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AULA 1 GESTÃO DE PESSOAS Prof. Marco Antonio de Andrade 2 CONVERSA INICIAL Nossos estudos serão muito importantes para refletirmos sobre o principal recurso utilizado pelas organizações: o recurso humano. Embora as organizações utilizem diversos recursos, como a tecnologia, que está ajudando muito na gestão e nos processos, ainda assim é imprescindível e de suma importância uma análise mais aprofundada sobre as pessoas, no contexto das mudanças culturais das novas gerações, que exigem um olhar diferenciado por parte da gestão. As pessoas são o elo que nos faz viver essa jornada chamada vida, porque é por meio delas que realizamos a maior parte de nossas conquistas, sejam pessoais, profissionais ou financeiras. Nesta etapa, vamos realizar um estudo conceitual e histórico sobre a Gestão Estratégica de Pessoas. TEMA 1 – GESTÃO DE PESSOAS E A ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS O filósofo Aristóteles (384-322 a.C.) afirma que “o homem é um sujeito social que, por natureza, precisa pertencer a uma coletividade”. Dessa forma, podemos entender que nós, seres humanos, somos seres comunitários, sociais, com o dom da linguagem, capazes de pensar e realizar várias atividades. Figura 1 – Aristóteles (384-322 a.C.) Créditos: Viacheslav Lopatin/Shutterstock. 3 Nós vivemos e nos realizamos por meio de outras pessoas, dos relacionamentos com elas. Na infância, dependemos de alguém que nos alimente, nos eduque, nos dê amor e carinho. Na adolescência e juventude, os relacionamentos de amizade e coleguismo são extremamente necessários ao nosso desenvolvimento. Na escola, depois na faculdade e no ambiente organizacional, os relacionamentos são peça fundamental para alcançarmos nossos objetivos pessoais e profissionais. Os relacionamentos com as pessoas podem fortalecer um ambiente organizacional por meio de confiança, respeito, admiração, lealdade, simpatia etc. Ou podem fazer justamente o contrário, criando um ambiente tóxico e prejudicial a qualquer organização. 1.1 O ser humano e os recursos organizacionais Vamos fazer uma breve reflexão sobre a visão integral do homem, que consiste em olhar para o ser humano de maneira holística, sistêmica, considerando as camadas que o compõem: Dimensão biológica, dimensão psicológica e dimensão social, conforme o quadro a seguir (Lotz, 2015). Quadro 1 – Visão integrada do homem DIMENSÃO CARACTERÍSTICA Biológica Aspectos físicos do corpo como anatomia, fisiologia, sistema respiratório etc. As funções e disfunções dos diversos órgãos e a inter-relação de todos os sistemas. Psicológica Aspectos relativos à personalidade e ao comportamento. Essa dimensão é marcada por emoções, sentimentos, crenças, valores e modelo mental. Social Aspectos que envolvem a relação do indivíduo com o outro: família, amigos e comunidade. É marcada por fatores culturais, econômicos, ideológicos e políticos. Fonte: Elaborado com base em Lipowski, 1996; Lotz, Erika Gisele, 2015. Essa visão integrada do homem permite-nos entender o ser humano na perspectiva de que este é um ser biopsicossocial e sistêmico, o que equivale a afirmar que qualquer alteração em uma dessas dimensões exercerá forte impacto sobre as outras (Lotz, 2015). Observando e analisando o trabalho na perspectiva social, contempla relações que criam padrões de comportamento na sociedade (Lotz, 2015). O autor Erikson (1976) nos brinda com a explicação teórica do desenvolvimento, comentando que à medida que o ser humano se desenvolve e entra em contato 4 com a realidade dos papéis sociais, percebe que sua inserção na sociedade pressupõe desempenhos (Lotz, 2015). O autor Lacombe (2005, p. 8) define uma organização como “um grupo de pessoas que se constitui de forma organizada para atingir objetivos comuns”. Existem inúmeras organizações de diferentes tamanhos e complexidades, como escolas, universidades, hospitais, e junto delas, uma diversidade de pessoas que são necessárias para fazer toda a estrutura de processos internos organizacionais funcionar de maneira eficiente e eficaz. Nesse contexto, cabe entendermos como o ser humano é inserido e exerce papel fundamental para os objetivos organizacionais. Todas as organizações, para alcançar suas metas de lucratividade e produtividade de maneira eficiente e eficaz, precisam utilizar recursos que as ajudem e auxiliem no alcance desses objetivos. Os quatro recursos utilizados pelas organizações para o alcance dos objetivos são os recursos financeiros, recursos materiais, recursos humanos e recursos tecnológicos. Cada um desses recursos tem funções muito importantes para as organizações, embora o primordial e que impacta em todos seja o recurso humano. TEMA 2 – EVOLUÇÃO DA GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES Analisando historicamente, logo após a Revolução Industrial, no final do século XVIII e no início do século XIX, surgiram alguns autores essenciais que nos deram a base do que conhecemos hoje como gestão. Taylor, Ford, Fayol e Weber nos presentearam com o Planejamento, Organização, Direção e Controle (PODC), como se fosse um roteiro, uma receita de bolo para as organizações alcançarem resultados. Figura 2 – Taylor, Ford, Fayol e Weber Créditos: CC-PD; Biblioteca do Congresso/CC-PD; Ernesto Gottmann/cdn.britannica/CC-PD. 5 Na década de 1930, esse roteiro foi colocado à prova por uma mulher, precursora da escola das relações humanas, chamada Mary Parker Follet, que questionou o porquê de algumas organizações conseguirem melhores resultados do que outras, mesmo usando os princípios da gestão, do roteiro PODC. Figura 3 – Mary Parker Follet (1868-1933) Crédito: vectorstudy/CC-PD. A conclusão das pesquisas de Mary Parker trouxe à tona uma variável que até hoje é estudada por inúmeros pesquisadores: os relacionamentos humanos. Parker, juntamente com outros autores, iniciou o que depois foi cunhado pelo autor Elton Mayo como sendo a Escola das Relações Humanas. Nada mais coerente, afinal, os funcionários eram pessoas que conviviam mais de oito horas juntos, trabalhando em departamentos e em inúmeros processos. Figura 4 – Elton Mayo (1880-1949) Crédito: Biblioteca Estadual do Sul da Austrália/CC-PD. 6 Elton Mayo idealizou a Teoria das Relações Humanas, trazendo o viés da necessidade de investir nas pessoas por parte das empresas, defendendo que os trabalhadores influenciam diretamente na qualidade, produção e no desempenho das organizações. Por meio de seus estudos, Mayo influenciou as organizações a perceberem seus grupos internos, pois esses grupos poderiam influenciar na produtividade e no desempenho individual, e consequentemente nos indicadores das organizações. Após a escola das relações humanas, surgiram outras teorias para entender as pessoas dentro das organizações, mas todas com o mesmo interesse e certeza: o recurso humano faz toda a diferença em qualquer organização. Ao longo da história, a Gestão de Pessoas já foi chamada de Administração de Pessoal, Relações Industriais e Administração de Recursos Humanos (Gil, 2007). No final do século XX, apareceram e tornaram-se populares outros nomes, como Gestão de Talentos, Gestão de Parceiros e Gestão do Capital Humano. Quadro 2 – Fases da Administração de Recursos Humanos Fase contábil: antes de 1930 Primeira fase da gestão de pessoal, que era centralizada na contabilidade da produção e das horas trabalhadas (Dutra, 2009). Fase legal: 1930 a 1950 Em 1930, criou-se o Ministério do trabalho; em 1943, foi instituída a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) por Getúlio Vargas. Fase tecnicista: 1950 a 1965 Indústria automobilística no Brasil implantada no governo de Juscelino Kubitschek. Surge a figura do gerente de Relações Industriais, gerente de RH, Recrutamento e Seleção, Treinamento,Higiene e Segurança, entre outros. Fase administrativa: 1965 a 1985 Surge o movimento “novo sindicalismo” e mudanças com reivindicações das bases trabalhistas. Desaparece o Gerente de Relações Industriais e prevalece o Gerente de RH. Fase estratégica: 1985-atualidade Surgem os programas de Planejamento Estratégico e a preocupação com os funcionários passa a ser de longo prazo. O papel do Gerente de RH passa para o nível estratégico de diretoria e passa a cuidar de aspectos estratégicos ligados às pessoas em parceria com outros setores. Desenvolvimento pessoal e motivação passam a ser preocupações centrais para o aumento da produtividade (Fidelis; Banov, 2009. Fonte: Marras, 2011, p. 11. Atualmente, os movimentos de transformação são característicos do ambiente empresarial no Brasil e no mundo, e segundo Albuquerque (2002), a preocupação com a qualificação e com o desenvolvimento dos funcionários são 7 os impactos mais importantes, pois interferem diretamente na área de Gestão Estratégica de Pessoas. A competitividade exigida pela globalização, os avanços tecnológicos e do conhecimento exigem que as organizações se atualizem e desenvolvam estratégias para alcançar lucros e manter-se no mercado, e nesse contexto, a importância do termo Gestão Estratégica de Pessoas. TEMA 3 – PARTICULARIDADES DA GESTÃO DE PESSOAS NO CONTEXTO ATUAL Observando a grande importância dos Recursos Humanos e da Gestão Estratégica de Pessoas, cabe aqui um maior aprofundamento do que se entende por estratégia e Gestão Estratégica em Recursos Humanos. Albuquerque (2002) comenta que é difícil uma definição que traduza de forma fiel e plena os diferentes significados dos termos, pois existem várias escolas de pensamento em Administração Estratégica. Entretanto, Albuquerque apresenta uma sistematização de pontos em comum entre as definições de estratégia das diferentes escolas, conforme o quadro a seguir. Quadro 3 – Pontos comuns das definições de estratégia A estratégia dá a direção e fornece o direcionamento da empresa, prevendo consistência. A estratégia resulta de um processo de decisão. As decisões são primordialmente de natureza qualitativa e interferem no todo da organização, buscando eficácia a longo prazo. A estratégia abrange a organização e sua relação com o ambiente. A estratégia envolve questões de conteúdo e de processo em diferentes níveis. Fonte: Elaborado com base em Albuquerque, 2002. No Quadro 3, verifica-se que os termos decisão, direcionamento, eficácia, relação com o ambiente e processo aparecem como pontos em comum nas diferentes escolas de Administração Estratégica, elencados pelo autor Albuquerque (2002). Buscaremos um comentário pertinente do autor Marras (2011) sobre as transformações das práticas tradicionais de RH, que se tornaram práticas estratégicas, necessitando desenvolver políticas e ações que influenciem a 8 vontade do trabalhador, promovam um ambiente laboral que traga satisfação, desenvolvimento pessoal e profissional para adaptação ao atual cenário empresarial. 3.1 Mundo Vuca e Mundo Bani Para analisarmos de forma mais aprofundada a Gestão de Pessoas em um contexto atual nas organizações, é necessário entendermos o mundo real e sem ilusões, observando o estado atual em que estamos vivendo e assim buscarmos possibilidades. Nesse contexto, podemos refletir sobre como as coisas estão mudando e evoluindo de maneira rápida, tão rápida que ficamos muitas vezes sem entender e sem ter a dimensão dessa rapidez. A variável tecnologia, tão necessária e que trouxe mudanças gigantescas à nossa realidade, molda negócios, hábitos e a forma com que as pessoas veem o mundo e se relacionam. Procurando explicar o resultado dessas mudanças, podemos entender o conceito Mundo Vuca, para assim alinharmos com o contexto de Gestão de Pessoas. Esse conceito não é novo, foi criado na década de 1980, depois da Guerra Fria, por estrategistas militares da United States Army War College (USAWC) e finalmente se espalhou no mundo dos negócios nos últimos 20 anos (Pimenta, 2021). O Mundo Vuca é uma maneira simples de descrever uma situação de mundo complexa por meio de quatro elementos principais: • V – Volatilidade: falta de estabilidade e previsibilidade; • U – Incerteza: falta de capacidade de prever quais mudanças importantes podem vir; • C – Complexidade: o mundo se movendo de maneiras que os especialistas nunca viram antes; • A – Ambiguidade: problemas em entender qual é o melhor curso de ação. Durante o Mundo Vuca, vimos crescer a conectividade e a digitalização, e isso trouxe uma aceleração para o mundo (Pimenta, 2021). 9 Figura 5 – Mundo Vuca A evolução desses conceitos fez nascer, quase um ano depois do início da pandemia de Covid-19 no Brasil (2021), o Mundo Bani, que veio para substituir o modelo anterior, que se mostrou insuficiente perante as demandas que surgiram e que ainda podem surgir. As pessoas físicas e jurídicas não deram conta de atravessar a crise da Pandemia e suas mudanças somente com as características do conceito de mundo Vuca (Petrocelli, 2021). Figura 6 – Conceito de Bani Fonte: Mundo Bani, [S.d.]. 10 O conceito Bani foi apresentado pelo futurista e antropólogo americano Jamais Cascio. Segundo ele, é uma forma de explicar que “algumas das mudanças que vemos acontecendo na política, meio ambiente, sociedade e tecnologia, embora familiares, são estressantes como nunca vimos antes”. Além disso, “muitas das convulsões em curso não são familiares, são surpreendentes e completamente desorientadoras. Elas se manifestam de maneiras que não apenas aumentam o estresse que sentimos, mas também multiplicam esse estresse”. Apesar do tom aparentemente catastrófico de suas palavras, devemos ressaltar que o Mundo Bani não é bom nem ruim. É, em essência, uma mudança e toda mudança implica em oportunidade e risco. Soma-se a todo esse contexto as mudanças de gerações, de pessoas nascidas a partir de 2010, que estarão impactando diretamente o consumo e o mundo corporativo com novas e desafiadoras oportunidades e conflitos. TEMA 4 – TENDÊNCIAS FUTURAS DA GESTÃO DE PESSOAS Com o entendimento do Mundo Vuca e Bani, e no contexto pós-pandemia de Covid-19 em 2024, podemos perceber algumas tendências e desafios futuros para a Gestão de Pessoas (Melo, 2021). Existem muitos fatores que influenciam a forma como compreendemos o mundo e agimos nele, e o ambiente de trabalho, composto por pessoas com visões, valores e idades bem distintas, pode gerar conflitos que afetam diretamente os resultados das organizações. Um estudo realizado pela ASTD Workforce Development, feito em parceria com a VitalSmarts, aponta discordâncias, como a necessidade da Geração Y (Millennials, nascidos entre 1981 e 2000), de revolucionar o mercado e o receio dos mais velhos em relação a mudanças (Melo, 2021). Esse conflito pode não só afetar o clima corporativo, mas também comprometer os resultados de uma empresa, pois o estudo mostra que um em cada três (35,39%) admite que sua companhia gasta pelo menos cinco horas de trabalho por semana em conflitos entre gerações, o que representa uma perda de produtividade de cerca de 12%, um dado preocupante para qualquer organização (Melo, 2021). Esse fato certamente deve ser analisado de forma mais profunda pelo departamento de RH das organizações, pois a chegada das novas gerações como consumidores e colaboradores é uma realidade inevitável. 11 4.1 Tecnologia nos subsistemas de RH, diversidade e inclusão Que a tecnologia veio transformar muitas coisas em nossas vidas é um fato, e podemos perceber que, no que diz respeito à Gestão de Pessoas, ela pode ser também uma aliada (Rigon, 2023). Chiavenato (2014) denomina as atividades de Gestão de Pessoas em seis processos básicos: agregar pessoas, aplicar pessoas,recompensar pessoas, manter pessoas, desenvolver pessoas e monitorar pessoas. A tecnologia vem impactando de forma considerável cada um desses seis processos. A Inteligência Artificial (IA), no subsistema de Recrutamento e Seleção, por exemplo, está transformando a maneira como se encontra e seleciona talentos, tornando o processo rápido e eficiente. A IA ajuda com seus filtros a fazer uma melhor triagem de currículos e identificar candidatos com melhor perfil, promovendo um processo mais justo e diversificado, e proporcionando mais tempo para que os recrutadores se concentrem em construir relações humanas significativas (Rigon, 2023). Nesse mesmo contexto de tecnologia, as ferramentas de Gestão de Pessoas de hoje são mais acessíveis e fáceis de usar, permitindo coletar, analisar e interpretar dados de maneira eficiente, transformando essas informações em insights para se tornarem ações concretas e que façam diferença nos processos internos (Rigon, 2023). Ao analisarmos possíveis tendências de RH, certamente a questão da diversidade nos traz muito mais do que apenas diferenças de gênero, raça ou idade, acolhendo uma variedade de experiências de vida, habilidades e modos de pensar. Cada membro da equipe traz um conjunto de características e experiências únicas, de modo que quando a organização se compromete verdadeiramente com esses valores, não só constrói uma equipe mais forte e criativa, como também cria um local de trabalho onde todos têm oportunidades e podem prosperar (Rigon, 2023). TEMA 5 – GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS A abordagem que busca implementar várias formas de gerenciamento de Recursos Humanos é entendida como Gestão Estratégica de Pessoas, que visa alinhar as práticas de Gestão de Pessoas às metas e objetivos estratégicos das organizações. Nesse contexto, os Recursos Humanos representam um dos fatores críticos de sucesso em um contexto de competitividade, pois são as 12 pessoas as principais responsáveis por desenvolver as competências essenciais das organizações e transformá-las em produtos, processos e serviços que agreguem valor à empresa (Garai et al., 2009). 5.1 O RH como parceiro estratégico Parcerias sempre são estratégicas no mundo organizacional, e com a Gestão de Pessoas não é diferente. Nesse contexto, o autor Ulrich (1998) define parceiro estratégico como aquele que vai converter a estratégia em ação, e ser estratégico é estar alinhado às estratégias da organização (Garai et al., 2009). Entretanto, para a área de RH se tornar estratégica, o autor aponta cinco desafios. Quadro 4 – Cinco desafios da área de RH 1. A estratégia deve ser “praticável”. 2. O RH deve ser responsável por todas as dimensões, e não apenas pelos funcionários. 3. Deve haver alinhamento do RH ao planejamento estratégico da empresa. 4. Deve fugir das soluções rápidas ou aparentes. 5. Identificar e aumentar as capacidades que possibilitem a implementação da estratégia e/ou fomentar novos produtos. Fonte: Ulrich, 1998. Atuar estrategicamente pressupõe assumir uma visão sistêmica, observando os avanços ocorridos nas últimas décadas que têm levado as empresas a buscarem novas formas de gestão com a intenção de aprimorar o desempenho, alcançar resultados e atingir a missão institucional. Somando esses fatores, tem-se o pleno atendimento das necessidades dos clientes. Assim, podemos afirmar que o sucesso das organizações depende do investimento nas pessoas, identificando, aproveitando e desenvolvendo o capital intelectual. A real vantagem competitiva no mercado não está somente representada no financeiro ou nos altos investimentos em maquinário e tecnologias, mas sim nas pessoas que compõem a organização, que movimentam tudo isso no dia a dia (Barbosa, 2014). Nesse sentido, permite-se o alinhamento da estratégia de RH à estratégia do negócio num modelo que busque a interação entre ambiente externo e interno, que dê suporte à competitividade, com ênfase na gestão de mudanças, na construção de uma cultura estratégica e que permita uma avaliação permanente (Garai et al., 2009). 13 5.2 Prioridades e tendências para Gestão Estratégica de Pessoas De acordo com Longenecker et al. (2005), mesmo com a intensificação da utilização da tecnologia no ambiente das pequenas empresas, o papel das pessoas não deixa de ter importância, muito pelo contrário, ganha maior relevância, por aumentar ainda mais a complexidade das relações e a necessidade de competências se desloca para outro nível (Barbosa, 2014). Uma pesquisa inédita do ecossistema Great People & Great Place to Work (GPTW) revelou as 14 principais prioridades das empresas para a Gestão de Pessoas em 2024 (Passos, 2024). Entre as principais estão o desenvolvimento e capacitação das lideranças, cultura organizacional, engajamento das equipes, comunicação interna e ações de saúde mental. A pesquisa também apontou a queda de interesse dos gestores em assuntos como diversidade e inclusão e inteligência artificial (Passos, 2024). Quadro 5 – Prioridades das empresas para a Gestão de Pessoas em 2024 1. Desenvolvimento e capacitação das lideranças Este aspecto foi destacado por 43,6% das empresas participantes e é visto como crucial para o sucesso organizacional. 2. Cultura organizacional Com 35,9% das menções, a cultura organizacional é vista como um pilar fundamental para o alinhamento e a motivação dos colaboradores. 3. Engajamento das equipes O engajamento das equipes foi apontado por 32,2% das empresas como uma prioridade, enfatizando a importância da participação ativa dos funcionários nos objetivos da empresa. 4. Comunicação interna Citada por 29,9% das organizações, a comunicação interna eficaz é essencial para manter todos informados e alinhados com as metas e valores da empresa. 5. Ações de saúde mental Com 28,9% das indicações, as ações de saúde mental refletem uma crescente preocupação com o bem-estar emocional e psicológico dos colaboradores. Fonte: Great People & Great Place to Work (GPTW). O desenvolvimento e a capacitação das lideranças continuam sendo uma prioridade das companhias por diversos motivos, como o impacto na performance organizacional, mudança no ambiente de negócios, retenção de talentos, desenvolvimento de equipes, gestão de crises e comunicação e feedback (Passos, 2024). Nesse contexto, investir no desenvolvimento e na capacitação 14 das lideranças é uma estratégia que visa fortalecer todos esses aspectos, o que justifica sua posição como prioridade nas empresas em 2024 (Passos, 2024). 15 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, L. G. A Gestão Estratégica de Pessoas. In: BOSCHINI, R. 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CONVERSA INICIAL TEMA 1 – GESTÃO DE PESSOAS E A ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 1.1 O ser humano e os recursos organizacionais TEMA 2 – EVOLUÇÃO DA GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES TEMA 3 – PARTICULARIDADES DA GESTÃO DE PESSOAS NO CONTEXTO ATUAL 3.1 Mundo Vuca e Mundo Bani TEMA 4 – TENDÊNCIAS FUTURAS DA GESTÃO DE PESSOAS 4.1 Tecnologia nos subsistemas de RH, diversidade e inclusão TEMA 5 – GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS 5.1 O RH como parceiro estratégico 5.2 Prioridades e tendências para Gestão Estratégica de Pessoas REFERÊNCIAS