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Avaliação Como esta coleção está comprometida com os princípios da educação integral, o processo de construção de conhecimentos é visto de forma não fragmentada, buscando se tornar mais signi- ficativa e engajadora para os jovens. Para que isso aconteça, é preciso também adotar uma concep- ção de avaliação igualmente comprometida com os princípios da avaliação formativa e compreen- dê-la como regulação do ensino e da aprendiza- gem. Nesse sentido, da perspectiva do fazer do- cente, avaliar é: a) diagnosticar o que os estudantes já sabem sobre o objeto de estudo e de conhecimen- to, planejando ações didáticas orientadas pe- lo diagnóstico realizado; b) observar e intervir nas diferentes fases da construção do conhecimento, para apoiar os estudantes nos processos de reorientação de hipóteses, compreensões, análises e interpre- tações; c) sistematizar o que foi aprendido e comparar os resultados com as expectativas para definir os próximos passos da ação pedagógica; d) tornar a autoavaliação uma prática cons- tante entre os estudantes, de modo que pos- sam se conscientizar do que aprenderam e do que é preciso fazer para aprender mais, responsabilizando-se pelo seu próprio pro- cesso de aprendizagem. SUGESTÕES DE AMPLIAÇÃO O conceito de avaliação como regulação está na base das ideias defendidas por Phillipe Perrenoud, neste trabalho: • PERRENOUD, P. Avaliação – da excelência à regulação das aprendizagens: entre duas lógicas. Porto Alegre: Artmed, 1999. Para saber mais do assunto, consulte este artigo da pesquisadora Leonor Santos, que se embasa na avaliação como regulação para tratar do desafio de avaliar o processo de aprendizagem orientado pelo desenvolvimento de competências: • SANTOS, L. Avaliar competências: uma tarefa impossível? Educação e Matemática, Lisboa, n. 74, p. 16-21, 2003. Disponível em: http://www.educ.fc.ul. pt/docentes/msantos/Comp.pdf. Acesso: 18 set. 2020. Nessa concepção, o ato de avaliar está associa- do ao planejamento contínuo do professor e é par- te fundamental do fazer pedagógico, como desta- ca Luckesi (2011): a avaliação é um ato de investigar a qualida- de daquilo que constitui seu objeto de estudo e, por isso mesmo, retrata a sua qualidade. Desse modo, ela não soluciona nada, mas sim subsidia as decisões sobre atos pedagógicos e administrativos na perspectiva da eficiên- cia dos resultados desejados. O que implica dizer que [...] a avaliação da aprendizagem [é] um recurso subsidiário para a obtenção de re- sultados satisfatórios em ações pedagógicas planificadas no âmbito escolar (LUCKESI, 2011, p. 13 – ênfase adicionada). A avaliação processual e formativa supõe que os atos educativos sejam constantemente redimensio- nados em face das aprendizagens que os estudantes constroem, considerando os objetivos que se pre- tende alcançar. Em razão desse processo contínuo de avaliar, o planejamento precisa ser compreendido como o lugar da flexibilização, um espaço no qual o ato pedagógico se aperfeiçoa em face dos objetivos e a serviço da potencialização das aprendizagens. Nesse sentido, todos os agentes educativos estão sob análise durante uma avaliação: estudantes, pro- fessores, escola, comunidade. Nas diferentes etapas do processo de constru- ção do conhecimento, é possível contar com dife- rentes instrumentos e métodos de avaliação, a de- pender da intencionalidade pedagógica. A prova, por exemplo, pode ser um instrumento adequado para capturar um determinado momento, como uma fotografia, fazendo um recorte do processo; mas não é um instrumento adequado para, por exemplo, avaliar o desenvolvimento físico, afetivo e social dos estudantes. Para essas finalidades, a ob- servação acompanhada de registro – como relató- rios ou pequenas notas, que podem ser objeto de posterior análise – é mais eficaz. É preciso variar os instrumentos e métodos utilizados para avaliar e, nessa escolha, sempre ter em vista as intencionali- dades pedagógicas. A avaliação realizada com a intenção de diagnos- ticar os conhecimentos prévios dos estudantes ORIENTAÇÕES GERAIS | 209 V4_LINGUAGENS_Faccioli_g21At_MPG_161a223_MP.indd 209V4_LINGUAGENS_Faccioli_g21At_MPG_161a223_MP.indd 209 28/09/2020 12:4228/09/2020 12:42 possibilita conhecer e mensurar os diferentes níveis e perfis de estudantes que se encontram em uma turma, verificando competências e habilidades com as quais iniciam um determinado processo de apren- dizagem. Além disso, ela gera índices para análise do desenvolvimento individual dos estudantes e de sua condição em face do conjunto. A observação de su- cessivos processos avaliativos ao longo do tempo também serve para analisar a progressão deles e do grupo diante dos objetivos propostos. � Avaliação processual e formativa na coleção Para diagnosticar os conhecimentos prévios dos estudantes sobre os conteúdos do capítulo, a coleção propõe um primeiro momento, na seção Embarque, cujo objetivo é que eles se engajem na proposta do percurso formativo e possibilitar que ativem (e compartilhem) seus conhecimen- tos prévios sobre algum aspecto do objeto de es- tudo – relativo ao tema ou ao conceito implicado nesse objeto. Nesse sentido, essa seção pode ser realizada como uma roda de conversa, cujas per- guntas podem ser ampliadas tendo em vista o que se pretende abordar no capítulo. Espera-se que esse momento de mediação seja também um mo- mento em que você pode observar modos de par- ticipação e conhecimentos prévios que circulam na roda. Com o registro dessa observação, é pos- sível tomar decisões quanto às atividades propos- tas na sequência e aos modos de organização da turma, por exemplo. Para o acompanhamento do processo de apren- dizagem, em todos os segmentos desta coleção há questionários posicionados estrategicamente ao término de atividades ou sequências didáticas. Eles podem ser realizados individualmente ou em pe- quenos grupos e, posteriormente, retomados cole- tivamente. Esses questionários devem ser momen- tos de avaliação ou autoavaliação; por meio deles, é possível expor aos estudantes os parâmetros pelos quais estão sendo avaliados, além de incentivá-los a refletir a respeito do próprio processo de aprendi- zado. Para isso, é preciso utilizá-los para retomar os objetivos das atividades e das sequências de mo- do que os estudantes possam posicionar-se diante deles, refletindo acerca do que mais gostaram, de como se sentiram, das dificuldades, dos erros, dos problemas de articulação individual ou em gru- po, e também dos momentos em que se senti- ram menos confortáveis durante a execução das atividades. Desse modo, eles podem reconsiderar as próprias expectativas em relação aos objetivos propostos, sendo levados a formular estratégias para o autoconhecimento e reconhecimento de seus limites, dificuldades e potencialidades. Por meio dessa avaliação ou autoavaliação das aprendizagens, você pode reelaborar estratégias e tomar decisões para alcançar os objetivos propostos. É o momento de apoiar os estudantes nessa reflexão e, se necessário, planejar outras ações que colaborem para aprendizagens que ainda estão em processo. Muitas das perguntas desses questionários também levam a uma reflexão ligada ao gosto, à preferência ou à novidade desses percursos na vida dos estudan- tes. Objetiva-se, desse modo, que eles possam con- siderar a ligação entre o conteúdo e seus hábitos cotidianos, estabelecendo uma relação efetiva entre o conhecimento escolar e a vida prática. A conside- ração dos gostos e preferências nesses momentos é fundamental para encontrar afinidades e identificar habilidades relacionadas às possibilidades de atua- ção profissional e inserção social. Outro momento da coleção destinado a sistema- tizar e aplicar o que foi aprendido é a seção Desem- barque, que finaliza os capítulos. Nessa seção, há propostas de atividades com diferentes finalidades, como: eventos de culminância do processo,em que procedimentos, técnicas e produtos são comparti- lhados entre estudantes e comunidade escolar; ou mesmo o desenvolvimento efetivo de alguma ativi- dade que resulte em um produto final ligado aos conteúdos do capítulo. Esses eventos ou produções marcam o ponto de chegada esperado em relação às expectativas de aprendizagem. Ao se engajarem nessas atividades, os estudantes são convidados a sistematizar e mobilizar saberes e fazeres construídos e, por meio da observação e da análise do envolvi- mento de cada estudante no evento ou com o pro- duto, é possível ter consciência do aprendizado. A coleção disponibiliza também uma seleção de questões de exames de larga escala, no apêndice Co- nexões, que encerra cada um dos volumes. A fun- ção desses exames suscita debates ligados ao fato de que provas classificatórias podem acabar desco- ladas de uma dinâmica retroalimentar de construção 210 V4_LINGUAGENS_Faccioli_g21At_MPG_161a223_MP.indd 210V4_LINGUAGENS_Faccioli_g21At_MPG_161a223_MP.indd 210 28/09/2020 12:4228/09/2020 12:42