICO 3 — MATEMÁTICA FINANCEIRA: JUROS COMPOSTOS
conhece uma aplicação que dá uma determinada taxa de rendimentos e você tem um capital inicial preestabelecido, por quanto tempo você precisa manter o dinheiro aplicado?
Para chegarmos ao tempo (o termo n) faremos uma modificação na fórmula padrão dos juros compostos. A diferença em relação ao que aplicamos na busca de P é que teremos que lançar mão dos logaritmos (WAKAMATSU, 2012). O mecanismo aplicado é:
Logo,
	
	
A operação ln é referente ao logaritmo neperiano.
Podemos repetir o exemplo que acabamos de ver, mas agora tratando n como protagonista do nosso exemplo: se tivermos uma aplicação de R$1.000,00 e quisermos chegar até R$1.610,51 em uma aplicação que tem 10% de juros compostos ao mês. Por quanto tempo precisamos manter a transação?
Dados:
P = 1.000
Fn= 1.610,51
i = 0,1
n =?
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
O nosso objetivo é descobrir n. Substituindo os dados na fórmula, temos:
Logo, precisamos manter a transação por 5 meses se quisermos chegar a R$1.610,51.
3.3 TAXA DE JUROS
Por fim, aplicaremos o mesmo raciocínio e o mesmo exemplo para chegarmos ao valor da taxa de juros. Essa situação pode ser vivenciada, por exemplo, quanto nós temos uma meta financeira e precisamos decidir qual tipo de aplicação é mais vantajosa no que se refere à taxa de juros. A lógica é a mesma. Pegaremos a fórmula padrão de juros compostos e, isolando i, criamos outra fórmula. Veja:
Logo,
TÓPICO 3 — MATEMÁTICA FINANCEIRA: JUROS COMPOSTOS
Agora, utilizaremos o mesmo exemplo para esclarecermos a ideia. Acompanhe: queremos aplicar um montante de R$1.000,00 para chegarmos a uma quantia de R$1.610,51. Nosso planejamento é manter a aplicação por 5 meses. Qual a taxa de juros que nos levará ao valor desejado? Substituindo os dados na fórmula, temos:
O nosso resultado é i = 0,1. Isso equivale a uma taxa de juros mensal de 10% a.m.
4 EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS E TAXAS A JUROS COMPOSTOS
Acadêmico, agora o desafio fica um pouco mais aprofundado. Retomaremos os conteúdos que estudamos no Tópico 2 (juros simples) e veremos como eles são aplicados para os juros compostos.
4.1 EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS A JUROS COMPOSTOS
É importante destacar que o princípio de equivalência de capitais é fundamental na resolução dos problemas de cálculo financeiro. Dizemos que dois capitais, com datas de vencimento determinadas, são equivalentes quando levados para uma mesma data a mesma taxa de juros, tiverem valores iguais.
É importante também ressaltar que, na capitalização simples, havia uma única data focal em que os capitais poderiam ser considerados equivalentes, e que, na capitalização composta, ocorre exatamente o oposto: uma vez equivalentes, sempre equivalentes. O cálculo de equivalência de capitais é muito útil para situações em que queremos antecipar ou adiar o pagamento de uma dívida. Para compreender melhor a equivalência de capitais a juros compostos, acompanhe o exemplo do autor Samanez (2010, p. 25):
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Exemplo: um empréstimo foi contratado a juros compostos de 5% a.m. para ser quitado em dois pagamentos. O primeiro de R$400,00, será pago ao fim de seis meses, e, o segundo, de R$800,00, ao fim de dez meses. Entretanto, o empréstimo pode ser liquidado por meio de um único pagamento de R$1.641,56. Determinar em que mês deve ser realizado esse pagamento para que a taxa de 5%
a.m. seja mantida.
Podemos encontrar o prazo do pagamento único se considerarmos que, por equivalência de capitais, as duas formas de pagamento devem ter o mesmo valor presente:
Aplicando logaritmos:
Ou seja, o pagamento único de R$1.641,56 deve ser feito no prazo de 15
meses.
4.2 TAXA DE JUROS EFETIVA
Acadêmico, pense na seguinte situação: se temos uma taxa de juros de 12% ao ano, podemos deduzir que, a cada mês, ela incide a 1% do capital, correto? Não, isso não acontece. Mas por quê? Quando pensamos na aplicação contínua de uma taxa de juros, sob a capitalização composta, devemos levar em conta que os valores presentes se modificam a cada um dos ciclos temporais, ou seja, é incorreto fazer uma divisão simples. Por exemplo, em um prazo anual, os juros que são aplicados em janeiro estão distantes dos que vigoram em dezembro. O cálculo da taxa de juros efetiva existe justamente para isso. Por meio desse cálculo, podemos partir da taxa nominal e calcular o que realmente incide sobre o capital. A fórmula para esse cálculo é dada por:
TÓPICO 3 — MATEMÁTICA FINANCEIRA: JUROS COMPOSTOS
Nessa fórmula, i é a taxa efetiva, j é a nominal, k é o número de capitalizações (a proporcionalidade), e n é o número de capitalizações no período da taxa nominal. Acompanhe agora um exemplo (SAMANEZ, 2010, p. 46) que nos mostra a importância de se descobrir a taxa efetiva. Veja:
Exemplo: vamos supor que há três bancos que oferecem as seguintes aplicações:
Banco A: 15% a.a., capitalizada diariamente; Banco B: 15,5% a.a., capitalizada trimestralmente; Banco C: 15,7% a.a., capitalizada semestralmente.
Qual dessas taxas será a melhor, caso você esteja pensando em fazer uma aplicação financeira? Para começar, devemos calcular as taxas efetivas anuais equivalentes a essas taxas nominais declaradas:
Banco A: 15% a.a., capitalizada diariamente:
Banco B: 15,5% a.a., capitalizada trimestralmente:
Banco C: 15,7% a.a., capitalizada semestralmente:
Esse exemplo ilustra dois pontos importantes:
· A taxa nominal mais alta (Banco C) não é necessariamente a melhor.
· O número de capitalizações durante o ano pode conduzir a uma diferença significativa entre a taxa nominal cotada e a taxa efetiva. Lembre-se de que é a taxa efetiva que você recebe ou paga.
A frequência das capitalizações de uma taxa nominal afeta o montante de uma aplicação, pois, quanto maior for essa frequência, maior será o montante final e maior será também a taxa efetiva obtida na operação.
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
4.3 TAXA OVER (TAXA POR DIA ÚTIL) E CDI
O cálculo da taxa over, uma espécie de taxa efetiva, é importante para aplicações com capitalização diária quando precisamos excluir os fins de semana e os feriados da conta. Refere-se ao termo overnight, empregado para operações realizadas no mercado aberto por pelo menos um dia. A fórmula para o cálculo de um valor futuro pelo sistema overnight é:
O du, que serve como fator de potenciação, é o número de dias úteis que transcorrem enquanto vigora a aplicação. É importante destacar que, ao inserirmos o 30 como denominador e o du na potência, estamos fazendo uma ponderação entre o tempo percorrido e o período em que a capitalização realmente acontece. Resumindo: aplicamos a síntese da lógica da taxa efetiva de juros (WAKAMATSU, 2012).
O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é uma aplicação que, como o nome diz, se dá entre bancos. Ele utiliza a taxa over como um de seus pilares. Isso acontece porque as aplicações, como na essência do over, não preveem capitalização em dias não úteis. O contraponto entre as taxas efetivas e as taxas over é essencial para a efetivação dos CDIs (WAKAMATSU, 2012).
4.4 EQUIVALÊNCIA DE TAXA DE JUROS EFETIVA
Segundo o autor Wakamatsu (2012, p. 40), “duas taxas de juros são equivalentes quando, embora tenham valores nominais distintos e sejam baseadas em quantidades diversas de tempo, levam um capital aos mesmos valores”. É o que ocorre quando pensamos em uma taxa efetiva mensal e uma anual. Nós podemos estabelecer valores para as duas, de modo que ambas montem um capital igual, ainda que suas bases de referência temporal sejam diferentes.
Acompanhe o exemplo (SAMANEZ, 2010. p. 47): consideremos uma aplicação de R$1.000,00 pelo prazo de um ano. Se o capital for aplicado à taxa efetiva de 42,5761% a.a., ou à taxa efetiva de 3% a.m., o montante será o mesmo, dado que essas duas taxas são equivalentes. Veja:
TÓPICO 3 — MATEMÁTICA FINANCEIRA: JUROS COMPOSTOS
e
Constata-se que as taxas efetivas de42,5761% a.a. e 3% a.m. são equivalentes, pois resultam no mesmo montante a partir do mesmo capital. Toda taxa de juros se encontra em determinado prazo. Entretanto, pode ser convertida para outro prazo qualquer sem alterar seu valor intrínseco, o que viabiliza o cálculo dos juros em operações e facilita comparações entre taxa de juros. Assim, considerando o ano comercial (360 dias), a seguinte identidade nos permite relacionar por equivalência algumas taxas efetivas:
em que ia é a taxa efetiva de juros anual, is é a semestral, it é a trimestral, im é a mensal, e id é a diária.
Vejamos mais um exemplo de Samanez (2010, p. 50): um investigador dispõe das seguintes alternativas de investimento: aplicar à taxa nominal de 48% a.a., com capitalizações mensais, ou à taxa de 50% a.a., com capitalizações semestrais. Qual alternativa representa a melhor aplicação?
Temos em mãos dois valores nominais: 48% e 50%. Também dispomos dos
k e m essenciais para os cálculos da taxa efetiva. O que precisamos saber é o ia , ou mais precisamente o valor que incidirá anualmente em cada uma das aplicações.
É na comparação entre eles que vamos chegar a uma conclusão precisa. Agora, analisaremos as duas situações:
Com isso, podemos perceber que, a segunda aplicação, embora parta de um valor nominal maior, leva a um montante menor do que a primeira aplicação. Ou seja, a primeira alternativa representa a maior taxa efetiva anual. Portanto, deve ser a taxa escolhida.
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
· Os juros compostos são popularmente conhecidos como juros sobre juros ou regime de juros sobre juros.
· O dinheiro cresce mais rapidamente a juros compostos que a juros simples.
· A juros compostos, o dinheiro cresce exponencialmente em progressão geométrica ao longo do tempo. Já no regime de juros simples, o montante cresce linearmente.
· A principal diferença entre juros simples e compostos ocorre quando a capitalização é inferior a 1. Nesse caso, os juros simples são maiores que os compostos.
· A busca pelo tempo da transação é, talvez, uma das aplicações mais úteis da
matemática financeira.
· O princípio de equivalência de capitais é fundamental na resolução dos
problemas de cálculo financeiro.
· Dois capitais, com datas de vencimento determinadas, são equivalentes quando, levados para uma mesma data a mesma taxa de juros, tiverem valores iguais.
· O cálculo de equivalência de capitais é muito útil para situações em que queremos antecipar ou adiar o pagamento de uma dívida.
· Duas taxas de juros são equivalentes quando, embora tenham valores nominais distintos e sejam baseadas em quantidades diversas de tempo, levam um capital aos mesmos valores.
QUADRO 4 – FÓRMULAS DO TÓPICO 3
	Juros compostos
	Fn = P [1 + (i . 1)]
n
	Valor presente a juros compostos
	P = 
	
Período de capitalização
	
	
Taxa de juros
	
	
Taxa de juros efetiva
	
	
Valor futuro pelo sistema overnight
	
FONTE: A autora
 (
AUTOATIVIDADE
)
1 Sabemos que os juros podem ser aplicados por mês, dia, ano ou qualquer outro prazo estabelecido. Com relação aos juros compostos, conteúdo estudado nesse tópico, responda às seguintes perguntas:
a) O que são juros compostos?
b) Qual a diferença essencial entre juros simples e juros compostos?
c) Quais são os parâmetros que fazem parte de uma operação de juros
compostos?
d) Qual a diferença entre a equivalência de capitais a juros simples e a
equivalência de capitais a juros compostos?
e) O que é taxa de juros efetiva?
f) O que são duas taxas de juros equivalentes?
2 Qual o tempo necessário para que um capital, aplicado a uma taxa efetiva
de 3% a.m., duplique o seu valor?
a) ( ) 23,45 meses.
b) ( ) 25 meses.
c) ( ) 22,45 meses.
d) ( ) 12 meses.
3 João paga hoje R$1.535,89 por um empréstimo realizado há 8 meses. O regime de capitalização foi de juros compostos e a taxa, de 8% a.m. Quanto João pegou emprestado?
a) ( ) R$721,13.
b) ( ) R$829,79.
c) ( ) R$920,35.
d) ( ) R$825,24.
4 Você deseja aplicar um montante de R$3.000,00 para chegar a uma quantia de R$3.800,00. Se o seu planejamento é manter a aplicação por 6 meses, qual a taxa de juros que nos levará ao valor desejado?
a) ( ) 3% a.m.
b) ( ) 2% a.m.
c) ( ) 4% a.m.
d) ( ) 5% a.m.
 (
—
) (
TÓPICO
 
4
SÉRIES
 
DE
 
PAGAMENTOS
UNIDADE
 
1
)1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, para iniciar nosso estudo sobre séries de pagamentos, pense quantas vezes você já realizou uma compra a prazo. Pense também nas ocasiões em que apenas por meio de várias parcelas é que você conseguiu alcançar seu objetivo de consumo.
Conforme o autor Gimenes (2009, p. 93), no Brasil, a compra financiada, ou a prazo, é uma questão cultural e fortemente enraizada. O autor também destaca que, “em uma realidade na qual a taxa de juros é alta, a compra parcelada quase sempre tem juros embutidos e pode sair mais cara do que deveria para o consumidor”.
Sabemos que, ao pagar de maneira parcelada, ou você arca com os juros discriminados em cada uma das parcelas, que levam a um valor superior ao do produto à vista, ou você acaba se submetendo aos tais juros embutidos. Afinal, a empresa não pode correr o risco de perder dinheiro, certo? O estudo das séries uniformes de pagamento trata exatamente disso.
O termo uniforme, que dá nome a esse tópico, se refere ao fato de que nesse sistema, todas as variáveis têm o mesmo valor. É o popular “cinco parcelas de 100 reais”, (ou qualquer outro valor), que encontramos em vários lugares.
As séries uniformes de pagamento podem ser antecipadas ou postecipadas. Na primeira, paga-se uma das parcelas logo no início da transação, ou seja, quando n = 0. Já nas postecipadas, o primeiro pagamento ocorre somente quando o primeiro ciclo temporal está concluído. Ou seja, “as séries postecipadas são aquelas em que os pagamentos ocorrem no final de cada período e não na origem; por exemplo, pagamentos de fatura de cartão de crédito” (SAMANEZ, 2010, p. 91, grifo do autor). Já as nas séries antecipadas, “os pagamentos são feitos no início de cada período respectivo; por exemplo, financiamentos com pagamento à vista” (SAMANEZ, 2010, p. 91).
Costumamos ver esses dois tipos de série nas propagandas dos produtos vendidos de forma parcela, exemplo “0 + 5”, é um exemplo de pagamento postecipado, já que não há um débito inicial e a quitação do débito se faz em cinco parcelas.
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Por sua vez, um sistema “1 + 4” prevê também cinco pagamentos, mas um deve ser feito no ato da compra. As duas sistemáticas geram métodos diferentes para os cálculos dos parâmetros.
2 VALOR PRESENTE
Acadêmico, neste subtópico, aprenderemos como calcular o valor presente para séries postecipadas, e, em seguida, o valor presente para séries antecipadas.
2.1 VALOR PRESENTE PARA SÉRIES POSTECIPADAS
 (
n
)O cálculo do valor presente nas séries uniformes postecipadas tem como ponto de partida a fórmula básica dos juros compostos: F = P [1 + (i . 1)]n. Essa
fórmula nos dá, por extensão, que:
Agora temos que pensar que, em uma série de pagamentos, cada uma das parcelas pode ser interpretada como um valor futuro em relação à origem. Isso significa que nós podemos reproduzir essa conta, mas devemos substituir
os Fn que variam em cada uma das parcelas, por R (um valor idêntico em todas as rodadas temporais). Assim, o desenvolvimento de uma série uniforme de
pagamentos postecipadas, tendo como referência o valor presente, poderia ser expresso da seguinte maneira, para uma operação com N unidades de tempo:
Acadêmico, perceba que o somatório entre colchetes representa a soma dos termos de uma progressão geométrica (PG) finita. Com isso, chegamos a uma nova e definitiva fórmula para o cálculo do valor presente de uma série uniforme postecipada de pagamentos:
Agora, para compreendermos melhor o que acabamos de aprender, acompanharemos o exemplo a seguir, de Samanez (2010, p. 93):
TÓPICO 4 — SÉRIES DE PAGAMENTOS
Exemplo: você adquiriu um computador com 8 prestações mensais de R$618,89. Essas prestações devem ser pagasao final de cada mês. A taxa de juros do processo é de 5% a.m. Qual é o valor à vista do computador?
Primeiramente, tiraremos os dados do nosso problema: n = 8, i = 0,05 e R = 618,89. É importante destacar que, ao citar que as parcelas “devem ser pagas ao final de cada mês”, o problema deixa claro que se trata de uma série postecipada. Agora, substituindo os dados do problema na fórmula, temos:
Ou seja, se você comprasse o computador à vista, você pagaria por ele R$4.000,00.
2.2 VALOR PRESENTE PARA SÉRIES ANTECIPADAS
Acadêmico, veremos como calcular o valor presente para séries antecipadas, ou seja, aquelas em que o primeiro pagamento é feito logo no ato da contratação. A fórmula para o cálculo do valor Presente para séries antecipadas é dada por:
Perceba que, comparando com a fórmula do valor presente para séries postecipadas, o que mudou foi o R para R(1 + i). Isso acontece porque não incidem juros sobre o primeiro pagamento, por isso temos uma parcela limpa. Novamente, para compreender melhor o uso da fórmula, vamos a um exemplo:
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Exemplo: você deseja comprar um carro em 1 + 11 prestações mensais de R$1.599,00 cada. Os juros são de 3,9% a.m. Qual o valor do carro à vista? Substituindo os dados do problema na fórmula, temos:
Ou seja, você pagará pelo carro à vista R$15.682,84.
3 VALOR FUTURO
O método para o cálculo do valor futuro deriva da fórmula clássica dos juros compostos e das duas fórmulas que você acabou de estudar. Para séries postecipadas, temos que:
Já para séries antecipadas:
A seguir, veremos dois exemplos, um para o cálculo do valor futuro para séries postecipadas, e um para séries antecipadas.
Exemplo 1 (série postecipada): a que valor chegaríamos, após 15 meses, se investirmos R$350,00 no fim de cada mês em uma aplicação com juros de 5% a.m.? Temos que R = 350, i = 0,05 e n = 15. Substituindo na fórmula:
TÓPICO 4 — SÉRIES DE PAGAMENTOS
Ou seja, chegaríamos a R$7.552,50 com essa aplicação.
Exemplo 2 (série antecipada): qual o valor de uma aplicação, com depósitos feitos no início de cada mês, se o valor mensal é de R$50,00, os juros são de 0,78%a.m. e o prazo é de 60 meses? Temos que R = 50, i = 0,0078 e n = 60. Substituindo na fórmula:
Ou seja, o valor para a aplicação é de R$3.836,75.
 (
Ao
 
ver
 
esses
 
cálculos
 
complexos
 
para
 
a
 
descoberta
 
do
 
valor
 
futuro,
 
você
 
talvez
 
esteja
 
pensando:
 
se
 
as
 
parcelas
 
são
 
todas
 
iguais,
 
não
 
seria
 
suflciente
 
multiplicarmos
 
o
 
valor
 
da parcela pelo número de pagamentos? Esse raciocínio até faz sentido, mas é incorreto,
 
porque
 
desconsidera
 
a
 
capitalização
 
sofrida
 
pelas
 
parcelas.
 
No
 
instante
 
2,
 
a
 
primeira
 
parcela
 
já não vale mais o seu valor nominal, e sim esse valor acrescido dos juros (WAKAMATSU,
 
2012,
 
p.
 
52).
)UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
4 VALOR DAS PARCELAS
Acadêmico, a seguir, veremos as duas fórmulas para o cálculo do valor das parcelas, para série postecipada e para série antecipada. Em seguida, veremos dois exemplos práticos. É importante destacar que, o que queremos descobrir agora é o R da fórmula. Para séries postecipadas, temos que:
Já para séries antecipadas:
A seguir, veremos dois exemplos, um para o cálculo do valor das parcelas para série postecipada, e uma para série antecipada:
Exemplo 1 (série postecipada): vamos supor que você deseja adquirir uma televisão cujo valor à vista é de R$1.500,00. Você deseja fazê-lo em dez vezes mensais, com juros de 5% a.m. Qual o valor das parcelas, sendo que a primeira parcela vence 30 dias após a compra? Temos que P = 1.500, n = 10 e i = 0,05. Substituindo os dados na fórmula:
Ou seja, o valor das parcelas é de R$194,25.
TÓPICO 4 — SÉRIES DE PAGAMENTOS
Exemplo 2 (série antecipada): vamos supor que você deseja adquirir um jogo de mesa de R$600,00 por meio de uma entrada mais 17 pagamentos mensais. Sob a taxa de juros de 3% a.m., qual o valor das parcelas? Temos que P = 600, n = 18 e i = 0,03. Substituindo os dados na fórmula:
Ou seja, o valor das parcelas é de R$40,66.
5 TAXA DE JUROS
A detecção da taxa de juros, embora derivada de um raciocínio de simples elaboração, demanda um cálculo um pouco mais complexo do que as que temos feito habitualmente. Isso se deve ao fato de que a equação que temos que é esta, uma vez que já sabemos o montante emprestado (P) e a parcela a ser paga (R):
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Para resolver o problema, teríamos que solucionar uma equação que contém polinômios de grau n. Para isso, precisamos utilizar o método da interpolação linear, que nos fornece uma boa estimativa da taxa de juros. Veja o exemplo de Samanez (2010, p. 118):
Exemplo 1: calcular a taxa de juros mensal efetiva à qual foi tomado um financiamento de R$300.00,00 que será liquidado em 18 prestações mensais de R$37.758,88. Temos que P = 300.000,00, n = 18, R = 37.758,88. Queremos descobrir o i. O ponto de partida é descobrir o fator de valor Presente das séries uniformes.
A relação entre o fator de valor presente e a taxa de juros é exponencial. Logo, o gráfico da função entre as duas variáveis terá um formato de curva, porém, em algumas ocasiões, essa curva se assemelha a uma reta. É pensando assim que conseguimos fazer uma aproximação (WAKAMATSU, 2012).
É importante destacar que o i correto é o que nos dá o fator com valor 7,94515. Nesse caso, o que podemos fazer é estimar valores para i que nos levem a números próximos dele. Devemos recorrer a tabela dos fatores de valor presente e então veremos que o é 8,20141 e é 7,70162. Com isso, deduzimos que a taxa que buscamos está entre 10% a.m. e 11% a.m.
 (
Veja
 
a
 
tabela
 
dos
 
fatores
 
de
 
valor
 
presente
 
acessando:
 
http://aulasdematematica.
 
com.br/documentos/aulasdematematica.com.br-vp_serie_uniforme.pdf.
)Agora, observe o próximo gráfico e repare como podemos fazer a seguinte
relação de proporcionalidade de triângulos:
TÓPICO 4 — SÉRIES DE PAGAMENTOS
GRÁFICO 3 – CURVA DE TAXA DE JUROS
FONTE: Samanez (2010, p. 118)
Existem outros métodos que também nos dão um valor aproximado, porém, o da interpolação linear é o mais confiável, inclusive é o que os softwares utilizam em cálculos desse tipo.
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
6 QUANTIDADE DE PAGAMENTOS
Acadêmico, podemos também calcular o número de parcelas na operação. Pense por exemplo que você saiba a dívida que tem, saiba o total que vai poder contribuir mensalmente, e conheça a taxa de juros. Nesse caso, basta determinar o número de pagamentos para resolver a situação. Mais uma vez, teremos que fazer a divisão entre as séries postecipadas e antecipadas.
Para séries postecipadas, temos que:
Já para séries antecipadas, temos:
Acompanhe os exemplos do autor Gimenes (2009):
Exemplo 1 (séries postecipadas): em quantas prestações mensais de R$125,00 será pago um eletrodoméstico que custa R$2.500,00 se a taxa contratada for de 2% a.m.? Temos que R = 125, P = 2500 e i = 0,02. Substituindo os dados na fórmula:
TÓPICO 4 — SÉRIES DE PAGAMENTOS
Perceba que o valor que encontramos é um valor fracionado. Nesses casos, o que ocorre é o pagamento integral de todas as parcelas inteiras e mais um montante proporcional ao restante do valor. Para calcular esse valor, devemos considerar que essa quantia, mais o montante de todas as outras pagas, leva ao valor total da operação.
Exemplo 2 (séries antecipadas): você pretende acumular R$800.000,00 em alguns anos, para ter uma aposentadoria tranquila. Para tanto, você pode aplicar R$1.700,00 ao término de cada mês em fundo de renda fixa que paga 1% de juros ao mês. Quantos depósitos você precisa para chegar até os R$800.000,00? Temos
que Fn = 800.000, R = 1700 e i = 0,01. Substituindo os dados na fórmula:
Ou seja, seriam necessários 175,02 depósitos de R$1.700,00 remunerados a 1% ao mês para acumular R$800.000,00. Isso representa aproximadamente 14 anos e meio de poupança.
7 SISTEMAS DEAMORTIZAÇÃO
Acadêmico, para iniciar nosso estudo sobre sistemas de amortização, pense em uma dívida que será paga pelo sistema parcelado. Pense também que todas as parcelas em questão são compostas por dois elementos: os juros que incidem na operação e uma contribuição efetiva para a redução do débito.
Chamamos de amortização o segmento de uma parcela que corresponde ao pagamento efetivo da dívida. Todas as parcelas em um sistema uniforme podem ser definidas pela fórmula Rn= An+ Jn. Nessa fórmula, R é o valor da
parcela, A se refere à amortização, e J aos juros pagos. Como R sempre apresenta
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
o mesmo valor, A e J são inversamente proporcionais. À medida que um é mais decisivo para a composição da parcela, o outro deixa de sê-lo. A é menor quando
o pagamento está nos seus primeiros instantes. Os juros no instante n podem ser
calculados pela fórmula: Jn = SDn-1 xi. O termo SDn-1 traduz o saldo devedor no instante imediatamente anterior ao do pagamento em questão (WAKAMATSU, 2012).
Para compreender melhor essa ideia, acompanhe o exemplo a seguir de Gimenes (2009, p. 182):
Exemplo: um imóvel de R$100.000,00 foi financiado para você a 2% ao mês, durante 120 meses. Tal financiamento, pelo sistema de pagamentos uniformes, gerou uma parcela fixa de R$2.204,81. Quanto foi pago de juros e quanto foi amortizado na primeira parcela?
Temos que:
Os juros devem ser calculados primeiro para que a amortização seja encontrada. Note que o mês em análise é o primeiro e o juros devem incidir sobre
o saldo devedor original no instante zero.
Agora, uma simples substituição pode ser realizada. Veja:
Acadêmico, o que acabou de ser demonstrado foi o seguinte: um financiamento de R$100.000,00 gerou 120 parcelas de R$2.204,81. Se você tivesse pagado apenas uma parcela, seu saldo devedor para a quitação imediata seria de R$100.000,00 menos a amortização de R$204,81, já que os juros pagos foram de R$2.000,00. Ficou surpreso? É isso mesmo acadêmico: você pagou R$2.204,81 e ainda deve R$99.795,19.
TÓPICO 4 — SÉRIES DE PAGAMENTOS
7.1 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE UMA OPERAÇÃO DE AMORTIZAÇÃO
É importante que, para toda operação de amortização, uma tabela seja montada e seus fluxos sejam representados em um diagrama. Esse procedimento, além de evitar erros comuns, possibilita uma fácil conferência dos resultados encontrados.
7.1.1 Tabela de amortização de empréstimos
A tabela de amortização é uma tabela simples, com linhas e colunas. De maneira didática propõe-se que as colunas tenham a seguinte ordem: N (representa os períodos), SD (saldo devedor no final de um período), A (parcela que será amortizada no período), J (parcela de juros do período) e R (pagamento efetuado pelo tomador do financiamento em um período. Veja a seguir o modelo de uma planilha de amortização:
TABELA 4 – MODELO DE PLANILHA DE AMORTIZAÇÃO
	N
	SD
	A
	J
	R
	0
	
	
	
	
	1
	
	
	
	
	2
	
	
	
	
	...
	
	
	
	
	n
	
	
	
	
FONTE: A autora
7.1.2 Diagrama dos fluxos de caixa de um financiamento
Sabemos que as representações dos fluxos de caixa podem ser feitas na visão do financiador e do tomador de um empréstimo. Veja como fica o diagrama dos fluxos de caixa:
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
FIGURA 7 – FLUXO DE CAIXA DO TOMADOR E DO FINANCIADOR
FONTE: Gimenes (2009, p. 183)
O tomador recebe recursos no instante zero e depois paga em algumas parcelas. O financiador recebe recursos no instante zero para depois recebê-los, nesse caso, parcelados.
8 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC)
Em financiamentos de longo prazo, principalmente no setor produtivo, esse sistema tem ampla utilização no Brasil. No SAC, como o próprio nome já diz, o valor da amortização é constante, ou seja, o mesmo para todos os períodos. Isso somente será possível se o saldo devedor inicial for dividido pelo número de períodos envolvidos no financiamento.
Veja, a seguir, o exemplo de Gimenes (2009, p. 188) que envolve o preenchimento da planilha de amortização, que ajudará você a entender essa ideia.
Exemplo: um amigo lhe empresta R$1.000,00 que devem ser pagos em 5 parcelas. O sistema de amortização acertado foi o SAC. Faça uma planilha, sabendo que a taxa contratada foi de 10% ao mês.
O primeiro passo, para que a planilha possa ser feita, inicialmente se calcula o valor da amortização. É uma conta bem simples: basta pegar o saldo devedor e dividir pelo total de períodos (fórmula: A = SD n). Nesse caso, temos que: A = 1000 5 = 200. Veja a planilha de amortização preenchida:
TÓPICO 4 — SÉRIES DE PAGAMENTOS
TABELA 5 – PLANILHA DE AMORTIZAÇÃO
	N
	SD
	A
	J
	R
	0
	1000
	
	
	
	1
	800
	200
	100
	300
	2
	600
	200
	80
	280
	3
	400
	200
	60
	260
	4
	200
	200
	40
	240
	5
	0
	200
	20
	220
	TOTAL
	
	1000
	300
	1300
FONTE: Adaptado de Gimenes (2009)
Acadêmico, a amortização teve seu valor calculado antes da montagem da tabela. O primeiro passo para preencher essa planilha foi completar a coluna A com R$200,00 em cada uma das células (menos na de tempo zero, pois trata-se de uma série postecipada). Por definição, o valor total da coluna A deve ser o mesmo saldo devedor do instante zero, afinal, A contém todas as contribuições para a quitação da dívida e SD no tempo zero é a dívida propriamente dita.
Os juros e o valor das parcelas são encontrados seguindo o mesmo procedimento do exemplo anterior. Primeiro se calculam os juros de cada período com base no saldo devedor anterior, depois se adiciona o valor da amortização. Esse somatório é o valor da parcela em um referido período. Acompanhe os cálculos realizados:
Cálculo dos juros (coluna J):
Cálculo do valor das parcelas (coluna R):
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Perceba que, nesse caso, o valor de juros pago foi de R$300,00 para um empréstimo de R$1.000,00.
9 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO FRANCÊS (PRICE)
O Sistema de Amortização Francês (Price) caracteriza-se por pagamentos do principal em prestações iguais, periódicas e sucessivas. É o mais utilizado pelas instituições financeiras e pelo comércio em geral. Como os juros incidem sobre o saldo devedor que, por sua vez, decresce à medida que as prestações são pagas, eles são decrescentes e, consequentemente, as amortizações do principal são crescentes (SAMANEZ, 2010).
 (
A denominação Sistema de Amortização Francês origina-se do fato de esse
 
sistema
 
ter
 
sido
 
utilizado
 
inicialmente
 
na
 
França,
 
no
 
Século
 
XIX.
 
O
 
Sistema
 
ou
 
Tabela
 
Price
 
tem esse nome em homenagem ao economista inglês Richard Price, que incorporou a
 
teoria do juro composto às amortizações
 
de empréstimos, no Século XVIII.
)Basicamente, a Tabela Price é um caso particular e muito utilizado do Sistema de Amortização Francês, em que a taxa de juros é dada em termos nominais (na prática é dada em termos anuais) e as prestações têm período menor que aquele a que a taxa de juros se refere. Nesse sistema o cálculo de prestações é feito usando-se a taxa proporcional ao período a que se refere a prestação, que é calculada a partir da taxa nominal (SAMANEZ, 2010).
Acadêmico, acompanhe agora um outro exemplo de Samanez (2010, p. 156):
Exemplo: um empréstimo de R$200.000,00 será pago pela Tabela Price em quatro prestações mensais postecipadas. A juros efetivos de 10%a.m., construir a planilha de amortização.
Para determinado período, os juros são calculados sobre o saldo devedor do empréstimo ao início desse período. A amortização é a diferença entre o valor da prestação e o valor dos juros respectivos. O saldo devedor é igual ao saldo devedor do período anterior menos a amortização do respectivo período. Veja a planilha a seguir, que nos mostra os valores:
TÓPICO 4 — SÉRIES DE PAGAMENTOS
TABELA 6 – EXEMPLO DA PLANILHA DE AMORTIZAÇÃO PELO SISTEMA PRICE
	N
	SD
	A
	J
	R
	0
	200.000,00
	-
	-
	-
	1
	156.906,00
	43.094,00
	20.000,00
	63.904,00
	2
	109.502,60
	47.403,40
	15.690,60
	63.904,00
	3
	57.358,86
	52.143,74
	10.950,26
	63.904,00
	4
	-
	57.358,86
	5.735,89
	63.904,00
FONTE: Adaptado deSamanez (2010)
Acadêmico, a seguir, entenderemos como chegar nesses valores da planilha. Como todos os pagamentos são iguais, estamos diante de uma série uniforme, correto? Podemos então recorrer as fórmulas que já vimos anteriormente. Aprendemos que podemos calcular o valor das parcelas por meio dos parâmetros valor presente, taxa de juros e total de pagamentos, por meio da seguinte fórmula:
Utilizando essa fórmula, nesse exemplo, temos que:
Já para encontrar os valores para SD, A e J, devemos utilizar as fórmulas que já vimos anteriormente. Acadêmico, como exercício, desenvolva cada uma das operações e chegue os valores apresentados na planilha.
10 SISTEMA DE AMORTIZAÇÕES CONSTANTES (SAC)
Pelos Sistema de Amortizações Constantes, o principal é reembolsado em cotas de amortizações iguais. Dessa maneira, diferentemente da Tabela Price, em que as prestações são iguais, no sistema SAC as prestações são decrescentes, já
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
que os juros diminuem a cada prestação. A amortização é calculada dividindo-se o valor do principal pelo número de períodos de pagamento. Às vezes, esse tipo de sistema é usado pelos bancos comerciais em seus financiamentos imobiliários e também, em certos casos, em empréstimos a empresas privadas, por meio de entidades governamentais (SAMANEZ, 2010).
Acompanhe agora um exemplo de Samanez (2010, p. 16):
Exemplo: elaborar uma planilha de amortização para o um financiamento de R$200.000,00, com reembolso em quatro meses pelo Sistema SAC, e com taxa de juros efetiva de 10%a.m.
Cálculo das amortizações: 
TABELA 7 – EXEMPLO DA PLANILHA DE AMORTIZAÇÃO PELO SISTEMA SAC
	MÊS
	SD
	A
	J
	R
	0
	200.000,00
	-
	-
	-
	1
	150.000,00
	50.000,00
	20.000,00
	70.000,00
	2
	100.000,00
	50.000,00
	15.000,00
	65.000,00
	3
	50.000,00
	50.000,00
	10.000,00
	60.000,00
	4
	-
	50.000,00
	5.000,00
	55.000,00
FONTE: Adaptado de Samanez (2010)
Acadêmico, aqui fica também como exercício desenvolver cada uma das
operações e chegar nos valores apresentados na planilha.
11 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO MISTO (SAM)
O Sistema de Amortização Misto se baseia no SAC e no Sistema Price, já que a prestação é igual à média aritmética calculada entre as prestações desses dois sistemas, nas condições de juros e prazos. Uma das desvantagens do SAM é que suas prestações iniciais são ligeiramente mais altas que as do Price. Contudo, após a metade do período, o mutuário sentirá uma queda substancial no comprometimento de sua renda com o pagamento das prestações (SAMANEZ, 2010).
Para utilizar o SAM, entra em cena um termo chave que recebe o nome de coeficiente q. Ele assume o valor de 0,5 nessa fórmula, aplicada para o cálculo da primeira parcela no SAM:
TÓPICO 4 — SÉRIES DE PAGAMENTOS
Acadêmico, perceba que, se tivéssemos q = 0, ficaríamos com a fórmula aplicada no sistema Price. Já para q = 1, essa fórmula se converteria na utilizada para o cálculo das parcelas no SAC. As parcelas no sistema misto apresentam um decréscimo uniforme entre si. A partir da primeira, todas as restantes são reduzidas de acordo com um termo que é notado como r e é uma razão de uma progressão aritmética (WAKAMATSU, 2012).
Calcula-se r pela seguinte fórmula:
Uma vez que temos o valor de uma das parcelas, as demais são obtidas pela fórmula Rt+1=Rt– r.
Acadêmico, para compreender melhor, acompanhe o seguinte exemplo (SAMANEZ, 2010, p. 163):
Exemplo: temos um empréstimo de R$200.000,00 a ser pago em quatro prestações mensais a juros efetivos de 10% a.m. Calcule as parcelas pelo Sistema de Amortização Misto.
Primeiramente, substituiremos os dados do exemplo na fórmula, para encontrarmos o valor da primeira parcela:
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Agora, devemos calcular o r:
O valor de r nos indica que é isso que as parcelas vão recuar a cada virada de tempo, ou seja, a primeira será de R$66.547,00, a segunda será de R$64.047,00, a terceira R$61.547,00 e, por fim, a quarta será de R$59.047,00.
Substituindo q por 0 e 1, descobrimos o valor de cada uma das parcelas nos sistemas constante e Price. Veja, a seguir, a tabela comparativa entre sistema constante, Price e misto para esse exemplo:
TABELA 8 – COMPARATIVO ENTRE SISTEMAS CONSTANTE, PRICE E MISTO
	Mês
	Sistema Price q = 0; r = 0
	Sistema SAM q = 0,5; r = 2.500
	Sistema SAC q = 1,0; r = 5.000
	1
	R$63.094,00
	R$66.547
	R$70.000,00
	2
	R$63.094,00
	R$64.047,00
	R$65.000,00
	3
	R$63.094,00
	R$61.547,00
	R$60.000,00
	4
	R$63.094,00
	R$59.047,00 (*)
	R$55.000,00 (*)
(*) Observe que as prestações decrescem a razão r respectiva.
FONTE: Adaptado de Samanez (2010, p.163)
Por fim, é importante destacar que o Sistema Misto é comumente utilizado nos financiamentos imobiliários, em um cálculo que permeia também o Sistema Price. Ele permite que as parcelas sejam reduzidas ao longo do tempo,
o que costuma ser bem visto pelos clientes.
TÓPICO 4 — SÉRIES DE PAGAMENTOS
 	LEITURA COMPLEMENTAR	
QUAL A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA A SUA VIDA?
Tatiana Mallman Numa época de dúvidas e preocupações cada vez maiores com o futuro,
em que reviravoltas econômicas e crises aparecem do nada, a educação financeira e o planejamento econômico são essenciais para uma vida tranquila e segura. Esse não é mais um assunto apenas para investidores, mas para todos que querem poupar e investir dinheiro com segurança e garantir um futuro econômico estável para sua família.
Segundo o economista e apresentador da coluna Na Ponta do Lápis, Marcos Silvestre, o mundo globalizado em que vivemos é uma grande sociedade de consumo, e cuidar do nosso dinheiro demanda disciplina e comprometimento constantes. De acordo com ele, mesmo quem não gosta de planejamento financeiro pessoal deve tomar sua dose periódica para preservar sua saúde financeira e material.
São muitos os blogs, podcasts e canais do YouTube dedicados exclusivamente à educação financeira atualmente. São muitas as tendências que nos mostram o quão importante é ter uma boa noção de organização de orçamento, planejamento e controle de gastos. Vamos analisar algumas para que você possa tomar decisões cuidadosas e informadas sobre as suas finanças.
MUDANÇAS SÃO NECESSÁRIAS
O primeiro passo é mudar o jeito como você percebe sua saúde financeira, e então se comprometer a fazer todas as mudanças necessárias para assumir as responsabilidades de uma vida material regrada. Uma boa maneira de fazer isso é analisar que benefícios essas mudanças trarão para sua vida, no curto, médio e longo prazo. Dessa forma fica mais fácil se engajar e mudar a forma como você gerencia as suas finanças.
Aqui estão algumas das questões essenciais que você deve responder ao
avaliar a sua vida financeira:
1. Você está com todas as contas em dia?
2. Você poupa pelo menos 10% da sua receita líquida?
3. Você possui uma reserva para emergências?
4. Você planeja com antecedência os grandes gastos?
5. Você prepara um orçamento e acompanha sua realização?
6. Você verifica os seus extratos bancários frequentemente e detalhadamente?
UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Se a resposta para uma ou mais dessas perguntas é “nunca”, já está na hora de você reavaliar sua vida financeira com cuidado. Comece por organizar os extratos e recibos, tanto pessoais quanto da sua empresa. Separe todos os papéis e reveja o que é importante manter e o que já pode ser jogado fora, como as vias de cartões de crédito de anos anteriores. Uma boa organização é de extrema importância para assumir o pleno controle da situação.
CONTROLE CONSTANTE
Uma planilha ou um software de controle de desembolsos é indispensável. São tantos os gastos, as contas e as diferentes formas de pagamentos, que é imprescindível controlar tudo o que é desembolsado. E anotar tudo na ponta do lápis é uma forma de visualizar aonde o seu dinheiro está indo, o que é essencial e o que pode ser poupado. Com essa visão, que leva ao planejamento, a decisão de fazer uma dívida ou de fazer um investimento é bem mais fácil de tomar.
Quanto às dívidas, devemosdar a elas atenção especial e imediata. Elas são a sua segunda obrigação financeira, seguindo de perto os gastos primários. Um olhar honesto sobre o quanto você deve e uma planilha específica para a organização dos pagamentos devem ser feitos o quanto antes. A cada dívida quitada, menos preocupações, uma melhor análise de crédito, mais fôlego no caso de uma emergência e mais dinheiro para os objetivos! Claro que dívidas são eventualmente necessárias, mas um bom planejamento de como se livrar delas vai lhe deixar muito mais tranquilo.
Orçamentos de curto prazo (de um a três meses), ou mesmo de longo prazo (de três ou mais anos), com definições precisas, são as melhores ferramentas para controle de pagamentos de dívidas e organização de entrada de dinheiro. Tudo isso, acoplado a um fluxo de caixa de médio prazo, leva a uma organização saudável e evita surpresas.
DEFINIR PRIORIDADES
Vamos focar, agora, no futuro. O próximo passo é identificar quais são as prioridades para a verdadeira saúde financeira. Ter muito dinheiro é bastante desejável, mas o objetivo final é viver bem. Então o foco deve estar no objetivo final, não na quantidade de renda acumulada. É crucial fazer duas listas: o que você, sua família, e até mesmo, sua empresa, PRECISAM, e o que QUEREM. E aí tocar a vida material com dignidade para ser feliz.
Agora é necessário definir quais metas devem ser alcançadas no curto, médio e longo prazo. Uma regra geral é que objetivos de curto prazo são prioridade que devem ser alcançados em dois anos. As metas de médio prazo podem ser obtidas em até cinco anos, e são mais flexíveis. Já as de longo prazo podem demorar mais de cinco anos, mas isso não significa que elas sejam menos importantes. Na verdade, são estas últimas que requerem maior planejamento e economias constantes para serem alcançadas.
 (
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AVA,
 
e
 
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as
 
novidades
 
que
 
preparamos
 
para
 
seu
 
estudo.
)TÓPICO 4 — SÉRIES DE PAGAMENTOS
Os planos financeiros de longo prazo são o coração da educação financeira. São eles que englobam a compra de uma casa, as economias para o estudo universitário, o lançamento de novos serviços ou produtos no mercado e os planos de aposentadoria. Uma constante verificação das suas economias pode ser suficiente para manter essas metas — e sonhos — possíveis e cada vez mais próximos. Para isso é necessária a revisão periódica de orçamentos em função das realizações e das mudanças de parâmetros que os afetam: tributação, taxas de juros e câmbio e a revisão ou fixação de novas metas a serem alcançadas.
Esses são os primeiros passos para organizar a sua vida material e alcançar o bem-estar com tranquilidade e sem surpresas desagradáveis. Não é fácil se educar financeiramente, mas é possível! Tudo isso requer compromisso e dedicação, e não só por um pequeno período de tempo. É uma tarefa constante!
FONTE: MALLMANN, T. Qual a importância da educação financeira para sua vida? [20--]. Disponível em:https://londoncapital.com.br/blog/qual-importancia-da-educacao-financeira-para-sua-vida/. Acesso em: 25 mar. 2020.
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
· As séries uniformes de pagamento podem ser antecipadas ou postecipadas.
· As séries postecipadas são aquelas em que os pagamentos ocorrem no final de
cada período e não na origem.
· Nas séries antecipadas os pagamentos são feitos no início de cada período respectivo.
· Chamamos de amortização o segmento de uma parcela que corresponde ao pagamento efetivo da dívida.
· No Sistema de Amortização Constante (SAC), como o próprio nome já diz, o valor da amortização é constante, ou seja, o mesmo para todos os períodos. Isso somente será possível se o saldo devedor inicial for dividido pelo número de períodos envolvidos no financiamento.
· O Sistema de Amortização Francês (Price) caracteriza-se por pagamentos do principal em prestações iguais, periódicas e sucessivas. É o mais utilizado pelas instituições financeiras e pelo comércio em geral.
· Pelos Sistema de Amortizações Constantes, o principal é reembolsado em cotas de amortizações iguais. Dessa maneira, diferentemente da Tabela Price, em que as prestações são iguais, no sistema SAC as prestações são decrescentes, já que os juros diminuem a cada prestação.
· O Sistema de Amortização Misto se baseia no SAC e no Sistema Price, já que a prestação é igual à média aritmética calculada entre as prestações desses dois sistemas, nas condições de juros e prazos.
QUADRO 5 – FÓRMULAS DO TÓPICO 4
	Valor presente de uma série uniforme postecipada de pagamentos
	
	Valor presente para séries antecipadas
	
	Valor futuro para séries postecipadas
	
	Valor futuro para séries antecipadas
	
	Valor das parcelas para séries postecipadas
	
	Valor das parcelas para séries antecipadas
	
	
Quantidade de pagamentos para séries postecipadas
	
	
Quantidade de pagamentos para séries antecipadas
	
	
Amortização
	
	
Sistema de Amortização Misto (SAM)
	
FONTE: A autora
 (
AUTOATIVIDADE
)
1 Vimos que as séries uniformes de pagamento podem ser antecipadas ou postecipadas. Em uma, paga-se uma das parcelas logo no início da transação, e, na outra, o primeiro pagamento ocorre somente quando o primeiro ciclo temporal está concluído. Nesse sentido:
a) Explique o que são séries antecipadas e séries postecipadas.
b) Como cliente, que vantagem você encontra em uma série antecipada? E em uma série postecipada?
2 Você deseja adquirir uma televisão com 6 prestações mensais de R$152,35. Sabendo que essas prestações devem ser pagas ao final de cada mês e a taxa de juros do processo é de 4% a.m., qual é o valor à vista da televisão?
a) ( ) R$685,58.
b) ( ) R$804,41.
c) ( ) R$906,32.
d) ( ) R$725,60.
3 A que valor chegaríamos, após 12 meses, se investirmos R$125,00 no fim de cada mês em uma aplicação com juros de 5% a.m.?
a) ( ) R$1.989,64.
b) ( ) R$1.979,70.
c) ( ) R$1.989,84.
d) ( ) R$1.879,30.
4 Qual o valor de uma aplicação, com depósitos feitos no início de cada mês, se o valor mensal é de R$125,00, os juros são de 1,25%a.m. e o prazo é de 20 meses?
a) ( ) R$3.202,10.
b) ( ) R$2.855,63.
c) ( ) R$2.202,35.
d) ( ) R$3.540,10.
5 Você deseja adquirir um carro cujo valor à vista é de R$12.000,00. Você deseja fazê-lo em quarenta e oito vezes mensais, com juros de 10% a.m. Qual o valor das parcelas, sendo que a primeira parcela vence 30 dias após a compra?
a) ( ) R$1.202,25.
b) ( ) R$3.202,10.
c) ( ) R$1.212,10.
d) ( ) R$1.212,50.
6 Você deseja adquirir uma geladeira de R$2.000,00 por meio de uma entrada mais 6 pagamentos mensais. Sob a taxa de juros de 3% a.m., qual o valor das parcelas?
a) ( ) R$276,61.
b) ( ) R$221, 53.
c) ( ) R$375,78.
d) ( ) R$275,50.
7 Em quantas prestações mensais de R$150,00 será pago um celular que custa
R$4.000,00 se a taxa contratada for de 2% a.m.?
	a) (
	) 38,49.
	b) (
	) 39,20.
	c) (
	) 39.
	d) (
	) 38,10.
8 Um imóvel de R$150.000,00 foi financiado para você a 2% ao mês, durante
120 meses. Tal financiamento, pelo sistema de pagamentos uniformes, gerou uma parcela fixa de R$3.521,53. Quanto foi pago de juros e quanto foi amortizado na primeira parcela?
a) ( ) R$325,87.
b) ( ) R$287,74.
c) ( ) R$421, 53.
d) ( ) R$521,53.
 (
—
)UNIDADE 2
PLANEJAMENTO FINANCEIRO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
· compreender o que é um planejamento financeiro;
· entender a importância do planejamento financeiro;
· reconhecer os principais erros de um planejamento financeiro;
· diferenciar orçamento de planejamento financeiro;
· compreender o que é um investimento;
· conhecer o que é e entender como funciona o Tesouro Direto;
· diferenciar poupança e caderneta de poupança;
· entender o que é um fundo de investimento.
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo dereforçar o conteúdo apresentado:
TÓPICO 1 – PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL TÓPICO 2 – INVESTIMENTO E POUPANÇA
TÓPICO 3 – FUNDOS DE INVESTIMENTOS
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
 (
—
)
 (
TÓPICO
 
1
PLANEJAMENTO
 
FINANCEIRO
PESSOAL
UNIDADE
 
2
)1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, para iniciar nosso estudo sobre planejamento financeiro, conteúdo da nossa segunda unidade de estudo sobre Educação Financeira, vamos estudar neste primeiro tópico sobre o planejamento financeiro pessoal.
É fato que dedicar um tempo para a realização de um planejamento financeiro pessoal é de grande valia. Pesquisas realizadas pelo SPC Brasil apontam que grande parte da população não sabe como gasta o seu dinheiro ou o quanto é gasto em cada grupo de despesas, como, por exemplo: educação, saúde, alimentação etc.
E você, acadêmico? Você sabe quanto gasta, e, como gasta, todo o seu dinheiro no mês? Você planeja os seus gastos? E a sua poupança, como está? Quando você planeja, você cumpre o planejamento?
O controle e o planejamento financeiro, como também a anotação de todas as receitas e despesas, ajudam a obter respostas para essas perguntas fundamentais. “Qualquer que seja o tamanho do seu plano ou sonho, é necessário ter um controle efetivo das receitas e das despesas, bem como se organizar e definir o que tem de ser feito, de modo a alcançar os objetivos em menos tempo e ao menor custo possível” (BCB, 2013, p. 19). Para que isso ocorra, acadêmico, quanto antes você começar seu planejamento, melhor.
Neste tópico, primeiramente veremos o que é um planejamento, e qual a importância do planejamento financeiro pessoal. Após isso, estudaremos sobre o planejamento financeiro pessoal e nossa relação com o dinheiro. Em seguida, veremos o que é um orçamento, qual a sua importância, como elaborar um, e qual a diferença entre orçamento e planejamento financeiro. E, para finalizar, é apresentado as vantagens, os erros e como fazer um planejamento financeiro pessoal. Vamos lá?
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
2 O QUE É PLANEJAMENTO FINANCEIRO?
Acadêmico, como vimos no Tópico 1 da Unidade 1, uma das formas de evitar a inadimplência e outros problemas financeiros é feito por meio do ensino da Educação Financeira, ampliando assim a capacidade de entendimento sobre planejamento financeiro.
Não há como negar que todos nós temos uma vida financeira e que nós tomamos decisões sobre ela, tendo ou não consciência desse fato, e, pensando ou não sobre as decisões que acabamos tomando. A proposta do planejamento financeiro é auxiliar para que nós tomemos nossas decisões de uma maneira consciente, organizada e responsável. Porém, antes de estudarmos sobre a importância do planejamento financeiro pessoal, precisamos entender o que é planejamento financeiro.
Podemos definir planejamento financeiro como o processo de formulação de estratégias para auxiliar os indivíduos a gerenciarem seus assuntos financeiros para atingirem seus objetivos de vida. Ou seja, o planejamento financeiro nada mais é do que a organização das finanças pessoais. Também podemos definir o planejamento financeiro como uma estratégia de gestão do dinheiro de uma pessoa ou de uma empresa.
Para Frankenberg (1999, p. 31), autor do livro Seu futuro financeiro: você é o maior responsável, “planejamento financeiro pessoal significa estabelecer e seguir uma estratégia precisa, deliberada e dirigida para a acumulação de bens e valores que irão formar o patrimônio de uma pessoa e de sua família”. O autor também destaca que essa estratégia pode estar voltada a curto, médio ou longo prazo, e que não é uma tarefa simples de ser atingida.
 (
No
 
livro
 
Como
 
organizar
 
sua
 
vida
 
financeira
,
 
o
 
autor
 
Gustavo
 
Cerbasi
 
apresenta
 
como organizar sua vida flnanceira e apresenta dicas para as pessoas que desejam tomar
 
decisões mais conscientes sobre o seu dinheiro. Esse livro é uma ótima dica para quem
 
deseja
 
alcançar
 
o
 
equilíbrio
 
das
 
suas
 
flnanças
 
e
 
planejar
 
um
 
futuro
 
mais
 
próspero.
)Afinal, por que o planejamento financeiro pessoal é uma tarefa difícil de ser atingida? Porque ela é uma tarefa árdua. Por causa das incertezas da vida, dos inúmeros imprevistos que podem acontecer, e por vários fatores que concorrem para que, ao final da caminhada, pouquíssimos indivíduos tenham conseguido alcançar o objetivo maior: a completa tranquilidade econômico-financeira. Porém, quando as pessoas são conscientes e determinadas, obviamente fica mais fácil para elas planejarem seguir uma certa conduta, o que amplia muito suas probabilidades de concretizar esse sonho (FRANKENBERG, 1999).
TÓPICO 1 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL
A expressão “tranquilidade econômico-financeira” é bastante subjetiva, e traduz o estado de satisfação de uma pessoa ao alcançar um objetivo por ela mesma, definido como o montante suficiente para manter um determinado padrão de vida. Conceitos, como, por exemplo, riqueza, conforto, qualidade de vida, bem-estar, sucesso, renda etc. definem, em última instância, exatamente a mesma ideia. Conscientemente, a pessoa estabelece uma linha de conduta financeira que gostaria de seguir e os principais objetivos que deseja alcançar na sua vida (FRANKENBERG, 1999).
Sabemos que, como nenhuma empresa pode progredir a longo prazo se não tiver um objetivo e um foco, as pessoas também precisam saber antecipadamente as metas de pretendem atingir na sua vida. Porém, devemos deixar claro que, isso não significa que depois de definidas as metas, elas não irão sofrer alterações.
É importante ressaltar que faz parte do planejamento realizar revisões periódicas, para que assim se confirme se certos gastos e investimentos são ainda necessários ou se deveriam ser eliminados, como também redefinir objetivos de curto, médio e longo prazos. “[...] um espírito de autocrítica constante é muito desejável e aconselhável, especialmente quando há mudanças importantes no panorama econômico-financeiro ou quando certas condições pessoais se alteram e assim o exigem” (FRANKENBERG, 1999, p. 33).
Acadêmico, acompanhe agora algumas observações fundamentais sobre a “natureza” e a “essência” do planejamento financeiro (SOUSA et al., 2018, p. 3):
· Como lidamos com indivíduos e famílias que têm suas histórias e situações próprias, não há como homogeneizar: cada caso será um caso. Portanto, cada planejamento financeiro é único e singular.
· Para seu desenvolvimento, precisam ser levantados e analisados vários aspectos da vida do indivíduo e das famílias, desde os dados numéricos e objetivos até o comportamento humano, o lado “interno”, seus valores e atitudes. Mesmo quando estamos tratando de tema que se refira a apenas um dos componentes, por exemplo, gestão de investimentos, não há como fazê-los se não forem levados em conta os diversos aspectos da vida dos indivíduos e famílias. Portanto, o planejamento financeiro é um processo holístico.
· Os objetivos e necessidades mudam ao longo dos ciclos de vida e precisam ser revistos, avaliados e monitorados para que os ajustes necessários sejam feitos. Portanto, o planejamento financeiro é um processo contínuo.
· A busca é atingir, da forma mais abrangente e eficiente possível, os objetivos e necessidades estabelecidos e desejados. Isso significa, de um lado, recursos que são limitados e finitos, e, de outro, diversos objetos, necessidades e desejos que muitas vezes podem ser conflitantes. O grande desafio será a necessidade de que sejam feitas escolhas, que envolvem não apenas os indivíduos, mas, em geral, também sua unidade familiar.
 (
Leia
 
a
 
leitura
 
complementar
 
Aplicativos
 
de
 
finanças
 
pessoais
:
 
os
 
7
 
melhores
 
no
 
flnal
 
desse
 
tópico
 
de
 
estudos.
)UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Ou seja: o planejamento financeiro é um processo holístico, único, singular e contínuo. Veja alguns exemplos:
· Será que devo usar o meu 13º salário para viajar ou coloco essedinheiro na previdência?
· Faço ou não faço um seguro para o meu carro?
· Abro mão ou não de consumir hoje para guardar para o futuro?
· Caso em comunhão parcial de bens ou com separação total de bens?
· Faço ou não o casamento dos meus sonhos, sendo que para isso preciso de um empréstimo?
· Compro uma casa menor à vista, ou uma casa maior, financiada?
Acadêmico, esses são apenas alguns exemplos do dia a dia das pessoas que dependem de uma decisão a ser tomada. Por esse motivo dizemos que o planejamento financeiro é um processo de decisão. Vale lembrar que decidir é sempre um desafio, visto que nós precisamos escolher entre diversas alternativas no presente, tentando enxergar as consequências no futuro.
Engana-se quem acha que planejamento financeiro é direcionado apenas para as pessoas e famílias que tem um padrão de renda e patrimônio elevado. O planejamento financeiro é “democrático”, podendo ser usufruído por todos.
 (
Acadêmico, existem vários aplicativos para você baixar no seu celular para o
 
controle de suas flnanças. Digite “flnanças pessoais” no buscador de aplicativos e escolha a
 
melhor
 
opção
 
para
 
você.
)Acadêmico, como vimos anteriormente, é fato que dedicar um tempo para a realização de um planejamento financeiro pessoal é de grande valia. Dessa forma, é preciso que entendamos sobre a importância do planejamento financeiro na vida das pessoas.
TÓPICO 1 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL
2.1 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Acadêmico, o planejamento financeiro pessoal vai muito além do que simplesmente saber se você tem dinheiro suficiente para pagar suas contas, ou, economizar o suficiente para ter uma conta bancária positiva. O planejamento financeiro pessoal vai muito além disso. O planejamento financeiro permite as pessoas a terem qualidade de vida e também auxilia as pessoas a conquistarem a independência e a “tranquilidade financeira”.
Quanto mais cedo uma pessoa começa a planejar sua vida financeira e a colocar de lado, periodicamente, um certo valor, e aplicando esse valor de forma inteligente, menos esforço ela terá que fazer para alcançar um futuro financeiro tranquilo.
Por esse motivo, acadêmico, nós, professores ou futuros professores, devemos conscientizar os estudantes em sala de aula sobre a importância do planejamento financeiro desde cedo.
É interessante trazer para sala de aula situações reais e atuais, por exemplo: sobre dívidas e falta de planejamento, que façam os estudantes refletirem sobre essas situações e consequências. Uma sugestão é trazer uma notícia com dados atuais e questionar os estudantes sobre as medidas que podiam ter sido tomadas para evitar o endividamento, por exemplo.
É nessa hora que entra a Educação Financeira e que, você, professor, pode abordar diversos conteúdos sobre cidadania, consumismo, endividamento, desenvolvimento sustentável etc., conteúdos já vistos no Tópico 1 da Unidade 1 desse livro.
3 PLANEJAMENTO	FINANCEIRO	PESSOAL	E	NOSSA RELAÇÃO COM O DINHEIRO
Quando falamos em planejamento financeiro, logo lembramos de dinheiro, certo? A nossa relação com o dinheiro é algo que diz muito sobre nós. É indiscutível que o nosso relacionamento com o dinheiro afeta muito o nosso dia a dia e da nossa família e que alcançar a independência financeira é o sonho de grande parte da população mundial.
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Desde muito cedo começamos a lidar com várias situações que são ligadas ao dinheiro. É fato que, para tirar melhor proveito do nosso dinheiro, é muito importante saber como utilizá-lo da melhor forma possível. É por esse motivo que dizemos que o aprendizado e a aplicação de conhecimentos práticos da Educação Financeira podem contribuir para melhorar a gestão de nossas finanças pessoais, tornando assim a nossa vida mais equilibrada e tranquila sob o ponto de vista financeiro (BCB, 2013).
No Livro Didático de Educação Financeira – Gestão de Finanças Pessoais, o Banco Central do Brasil – BCB (2013) destaca que, infelizmente, não faz parte do cotidiano da maioria das pessoas buscar por informações que auxiliem na gestão de suas finanças.
 (
O Livro Didático de Educação Financeira – Gestão de Finanças Pessoais foi
 
elaborado pelo Departamento de Educação Financeira do Banco Central do Brasil (BCB).
 
Esse
 
livro
 
é
 
gratuito
 
e
 
está
 
disponível
 
no
 
site
 
www.bcb.gov.br.
)Para agravar essa situação, não há uma cultura coletiva, ou seja, uma preocupação da sociedade organizada em torno do tema. Nas escolas, pouco ou nada é falado sobre o assunto. As empresas, não compreendendo a importância de ter seus funcionários alfabetizados financeiramente, também não investem nessa área. Similar problema é encontrado nas famílias, onde não há o hábito de reunir os membros para discutir e elaborar um orçamento familiar. Igualmente entre os amigos, assuntos ligados à gestão financeira pessoal muitas vezes são considerados invasão de privacidade e pouco se conversa em torno do tema. Enfim, embora todos lidem diariamente com o dinheiro, poucos se dedicam a gerir melhor seus recursos (BCB, 2013, p. 11).
Acadêmico, perceba que os autores desse caderno destacam que, embora todas pessoas lidem todos os dias com o dinheiro, infelizmente, poucos acabam se dedicando a gerir melhor seus recursos. Um motivo disso pode ser que muitas pessoas acham que sabem mais sobre o uso do dinheiro do que realmente sabem, e isso pode trazer a falsa sensação que dominam sobre assuntos relacionados a gestão financeira.
Warren Buffett, considerado nos dias de hoje o rei do mercado financeiro, é o investidor de maior sucesso na atualidade com o patrimônio de aproximadamente 86 bilhões de dólares (dados de março de 2019). Segundo Reis (2017), Buffet aponta que há duas regras a respeito do dinheiro:
TÓPICO 1 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL
· Regra número 1: Nunca perca dinheiro.
· Regra número 2: Nunca esqueça a regra número 1.
Acadêmico, para seguirmos a regra de Buffett, nunca perder dinheiro, precisamos obviamente saber planejar nossos gastos, saber controlar e gastar o nosso dinheiro com sabedoria, consciência e responsabilidade.
Atualmente (2019), pesquisas revelam que 3 em cada 4 famílias sentem alguma dificuldade para chegar no fim do mês com seus rendimentos. Esse é um dado muito preocupante. As pessoas precisam saber lidar melhor com o seu dinheiro, precisam administrar melhor os seus recursos financeiros. É por esse e tantos outros motivos que já foi comentado neste livro que as pessoas precisam ser educadas financeiramente desde cedo.
4 ORÇAMENTO PESSOAL
Acadêmico, diante de tudo o que estudamos até agora, podemos dizer que é fundamental que as pessoas leiam e aprendam constantemente sobre dinheiro. É importante também ser organizado, disciplinado, ter um controle dos seus gastos, e ter uma preocupação em analisar e revisar periodicamente seu orçamento e objetivos financeiros.
Segundo o Banco Central do Brasil (2013), com o tempo, o orçamento ajuda as pessoas a serem superavitárias, ou seja, o orçamento auxilia as pessoas a manterem suas receitas maiores que suas despesas.
Para que uma pessoa tenha um bom planejamento, é necessário: 1. que ela saiba aonde quer chegar; 2. internalizar a visão de futuro trazida pela perspectiva de realização do projeto; 3. estabelecer metas claras e objetivas. Por esse motivo, é importante que toda movimentação de recursos financeiros, incluindo todas as receitas, despesas e investimentos, seja anotada e organizada.
Criar um orçamento pessoal é uma das partes mais importantes do planejamento financeiro. O foco do orçamento é manter o maior fluxo de dinheiro nas áreas mais importantes e evitar os gastos desnecessários.
O orçamento é uma ferramenta que ajuda as pessoas a economizarem mais e a controlarem melhor suas despesas mensais, para que assim elas consigam poupar dinheiro e atingir suas metas financeiras mais rapidamente. Orçar é se basear no seu montante de despesas e receita atual e definir valores e metas que você pretende alcançar futuramente.
UNIDADE2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Segundo o Banco Central do Brasil (2013, p. 19), “orçamento pode ser visto como uma ferramenta de planejamento financeiro pessoal que contribui para a realização de sonhos e projetos”. Neste momento, acadêmico, você pode estar se questionando: mas as qual a diferença entre sonhos e projetos?
 (
Signiflcado
 
de
 
aspiração:
 
vontade
 
imensa
 
de
 
conseguir
 
alguma
 
coisa;
 
sonho,
 
ambição:
 
aspiração por
 
um futuro
 
promissor.
Signiflcado
 
de
 
anseio:
 
desejo
 
intenso
 
por
 
alguma
 
coisa
 
ou
 
por
 
alguém:
 
anseios
 
de
 
felicidade.
)Sonho é um desejo vivo, a aspiração, o anseio. Sonho pode ser entendido como a ideia ou os objetivos que se quer alcançar. Já o projeto é o sonho colocado no papel, para que possamos visualizar melhor onde estamos em relação a nossas aspirações e quais os caminhos que devemos seguir para alcançá-las. O projeto implica um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo na direção do sonho ou dos objetivos que se quer concretizar (BCB, 2013). Como você pode ver, acadêmico, um é a complementação do outro.
Os projetos se caracterizam pelos seguintes aspectos:
1. São temporários – têm início e fim definitivos.
2. São planejados, executados e controlados.
3. Geram produtos, serviços ou resultados exclusivos.
4. São desenvolvidos em etapas que sucedem em uma sequência progressiva.
5. São realizados e gerenciados por pessoas.
6. São executados com recursos limitados.
Desse modo, acadêmico, podemos dizer que o projeto é uma ação que viabiliza a realização dos sonhos, retirando-os do imaginário e trazendo-os ao mundo real.
Segundo o Banco Central do Brasil (2013), existem alguns passos simples que, uma vez seguidos, podem ajudar as pessoas a transformar, com facilidade, seus sonhos em projetos, aproximando-os de sua realização:
TÓPICO 1 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL
QUADRO 1 – CINCO PASSOS PARA REALIZAR SEUS SONHOS EM PROJETOS
	Primeiro passo
	Saber, exatamente, aonde você quer chegar.
	Segundo passo
	Estabelecer metas claras e objetivas para seu projeto.
	Terceiro passo
	Internalizar a visão de futuro trazida pela perspectiva de realização do projeto.
	Quarto passo
	Estabelecer etapas intermediárias.
	Último passo
	Comemorar as etapas intermediárias da caminhada.
FONTE: A autora
No primeiro passo é importante a pessoa saber exatamente aonde quer chegar. Por exemplo, vamos supor que você deseja comprar uma casa. Você precisa saber exatamente qual estilo da casa, qual o valor mínimo e máximo que você irá gastar, se você pagará à vista ou irá financiar, enfim, simplesmente dizer que deseja comprar uma casa é algo muito vago, pois isso envolve muita coisa.
No segundo passo, é importante que a pessoa estabeleça metas claras e objetivas para o seu projeto, ou seja, saiba detalhar como irá realizar o seu sonho. Já no terceiro passo é preciso internalizar a visão de futuro trazida pela perspectiva de realização do projeto, ou seja, a pessoa deve pensar em tudo aquilo que a realização do seu sonho lhe trará de bom.
No quarto passo, é necessário que a pessoa estabeleça etapas intermediárias, pois ao longo do tempo muitas coisas podem acontecer, como, por exemplo, despesas inesperadas. Por esse motivo é importante de tempos em tempos, reavaliar o seu projeto para que a realização do sonho continue sendo viável.
Já no último passo para realizar seus sonhos em projetos, comemorar as etapas intermediárias da caminhada, é importante estabelecer etapas intermediárias de comemoração. Por exemplo, no projeto da compra de uma casa, estabelecer a cada 30 mil reais poupados, comemorar com a família a conquista, mesmo que isso demande dinheiro, o importante é não desviar o foco principal do seu projeto.
Seguindo esses passos, certamente uma pessoa pode aumentar muito a possibilidade de realizar os seus sonhos. Perceba, acadêmico, que tudo isso envolve planejamento financeiro. Para que tudo isso aconteça, é importante as pessoas saberem como realizar um orçamento.
Acadêmico, embora muitas pesquisas apontem que o orçamento não é algo que as pessoas costumam fazer, ele é algo muito simples. Qualquer pessoa pode desenvolvê-lo. Um lápis e um papel, e saber o quanto ganha e o quanto gasta, é o necessário para desenvolver um orçamento. Não é obrigatório ter um computador e saber mexer em planilhas eletrônicas para isso.
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Com o orçamento, uma pessoa consegue identificar para onde vai o seu dinheiro, verificar quanto está gastando em coisas necessárias e coisas supérfluas, observar se o seu gasto aumentou ou diminuiu comparado ao mês anterior etc. Por esse motivo, acadêmico, devemos entender qual a importância do orçamento, saber como elaborar um orçamento corretamente, e, principalmente, saber por onde devemos começar.
4.1 A IMPORTÂNCIA DO ORÇAMENTO
Segundo o Banco Central do Brasil (2013), o orçamento financeiro pessoal oferece uma oportunidade para que a pessoa avalie sua vida financeira e defina prioridades que impactam sua vida pessoal. Para os autores, o orçamento ajuda a pessoa a:
· Conhecer sua realidade financeira.
· Escolher os seus projetos.
· Fazer o seu planejamento financeiro.
· Definir as suas prioridades.
· Identificar e entender seus hábitos de consumo.
· Organizar sua vida financeira e patrimonial.
· Administrar imprevistos.
· Consumir de forma contínua (não trava o consumo).
Resumindo, o orçamento é uma importante ferramenta para as pessoas conhecerem, administrarem e equilibrarem suas receitas e suas despesas.
4.2 COMO ELABORAR UM ORÇAMENTO?
Acadêmico, quando nos perguntamos como elaborar um orçamento, a primeira ideia que precisamos ter em mente, e que é um importante princípio a ser seguido na elaboração do orçamento, é que as despesas não devem ser superiores as receitas. Além disso, as receitas devem superar as despesas, para que isso as pessoas possam, por exemplo, formar uma poupança, investir, realizar sonhos, preparar sua aposentadoria etc.
Afinal, como elaborar um orçamento? Seja um orçamento financeiro pessoal ou familiar, o primeiro passo é a pessoa registrar tudo o que ela, ou a sua família, ganha e o que gasta durante um certo período. Esse período pode ser em meses ou anos, por exemplo, vai depender do orçamento que a pessoa deseja fazer.
 (
Para
 
simpliflcar
 
um
 
pouco
 
a
 
linguagem,
 
agora
 
vamos
 
tratar
 
do
 
orçamento
 
pessoal,
 
porém, o
 
que
 
será
 
abordado
 
de
 
agora
 
em
 
diante,
 
também vale
 
para
 
o
 
orçamento
 
familiar.
)TÓPICO 1 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL
Na elaboração do orçamento é necessário organizar e planejar suas despesas com o objetivo de gastar bem o seu dinheiro, suprir suas necessidades, e ainda realizar sonhos e atingir metas. É claro que tudo isso será de acordo com as prioridades definidas (BCB, 2013).
Acadêmico, é importante destacar que existe mais de uma maneira de elaborar um orçamento pessoal. O Banco Central do Brasil (2013) sugere um método que consiste em quatro etapas: planejamento, registro, agrupamento e avaliação. Veremos agora detalhadamente cada processo de elaboração.
4.2.1 Planejamento
A primeira etapa do orçamento consiste no planejamento. Nessa etapa a pessoa deve estimar as receitas e as despesas do período. Para isso, a pessoa pode utilizar sua rotina passada, apontando as receitas e as despesas passadas e usando-as como base para prever as receitas e despesas futuras. Veja agora algumas sugestões que podem auxiliar nessa etapa (BCB, 2013, p. 21):
· Diferencie receitas e despesas fixas das variáveis.
Receitas fixas: como o próprio nome já diz, são receitas que não variam ou variam muito pouco, por exemplo: o valor do salário, da aposentadoria ou de rendimentos de aluguel.
Receitas variáveis: são aquelas cujos valores variam de um mês para o outro, por exemplo: ganhos de comissões por vendas ou ganhos com aulas particulares.
Despesas fixas: são despesas que não variam ou variam muito pouco, por exemplo: aluguel, prestaçãode um financiamento etc.
Despesas variáveis: são despesas cujos valores variam de um mês para o outro, por exemplo: conta de luz ou de água, que são valores que variam conforme o consumo.
· Lembre-se dos compromissos sazonais: impostos, seguros etc.
· Lembre-se dos compromissos já assumidos: faturas de cartões de crédito, prestações a vencer etc.
· Utilize informações passadas de conta de luz, água, telefone etc.
 (
Signiflcado
 
de
 
sazonal:
 
sazonal
 
é
 
um
 
adjetivo
 
que
 
se
 
refere
 
ao
 
que
 
é
 
temporário,
 
ou
 
seja,
 
é
 
típico
 
de
 
determinada
 
estação ou
 
época.
)UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
4.2.2 Registro
Na segunda etapa da elaboração de um orçamento, o registro, é necessário anotar todas as receitas e despesas (de preferência diariamente, para evitar esquecimentos). Veja agora algumas sugestões que podem auxiliar nessa etapa (BCB, 2013, p. 21):
· Anote todos os gastos. Pode ser em uma caderneta, em uma agenda, no celular, no computador etc.
· Confira os extratos bancários e as faturas de cartão de crédito.
· Guarde as notas fiscais e os recibos de pagamento.
· Guarde os comprovantes de utilização de cartões (débito/crédito).
· Diferencie as várias formas de pagamentos e desembolsos, separando-as em dinheiro, débito e crédito.
4.2.3 Agrupamento
Com o tempo, você perceberá que são muitas as anotações e, para que você as entenda melhor, agrupe-as conforme alguma característica similar, por exemplo: alimentação, educação, transporte, lazer etc. Lembrando que essa não é a única forma de agrupar as despesas, e que cada pessoa pode utilizar a forma de agrupamento mais adequada a sua realidade (BCB, 2013).
Essa etapa da elaboração de um orçamento facilita a verificação da parcela do salário ou da renda que é gasta em cada grupo de itens, além de auxiliar com os ajustes ou cortes que nós sabemos que eventualmente podem acontecer e que são necessários.
4.2.4 Avaliação
Nessa última etapa, a pessoa deve avaliar como as suas finanças se comportam ao longo do mês. Com isso, ela deve agir, se prevenindo, para que seu salário e sua renda proporcionem o máximo de benefícios, conforto e qualidade de vida. Avaliar significa refletir, e, por isso, as sugestões para essa etapa são (BCB, 2013, p. 22):
TÓPICO 1 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL
· O balanço de seu orçamento foi superavitário, neutro ou deficitário? Ou seja, você gastou menos, o mesmo ou mais do que recebeu?
· Quais são os seus sonhos e suas metas financeiras? Precisam de curto, médio ou longo prazo? São compatíveis com o seu orçamento? Tem separado recursos financeiros para realizá-los?
· É possível reduzir gastos desnecessários? Observe os pequenos gastos, pois a soma de muitos “poucos” pode ser bem relevante.
· É possível aumentar as receitas?
Assim finalizamos as quatro etapas de como elaborar um orçamento pessoal. E você, acadêmico, costuma fazer ou já fez um orçamento pessoal? Você sabe qual a diferença entre orçamento e planejamento financeiro? Sabe quais as vantagens e como elaborar um planejamento financeiro pessoal? É o que veremos a seguir.
4.3 DIFERENÇA ENTRE ORÇAMENTO E PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Como já vimos anteriormente, orçamento é o conjunto de receitas e despesas, ou seja, fazer um orçamento é se basear no seu montante de despesas e receita atual e definir valores e metas que você pretende alcançar futuramente. Já o planejamento financeiro nada mais é do que a organização das finanças pessoais.
Desse modo, podemos dizer que o orçamento e o planejamento financeiro se complementam. O primeiro (orçamento) deve ser sempre visto como um passo para a implementação do segundo (planejamento financeiro). A ausência de um orçamento torna o controle de despesas mais complicado, ao mesmo tempo que não fazer um planejamento deixa mais difícil a concretização de objetivos no longo prazo (CONGO, 2019a).
5 VANTAGENS DO PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL
Acadêmico, são várias as vantagens e benefícios do planejamento financeiro pessoal. Congo (2019a), em Planejamento financeiro: tudo o que você precisa saber para cuidar melhor do seu dinheiro, destaca quatro benefícios:
· Evita dívidas.
· Proporciona o controle de gastos.
· Ajuda a cortar os gastos desnecessários.
· Permite identificar onde o dinheiro foi gasto.
Já Leitão (2019), em seu artigo Como elaborar um planejamento financeiro pessoal incrível em 13 passos, apresenta as seguintes vantagens:
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
· Melhores hábitos de consumo e qualidade de vida.
· Controle da vida financeira.
· Proteção da família.
· Se livrar das dívidas.
Também para o autor, se ele fosse obrigado a criar uma desvantagem do planejamento financeiro, a única resposta possível seria: não ter um. Ou seja, não há desvantagens em se programar para o futuro.
Com isso, podemos destacar que o planejamento financeiro permite que as pessoas tenham qualidade de vida, e também abre caminho para que elas conquistem a independência financeira. E para você, acadêmico, quais são as principais vantagens de criar um planejamento financeiro? Escreva quais são, na sua opinião, as três principais vantagens:
6 ERROS DE UM PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL
Acadêmico, depois de vermos algumas vantagens do planejamento financeiro pessoal, e antes de abordarmos sobre como fazer um planejamento financeiro pessoal, é importante destacar sobre alguns erros comuns na hora de realizar um planejamento. Podemos destacar alguns dos principais erros de um planejamento financeiro pessoal:
· Ser indisciplinado.
· Não ter uma reserva financeira.
· Não traçar metas ou objetivos.
· Não acompanhar os gastos regularmente.
Para que uma pessoa crie um planejamento financeiro, ela precisa ser uma pessoa disciplinada, organizada e responsável. Ser indisciplinado prejudica muito no controle do planejamento financeiro. É preciso ter consciência da importância do planejamento. A indisciplina é um dos principais erros e motivos da desistência do gerenciamento das finanças de uma pessoa.
Sabemos que a vida é completamente imprevisível, e sempre pode acontecer situações não planejadas, por exemplo: doença, o carro estragar, reparos na casa etc. Para situações como essa é importante a pessoa ter uma quantia de dinheiro reservada. E são nessas situações que muitas pessoas acabam desistindo do planejamento financeiro, pois não possuem uma reserva financeira, e, por conta disso, acabam se perdendo no controle dos seus gastos.
Como já vimos anteriormente, é importante traçar metas ou objetivos. Caso a pessoa não trace metas, o planejamento financeiro certamente não terá sucesso, pois montar um planejamento financeiro sem ter uma meta ou um
TÓPICO 1 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL
objetivo específico não é recomendado em nenhuma hipótese. É importante que a pessoa tenha planos (seja a curto, médio ou longo prazo) para conseguir alcançar os resultados esperados.
E, por fim, podemos ressaltar que um dos grandes erros do planejamento financeiro pessoal é não acompanhar os gastos regularmente. Isso complementa o primeiro erro, que é ser indisciplinado. Quando uma pessoa não acompanha os seus gastos (até mesmo os pequenos gastos do dia a dia, por exemplo: um lanche, um café) quando acumulados, geralmente causam um grande impacto no orçamento no final do mês.
7 COMO FAZER UM PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL
Para finalizar o estudo desse tópico, veremos como fazer um planejamento financeiro pessoal. Você verá, acadêmico, que tudo o que será apresentado agora, complementa o que vimos até agora sobre planejamento financeiro. Leitão (2019) apresenta 13 passos de como fazer um planejamento financeiro pessoal:
1º passo: acompanhe diariamente as suas despesas e receitas.
2º passo: compre somente o que você realmente precisa.
3º passo: compare os preços antes de comprar produtos.
4º passo: utilize o cartão de crédito apenas quando for benéfico.
5º passo: pague à vista quando tiver desconto.
6º passo: tenha metas bem definidas no seu planejamento financeiro.
7º passo: analise os seus objetivos mensalmente.8º passo: viva de acordo com a sua condição financeira.
9º passo: busque informações sobre investimentos.
10º passo: trace objetivos realistas.
11º passo: regra 50-30-20 no planejamento financeiro.
12º passo: evite usar o cartão de crédito se estiver endividado.
13º passo: reserve.
Acadêmico, o primeiro passo é considerado um dos mais importantes, e já é bem familiar, não é mesmo? Acabamos de ver isso nos erros comuns no planejamento financeiro: não acompanhar os gastos regularmente. Quando uma pessoa não acompanha e não controla as suas receitas e, principalmente, suas despesas diariamente, ela estará jogando seu futuro financeiro para a sorte. É por isso que esse é o primeiro passo para o sucesso de um planejamento financeiro pessoal, acompanhar diariamente as suas despesas e as suas receitas.
O segundo passo, compre somente o que você realmente precisa, é considerado por muitas pessoas algo muito difícil. É importante que a pessoa saiba qual o seu ponto fraco para aprender a contorná-lo. Comprar somente o que você realmente precisa é um passo muito importante para o sucesso do
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
seu planejamento financeiro pessoal. Gastos desnecessários, principalmente quando ocorrem com frequência, irão atrapalhar o seu planejamento, por isso, decidir comprar somente o que você realmente precisa é importante para o seu planejamento financeiro pessoal.
O terceiro passo é comparar os preços antes de comprar um produto. É inegável que, nos dias de hoje, com a internet, é muito mais fácil comparar os preços dos produtos, analisar as promoções, e decidir o lugar mais viável para a compra. Já no quarto passo temos que utilizar o cartão de crédito apenas quando for benéfico, ou seja, apenas quando ele for favorável e trazer benefícios para nós, como, por exemplo, os cartões de crédito que dão milhas, descontos em cinema, shows etc.
No quinto passo devemos sempre pagar à vista quando tiver desconto. É inegável que pagar à vista um produto quando tem desconto é sempre mais vantajoso, pois assim compraremos o produto a um preço mais barato. É claro que aqui fica a dica para ficar atento às propagandas enganosas de descontos.
No sexto passo devemos ter metas bem definidas no nosso planejamento financeiro, e vale destacar que também já abordamos sobre a importância disso anteriormente. Para que um planejamento financeiro seja um sucesso, a pessoa precisa ter metas bem definidas, para que assim alcance os seus objetivos. Já no sétimo passo de como fazer um planejamento financeiro pessoal, o autor destaca que devemos analisar os nossos objetivos mensalmente, para que assim possamos ter total controle dos nossos ganhos e gastos, impedindo que aconteça algum imprevisto.
O oitavo passo, viver de acordo com a nossa condição financeira, é simples: as pessoas devem viver de acordo com o seu padrão de renda, e não viver de aparências, para agradar ou surpreender os outros. Esse passo é muito importante para o sucesso do planejamento financeiro pessoal, saber gastar o dinheiro com consciência: só vou gastar o que posso pagar.
O próximo passo é buscar informações sobre investimentos. É fato que, quando mais cedo uma pessoa começa a ler sobre investimentos, mais rápido ela pode pôr em prática o que está aprendendo. Ao estudar sobre investimentos, uma pessoa pode entender melhor sobre onde colocar o seu dinheiro e onde obterá melhores resultados.
O décimo passo é traçar objetivos realistas, ou seja, é indispensável que a pessoa seja realista sobre o rendimento dos seus investimentos. Leitão (2019) sugere que, se você acha que vai 10% ao ano, deve considerar 9% ao ano nos seus cálculos, pois assim, você irá se prevenir conta eventuais problemas. O autor também destaca que muitas pessoas acabam se dando mal nos investimentos porque acreditam que vão ganhar muito dinheiro facilmente, ou passaram a poupar menos quando melhoraram os seus rendimentos.
TÓPICO 1 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL
O décimo primeiro passo é a regra 50-30-20 no planejamento financeiro. Você já ouvir falar sobre isso? É um ótimo método de organização do orçamento, e é bem simples: 50% do salário deve ser destinado aos pagamentos dos itens essenciais básicos, como, por exemplo, conta de luz, água, comida etc. Já os 30% devem ser destinados ao lazer e atividades extracurriculares, por exemplo: viagens, passeios, academia etc. E os 20% restantes devem ser quitados, aos poucos, as dívidas que a pessoa tiver e, caso a pessoa não tenha dívidas, esse dinheiro deve ser economizado e investido para o seu futuro.
O penúltimo passo é evitar usar o cartão de crédito quando estiver endividado. Sabemos que o uso do cartão de crédito apresenta muitas vantagens, porém, para uma pessoa endividada, isso pode ser um problema. Todo tipo de pagamento deve ser analisado com cuidado. E, para finalizar, o último passo para criar um planejamento financeiro pessoal, é simplesmente: reserve. Ter uma reserva, quando acontecer algum imprevisto, certamente facilitará muito no gerenciamento das suas contas.
Olmo (2016) nos apresenta um exemplo simples de como montar um planejamento financeiro pessoal. A autora destaca que nesse planejamento financeiro devemos expor o saldo total mensal (ou seja, todo o dinheiro que ganhamos) os gastos fixos (contas obrigatórias a pagar) e os gastos variáveis (resultados do desejo ou necessidade eventual).
Você pode montar uma tabela simples em um caderno, no Word, ou no Excel, sendo que é importante deixar visível as entradas e as saídas para direcionar os gastos mensais. Veja o exemplo:
FIGURA 1 – EXEMPLO DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL
	Entradas
	Salário
	
	
	
	
	
	
	
	Saídas
	GASTOS FIXOS
	
	
	
	Água
	
	
	
	Luz
	
	
	
	Telefone
	
	
	
	Alimentação
	
	
	
	Aluguel
	
	
	
	Transporte
	
	
	
	GASTOS VARIÁVEIS
	
	
	
	Passeios
	
	
	
	Cuidados pessoais
	
	
	
	Vestuário
	
	
	
	Livros
	
	
	
	
	
	
	
	TOTAL
	
	
	
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
	Soma das Entradas e Saídas
	
	ENTRADAS
	SAÍDAS
	
	TOTAL ENTRADAS
	
	
	
	TOTAL SAÍDAS
	
	
	
	SALDO
	
	
	
FONTE: <https://static.wixstatic.com/media/33d1eb_44b5f0d0e2754644842baa1bd3e9f4b2~mv2. jpg/v1/fill/w_360,h_368,al_c,q_90,usm_0.66_1.00_0.01/33d1eb_44b5f0d0e2754644842baa1b- d3e9f4b2~mv2.webp>. Acesso em 23 mar. 2020.
Olmo (2016) destaca que, diante dos dados expostos nessa tabela, é possível identificar se o seu saldo mensal é positivo ou negativo, permitindo, desse modo, que você planeje como utilizar o dinheiro que sobra e utilizar também para investir.
 (
APLICATIVOS
 
DE
 
FINANÇAS
 
PESSOAIS:
 
OS
 
7
 
MELHORES
Kleber Stumpf
 
Com
 
o
 
surgimento
 
de
 
novas
 
tecnologias,
 
cada
 
vez
 
mais
 
o
 
consumidor
tem acessibilidade para comprar e usufruir de diferentes produtos e serviços.
 
Um dos lemas do mundo moderno é trazer a maior felicidade possível para a
 
realização de qualquer tarefa. E usar os aplicativos de finanças pessoais para
 
controlar as finanças neste mundo moderno é uma ótima ideia. Todavia essa
 
suposta
 
facilidade tem
 
seu preço,
 
acredite.
Caso
 
você,
 
consumidor,
 
não
 
controle
 
seus
 
gastos,
 
terá
 
problemas
 
no
 
final
 
do
 
mês.
 
Com
 
esse
 
pensamento
 
em
 
mente,
 
muitos
 
desenvolvedores
 
trabalharam
 
para
 
criar
 
aplicativos
 
de
 
controle
 
financeiro
 
pessoal
 
para
 
lhe
 
ajudar
 
com
 
esse
) (
Lembrando que, como já mencionado anteriormente, temos nos dias de hoje
 
aplicativos
 
para
 
o
 
celular
 
que
 
também
 
auxiliam
 
no
 
controle
 
das
 
flnanças
 
pessoais.
 
Por
 
isso,
 
flca
 
ao
 
seu
 
critério
 
qual
 
a
 
melhor
 
opção
 
para
 
você
 
organizar
 
as
 
suas
 
flnanças.
)Acadêmico, assim finalizamos o Tópico 1 desta unidade, que trata sobre planejamento financeiro pessoal. Esperamos que o estudo desse tópico contribua para o seu entendimento sobre a importância do planejamento financeiro e que isso também traga muitos benefícios para sua vida.
TÓPICO 1 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL
problema. Esses aplicativos lhe ajudam a criar um orçamentocompletamente detalhado em que você pode priorizar as dívidas e gastos primordiais.
Com base em uma extensa pesquisa e muitos testes com todos os aplicativos de finanças pessoas disponíveis hoje, criei para você uma lista com os 7 melhores. Vamos a eles (deixei o melhor para o final):
MINHAS ECONOMIAS
Para começar a lista com os aplicativos de finanças pessoais apresento o aplicativo do Minhas Economias, onde é possível montar planilhas que preveem os valores depositados em conta, além do que já foi gasto e as despesas previstas para os meses seguintes. É um verdadeiro fluxo de caixa para suas finanças pessoais. Nele você pode gerenciar seus projetos, sonhos e metas. É possível definir o que quer alcançar e quando quer alcançar. Uma funcionalidade bacana é que é possível ver o quanto falta para chegar ao seu objetivo.
O aplicativo do Minhas Economias está disponível para Android e IOS. Neste app é possível a conexão com o Internet Banking do usuário (é possível até cadastrar mais de uma conta). Com essas informações o app verifica os saldos de todas as contas atualizando automaticamente essas informações. Aqui também é possível acompanhar informações gráficas e lançar lembretes que ajudaram no pagamento das suas contas.
WISECASH
Este é um app relativamente básico. Não vem com as ferramentas que normalmente o consumidor não utiliza. Apesar de não ser tão completo, seu charme está na sua facilidade de usar, e por isso ele entra na lista dos melhores aplicativos de finanças pessoais. É uma opção gratuita para quem procura uma solução para os gastos financeiros. Sua navegação é intuitiva e muito simples de se usar. Não haverá nenhuma dificuldade para registrar os seus dados ou acessar suas informações.
Na sua tela inicial estão as principais informações, como quanto é o seu saldo, quanto gastou, e quanto dinheiro sobrou após pagar as contas.
Este app mostra também informações como as transações financeiras recentes e um gráfico de como seu dinheiro está sendo gasto. Quatro tipos de contas já vêm pré-configuradas:
· Dinheiro.
· Cartão.
· Poupança.
· Conta corrente.
Se você não gostar destas opções elas são personalizáveis permitindo a você excluir estas contas e criar novas.
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
FINANCE
Este app permite adicionar contas nacionais e de outros países para realizar o seu controle financeiro. Além disso é possível cadastrar lista de compras que contam com atualizações de preço. É uma forma muito prática para você adequar seu orçamento conforme suas necessidades.
É super prático para criar listas do dia-a-dia como supermercado, panificadora, farmácia etc. Outra função que também é comum em outros apps é a de fotografar recibos, notas e comprovantes para anexar ao seu controle de orçamento. Por último é possível realizar transferência entre contas do próprio aplicativo (apenas para controle, é claro).
GASTOS DIÁRIOS
Este é um freemium que tem o objetivo de ser um ótimo parceiro para aqueles que desejam ter o pleno controle de suas despesas. Em seus recursos básicos ele já aponta exatamente os ganhos e despesas que você tem no seu dia a dia, e será possível acompanhar suas receitas e despesas e classificá-las em categorias.
Uma funcionalidade bem atrativa é que é possível agendar transações recorrentes. O que é ideal para os gastos como água, luz, telefone e aluguel que já são certos ao longo dos meses (também é possível configurar as despesas descontadas no débito automático ou mesmo no cartão de crédito). Na sua versão paga ele oferece um balanço de suas contas assim como gráficos para indicar como você anda gastando o seu dinheiro. Este app oferece traduções para vários idiomas além do nosso e, caso você ache necessário, é possível bloquear conteúdos com senhas para que só você tenha acesso as informações contidas nele.
TOSHL FINANCE
Finalmente chegamos no nosso top 3 da lista de aplicativos de finanças pessoais. Este app freemium está disponível para IOS, Android e até mesmo Windows Phone.
Neste aplicativo o gerenciamento de suas finanças é feito com a ajuda de um personagem! É um monstrinho que regula tudo o que pode e o que não pode ser gasto pelo usuário. Este divertido app além das funcionalidades básicas de orçamento e controle financeiro, permite que os dados inseridos sejam exportados para outros programas como Excel, PDF, Google Docs e Xls. Assim como os outros aplicativos de finanças pessoas, o Toshl Finance também permite montar orçamentos filtrados por categorias, tags ou contas. Na versão premium o app te permite armazenar até 4 fotos por despesas ou receita cadastrada salva, assim como salvar as coordenadas de qualquer despesa ou receita e ver mapas de movimentação financeira.
TÓPICO 1 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL
É possível ainda gerenciar múltiplas contas financeiras como dinheiro, cartão de crédito, bitcoin, paypal etc. Outra opção interessante é que você pode usar qualquer moeda do mundo e sincronizar com um número ilimitado de dispositivos. Sua grande versatilidade no controle de vários tipos de contas o faz possível de ser utilizados em todos lugares, inclusive em viagens fora do país e unir informações de diferentes fontes de recursos.
GUIABOLSO
Este é um aplicativo com um bom diferencial que é o fato de fazer conexão com as suas contas bancárias. Ah, não se preocupe quanto à segurança do app, pois o seu nível de segurança é altíssimo, e suas contas não serão roubadas por terceiros. O app oferece segurança em nível bancário e tem mais de 3 milhões de usuários no Brasil.
O GuiaBoldo pode ser utilizado para 3 finalidades:
· Controle financeiro automático.
· Empréstimos feitos com os juros mais baixos possíveis.
· Radar sobre o CPF.
O controle financeiro do aplicativo permite que o usuário controle melhor as suas finanças além de permitir um melhor planejamento de suas contas futuras. No app há a função GuiaBolso empréstimo no qual você pode encontrar, contratar e acompanhar de forma 100% virtual as melhores ofertas de empréstimos disponibilizadas pelas instituições financeiras.
Lá você encontra empréstimos pessoais com juros a partir de 2,8% ao mês. Este app é 100% gratuito disponível para IOS e Android. Ele está em segundo lugar na lista dos melhores aplicativos de finanças pessoais justamente por suas funções extras de rastrear o CPF e encontrar os melhores empréstimos possíveis.
MOBILLS
O Mobills é um dos aplicativos de finanças pessoais mais completos. O app apresenta diversas ferramentas para proporcionar o controle de gastos para o seu usuário. O Mobills é ideal para quem deseja substituir as planilhas por uma ferramenta bem mais intuitiva e fácil de ser usada. O app apresenta muitos recursos e permite grande agilidade no registro dos seus gastos mensais e diários.
Com o objetivo de gear facilidade durante a leitura de dados, o aplicativo oferece gráficos interativos e também apresenta a sincronização com seu cartão de crédito, permitindo facilmente o controle de ganhos e gastos durante o mês. Ele é um freemium cujo a versão paga é no formato de assinatura mensal. Gratuitamente o app já realiza comparativos anuais e mensais dos gastos indicando exatamente em qual categoria o usuário gastou mais do que deveria.
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
 (
Além
 
de
 
IOS,
 
Android
 
e
 
Windows
 
Phone
,
 
o
 
Mobills
 
também
 
está
 
disponível na 
web
. As informações que você cadastra nele são sincronizadas
 
automaticamente na nuvem para manter a plataforma atualizada caso você
 
queira
 
ver
 
em
 
seu
 
computador
 
ou
 
notebook.
 
O
 
app
 
ainda
 
possui
 
um
 
widget
 
de acesso rápido para cadastrar e consultar as despesas além da importação
 
automática
 
de
 
SMS,
 
categorização
 
de
 
despesas
 
por
 
geolocalização,
 
emissão
 
de extrato financeiro mensal por categoria, leitura automática de notificações
 
Nubank
 
e
 
Digio
…
 
enfim,
 
uma
 
infinidade
 
de
 
funcionalidades,
 
e
 
é
 
por
 
isso
 
que
 
ele
 
ganha
 
o
 
prêmio
 
de
 
melhor
 
entre
 
os
 
aplicativos
 
de
 
finanças
 
pessoais.
FONTE:<https://www
.
topinvest.com.br/aplica
tivos-de-
financas-pessoais-os-7-melhores/>.
 
Acesso
 
em:
 
23
 
mar.
 
2020.
)
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
· O planejamento financeiro nada mais é do que a organização das finanças pessoais.
· Podemos definir o planejamento financeiro como uma estratégia de gestão do dinheiro de uma pessoa ou de uma empresa.
· A proposta do planejamento financeiro é auxiliar para que nós tomemos nossas decisões de uma maneira consciente, organizada e responsável.
· Cada planejamento financeiro é único e singular.
· O planejamento financeiro é um processo holístico.
· O planejamento financeiro é um processo contínuo.
· Com o tempo, o orçamento ajuda as pessoas a serem superavitárias, ou seja, o orçamento auxilia as pessoas a manterem suas receitas maiores que suas despesas.
· Orçar é se basear no seu montante de despesas e receita atual e definir valores e metas que você pretende alcançar futuramente.
· Para que uma pessoa crie um planejamento financeiro, ela precisa ser uma pessoa disciplinada, organizada e responsável.
· Um dos grandes erros do planejamento financeiro pessoal é não acompanhar os gastos regularmente.
· O planejamento financeiro permite as pessoas a terem qualidade de vida e também auxilia as pessoas a conquistarem a independência e a “tranquilidade financeira”.
 (
AUTOATIVIDADE
)
1 Vimos que a proposta do planejamento financeiro é auxiliar para que nós tomemos nossas decisões de uma maneira consciente, organizada e responsável. Nesse sentido, explique o que é planejamento financeiro.
2 O orçamento é uma ferramenta que ajuda as pessoas a economizarem mais e a controlarem melhor suas despesas mensais, para que assim elas consigam poupar dinheiro e atingir suas metas financeiras mais rapidamente. Criar um orçamento pessoal é uma das partes mais importantes do planejamento financeiro. Sendo assim, em relação ao orçamento financeiro pessoal, podemos afirmar, exceto:
a) ( ) É uma ferramenta de planejamento financeiro.
b) ( ) Oferece uma oportunidade para você avaliar sua vida financeira.
c) ( ) Contribui para você identificar e entender os hábitos de consumo.
d) ( ) Não necessita de acompanhamento.
FONTE: Adaptado de BCB (2013).
3 Vimos que, para a elaboração do orçamento, é necessário organizar e planejar nossas despesas com o objetivo de gastar bem o nosso dinheiro, suprir nossas necessidades, e ainda realizar sonhos e atingir metas. Diante disso, assinale a afirmativa CORRETA sobre o processo de elaboração de orçamento.
a) ( ) Na etapa de “registrar”, é importante anotar somente as maiores despesas, porque demora muito anotar as pequenas despesas.
b) ( ) Na etapa de “planejamento”, considere somente as despesas futuras e não se preocupe com os gastos do passado.
c) ( ) Notas fiscais, recibos de pagamentos, faturas de cartões de crédito e extratos bancários são importantes fontes de informações para a etapa de “registro”.
d) ( ) O reequilíbrio financeiro somente pode ser obtido a partir da redução de despesas, fixas ou variáveis, e não se deve buscar aumentar as receitas.
FONTE: Adaptado de BCB (2013).
Agora, justifique o motivo das outras três afirmativas estarem INCORRETAS.
4 A elaboração do orçamento financeiro pessoal, de acordo com o método em quatro etapas: planejamento, registro, a grupamento e avaliação, nos permite afirmar que:
I- Na 1ª etapa, realiza-se o processo de planejamento, que consiste em estimar as receitas e as despesas do período.
II- Na 2ª etapa do registro, é necessário anotar frequentemente, preferencialmente em base diária, todas as receitas e despesas.
III- Na 3ª etapa, as anotações devem ser agrupadas por tipos de despesas, como alimentação, habitação, transporte e lazer.
IV- Na 4ª etapa, é momento para refletir sobre se seu orçamento foi superavitário, neutro ou deficitário, e também se é possível reduzir gastos desnecessários e aumentar as receitas.
FONTE: Adaptado de BCB (2013).
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas.
b) ( ) Apenas as alternativas II e III estão corretas.
c) ( ) Apenas as alternativas I e IV estão corretas.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
5 Nesse primeiro tópico vimos que a primeira etapa do orçamento consiste no planejamento. Nessa etapa a pessoa deve estimar as receitas e as despesas do período. Para isso, a pessoa pode utilizar sua rotina passada, apontando as receitas e as despesas passadas e usando-as como base para prever as receitas e despesas futuras. Diante disso:
a) Diferencie receitas fixas de receitas variáveis.
b) Diferencie despesas fixas de despesas variáveis.
6 O planejamento financeiro permite que as pessoas tenham qualidade de vida e também auxilia as pessoas a conquistarem a sua independência e a sua “tranquilidade financeira”. Já o orçamento ajuda as pessoas a serem superavitárias, ou seja, o orçamento auxilia as pessoas a manterem suas receitas maiores que suas despesas. Nesse sentido, diferencie orçamento de planejamento financeiro.
7 Vimos nesse tópico que Leitão (2019) apresenta 13 passos de como fazer um planejamento financeiro pessoal. Um desses passos é a regra 50-30-20 no planejamento financeiro. Explique como funciona essa regra.
8 A proposta do planejamento financeiro é auxiliar para que as pessoas tomem decisões financeiras de uma maneira consciente, organizada e responsável. Diante disso, avalie as seguintes asserções e a relação entre elas:
I- As pessoas que realizam um planejamento financeiro dificilmente acumulam dívidas comprando o que está acima de suas possibilidades financeiras.
PORQUE
II- Elas têm o controle necessário sobre sua renda, inclusive, sendo capazes de identificar com precisão cada gasto feito. Isso é importante pois quando alguém registra seus gastos, consegue acompanhar melhor as movimentações e assim trocar uma despesa desnecessária ou eliminá-la.
Agora, a respeito dessas asserções, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
c) ( ) As asserções I e II são proposições falsas.
d) ( ) A asserção I é uma proposição verdade, e a II é uma proposição falsa.
 (
—
) (
TÓPICO
 
2
INVESTIMENTO
 
E
 
POUPANÇA
UNIDADE
 
2
)1 INTRODUÇÃO
Geralmente, o primeiro contato de uma pessoa com a caderneta e poupança acontece ao abrir uma conta no banco, e isso ocorre porque ela é uma forma fácil de guardar dinheiro e pode ser vinculada a sua conta corrente. Sabemos que a poupança é a aplicação financeira mais utilizada pelos brasileiros nos dias de hoje, sendo que, para muitas pessoas, essa aplicação é sinônimo de segurança financeira. Segundo uma pesquisa realizada pelo SPC Brasil em junho de 2019, o conservadorismo e o medo de perder dinheiro levam os brasileiros a preferirem a poupança. Essa pesquisa nos mostrou que 65% das pessoas escolhem a caderneta de poupança entre as modalidades de investimento.
 (
Essa
 
notícia
 
está
 
disponível
 
no
 
site
 
do
 
SPC
 
Brasil:
 
https://www
.spcbr
asil.
or
g.br/
 
imprensa/noticia/6411.
 
Acesso
 
em:
 
23
 
mar.
 
2020.
)Acadêmico, neste Tópico 2, estudaremos o que é investimento, os componentes de um investimento, entenderemos o que uma pessoa precisa saber antes de investir, tipos e modalidades de investimento e as recomendações antes de começar a investir. Depois, veremos como funciona a caderneta de poupança e o tesouro direto.
É fato que a nossa vida é cheia de imprevistos e, em algumas situações, a falta de dinheiro pode ser um limitador para resolvermos o nosso problema. É por isso que nesse tópico veremos sobre a importância do investimento na vida das pessoas.
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
2 INVESTIMENTO
O que é investimento? Congo (2019b) destaca que investimento é qualquer gasto ou aplicação de recursos que produza um retorno futuro, sendo que esse conceito envolve tanto dinheiroquanto capital intelectual, social ou natural. Ou seja, investimento nada mais é do que a aplicação dos recursos que poupamos, com a expectativa de obtermos uma remuneração por essa aplicação, ou seja, quem investe tem como objetivo ganhar dinheiro.
O conceito de investimento pode ser entendido como um desembolso no presente em que há uma expectativa de certo ganho ou resultado futuro e, a partir disso, vários itens podem ser considerados como capital para investir, por exemplo: tempo, energia, atenção, estudos etc. Não é preciso ser um especialista em finanças para investir, porém, é sempre importante ter uma noção sobre o que é investimento, porque esse conceito faz parte da vida da maioria das pessoas, afinal, a nossa relação com o dinheiro nos afeta diretamente (CONGO, 2019b).
Ou seja, quando falamos em investimentos financeiros, estamos falando que investir é aplicar dinheiro para ele produza rendimentos no futuro, certo? E isso só é possível por conta do efeito dos juros compostos sobre as aplicações financeiras, pois é ele quem faz com que o dinheiro se multiplique.
Podemos dizer que o processo de um investimento é semelhante ao de uma dívida, que cresce com o passar do tempo. Os valores são multiplicados por eles mesmos ao longo de um determinado período, e o valor final depende essencialmente do tempo pelo qual os recursos permanecerem sob o efeito dos juros compostos. Basicamente dizemos que, estar endividado é dever dinheiro para o banco, e, investir é emprestar dinheiro para ele (CONGO, 2019b).
Cerbasi (2012), em seu livro Como organizar sua vida financeira: inteligência financeira pessoal na prática, apresenta que investir é multiplicar suas reservas financeiras. O autor também destaca que você estará investindo a partir do momento que você poupar com qualidade, reservando o seu dinheiro em alternativas financeiras que sejam eficientes em vencer a inflação – mesmo que seja apenas no longo prazo, e que, para conseguir isso, é preciso saber exatamente o que você quer e onde você deseja chegar (veremos sobre isso mais adiante).
2.1 COMPONENTES DE UM INVESTIMENTO
Segundo o Banco Central do Brasil (2013), para que uma pessoa faça um investimento, é importante que ela conheça as três características dos investimentos:
· Liquidez.
· Risco (oposto de segurança).
· Rentabilidade.
TÓPICO 2 — INVESTIMENTO E POUPANÇA
Veremos o que significa cada uma e alguns exemplos para entendermos melhor essas características (BCB, 2013):
2.1.1 Liquidez
Liquidez refere-se à capacidade de um investimento ser transformado em dinheiro, a qualquer momento e por um preço justo. Por exemplo, o ativo mais líquido que existe é o próprio dinheiro. Fundos de aplicação em renda fixa e caderneta de poupança (com resgate imediato), por exemplo, são considerados produtos com alta liquidez. Já os imóveis, por exemplo, são considerados investimento de baixa liquidez, pois podem levar muito tempo para serem vendidos.
2.1.2 Risco
Risco é a probabilidade de ocorrência de perdas. Quanto maior o risco, maior a probabilidade de o investidor incorrer em perdas. É claro que, dependendo do investimento, a pessoa pode ganhar, ou perder pequenos ou até mesmo grande valores.
Dois exemplos que podemos destacar de investimentos de menor risco são a caderneta de poupança e o tesouro direto (veremos mais adiante sobre esses dois investimentos), desde que a pessoa fique de posse do título e o desconte na data de seu vencimento, enquanto as ações são consideradas investimentos de maior risco.
 (
Marcos
 
Silvestre,
 
autor
 
do
 
livro
 
Tesouro
 
Direto:
 
a
 
nova
 
poupança,
 
apresenta
 
no
 
seu
 
livro
 
como
 
comprar
 
e
 
vender
 
títulos
 
públicos
 
via
 
Tesouro
 
Direto
 
é
 
algo
 
prático,
 
rápido,
 
e
 
muito seguro. Como o autor destaca: este livro mostra a você o “caminho das pedras: mas
 
só
 
o
 
caminho...
 
sem
 
as
 
pedras!”.
)Silvestre (2016, p. 45) destaca que, “para ganhar mais, não conceda na segurança: é bem mais sábio fazer concessões no prazo”. A autor também ressalta que, há, no mercado financeiro, uma máxima de bom senso que dita o seguinte: “Quanto maior o risco, maior o retorno”. Silvestre (2016, p. 47) alerta que, o
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
que não pode acontecer, é uma pessoa seguir essa máxima às cegas e passar a acreditar que, expondo-se a risco, o seu dinheiro estará naturalmente destinado a render mais.
Na prática, a pior maneira de tentar comprar uma rentabilidade diferenciada é se predispor a pagar com a moeda da segurança. Agindo assim você entregará antecipadamente o “ouro” sem a menor garantia de que a tal aplicação arriscada lhe trará “diamantes” em retorno por tamanho desprendimento (SILVESTRE, 2016, p. 47, grifos do autor).
Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, ser “dinâmico” não tem nada a ver com expor-se a riscos tentando lucrar mais. De fato, uma postura investidora de alto risco pode afastar o aplicador da busca inteligente por aplicações que conciliem segurança elevada com retorno diferenciado, exatamente como os títulos público do Tesouro Direto – conteúdo que veremos mais adiante (SILVESTRE, 2016).
2.1.3 Rentabilidade
Rentabilidade é o retorno, a remuneração do investimento. Quando uma pessoa faz um investimento, ela tem uma expectativa de rentabilidade, que pode se concretizar ou não.
De maneira geral, podemos dizer que, quanto maior a rentabilidade prometida, maior o risco de perder a quantia aplicada, ou seja, o que ganhamos em segurança, perdemos em rentabilidade, e vice-versa. Por isso, dizemos que antes de uma pessoa escolher ela deve comparar a rentabilidade prometida com a média do mercado. É importante também destacar que a pessoa deve desconfiar de promessas muito boas.
2.2 O QUE UMA PESSOA PRECISA SABER ANTES DE INVESTIR
Segundo a Comissão de Valores Imobiliários (CVM, 2020), no Portal do Investidor, há alguns aspectos que uma pessoa precisa saber antes de investir, sendo que alguns deles são: o seu perfil de investidor, o objetivo do investimento e o prazo de aplicação.
 (
A
 
Comissão
 
de
 
Valores
 
Mobiliários
 
(CVM)
 
foi
 
criada
 
em
 
7
 
de
 
dezembro
 
de
 
1976
 
pela Lei n° 6.385/76, com o objetivo de flscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o
 
mercado
 
de
 
valores
 
mobiliários
 
no
 
Brasil.
FONTE:
 
<http://www
.
cvm.gov.br/menu/acesso_informacao/institucional/sobre/cvm.html>.
 
Acesso
 
em:
 
23
 
mar.
 
2020.
)TÓPICO 2 — INVESTIMENTO E POUPANÇA
2.2.1 O seu perfil de investidor
Quando uma pessoa decide investir, primeiramente é importante que ela conheça algumas características dos investimentos que estão disponíveis para que a sua escolha seja adequada, visto que nem sempre o investimento que é melhor para mim é o melhor para você.
É importante termos consciência que as pessoas são diferentes umas das outras, e isso também vale para o perfil da pessoa que está investindo.
De acordo com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o investidor pode ser classificado em três perfis diferentes: conservador, moderado ou arrojado. Ao descobrir o seu perfil, isso pode ajudá-lo na escolha da aplicação mais adequada.
· Conservador: o conservador privilegia a segurança e faz todo o possível para diminuir o risco de perdas, e, por isso, aceita até uma rentabilidade menor.
· Moderado: o moderado procura um equilíbrio entre a segurança e a rentabilidade, e também está disposto a correr um certo risco para que o seu dinheiro renda um pouco mais do que as aplicações que são mais seguras.
· Arrojado: o arrojado privilegia a rentabilidade e é capaz de correr grandes riscos para que o seu investimento renda o máximo possível.
Como foi comentado anteriormente, ao descobrir o seu perfil, isso pode ajudá-lo na escolha da aplicação mais adequada, porém, isso só pode acontecer, desde que a informação seja utilizada apenas como orientação (e não como verdade absoluta), e que também sejam tomadas as precauções necessárias (antes, e ao longo do investimento), como, por exemplo:
· Verificar se háregistro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
· Ler atentamente o regulamento e/ou o prospecto.
· Informar-se sobre os custos incidentes.
· Conhecer a estratégia do administrador e os riscos assumidos.
· Pesquisar a reputação das instituições envolvidas, entre outras precauções.
 (
Prospecto
 
é
 
um
 
documento
 
que
 
apresenta
 
de
 
forma
 
destacada
 
as
 
principais
 
informações
 
relevantes (que estão contidas
 
no regulamento) para o investidor.
)UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a título de orientação, os investimentos como Poupança, Títulos Públicos e Fundos de Curto Prazo, são mais compatíveis com investidores com perfil conservador.
Já os Fundos Multimercado são exemplos de investimentos que são mais compatíveis com investidores que tem o perfil arrojado, visto que há uma liberdade na composição de suas carteiras (que é uma cesta de ativos quaisquer dentro de uma mesma estrutura, sendo que essa estrutura pode ser um fundo, o seu patrimônio pessoal ou mesmo a tesouraria de um banco) e mais exposição (parcela de uma carteira cujo valor financeiro está sujeito às oscilações de um determinado ativo, índice ou mercado) ao risco em busca de maior rentabilidade.
Alguns investimentos como Fundos Cambiais, Fundos de Renda Fixa, Ações e Debêntures, poderão ser considerados moderados ou arrojados, dependendo, entre outros fatores, da política de investimento constante do regulamento e do risco do emissor do título.
 (
As Debêntures são títulos de dívidas. Basicamente, você empresta o seu
 
dinheiro
 
para
 
uma
 
empresa
 
e,
 
em
 
troca,
 
recebe
 
em
 
rendimento
 
anual
 
acertado
 
no
 
momento
 
da compra.
)Acadêmico, antes de qualquer aplicação, é importante a pessoa saber que é essencial verificar a solidez das instituições envolvidas, e pesquisar nos documentos correspondentes qual o perfil de risco assumido.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em seu portal do investidor, também destaca que, para qualquer investimento escolhido, é preciso ter em mente duas afirmações:
TÓPICO 2 — INVESTIMENTO E POUPANÇA
· Aplicações em valores imobiliários sempre têm risco de perda do capital investido.
· Se a quantia a ser investida é parte essencial do seu patrimônio, não arrisque.
Lembre-se, acadêmico, que a análise do perfil do investidor é fundamental para que os seus investimentos sejam realizados de forma consciente, e, também, é importante que sejam compatíveis com os seus objetivos.
Marcos Silvestre (2016, p. 41) em seu livro Tesouro Direto: a nova poupança apresenta que, ao traçar seu perfil de investidor, a pessoa deve prestar atenção às seguintes possibilidades, ou seja, dimensões que o aplicador tem a oferecer (em maior ou menor grau) como pontos fortes para sua estratégia de investimentos:
Disponibilidade de acompanhamento: é o nível de interesse por gerenciar ativamente sua estratégia investidora, incluindo a quantidade de tempo e energia disponível para concentrar-se nessa atividade. É sabido que a maior parte das pessoas tem pouco interesse efetivo pelos meandros do mercado financeiro. Sem falar no ponto tempo disponível para acompanhar dezenas de gráficos, centenas de tendências, relatórios disso e aquilo, e se dedicar a comprar e vender ativos financeiros, várias vezes ao dia.
Capacidade de poupança mensal: é aquele valor que o aplicador consegue economizar todos os meses para direcionar a determinada aplicação escolhida, com o objetivo de acumular dinheiro, ganhar juros sobre juros e bater sua meta de acumulação.
2.2.2 Objetivos do investimento (meta de acumulação)
Outro aspecto que uma pessoa precisa saber antes de investir são os objetivos do investimento. O que você pretende fazer com o seu dinheiro? Comprar uma casa? Comprar um carro novo? Formar uma poupança para utilizar futuramente? Saber como você pretende utilizar o seu dinheiro no futuro é um passo muito importante para a escolha do tipo de investimento.
A meta de acumulação trata-se do valor que o investidor precisa acumular para atender a determinado desejo ou realizar certo sonho de compra e consumo. É aquele grande objetivo financeiro que motiva a pessoa a poupar e a aplicar todos os meses regularmente, empreendendo esse sacrifício de forma disciplinada durante um certo período. Por exemplo, uma pessoa tem como meta de acumular R$20.000,00 para trocar de carro ou a meta de acumular R$1.000.000,00 para sua aposentadoria (SILVESTRE, 2016).
Na realidade, todo nós, planejadores financeiros, deveríamos traçar com clareza um conjunto completo de metas de acumulação – uma para cada desejo/sonho relevante em nossas vidas. Esta é a melhor garantia de que teremos uma vida planejada e plenamente realizada (pelo menos do ponto de vista material) (SILVESTRE, 2016, p. 42, grifo do autor).
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Acadêmico, também é importante ressaltar que objetivos diferentes podem implicar em modalidades diferentes de investimentos, aceitar ou não riscos diferentes e necessidades diferentes de liquidez.
2.2.3 Prazo de aplicação/realização
A partir do momento que a pessoa define o seu objetivo, fica muito mais fácil saber em quanto tempo ela irá precisar dele, ou seja, sua necessidade de liquidez.
O prazo de realização, segundo Silvestre (2016, p. 42), “é quantidade de meses ou anos entre o ponto de partida da acumulação e aquele momento futuro no qual você pretende realizar seu sonho”. Ou seja, em outras palavras, é o tempo total (medido em meses) que uma pessoa leva para conseguir bater sua meta de acumulação.
Por exemplo, supondo que você esteja começando a formar sua poupança, e o seu objetivo é comprar uma casa, então é muito provável que serão necessários alguns anos para você juntar o dinheiro para comprar a casa. Agora, por outro lado, se o seu objetivo é comprar um carro novo daqui a seis meses, então, dependendo do valor do carro, você precisa de investimentos de maior liquidez. Nesse caso, é muito provável que você não irá tolerar investimentos com alta volatilidade (maior risco) que possam colocar em risco os seus objetivos, certo?
Acadêmico, é importante também destacar que o horizonte da aplicação é um fator decisivo na definição do investimento mais apropriado, visto que o tempo em que o recurso ficará aplicado poderá influenciar na rentabilidade e até na tributação.
A pessoa que reserva seus recursos sem saber exatamente como funciona seu produto financeiro, sem noção do quanto poderá ter dentro de alguns meses, ou anos, ou até sem objetivos claros a alcançar, está seriamente correndo o risco de estar apenas reservando dinheiro para algum impulso de consumo, que deve ocorrer em breve, ou seja, essa pessoa está poupando, e não investindo. Mais precisamente, essa pessoa está apenas postergando seu consumo, enquanto o investidor multiplica riquezas para consumir muito mais em algum momento futuro. Ou seja, sem bons planos, não há conquistas (CERBASI, 2012).
2.3 TIPOS E MODALIDADES DE INVESTIMENTOS
Acadêmico, depois que uma pessoa conhece o seu perfil de risco e define os seus objetivos e prazos, ela poderá se informar sobre as modalidades e os tipos de investimentos mais comuns que estão disponíveis no mercado, e também verificar qual o mais adequado as suas necessidades.
TÓPICO 2 — INVESTIMENTO E POUPANÇA
Lembre-se, acadêmico, que, como já comentamos anteriormente, todo investimento envolve riscos e que, quanto maior o risco, maior a probabilidade de o investidor incorrer em perdas (dependendo do investimento, podemos ganhar ou perder pequenos ou grandes valores).
 (
Mais
 
informações
 
sobre
 
o
 
Fundo
 
Garantidor
 
de
 
Crédito
 
(FGC)
 
você
 
encontra
 
em:
 
https://www
.fgc.or
g.br/home.
)Uma informação que é muito importante destacar aqui, é que existe o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que é uma instituição privada que protege os depositantes e os investidores, contribuindo para a manutenção da estabilidade do Sistema Financeiro Nacional (SFN). O Fundo Garantidor de Crédito (FGC)presta garantia de crédito aos clientes das instituições financeiras associadas ao fundo nas situações de intervenção ou liquidação extrajudicial da instituição. Ele garante o limite de até R$250.000,00 para produtos financeiros como depósito de poupança e CDB (Certificado de Depósito Bancário).
Segundo o Banco Central do Brasil (2013, p. 46), os investimentos podem ser de renda fixa e/ou de renda variável:
· Renda fixa: são os investimentos que pagam, em períodos definidos, a remuneração correspondente a determinada taxa de juros. Essa taxa pode ser estipulada no momento da aplicação (prefixada) ou calculada no momento do resgate (pós-fixada), com base na variação de um indexador previamente definido acrescido ou não de uma taxa de juros. Nessa modalidade de investimento, existe risco de crédito.
· Renda variável: são investimentos cuja remuneração não pode ser dimensionada no momento da aplicação. Envolvem riscos maiores, pois, além do risco de crédito, existem também o risco associado à rentabilidade incerta, como por exemplo as ações.
Falando em tipos de investimentos mais comuns, há também a possibilidade de investir em imóveis, para receber a renda dos aluguéis. Em geral, podemos dizer que o imóvel é considerado um investimento seguro.
Cerbasi (2012) destaca que, quem investe em imóveis, deve estar sempre atento aos investimentos feitos na região em que sua propriedade está instalada, consultando o plano diretor do município. O autor também ressalta que: a evolução do preço do metro quadrado nos últimos anos fornece indícios da
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
perspectiva de valorização; preços estagnados ou em queda indicam sinais de decadência do bairro; preços em alta cada mais vez intensa (exponencial) podem indicar que se aproxima um bom momento para a venda do imóvel.
No entanto, acadêmico, não podemos deixar de destacar que, como os demais tipos de investimentos, os investimentos em imóveis também exigem custos e riscos envolvidos, por exemplo: riscos de o imóvel não ser alugado, de desvalorizar-se, de inadimplência do locatário etc. Outros custos também são o IPTU, taxa de administração do aluguel, condomínio (quando houver) etc. Não podemos esquecer também que o aluguel recebido é tributado de acordo com a tabela progressiva do imposto de renda.
Segundo o Banco Central do Brasil (2013, p. 46), “os investimentos possuem características que os diferenciam uns dos outros, como taxas de administração, rentabilidade esperada, formas de tributação etc.”. Os autores também destacam que “conhecer e fazer uma avaliação detalhada sobre essas características são fatores relevantes para decidirmos por um ou por outro investimento”.
Quando uma pessoa escolhe entre uma instituição ou outra para administrar os seus investimentos, deve estar atenta não somente à taxa de administração cobrada, mas também à solidez (segurança) da instituição. Para isso, a pessoa pode buscar informações com profissionais que conheçam bem o mercado, conferir se o fundo de investimento foi autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e se a instituição financeira com a qual ela está operando é autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil (BCB).
2.4 RECOMENDAÇÕES AO INVESTIR
Para que uma pessoa faça um investimento com segurança e responsabilidade, há várias recomendações para que ela siga. Veja algumas delas no quadro a seguir:
QUADRO 2 – RECOMENDAÇÕES AO INVESTIR
	Ponha em prática
	Orientação
	
Tenha o hábito de poupar.
	Manter uma reserva financeira é fundamental para realizar sonhos, precaver-se de eventos inesperados, além de proporcionar maior tranquilidade hoje e ao se aposentar.
	
Escolha seus investimentos com critério.
	Identifique as características de liquidez, segurança e rentabilidade de cada investimento e priorize-as de acordo com suas necessidades. Lembre-se de que nunca terá as três características positivas ao mesmo tempo.
TÓPICO 2 — INVESTIMENTO E POUPANÇA
	
“Conhece-te a ti mesmo”.
	Faça um teste de autoconhecimento para verificar qual é o seu perfil de investidor, podendo ser mais conservador, moderado ou arrojado/agressivo.
	Invista regularmente.
	Todo mês, reserve parte do seu salário para investir em aplicações de sua escolha.
	Leia os prospectos das aplicações financeiras.
	Verifique quais são as taxas, tarifas, rentabilidade e impostos envolvidos nos investimentos. Isso ajuda a planejar seu futuro e evitar surpresas desnecessárias.
FONTE: Banco Central do Brasil (2013, p. 47)
Acadêmico, lembre-se que, seja em curto ou longo prazo, os investimentos de uma pessoa se destinam a financiar seus planos para o futuro e, diante disso, pode ser necessário alterar os seus investimentos à medida que os planos ou o contexto (político, econômico etc.) sejam modificados.
Por isso, para ter garantia e certeza de que os seus objetivos serão realmente atingidos, é necessário que a pessoa sempre acompanhe o desempenho das suas aplicações, procurar manter-se permanentemente informado e, de tempos em tempos, reavaliar suas decisões de investimentos para ver se eles continuam coerentes em relação aos seus planos e ao ambiente que o cerca. Uma sugestão muito válida é diversificar suas aplicações entre investimentos com diferentes características, por exemplo: imóveis, renda fixa e renda variável (investimentos que acabamos de estudar), na tentativa de minimizar riscos e maximizar a rentabilidade de seu portfólio de investimentos (BCB, 2013).
3 POUPANÇA E CADERNETA DE POUPANÇA
Uma pergunta muito comum quando falamos em poupança é: por que poupar? “Ao poupar, você acumula valores financeiros no presente para serem utilizados no futuro. Os valores poupados no presente e investidos durante um, dois ou mais anos poderão fazer uma diferença significativa na qualidade de vida do poupador no futuro” (BCB, 2013, p. 43).
Podemos destacar alguns dos vários motivos que fazem as pessoas pouparem: poupar para realizar algum sonho, poupar para se precaver diante de situações inesperadas (por exemplo: doença), poupar para a aposentadoria etc. A maioria desses motivos está relacionada à segurança financeira.
Vimos anteriormente sobre a importância de elaborar um orçamento, de ser um consumidor consciente, e também de utilizar o crédito de forma responsável e os juros a seu favor. Tudo isso trata-se de estabelecer prioridades, certo? Ao fazer isso, certamente torna-se muito mais fácil criar o hábito de poupar.
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Para iniciar nosso estudo sobre poupança e caderneta de poupança precisamos primeiramente entender qual a diferença entre poupança e caderneta de poupança.
3.1 O QUE É POUPANÇA E CADERNETA DE POUPANÇA
A poupança é uma sobra financeira e deve ser direcionada para algum tipo de investimento para que seja remunerada. Podemos dizer também que a poupança é a diferença entre as receitas e as despesas, ou seja, tudo o que ganhamos e tudo o que gastamos. Já a caderneta de poupança ou conta de poupança nada mais é que um tipo de investimento (BCB, 2013).
	
	
Resumidamente: Receitas – Despesas = Poupança.
Dizemos que poupança é qualquer quantia que uma pessoa reserva da sua renda mensal para usar em outro momento da sua vida. Em suma, poupança significa literalmente guardar dinheiro para o futuro, seja qual for a finalidade. No Brasil, poupança virou sinônimo de uma aplicação financeira muito popular: a caderneta de poupança ou conta poupança (CONGO, 2019b).
 (
Uma curiosidade sobre a poupança é que ela foi criada junto com a Caixa
 
Econômica Federal, em janeiro de 1861, sendo que nessa época o Brasil ainda era um
 
império regido por D. Pedro II, e o principal objetivo era atender às camadas mais pobres
 
da
 
população.
)Sabemos que, nos dias de hoje, a poupança é a aplicação mais utilizada pelos brasileiros. Segundo uma pesquisa realizada em 2018, o Raio X do investidor (pesquisa anual da Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais – ANBIMA), um em cada três brasileiros tem dinheiro guardadona poupança.
TÓPICO 2 — INVESTIMENTO E POUPANÇA
Como vimos anteriormente, a praticidade e a segurança são as duas principais características que tornam essa aplicação a mais utilizada pelas pessoas. Porém, o grande problema da poupança é o seu baixo rendimento.
A utilidade da poupança é ajudar as pessoas a pouparem dinheiro, ou seja, para fazê-lo crescer, é preciso procurar opções mais rentáveis. Como o retorno oferecido pela caderneta é extremamente baixo, é por esse motivo que muitas pessoas estão começando a procurar e migrar para outros tipos de investimentos.
3.2 CÁLCULO DO RETORNO DA CADERNETA
O cálculo do retorno da caderneta é feito da seguinte maneira:
· Quando a taxa básica de juros (Selic) estiver acima de 8,5% ao ano, o retorno é de 0,5% ao mês + Taxa Referencial (TR), que costuma ficar perto de zero.
· Se a Selic estiver abaixo ou igual a 8,5% ao ano, o rendimento é de apenas 70% dessa taxa + Taxa Referencial (TR), que costuma resultar menos que 0,5% ao mês.
	
	
Veremos o que é Taxa Selic logo em seguida.
Esse é um rendimento extremamente baixo e que muitas vezes não supera a inflação, o que faz com que o seu dinheiro perca poder de compra. Existem outras aplicações, com a mesma segurança, que rendem mais que a poupança, e uma delas é o Tesouro Direto, conteúdo que veremos ainda nesse tópico.
Como vimos, o rendimento da poupança é determinado pelo comportamento da taxa Selic e da variação da TR (Taxa Referencial), então, se uma pessoa deseja saber, hoje, qual o rendimento da poupança, basta conhecer os seus valores e realizar os cálculos.
Por exemplo, em novembro de 2019, a taxa Selic estava em 5,0% ao ano, e a TR próximo de 0%. O rendimento da poupança equivale a 70% da Selic + TR, ou seja, ela rende em torno de 3,50% ao ano. Nesse caso, o rendimento mensal da poupança está em torno de 0,35%. Vamos supor que você deseje saber quanto rende R$1.000,00 por mês na poupança. Com esses dados, basta multiplicar 1.000 por 0,35%, que dará R$3,50. Ou seja, R$1.000,00 aplicados na poupança renderá R$3,50 por mês.
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Acadêmico, veja agora o desempenho histórico de rentabilidade da caderneta de poupança nos últimos 10 anos:
QUADRO 3 – HISTÓRICO DE RENTABILIDADE DA CADERNETA DE POUPANÇA NOS ÚLTIMOS 10 ANOS
	ANO
	Retorno Absoluto (%)
	Retorno Real Descontada a inflação (%)
	2010
	6,90
	0,94
	2011
	7,50
	0,94
	2012
	6,47
	0,60
	2013
	6,37
	0,43
	2014
	7,16
	0,71
	2015
	8,07
	-2,34
	2016
	8,07
	-2,34
	2017
	6,57
	3,62
	2018
	4,55
	1,12
	2019
	3,85
	0,42
FONTE: Adaptado de Banco Central do Brasil (2019)
O rendimento real da poupança significa o retorno descontado do ICPA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), ou seja, é o valor que vem efetivamente para o bolso das pessoas. É importante destacar que esse fator deve ser considerado, pois a inflação desvaloriza o dinheiro ao longo do tempo.
Note pelo quadro anterior, acadêmico, que de 2010 até 2019 essa taxa está cada vez menor. Perceba também que em 2015 e em 2016 a caderneta perdeu para a inflação, ao invés de render.
Um fator agravante para o rendimento da poupança, além da taxa Selic baixa, é a Taxa Referencial (TR). Na década de 1990, quando ela foi utilizada no controle da inflação, o seu valor era alto. Como vimos anteriormente, hoje, como a taxa Selic faz esse controle, a Taxa Referencial (TR) passou a ser apenas um índice de reajuste para as aplicações e empréstimos. Desde o segundo semestre de 2017 ela tem apresentado valor zero. Com isso, o rendimento da poupança se torna ainda menor.
É importante ressaltar que em 2015 e 2016 a taxa Selic fechou em 14,25%, e perceba pela figura anterior, que mesmo com a taxa Selic alta, o rendimento real da caderneta foi negativo, porque o ICPA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), também estava em alta e, assim, todos os retornos da poupança foram corroídos pela inflação.
3.3 TAXA SELIC
TÓPICO 2 — INVESTIMENTO E POUPANÇA
Segundo o Banco Central do Brasil (2019), a Selic é a taxa básica de juros da economia. É o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação. Ela influencia todas as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos financiamentos, dos empréstimos, e das aplicações financeiras.
A taxa Selic refere-se à taxa de juros apurada nas operações de empréstimos de um dia entre as instituições financeiras que utilizam títulos públicos federais como garantia. O Banco Central opera no mercado de títulos públicos para que a taxa Selic efetiva esteja em linha com a meta da Selic definida na reunião do Comitê de Política Monetária do BC (Copom) (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2019).
Acadêmico, veja agora na figura abaixo a meta para a taxa Selic (% a.a., dados diários), de 10 anos (novembro de 2009 a novembro de 2019):
FIGURA 2 – EVOLUÇÃO DA TAXA SELIC EM 10 ANOS – NOVEMBRO DE 2009 A NOVEMBRO DE 2019
FONTE: Banco Central do Brasil (2019, on-line)
Segundo o Banco Central do Brasil (2019), os efeitos de mudança na Selic implicam em: quando o Banco Central altera a meta para a taxa Selic, a rentabilidade dos títulos indexados a ela também se altera e, com isso, o custo de captação dos bancos muda. Uma redução da taxa Selic, por exemplo, diminui o custo de captação dos bancos, que tendem a emprestar com juros menores.
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Como isso funciona na prática? Quando a taxa Selic sobe, os juros cobrados nos financiamentos, empréstimos e cartões de crédito ficam mais altos. Isso desestimula o consumo e favorece a queda da inflação. E, quando cai, tomar dinheiro emprestado fica mais barato, já que os juros cobrados nessas operações ficam menores, sendo que isso estimula o consumo.
4 TESOURO DIRETO
Seabra (2019) destaca que investir no Tesouro Direto é muito simples, e que muitas pessoas que possuem um perfil mais conservador para investimentos não conhecem essa modalidade de investimento. Afinal, o que é Tesouro Direto?
4.1 O QUE É TESOURO DIRETO?
Segundo o site oficial do Tesouro Direto, o Tesouro Direto é um Programa do Tesouro Nacional desenvolvido em parceria com a B3 (responsável pela bolsa de valores do Brasil) para venda de títulos públicos federais para pessoas físicas, de forma 100% on-line. O Tesouro Direto é uma excelente alternativa de investimento, pois ela oferece títulos com diferentes tipos de rentabilidade (prefixada, ligada à variação da inflação ou à variação da taxa de juros básica da economia – Selic), diferentes prazos de vencimento e também diferentes fluxos de remuneração. Além de acessível e de apresentar muitas opções de investimento, o Tesouro Direto oferece boa rentabilidade e liquidez diária, mesmo sendo a aplicação de menor risco do mercado.
 (
Para
 
conhecer
 
o
 
site
 
oflcial
 
do
 
Tesouro
 
Direto
 
acesse
 
https://www.tesourodireto.
 
com.br/. Nesse site você encontrará tudo sobre Tesouro Direto, desde como investir, com
 
vídeos
 
explicativos,
 
e-books,
 
até
 
notícias
 
atualizadas
 
que
 
dizem
 
respeito
 
ao
 
Tesouro
 
Direto.
)Ou seja, o Tesouro Direto é um programa de compra e venda de títulos públicos para pessoas físicas, priorizando os pequenos investidores, embora acolha também os aplicadores de médio e grande porte. Esse programa vem sendo desenvolvido desde o início da década passada pela Secretaria do Tesouro Nacional – o órgão do governo central que cuida do dinheiro público federal – e sua proposta é oferecer títulos públicos de renda fixa diretamente para a compra fracionada por parte de investidores pessoas físicas (SILVESTRE, 2016).
TÓPICO 2 — INVESTIMENTO E POUPANÇA
Segundo o site oficial do Tesouro Direto, os objetivos do Tesouro Direto
são:
· Garantir o acesso do cidadão ao investimento em títulos de Dívida Pública Federal.
· Promover a educação financeira dos brasileiros.
· Ser referência de investimento para o cidadão.
· Estimular a formação da poupança no país.
· Incentivar a competitividade no mercado financeiro.
· Ser uma alternativa de investimentoconhecida e saudável.
Acadêmico, é importante destacar que, antes de termos o Tesouro Direto, apenas instituições financeiras e grandes empresas podiam adquirir esses títulos. Porém, desde 2002, qualquer pequeno investidor pode fazê-lo por valores de aplicação baixíssimos (a partir de R$30,00), com total acessibilidade, praticidade e muita segurança – como comentado anteriormente, 100% on-line, ou seja, tudo pela internet, sem precisar sair de casa.
Ao lado da caderneta de poupança brasileira, podemos dizer que o Tesouro Direto é, hoje, a forma de aplicação financeira mais acessível e democrática do mundo desenvolvido do qual o Brasil faz parte. Os ativos financeiros que se pode comprar ou vender por meio do Tesouro Direto, são, então, os títulos da Dívida Pública Federal do Brasil.
Segundo o site oficial do Tesouro Direto, o Tesouro Direto é: seguro, 100% digital, flexível e acessível:
· Seguro: os investimentos em títulos públicos, por meio do Programa Tesouro Direto, são 100% garantidos pelo Tesouro Nacional, ou seja, são os investimentos mais seguros do país.
· 100% digital: você não precisa sair de casa para investir. Todas as aplicações, resgates e acompanhamento dos seus investimentos são feitos pelo site, ou se você preferir, dá para fazer tudo pelo celular também no aplicativo oficial do Tesouro Direto.
· Flexível: com o Tesouro Direto, você escolhe os títulos que vai investir e acordo com os seus objetivos e necessidades, e pode resgatá-los, a preços de mercado, a qualquer momento. São diferentes tipos de rentabilidade, prazos de vencimento e fluxos de remuneração.
· Acessível: com pouco mais R$30,00 você já pode investir no Tesouro Direto. Não é preciso nem muito dinheiro para começar a investir nem ser um especialista em investimentos.
 (
A criação do Tesouro Nacional, em 10 de março de 1986, representou um
 
passo fundamental para o fortalecimento das flnanças públicas do país, consolidando a
 
modernização
 
institucional
 
e
 
a
 
sistematização
 
da
 
gestão
 
responsável
 
dos
 
recursos
 
públicos.
)UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
4.2 VANTAGENS DO TESOURO DIRETO
Segundo Seabra (2019), as vantagens de investir no Tesouro Direto são muitas, mas as principais são:
· Uma pessoa pode começar investir a partir de R$30,00.
· O Tesouro Direto é uma excelente opção em termos de rentabilidade.
· A pessoa investe com objetivos definidos e levando em conta fatores como: valor a investir, prazo, taxa de juros e riscos.
· As taxas de administração são muito baixas.
· Uma pessoa que investe no Tesouro Direto tem a possibilidade de diversificar seus investimentos, obtendo variadas rentabilidades, como pós-fixadas (pela taxa básica da economia), prefixadas e indexadas a índices de preços.
· A pessoa pode se garantir realizando poupança de longo prazo ao optar por títulos indexados a índices de preços, e ainda obtém rentabilidade real significativa.
· A liquidez é garantida pelo Tesouro Nacional.
· A pessoa pode gerenciar seus investimentos com comodidade, segurança e tranquilidade.
· A pessoa tem maior poder de tomada de decisão e controle do seu patrimônio.
· Os títulos públicos são considerados de baixíssimo risco pelo mercado financeiro.
Para Seabra (2019), uma das principais vantagens do Tesouro Direto é a possibilidade de uma pessoa investidora montar sua carteira de acordo com os seus objetivos, adequando prazos de vencimento e indexadores às suas necessidades.
4.3 TÍTULOS DO TESOURO DIRETO
Os investimentos no Tesouro Direto possuem liquidez diária, ou seja, uma pessoa que investe no Tesouro Direto pode resgatá-lo a qualquer momento, quando achar conveniente para os seus objetivos. Como já foi comentado anteriormente, todas as aplicações no Tesouro Direto são 100% garantidas pelo Tesouro Nacional, isso significa que o Tesouro é o investimento mais seguro do Brasil.
TÓPICO 2 — INVESTIMENTO E POUPANÇA
Segundo o site oficial do Tesouro Direto, o objetivo do Tesouro Direto é disponibilizar títulos públicos para pessoas físicas com condições tão vantajosas quanto às Instituições Financeiras têm nos leilões tradicionais do Tesouro Direto. Para isso, são ofertados os seguintes títulos: títulos prefixados e títulos pós-fixados.
4.3.1 Títulos prefixados
Os títulos prefixados são aqueles que têm taxa de juros fixa, ou seja, você já conhece no momento do investimento. É o investimento ideal para quem quer saber exatamente o valor que receberá ao final da aplicação, no vencimento do título. As vantagens são: 1. garante uma rentabilidade fixa; 2. você sabe exatamente quanto vai resgatar no final; 3. ideal para metas de médio e longo prazo. Nessa modalidade, há dois títulos disponíveis:
· Tesouro Prefixado (LTN): títulos com rentabilidade definida (taxa fixa) no momento da compra. A forma de pagamento é no vencimento. Com esse título, você receberá o valor investido acrescido da rentabilidade na data de vencimento ou de resgate.
· Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F): títulos com rentabilidade prefixada, acrescidas juros definidos no momento da compra. A forma de pagamento é semestralmente (juros) e no vencimento (principal). Esse título faz pagamento de juros a cada seis meses. Isso significa que você recebe o rendimento ao longo do período da aplicação.
4.3.2 Títulos Pós-Fixados
O valor recebido na data de vencimento depende da taxa básica de juros (Selic) ou da inflação (IPCA). Assim, a rentabilidade da aplicação é composta por uma taxa predefinida no momento da compra do título mais a variação de uma dessas duas taxas, que também são chamadas de indexadores. Nessa modalidade há três títulos disponíveis:
· Tesouro Selic (LTF): títulos com rentabilidade diária vinculada à taxa de juros básica da economia (taxa Selic). A forma de pagamento é no vencimento.
· Tesouro IPCA + com Juros Semestrais (NTN-B): título com rentabilidade vinculada à variação do IPCA mais os juros definidos no momento da compra. A forma de pagamento é semestralmente (juros) e no vencimento (principal).
· Tesouro IPCA + (NTN-B Principal): título com rentabilidade ligada à variação do IPCA mais os juros definidos no momento da compra. Não há pagamento de cupom de juros semestral. A forma de pagamento é no vencimento.
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Resumindo, o Tesouro Prefixado e o Tesouro Prefixado com Juros Semestrais são Títulos Prefixados, ou seja, a taxa de rentabilidade é pré- determinada no momento da compra. Ela é dada pela diferença entre o preço de compra e pelo preço no momento do vencimento, onde o fluxo não é corrigido por nenhum indexador.
Já o Tesouro Selic, Tesouro IPCA e Tesouro IPCA com Juros Semestrais são os Títulos Pós-Fixados, onde o valor do título é corrigido pelo seu indexador. Assim, a rentabilidade do título depende tanto do desempenho do seu indexador, quanto do deságio pago no momento da compra (taxa de juros real ou prêmio).
4.4 (
Deságio,
 
em
 
termos
 
flnanceiros,
 
é
 
a
 
diferença
 
negativa
 
entre
 
o
 
preço
 
negociado de um título em relação ao seu 
valor nominal 
ou 
valor de face. 
Assim, numa
 
negociação
 
em
 
que
 
foi
 
pago
 
por
 
um
 
título
 
um
 
valor
 
inferior
 
ao
 
seu
 
valor
 
nominal,
 
diz-se
 
que
 
a negociação
 
ocorreu com
 
deságio.
F
ONTE:<https://www
.bussoladoinv
estidor
.
com.br/abc_do_investidor/desagio/>.Acesso
 
em:
 
23
 
mar.
 
2020.
)RISCOS DO TESOURO DIRETO
Afinal, quais são os riscos do Tesouro Direto? Fogaca (2017) destaca que saber os riscos do Tesouro Direto é muito importante e, segundo o autor, existem dois riscos do Tesouro Direto que precisam ser esclarecidos: o risco de mercado e o risco de crédito.
O risco de mercado é a probabilidade de eventuais perdas devido a variações nos preços dos títulos, sendo que o principal responsável pela variação nos preços dos títulos é a taxa de juros da economia. Fogaca (2017) ressalta que esse é o maior risco desse investimento: você compra um título de longo prazo, por exemplo, e precisa vender o título antes de seu vencimento, por um motivopessoal. Nesse caso, você estará sujeito ao preço que o mercado estiver pagando pelo título no dia, podendo ter até uma rentabilidade negativa e, por isso, é importante que você compre o título de acordo com o prazo que você tem para investir.
 (
Lembrando que há também o aplicativo oflcial do Tesouro Direto disponível
 
para você baixar no seu celular. O nome do app é “Tesouro Direto”. Esse aplicativo reúne
 
tudo o que uma pessoa precisa para realizar as principais transações com títulos públicos
 
onde
 
e
 
como
 
quiser,
 
e
 
acompanhar
 
seus
 
investimentos
 
em
 
títulos
 
públicos
 
de
 
forma
 
rápida
 
e
 
prática.
) (
No
 
link
 
https://blog.rico.com.vc/rentabilidade-do-tesouro-direto,você
 
encontra
 
algumas
 
simulações
 
de
 
rentabilidade
 
do
 
Tesouro
 
Direto.
)TÓPICO 2 — INVESTIMENTO E POUPANÇA
 (
Acesse o site 
https://www
.tesour
odiret
o
.com.br/
 e conheça mais sobre o
 
Tesouro
 
Direto.
 
Nesse
 
site
 
você
 
aprende
 
como
 
investir,
 
confere
 
a
 
rentabilidade
 
de
 
cada
 
título
 
e
 
faz
 
simulações
 
de
 
investimentos,
 
comparando
 
e
 
conferindo
 
as
 
vantagens
 
de
 
investir
 
seu
 
dinheiro
 
no
 
Tesouro
 
Direto.
)Já o risco de crédito é a probabilidade do emissor do título, que no caso é o governo, não conseguir ou não desejar saldar (quitar) suas dívidas. Segundo Fogaca (2017), esse é o chamado risco de calote da dívida, sendo que, para o autor, esse risco é considerado muito baixo. Fogaca (2017) destaca que o risco de calote dos títulos pelo governo sempre existirá, mas para que aconteça o calote da dívida pública do Brasil, a situação teria que ser de extrema gravidade, e, mesmo na atual crise em que vivemos, ainda estamos longe disso. Fogaca (2017) ainda ressalta que, se isso acontecesse, teria um efeito devastador nas empresas e nas pessoas físicas, até mesmo nos investidores estrangeiros.
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
· Investimento nada mais é do que a aplicação dos recursos que poupamos, com a expectativa de obtermos uma remuneração por essa aplicação, ou seja, quem investe tem como objetivo ganhar dinheiro.
· Para que uma pessoa faça um investimento, é importante que ela conheça as três características dos investimentos: liquidez, risco e rentabilidade.
· O investidor pode ser classificado em três perfis diferentes: conservador, moderado ou arrojado.
· A meta de acumulação trata-se do valor que o investidor precisa acumular para atender a determinado desejo ou realizar certo sonho de compra e consumo.
· O prazo de realização é o tempo total (medido em meses) que uma pessoa leva para conseguir bater sua meta de acumulação.
· Os investimentos podem ser de renda fixa e/ou de renda variável.
· A poupança é uma sobra financeira e deve ser direcionada para algum tipo de investimento para que seja remunerada.
· A caderneta de poupança ou conta de poupança nada mais é que um tipo de investimento.
· A utilidade da poupança é ajudar as pessoas a pouparem dinheiro, ou seja, para fazê-lo crescer, é preciso procurar opções mais rentáveis.
· A taxa Selic refere-se à taxa de juros apurada nas operações de empréstimos de um dia entre as instituições financeiras que utilizam títulos públicos federais como garantia.
· A Selic é a taxa básica de juros da economia.
· O Tesouro Direto é um Programa do Tesouro Nacional desenvolvido em parceria com a B3 (responsável pela bolsa de valores do Brasil) para venda de títulos públicos federais para pessoas físicas, de forma 100% on-line.
· O objetivo do Tesouro Direto é disponibilizar títulos públicos para pessoas físicas com condições tão vantajosas quanto às Instituições Financeiras têm nos leilões tradicionais do Tesouro Direto e, para isso, são ofertados os seguintes títulos: títulos prefixados e títulos pós-fixados.
 (
AUTOATIVIDADE
)
1 Para Congo (2019b), não é preciso ser um especialista em finanças para investir, porém, é sempre importante ter uma noção sobre o que é investimento, porque esse conceito faz parte da vida da maioria das pessoas, afinal, a nossa relação com o dinheiro nos afeta diretamente. Diante disso, explique o que é investimento.
2 Segundo o Banco Central do Brasil, para que uma pessoa faça um investimento, é importante que ela conheça três características dos investimentos.
a) Quais são essas três características?
b) Explique o que significa essas três características.
3 Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o investidor pode ser classificado em três perfis diferentes: conservador, moderado ou arrojado. Diante disso, leia as seguintes afirmações:
I- O investidor arrojado privilegia a segurança e faz todo o possível para diminuir o risco de perdas.
II- O investidor conservador privilegia a rentabilidade e é capaz de correr riscos para que o seu investimento renda o máximo possível.
III- O investidor moderado procura o equilíbrio entre a segurança e a rentabilidade.
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Os itens I e III estão corretos.
b) ( ) Apenas o item II está correto.
c) ( ) Apenas o item III está correto.
d) ( ) Todos os itens estão corretos.
4 Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), quais são os investimentos mais compatíveis com os investidores com perfil conservador?
5 Segundo o Banco Central do Brasil, os investimentos podem ser de renda fixa e/ou renda variável.
a) Explique o que é uma renda fixa.
b) Explique o que é uma renda variável.
6 Um dos investimentos comuns nos dias de hoje é o investimento em imóveis. Explique quais são os cuidados e precauções que um investidor deve tomar quando decide investir em imóveis.
7 Sabemos que, quando uma pessoa poupa, ela acumula valores financeiros no presente para serem utilizados no futuro. Diante disso, explique qual a diferença entre poupança e caderneta de poupança.
8 Poupança é a diferença positiva entre as receitas e as despesas, ou seja, entre tudo que ganhamos e tudo que gastamos. Podemos afirmar que são razões para poupar (BCB, 2013):
I- Precaver-se contra despesas inesperadas é um bom motivo para poupar.
II- O hábito de poupar pode contribuir para organizar as finanças pessoais e possibilita a realização de sonhos.
III- Poupar não é uma boa opção, pois deixamos de consumir no presente.
IV- Possuir uma poupança facilita a realização de projetos e sonhos pessoais.
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas.
b) ( )Todas as afirmativas estão erradas.
c) ( ) Apenas a alternativa I e IV estão corretas.
d) ( ) As alternativas I, II e IV estão corretas.
9 Analise as sentenças e classifique V para as VERDADEIRAS e F para as FALSAS, segundo o Banco Central do Brasil (2013):
a) ( ) Devemos nos manter permanentemente informados sobre os investimentos realizados e, de tempos em tempos, reavaliar nossas decisões para ver se continuam coerentes em relação aos nossos planos, ao ambiente e à situação da economia do país e do mundo.
b) ( ) Caso a decisão seja de constituir uma poupança em separado para lidar com circunstâncias não esperadas (reserva de emergência), é necessário não cair na tentação de utilizar os recursos para o consumo.
c) ( ) É sempre melhor constituir a própria poupança do que comprar vários seguros: seguro de vida, seguro de carro, seguro residencial, seguro saúde etc., pois fica mais barato.
d) ( ) Diversificar as aplicações entre investimentos com diferentes características (por exemplo, imóveis, renda fixa e renda variável) minimiza riscos.
10 O Banco Central opera no mercado de títulos públicos para que a taxa Selic efetiva esteja em linha com a meta da Selic definida na reunião do Comitê de Política Monetária do BC (Copom). Diante disso, explique o que é a taxa Selic.
11 O Tesouro Direto é uma excelente alternativa de investimento, pois ela oferece títulos com diferentes tipos de rentabilidade (prefixada, ligada à variação da inflação ou à variação da taxa de juros básica da economia
– Selic), diferentes prazos de vencimento e também diferentes fluxos de remuneração. Diante disso:
a) Expliqueo que é Tesouro Direto.
b) Cite três objetivos do Tesouro Direto.
c) Destaque três vantagens do Tesouro Direto.
1 (
—
) (
TÓPICO
 
3
FUNDO
 
DE
 
INVESTIMENTO
UNIDADE
 
2
)INTRODUÇÃO
É possível uma pessoa investir sozinha e administrar a sua própria carteira de investimentos. Nesse sentido, é igualmente possível investir em conjunto com outros investidores, por meio de uma estrutura formal de investimento coletivo que chamamos de fundo de investimento.
Nessa opção os recursos financeiros de inúmeros investidores são reunidos em um único fundo, para assim serem investidos conjuntamente em ativos financeiros, de acordo com uma política de investimento pré-estabelecida. Os fundos de investimento podem ser uma interessante alternativa para uma pessoa investidora, porém, antes de investir, é preciso conhecê-los.
Os fundos de investimento têm atraído cada vez mais as pessoas que desejam sair da poupança, e que estão em busca de uma alternativa mais rentável, ou até mesmo quando querem diversificar os seus investimentos sem se preocupar em administrá-los de perto. Como se tratam de fundos, os custos tendem a ser mais baixos, pois são divididos entre os cotistas.
Acadêmico, neste tópico, veremos o que é e como funciona um fundo de investimento, os tipos de fundos de investimento, a rentabilidade dos fundos e quais são as suas vantagens e desvantagens. Vamos lá?
2 O QUE É FUNDO DE INVESTIMENTO
Fundo de investimento é um tipo de aplicação financeira que capta recursos de diversos investidores, que são chamados de cotistas, e aplica esses recursos em diversos ativos. Cada cotista tem direito a uma parte do fundo (as chamadas cotas), conforme a quantidade de dinheiro que é aplicada. O principal objetivo dos fundos é fazer com que as cotas se valorizem ao longo do tempo e, para isso, eles estabelecem parâmetros para investir o dinheiro dos cotistas, que variam de acordo com a política de investimento adotada (CONGO, 2019c).
Podemos também destacar que fundo de investimento (comunhão de recursos, constituída sob a forma de condomínio, destinado à aplicação em ativos financeiros) é uma modalidade de investimento coletivo, ou seja, é uma estrutura formal que reúne recursos financeiros de diversos investidores, para investimento conjunto.
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Uma comparação muito tradicional utilizada para explicar o que é fundo de investimento é a lógica de um condomínio de apartamentos.
As pessoas que moram em apartamento já estão acostumadas a pagar mensalmente um valor (taxa) de condomínio, que garante serviços, por exemplo: manutenção de elevadores, limpeza do edifício, jardinagem, entre outros serviços. Porém, para essas pessoas que são moradoras dos apartamentos desfrutarem desses serviços elas devem respeitar as regras de funcionamento do prédio, certo?
A lógica dos fundos de investimentos é bem parecida com essa situação. Assim como há pessoas encarregadas de organizar as tarefas e os serviços do prédio onde a pessoa mora, ao comprar uma cota de fundo, a pessoa paga uma taxa de administração para alguém coordenar as atividades daquele condomínio (CONGO, 2019c).
Acadêmico, é importante também destacar que, no fundo, há taxas para que a gestão tome decisões relacionadas aos ativos da carteira, por exemplo: fazer novas aquisições ou vendas. Os órgãos responsáveis por classificar e fiscalizar todas as atividades são a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e a ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
3 COMO FUNCIONA UM FUNDO DE INVESTIMENTO
O fundo é criado por um administrador, usualmente uma instituição financeira, que formalmente o constitui e define os seus objetivos, políticas de investimento, as categorias de ativos financeiros em que poderá investir, taxas que cobrará pelos serviços, e outras regras gerais de participação e organização. É importante destacar que todas essas informações são reunidas em um documento, o regulamento.
Ou seja, na prática, um fundo é criado por iniciativa de um administrador (em geral uma instituição financeira), que formalmente o constitui e define o seu objetivo, política de investimento, as categorias de ativos financeiros em que poderá investir, taxas que cobrará pelos serviços, e também outras regras de participação, funcionamento e organização (CVM, 2014).
Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM, 2016), o primeiro passo do administrador é reunir as principais informações do fundo em um documento, o regulamento, e solicitar registro para funcionamento na CVM. É importante ressaltar que o funcionamento dos fundos de investimento depende da prévia autorização da CVM.
Os fundos de investimento podem ser formados como condomínios abertos (em que o resgate das cotas pode ser solicitado a qualquer tempo) ou fechados (em que o resgate só se dá no término do prazo de duração do fundo).
TÓPICO 3 — FUNDO DE INVESTIMENTO
Dizemos que essa classificação determina, de certa maneira, os diferentes modos de como investir em um fundo.
 (
A distribuição de cotas de fundos abertos ou fechados deve ser realizada por
 
instituições habilitadas a atuar como integrantes do sistema de distribuição, por exemplo:
 
corretoras,
 
distribuidoras,
 
certos
 
tipos
 
de
 
bancos
 
etc.
)Depois de constituído o fundo, e autorizado a funcionar, se inicia o processo de distribuição, onde os bancos, distribuidoras, corretoras ou outras instituições financeiras (ligadas ou não ao administrador) o apresentam aos clientes.
Os distribuidores disponibilizam materiais publicitários e outros documentos obrigatórios, como o regulamento e a lâmina de informações essenciais, para que os potenciais investidores conheçam as características do fundo ofertado. Assim, os investidores interessados assinam um termo de adesão e ciência de risco, onde formalizam a sua participação, aportam os recursos que desejam aplicar e então, se tornam cotistas do fundo.
 (
Cotas são as menores frações de participação em um fundo de investimento.
 
Por exemplo, quando você aplica seu dinheiro, você não está comprando diretamente
 
qualquer ativo (por exemplo: ações ou títulos de renda flxa), mas sim, uma “parte” daquele
 
grupo
 
de investimento, se tornando assim
 
um cotista.
)A soma dos recursos aplicados pelos investidores forma o patrimônio do fundo, que é divido em cotas. Quando um investidor realiza o investimento, ele adquire cotas na proporção do capital aplicado. Por exemplo, supondo que um fundo tenha um patrimônio de R$100.000,00, dividido em 10.000 cotas, cada uma valendo R$10,00. Se uma pessoa investir R$500,00 nesse fundo, ela adquirirá 50 cotas.
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
O patrimônio do fundo será investido em ativos financeiros por um profissional especializado (o gestor da carteira), que pode ser o próprio administrador ou terceiro contratado. Os investimentos são realizados sempre com base em uma política pré-definida. Cabe destacar também que os ativos nos quais o patrimônio do fundo está investido formam o que chamamos no mercado de carteira do fundo.
Ou seja, os gestores são os responsáveis por determinar a estratégia daquela carteira, bem como acompanhar seu desempenho. Eles são profissionais especializados que tomam as decisões de investimento, decidem em quais ativos o patrimônio do fundo será aplicado, porém, os gestores não são livres para tomar qualquer decisão.
Algumas decisões do fundo são tomadas pelo próprio administrador e pelo gestor, conforme definido em regulamento, porém, há alguns assuntos que somente podem ser deliberados pelos próprios cotistas (os investidores), em uma assembleia geral. Com o fundo em funcionamento, o administrador é responsável também por outros serviços, como a prestação de informações periódicas e eventuais e o atendimento aos cotistas.
Um índice que os gestores do fundo devem analisar é o Benchmark, que é um índice de referência que serve como parâmetro para avaliar o desempenho de um fundo. Geralmente, a meta é trabalhar para superar um benchmark,na chamada “gestão ativa”, mas pode também ser simplesmente acompanhá-lo, na prática feita na chamada “gestão passiva” (CONGO, 2019c).
 (
Na
 
gestão
 
ativa
 
a
 
meta
 
é
 
obter
 
rentabilidade
 
superior
 
ao
 
registrado
 
pelo
 
índice
 
de referência, o chamado 
benchmark
. Isso signiflca que o gestor procura no mercado as
 
melhores
 
alternativas
 
de
 
investimento
 
sempre
 
buscando
 
atingir
 
esse
 
objetivo.
 
Já
 
na
 
gestão
 
passiva, por sua vez, não tem como meta ultrapassar o desempenho do 
benchmark. 
O
 
gestor de um fundo com esse tipo de estratégia busca “replicar” a performance de um
 
índice
 
de
 
referência.
 
Ou
 
seja,
 
a
 
ideia
 
é
 
que
 
a
 
rentabilidade
 
do
 
fundo
 
acompanhe
 
a
 
variação
 
de
 
determinado
 
benchmark
 
(CONGO,
 
2019c).
)Acadêmico, outra informação importante é que a valorização ou desvalorização dessa carteira determina o valor das cotas, e, por consequência, a rentabilidade dos cotistas. Assim, usando o exemplo que acabamos de ver, se a carteira do fundo se valorizar 10% em certo período, o valor da cota então passará de R$10,00 a R$11,00, e o investimento de 50 cotas passará a 50 x R$11,00, ou seja, R$550,00.
4 TIPOS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO
TÓPICO 3 — FUNDO DE INVESTIMENTO
Os fundos de investimento podem ter várias estratégias, desde as políticas mais conservadoras e seguras até as mais agressivas e expostas a riscos. É válido ressaltar que o que muda de um fundo de investimento para outro é qual (ou quais) os tipos de ativos que serão escolhidos para os investimentos. Para Congo (2019c) os principais tipos de fundos de investimento são:
· Fundos de renda fixa.
· Fundos de ações.
· Fundos multimercados.
· Fundos cambiais.
 (
Em 2015, a ANBIMA alterou a classiflcação dos fundos de investimento,
 
separando-os em quatro classes de ativos: renda flxa, ações, multimercados e fundos
 
cambiais. Porém, para cada tipo de fundo, há categorias e subcategorias, conforme o tipo
 
de
 
gestão
 
(ativa
 
ou
 
passiva)
 
e
 
a
 
estratégia
 
adotada.
)Conforme informações da CVM, a classificação do fundo caracteriza, de certa forma, a sua política de investimento expressa no regulamento. Assim, trata-se de uma importante informação para a tomada de decisão de investimento. Além da classificação geral, os fundos podem acrescentar sufixos ao seu nome, que são úteis para informar sobre características específicas dos fundos e funcionam como uma espécie de subclassificação.
4.1 FUNDOS DE RENDA FIXA
Os fundos classificados como Renda Fixa apresentam como principal fator de risco de sua carteira a variação da taxa de juros, de índice de preços, ou ambos. Devem ter pelo menos 80% da sua carteira investida em ativos que estejam relacionados a esses fatores de risco. Na prática, esses ativos financeiros são, em sua maioria, os chamados títulos de renda fixa, como os títulos públicos federais, as debêntures (já vimos anteriormente o que é) e os títulos de emissão bancária, como CDB’s (Certificados de Depósitos Bancários), LCIs (Letras de Créditos Imobiliários), entre outros.
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
É importante ressaltar que renda fixa não significa resultado garantido ou sempre positivo, pois há riscos que devem ser considerados, por isso é indispensável se informar antes de investir. É possível escolher um fundo de renda fixa cujo objetivo é seguir as variações de um índice ou indicador, como por exemplo o IPCA (inflação) ou a Selic.
Segundo a CVM (2016), dependendo dos ativos integrantes de sua carteira e da política de investimento do fundo, os fundos da classe renda fixa, podem receber os seguintes sufixos:
· Renda Fixa – Curto Prazo
· Renda Fixa – Referenciados
· Renda Fixa – Simples
· Renda Fixa - Dívida Externa
Veremos, a seguir, sobre cada um desses sufixos.
4.1.1 Renda fixa – curto prazo
Segundo a CVM (2016), a principal característica dos fundos da classe “Renda Fixa” que recebem o sufixo “Curto Prazo” está relacionada ao vencimento dos títulos que compõem a carteira e que precisam respeitar o prazo máximo a decorrer de 375 dias, e prazo médio da carteira inferior a 60 dias. Os gestores desse fundo só podem investir em:
· Títulos públicos federais ou privados pré-fixados.
· Títulos públicos federais ou privados indexados à taxa Selic, a outra taxa de juros, ou a índices de preços.
· Títulos privados que sejam considerados de baixo risco de crédito pelo gestor.
· Cotas de fundos de índice que apliquem nesses tipos de títulos.
· Operações compromissadas lastreadas em títulos públicos federais.
Esses fundos são considerados conservadores quanto ao risco e compatíveis com objetivos de investimento de curto prazo, pois suas cotas são menos sensíveis às oscilações das taxas de juros.
4.1.2 Renda fixa – referenciados
Os fundos da classe “Renda Fixa” que recebem o sufixo de “Referenciados” buscam acompanhar a variação de determinado indicador de referência (benchmark) definido em seu objetivo. Esse indicador pode ser um índice de mercado ou uma taxa de juros.
TÓPICO 3 — FUNDO DE INVESTIMENTO
Para isso, devem manter no mínimo 95% de seu patrimônio líquido investido em ativos que acompanhem o indicador, e ter no mínimo 80% do seu patrimônio representado por títulos públicos federais, ativos de renda fixa considerados de baixo risco de crédito, ou cotas de fundos de índice que invistam em ativos com essas características (CVM, 2016).
A CVM (2016) também esclarece que o fundo referenciado mais popular é o chamado Fundo DI, que tem como objetivo de investimento acompanhar a variação diária das taxas de juros praticadas no mercado interbancário. Eles são um pouco mais sensíveis às variações nas taxas de juros quando comparados aos de curto prazo, embora ainda sejam considerados de baixo risco.
4.1.3 Renda fixa – simples
Os fundos da classe “Renda Fixa” que recebem o sufixo de “Simples” foram criados com o objetivo de oferecer a população uma alternativa de investimento simples, segura e de baixo custo, que colabore para a elevação da taxa de poupança do país, promovendo um primeiro acesso ao mercado de capitais.
Os fundos simples devem manter no mínimo 95% do seu patrimônio em títulos públicos federais, operações compromissadas neles lastreadas, ou títulos de emissão de instituições financeiras de risco de crédito no mínimo equivalente ao risco soberano. O gestor ainda deve adotar uma estratégia de investimento que proteja o fundo de perdas e volatilidade. Não são permitidos investimentos no exterior ou concentração em crédito privado (CVM, 2016).
 (
Os fundos simples devem ser constituídos exclusivamente sob a forma de
 
condomínio
 
aberto
 
e,
 
para
 
reduzir
 
custos,
 
todos
 
os
 
seus
 
documentos
 
e
 
informações
 
devem
 
ser disponibilizados preferencialmente por meio eletrônico.
)A CVM (2016) também aponta que, com o objetivo de facilitar o acesso dos investidores a essa alternativa de investimento, o ingresso no fundo simples é dispensado da assinatura do termo de adesão e ciência de risco, e da verificação da adequação do investimento no fundo ao perfil do cliente, se o investidor não possuir outros investimentos no mercado de capitais. São considerados de baixíssimo risco e de fácil acesso, o que os torna uma interessante alternativa em relação a outras opções tradicionais, por exemplo, a conta poupança.
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
4.1.4 Renda fixa – dívida externa
Os fundos da classe “Renda Fixa” que recebem o sufixo de “Dívida Externa” mantêm no mínimo 80% de seu patrimônio líquido em títulos representativos da dívida externa de responsabilidade da União. Não podem manter ou aplicar recursos no país, com exceção de algumas hipóteses previstas na regulamentação, como a aplicação dos recursos remanescentes na realização de operações com derivativos para proteção da carteira (CVM, 2016).
4.2 FUNDOS DE AÇÕES
Os fundos de ações são fundos constituídos com o objetivo de investir no mercado de ações. Ou seja, esses fundos têm como principal fator de riscoa variação de preços de ações admitidas à negociação no mercado organizado.
Na nova classificação da ANBIMA, são considerados fundos de ações, os fundos que investem no mínimo 67% do patrimônio em renda variável, por exemplo: ações, bônus ou recibos de subscrição ou cotas de outros fundos de ações, entre outros.
Dizemos que os fundos de ações são os mais indicados para objetivos de investimento de longo prazo e para investidores que suportam uma maior exposição aos riscos, em troca de uma expectativa mais elevada. Segundo a CVM (2016), dependendo das características dos ativos que integram a sua carteira, assim como da política de investimento, os fundos de ações podem receber os seguintes sufixos:
· (
BDR é a abreviação para “
Brazilian Depositary Receipt
”. Resumidamente, o BDR
 
pode ser deflnido como um ativo que o investidor brasileiro pode adquirir quando estiver
 
interessado
 
em
 
investir
 
em
 
empresas
 
fora
 
do
 
país.
)Ações – BDR Nível I: utilizado para os fundos de ações que incluem como parte de sua estratégia principal de investimentos a aquisição de BDRs classificados como nível I.
TÓPICO 3 — FUNDO DE INVESTIMENTO
· Ações – Mercado de Acesso: podem ser constituídos fundos de ações cuja política de investimento preveja que, no mínimo, dois terços do seu patrimônio líquido seja investido em ações de companhias listadas em segmento especial de negociação voltada ao mercado de acesso (dedicado ao ingresso de empresas no mercado de capitais de forma gradual, aumentando sua visibilidade e despertando o interesse dos investidores), instituído por bolsa de valores ou entidade de mercado de balcão organizado e que assegure, contratualmente, práticas diferenciadas de governança corporativa. Esses fundos devem receber o sufixo “Mercado de Acesso” e, se constituídos como condomínio fechado, podem investir até um terço de seu patrimônio líquido em ações, debêntures, bônus de subscrição ou outros títulos e valores mobiliários conversíveis em ações de companhias fechadas, desde que elas adotem práticas de governança corporativa previstas na regulamentação. Os fundos “Ações-Mercado de Acesso” devem participar do processo decisório da companhia investida, com efetiva influência na estratégia e na gestão.
Congo (2019c) destaca que, para quem não acompanha o dia a dia da Bolsa de Valores (falaremos sobre isso na próxima unidade), mas quer investir no mercado de renda variável, os fundos de ações podem ser uma forma mais segura e prática de aplicação, porém, é preciso ficar atento aos riscos.
4.3 FUNDOS MULTIMERCADO
Os fundos multimercado possuem uma política de investimento que envolve vários fatores de risco, sem o compromisso de concentração em nenhum fator em especial. Podem investir em ativos de diferentes mercados, como renda fixa, câmbio e ações, e utilizar derivativos tanto para alavancagem quanto para proteção da carteira (CVM, 2016).
Os fundos multimercado têm maior liberdade de gestão e, em geral, buscam um rendimento mais elevado, por isso, podem ser mais arriscados que outras classes de fundos.
Uma das principais vantagens desse fundo é a versatilidade, que permite adotar estratégias variadas conforme o cenário econômico ou as mudanças no mercado financeiro. São mais compatíveis com objetivos de investimento que, além de procurar diversificação, tolerem uma maior exposição a riscos, na expectativa de obter uma rentabilidade mais elevada.
4.4 FUNDOS CAMBIAIS
Segundo a CVM (2016), nos fundos cambiais, o principal fator de risco da carteira é a flutuação do preço da moeda estrangeira ou a variação de uma taxa de juros chamada de cupom cambial.
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Nesse fundo, devem manter, no mínimo, 80% do seu patrimônio investido em ativos que sejam relacionados, direta ou indiretamente, a esses fatores de risco. Os mais conhecidos são os chamados Fundos Cambiais de Dólar, que buscam rentabilidade com as variações na cotação da moeda americana.
Os fundos cambiais podem ser opções para investidores que buscam proteção contra variações cambiais ou que estejam programando uma viagem ao exterior.
5 RENTABILIDADE DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO
Afinal, qual a rentabilidade dos fundos de investimento? Congo (2019c) esclarece que isso depende, pois, cada fundo tem uma política de investimentos diferente, e que, conforme a estratégia adotada pelo gestor, é difícil prever o retorno da aplicação.
O que podemos observar é o desempenho de determinado fundo ao longo dos últimos anos, porém, não podemos esquecer que, rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura. Porém, mesmo assim, esse “olhar” para o histórico do fundo é muito importante, até mesmo para conhecer como aquele gestor desenvolve o seu trabalho. Além disso, cada fundo tem o seu próprio benchmark, índice ou indicador de referência usado como parâmetro de comparação para mostrar aos cotistas se está ou não atingindo os objetivos pretendidos.
6 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO FUNDO DE INVESTIMENTO
O investimento em fundos apresenta algumas vantagens quando comparado ao investimento direto. Segundo a CVM (2016), algumas das vantagens são: gestão profissional, facilidade para diversificação da carteira, acesso a outras modalidades de investimento, diluição de custos e poder de negociação.
· Gestão profissional: em um fundo, a gestão é feita por equipes especializadas, com conhecimento para analisar os ativos, estruturar a carteira, e escolher o melhor momento de compra ou venda, objetivando atender a política e ao objetivo do fundo.
· Acesso a outras modalidades de investimento: os fundos investem em nome de diversos investidores e, por isso, operam com grande volume de recursos e, dessa forma, conseguem acesso a ativos financeiros que normalmente não estão ao alcance da maioria dos investidores individuais, por exigirem investimentos iniciais mais altos. Essa é uma vantagem especialmente para pequenos investidores, que não dispõem de elevado volume de recursos.
TÓPICO 3 — FUNDO DE INVESTIMENTO
· Diluição de custos e poder de negociação: sabemos que a maior parte das operações no mercado financeiro está sujeita a taxas. Por investir grandes volumes, o fundo tem maior capacidade de negociação. Além disso, as condições de remuneração de alguns ativos melhoram à medida que o volume investido aumenta. Por isso dizemos que, um fundo, devido à capacidade econômica que tem, pode conseguir condições de remuneração mais atrativas e taxas mais baixas.
Para Congo (2019c), uma das principais vantagens de investir em fundos de investimento é contar com um profissional capacitado, que é o gestor, que, como já vimos, é o responsável por identificar as melhores oportunidades do mercado.
É importante perceber que esse é um aspecto muito interessante para aquelas pessoas que não possuem o conhecimento necessário, ou não tem tempo, ou não tem vontade, de acompanhar o “vai e vem” do mercado financeiro. Com isso, a atenção dos investidores pode se concentrar na escolha do fundo, enquanto as decisões financeiras mais complexas dão lugar à análise adequada do administrador e da adequação do objetivo do fundo ao perfil do investidor.
 (
É
 
importante
 
lembrar
 
que
 
todo
 
investimento
 
precisa
 
de
 
reavaliações
 
periódicas
 
para
 
veriflcar
 
se
 
ele
 
está
 
rendendo
 
o
 
esperado.
)Já em relação as desvantagens, uma das principais desvantagens do fundo de investimento é que, a pessoa deve colocar seu dinheiro em um fundo, e depois “esquecer” ele. Outra desvantagem é que nem todos os gestores conseguem bater
o benchmark que estão perseguindo. Outro ponto negativo é que, confiando os investimentos nas mãos de um gestor, o investidor perde a autonomia na hora de escolher suas aplicações.
Acadêmico, assim finalizamos o nosso estudo dessa unidade. Em seguida você encontrará uma leitura complementar muito interessante, que menciona sobre os 10 livros de investimento que todo investidor deveria ler; depois, o resumo deste tópico e, para finalizar, as autoatividades. Dando continuidade ao nosso estudo,na próxima unidade trataremos sobre Mercado Financeiro.
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
 	LEITURA COMPLEMENTAR	
10 LIVROS SOBRE INVESTIMENTOS QUE TODO INVESTIDOR DEVE LER
Investir é um universo distante para grande parte da população brasileira. Infelizmente, os anos de instabilidade econômica especialmente nas décadas de 1970 e 1980, não ajudaram a criar uma cultura que incentive a busca por maior lucratividade. Felizmente a estabilidade chegou na década de 1990 e abriu novas janelas de oportunidades a uma grande parcela da população. Felizmente, também, muitas orientações para investir podem ser obtidas na literatura produzida sobre o assunto e podem ser aplicadas na vida real. Não existe mágica quando o assunto é rentabilizar as economias. Existe é muita pesquisa e esforço que serão recompensados quando o lucro vier e proporcionar uma vida mais tranquila.
Aqui seguem 10 livros com dicas e orientações valiosas para se aventurar nesse universo.
Pai Rico, Pai Pobre
Este é um dos livros mais conhecidos em todo o mundo quando o assunto é finanças pessoais. O autor é o empresário norte-americano Robert T. Kiyosaki. Na obra, ele transmite de forma clara diversos conceitos relacionados a dinheiro e educação financeira a partir de suas próprias experiências e histórias.
O título se refere aos dois “pais” do autor. O “pai pobre” é uma referência ao pai biológico de Kiyosaki e o “pai rico” é o pai de um de seus amigos e que transmite ao autor diversos conhecimentos sobre sucesso na administração do dinheiro. A partir destas diferenças de pensamento o autor reflete sobre o preparo da mente de pessoas bem-sucedidas e daquelas com menor controle sobre as finanças. As frases e conceitos expostos no livro são usadas como referência para muitos investidores ao redor do mundo.
Confira só alguns exemplos:
“Gente demais se preocupa excessivamente com dinheiro e não com a sua maior riqueza, a educação”.
“A inteligência resolve problemas e gera dinheiro. O dinheiro sem a inteligência financeira desaparece depressa”.
“A casa é uma dívida. Se a sua for o seu maior investimento, você terá problemas”. “Há uma diferença entre ser pobre e estar quebrado. Estar quebrado é algo
temporário. Ser pobre é algo eterno”.
TÓPICO 3 — FUNDO DE INVESTIMENTO
“Aposentadoria para mim não significa deixar de trabalhar. Quer dizer que podemos trabalhar ou não, e nossa riqueza continuará aumentando automaticamente, ficando bem à frente da inflação”.
Lançado em 1997, “Pai Rico, Pai Pobre” já vendeu mais de 10 milhões de
cópias.
Os Segredos da Mente Milionária
É muito comum ouvirmos que a nossa forma de pensar define a nossa relação com o dinheiro. Nesta obra clássica, o autor canadense T. Harv Eker mostra aos leitores as diferenças na forma de pensar e agir entre uma pessoa rica e de uma pessoa mediana. Além disso, ele também mostra as formas para mudar a maneira de pensar.
Ao longo do texto, Eker apresenta 17 maneiras que diferenciam as pessoas bem-sucedidas financeiramente daqueles não tão bem-sucedidos. As dicas aqui estão mais para o macro do que para o micro. Em outras palavras, é preciso primeiro rever conceitos para que essas mudanças revertam em ações práticas no dia a dia do interessado.
“A maioria das pessoas simplesmente não tem capacidade interna para conquistar e conservar grandes quantidades de dinheiro e para enfrentar os crescentes desafios que a fortuna e o sucesso trazem. É sobretudo por causa disso que elas não enriquecem”.
“Você já ouviu alguém dizer que a falta é dinheiro é um enorme problema? Na verdade, ela nunca é um problema, e sim um sintoma do que está acontecendo debaixo da terra”.
Estes são alguns dos pensamentos contidos na obra lançada em 2005 e que ainda é um dos livros mais vendidos no segmento em todo o mundo.
O Investidor Inteligente
Esta é uma obra clássica de Benjamim Graham lançada ainda na década de 1940. E o que faz o texto sobreviver a quase 70 anos de mudanças no mundo, especialmente no mundo econômico? Na obra, Graham, que é um famoso é bem- sucedido economista norte-americano, revela quais as suas filosofias de vida e os fundamentos que devem ser levados em consideração ao investir em renda variável. O texto não dá dicas específicas de investimento, mas explica a partir da experiência do autor diversos conceitos do mundo econômico, contextualizando com acontecimentos da história.
Ações Comuns, Lucros Extraordinários
Outro livro clássico quando se trata de investimentos na área de ações é
o Ações Comuns, Lucros Extraordinários. Nele, o autor norte-americano Philip
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Fisher faz uma análise bastante aprofundada sobre o mercado acionário e sobre o funcionamento das bolsas de valores. No texto, publicado originalmente no ano de 1960 e com várias revisões e reedições feitas nas últimas décadas, Fisher apresenta desde os conceitos básicos do setor até dicas sobre a melhor maneira para escolher uma ação para compra.
O livro conta com uma lista de 15 pontos que são considerados essenciais no momento de investir no mercado acionário. Entre as lições clássicas oferecidas pelo autor nesta obra estão conceitos até hoje muito repetidos por educadores financeiros quando o assunto é o mercado de ações. Um deles é:
“Deve-se ter em mente que o que realmente importa é o futuro, não o passado”.
Ou seja, no mercado financeiro, resultado passado, apesar de um indicativo de performance, não é garantia de rentabilidade futura, e isso deve ser levado em consideração no momento de arriscar.
Os Grandes Investidores – As Estratégias dos Maiores Mestres na Arte de Investir
Na publicação do autor britânico Glen Arnold é feito um perfil de alguns dos investidores mais bem-sucedidos no mundo dos investimentos em todo o planeta. Glen Arnold fala sobre a visão de cada um deles, filosofia e estratégias de investimento realizadas. Entre os investidores com perfil produzido para o livro estão nomes como Benjamim Graham (autor de O Investidor Inteligente, já citado acima), Anthony Bolton, George Soros, John Neff, entre outros.
O livro é uma grande inspiração para quem busca entrar e prosperar no universo dos investimentos, uma vez que o autor apresenta detalhes das táticas para acumular riqueza, os elementos que levam à vitória no mercado e ainda como aplicar estas estratégias dos grandes nomes no dia a dia de uma pessoa comum.
Fora da Curva
Ao invés de tentar achar a fórmula de investimento perfeita e mágica, como se ela realmente existisse, o livro “Fora da Curva” tem uma missão ambiciosa: contar um pouco da história e dos casos de investimento que moldaram o perfil e a filosofia de gestão de 10 grandes investidores brasileiros: Florian Bartunek (Constellation), Luis Stuhlberger (Verde), André Jakurski (JGP), Pedro Damasceno (Dynamo), Antonio Bonchristiano (GP Investimentos), Guilherme Affonso Ferreira (Bahema Participações), Guilherme Aché (Squadra), José Carlos Reis de Magalhães Neto (Tarpon), Luiz Fernando Figueiredo (Mauá Capital) e Meyer Joseph Nigri (Tecnisa).
Juntos, esses gestores administram cerca de R$ 80 bilhões, sendo que eles são muito conhecidos no mercado financeiro nacional, mas, são ainda pouco conhecidos para o público em geral.
TÓPICO 3 — FUNDO DE INVESTIMENTO
Em um Brasil onde grande parte da população ainda está desencorajada com muitos políticos e empresários, o livro Fora da Curva fornece lições extremamente importantes sobre a construção de empresas com valores e culturas extremamente sólidos, mesmo que diferentes entre si, provando que a frase do empresário Jorge Paulo Lemann “estude, trabalhe duro, fique cercado de gente boa, treine e corra riscos. Se, com o seu sucesso, puder impactar outras pessoas e retornar para a sociedade, é ainda melhor. O Brasil precisa de gente querendo investir e fazer acontecer” não poderia vir nem em livro, nem em hora mais apropriada para a história do país.
Investimentos – Os Segredos de George Soros e Warren Buffett
O livro do autor Mark Tier conta a trajetória destes dois grandes investidores domundo, George Soros e Warren Buffett. Na obra, as estratégias que levaram ambos ao topo do mundo dos investimentos é revelada, com um passo a passo do caminho trilhado.
Mais do que dicas para o dia a dia de pessoas comuns, o livro busca inspirar mudanças e ações, uma vez que ambos tiveram estilos completamente diferentes, mas ao mesmo tempo compartilham visões comuns. Tanto Warren Buffett como George Soros começaram do nada e juntaram fortunas bilionárias unicamente a partir dos investimentos feitos.
Enquanto Buffett comprava ações e empresas a preços baixos e tem a tendência de mantê-las por longo tempo, Soros ficou conhecido pelas ações rápidas e de alta alavancagem no mercado financeiro. Ao final da publicação, Tier resume os 23 hábitos que tanto Buffett e Soros possuem e podem inspirar qualquer investidor no caminho para o sucesso.
Investimentos: como administrar melhor seu dinheiro
Publicado pela primeira vez em 2001 pelo autor Mauro Harfeld, Investimentos: como administrar melhor seu dinheiro é considerado um dos melhores livros brasileiros sobre a aventura no mercado de investimentos. Conhecedor da nossa realidade, Mauro Harfeld usa exemplos comuns do dia a dia das pessoas para mostrar alguns dos erros mais comuns cometidos pelos interessados quando o assunto é a administração das finanças pessoais. O caminho da independência financeira e as formas como o dinheiro pode auxiliar a ter uma vida mais tranquila e confortável, estão entre os temas trabalhados no livro.
As 5 Etapas do Planejamento Financeiro
Convencimento Pessoal, Conhecimento Financeiro, Definição de Objetivos, Mudança de Hábitos e Investimentos. Estes são os cinco passos para um planejamento financeiro e que são explicados de forma bastante detalhada neste livro do Professor Elisson de Andrade, doutor em Economia pela Universidade de São Paulo (USP).
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO FINANCEIRO
No livro, o autor mostra o quão importante é o autoconhecimento e o planejamento no caminho de um orçamento equilibrado. Aprender a cuidar do dinheiro, adquirir habilidades financeiras e não-financeiras é o caminho para uma melhor qualidade de vida. Das etapas consideradas acima pelo autor, o convencimento pessoal mostrará a importância do dinheiro e da forma de gerenciamento das finanças pessoais. O conhecimento financeiro apresenta algumas ferramentas básicas para que o interessado possa adquirir as habilidades de manuseio do dinheiro no dia a dia.
A definição dos objetivos é fundamental em todo o processo, pois será ela que motivará o investidor para a realização dos sonhos. A mudança de hábitos é essencial para colocar em prática tudo que estará sendo abordado na obra. Por vezes pequenas alterações nas práticas domésticas geram resultados bastante surpreendentes ao final de um determinado período. Por último, a etapa dos investimentos mostra ao interessado as oportunidades e os riscos que existem dentro de algumas das principais opções do mercado.
O Homem Mais Rico da Babilônia
O Homem mais rico da Babilônia é outro grande clássico da literatura sobre educação financeira mundial. Por meio de parábolas baseadas no antigo território da Babilônia, o autor George S. Clason mostra de uma forma muito simples como pessoas consideradas comuns auxiliaram no desenvolvimento de uma das regiões mais ricas do mundo antigo.
Como dissemos, o livro é um clássico que começou a ser escrito na década de 1930. O segredo do seu sucesso ainda nos dias de hoje é apostar em conceitos básicos como fundamentais no sucesso para alcançar os objetivos financeiros. Ou seja, não é preciso superpoderes nem um conhecimento de outro mundo para alcançar o sucesso. É preciso muita coragem.
FONTE: <https://www.btgpactualdigital.com/blog/investimentos/10-livros-sobre-investimentos-
-que-todo-investidor-deve-ler>. Acesso em: 23 mar. 2020.
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
· Fundo de investimento é um tipo de aplicação financeira que capta recursos de diversos investidores, que são chamados de cotistas, e aplica esses recursos em diversos ativos.
· O principal objetivo dos fundos é fazer com que as cotas se valorizem ao longo do tempo e, para isso, eles estabelecem parâmetros para investir o dinheiro dos cotistas, que variam de acordo com a política de investimento adotada.
· O fundo é criado por um administrador, usualmente uma instituição financeira, que formalmente o constitui e define os seus objetivos, políticas de investimento, as categorias de ativos financeiros em que poderá investir, taxas que cobrará pelos serviços, e outras regras gerais de participação e organização.
· Os fundos de investimento podem ser formados como condomínios abertos (em que o resgate das cotas pode ser solicitado a qualquer tempo), ou fechados (em que o resgate só se dá no término do prazo de duração do fundo).
· Cotas são as menores frações de participação em um fundo de investimento.
· Um índice que os gestores do fundo devem analisar é o Benchmark, que é um índice de referência que serve como parâmetro para avaliar o desempenho de um fundo.
· Os principais fundos de investimento são: fundos de renda fixa, fundo de ações, fundos multimercados e fundos cambiais.
· Uma das principais vantagens de investir em fundos de investimento é contar com um profissional capacitado, que é o gestor.
· (
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pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
 
AVA,
 
e
 
veja
 
as
 
novidades
 
que
 
preparamos
 
para
 
seu
 
estudo.
)Uma das principais desvantagens do fundo de investimento é que, a pessoa deve colocar seu dinheiro em um fundo, e depois “esquecer” ele.
 (
AUTOATIVIDADE
)
1 Vimos que os fundos de investimento têm atraído cada vez mais as pessoas que sejam sair da poupança, que querem diversificar os seus investimentos, ou estão em busca de uma alternativa mais rentável. Diante disso, explique o que é um fundo de investimento.
2 Quando um investidor realiza um investimento, ele adquire cotas na proporção do capital aplicado. Explique o que são cotas.
3 Em 2015 a ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) alterou a classificação dos fundos de investimento, separando-os em quatro classes de ativos.
Assinale a alternativa CORRETA que corresponde a essas classes:
a) ( ) Renda simples, ações, multimercados e fundos cambiais.
b) ( ) Renda fixa, ações, multimercados e fundos imobiliários.
c) ( ) Renda variável, ações, multimercados e fundos da dívida externa.
d) ( ) Renda fixa, ações, multimercados e fundos cambiais.
4 A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nos esclarece que a classificação do fundo caracteriza, de certa forma, a sua política de investimento expressa no regulamento. Com relação aos fundos de ações, analise as seguintes sentenças:
I- Esses fundos mantêm no mínimo 80% do seu patrimônio líquido em títulos representativos da dívida externa de responsabilidade da União.
II- São considerados fundos de ações os fundos que investem no mínimo 67% do patrimônio em renda variável.
III- Esses fundos têm como principal fator de risco a variação de preços de ações admitidas à negociação no mercado organizado.
IV- Nos fundos de ações o principal fator de risco da carteira é a flutuação do preço da moeda estrangeira ou a variação de uma taxa de juros chamada cupom cambial.
Agora, assinale a alternativa que corresponde as sentenças CORRETAS:
a) ( ) I, III e IV.
b) ( ) II e III.
c) ( ) II, apenas.
d) ( ) I e IV.
5 O principal objetivo dos fundos é fazer com que as cotas se valorizem ao longo do tempo e, para isso, eles estabelecem parâmetros para investir o dinheiro dos cotistas, que variam de acordo com a política de investimento adotada. Diante disso, destaque duas vantagens e duas desvantagens dos fundos de investimento.
 (
—
)UNIDADE 3
MERCADO FINANCEIRO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
· compreender o que é mercado financeiro;
· entender os principais conceitos relacionadosao mercado financeiro;
· conhecer como funciona o mercado monetário;
· entender o que é e como funciona o mercado de crédito;
· compreender o que é mercado de capitais;
· conhecer o que é e entender como funciona o mercado cambial.
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO AO MERCADO FINANCEIRO TÓPICO 2 – MERCADO MONETÁRIO E MERCADO DE CRÉDITO TÓPICO 3 – MERCADO DE CAPITAIS E MERCADO CAMBIAL
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1 (
—
) (
TÓPICO
 
1
INTRODUÇÃO
 
AO
 
MERCADO
FINANCEIRO
UNIDADE
 
3
)INTRODUÇÃO
 (
AUTOATIVIDADE
)
Acadêmico, visto o que estudamos até agora, qual a sua primeira ideia sobre o que é mercado financeiro? Escreva qual a sua opinião sobre o que seja mercado financeiro, e, ao final do estudo desse tópico, releia o que você escreveu e veja se a sua ideia está correta.
Para iniciar nosso estudo sobre mercado financeiro, precisamos primeiramente entender o que é mercado financeiro, como ele é operado e entender os principais conceitos relacionados a ele.
O mercado financeiro é importante para o desenvolvimento de qualquer país, pois é por meio dele que o dinheiro flui nas mãos dos investidores para pessoas ou empresas que gastam mais do que tem disponível e buscam recursos financeiros.
Para Reis (2018), a função do mercado financeiro é possibilitar o encontro entre vendedores e compradores. O autor também destaca que o mercado financeiro é responsável pelo fluxo da economia e isso acontece porque ele aproxima investidores e tomadores de recursos. Os participantes não necessitam estabelecer contato entre eles e essa ponte é realizada por uma instituição financeira. Veremos sobre isso mais adiante.
As autoras Carrete e Tavares (2019), em seu livro Mercado Financeiro Brasileiro destacam que o mercado financeiro é peça central no processo de criação de riqueza e desenvolvimento de um país, sendo um pré-requisito para uma sociedade mais rica e também mais justa. As autoras também pontuam que, as sociedades que souberem canalizar sua criatividade e seu poder multiplicador, bem como controlar os seus excessos, irão prosperar e se desenvolver. Por esse motivo é importante educar as pessoas financeiramente desde cedo.
Nos dias de hoje, o mercado financeiro está se adaptando à revolução digital, e, obviamente, isso não poderia ser diferente, pois toda a nossa vida está
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
sendo impactada e transformada por este fenômeno. Ela está revolucionando a forma como nos comunicamos, como estudamos, e, também, como nos relacionamos e interagimos com o sistema financeiro, não é mesmo?
Neste processo de adaptação, o mercado financeiro está se reinventando, com um conjunto de novos atores, novas regras e novas ferramentas. Como destacam as autoras Carrete e Tavares (2019, p. 1), está surgindo “um mundo fascinante”. Porém, como as autoras ressaltam, para que os nossos estudantes de hoje possam ser atores nesta jornada, o primeiro passo é dominar os conceitos básicos do funcionamento atual do mercado financeiro.
Nesse sentido, uma maneira de nós, professores, introduzirmos esse assunto em sala de aula, é apresentando algumas notícias atuais sobre a economia financeira do nosso país. Rotineiramente escutamos ou lemos essas notícias, seja na televisão, internet, jornais, ou outros meios de comunicação. As autoras Carrete e Tavares (2019) apresentam algumas dessas situações:
FIGURA 1 – NOTÍCIAS SOBRE ECONOMIA FINANCEIRA
FONTE: A autora
Afinal, o que essas notícias têm comum? Todas essas operações requerem agentes intermediários especializados a promover direta ou indiretamente as operações de investimento ou financiamento. Todas essas operações estão também inseridas em um ambiente organizado, que conhecemos por mercado financeiro, conteúdo desta unidade.
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO MERCADO FINANCEIRO
Para uma grande empresa investir, o volume de recursos é muito elevado para poder ser realizado exclusivamente com os lucros retidos na sua atividade. Essa empresa precisará obter recursos adicionais e deverá também procurar instituições especializadas em “encontrar” pessoas físicas e jurídicas que têm recursos e que estão dispostas a emprestar ou a se associar ao projeto de investimento dessa grande empresa. Se essa empresa contratar operações de empréstimo, operará no mercado de crédito. Se emitir títulos de dívidas, além do mercado de crédito, acionará intermediários do mercado de capitais. As empresas que emitem ações também utilizarão os agentes e os recursos do mercado de capitais. Se essas operações forem realizadas no mercado internacional, também estarão presentes agentes e produtos do mercado de câmbio (CARRETE; TAVARES, 2019).
A entrada de investidores internacionais adquirindo ações ou títulos de empresas brasileiras pode provocar uma entrada extraordinária de moeda estrangeira no país, que, ao ser convertida para a moeda local, pode influenciar a cotação da moeda. O Banco Central, como autoridade responsável pelo equilíbrio da moeda local, deverá, portanto, controlar esse fluxo, atuando, assim, no mercado monetário. Também é importante destacar que o aumento do consumo das famílias e o aumento das condições de crédito podem aquecer a economia e a autoridade monetária deve acompanhar permanentemente esse movimento, para assim evitar a perda do poder aquisitivo da moeda. Esse controle utiliza os mecanismos do mercado monetário (CARRETE; TAVARES, 2019).
Diante disso, neste tópico, veremos, primeiramente, algumas noções básicas do mercado financeiro, o que é o mercado financeiro e como ele funciona. Depois, estudaremos sobre o Sistema Financeiro Nacional (SFN) e os seus órgãos.
Neste tópico será apresentado uma visão geral do mercado financeiro, sua abrangência, segmentos de negócios, produtos, serviços e riscos. As atividades do mercado financeiro podem ser classificadas em quatro segmentos: mercado monetário, de crédito, cambial, e de capitais, que serão estudados em seguida, nos Tópicos 2 e 3.
2 NOÇÕES BÁSICAS DO MERCADO FINANCEIRO
Nas suas atividades diárias, as pessoas compram, consomem, poupam, investem, emprestam recursos, viajam ao exterior, entre outras atividades, certo? Da mesma forma, no desenvolvimento de suas atividades, as organizações compram, vendem, prestam serviços, contratam, pagam impostos, emitem títulos, no país e no exterior.
Em todas essas situações citadas, as pessoas e também as organizações deverão utilizar recursos financeiros e/ou serviços de instituições especializadas que são considerados e conhecidos como agentes econômicos. Um agente
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
econômico é todo indivíduo, ambiente ou entidade com autonomia que tenha a capacidade de influenciar e movimentar a economia, e isso acontece por meio das ações possíveis a cada um deles. Afinal, que é mercado financeiro?
Para Reis (2018), o mercado financeiro é o ambiente onde ocorre a negociação de títulos, moedas, ações, derivativos, mercadorias, entre outros. Para o autor, o mercado financeiro é o responsável pelo fluxo da economia, e isso acontece porque ele aproxima investidores e tomadores de recursos.
Já para as autoras Carrete e Tavares (2019), o mercado financeiro é o ambiente onde ocorrem as operações e serviços oferecidos pelas instituições financeiras destinadas a possibilitar o fluxo de recursos monetários entre agentes econômicos. É importante ressaltar que, para garantir equilíbrio entre todos os participantes, esse ambiente deve ser regulado e controlado pela autoridade monetária do país.
O mercado financeiro é um ambiente abstrato onde ocorre a compra e a venda de dinheiro, ou seja, onde os investidores e tomadores de recursos se encontram para negociar, sendo que essa transação pode ser feita por pessoas e por empresas e é sempre intermediadapor uma instituição financeira cuja atividade deve ser autorizada pelo Banco Central.
Para Assaf Neto (2018), o mercado financeiro pode ser interpretado como o ambiente da economia onde se realizam todas as transações com moedas e títulos, e também participações de capital. Esse mercado é formado por instituições normativas (CMN, Bacen, CVM), instituições especiais (BNDES, BB e CEF), e instituições de intermediação (bancos comerciais e múltiplos, corretoras e distribuidoras de valores, bancos de investimentos, bolsa de valores etc.). Veremos sobre isso mais adiante.
Assaf Neto (2018) também destaca que o mercado financeiro é geralmente representado pelo mercado monetário e mercado de capitais, diferenciando-se esses segmentos notadamente pelos prazos dos ativos negociados. O mercado monetário é composto por ativos de curto prazo, com alto nível de liquidez. Já o mercado de capitais se desenvolve com instrumentos de longo prazo (títulos, financiamentos etc.), ou de prazo indeterminado (ações). O autor também ressalta que, uma visão mais ampla do mercado financeiro sugere a inclusão, além do mercado monetário e do mercado de capitais, do mercado cambial e do mercado de crédito. Nesse sentido, o mercado financeiro pode ser dividido em quatro principais segmentos:
· Mercado monetário.
· Mercado de crédito.
· Mercado cambial.
· Mercado de capitais.
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO MERCADO FINANCEIRO
Apesar desses segmentos servirem de referência para o estudo do mercado financeiro, estes muitas vezes se confundem na prática, permitindo, assim, que as várias operações financeiras interajam por meio de um amplo sistema de comunicações. Apresentam, ainda, uma referência comum para as diversas negociações financeiras, a taxa de juros, entendida como a moeda de troca desses mercados (ASSAF NETO, 2018).
Acadêmico, lembrando que neste tópico teremos uma noção básica sobre esses mercados, pois nos próximos tópicos dessa unidade, estudaremos mais detalhadamente sobre cada um desses mercados financeiros.
As autoras Carrete e Tavares (2019) também ressaltam que essa divisão não é rigorosa, e, na prática, os agentes do mercado financeiro podem, em determinada operação, utilizar simultaneamente produtos e serviços de mais de um segmento.
 (
O livro 
Mercado Financeiro Brasileiro
, das autoras Liliam Sanchez Carrete e
 
Rosana
 
Tavares,
 
é
 
um
 
livro
 
que
 
apresenta
 
os
 
principais
 
conceitos
 
e
 
aplicações
 
práticas
 
dos
 
pilares do mercado flnanceiro: mercado monetário, de crédito, cambial, e de capitais. O
 
diferencial dessa obra é a aplicação dos conceitos apresentados às situações e exemplos
 
reais
 
do
 
mercado
 
flnanceiro
 
brasileiro.
 
Vale
 
a
 
pena
 
a
 
leitura!
)Acadêmico, veja agora, na figura a seguir, a inter-relação entre os segmentos do mercado financeiro:
FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO DO MERCADO FINANCEIRO E O ENTRELAÇAMENTO DOS PRINCIPAIS SEGMENTOS
FONTE: Carrete e Tavares (2019, p. 4)
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
O mercado monetário, que envolve as operações com títulos públicos, tem como objetivo controlar a liquidez e a taxa de juro básica da economia. Nesse mercado a autoridade monetária controla os meios de pagamento e conduz a política monetária, gerenciando as operações de mercado aberto, operações de redesconto e os depósitos compulsórios.
O mercado de crédito abrange as operações de empréstimo e financiamento para fortalecimento de capital de giro e investimentos entre os agentes econômicos e instituições financeiras.
O mercado cambial compreende as operações de troca de moedas originadas principalmente pelas transações comerciais e de remessa de divisas (envio de valor com expressão mobiliária para o exterior com o intuito principal de obter rendimento).
Já o mercado de capitais, também conhecido por mercado de ações, envolve as operações de médio e longo prazo com títulos mobiliários emitidos pelas empresas, onde, em geral, instituições financeiras especializadas estruturam as operações e proporcionam o “encontro” entre os agentes superavitários e os demandantes de recursos para investimentos tanto em capital fixo como em capital de giro.
Nesse sentido, resumidamente, a estrutura dos mercados financeiros funciona da seguinte maneira:
QUADRO 1 – ESTRUTURA DOS MERCADOS FINANCEIROS
	MERCADOS
	ATUAÇÃO
	MATURIDADE
	Monetário
	Controle dos meios de pagamentos (liquidez) da economia
	Curtíssimo e curto prazos
	
Crédito
	Créditos para consumo e capital de giro das empresas
	
Curto e médio prazos
	
Capitais
	Investimentos, financiamentos e outras operações
	
Médio e longo prazos
	Cambial
	Conversão de moedas
	À vista e curto prazo
FONTE: Adaptado de Assaf Neto (2018)
Acadêmico, veja agora um exemplo prático que envolve esses mercados: vamos supor que uma empresa precisa de recursos financeiros para implantar uma nova linha de produção. O caixa gerado em sua atividade operacional não será suficiente para esse plano de investimento, e ela deverá empregar recursos de terceiros (banco ou investidores) ou ainda aos recursos próprios (dos sócios).
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO MERCADO FINANCEIRO
Essa empresa poderá obter esses recursos contratando financiamento de médio ou longo prazo em uma instituição financeira ou emitir um título mobiliário como debênture ou, ainda, emitir novas ações.
 (
As
 
debêntures
 
são
 
títulos
 
de
 
dívidas.
 
Basicamente,
 
você
 
empresta
 
o
 
seu
 
dinheiro
 
para uma empresa e, em troca, recebe em rendimento anual acertado no momento da
 
compra.
 
Lembrando
 
que
 
vimos
 
essa
 
deflnição
 
na
 
Unidade
 
2.
)Se essa empresa optar por um financiamento bancário, atuará no mercado de crédito. A instituição que emprestar o dinheiro para o investimento precisará aprovar uma linha de crédito para essa empresa, certo? Se os recursos emprestados tiverem origem no exterior, será feito um empréstimo em moeda estrangeira, com troca de divisas. Nesse caso, a operação envolve os mercados de crédito e cambial.
 (
Commercial
 
paper
:
 
são
 
títulos
 
de
 
curto
 
prazo
 
que
 
as
 
empresas
 
por
 
sociedades
 
anônimas
 
emitem,
 
visando
 
captar
 
recursos
 
no
 
mercado
 
interno
 
para
 
flnanciar
 
suas
 
necessidades
 
de
 
capital
 
de
 
giro.
)Agora, se ao invés de contratar um empréstimo bancário, essa empresa decide emitir um título de dívida, como debênture ou commercial paper, atuará nos mercados de crédito e de capitais.
Lembrando que toda emissão de títulos é regulada e fiscalizada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). É importante também destacar que, se os títulos forem emitidos no mercado externo, também envolverão troca de divisas, e essa operação também será caracterizada como de mercado cambial. Se a empresa realizar um aporte de capital obtendo recurso dos sócios, a operação será considerada de mercado de capitais.
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
3 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
No Brasil, o mercado financeiro é organizado e controlado pelas instituições que compõem o Sistema Financeiro Nacional (SFN). O Sistema Financeiro Nacional começou a ser estruturado pela Lei n° 4.595, de 31 de dezembro de 1964, conhecida como Lei da Reforma Bancária, que criou o Conselho Monetário Nacional. Em seguida, foi editada a Lei n° 4.728, de 14 de julho de 1965, que reformou o mercado de capitais.
O Sistema Financeiro Nacional é o conjunto de instituições que propiciam o fluxo de recursos entre os tomadores e os aplicadores de recursos na economia brasileira. Ou seja, ele é composto por todas as instituições públicas e privadas atuantes no mercado brasileiro. Seu órgão normativo máximo é o Conselho Monetário Nacional (CMN).
Segundo o autor Assaf Neto (2018), por meio do SFN, viabiliza-se a relação entre agentes carentes de recursos para investimento e agentes capazes de gerar poupança e, consequentemente, em condições de financiar o crescimento da economia. Entende-se por agentes carentes de recursos aqueles que assumem uma posição de tomadores no mercado, isto é, que “desembolsam” em consumoe investimento valores mais altos que suas rendas. Já os agentes superavitários são aqueles capazes de gastar em consumo e investimento menos do que a renda obtida, formando assim um excedente de poupança.
 (
Acadêmico, acesse o link: 
http://www.bcb.gov.br/pre/composicao/composicao.
 
asp, com ele, você tem acesso à composição do Sistema Financeiro Nacional no site do
 
Banco
 
Central
 
do
 
Brasil.
)De acordo com o Banco Central do Brasil (2020), o SFN é composto por órgãos normativos, entidades supervisoras e operadores. Mas o que são esses órgãos? É o que veremos agora separadamente.
3.1 ÓRGÃOS NORMATIVOS
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO MERCADO FINANCEIRO
As instituições que compõem o Sistema Financeiro Nacional são subordinadas a um dos três órgãos normativos:
· Conselho Monetário Nacional (CMN).
· Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP).
· Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC).
Esses órgãos são as instituições que editam as normas que regem o sistema financeiro e fiscalizam as operações, ou seja, os órgãos normativos determinam regras gerais para o bom funcionamento do sistema.
3.1.1 Conselho Monetário Nacional (CMN)
Segundo o Banco Central do Brasil (BACEN, 2019), o Conselho Monetário Nacional (CMN) foi criado em 31 de dezembro de 1964, e foi efetivamente instituído em 31 de março de 1965, uma vez que art. 65 da Lei n° 4.595 estabeleceu que a Lei entraria em vigor 90 dias após sua publicação. Ao longo do tempo houve mudanças em sua estrutura e foram várias as suas composições, com a participação de ministérios, bancos federais, representantes da iniciativa privada e das classes trabalhadoras (CARRETE; TAVARES, 2019).
 (
O Banco Central é o principal poder executivo das políticas traçadas pelo
 
Conselho Monetário Nacional e órgão flscalizador do Sistema Financeiro Nacional. São
 
objetivos do Banco Central garantir o poder aquisitivo da moeda nacional, promover a
 
formação de poupança na economia, e preservar as reservas internacionais. Saiba mais
 
sobre
 
o
 
Banco
 
Central
 
do
 
Brasil
 
acessando
 
o
 
link:
 
https://www
.bcb.gov
.br/.
)O Conselho Monetário Nacional é o órgão superior do Sistema Financeiro Nacional e tem a responsabilidade de formular a política da moeda e do crédito, objetivando a estabilidade da moeda e o desenvolvimento econômico e social do país. O CMN é composto atualmente pelo Ministro da Fazenda, como presidente do Conselho; Ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão; e Presidente do Banco Central do Brasil (CARRETE; TAVARES, 2019).
Segundo as autoras Carrete e Tavares (2019, p. 12), o Conselho Monetário Nacional tem como principais objetivos:
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
· Adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da economia nacional e seu processo de desenvolvimento.
· Regular o valor interno da moeda, corrigindo inflação ou desequilíbrios.
· Regular o valor externo da moeda.
· Orientar aplicação dos recursos das instituições e dos instrumentos financeiros, com vista em maior eficiência dos sistemas de pagamentos e de mobilização de recursos.
· Zelar por liquidez e solvência das instituições financeiras.
· Coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária, fiscal e da dívida pública, interna e externa.
Segundo o autor Assaf Neto (2018, p. 42), o Conselho Monetário Nacional está revestido de amplas atribuições, que podem ser identificadas na principal finalidade de sua criação, que é “a formulação de toda a política de moeda e do crédito, objetivando atender aos interesses econômicos e sociais do país”.
3.1.2 Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP)
Conforme informações disponíveis no site do Banco Central do Brasil (2019), o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) é o órgão responsável por fixar as diretrizes e normas da política de seguros privados. O CNSP foi criado pelo Decreto-lei n° 73, de 21 de novembro de 1966. É composto pelo Ministro da Fazenda (Presidente), representante do Ministério da Justiça, representante do Ministério da Previdência Social, chefe da Superintendência de Seguros Privados, representante do Banco Central do Brasil e representante da Comissão de Valores Mobiliários.
Segundo as autoras Carrete e Tavares (2019, p. 13), dentre as funções do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) estão:
· Regular a constituição, organização, funcionamento e fiscalização dos que exercem atividades subordinadas ao SNSP (Sistema Nacional de Seguros Privados);
· Aplicar as penalidades previstas em caso de infração;
· Fixar as características gerais dos contratos de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro;
· Estabelecer as diretrizes gerais das operações de resseguro;
· Prescrever os critérios de constituição das sociedades seguradoras, de capitalização, entidades de previdência privada aberta e resseguradores, com fixação dos limites legais e técnicos das respectivas operações;
· Disciplinar a corretagem de seguros e a profissão de corretor.
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO MERCADO FINANCEIRO
3.1.3 Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC)
O Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) é o órgão responsável por regular o regime de previdência complementar operado pelas entidades fechadas de previdência complementar. Ele foi instituído pelo Decreto n° 7.123, de 3 de março de 2010, junto à Câmara de Recursos da Previdência Complementar (CRPC), para substituir o extinto Conselho de Gestão da Previdência Complementar (CGPC).
É presidido pelo ministro da Previdência Social e composto por representantes da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), da Secretaria de Políticas de Previdência Complementar (SPPC), da Casa Civil da Previdência da República, dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento, Orçamento e Gestão, das entidades fechadas de previdência complementar, dos patrocinadores e instituidores de planos de benefícios das entidades fechadas da previdência complementar e dos participantes e assistidos de planos de benefícios das referidas entidades.
3.2 ENTIDADES SUPERVISORAS
Segundo as autoras Carrete e Tavares (2019), as Entidades Supervisoras do Sistema Financeiro Nacional (SFN) fiscalizam as operações. As entidades supervisoras vinculadas ao Conselho Monetário Nacional (CMN) são o Banco Central do Brasil (Bacen) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Veremos sobre essas duas entidades em seguida.
A entidade vinculada ao Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) é a Superintendência de Seguros Privados (Susep), e a vinculada ao Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) é a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc).
3.2.1 Banco Central do Brasil (BACEN)
O Banco Central do Brasil (Bacen) foi criado pela Lei n° 4.595, de 31 de dezembro de 1964, e é o responsável pelo controle da inflação do país. O Bacen atua para regular a quantidade de moeda na economia que permita a estabilidade de preços.
Conforme destaca o autor Assaf Neto (2018), o Banco Central é o principal poder executivo das políticas traçadas pelo Conselho Monetário Nacional e órgão fiscalizador do Sistema Financeiro Nacional. Alguns dos objetivos do Banco Central são: garantir o poder aquisitivo da moeda nacional, promover a formação
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
de poupança na economia e preservar as reservas internacionais. Suas atividades também incluem a preocupação com a estabilidade financeira e, para isso, o Bacen regula e supervisiona as instituições financeiras.
O Banco Central do Brasil (Bacen) pode ainda ser definido como “o banco dos bancos” e, atendendo uma conceituação mais abrangente de sua atuação, dizemos que o Banco Central é o banco fiscalizador e disciplinador do mercado financeiro.
Para o autor Assaf Neto (2018, p. 43) as principais atribuições de competência do Banco Central do Brasil são:
· Fiscalizar as instituições financeiras, aplicando, quando necessário, as penalidades previstas em lei. Essas penalidades podem ir desde uma simples advertência aosadministradores até a intervenção para saneamento ou liquidação extrajudicial da instituição.
· Conceder autorização às instituições financeiras no que se refere ao funcionamento, instalação ou transferência de suas sedes e aos pedidos de fusão e incorporação.
· Realizar e controlar as operações de redesconto e as de empréstimos dentro do âmbito das instituições financeiras bancárias.
· Executar a emissão do dinheiro e controlar a liquidez do mercado.
· Efetuar o controle do crédito, de capitais estrangeiros e receber os depósitos compulsórios dos bancos.
· Efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais.
· Supervisionar os serviços de compensação de cheques entre instituições financeiras.
· Receber depósitos compulsórios das instituições financeiras e executar operações de política monetária.
É interessante destacar que, no Brasil, a cunhagem (impressão) da moeda é realizada pela Casa da Moeda, e a emissão da moeda (entrega do numerário ao sistema bancário) é de responsabilidade do Banco Central.
 (
A Casa da Moeda do Brasil (CMB) é uma empresa estatal responsável pela
 
impressão da moeda e papel-moeda oflciais do Brasil. A quantidade a ser emitida pela
 
CMB
 
é
 
deflnida
 
pelo
 
Banco
 
Central,
 
sendo
 
programado
 
um
 
estoque
 
de
 
numerário
 
(cédulas
 
e moedas) que atenda às efetivas necessidades de dinheiro da economia e forme uma
 
reserva
 
de
 
segurança.
)O autor Assaf Neto (2018, p. 43) também destaca que, no desempenho das funções que acabaram de ser citadas, o Banco Central pode ser, em resumo, entendido como:
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO MERCADO FINANCEIRO
· Banco dos bancos, por captar depósitos dos bancos e preservar a liquidez do sistema (bancário).
· Executor da política monetária do Governo, ao exercer controle sobre os meios de pagamento e taxas de juros da economia.
· Instituição emissora de moeda, ao coordenar a distribuição do dinheiro emitido pela Casa da Moeda aos bancos.
· Entidade que detém o poder Fiscalizador do sistema financeiro, ao controlar e fiscalizar as instituições financeiras, aplicar penalidades e decretar intervenções, e elaborar normas.
· (
Ao se preparar para uma viagem internacional, você precisa adquirir a moeda
 
do país que irá visitar, certo? Para isso, você precisará ir a um banco ou a uma corretora
 
autorizada a operar em câmbio e realizar uma operação de compra de moeda estrangeira.
 
Essa é uma operação do mercado cambial e é regulamentada e flscalizada pelo Banco
 
Central
 
do
 
Brasil.
)Banco do Governo, ao manter entre outras atribuições, depósitos em moeda nacional e internacional do país, representar o país no sistema financeiro internacional, e assim por diante.
3.2.2 Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
 (
Autarquia signiflca poder absoluto. É o tipo de governo em que a pessoa ou
 
um
 
grupo
 
de
 
pessoas
 
concentram
 
o
 
poder
 
sobre
 
uma
 
nação.
 
Autarquia
 
é
 
quando
 
o
 
Estado
 
tem
 
total autonomia sobre
 
si próprio, é autossuflciente.
)A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi criada em 7 de dezembro de 1976, pela Lei n° 6.385/1976, com o objetivo de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários no Brasil. É uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda com amplos poderes para disciplinar e estabelecer medidas de atuação no mercado de valores mobiliários. É administrada por um presidente e quatro diretores, todos nomeados pelo Presidente da República.
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
Segundo as autoras Carrete e Tavares (2019, p. 15), a CVM é responsável
por:
· Estimular a formação de poupança e investimentos em valores mobiliários.
· Assegurar funcionamento eficiente e regular do mercado.
· Proteger os investidores.
· Assegurar o acesso do público às informações de qualidade.
· Penalizar os infratores.
· Disciplinar e fiscalizar as atividades de: emissão, distribuição, negociação, intermediação de valores mobiliários no mercado; organização, funcionamento e operações de bolsas de valores; administração de carteiras e custódia de valores mobiliários; auditoria das companhias abertas; serviços de consultor e analista de valores mobiliários.
3.3 (
Toda vez que um investidor realiza uma operação de compra e venda de
 
ações,
 
ele
 
está
 
sendo
 
flscalizado
 
pela
 
Comissão
 
de
 
Valores
 
Mobiliários
 
(CVM).
 
Em
 
maio
 
de
 
2017, a empresa JBS (empresa brasileira de Goiás, é uma das maiores indústrias de alimento
 
do mundo) se viu protagonista em uma grande operação policial, quando seus principais
 
acionistas estabeleceram acordos de delação premiada envolvendo importante políticos
 
nacionais.
 
Alguns
 
dias
 
antes
 
da
 
ação
 
policial
 
se
 
tornar
 
pública,
 
a
 
mesa
 
de
 
operações
 
da
 
JBS
 
fechou negócios, obtendo expressivo ganho no mercado cambial e na venda de ações.
 
Diante
 
dos
 
indícios
 
de
 
atuação
 
com
 
informação
 
privilegiada,
 
a
 
CVM
 
abriu
 
um
 
processo
 
de investigação. O caso da JBS referente à venda de ações pelo acionista em 2017 é uma
 
operação típica de 
insider information 
(consiste no uso privilegiado de informações para
 
obter ganhos no mercado de capitais), o que é ilegal pela regulamentação do mercado de
 
capitais.
 
Ao
 
flnal
 
da
 
investigação
 
desse
 
caso,
 
chegou-se
 
à
 
conclusão
 
de
 
que
 
as
 
operações
 
não
 
caracterizaram
 
ilegalidade.
)ÓRGÃOS OPERADORES
Segundo o Banco Central do Brasil (2020), os órgãos operadores são as instituições que executam a intermediação de recursos financeiros. Veremos, a seguir, algumas dessas instituições.
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO MERCADO FINANCEIRO
3.3.1 Bancos de varejo (bancos comerciais)
Os bancos de varejo realizam as operações mais tradicionais do mercado, oferecendo proteção e oportunidades de investimentos para clientes que possuem superávit de caixa. Lembrando que superávit de caixa é quando o investidor consegue que sua receita líquida supere suas despesas. Os bancos de varejo são denominados bancos comerciais pelo Banco Central do Brasil (Bacen).
Os bancos de varejo, com uma quantidade excessiva de captação de recursos de clientes depositários, oferecem empréstimos de curto e médio prazos para atendimento das demandas de capital de giro das empresas.
Os principais produtos e serviços são padronizados, sem adaptação para atendimento de necessidades específicas, visando pessoas físicas e empresas. O atendimento é realizado nas agências bancárias e sistemas eletrônicos, porém, como sabemos, com o desenvolvimento da tecnologia, os bancos comerciais já oferecem serviços financeiros com o uso de aplicativos sem a necessidade de presença física nas agências bancárias.
Segundo as autoras Carrete e Tavares (2019), são exemplos de produtos e serviços: conta corrente, cheque especial, crédito especial, crédito pessoa, caderneta de poupança, aplicações em depósito a prazo (CDB), transferências de recursos, serviços de cobrança, administração de folha de pagamento etc. As autoras também apresentam um exemplo:
O Sr. José vai toda a semana até a sua agência bancária sacar dinheiro para as compras semanais da feira, jornais, revistas e padaria. Uma vez por mês ele vai até a agência bancária para tirar o extrato da sua conta corrente e confirmar o recebimento de sua aposentadoria, e, também, para conversar com o seu gerente e decidir sobre a aplicação do saldo da sua conta corrente. Além disso, ele realiza o pagamento dos boletos de cobrança do seu condomínio e do seguro-saúde no caixa da agência.
Acadêmico, todos os serviços descritos nesse exemplo, que são oferecidos pelo banco ao Sr. José, são característicos do banco comercial.
Lembrando que, nos dias de hoje, os bancos vêm desenvolvendo cada vez mais aplicativos e soluções digitais para que os clientes executem serviços bancários utilizando o seu celular, sem precisar sair de casa. Nesse sentido, surgem as fintechs, empresas que criam soluções financeiras altamente baseadas em tecnologia como inteligência artificial, robôs etc. Veremossobre as fintechs mais adiante.
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
Os bancos digitais estão em alta no Brasil, com uma estimativa de 11 milhões de novas contas no início de 2019. O cálculo é da consultoria Boston Consulting Group que, com base em dados públicos, avalia que são abertas entre 500 mil e 1 milhão de contas mensalmente nessas plataformas. Anunciados como sem agências e fllas, opções como Nubank, Banco Inter e Neon prometem resolver quase tudo on-line, com aplicativos eflcientes para Android e iPhone (iOS). Algumas opções de bancos digitais que recebem cada vez mais clientes no Brasil, são:
Nubank	Banco Inter
Neon	Banco Next
Banco Original	Agibank
FONTE: <https://www.techtudo.com.br/listas/2019/08/nubank-inter-neon-e-mais-co- nheca-bancos-digitais-disponiveis-no-brasil.ghtml>. Acesso em: 24 mar. 2020.
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO MERCADO FINANCEIRO
3.3.2 Bancos de atacado ou bancos de investimento
Os bancos de atacado ou bancos de investimento oferecem serviços que são focados em grandes empresas, atendendo suas necessidades de captação de recursos em grandes volumes e a longo prazo. Os produtos contam com maior sofisticação, estrutura mais complexa e envolvem diferentes agentes do mercado de capitais, pois as operações envolvem a necessidade de captação de recursos em grande volume (CARRETE; TAVARES, 2019).
3.3.3 Bancos múltiplos
Os bancos múltiplos são aqueles que oferecem produtos e serviços para mais de um segmento de mercado: são bancos comerciais e de investimento, atuando tanto para clientes pessoas físicas como empresas realizando empréstimos de curto e médio prazo e realizando captações no mercado de capitais para atendimento de necessidades de recursos de grande volume de seus clientes (CARRETE; TAVARES, 2019).
3.3.4 Instituições financeiras não bancárias
Segundo o autor Assaf Neto (2018), as instituições classificadas como não bancárias são as que não apresentam capacidade de emitir moeda ou meios de pagamento, como os bancos comerciais. As instituições financeiras não bancárias são supervisionadas pelo Banco Central do Brasil, porém, não são bancos. Dentre as instituições financeiras não bancárias, destacaremos aqui as sociedades financeiras e as sociedades de arrendamento mercantil. O que são essas sociedades?
As sociedades financeiras são as que oferecem financiamento para aquisição de bens, portanto, estão relacionadas a uma operação comercial. Já as sociedades de arrendamento mercantil são as empresas que oferecem o aluguel de um bem móvel ou imóvel, também conhecido como operação leasing. Essas empresas adquirem o bem de uma empresa fabricante e o alugam para a empresa que necessita utilizar esse produto nas suas atividades operacionais (CARRETE; TAVARES, 2019).
3.3.5 Fintechs
As fintechs, como já foi comentado anteriormente, são empresas que criam soluções financeiras altamente baseadas em tecnologia, ou seja, são empresas que usam a tecnologia de forma intensiva para oferecer produtos inovadores na área de serviços financeiros, sempre focando na experiência e na necessidade do usuário.
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
Dentre as fintechs que vêm se destacando nos dias de hoje (2020), o Nubank é destaque no relatório da empresa de prestação de serviços proflssionais KPMG (uma das maiores empresas de prestação de serviços proflssionais) sobre as fintechs mais inovadoras de todo o mundo. Nos últimos cinco anos o mercado flnanceiro vem se reformulando no Brasil graças a criação e propagação das fintches. O Nubank foi fundado em 2013 e oferece serviços bancários, incluindo conta corrente e cartão de crédito exclusivamente por meio digital, sem ter uma única agência bancária. Atualmente (2020), o Nubank contabiliza 20 milhões de clientes.
FONTE: https://fdr.com.br/2020/02/08/nubank-original-e-mais-como-os-bancos-digitais-
-cresceram-no-mercado/. Acesso em: 24 mar. 2020.
100% digital, o Nubank ganha fama pelo atendimento humanizado. Sem agências, lojas, quiosques ou qualquer outro ponto físico de contato com os clientes, o atendimento do Nubank está ganhando fama. Ao resolver um problema, o time envia cartas escritas à mão, poemas, fotos, dicas de viagem e até uma sanduicheira roxa. A empresa do cartão roxo transformou a área de atendimento ao cliente, que recebe tantas reclamações em outras empresas, na sua maior divisão. Ela foge de roteiros e não poupa recursos para surpreender. Para Cristina Junqueira, diretora e cofundadora do Nubank, esse era um ponto chave para que os brasileiros conflassem na marca. “O brasileiro é muito desconflado quando se trata de dinheiro e internet”, aflrmou em entrevista à EXAME.com. Por isso, a empresa desenvolveu uma imagem jovem e inovadora para atrair seu público alvo – 80% dos clientes tem menos de 35 anos – e um atendimento de alto nível, que é o ponto de contato entre a empresa e seus clientes. Dos quase 300 funcionários do Nubank, 170 estão na equipe de atendimento. Esses funcionários são extremamente qualiflcados, frequentam faculdades como Poli-USP e FGV e todos falam inglês. Por serem jovens – a média de idade é de 26 anos – também se adaptam mais facilmente à tecnologia e precisam navegar com facilidade pelas redes sociais. Ao falar com o cliente, usam gifs, vídeos e emojis, uma vez que o chat virtual é o meio de comunicação mais comum com o cliente. O telefone, tão usado por outras empresas, está no flm da lista.
FONTE:<https://exame.abril.com.br/negocios/100-digital-nubank-ganha-fama-pelo- atendimento-humanizado-2/>. Acesso em: 24 mar. 2020.
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO MERCADO FINANCEIRO
Conforme destacam as autoras Carrete e Tavares (2019), essas entidades desenvolvem formas tecnológicas inovadoras para a prestação de serviços financeiros, algumas atuando de forma predominantemente digital no relacionamento com os clientes ou no oferecimento de produtos e serviços financeiros. É importante destacar que as fintechs podem atuar em parceria com os bancos tradicionais ou como concorrentes, fazem parte do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e são supervisionadas pelo Banco Central do Brasil (Bacen) e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
 (
Fintechs
 
é
 
um
 
termo
 
que
 
surgiu
 
da
 
união
 
das
 
palavras
 
“
financial
”
 
(flnanceiro)
 
e
 
“
technology
”
 
(tecnologia).
)As fintechs, enquanto os grandes bancos operam com sistemas operacionais antigos, desenvolvem serviços digitais para atender segmentos de mercado com necessidades específicas, que dificilmente seriam atendidos pelos grandes bancos. Por isso, as fintechs têm crescido muito nos últimos anos, inclusive no mercado financeiro, impulsionadas por desenvolvimento das novas tecnologias móveis e processamento de dados. As autoras Carrete e Tavares (2019) destacam que algumas das vantagens das fintechs são:
· Conveniência de soluções móveis e on-line.
· Ampliação do acesso com menor custo para investidores.
· Valor da aplicação inicial inferior ao exigido por outras instituições financeiras.
· Aumento das iniciativas de educação financeira – possível aumento da inclusão financeira.
· Disponibilização de ferramentas (como por exemplo, aplicativos para o celular) para controle e acompanhamento de investimentos.
As autoras Carrete e Tavares (2019) destacam também outros pontos positivos em relação as fintechs, que são eles:
· Transferências de recursos: usualmente, os bancos oferecem aos seus clientes aplicativos para transferência de recursos e pagamentos, entretanto as fintechs oferecem serviços de transferência internacional de recursos de forma ágil e com menor custo.
· Educação financeira: as fintechs oferecem aplicativos para prestar soluções de controle orçamentário, ferramentas de decisões de investimento, conceito de finanças pessoais e de gestão financeira.
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
· Empréstimos: as fintechs oferecem serviços de empréstimo através do uso exclusivo de plataformas digitais sem a necessidade da presença do tomador de recursos em uma agência bancária.
· Gestãode investimentos: as fintechs utilizam inteligência artificial para criar robôs que tomam decisões de compra e venda de ativos financeiros sem interferência ou presença humana.
· Seguros: as fintechs oferecem serviços de comparação de preços de seguros, análise de perfil de risco e aquisição de seguros.
· Cobrança: soluções de negociação de dívidas, envolvendo desde a análise do perfil de risco atual até a renegociação direta da dívida com os credores credenciados.
· Câmbio: as fintechs são especializadas em oferecer soluções em troca de moedas, sejam elas moedas reais (por exemplo: real/dólar) sejam moedas reais e digitais (por exemplo: real/bitcoin), tanto para pessoas físicas como jurídicas.
Para finalizar, podemos destacar que, nos dias de hoje, as vantagens das fintechs são muitas (aqui foram destacadas apenas algumas), e que, com o uso da internet e com o grande aumento de uso dos celulares no mundo, os “sem banco” podem acessar produtos de investimento e de empréstimos sem precisarem recorrer às agências bancárias. As soluções comportam desde comandos de voz para atingir pessoas que não sabem ler ou não sabem escrever, até aplicações intuitivas que facilitam a solução dos problemas de forma mais ágil.
 (
6
 
LIVROS
 
PARA
 
VOCÊ
 
ENTENDER
 
MELHOR
 
O
 
MERCADO
 
FINANCEIRO
Desenvolver
 
o
 
hábito
 
da
 
leitura
 
é
 
uma
 
dica
 
universal
 
dos
 
grandes
 
nomes
 
do
 
mundo
 
corporativo, como Bill Gates e Warren Buffett, e da maioria das pessoas que alcançaram o
 
sucesso. Embora o mercado flnanceiro possa ser um tanto quanto complicado no primeiro
 
contato, existem muitas obras que podem ajudar você a entendê-lo melhor – seja por
 
curiosidade,
 
seja
 
para
 
ganhar
 
mais
 
dinheiro.
)Acadêmico, assim finalizamos o primeiro tópico de estudos desta unidade que trata sobre o mercado financeiro. Lembrando que este tópico apresentou uma visão geral do mercado financeiro e que, nos próximos tópicos, veremos mais detalhadamente sobre os segmentos do mercado financeiro.
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO MERCADO FINANCEIRO
	
	
“Sonho Grande”, de Cristiane Correa: a obra conta como Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira revolucionaram o capitalismo brasileiro e conquistaram o mundo com seu modelo de gestão. O livro apresenta lições essenciais para quem deseja conquistar independência financeira e vê no empreendedorismo o melhor caminho para se chegar.
	
“Liar’s Poker”, (“O mentiroso do Poker”, em tradução livre), de Michael Lewis: é um livro que descreve as experiências do autor como um vendedor de títulos em renda fixa em Wall Street durante o final dos anos 80. É considerado um dos livros que definiram a famosa área de investimentos durante a década de 1980 pois capta um período importante da história.
	
“The Snowball” (“A Bola de Neve”, em tradução livre) de Warren Buffet: trata-se da biografia de Warren Buffet, o homem mais rico do mundo. É um livro muito interessante para quem deseja descobrir e replicar os segredos de sua vida profissional e sucesso.
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
	
	
“The Big Short” (“A grande aposta”, em tradução livre), de Michael Lewis: o livro fala sobre a bolha especulativa durante a década de 2000 e é uma ótima leitura para quem quer aprender sobre os processos do mundo financeiro.
	
“Mercado Financeiro”, de Eduardo Fortuna: o livro detalha todos os tipos de investimentos e apresenta diversas dicas sobre renda fixa e renda variável.
	
“Os Axiomas de Zurique”, de Max Gunther: o livro é constituído de 12 axiomas principais e mais 16 secundários, que pretendem dar resposta às dúvidas com as quais o especulador pode se deparar. O título refere-se às táticas usadas pelos banqueiros suíços para obter êxito no mundo dos negócios.
FONTE: Adaptado de SUTTO, G. 6 livros para você entender melhor o mercado financeiro. 2018. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/carreira/6-livros-para-voce-entender- melhor-o-mercado-financeiro/. Acesso em: 24 mar. 2020.
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO MERCADO FINANCEIRO
VANTAGENS E DESVANTAGENS DE USAR BANCOS DIGITAIS
Eduardo Moreira
Se você se sente à vontade para fazer transações bancárias on-line e raramente acessa sua agência bancária local, pode considerar a possibilidade de abrir uma conta em bancos digitais. Neste artigo, confira como funcionam, como usar, quais são as vantagens e desvantagens dos bancos digitais.
Como funcionam os bancos digitais
Enquanto muitos clientes são atraídos pelos altos rendimentos e baixas taxas oferecidas pelos bancos digitais, essas vantagens são atenuadas pela falta de filiais e serviços limitados que alguns oferecem. É possível acessar muitos serviços bancários on-line. Alguns desses serviços incluem pagar contas, transferir fundos, visualizar extratos de conta etc. Ou usar o Internet Banking em seus telefones celulares, usando uma conexão Wi-Fi ou 3G.
Sendo assim não precisa mais visitar o banco pessoalmente para depositar ou sacar dinheiro, solicitar um extrato bancário ou interromper um pagamento. Você pode fazer todas essas tarefas, e muito mais, usando os serviços online oferecidos pelos bancos digitais. Você também pode acompanhar as transações e o saldo da sua conta em todos os momentos. Embora o banco online tenha muitos aspectos positivos, também há alguns contras.
Bancos digitais vs. bancos tradicionais, qual é o melhor?
A resposta depende do tipo de pessoa que você é, mas aqui estão alguns dos prós e contras do banco digital a serem considerados: Vamos dar uma olhada nas vantagens e desvantagens do banco online.
Vantagens
· Uma conta online é simples de abrir e fácil operar.
· É conveniente porque facilmente você pode pagar suas contas e fazer transações bancárias.
· Livre de filas.
· Está disponível 24h por dia, a única coisa que você precisa é ter uma conexão com a internet.
· É rápido e eficiente, as transferências são realizadas de uma conta para a outra rapidamente.
· Baixas taxas.
· Maior economia de juros. Como é mais barato administrar um banco digital, as economias que você recebe geralmente vêm na forma de juros mais altos.
· Menos taxas.
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
· Mais serviços on-line incluem empréstimos e opções de investimentos.
· Sem exigência de valor mínimo para manter a conta.
· Pode verificar seu saldo e as movimentações o tempo todo.
Desvantagens
· Entender o uso do Internet Banking pode ser difícil no começo para algumas pessoas.
· Você só poderá ter acesso a serviços bancários se tiver uma conexão com a internet.
· As informações da sua conta podem ser invadidas por pessoas não autorizadas pela internet.
· Nenhum local físico.
· Taxas de transferência.
· Taxas ATM.
· Segurança de senha é uma obrigação, depois que receber sua senha, altere-a e memorize-a.
· Suas informações bancárias podem estar espalhadas em vários dispositivos, aumentando o risco.
· Se o servidor do banco estiver inativo, você não poderá acessar sua conta.
Uma conta bancária on-line é fácil de abrir e operar. Dito isto, os serviços online oferecidos podem diferir de banco para banco e de país para país.
Serviços bancários online comuns
· Atividades transacionais como transferência de fundos, pagamento de contas, pedidos de empréstimo e transações.
· Atividades não transacionais como solicitação de livro de cheques, pagamento final, extratos online, atualização de suas informações de contato.
O banco através da internet facilitou a vida dos usuários ao fornecer acesso online a vários serviços bancários. Mas escolher o banco certo pode ser difícil. Como os métodos bancários se tornaram mais digitalizados, há um grande foco na criação de um serviço mais eficiente para os clientes, produzindo mais avanços em serviços amigáveis.
Através do banco digital, o pagamento de contas online é muito mais fácil, pois todas as suas informações são rastreadas por meio de seus aplicativos bancários e o pagamento é feito com o clique de um botão. O banco digital também permite acessar o histórico e as transações da conta em qualquer lugar, tornandoa proteção incrivelmente fácil e ter acesso para verificar regularmente sua conta, evitando cobranças fraudulentas.
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO AO MERCADO FINANCEIRO
Conclusão
Há muitas desvantagens para os serviços bancários digitais e a segurança é uma preocupação enorme, porque não há garantia de segurança. Todos os sites são suscetíveis a ameaças de segurança cibernética em várias áreas de campo. Esta é uma das maiores desvantagens que vem com o banco digital. Outro grande fator é a interrupção do site. Problemas técnicos podem causar insatisfação aos clientes, resultando em muitos problemas de relação com o cliente. A apreensão do usuário também é uma grande preocupação para certas pessoas, porque elas podem não estar bem em ter todas as informações financeiras disponíveis on-line.
Há muito mais benefícios para a digitalização do sistema bancário em comparação com as desvantagens. Da eficiência comercial, maior precisão, maior agilidade e segurança aprimorada. O futuro dos serviços bancários digitais continuará crescendo e não mostrará sinais de desaceleração. A adequação é um requisito imenso quando você observa como essa indústria está florescendo e mudando as relações com os clientes e com os bancos.
FONTE:<https://edumoreira.com.br/vantagens-e-desvantagens-de-usar-bancos-digitais/>. Acesso em: 24 mar. 2020.
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
· O mercado financeiro é responsável pelo fluxo da economia, isso acontece porque ele aproxima investidores e tomadores de recursos.
· O mercado financeiro é o ambiente onde ocorre a negociação de títulos, moedas, ações, derivativos, mercadorias, entre outros.
· O mercado financeiro pode ser dividido em quatro principais segmentos: mercado monetário, mercado de crédito, mercado cambial e mercado de capitais.
· No Brasil, o mercado financeiro é organizado e controlado pelas instituições que compõem o Sistema Financeiro Nacional (SFN).
· O Sistema Financeiro Nacional é o conjunto de instituições que propiciam o fluxo de recursos entre os tomadores e os aplicadores de recursos na economia brasileira.
· As instituições que compõem o Sistema Financeiro Nacional são subordinadas a um dos três órgãos normativos: Conselho Monetário Nacional (CMN); Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP); e Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC).
· O Banco Central é o principal poder executivo das políticas traçadas pelo Conselho Monetário Nacional e órgão fiscalizador do Sistema Financeiro Nacional.
· São objetivos do Banco Central: garantir o poder aquisitivo da moeda nacional, promover a formação de poupança na economia e preservar as reservas internacionais.
· O Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) é o órgão responsável por fixar as diretrizes e normas da política de seguros privados.
· O Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) é o órgão responsável por regular o regime de previdência complementar operado pelas entidades fechadas de previdência complementar.
· As fintechs são empresas que criam soluções financeiras altamente baseadas em tecnologia, ou seja, são empresas que usam a tecnologia de forma intensiva para oferecer produtos inovadores na área de serviços financeiros, sempre focando na experiência e na necessidade do usuário.
 (
AUTOATIVIDADE
)
1 Vimos que o mercado financeiro é importante para o desenvolvimento de qualquer país, pois é por meio dele que o dinheiro flui nas mãos dos investidores para pessoas ou empresas que gastam mais do que tem disponível e buscam recursos financeiros. Diante disso, explique o que é Mercado Financeiro.
2 As autoras Carrete e Tavares (2019), em seu livro Mercado Financeiro Brasileiro destacam que o mercado financeiro é peça central no processo de criação de riqueza e desenvolvimento de um país. Sendo assim, assinale a alternativa que corresponde aos quatro principais segmentos do mercado financeiro:
a) ( ) Mercado monetário – mercado financeiro – mercado de capitais – mercado brasileiro.
b) ( ) Mercado monetário – mercado de crédito – mercado cambial – mercado de capitais.
c) ( ) Mercado de crédito – mercado cambial – mercado de capitais – mercado de investimentos.
d) ( ) Mercado cambial – mercado financeiro – mercado de capitais – mercado de operações.
3 O mercado financeiro pode ser interpretado como o ambiente da economia onde se realizam todas as transações com moedas e títulos, e também participações de capital. Com relação aos quatro principais segmentos do mercado financeiro, analise as sentenças abaixo:
I- O mercado monetário também é conhecido por mercado de ações.
II- O mercado de capitais envolve as operações de médio e longo prazo com títulos mobiliários emitidos pelas empresas.
III- O mercado de crédito compreende as operações de troca de moedas originadas principalmente pelas transações comerciais e de remessa de divisas.
IV- O mercado cambial tem como objetivo controlar a liquidez e a taxa de juro básica da economia.
Agora, assinale a alternativa que corresponde as sentenças CORRETAS:
a) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) Somente a sentença III está correta.
d) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
4 Neste tópico, vimos que o mercado financeiro, no Brasil, é organizado e controlado pelas instituições que compõem o Sistema Financeiro Nacional (SFN). Diante disso, explique o que é o Sistema Financeiro Nacional.
5 As fintechs são empresas que usam a tecnologia de forma intensiva para oferecer produtos inovadores na área de serviços financeiros, sempre focando na experiência e na necessidade do usuário. Nesse sentido, destaque cinco vantagens dessas empresas.
6 Segundo as autoras Carrete e Tavares (2019), os bancos de atacado ou bancos de investimento oferecem serviços que são focados em grandes empresas, atendendo suas necessidades de captação de recursos em grandes volumes e a longo prazo. Diante disso, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas:
I- Os produtos contam com maior sofisticação, estrutura mais complexa e envolvem diferentes agentes do mercado de capitais
PORQUE
II- As operações envolvem a necessidade de captação de recursos em grande volume.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
b) ( ) As asserções I e II são proposições falsas.
c) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
d) ( ) A asserção I é uma proposição verdade, e a II é uma proposição falsa.
 (
—
) (
TÓPICO
 
2
MERCADO
 
MONETÁRIO
 
E
 
MERCADO
DE
 
CRÉDITO
UNIDADE
 
3
)1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, como vimos no tópico anterior, a intermediação financeira desenvolve-se de forma segmentada, com base em quatro subdivisões estabelecidas para o mercado financeiro:
· Mercado monetário.
· Mercado de crédito.
· Mercado de capitais.
· Mercado cambial.
Este tópico dedica-se ao estudo do mercado monetário e ao mercado de crédito. O estudo do mercado de capitais e do mercado cambial será apresentado no tópico seguinte.
O mercado monetário é exclusivo para operações de curto prazo, influenciadas pela atuação do Banco Central (Bacen) e que envolve também instituições financeiras. Já o mercado de crédito, também denominado mercado bancário, é composto pelo conjunto de operações de curto prazo, médio ou aleatório.
O objetivo deste tópico é entender o que é mercado monetário e o que é mercado de crédito, e compreender como esses mercados influenciam a economia. Primeiramente, estudaremos sobre o mercado monetário e, em seguida, sobre o mercado de crédito.
2 MERCADO MONETÁRIO
Segundo o autor Assaf Neto (2018, p. 61), “o mercado monetário envolve as operações de curto e curtíssimo prazos, proporcionando um controle ágil e rápido da liquidez da economia e das taxas de juros básicas pretendidas pela política econômica das autoridades monetárias”. O autor ainda destaca que que o mercado monetário é ainda responsável pelaformação das taxas de juros da economia (taxa Selic e taxa DI).
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
 (
Liquidez
 
é
 
a
 
capacidade
 
de
 
conversão
 
de
 
um
 
bem
 
em
 
dinheiro,
 
ou
 
seja,
 
é
 
a rapidez com a qual você consegue se desfazer de algo que você possui para receber
 
dinheiro em mãos. O grau de agilidade de conversão de um investimento sem perda
 
signiflcativa
 
do
 
seu
 
valor
 
mede
 
a
 
sua
 
liquidez.
)Para Reis (2019), o mercado monetário é o responsável por fazer financiamentos de curto e curtíssimos prazo, isto é, os empréstimos têm duração de até um ano, assim, ele é o responsável pela liquidez monetária. O autor também destaca que o mercado monetário é considerado a peça fundamental para liquidez em curto prazo e, assim, o governo consegue controlar a quantidade de moeda em circulação e o crédito, ou seja, a liquidez afeta diretamente a economia.
As autoras Carrete e Tavares (2019, p. 32) apontam que “o mercado monetário é composto, principalmente, pelos bancos comerciais e pelo Banco Central (Bacen), que executa a política monetária e regula e fiscaliza seu funcionamento”. As autoras também ressaltam que a principal função do Bacen é assegurar a liquidez dos agentes econômicos, que são os intermediários financeiros, os investidores e os tomadores de recursos.
Carrete e Tavares (2019) ainda destacam que as operações do mercado monetário se caracterizam pelo curtíssimo prazo: operações de um dia, o que justifica o nome em inglês money market, mercado no qual os ativos financeiros transformam-se em dinheiro no menor espaço de tempo possível. Para as autoras, as principais funções desse mercado no sistema financeiro podem ser resumidas em:
· Executar a política monetária.
· (
Os
 
agentes
 
deflcitários
 
são
 
aqueles
 
que
 
gastam
 
mais
 
do
 
que
 
ganham.
 
Já
 
os
 
superavitários
 
são
 
aqueles
 
que
 
gastam
 
menos
 
do
 
que
 
ganham.
)Garantir transferência de recursos dos agentes superavitários e deficitários.
TÓPICO 2 — MERCADO MONETÁRIO E MERCADO DE CRÉDITO
O mercado monetário é essencial para o estabelecimento do nível de liquidez da economia, pois ele controla e regula o fluxo da moeda convencional (papel-moeda) e da moeda escritural (depósitos à vista nos bancos comerciais). Para adequar o volume de moeda com o objetivo de manutenção de liquidez da economia, a autoridade monetária (Banco Central) atua no mercado financeiro disponibilizando ou retirando recursos da economia (ASSAF NETO, 2018).
Acadêmico, veja na figura a seguir a representação do mercado monetário no sistema financeiro:
FIGURA 3 – REPRESENTAÇÃO DO MERCADO MONETÁRIO NO SISTEMA FINANCEIRO
FONTE: Carrete e Tavares (2019, p. 33)
Essa figura representa as pessoas organizadas nas suas respectivas atividades produtivas, como, por exemplo, os proprietários rurais, os profissionais autônomos como dentistas, médicos, advogados, entre outros, os funcionários de empresas e as próprias empresas. É importante ressaltar que cada uma dessas pessoas possui necessidades de recursos financeiros: aplicação de recursos a curto e/ou longo prazo e necessidades de crédito a curto e longo prazo. Nesse sentido, as pessoas recorrem aos intermediários financeiros para encontrarem soluções financeiras de modo a atender suas respectivas necessidades de aplicação ou crédito. Os bancos pertencem ao sistema financeiro, que é organizado em vários mercados, entre eles o mercado monetário (CARRETE; TAVARES, 2019).
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
2.1 AGENTES PARTICIPANTES
No mercado monetário, os agentes participantes são os bancos comerciais e o Banco Central do Brasil (Bacen).
Os bancos comerciais atuam para maximizar a transferência de recursos entre agentes superavitários e deficitários, sejam pessoas físicas ou jurídicas. Banco comercial é uma instituição financeira que presta serviços financeiros como captação de depósitos à vista, liberação de empréstimos a pessoas físicas ou jurídicas, financiamento e opções de investimento. No Brasil, temos diversas instituições que se encaixam nesta modalidade, e as cinco maiores são: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, Bradesco e Santander.
Caderneta de poupança, CDB (certificado de depósito bancário), títulos públicos, fundos de investimento, são exemplos de produtos de investimento oferecidos pelos bancos e, ao vender esses produtos, os bancos conseguem recursos para as operações de empréstimo e financiamento. É importante lembrar que os bancos também possuem a função de atender às necessidades de crédito das pessoas ou empresas com falta de caixa em momentos específicos, como, por exemplo, a aquisição da casa própria ou expansão de negócios (CARRETE; TAVARES, 2019).
Os bancos precisam ser especialistas em identificar os clientes deficitários que possuem capacidade de pagar as suas obrigações, ou seja, os bons pagadores. Essa função nós conhecemos por análise de crédito, que é essencial para a manutenção da “saúde financeira” do banco, assegurando assim a disponibilidade de recursos para atender as necessidades de resgate dos clientes investidores (CARRETE; TAVARES, 2019).
Acadêmico, na figura a seguir está representado o banco comercial como o intermediário que capta recursos dos agentes superavitários e deficitários. Nessa figura, as autoras representam as operações realizadas pelo banco comercial com seus clientes investidores e devedores em diferentes períodos, que foram indicados por D0, D1, D2 e D3 (essa representação tem apenas fins didáticos, pois os bancos executam tais operações simultaneamente e de forma contínua ao longo do tempo).
TÓPICO 2 — MERCADO MONETÁRIO E MERCADO DE CRÉDITO
FIGURA 4 – REPRESENTAÇÃO DA ATUAÇÃO DO BANCO COMERCIAL
FONTE: Carrete e Tavares (2019, p. 34)
É importante destacar que, para que um banco tenha capacidade de emprestar dinheiro, ele precisa captar recursos junto aos clientes investidores, utilizando um de seus inúmeros produtos de aplicação financeira: depósito em conta corrente, poupança, CDB e outros. Outro ponto importante é que, quanto mais o banco conquista novos clientes com capacidade de realizar aplicações financeiras, mais ele aumenta a sua capacidade de emprestar dinheiro.
2.2 OPERAÇÕES DO MERCADO MONETÁRIO
As operações do mercado monetário caracterizam-se pelo curto prazo e são realizadas entre o Bacen e os bancos, no denominado mercado aberto (tradução do termo em inglês open market – lembrando que vimos esse conceito na Unidade 2) ou entre os bancos, sem a participação do Bacen, no denominado mercado interbancário.
As transações do mercado monetário são realizadas com títulos públicos e títulos privados emitidos de instituições financeiras, os certificados de depósito bancário (CDBs).
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
2.2.1 Títulos públicos
Os governos federal, estadual e municipal costumam captar recursos no mercado financeiro por intermédio da emissão de títulos públicos, visando suprir suas necessidades de recursos de custeio e investimento. Segundo Assaf Neto (2018), esses títulos constituem-se em alternativas de investimentos para o mercado e são registrados como dívida mobiliária. Os títulos estaduais e municipais apresentam baixa liquidez no mercado, tendo uma circulação mais restrita, já os títulos públicos federais, têm maior aceitação e liquidez.
Se tratando de títulos públicos, o autor Assaf Neto (2018, p. 65) aponta
que:
 (
O Tesouro Nacional é o caixa do Brasil. Ele é o responsável por receber e
 
administrar o capital do Estado, avaliar sua situação flscal e fazer relatórios periódicos, ou
 
seja,
 
é
 
como
 
se
 
ele
 
fosse
 
o
 
“contador”
 
do
 
país.
)Essencialmente, os títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional estão voltados para a execução da política fiscal do Governo, antecipando receitas orçamentárias ou financiando déficits fiscais. Anteriormente, o Banco Central podia emitir títulos públicos com o objetivo principal de implementação e execução da política monetária. No entanto, por resolução do Conselho Monetário Nacional, o Banco Central nãopode mais emitir títulos da dívida pública desde o ano 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal – 04.05.2000). Para execução de política monetária o Banco Central opera no mercado aberto negociando somente títulos de emissão do Tesouro Nacional.
Assaf Neto (2018, p. 65) destaca que “os títulos públicos são emitidos e garantidos pelo Governo Federal, Estadual e Municipal e têm por finalidade financiar a dívida pública, antecipar as receitas, ou serem utilizados como instrumento de política monetária”. O autor ainda aponta que a venda de títulos públicos pode ser realizada mediante três formas:
· Oferta pública com realização de leilões.
· Oferta pública sem a realização de leilões (venda direta pelo Tesouro).
· Emissões destinadas a atender a necessidades específicas previstas em lei.
Os leilões de títulos públicos no mercado podem ocorrer de duas formas: leilão formal ou leilão informal. No leilão formal, a autoridade monetária divulga ao mercado as condições dos negócios, como, por exemplo:
TÓPICO 2 — MERCADO MONETÁRIO E MERCADO DE CRÉDITO
características, quantidade e prazo dos títulos que serão objetos do leilão, entre outras informações. Os investidores efetivam suas propostas de compra, as quais são encaminhadas ao Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) para que sejam efetuadas as respectivas transferências de titularidade e liquidações financeiras. Já o leilão informal caracteriza-se pela possibilidade de o Banco Central investir no mercado, comprando ou vendendo títulos conforme sejam seus objetivos (ASSAF NETO, 2018).
Acadêmico, outra informação muito importante é que, o Banco Central, para colaborar nesse processo, atua junto com instituições credenciadas a operar no mercado aberto, conhecidas por dealers. Ao decidir entrar no mercado para comprar ou vender títulos, o Banco Central avisa os agentes de sua intenção por meio dos dealers.
 (
Os 
dealers 
são instituições flnanceiras credenciadas pelo Tesouro Nacional
 
com o objetivo de promover o desenvolvimento dos mercados primário e secundário de
 
títulos
 
públicos.
 
Os
 
dealers
 
atuam
 
tanto
 
nas
 
emissões
 
primárias
 
de
 
títulos
 
públicos
 
federais
 
como
 
na negociação no mercado secundário desses títulos.
)Os interessados em negociar com o Banco Central enviam suas ofertas, as quais poderão ser aceitas ou não. Dessa forma, o Banco Central atua regulamente no mercado aberto, negociando títulos públicos de forma definitiva, ou através de operações compromissadas, que apresentam uma obrigação de recompensa, sendo que seu objetivo com estas intervenções é o de direcionar as taxas de juros para a meta estabelecida (ASSAF NETO, 2018).
Todas as pessoas residentes no Brasil que possuam CPF (Cadastro de Pessoa Física) podem investir diretamente em títulos públicos, através do programa conhecido por Tesouro Direto.
2.2.2 Mercado aberto
Como já vimos anteriormente, o mercado aberto é também conhecido por open market e consiste na compra e venda de títulos públicos pelo Bacen junto ao mercado. O mercado aberto encontra-se estruturado visando o controle da liquidez monetária da economia e das taxas de juros por meio de operações de
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
compra e venda de títulos públicos no mercado secundário (ambiente no qual os investidores podem vender e comprar ativos que já estão disponíveis no mercado financeiro).
Ao decidir reduzir a oferta monetária da economia, a autoridade monetária coloca (vende) títulos de sua emissão junto aos agentes econômicos, retirando do sistema monetário parte do dinheiro em circulação. Ao contrário, desejando expandir os meios de pagamento e, consequentemente, a liquidez da economia, recompra os títulos anteriormente vendidos, contribuindo com isso para o aumento da oferta de moeda. Dentro desse enfoque econômico, as operações realizadas dentro do âmbito do mercado aberto constituem importante instrumento de política monetária (ASSAF NETO 2018, p. 68)
Com relação ao funcionamento do mercado aberto, Assaf Neto (2018) ainda destaca que ele é relativamente simples: para captar recursos no mercado, o Banco Central, como executor da política monetária, efetua a venda primária (leilão primário) de títulos de sua emissão. Essa colocação desenvolve-se por meio do recebimento de propostas feitas por instituições financeiras junto aos dealers, que, como já vimos, são instituições escolhidas como representantes do Bacen no mercado. O Banco Central pode aceitar ou não as ofertas recebidas de compra dos títulos de sua emissão – objetos do leilão.
As autoras Carrete e Tavares (2019) ressaltam que é no mercado aberto que o Bacen utiliza um de seus instrumentos de controle de liquidez comprando e vendendo títulos públicos. Ao comprar um título público, ele está injetando recursos financeiros no sistema bancário, fazendo assim a liquidez do mercado financeiro aumentar. Ao controlar a liquidez do sistema, o Bacen executa a política monetária: com o aumento da liquidez há uma pressão para redução das taxas de juros, já por outro lado, ao vender em título público, o Bacen reduz dinheiro do sistema, reduzindo assim a liquidez e pressionando para o aumento da taxa de juros (CARRETE; TAVARES, 2019).
Carrete e Tavares (2019, p. 45) ainda destacam que esse instrumento de política monetária “é utilizado diariamente e maneira contínua pelo Bacen junto aos bancos, sendo, portanto, uma ferramenta dinâmica de controle de liquidez utilizada conjuntamente com a meta de taxa de juros estabelecida pelo Comitê de Política Monetária (Copom)”.
O Copom estabelece a taxa de juros meta, que é denominada de Selic Meta. A Selic Meta é a taxa de juros que será perseguida pelo Bacen por todo o período entre reuniões ordinárias do Comitê. O Bacen ainda pode definir um viés para alterar a meta a qualquer momento entre as reuniões ordinárias, e, desse modo, utilizará os instrumentos de política monetária para manter a taxa de juros o mais próximo possível da meta (CARRETE; TAVARES, 2019).
As variáveis consideradas pelo Copom para a tomada de decisão na definição da taxa básica de juros são:
TÓPICO 2 — MERCADO MONETÁRIO E MERCADO DE CRÉDITO
· Meta de inflação definida na política monetária.
· Componentes internos: nível da atividade econômica, taxa cambial, perspectiva inflacionária.
· (
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Copom
 
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que
 
aparecerá
 
ao
 
flnal
deste
 
tópico.
)Componentes externos: comportamento da economia americana, comportamento da economia da zona do euro, possibilidade de crises financeiras.
2.2.3 Mercado interbancário
O mercado interbancário é caracterizado pelas operações entre os bancos com prazo de um dia útil. Os bancos zeram suas posições de caixa ao final de cada dia. Para suprir os déficits ou aplicar superávits, as instituições recorrem ao mercado interbancário, ou seja, recorrem às operações realizadas entre os próprios bancos para equilíbrio de suas posições (CARRETE; TAVARES, 2019).
Seabra (2020, s.p., grifos da autora) traz uma reflexão muito interessante com relação ao funcionamento do mercado interbancário:
Atualmente, pouquíssimas pessoas mantêm muito dinheiro no bolso. Elas têm contas correntes em que fazem depósitos. Quando precisam de dinheiro, fazem saques ou recorrem a um empréstimo. E como ficam os bancos? É claro que eles não mantêm o dinheiro que você deposita guardado, mas fazem empréstimos com ele. Se você e muitos outros resolverem sacar recursos de seu banco hoje, ele pode fechar o dia no negativo. É por isso que os bancos também têm seu banco,
· Banco Central, onde cada um mantém uma conta de reservas. Como você, eles depositam os excessos em dia de saldo positivo e pegam dinheiro emprestado quando ele é negativo. Por meio do chamado mercado interbancário, os bancos emprestam dinheiro uns aos outros. Obviamente, eles cobram e pagam juros por isso. Pode ocorrer, entretanto, que grande quantidade de bancos tenha saldo negativo no mesmo dia. Os saques podem ocorrer simplesmente porque é fim de ano e começodas férias ou pelo medo causado por uma crise internacional, por exemplo. Com a demanda excessiva por recursos, os juros do mercado entre bancos poderiam subir demais. Ao pagarem mais por recursos, os bancos também cobrariam mais por eles. Os juros altos chegariam ao seu bolso. Para evitar essas oscilações,
· Banco Central pode entrar com uma oferta extra de reservas. A atuação do Banco Central, ofertando mais ou menos recursos, vai permitir que a taxa cobrada no interbancário suba mais ou menos, ou até caia.
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
A autora também destaca que os juros que nós pagamos, quando o dinheiro chega as nossas mãos, são muito afetados por toda essa dinâmica. Lembrando que o Bacen pode manejar esse tipo de política de forma a controlar a disponibilidade de dinheiro na economia, e, como já vimos, ele faz isso por meio de metas para a Selic.
As taxas negociadas no mercado interbancário e no mercado aberto consistem na formação da taxa básica de juros, que tende a ser próxima da Selic Meta, mas lembrando que não é necessariamente igual. Isso acontece porque a liquidez do sistema bancário varia a cada dia em função das operações de investimento e resgate de recursos dos agentes superavitários e deficitários. O Bacen publica, no final de cada dia, a taxa média das operações dos mercados aberto e interbancário, denominado taxa Selic. A taxa Selic do mercado não se distancia da Selic Meta porque o Bacen atua no ajuste da liquidez no mercado aberto comprando e vendendo títulos públicos (CARRETE; TAVARES, 2019).
FIGURA 5 – REPRESENTAÇÃO DO MERCADO INTERBANCÁRIO
FONTE: Carrete e Tavares (2019, p. 51)
Na figura anterior, as autoras Carrete e Tavares (2019) representam o funcionamento do mercado interbancário. Quando um banco não consegue suprir seu déficit de caixa no mercado interbancário, deve recorrer ao Banco Central. É importante destacar que essa é uma situação que os bancos tentam evitar, pois representa fragilidade e deficiência de crédito no mercado.
3 MERCADO DE CRÉDITO
Dando continuidade ao estudo dos quatro segmentos do mercado financeiro, o mercado de crédito “visa fundamentalmente suprir as necessidades de caixa de curto e médio prazos dos vários agentes econômicos, seja por meio da concessão de crédito às pessoas físicas, seja por empréstimos e financiamento às empresas” (ASSAF NETO, 2018, p. 71).
TÓPICO 2 — MERCADO MONETÁRIO E MERCADO DE CRÉDITO
Dentro de uma política de especialização do Sistema Financeiro Nacional, as operações do mercado de crédito são tipicamente realizadas por instituições financeiras bancárias. Visando principalmente reforçar o volume de captação de recursos, as atividades dos bancos têm evoluído para um processo de diversificação de produtos financeiros e também na área de serviços prestados. Muitas vezes também são incluídas no âmbito do mercado de crédito as operações de financiamento de bens de consumo duráveis praticadas pelas sociedades financeiras. Nessa estrutura, a atuação do mercado torna-se mais abrangente, provendo recursos a médio prazo, por meio de instituições financeiras não bancárias, aos consumidores de bens de consumo (ASSAF NETO, 2018).
Carrete e Tavares (2019, p. 63) definem o mercado de crédito como “o segmento do mercado financeiro que abrange as operações de empréstimos e financiamentos, entre empresas e bancos, e a concessão de prazo para recebimento das vendas, negociada entre empresas”. As autoras também destacam que o crédito está presente em praticamente todas as operações de compra e venda de produto e serviços, facilitando as transações, e, quando empresas comerciais e industriais buscam empréstimos e financiamentos junto à rede bancária, também estão operando no mercado de crédito.
Para as empresas, a política de crédito influencia o fluxo de caixa e os investimentos necessários em capital de giro. Uma das funções mais importantes da área financeira das empresas, portanto, é a avaliação de crédito. Porém, toda operação de crédito envolve risco. Conceder crédito implica uma relação de confiança entre as partes. Por menor que seja, a probabilidade de perda está presente nas transações comerciais (CARRETE; TAVARES, 2019, p. 63).
Lembrando que podemos afirmar que a certeza do recebimento só existirá nas operações realizadas em dinheiro e, mesmo nas transações liquidadas por cheque, o período de compensação representa risco ao credor.
É importante destacar que o mercado de crédito tem como objetivo suprir recursos aos agentes econômicos, pessoas físicas ou jurídicas, nas suas necessidades de consumo, operacionais e de investimento. O crédito, segundo as autoras Carrete e Tavares (2019), desenvolve-se em dois grandes segmentos:
· Operações comerciais ou mercantis.
· Operações bancárias.
Com relação a esses dois segmentos, as autoras destacam que:
As operações comerciais ou mercantis envolvem decisão de crédito quando é concedido um prazo para pagamento. Grande parte das operações de compra de mercadorias e serviços entre empresas industriais ou comerciais, mesmo entre o comércio e as pessoas físicas, não é realizada à vista. Portanto, essas operações envolvem a concessão de crédito, sem que haja uma instituição financeira envolvida. A
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
empresa que concede crédito atua como doador de recursos e essa concessão de prazo pode representar um fator estimulante para as vendas [...]. O crédito bancário envolve as operações realizadas dentro do âmbito do Sistema Financeiro Nacional, ou seja, o doador de recursos é um banco ou sociedade financeira e a doação destina-se ao suprimento de recursos para as pessoas físicas e empresas dos vários segmentos, nas suas necessidades de equilíbrio de caixa, capital de giro e investimentos [...]. As instituições financeiras exercem importante papel na intermediação de recurso na economia ao captarem recursos de pessoas físicas e jurídicas superavitárias para emprestar a outras pessoas físicas ou jurídicas que demandam esses recursos. Ao emprestar, a instituição financeira assume o risco de crédito, ou seja, o risco de eventualmente não receber de volta o valor emprestado, no prazo combinado (CARRETE; TAVARES, 2019, p. 63-64).
Lembrando que um dos principais fatores de risco do mercado financeiro é o risco de crédito. Ele está presente nos vários segmentos do mercado financeiro, como nas operações interbancárias realizadas no mercado monetário, ou no investimento em títulos mobiliários de emissores privados no mercado de capitais.
 (
A Resolução n° 3.721, de 30 de abril de 2009, do Banco Central do Brasil, dispõe
 
sobre a implementação de estrutura de gerenciamento do risco de crédito. Em seu artigo
 
2º, deflne o risco de crédito “como a possibilidade de ocorrência de perdas associadas ao
 
não cumprimento pelo tomador ou contraparte de suas respectivas obrigações flnanceiras
 
nos termos pactuados, à desvalorização de contrato de crédito decorrente da deterioração
 
na
 
classiflcação
 
de
 
risco
 
do
 
tomador,
 
à
 
redução
 
de
 
ganhos
 
ou
 
remunerações,
 
às
 
vantagens
 
concedidas
 
na
 
renegociação
 
e
 
aos
 
custos
 
de
 
recuperação”.
)Acadêmico, sabemos que embora a decisão de crédito esteja presente em toda atividade empresarial, cada organização estabelece uma política a ser seguida. Acompanhe os exemplos a seguir e observe algumas diferenças nas políticas de crédito comercial conforme a característica de cada setor (CARRETE; TAVARES, 2019, p. 64):
Exemplo 1:
Supermercados: atividade caracterizada por elevado volume de vendas à vista (dinheiro ou cartão de débito). O risco de crédito existirá se houver uma pequena parcela de faturamento por cheque ou cartão de crédito. Portanto, em geral, os supermercados não dispõem de um departamento ou de analistas voltados para análise e decisão de crédito. No máximo, em caso de cheques, são adotados alguns cuidados de consulta às fontes cadastrais.
TÓPICO 2 — MERCADO MONETÁRIO E MERCADO DE CRÉDITO
Exemplo 2:
Empresas do setor de varejo com vendas a crédito, em parcelas,tomam alguns cuidados adicionais ao aceitar cartão de crédito ou cheques. Em geral, têm sistemas interligados às fontes de informações e restrições cadastrais.
Exemplo 3:
Empresas industriais vendem para outras empresas (industriais ou comerciais) e raramente essa transação ocorre à vista. O prazo para pagamento está presente em grande parte das transações e, portanto, o risco de crédito estará presente também. Dependendo dos prazos e valores envolvidos, as empresas industriais podem ter departamentos de crédito bastante sofisticados, com processos de buscas de dados, analistas especializados, alçadas e comitês de decisão.
Exemplo 4:
Vendas regulares entre empresas: imagine uma empresa A que vende regularmente às empresas B, C e D. A empresa A é fornecedora de matéria-prima para B, C e D. Entre essas empresas existe um vínculo comercial e interesse na manutenção de bons negócios. A empresa A, ao vender a prazo para seus clientes, assume um risco de crédito, mas esse risco é mitigado pelo interesse comercial entre as partes. A empresa A deverá ter um departamento de crédito, procederá a análises regulares da situação de seus clientes e estabelecerá um limite para as vendas a prazo. Esse limite estará vinculado ao fluxo de negócios entre as empresas.
Exemplo 5:
Vendas isoladas ou eventuais entre empresas: imagine que a empresa X produz máquinas sob encomenda. A empresa Y a procura e encomenda um equipamento específico. Paga um sinal, mas a maior parte do pagamento se dará contra a entrega da máquina ou mesmo algum prazo após a entrega. Fica evidente que a empresa X assumiu um risco de crédito e, antes de fechar o negócio, deverá fazer uma cuidadosa análise das condições de crédito da empresa
Y. Diferentemente da situação anterior, da empresa A, não há entre as empresas um histórico de negócios ou um vínculo comercial que indique a qualidade do risco de crédito. Assim, as empresas dos ramos de negócios por encomenda, como máquinas, equipamentos, móveis etc., operaram com considerável risco de crédito e devem buscar especialistas e melhores procedimentos para minimizar esse risco.
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
3.1 PRODUTOS DO MERCADO DE CRÉDITO
O crédito bancário oferecido por bancos e sociedades financeiras pode ser realizado através de vários tipos de instrumentos, como, por exemplo, empréstimos pessoais, empréstimo para empresas, financiamento de longo prazo etc.
As operações de crédito, segundo as autoras Carrete e Tavares (2019, p.
92) podem ser classificadas de acordo com a finalidade do empréstimo:
· Crédito imobiliário: quando os recursos têm como objetivo a aquisição de imóveis ou a construção civil.
· Crédito para o comércio exterior: para as importações e exportações.
· Crédito agrícola ou crédito rural: quando os recursos têm como objetivo estimular o custeio e os investimentos rurais pelos produtores e cooperativas.
· Crédito ao consumidor: quando os recursos são destinados à aquisição de bens duráveis.
· Crédito educativo: quando os recursos têm como objetivo o financiamento da formação educacional.
Os bancos oferecem linhas e operações de crédito para vários setores de atividades e vários portes de empresas. A carteira de crédito para pessoas físicas (veremos em seguida) pode ser segmentada de acordo com o nível de renda. Lembrando que a política de crédito das instituições financeiras deve estabelecer os parâmetros de avaliação de risco de crédito para cada segmento de mercado.
 (
A
 
diferença
 
entre
 
a
 
pessoa
 
física
 
e
 
a
 
pessoa
 
jurídica
 
é
 
que,
 
enquanto
 
o
 
termo “pessoa física” se refere a um indivíduo concreto, a pessoa jurídica representa um
 
sujeito abstrato. Em linhas gerais, a pessoa jurídica é uma entidade que reúne pessoas e
 
patrimônio com uma flnalidade, que pode ser prestar um serviço, produzir um bem ou
 
vender
 
um
 
produto.
 
São
 
exemplos
 
as
 
empresas,
 
as
 
associações,
 
as
 
fundações,
 
os
 
partidos
 
políticos, as igrejas, as administrações públicas, dentre outros. Já a pessoa física é todo
 
ser humano enquanto indivíduo, do seu nascimento até a morte. Essa designação é um
 
conceito jurídico e se refere especiflcamente ao indivíduo enquanto sujeito detentor de
 
direitos
 
e
 
de
 
deveres.
F
ONTE:<https://www
.
dicionariofinanceir
o.com/difer
enca-pessoa-fisica-e-juridica/>.
 
Acesso
 
em:
 
14
 
jan.
 
2020.
)Acadêmico, neste tópico será apresentado somente sobre o crédito às pessoas físicas. Lembrando também que há a opção de crédito às pessoas jurídicas.
TÓPICO 2 — MERCADO MONETÁRIO E MERCADO DE CRÉDITO
3.1.1 Crédito às pessoas físicas
Sabemos que a avaliação para a concessão de crédito a pessoas física pode assumir muitas modalidades, como, por exemplo, crédito pessoal (onde os recursos são liberados sem destinação específica), crédito para compra de bens duráveis ou veículo, crédito imobiliário, entre outros. As pessoas físicas demandam operações de crédito para ampliar sua capacidade de consumir bens e serviços, ou também para investir.
Para a análise e também para a decisão de crédito as instituições financeiras trabalham com sistemas estatísticos, que geram a probabilidade que é chamada de default, ou seja, a probabilidade de ocorrer inadimplência na operação. Esses modelos, segundo as autoras Carrete e Tavares (2019), utilizam como base uma ampla série de dados sobre o tomador de crédito, que tem três origens, que você pode ver na figura a seguir:
FIGURA 6 – DECISÃO DE CRÉDITO PARA PESSOA FÍSICA
FONTE: Carrete e Tavares (2019, p. 94)
A averiguação dos dados sobre a renda e patrimônio é realizado através da análise das fontes de renda e patrimônio comprovada por documentos, como, por exemplo, declaração de imposto de renda, declaração de bens, comprovante de salário, carteira de trabalho etc. Já das informações cadastrais é realizada através da análise da idoneidade, a partir das fontes de informações cadastrais como Serviço de Proteção ao Crédito, Serasa, informações bancárias etc. E, por fim, a finalidade da operação proposta é realizada através da análise da adequação da operação e da capacidade de oferecer garantias, hipoteca, fiança etc.
Uma dúvida muito comum é: quanto emprestar? Carrete e Tavares (2019,
p. 95) destacam que “a capacidade de crédito da pessoa física será definida a partir da capacidade de pagamento, ou seja, o fator básico para o dimensionamento do limite do crédito é o cálculo da chamada renda disponível”. É importante ressaltar que essa renda disponível considera todas as fontes mensais regulares de renda subtraídas das obrigações mensais. As autoras também destacam que:
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
Além da avaliação das entradas mensais regulares, deve-se considerar a capacidade do cliente em se adaptar a diferentes situações conjunturais, ou seja, avaliar como os fatores macroeconômicos como variação cambial, queda na atividade econômica etc. afetam a renda e o patrimônio do proponente de crédito. Às fontes regulares podem ser somadas rendas de cônjuge e outros familiares (CARRETE; TAVARES, 2019, p. 95).
Acadêmico, veja na figura a seguir como funciona o cálculo para a capacidade de pagamento de crédito para pessoa física:
FIGURA 7 – REPRESENTAÇÃO DO CÁLCULO DA CAPACIDADE DE PAGAMENTO
 (
Renda
 
disponível
) (
Obrigações
 
mensais
 
regulares
) (
Fontes
 
regulares
) 
FONTE: Carrete e Tavares (2019, p. 95)
É importante destacar que há alguns casos de pessoas físicas que possuem oscilação de renda, como, por exemplo, aquelas pessoas que recebem honorários ou que dependem de atividade agropecuária ou rendas extraordinárias. Nesses casos, a avaliação de crédito deve considerar os valores médios e a faixa de oscilação.
3.1.1.1 Modalidade de operações ou limites de crédito às pessoas físicas
As principais modalidades de crédito destinadas às pessoas físicas podem ser classificadas em dois grandes grupos:
· Limites sem destinação específica.
· Limites destinados à aquisição de determinado bem ou serviço.
Segundo as autoras Carrete e Tavares (2019, p. 96), com relaçãoaos limites de crédito às pessoas físicas sem destinação específica, temos as seguintes modalidades de crédito:
· Cheque especial: limite concedido aos correntistas das instituições financeiras para utilização em necessidades temporárias, geralmente inferiores a um mês, para que possam ser liquidadas por ocasião da entrada da renda mensal do tomador. O correntista poderá utilizar automaticamente até o limite concedido. As taxas de juros são prefixadas, definidas mensalmente e cobradas sobre o saldo efetivamente utilizado do limite de crédito.
TÓPICO 2 — MERCADO MONETÁRIO E MERCADO DE CRÉDITO
· Cartão de crédito: modalidade de crédito destinada à aquisição de bens e serviços e para saques em caixas eletrônicos até o valor do limite aprovado. As taxas são prefixadas e definidas mensalmente. Se o total dos gastos faturados for liquidado na data do vencimento do cartão, o usuário não pagará juros. Porém, ele poderá optar pelo pagamento de uma parcela mínima e financiar o saldo devedor em pagamentos mensais. Nesse caso, haverá a cobrança de juros em cada parcela. Independentemente da forma de pagamento do saldo devedor, o usuário do cartão de crédito pagará uma taxa anual de administração.
· Crédito consignado: tem como característica específica o fato de as parcelas de pagamento serem deduzidas diretamente da fonte de renda do tomador da linha de crédito. Portanto, o limite de crédito é definido pela instituição financeira de acordo com a renda do tomador.
· Crédito pessoal: nesse tipo de operação, os recursos poderão ser utilizados livremente. O saldo devedor é amortizado em parcelas que incluem o valor do principal e dos encargos cobrados. A instituição financeira poderá exigir garantias para um contrato de crédito pessoal, que podem incluir bens patrimoniais.
Já com relação aos limites destinados à aquisição de determinado bem ou serviço, temos as seguintes modalidades de crédito (CARRETE; TAVARES, 2019, p. 97):
· Crédito Direto ao Consumidor (CDC): é vinculado ao financiamento de bens ou serviços. O CDC pode ser utilizado principalmente para aquisição de veículos, novos ou usados, eletrodomésticos, máquinas e equipamentos e pode ser liquidado no longo prazo. O saldo devedor deve ser amortizado em parcelas mensais que incluem o principal e os encargos (juros e taxas da operação). Em geral, nas operações de CDC, o próprio bem financiado fica vinculado ao saldo devedor, como garantia à instituição que concedeu o crédito.
· Crédito para financiamento de veículos: é uma operação concedida especificamente para a aquisição de veículos novos ou usados e, neste caso, o empréstimo é garantido pelo bem financiado, isto é, o veículo fica alienado para a instituição financeira.
· Crédito imobiliário: destina recursos de longo prazo para aquisição, construção ou reforma de bens imóveis. O imóvel financiado é a própria garantia da operação, seja por instrumento de alienação fiduciária, seja por hipoteca.
· Outras linhas com finalidades mais específicas, como leasing, crédito rural ou crédito educativo: modalidades de crédito que também podem ser utilizadas para o financiamento de bens, principalmente veículos. Trata-se de arrendamento ou aluguel. O devedor (arrendatário) assume prestações mensais por prazos longos. Ao final do contrato, o arrendatário pode optar por comprar o bem por um valor residual preestabelecido no contrato ou devolver o bem à arrendadora. Diferentemente do financiamento para a aquisição de veículo, no leasing o veículo pertence à instituição arrendadora até a liquidação total da dívida.
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
COMITÊ DE POLÍTICA MONETÁRIA (COPOM)
O Comitê de Política Monetária (Copom) foi instituído em 20 de junho de 1996, com o objetivo de estabelecer as diretrizes da política monetária e de definir a taxa de juros. A criação do Comitê buscou proporcionar maior transparência e ritual adequado ao processo decisório, a exemplo do que já era adotado pelo Federal Open Market Committee (FOMC) do banco central dos Estados Unidos e pelo Central Bank Council, do banco central da Alemanha. Em junho de 1998, o Banco da Inglaterra também instituiu o seu Monetary Policy Committee (MPC), assim como o Banco Central Europeu, desde a criação da moeda única em janeiro de 1999. Atualmente, uma vasta gama de autoridades monetárias em todo o mundo adota prática semelhante, facilitando o processo decisório, a transparência e a comunicação com o público em geral.
Desde 1996, o Regulamento do Copom tem sido atualizado no que se refere ao seu objetivo, à periodicidade das reuniões, à composição e às atribuições e competências de seus integrantes. Essas alterações não apenas visaram aperfeiçoar o processo decisório no âmbito do Comitê, como também refletiram as mudanças de regime monetário.
Destaca-se a adoção, pelo Decreto nº 3.088, em 21 de junho de 1999, da sistemática de metas para a inflação como diretriz de política monetária. Desde então, as decisões do Copom passaram a ter como objetivo cumprir as metas para a inflação definidas pelo Conselho Monetário Nacional. Segundo o mesmo decreto, se as metas não forem atingidas, cabe ao presidente do Banco Central divulgar, em carta aberta ao Ministro da Fazenda, os motivos do descumprimento, bem como as providências e prazo para o retorno da taxa de inflação aos limites estabelecidos.
Formalmente, os objetivos do Copom são: “implementar a política monetária, definir a meta da taxa Selic e seu eventual viés, e analisar o Relatório de Inflação”. A taxa de juros fixada na reunião do Copom é a meta para a taxa Selic (taxa média dos financiamentos diários, com lastro em títulos federais, apurados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia), a qual vigora por todo o período entre reuniões ordinárias do Comitê. Se for o caso, o Copom também pode definir o viés, que é a prerrogativa dada ao presidente do Banco Central para alterar, na direção do viés, a meta para a taxa Selic a qualquer momento entre as reuniões ordinárias.
As reuniões ordinárias do Copom dividem-se em dois dias: a primeira sessão às terças-feiras e a segunda às quartas-feiras. Mensais desde 2000, o número de reuniões ordinárias foi reduzido para oito ao ano a partir de 2006, sendo o calendário anual divulgado até o fim de junho do ano anterior. O Copom é composto pelos membros da Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil: o presidente, que tem o voto de qualidade; e os diretores de
TÓPICO 2 — MERCADO MONETÁRIO E MERCADO DE CRÉDITO
Administração, Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, Fiscalização, Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural, Política Econômica, Política Monetária, Regulação do Sistema Financeiro e Relacionamento Institucional e Cidadania. Também participam do primeiro dia da reunião os chefes dos seguintes departamentos do Banco Central: Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos (Deban), Departamento de Operações do Mercado Aberto (Demab), Departamento Econômico (Depec), Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep), Departamento das Reservas Internacionais (Depin), Departamento de Assuntos Internacionais (Derin) e Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais (Gerin). A primeira sessão dos trabalhos conta ainda com a presença do chefe de gabinete do presidente, do assessor de imprensa e de outros servidores do Banco Central, quando autorizados pelo presidente.
No primeiro dia das reuniões, os chefes de departamento apresentam uma análise da conjuntura doméstica abrangendo inflação, nível de atividade, evolução dos agregados monetários, finanças públicas, balanço de pagamentos, economia internacional, mercado de câmbio, reservas internacionais, mercado monetário, operações de mercado aberto, avaliação prospectiva das tendências da inflação e expectativas gerais para variáveis macroeconômicas.
No segundo dia da reunião, do qual participam apenas os membros do Comitê e o chefe do Depep, sem direito a voto, os diretores de Política Monetária e de Política Econômica,após análise das projeções atualizadas para a inflação, apresentam alternativas para a taxa de juros de curto prazo e fazem recomendações acerca da política monetária. Em seguida, os demais membros do Copom fazem suas ponderações e apresentam eventuais propostas alternativas. Ao final, procede-se à votação das propostas, buscando-se, sempre que possível, o consenso. A decisão final – a meta para a taxa Selic e o viés, se houver – é imediatamente divulgada à imprensa ao mesmo tempo em que é expedido comunicado através do Sistema de Informações do Banco Central (Sisbacen).
As atas em português das reuniões do Copom são divulgadas às 8h30 da terça-feira da semana posterior a cada reunião, dentro do prazo regulamentar de seis dias úteis, sendo publicadas na página do Banco Central na internet (“Atas do Copom”) e para a imprensa.
Ao final de cada trimestre civil (março, junho, setembro e dezembro), o Copom publica o documento Relatório de Inflação, que analisa detalhadamente a conjuntura econômica e financeira do país, bem como apresenta suas projeções para a taxa de inflação.
FONTE: CARRETE, L. S.; TAVARES, R. Mercado financeiro brasileiro. São Paulo: Atlas, 2019.
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
· O mercado monetário envolve as operações de curto e curtíssimo prazos, proporcionando um controle ágil e rápido da liquidez da economia e das taxas de juros básicas pretendidas pela política econômica das autoridades monetárias.
· O mercado monetário é considerado a peça fundamental para liquidez em curto prazo e, assim, o governo consegue controlar a quantidade de moeda em circulação e o crédito, ou seja, a liquidez afeta diretamente a economia.
· O mercado monetário é composto, principalmente, pelos bancos comerciais e pelo Banco Central (Bacen), que executa a política monetária e regula e fiscaliza seu funcionamento.
· O mercado monetário é essencial para o estabelecimento do nível de liquidez da economia.
· No mercado monetário, os agentes participantes são os bancos comerciais e o Banco Central do Brasil (Bacen).
· O mercado de crédito é o segmento do mercado financeiro que abrange as operações de empréstimos e financiamentos, entre empresas e bancos, e a concessão de prazo para recebimento das vendas, negociada entre empresas.
· O mercado de crédito tem como objetivo suprir recursos aos agentes econômicos, pessoas físicas ou jurídicas, nas suas necessidades de consumo, operacionais e de investimento.
 (
AUTOATIVIDADE
)
1 O mercado monetário é exclusivo para operações de curto prazo, já o mercado de crédito é composto de operações de curto prazo, médio ou aleatório. Nesse sentido, defina o que é:
a) Mercado monetário
b) Mercado de crédito
2 Segundo Reis (2019), o mercado monetário é considerado a peça fundamental para liquidez em curto prazo e, assim, o governo consegue controlar a quantidade de moeda em circulação e o crédito, ou seja, a liquidez afeta diretamente a economia. Nesse sentido, explique o que é liquidez.
3 O mercado monetário é o responsável por fazer financiamentos de curto e curtíssimos prazo, isto é, os empréstimos têm duração de até um ano, assim, ele é o responsável pela liquidez monetária. Diante disso, analise as sentenças abaixo:
I- O mercado monetário é responsável pela formação das taxas de juros da economia.
II- O mercado de crédito também é conhecido por money market.
III- O mercado monetário é essencial para o estabelecimento do nível de liquidez da economia, pois ele controla e regula o fluxo da moeda convencional e da moeda escritural.
IV- No mercado monetário, os agentes participantes são os bancos comerciais e o Banco Central do Brasil (Bacen).
V- O mercado de crédito tem como objetivo suprir recursos aos agentes econômicos, pessoas físicas ou jurídicas, nas suas necessidades de consumo, operacionais e de investimento.
Agora, assinale a alternativa que corresponde as alternativas CORRETAS:
a) ( ) As sentenças I, II e V estão corretas.
b) ( ) As sentenças I, III, IV e V estão corretas.
c) ( ) As sentenças II, III, IV e V estão corretas.
d) ( ) Todas as opções estão corretas.
4 As principais funções do mercado monetário no sistema financeiro, segundo as autoras Carrete e Tavares (2019), podem ser resumidas em: executar a política monetária e garantir transferência de recursos dos agentes superavitários e deficitários. Nesse sentido, explique o que são agentes superavitários e agentes deficitários.
5 Para a análise e para a decisão de crédito, as instituições financeiras trabalham com sistemas estatísticos, que geram a probabilidade que é chamada de default. Esses modelos, segundo as autoras Carrete e Tavares (2019), utilizam como base uma ampla série de dados sobre o tomador de crédito, que tem três origens. Assinale a alternativa que corresponde corretamente a essas origens:
a) ( ) Renda disponível – Informações cadastrais – Tempo de operação.
b) ( ) Informações cadastrais – Renda líquida – Objetivo do crédito.
c) ( ) Finalidade da operação – Análise da operação – Renda e patrimônio.
d) ( ) Renda e patrimônio – Informações cadastrais – Finalidade da operação.
1 (
—
) (
TÓPICO
 
3
MERCADO
 
DE
 
CAPITAIS
 
E
 
MERCADO
CAMBIAL
UNIDADE
 
3
)INTRODUÇÃO
Acadêmico, dando continuidade ao nosso estudo dos mercados financeiros, neste tópico estudaremos sobre o funcionamento e principais operações do mercado de capitais e do mercado cambial, assim, finalizando o nosso estudo sobre os quatro principais segmentos do mercado financeiro.
As operações do mercado de capitais são de médio, longo prazos e de prazo indeterminado, envolvendo títulos representativos do capital de empresas e de operações de crédito sem intermediação financeira. Os principais títulos e valores mobiliários no mercado de capitais são os derivados do capital das empresas (ações), e os representativos de empréstimos realizados através do mercado.
Já o mercado cambial inclui as operações de conversão (troca) de moeda de um país pela de outro, determinada principalmente pela necessidade da prática de comércio internacional. O mercado de câmbio é regulamentado, controlado e fiscalizado pelo Banco Central. Os agentes que atuam nesse mercado são as caixas econômicas, sociedades distribuidoras, corretoras, agências de turismo e outras instituições autorizadas pelo Bacen.
2 MERCADO DE CAPITAIS
O mercado de capitais está estruturado de forma a suprir as necessidades de investimento dos agentes econômicos, por meio de diversas modalidades de financiamentos a médio e longo prazos para capital de giro e capital fixo. O mercado de capitais é constituído pelas instituições financeiras não bancárias, instituições componentes do sistema de poupança e empréstimo (SBPE) e diversas instituições auxiliares. Esse mercado também oferece financiamentos com prazo indeterminado, como as operações que envolvem a emissão e subscrição de ações (ASSAF NETO, 2018).
 (
Capital de giro é uma parte do investimento que compõe uma reserva de
 
recursos
 
que
 
serão
 
utilizados
 
para
 
suprir
 
as
 
necessidades
 
flnanceiras
 
da
 
empresa
 
ao
 
longo
 
do tempo. Já o capital flxo consiste no capital físico que não é consumido durante um ciclo
 
de
 
produção.
)UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
Segundo as autoras Carrete e Tavares (2019), o mercado de capitais, que também é chamado de mercado de valores mobiliários, é constituído pelas instituições que desenvolvem operações com o objetivo de proporcionar recursos de médio e longo prazos para implementação de investimentos produtivos. As autoras também destacam que:
O mercado de capitais é responsável por atender as necessidades de grande volume de recursos financeiros de longo prazo; os investidores, os agentes superavitários, podem investir nos títulos emitidos pelos agentes deficitários, os tomadores de recursos. Nesse segmento, os bancos de investimento, os bancos múltiplos com carteira de investimento, as corretoras de valores e as distribuidoras de valores mobiliários atuam como prestadores de serviços às empresas emissoras,auxiliando-as na colocação dos títulos aos investidores (CARRETE; TAVARES, 2019, p. 191).
Nesse sentido, o mercado de capitais tem como função viabilizar a transferência de recursos dos agentes superavitários (que são os investidores) para os agentes deficitários, utilizando emissão de títulos e valores mobiliários. De uma maneira geral, dizemos que as operações no mercado de capitais envolvem elevados volumes de recursos e são de longo prazo ou prazo indeterminado, como no caso das ações (CARRETE; TAVARES, 2019).
As empresas que utilizam o mercado de capitais para captação de recursos do público em geral são as de capital aberto e essa captação de recursos ocorre com a emissão de títulos mobiliários. É importante destacar que os principais títulos negociados no mercado de capitais brasileiro são as ações e as debêntures.
As ações são títulos de propriedade que representam a menor fração do capital da empresa. Seus detentores são denominados acionistas e são os proprietários do negócio. Já as debêntures são títulos de dívida. Seus detentores são denominados debenturistas e são credores da empresa. Veremos sobre esses títulos mais adiante.
TÓPICO 3 — MERCADO DE CAPITAIS E MERCADO CAMBIAL
	
	
Credor é aquele que empresta dinheiro à um indivíduo ou a uma instituição.
Carrete e Tavares (2019) destacam que os investidores do mercado de capitais podem ser classificados em quatro categorias:
· Investidores institucionais, como, por exemplo: os fundos de investimento, os fundos de previdência e as seguradoras.
· Investidores pessoas físicas.
· Investidores pessoas jurídicas.
· Investidores não residentes.
Os investidores institucionais são aqueles que possuem maior capacidade de investimento, portanto, suas decisões de investir ou não em uma empresa que está realizando abertura de capital terão importante reflexo no sucesso da operação. Por outro lado, os investidores pessoas físicas são os que possuem menor poder de compra e são classificados como varejo (CARRETE; TAVARES, 2019).
É importante destacar que, para a decisão de investimentos em ações, os investidores buscam antever a tendência das cotações. O investimento será interessante se houver perspectiva de elevação dos preços, de forma a oferecer a rentabilidade esperada. Para projetar essa tendência de preço, os investidores seguem duas escolas de análise: análise técnica ou gráfica e análise fundamentalista. As autoras Carrete e Tavares (2019, p. 195) definem essas análises como:
· Análise técnica ou gráfica: baseia-se na elaboração de gráficos de barras ou de ponto e figura elaborados a partir de preços e volumes negociados no passado. A formação de determinadas figuras e linhas de suporte ou resistência indicariam a tendência dos preços. A análise técnica pode ser particularmente útil para indicar o momento de compra ou venda – market timing.
· Análise fundamentalista: baseia-se nos fundamentos econômico- financeiros da empresa, dados setoriais, operacionais e mercadológicos. Os analistas dessa escola estudam e projetam cenários possíveis e as condições e resultados da empresa para obter índices financeiros e parâmetros para a decisão de compra ou venda.
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
2.1 AÇÕES
As autoras Carrete e Tavares (2019) destacam que as ações são títulos de propriedade, que representam a menor fração do capital da empresa e que seus detentores são denominados acionistas e são os proprietários do negócio. As autoras também alertam que o investimento em ações representa a propriedade de uma parcela do capital da empresa e, portanto, seu detentor, incorre em todo o risco do negócio, assim como os demais sócios, ou seja, passa a correr os riscos deste negócio bem como participa dos lucros e prejuízos como qualquer empresário.
Já o autor Assaf Neto (2018, p. 81), define que “as ações constituem a menor parcela (fração) do capital social de uma sociedade anônima. São valores caracteristicamente negociáveis e distribuídos aos subscritores (acionistas) de acordo com a participação monetária efetivada”. O autor também aponta que as ações podem ser emitidas com e sem valor nominal, de acordo com o registro no estatuto da companhia. Na hipótese de emissão com valor nominal, todas as ações terão valor idêntico, não podendo ainda ser emitidas novas ações com valor diferente.
Atualmente, as ações são emitidas, em sua ampla maioria, na forma escritural, sem emissão física de certificados. As ações podem ser classificadas, de acordo com a natureza dos direitos e vantagens que conferem a seus titulares, em três espécies:
· Ações ordinárias.
· Ações preferenciais.
· Ações de gozo ou fruição.
As ações ordinárias, segundo Assaf Neto (2018), apresentam como principal característica, o direito de voto, podendo, assim, essa espécie de acionista influir nas diversas decisões da empresa. O autor também destaca que:
Os acionistas ordinários deliberam sobre os destinos da sociedade, analisam e votam suas contas patrimoniais, decidem sobre a destinação dos resultados, elegem a diretoria da sociedade e podem promover alterações nos estatutos, além de deliberar sobre outros assuntos de interesse da companhia. Com relação aos dividendos, sua distribuição aos acionistas ordinários normalmente é efetuada em função do dividendo obrigatório previsto em lei, ou de acordo com o percentual previsto no estatuto da companhia, se maior ao mínimo legal (ASSAF NETO, 2018, p. 82).
Já em relação às ações preferenciais, Assaf Neto (2018) apresenta as seguintes preferências ou vantagens:
TÓPICO 3 — MERCADO DE CAPITAIS E MERCADO CAMBIAL
· Preferência no recebimento de dividendos, devendo isso ocorrer antes dos acionistas ordinários, ficando eles na dependência de saldo.
· Vantagem no recebimento dos dividendos, com a fixação de um dividendo mínimo obrigatório ou fixo (caso bastante raro nas empresas brasileiras).
· Preferência no reembolso do capital em caso de liquidação da sociedade.
· Acumulação das vantagens e preferências enumeradas.
É importante destacar que, em razão dessas vantagens na distribuição de dividendos, as ações preferenciais não possuem o direito a voto, não participando assim das deliberações da empresa. No entanto, Assaf Neto (2018) ressalta que as ações preferenciais:
[...] podem adquirir o direito de voto caso a empresa não distribua, pelo prazo de três anos consecutivos, os dividendos mínimos ou fixos a que os acionistas preferenciais fizerem jus, mantendo esse direito até a realização do referido pagamento. Esse direito ao voto dos acionistas preferenciais, se utilizado, é capaz de comprometer a posição do acionista controlador de uma sociedade (ASSAF NETO, 2018, p. 82).
As ações preferenciais podem ser divididas em classes, como, por exemplo: A, B, C etc. Cada classe de preferenciais tem seus direitos no Estatuto Social da Companhia.
Uma empresa pode optar por distribuir a seus acionistas montantes, expressos em ações, que supostamente lhes caberiam na hipótese de dissolução da companhia. Essas ações são denominadas de ações de gozo ou fruição. As ações de gozo ou fruição são colocadas em negociação em bolsa de valores, revelando interesse somente aos fundadores da companhia.
É importante destacar que a legislação prevê, ainda, que o estatuto da companhia pode autorizar que suas ações sejam mantidas em contas de depósito, em nome de seus titulares, na instituição que designar, sem emissão de certificados. Essas ações são denominadas escriturais e podem circular no mercado de capitais sem a emissão de títulos de propriedade, somente mediante extrato das instituições depositárias (ASSAF NETO, 2018).
Segundo Assaf Neto (2018), as vantagens dos investidores na aquisição de ações podem ser definidas em quatro itens:
· Dividendos.
· Bonificação.
· Valorização.
· Direito de subscrição.
UNIDADE 3 — MERCADO FINANCEIRO
QUADRO 2 – AS QUATRO VANTAGENS DOS INVESTIDORES NA AQUISIÇÃO DE AÇÕES
	
Dividendos
	É uma parte dos resultados da empresa, determinada em cada exercício social e distribuída aos acionistas sob a forma de dinheiro.

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