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CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 1 DIREITO EMPRESARIAL | PONTO 8 Teoria Geral da Recuperação da empresa. Recuperação judicial e recuperação extrajudicial. Processo da recuperação. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 2 CURSO MEGE Site para cadastro: https://loja.mege.com.br/ Celular / Whatsapp: (99) 98262-2200 Turma: Clube da Magistratura Material: Ponto 8 (Direito Empresarial) Professor: Luiz Vinicius Holanda MATERIAL DE APOIO (Ponto 8) CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 3 SUMÁRIO CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA RODADA ...................................................................... 4 DIREITO EMPRESARIAL ..................................................................................................... 5 1. DOUTRINA (RESUMO) ................................................................................................... 6 1.1. DIREITO RECUPERACIONAL ....................................................................................... 6 1.2. RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL ............................................................................... 24 3. JURISPRUDÊNCIA ........................................................................................................ 27 4. QUESTÕES ................................................................................................................... 35 5. GABARITO COMENTADO ............................................................................................ 43 CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA RODADA (Conforme Edital Mege) DIREITO EMPRESARIAL – Professor Luiz Vinicius Holanda Teoria Geral da Recuperação da empresa. Recuperação judicial e recuperação extrajudicial. Processo da recuperação. (Ponto 8) CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 5 DIREITO EMPRESARIAL (conteúdo atualizado em 14-07-2023) APRESENTAÇÃO Olá, pessoal! Visto o ponto com as noções gerais sobre o direito falimentar e recuperacional, cabe-nos abordar a recuperação judicial. É o próximo tema seguindo a sequência da legislação e o mais correto para a melhor compreensão do assunto, uma vez que antes de entender o que é falência, seu processo e seus efeitos, deve-se compreender qual a possibilidade legal de salvar empresas viáveis da falência. Vou apenas ressaltar a importância deste assunto, que foi recentemente reformado e caiu EM TODAS (sim, TODAS) as provas de Magistratura Estadual de 2021 e 2022). Então, vamos à RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Luiz Vinicius CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 6 1. DOUTRINA (RESUMO) 1.1. DIREITO RECUPERACIONAL A recuperação judicial é, em apertada síntese, o procedimento pelo qual o empresário busca superar a crise instalada. Veio substituindo a concordata, regulamentada no Decreto-Lei nº 2.661/1945. Para relembrar o que era a concordata, é importante dizer que concordata era um direito do devedor. Os credores não tinham muita participação no processo. O juiz verificava se o devedor preenchia os requisitos e deferia a concordata, os credores não tinham papel nisso. Ao contrário, na recuperação judicial, a decisão cabe aos credores. Após apresentação do plano de recuperação judicial pelo devedor, os credores vão deliberar sobre o plano e sua aprovação ou não. Mas qual a necessidade de existir uma lei que traz vantagens para uma empresa em dificuldade? Há algum ganho para a sociedade nisso? A verdade, meu amigo, é que sim. A doutrina aponta, em geral, quatro benefícios para esse favorecimento de uma empresa em dificuldade: (a) da preservação da empresa, (b) da manutenção de empregos e (c) da fonte produtora, bem como (d) do desenvolvimento da atividade empresarial na região afetada. Desses benefícios, para fins de concurso, é importante falar um pouco mais sobre o princípio da preservação da empresa. Este princípio vem citado no art. 47 da LFRE e possui como finalidade permitir a recuperação das empresas e/ou empresário em crise, preservando a empresa e reconhecendo a sua função social. Quem se submete à recuperação judicial? O empresário regular. Quais créditos podem compor a recuperação? Estão sujeitos à recuperação judicial todos créditos vencidos ou vincendos existentes na data do pedido. ATENÇÃO! Os créditos derivados de honorários advocatícios contratados ou sucumbenciais são verbas trabalhistas, sujeitos à recuperação judicial mesmo que decorrentes de condenação proferida após o pedido de recuperação (STJ, REsp. 1.377.764/MS). Créditos EXCLUÍDOS da recuperação: a) créditos posteriores ao pedido de recuperação. b) dívida tributária. c) art. 49, § 3º: ▪ propriedade fiduciária; ▪ arrendamento mercantil (leasing); ▪ compra e venda com reserva de domínio; CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 7 ▪ compra e venda de bem imóvel com cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade. NÃO se permitirá, contudo, durante o prazo de suspensão das execuções, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais à sua atividade empresarial. d) ACC – Adiantamento de Contrato de Câmbio. e) decorrentes de repasse de recursos oficiais. NÃO se submetem aos efeitos da recuperação judicial: (a) os créditos garantidos por alienação fiduciária de bem não essencial à atividade empresarial (STJ, CC 131.656/PE); (b) os patrimônios de afetação, prevalecendo os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação respectiva. 1.1.1. PROCEDIMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL a) fase postulatória = inicia com o requerimento pleiteando o benefício apresentado pelo devedor em crise e encerra no despacho judicial mandando processar o pedido. LEMBRE-SE = a recuperação poderá ser requerida pelo devedor, seu cônjuge sobrevivente, herdeiros, inventariante ou sócio remanescente. b) fase deliberativa = inicia-se com o despacho judicial mandando processar o pedido, perpassando a verificação dos créditos e a aprovação de um plano de recuperação (ou reorganização); finda com a decisão concessiva do benefício. c) fase executória = tem gênese na decisão concessiva do benefício, transcorre a fiscalização do cumprimento do plano aprovado e conclui-se na sentença que encerra o processo. A. FASE POSTULATÓRIA •Requerimento •Despacho ordenando o processament o do pedido POSTULAT ÓRIA • Verificação dos créditos • Aprovação do plano de recuperação DELIBERA TIVA• Fiscalização do cumpriment o do plano EXECUTÓRIA CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 8 Só pode ser provocada pelo próprio devedor em crise (cônjuge sobrevivente, herdeiros, inventariante ou sócio remanescente) – a recuperação é SEMPRE facultativa. Legitimidade ativa: somente o devedor empresário individual, sociedade empresária em atividade regular há mais de 2 anos. O credor NÃO tem legitimidade para requerer recuperação do devedor. Em caso de morte do empresário individual, sua recuperação pode ser requerida pelo cônjuge sobrevivente, herdeiros ou inventariante. NÃO podem pedir recuperação: a) sociedades em comum. b) sociedade de economia mista¹. c) cooperativas¹. d) sociedades simples¹. e) instituições financeiras². f) entidades integrantes do sistema de distribuição de títulos e valores imobiliários no mercado de capitais². g) corretoras de câmbio². h) seguradoras². i) operadoras de planos privados de assistência à saúde². ¹ não podem falir. ² razões ligadas à regulamentação econômica. PRESSUPOSTOS para requerer recuperação (art. 48): a) não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes. Salvo o reabilitado (teve declaradas extintas suas obrigações por sentença), e ainda exceto se, antes da quebra, requereu a recuperação judicial e não a cumpriu. No prazo da contestação no processo falimentar, o devedor poderá pleitear sua recuperação. b) existir regularmente há mais de 2 anos. É possível a desconsideração da personalidade em favor da sociedade para viabilizar a recuperação de pessoa jurídica constituída há menos de 2 anos, mas pertencente a grupo societário mais antigo (TJSP). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 9 c) não ter obtido recuperação judicial (tanto ordinária quanto especial de ME/EPP) há menos de 5 anos, contados da concessão (pode ter obtido recuperação extrajudicial, mesmo homologada). d) os sócios controladores e administradores não terem sido condenados por crime falimentar (art. 48, caput, e incisos I e IV). Há uma polêmica sobre a legitimidade do produtor rural para pleitear a sua recuperação judicial, em virtude de ele não ser obrigado a se registrar na junta comercial. O STJ, pacificando o tema, decidiu, sob a sistemática dos recursos repetitivos, entendeu que em se tratando de sociedades ou empresários rurais, cuja inscrição perante o Registro Público de Empresas Mercantis é facultativa, é possível o cômputo do período de atividade rural anterior ao registro na Junta Comercial para fins de preenchimento do requisito temporal (2 anos). Ainda, fala o STJ que as dívidas anteriores ao seu registro na Junta Comercial também se sujeitam ao plano de recuperação (enunciado 96 da III Jornada de Direito Comercial). ATENÇÃO! “Ao produtor rural que exerça sua atividade de forma empresarial há mais de dois anos, é facultado requerer a recuperação judicial, desde que esteja inscrito na Junta Comercial no momento em que formalizar o pedido recuperacional, independentemente do tempo de seu registro.” (STJ. 2ª Seção. REsp 1.905.573-MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/06/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1145) (Info 743)). Explicando melhor esse julgado, o STJ definiu que o empresário rural, para fazer o pedido de recuperação judicial, deve estar registrado. Portanto, o registro empresarial deve ser anterior ao pedido de recuperação judicial. Porém, o prazo exigido pelo “caput” do art. 48 (2 anos) não precisa ser exercido após o registro. No caso de empresário rural, o exercício da atividade econômica rural pelo prazo de 2 anos pode ser computado somando-se ao período anterior e posterior ao registro. Dessa feita, o registro empresarial deve, sim, ser realizado antes da impetração da recuperação judicial (critério formal). Contudo, a comprovação da regularidade da atividade empresarial pelo biênio mínimo (art. 48 da Lei nº 11.101/2005) será aferida pela manutenção e continuidade do exercício profissional (critério material). Por último, podemos dizer que o registro do empresário rural, além do efeito constitutivo (de equipará-lo ao empresário sujeito a registro), possui efeito declaratório, pois apenas declara sua condição de empresário (que já existia antes do registro). A reforma da Lei 14.112/2020 tratou do assunto, buscando trazer uma maior segurança jurídica aos casos de recuperação judicial dos produtores rurais. Nos §§ 2º a 5º do art. 48, tratam da comprovação do exercício da atividade rural; e, nos §§ 6º a 9º do art. 49, tratam da sujeição dos créditos aos efeitos da recuperação judicial. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 10 O ponto mais importante dessa novidade da reforma da LFRE, tratando do produtor rural, fica no § 3º do art. 48, pois ele permite que o produtor rural mesmo como pessoa física peça a recuperação judicial, obedecendo ao limite do art. 70-A: Art. 70-A. O produtor rural de que trata o § 3º do art. 48 desta Lei poderá apresentar plano especial de recuperação judicial, nos termos desta Seção, desde que o valor da causa não exceda a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais). O procedimento falimentar pode ser colocado em marcha por requerimento: FORMALIDADE DE INSTRUÇÃO DA PETIÇÃO INICIAL (art. 51): Exposição das causas da situação crítica. Demonstrações contábeis e relatório da situação da empresa (relativas aos últimos três exercícios sociais). Relação nominal completa dos credores, sujeitos ou não à recuperação judicial. Relação integral dos empregados. Certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores Lista dos bens particulares do sócio ou acionista controlador e administradores. Extratos bancários e de investimento das contas do devedor. Certidões de protesto. Relação das ações judiciais em andamento. A relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais e procedimentos arbitrais em que este figure como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados (NOVIDADE!). O relatório detalhado do passivo fiscal (NOVIDADE!). A relação de bens e direitos integrantes do ativo não circulante, incluídos aqueles não sujeitos à recuperação judicial (NOVIDADE!). ATENÇÃO! A reforma da LFRE trouxe, no novo art. 51-A, a figura da CONSTATAÇÃO PRÉVIA NA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Este instituto tem a finalidade de, através de um profissional apontado pelo juiz, conferir a regularidade da documentação apresentada pela empresa e a sua real situação fática. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 11 Conforme redação dada pelo art. 51-A, após a distribuição do pedido de recuperação judicial, o juiz pode antes de julgar pelo deferimento ou indeferimento do processamento da recuperação judicial, nomear profissional de sua confiança, com capacidade técnica e idoneidade, para promover a “constatação exclusivamente das reais condições de funcionamento da requerente e da regularidade e da completude da documentação apresentada com a petição inicial”.Estando em ordem a petição (legitimidade ativa + adequada instrução), o juiz mandará processar a recuperação judicial, através de despacho de processamento (LFRE, art. 52) pelo qual: a) nomeia administrador judicial. b) suspende todas as ações e execuções contra o devedor, até a deliberação sobre o plano de recuperação ou passado o prazo de respiro (180 dias, prorrogável uma única vez). c) intima o MP. d) comunica por carta as Fazendas Públicas. ATENÇÃO! Enunciado 52 da I Jornada de Direito Comercial: A decisão que defere o processamento da recuperação judicial desafia agravo de instrumento. O stay period ou prazo de suspiro é tratado no art. 6º da LFRE e é possível concluir da sua leitura que a regra é a suspensão das ações e execuções individuais contra o devedor que teve o processamento da recuperação judicial deferido. Contudo, a lei excepciona nesta regra: as ações que demandam quantia ilíquida (LFRE, art. 6º, § 1º), as reclamações trabalhistas (LFRE, art. 6º, § 2º), as execuções fiscais (LFRE, art. 6º, § 7º-B), os procedimentos arbitrais (LFRE, art. 6º, § 9º) e as ações e execuções movidas por credores de créditos excluídos do plano (LFRE, art. 49º, §§ 3º e 4º). O prazo legal é de 180 dias (contado em DIAS CORRIDOS – STJ, REsp. nº 1.698.283/GO, j. 21/05/2019). Havia grande discussão sobre a possibilidade de prorrogação deste prazo. A jurisprudência do STJ admitia, especialmente quando a demora não pode ser atribuída ao devedor; a doutrina, por sua vez, também permitia (vide enunciado 42 da I Jornada de Direito Comercial). A reforma da LFRE alterou a redação do § 4º do art. 6º e sanou de vez qualquer discussão sobre o tema, permitindo a prorrogação, uma única vez, por igual período, em caráter excepcional e desde que o devedor não haja concorrido com a superação do lapso temporal. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 12 ATENÇÃO! A suspensão de que cuida o art. 6º (stay period) é temporária em relação à Recuperação Judicial, cessando quando ocorrer (cessa no que ocorrer primeiro): a) com a finalização do próprio prazo de 180 dias; b) após aprovação do plano de recuperação judicial, que implica novação da dívida. ATENÇÃO! Enunciado 43 da I Jornada de Direito Comercial: a suspensão das ações e execuções previstas no art. 6º da Lei n. 11.101/2005 não se estende aos coobrigados do devedor. O processo de falência é suspenso tão só pela impetração regular do pedido de recuperação judicial no prazo da contestação (LFRE, art. 95) – não depende do referido despacho. ATENÇÃO! Não confundir o deferimento do processamento da recuperação (admitir que se delibere a possibilidade de recuperação, com verificação da vontade dos credores - art. 52) com a concessão da recuperação (aceitação do plano pela inexistência de impugnação, aprovação em assembleia ou pelo juiz - art. 58). DEFERIR O PROCESSAMENTO (art. 52) CONCEDER A RECUPERAÇÃO (art. 58) Admitir que se delibere a possibilidade de recuperação, com verificação da vontade dos credores. Aceitação do plano pela inexistência de impugnação, aprovação em assembleia ou pelo juiz (cram down). Há 3 “sentenças”, pois ao final, o juiz decretará ainda o encerramento da recuperação (art. 63). É importante atentar que, conforme o art. 52, § 4º, da LFRE, após o deferimento do processamento da recuperação até a sentença de concessão, o autor só pode desistir do pedido com a concordância da assembleia geral de credores. O próximo passo, e que põe fim à fase postulatória, é a publicação de edital contendo: DEFERE O PROCESSAMENTO (art. 52) CONCEDE A RECUPERAÇÃO (art. 58) DECRETA O ENCERRAMENTO (art. 63) CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 13 - Síntese do pedido do autor. - Os termos do despacho de processamento. - A relação de credores (com valor atualizado e classificação) constante da petição inicial. - Advertência do prazo para habilitação dos créditos (15 dias da publicação do edital) e objeção ao plano de recuperação (30 dias da republicação do quadro de credores). CUIDADO para não confundir as ações não atraídas pelo juízo universal com aquelas que não são suspensas pelo despacho que autoriza o processamento da recuperação. NÃO são atraídas pelo juízo UNIVERSAL NÃO são suspensas pelo despacho de recuperação Reclamações trabalhistas. Execuções tributárias e débitos inscritos em CDA. Ação que demanda obrigação ilíquida. Reclamações trabalhistas. Execuções fiscais, caso não concedido o parcelamento (CTN, art. 155-A). Ações que demandem quantia ilíquida. Ações de conhecimento em que é parte ou interessada a União, autarquia ou empresa pública federal. Ações em que o recuperando é autor. Execuções promovidas por sujeitos absolutamente não adstritos à recuperação judicial. ATENÇÃO! Súmula 480 do STJ: O juízo da recuperação judicial NÃO é competente para decidir sobre a constrição de bens não abrangidos pelo plano de recuperação da empresa. B. FASE DELIBERATIVA Esta parte é a fase de verificação dos créditos e deliberação sobre o plano de recuperação. O procedimento de verificação e habilitação de créditos será conduzido pelo administrador judicial e redundará na formação do quadro-geral de credores, o qual apontará os legitimados a votar na assembleia-geral (LFRE, art. 39). Resumo do procedimento de verificação e habilitação dos créditos: 1) publicação da relação de credores em diário oficial. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 14 2) prazo de 15 dias para credores conferir a lista: a) pedidos de habilitação (pelos não constantes da 1ª lista). b) pedidos de divergência (pelos constantes da lista, mas que discordam do valor ou natureza de seus créditos). 3) republicação do quadro de credores no prazo de 45 dias (impugnação em 10 dias). ATENÇÃO! O STJ (REsp. 992.846/PR) confere ao procedimento de habilitação de crédito caráter litigioso, inclusive com manifestação do devedor, comitê de credores, administrador judicial e instrução probatória. Desse modo, o título que o embasa não precisa ser um título executivo. Publicada a decisão que defere o processamento do pedido, o devedor deve apresentar o plano de recuperação judicial no prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias. Conforme o caput do art. 53 da LFRE, o plano deve indicar: a) descrição pormenorizadamente dos meios empregados (na recuperação judicial), conforme o art. 50 da Lei de Falências (rol exemplificativo); b) demonstração de sua viabilidade econômica; c) laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos, subscrito por profissional legalmente habilitado ou empresa especializada. Lembrando que tudo isso deve ser apresentado, sob pena de convolação em falência. ATENÇÃO! Atualmente, ganha fôlego na jurisprudência a possibilidade da apresentação de “plano de recuperação judicial aditivo ou modificativo”. Trata-se, em síntese, da possibilidade de modificar o plano anteriormente aprovado, pela apresentação de um aditivo, modificando algumas cláusulas. Apesar de não haver previsão legal, a jurisprudência tem admitido a sua apresentação, com base no princípio da preservação da empresa e da soberania da vontade dos credores (STJ, REsp. 1.853.347). Os meios de recuperação judicial são apresentados no art. 50 da LFRE, em rol exemplificativo, sendo muito mais amplos queuma moratória, por exemplo. Dois meios merecem destaque, pois foram acrescentados pela reforma da LFRE: a) conversão de dívida em capital social; b) venda integral da devedora. Ainda, o art. 60 da LFRE prevê a possibilidade de alienação judicial de filiais ou unidades produtivas isoladas. Conforme o art. 60-A da LFRE (novidade da reforma!), a alienação pode abranger bens, direitos ou ativos de qualquer natureza, tangíveis ou intangíveis, isolados ou em conjunto, incluídas as participações dos sócios. É importante ressaltar que, na mesma linha do enunciado 47 da I Jornada de Direito Comercial, o parágrafo único do art. 60 determina a ausência de sucessão do arrematante em qualquer obrigação do devedor. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 15 O plano, apesar de bem amplo, encontra limites na LFRE. Resumidamente, fica assim: Restrições legais à alteração das obrigações: a) os empregados com direitos vencidos na data do pedido devem ser pagos no máximo em 1 ano + os créditos de 3 meses anteriores à recuperação, limitados a 5 salários por trabalhador, devem ser quitados em 30 dias. b) deve ser requerido o parcelamento do crédito fiscal consoante o art. 155-A do CTN. c) a alienação de bens com ônus real, com supressão ou substituição da garantia, depende de anuência dos respectivos credores. Se não houver previsão de alienação do bem, a autorização referida é desnecessária. d) o afastamento da variação cambial nos créditos em moeda estrangeira depende de anuência expressa do respectivo credor. Após a apresentação do plano, começa a correr o prazo de 30 dias para a apresentação das objecções ao plano, contados da publicação da relação preliminar de credores (LFRE, art. 7º, § 2º) ou da publicação do aviso de recebimento do plano (LFRE, art. 53, parágrafo único). NÃO HAVENDO OBJEÇÃO HAVENDO OBJEÇÃO O plano é considerado aprovado. O juiz convoca assembleia geral dos credores (indica data, local e hora) – para o máximo de 150 dias. A lei não exige fundamentação do credor que deseje apresentar objeção ao plano, prevalecendo o mesmo entendimento na jurisprudência. Contudo, caso seja uma pergunta subjetiva, recomendo que deve ser levantado que a assembleia-geral de credores vai aumentar os custos da recuperação para a empresa e que o Código Civil veda o abuso de direito (CC, art. 167), sendo razoável exigir que o credor fundamente sua recusa ao plano. ATENÇÃO! A reforma da LFRE permitiu que qualquer deliberação da assembleia-geral de credores seja substituída por termo de adesão firmado por tantos credores quantos satisfaçam o quórum de aprovação específico (LFRE, art. 39, § 4º). Conforme o parágrafo 1º do art. 45-A, a deliberação sobre o plano de recuperação judicial pode ser substituída por termo de adesão. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 16 A assembleia-geral de credores pode seguir três caminhos ao votar o plano de recuperação judicial: a) aprovar o plano sem alterações; b) aprovar com alterações; c) não aprovar. No primeiro caso, elege-se os membros do comitê de credores (caso vá existir) e, em seguida, passa-se à fase do art. 57 da LFRE (apresentação da CDAs). No segundo caso, exige-se aprovação do credor e que as modificações não causem prejuízos aos credores ausentes e, em seguida, segue-se ao que determina o art. 57. No terceiro caso, antes da reforma da LFRE, a não aprovação do plano obrigava o juiz a decretar a falência do devedor, ante a soberania da decisão dos credores. Porém, com a nova redação o art. 56, § 4º, o administrador judicial pode submeter à votação a concessão de prazo de 30 dias para apresentação de plano de recuperação judicial alternativo, elaborado pelos credores. Para aprovação dessa apresentação de plano alternativo, a lei exige o quórum de mais da metade dos créditos presentes à assembleia geral. ATENÇÃO! Para haver deliberação sobre o Plano de Recuperação apresentado pelos credores, a LFRE exige: a) deverá observar os mesmos requisitos previstos no art. 53 da LFRE para aprovação do plano; b) não poderá impor ao devedor ou aos seus sócios sacrifício maior do que aquele que decorreria da liquidação na falência; c) não poderá imputar obrigações novas, não previstas em lei ou em contratos anteriormente celebrados aos sócios do devedor; e, d) deverá prever a isenção das garantias pessoais prestadas por pessoas naturais em relação aos créditos a serem novados e que sejam de titularidade dos credores que firmaram apoio ao plano alternativo ou daqueles que votarem favoravelmente ao plano de recuperação judicial apresentado pelos credores, não permitidas ressalvas de voto. Atentem que, ainda que aprovada a concessão de tal prazo para fins de apresentação de plano alternativo, ele não poderá ser posto em votação se estiverem presentes os requisitos para o cram down. O que seria cram down? No caso, seria a possibilidade em que o juiz conceda a recuperação judicial ao devedor, com base em plano que foi rejeitado pela assembleia- geral de credores. Chamado de cram down, trata-se de hipótese prevista no art. 58, § 1º, da LFRE, na qual o juiz concederá a recuperação judicial em plano não aprovado, desde que, de forma cumulativa, na mesma assembleia, tenha obtido: “a) o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de todos os créditos presentes à assembleia, independentemente de classes; b) a aprovação de 3 (três) das Despacho de processamento da recuperação Apresentação Plano = máximo de 60 dias Assembleia = máximo de 150 dias CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 17 classes de credores ou, caso haja somente 3 (três) classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos 2 (duas) das classes ou, caso haja somente 2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos 1 (uma) delas, sempre nos termos do art. 45 desta Lei; c) na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um terço) dos credores, computados na forma dos §§ 1º e 2º do art. 45 desta Lei.” Preenchidas essas condições, segue-se ao que determina o art. 57. ATENÇÃO! Enunciado 46 da I Jornada de Direito Comercial: “não compete ao juiz deixar de conceder a recuperação judicial ou homologar a extrajudicial com fundamento na análise econômico-financeira do plano de recuperação aprovado pelos credores”. No mesmo sentido é o entendimento do STJ (REsp. 1.359.311) Aprovação do plano de recuperação (LFRE, art. 45): Para aprovar o plano de recuperação judicial, observa-se a regra do art. 45 da LFRE. Vejamos um resumo: Aprovação do plano de recuperação: Cada classe vota separadamente e o plano tem que ser aprovado por todas. São 4 classes (LFRE, art. 41): “I – titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho; II – titulares de créditos com garantia real; III – titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ou subordinados. IV - titulares de créditos enquadrados como microempresa ou empresa de pequeno porte”. Na classe dos credores com garantia real e na classe dos credores quirografários/privilegiados/subordinados: votos que representem, no mínimo, 51% dos créditos presentes à assembleia e, cumulativamente, no mínimo, 51% dos credores presentes. + Na classe dos credores trabalhistas e na classe dos credores ME ou EPP:votos que representem, no mínimo, 51% dos credores presentes, pouco importando o valor dos créditos. A Lei 14.112/2020, em mais uma novidade, acrescentou a possibilidade do credor, alternativamente à deliberação na Assembleia-Geral e até 5 dias antes da data de sua realização, comprovar a aprovação do plano pelos credores por meio de termo de adesão, respeitados os quóruns anteriormente explicados, previstos no art. 45 da LFRE. Ao magistrado restará dispensar a Assembleia-Geral e determinar aos credores que apresentem oposição, no prazo de 10 dias apenas (diferente dos 30 dias previstos no art. 55). Como determina a LFRE, a oposição poderá versar sobre: não preenchimento do quórum, irregularidade ou ilegalidade no termo de adesão ou no plano de recuperação, descumprimento do procedimento legal. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 18 Havendo oposição, o juiz intimará o devedor para se manifestar (prazo de 10 dias) e, após, será a vez de ouvir o Administrador Judicial (prazo de 5 dias). Após a aprovação do plano na assembleia-geral de credores ou por termo de adesão, é momento do devedor apresentar a certidão negativa de débitos fiscais (CDN). Malgrado a lei exija a apresentação de CDN para a concessão da recuperação (LFRE, art. 57), a jurisprudência vem afastando o requisito, pois a Fazenda tem seus meios de cobrança, tanto que as execuções fiscais não são suspensas – confronto com a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica (art.47). ATENÇÃO! O parcelamento tributário é direito da empresa em recuperação judicial que conduz a situação de regularidade fiscal, de modo que eventual descumprimento do que dispõe o art. 57 da LRF só pode ser atribuído, ao menos imediatamente e por ora, à ausência de legislação específica que discipline o parcelamento em sede de recuperação judicial, não constituindo ônus do contribuinte, enquanto se fizer inerte o legislador, a apresentação de certidões de regularidade fiscal para que lhe seja concedida a recuperação (STJ, Corte Especial, REsp. 1.187.404/MT). É necessário apontar uma recente decisão da Suprema Corte sobre este tema. Em 04/09/2020, na RCL 43.169 MC/SP, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), deferiu medida liminar para suspender uma decisão da 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que afastou a exigência de Certidão Negativa de Débitos Fiscais (CDN) para a homologação dos planos de recuperação judicial. A decisão do ministro fundamenta-se na súmula vinculante 10, que afirma que viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte. Não houve, de fato, uma mudança na jurisprudência dominante e é bem provável que a CDN continue sem ser exigida nas recuperações judiciais, mas é importante observar essa decisão (que não é a primeira nesse sentido na Suprema Corte - Rcl 32.147/PR, Rel. Min. Alexandre de Moraes) e como vai se manifestar a 1ª Turma do STF. Ultrapassadas todas essas etapas (aprovação tácita do plano ou aprovação do plano na assembleia-geral + apresentação da CDN), será concedida a recuperação judicial do devedor pelo juiz. O efeito imediato da concessão da recuperação judicial é a novação das dívidas do devedor. A decisão judicial que conceder a recuperação judicial constituirá título executivo judicial, podendo ser executada por qualquer credor (LFRE, art. 59, §1º). Mantém-se as garantias reais e fidejussórias – o credor poderá demandar normalmente o fiador solidário ou avalista, NÃO se suspendendo as ações e execuções aforadas em face deles (STJ, REsp. 1.326.888/RS). Trata-se de uma espécie de novação, mas diferente daquela que encontramos no Código Civil. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 19 RECUPERAÇÃO (art. 59) CÓDIGO CIVIL (art. 360) Condicional = reestabelece-se a dívida original caso descumprido o plano. Mantêm-se as garantias adicionais. Criação de nova obrigação. Extinguem-se os acessórios e garantias, salvo convenção em contrário. Da decisão concessiva da recuperação cabe agravo de instrumento, tendo legitimidade o MP ou qualquer credor (LFRE, art. 59, § 2º). ATENÇÃO! FINANCIAMENTO DO DEVEDOR (OU DIP FINANCING) Novidade trazida na reforma da LFRE (Lei 14.112/2020), trata do financiamento do devedor em crise. Disciplinada nos artigos 69-A a 69-F, agora o devedor em recuperação judicial poderá buscar acesso a crédito novo, na tentativa de superação de sua crise econômico-financeira. O instituto trazido é uma modalidade de financiamento voltada para empresas em recuperação judicial e busca suprir a falta de caixa imediato da empresa, disponibilizando dinheiro novo para suprir a necessidade mais imediata da empresa, como pagamento de fornecedores, salários, despesas operacionais. É importante atentar que, como bem aponta a doutrina, nessa modalidade de financiamento, a empresa em recuperação judicial vai manter a posse e controle dos bens ou direitos dados em garantia, para que a empresa possa continuar operante. Lembro que, mesmo antes dessa novidade, já havia uma relativa prioridade para quem financiasse uma empresa em recuperação judicial. O mútuo firmado pelo devedor durante a recuperação era considerado extraconcursal, ficando em último no rol do art. 84. Ou seja, extremamente desvantajoso para quem emprestava e acabava sem ser muito utilizado. Atualmente, estando em segundo lugar no rol de prioridades, à frente das restituições em dinheiro e dos créditos trabalhistas não abrangidos pelo art. 151 da LFRE, parece bem mais vantajoso. Também é importante falar sobre o art. 69-B e a Mootness Doctrine. A redação do art. 69-B traz a impossibilidade de o financiamento e sua garantia serem anulados por decisão em grau recursal, e essa é a base da Mootness Doctrine. Assim, a Mootness Doctrine garante ao financiador de boa-fé que ele vai receber o valor investido e supre fielmente a ideia do princípio da preservação da empresa. Ao final, trago a lição de Eduardo Secchi Munhoz, no livro Dez Anos da Lei 11.101/2005: Estudos Sobre a Lei de Recuperação e Falência: “Segundo a mootness doctrine, se um plano de recuperação é implementado, ou se um DIP é aprovado, afetando as esferas jurídicas do devedor, dos credores e dos terceiros, ainda que sob a pendência de um recurso judicial, este já não poderá revertê-los ou anulá-los, dada a impossibilidade de restaurar-se o status quo ante. Nesse caso, o recurso não pode levar à reversão do plano de recuperação ou do financiamento DIP consumados, porque isso levaria a um resultado não equitativo”. (MUNHOZ, 2015, p. 288) CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 20 C. FASE EXECUTÓRIA O devedor em recuperação mantém a capacidade e a personalidade jurídica. A única restrição é quanto à oneração e alienação de bens ou direitos do ativo permanente, que só podem ser praticados tais atos se úteis à recuperação judicial – deve haver autorização do juiz, ouvido o comitê. Contudo, ressalte-se que a utilidade é presumida de modo absoluto se a alienação ou oneração está prevista no plano, ou seja, o bem pode ser vendido ou onerado independente de qualquer formalidade. ATENÇÃO! Durante a fase de execução, o devedoragrega em seu nome empresarial a expressão “em recuperação judicial”. A omissão implica na responsabilidade civil direta e pessoal do administrador que estiver presentando a sociedade no ato em que se verificou a ausência da expressão. Direção da empresa devedora: a) administradores eleitos pelos sócios controladores estão se portando lícita e utilmente – podem ser mantidos no cargo. b) administradores tornam-se empecilhos à recuperação do devedor – o juiz destitui o administrador e convoca assembleia de credores para eleição de gestor judicial. Até a eleição do gestor judicial, o administrador judicial administra a sociedade. NÃO há prazo limite legal para o plano, mas: (a) de créditos de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 meses anteriores ao pedido de recuperação judicial, no limite de até 5 salários-mínimos por trabalhador devem ser pagos em 30 dias; (b) os créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho, vencidos até a data do pedido de recuperação judicial, devem ser pagos no prazo máximo de 1 ano. ATENÇÃO! CONSOLIDAÇÃO PROCESSUAL E CONSOLIDAÇÃO SUBSTANCIAL (NOVIDADE) Quando empresas de um mesmo grupo econômico pedem recuperação judicial em litisconsórcio, ocorre o que é chamado de consolidação processual. Não havia CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 21 tratamento expresso sobre o tema na Lei 11.101/05, porém, a reforma da Lei 14.112/2020, trouxe expressamente o assunto. Com relação ao requisito temporal de 2 anos de exercício regular de suas atividades, o novo artigo 69-G, em seu parágrafo 1º, determina que “cada devedor apresentará individualmente a documentação exigida no art. 51”. Apesar de, na realidade, haver várias recuperações judiciais haverá apenas um administrador judicial para o grupo. Já a consolidação substancial, por sua vez, ocorre quando, de forma excepcional, as empresas consolidam seus ativos e passivos em um, passando a serem tratados como se pertencessem a um único devedor (arts. 69-J e 69-K). Importante atentar que, em havendo consolidação processual ou substancial, vai ser apresentado um plano unitário de recuperação judicial, que será analisado conjuntamente pelos credores de todos devedores em uma mesma assembleia-geral de credores (art. 69-J). O encerramento da recuperação judicial, nos termos do art. 61 da LFRE, “proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o juiz poderá determinar a manutenção do devedor em recuperação judicial até que sejam cumpridas todas as obrigações previstas no plano que vencerem até, no máximo, 2 (dois) anos depois da concessão da recuperação judicial, independentemente do eventual período de carência”. Desse modo, mesmo que o plano tenha previsto obrigações a serem cumpridas em prazo superior ao determinado no art. 61, a recuperação judicial só durará 2 anos. Importante efeito é que após o prazo de 2 anos, com o plano encerrado, a novação fica mantida e não se convola mais em falência, caso haja descumprimento pelo devedor. Cabendo, no caso, pedido de falência em nova ação (LFRE, art. 94, inciso III). ATENÇÃO! Segundo o STJ (REsp. 1.853.347), o aditamento ao plano de recuperação judicial não é suficiente para alterar a data de início da contagem do prazo bienal, devendo sempre ser contado da data da concessão. O encerramento da recuperação judicial se dá por sentença apelável. E, na mesma toada, o art. 63 da LFRE determina medidas que devem ser tomadas na sentença de encerramento da recuperação. No mais, no parágrafo único do mesmo artigo (acrescentado com a reforma da LFRE) ficou estabelecido que “o encerramento da recuperação judicial não dependerá da consolidação do quadro geral de credores”. D. CONVOLAÇÃO EM FALÊNCIA CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 22 A convolação da recuperação judicial em falência ocorre durante o processamento da recuperação judicial, ou seja, nos mesmos autos. De acordo com o art. 73, isso pode ocorrer: a) deliberação pelos credores em assembleia, pelo voto da maioria simples do plenário – considerando a gravidade da situação indica ser inócuo qualquer esforço para reorganização da atividade. b) não apresentação do plano de reorganização no prazo improrrogável de 60 dias do despacho que determina o processamento da recuperação. c) rejeição do plano pela assembleia de credores. d) descumprimento do plano de recuperação nos primeiros 2 anos. e) descumprimento dos parcelamentos referidos no art. 68 da LFRE ou da transação prevista no art. 10-C da Lei 10.522/2002 (novidade da reforma da LFRE). f) quando identificado o esvaziamento patrimonial da devedora que implique liquidação substancial da empresa, em prejuízo de credores não sujeitos à recuperação judicial, inclusive as fazendas públicas (novidade da reforma da LFRE). Caso haja convolação em falência, os credores terão reconstituídos seus direitos e garantias nas condições originalmente contratadas, deduzidos os valores eventualmente pagos e ressalvados os atos validamente praticados. Ou seja, as obrigações voltam às suas condições originais, desconsiderando-se eventual abatimento concedido no plano, por exemplo. Outro importante efeito da convolação em falência para os credores é que os credores quirografários posteriores à distribuição do pedido de recuperação serão considerados extraconcursais. Enquanto, os credores quirografários anteriores à recuperação serão classificados como privilegiados, desde que tenham continuado a conceder crédito para o devedor em recuperação. A ideia aqui, como dá para notar, objetiva incentivar os agentes, especialmente fornecedores de insumo e créditos, a continuar atendendo ao devedor em recuperação. 1.1.2. RECUPERAÇÃO JUDICIAL ESPECIAL (ME e EPP) Cumprindo o mandamento constitucional que impõe tratamento favorecido e diferenciado para microempresas e empresas de pequeno porte (CF, art. 179), a LFRE disciplina, nos arts. 70 a 72, a possibilidade das ME e EPP requererem a sua recuperação judicial através de um plano especial. É importante salientar que a recuperação judicial com base no plano especial é uma faculdade do devedor ME e EPP. Cabendo exclusivamente ao devedor decidir pelo CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 23 plano normal de recuperação judicial ou pelo plano especial. Tal opção deve ser feita na petição inicial. ATENÇÃO! A reforma da LFRE passou a permitir que o produtor rural pessoa física apresente plano especial de recuperação judicial, desde que o valor da causa NÃO exceda a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais) (LFRE, art. 70-A). O prazo para apresentação do plano, após deferimento do processamento do pedido, também será de 60 (sessenta) dias (LFRE, art. 71). A recuperação se operará, em regra, pelo parcelamento das dívidas existentes ao tempo do pedido, segundo previsto em plano especial. Assim, percebe-se que as condições do plano especial das ME e EPP já estão determinadas na lei: Condições do plano especial: Abrangerá todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos, excetuados os decorrentes de repasse de recursos oficiais, os fiscais e os previstos nos §§ 3º e 4º do art. 49; Preverá parcelamento em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais, iguais e sucessivas, acrescidas de juros equivalentes à taxa Sistema Especialde Liquidação e de Custódia - SELIC, podendo conter ainda a proposta de abatimento do valor das dívidas; Preverá o pagamento da 1ª (primeira) parcela no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da distribuição do pedido de recuperação judicial; Estabelecerá a necessidade de autorização do juiz, após ouvido o administrador judicial e o Comitê de Credores, para o devedor aumentar despesas ou contratar empregados. O plano especial NÃO acarreta a suspensão do curso da prescrição nem das ações e execuções por créditos não abrangidos pelo plano. Contudo, tal regra não tem mais relevância, uma vez que, atualmente, o plano pode abranger qualquer crédito; enquanto, antigamente, apenas os créditos quirografários eram abrangidos no plano. NÃO há assembleia geral de credores – a aprovação é feita diretamente pelo próprio juiz: a) homologa; b) decreta a falência; c) manda retificar (se fora dos parâmetros legais). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 24 Objeções: os interessados poderão suscitar objeção em juízo, cujo conteúdo só pode versar sobre inadequação da proposta aos termos da lei → juiz manda que o requerente se manifeste sobre: a) eventual acordo entre as partes; b) insistência na proposta – decisão pela retificação, homologação ou falência. Se houver objeção de mais de 50% dos créditos, o juiz decretará a falência. 1.1.3. CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO NA RECUPERAÇÃO JUDICIAL A reforma da LFRE trouxe, nos artigos 20-A a 20-D, a possibilidade de conciliação e mediação antes e durante o processo de recuperação judicial. A conciliação e a mediação deverão ser incentivadas em qualquer grau de jurisdição, inclusive no âmbito de recursos em segundo grau de jurisdição e nos Tribunais Superiores, e não implicarão a suspensão dos prazos previstos nesta Lei, salvo se houver consenso entre as partes em sentido contrário ou determinação judicial (LFRE, art. 20-A). Caso haja sucesso na mediação ou conciliação, aplica-se a regra do art. 3º da LFRE para homologar o acordo (juízo do principal estabelecimento). Também, como inovação, o art. 20-D permite que as sessões de conciliação e mediação sejam realizadas por meio virtual, desde que o Tribunal disponha de meios para a realização. 1.2. RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL Trata-se, em apertada síntese, de plano negociado entre o devedor e seus credores que, posteriormente, deve ser submetido à homologação judicial. A submissão à homologação judicial pode se dar de duas formas: Homologação FACULTATIVA (art. 162, LFRE) Homologação OBRIGATÓRIA (art. 163, LFRE) Exige-se a adesão de todos os credores atingidos pelo plano. Assim, o pedido de homologação é uma mera faculdade do devedor, ou seja, uma simples formalidade. Exige-se adesão de parte significativa dos credores atingidos pelo plano: quórum de MAIS DA METADE (NOVIDADE DA REFORMA – antes era exigido mais de 3/5) dos créditos de cada espécie abrangidos pelo plano. A homologação obriga o plano para todos os credores, até os que não anuírem. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 25 ATENÇÃO! Com a reforma da LFRE, dois importantes parágrafos foram incluídos ao art. 163. O § 7º que agora permite que o pedido de homologação do plano seja apresentado com anuência de credores que representem apenas 1/3 dos créditos de cada espécie abrangida, mas com o compromisso de completar o quórum de maioria em 90 (noventa) dias. E, por sua vez, o novo § 8º que manda aplicar o prazo de respiro do art. 6º à recuperação extrajudicial, em relação às espécies de créditos abrangidos pelo plano. Importante salientar que mesmo com a homologação, não haverá acompanhamento do plano pelo judiciário, o que é uma diferença importante do “plano normal”. Requisitos para a homologação (LFRE, art. 48 e art. 161): SUBJETIVOS – dizem respeito ao devedor: a) preencher os pressupostos para a recuperação judicial. b) não possuir pedido de recuperação judicial em trâmite. c) não lhe ter sido concedida a recuperação judicial ou extrajudicial nos últimos 2 anos. OBJETIVOS – pertinentes ao plano submetido à homologação: a) não pode ser previsto pagamento antecipado a qualquer obrigação nem tratamento desigual, favorecendo parte dos credores (influência direta do princípio par conditio creditorum). b) só pode abranger créditos constituídos até a data do pedido de homologação (LFRE, art. 163, § 1º). c) só pode constar a alienação de bem gravado com garantia real se houver a expressa concordância do respectivo credor (LFRE, art. 164, § 4º). d) não pode estabelecer o afastamento da variação cambial nos créditos em moeda estrangeira sem a anuência do respectivo credor (LFRE, art. 164, § 5º). Antes da reforma, não se submetiam ao plano de recuperação extrajudicial os créditos fiscais, trabalhistas e acidentários. Contudo, com a reforma da LFRE, o art. 161, § 1º, da LFRE foi alterado, passando a sujeitar os credores titulares de créditos trabalhistas e acidentários ao plano da recuperação extrajudicial, exigindo negociação coletiva com o sindicato. Assim, em resumo, estão EXCLUÍDOS da recuperação extrajudicial os créditos decorrentes de: CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 26 a) instituição financeira credora por aditamento ao exportador (ACC). b) tributários. c) proprietário fiduciário, arrendador mercantil, vendedor com cláusula de reserva de domínio. d) vendedor ou promitente vendedor por contrato irrevogável. ATENÇÃO! As ações e execuções que os credores não submetidos ao plano de recuperação extrajudicial tenham contra o devedor NÃO se suspenderão por conta da homologação do plano pelo juiz. Assim sendo, os credores não abrangidos no plano poderão requerer a falência do devedor. Procedimento de Homologação do Plano de Recuperação Extrajudicial Devedor apresenta petição inicial → publicação de edital ELETRÔNICO convocando os credores para impugnar o pedido em 30 dias → nesse tempo, o devedor deve comunicar, por carta, todos os credores com domicílio ou sede no Brasil → havendo impugnação, o juiz decidirá, homologando ou denegando o pedido. Após a distribuição do pedido, o credor aderente não pode desistir, exceto se os demais signatários (devedor + demais credores) concordarem. Importante atentar que, como a LFRE não previu consequência nenhuma para o indeferimento do pedido de homologação, abrem-se duas alternativas ao devedor: a) interpor recurso de apelação, sem efeito suspensivo (LFRE, art. 164, § 7º); b) apresentar novo pedido de homologação, caso o indeferimento tenha decorrido por conta do descumprimento de obrigações formais pelo devedor. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 27 3. JURISPRUDÊNCIA SÚMULAS DO STF SÚMULA 592 - Nos crimes falimentares, aplicam-se as causas interruptivas da prescrição, previstas no código penal. SÚMULAS DO STJ SÚMULA 581 - A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das ações e execuções ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral, por garantia cambial, real ou fidejussória. SÚMULA 480 - O juízo da recuperação judicial não é competente paradecidir sobre a constrição de bens não abrangidos pelo plano de recuperação da empresa. SÚMULA 25 - Nas ações da lei de falências o prazo para a interposição de recurso conta- se da intimação da parte. JULGADOS Verificada a novação da obrigação, em virtude da homologação de plano de recuperação judicial de consorciada, quando ausente disposição estabelecendo solidariedade da partes no contrato de constituição do consórcio, a ação de cobrança de quantia líquida ajuizada apenas contra o consórcio extingue-se na medida da responsabilidade da recuperanda/consorciada. (STJ. 4ª Turma. REsp 1.804.804-MS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 7/3/2023 (Info 767)). A remuneração do administrador judicial é crédito extraconcursal, não se submetendo aos efeitos do plano de recuperação judicial. A fixação e a forma de pagamento dos honorários do administrador cabe ao magistrado, não sendo possível sua negociação quer com o devedor, quer com os credores, diante da necessidade de garantir a imparcialidade do auxiliar do juízo. (STJ. 3ª Turma. REsp 1905591-MT, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 7/2/2023 (Info 764)). Não cabe ao tribunal indeferir o pedido de desistência em agravo de instrumento e julgar o recurso de ofício, ainda que que as questões nele veiculadas sejam ordem pública e de interesse da coletividade dos credores da empresa em recuperação judicial. (STJ. 3ª Turma. REsp 1930837-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 18/10/2022 (Info 755)). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 28 Ao produtor rural que exerça sua atividade de forma empresarial há mais de dois anos, é facultado requerer a recuperação judicial, desde que esteja inscrito na Junta Comercial no momento em que formalizar o pedido recuperacional, independentemente do tempo de seu registro. (STJ. 2ª Seção. REsp 1.905.573-MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/06/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1145) (Info 743)). A homologação do plano de recuperação judicial não impede a rediscussão do débito, em ação revisional de contrato, relativa à mesma dívida, já habilitada e homologada, e a respeito do qual não houve impugnação. (STJ. 3ª Turma. REsp 1700606-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 07/06/2022 (Info 740)). O prazo de 10 (dez) dias, previsto no art. 8º da Lei n. 11.101/2005, para apresentar impugnação à habilitação de crédito, deve ser contado em dias corridos. (STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1.830.738-RS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 24/05/2022 (Info 739)). O titular do crédito não incluído no plano de recuperação judicial possui a prerrogativa de: 1) habilitar o crédito como retardatário; 2) não cobrar o crédito; ou 3) promover a execução individual (ou o cumprimento de sentença) após o encerramento da recuperação judicial. Neste caso, contudo, ele fica ciente de que seu crédito estará sujeito aos efeitos do plano aprovado e homologado. Logo, o credor que optar por não se habilitar na recuperação judicial sofrerá os seus respectivos efeitos, caso em que o crédito será considerado novado e o credor deverá recebê-lo em conformidade com o previsto no plano, ainda que em execução posterior ao encerramento da recuperação judicial. (STJ. 4ª Turma. EDcl no REsp 1.851.692-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 24/05/2022 (Info 749)). Não há como se sustentar que os grãos cultivados e comercializados (soja e milho) constituam bens de capital, considerando que não são bens utilizados no processo produtivo. Em verdade, são o produto final da atividade empresarial por eles desempenhada. (STJ. 3ª Turma. REsp 1991989-MA, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/05/2022 (Info 735)). É cabível a homologação pelo juízo do plano de recuperação judicial rejeitado pelos credores em assembleia (cramdown), cumpridos os requisitos legais previstos no art. 58 da Lei nº 11.101/2005. (STJ. 3ª Turma. REsp. 1.788.216-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 22/03/2022 (Info 730)). O crédito referente ao efetivo adiantamento do contrato de câmbio deve ser objeto de pedido de restituição nos autos da recuperação judicial e os respectivos encargos reclamam habilitação no quadro geral de credores, por estarem sujeitos ao regime CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 29 especial, mostrando-se inadequada a execução direta. (STJ. 3ª Turma. REsp. 1.723.978- PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 22/03/2022 (Info 730)). Uma vez verificada a ocorrência de fraude e confusão patrimonial entre a falida e outras empresas, é possível a desconsideração das personalidades jurídicas incidentalmente no processo falimentar, independentemente de ação própria (anulatória ou revocatória), inclusive com o objetivo de arrecadar bens das sociedades empresariais envolvidas na fraude reconhecida pelas instâncias ordinárias. Precedentes. A desconsideração da personalidade jurídica, quando preenchidos os seus requisitos, pode ser requerida a qualquer tempo, não se submetendo, à míngua de previsão legal, a prazos decadenciais ou prescricionais. (STJ. 3ª Turma. REsp. 1.686.123-SC, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 22/03/2022 (Info 730)). Associações civis sem fins lucrativos com finalidade e atividades econômicas detêm legitimidade para requerer recuperação judicial. Apesar de haver posicionamentos doutrinários em sentido contrário à concessão de recuperação judicial em favor das associações civis, existem também diversos autores que reconhecem como possível a extensão do instituto da recuperação judicial a associações civis que também exerçam atividade econômica, gerando riqueza e, na maioria das vezes, bem-estar social, apesar de não se enquadrarem literalmente no conceito de empresa. Essa conclusão é baseada nos princípios e objetivos insculpidos no art. 47 da LREF e na leitura sistêmica dos arts. 1º e 2º da Lei, ou seja, em uma interpretação finalística da norma baseada nos princípios da preservação da empresa e de sua função social. (STJ. 4ª Turma. Ag. Int. no TP 3.654-RS, Rel. Min. Raul Araújo, Rel. Acd. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/03/2022 (Info 729)). Quando o juiz decreta a falência, ele deverá tratar sobre diversos assuntos nesse pronunciamento. Um dos temas que é definido pelo juiz é o termo legal da falência. O termo legal de falência é o dia que se considera – por presunção – que se tenha iniciado o estado de insolvência do empresário devedor. O objetivo de fixar o termo legal de falência está no fato de que investigar se, neste período, o devedor praticou atos ilegítimos que prejudicaram seus credores. Assim, a finalidade é definir o período que será “investigado”. Caso o devedor tenha praticado determinadas condutas ilegítimas, isso será considerado ineficaz porque a lei presume que tenham sido feitas para se furtar ao pagamento dos credores. Segundo o art. 99, II, da Lei nº 11.101/2005, no caso de autofalência, inexistindo protestos contra a devedora, o termo legal deve ser fixado em até 90 dias antes da distribuição do pedido. O juiz não pode ampliar esse prazo, utilizando como marco o ajuizamento de ação de despejo e cobrança contra o devedor. (STJ. 3ª Turma. REsp. 1.890.290-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 22/02/2022 (Info 726)). Uma empresa tinha valores para receber no futuro (daqui a alguns dias, meses ou anos) de alguns devedores e cedeu fiduciariamente tais créditos para o banco. Se ela pagasse o empréstimo, o banco “devolveria” os créditos; caso se tornasse inadimplente,o banco se tornaria, em definitivo, proprietário dos valores. Alguns meses após a assinatura CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 30 desse contrato, a referida empresa entrou em recuperação judicial. Estes créditos cedidos ao banco fiduciariamente como garantia da dívida não deverão entrar na recuperação judicial porque se enquadram na exceção à regra do caput do art. 49, nos termos do § 3º do mesmo artigo. Não é necessário que a cessão de crédito realizada tenha sido registrada em cartório. A cessão fiduciária de título de crédito não depende de registro em RTD para ser constituída, não se lhe aplicando a regra do art. §1º do art. 1.361 do Código Civil, regente da cessão fiduciária de coisa móvel infungível. (STJ. 2ª Seção. REsp. 1.629.470-MS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 30/11/2021 (Info 721)). A Lei nº 14.112/2020 alterou a Lei nº 11.101/2005 e deixou expressamente consignado que a execução fiscal não se suspende pelo deferimento da recuperação judicial) e que o juízo da execução fiscal possui competência para determinar os atos de constrição judicial sobre os bens da empresa recuperanda. Além disso, a Lei nº 14.112/2020 afirmou que o Juízo da recuperação judicial possui competência para substituir os atos de constrição decretados pelo Juízo da execução fiscal caso eles tenham recaído sobre bens de capital essenciais à manutenção da atividade empresarial. A partir da Lei nº 14.112/2020 não se pode mais falar que exista conflito de competência pelo simples fato de o juízo da execução fiscal ter determinado a constrição de um bem e o juízo da recuperação judicial ainda não ter decidido se irá, ou não, substituir essa constrição. Para que se configure o conflito é necessário que o Juízo da execução fiscal se oponha, concretamente, à superveniente deliberação do Juízo da recuperação judicial a respeito da constrição judicial. (STJ. 2ª Seção. CC 181.190-AC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 30/11/2021 (Info 722)). É possível a Fazenda Pública habilitar em processo de falência crédito tributário objeto de execução fiscal em curso, mesmo antes da vigência da Lei nº 14.112/2020, e desde que não haja pedido de constrição de bens no feito executivo. (STJ. 1ª Seção. REsp. 1.872.759-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 18/11/2021 (Recurso Repetitivo - Tema 1092) (Info 718)). O titular do crédito que for voluntariamente excluído do plano recuperacional detém a prerrogativa de decidir entre habilitar o seu crédito ou promover a execução individual após finda a recuperação. Se a obrigação não for abrangida pelo acordo recuperacional, ficando suprimida do plano, não haverá falar em novação, excluindo-se o crédito da recuperação, o qual, por conseguinte, poderá ser satisfeito pelas vias ordinárias (execução ou cumprimento de sentença). Vale ressaltar, no entanto, que, se o credor excluído tiver optado pela execução individual, ficará obrigado a aguardar o encerramento da recuperação judicial e assumir as consequências jurídicas (processuais e materiais) de sua escolha para, só então, dar prosseguimento ao feito, em consonância com o procedimento estabelecido pelo CPC. Assim, o credor que foi excluído do plano recuperacional e optou por prosseguir com o processo executivo, não poderá ser obrigado a habilitar o seu crédito. (STJ. 4ª Turma. REsp. 1.851.692-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/5/2021 (Info 698)). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 31 A remuneração do administrador judicial nas recuperações judiciais envolvendo Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, com limitação de 2% do valor dos créditos submetidos à recuperação ou dos bens alienados na falência (art. 24, § 5º, da Lei nº 11.101/2005), aplica-se às recuperações judiciais em que haja a opção pelo plano especial (arts. 70 a 72) e, também, àquelas que adotem o procedimento ordinário de recuperação judicial (arts. 51 e seguintes). (STJ. 4ª Turma. REsp. 1.825.555-MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 04/05/2021 (Info 695)). Os valores pertencentes a terceiros que estão na posse da recuperanda por força de contrato inadimplido não se submetem aos efeitos da recuperação judicial. Caso concreto: determinado supermercado queria fazer um cartão de crédito para seus clientes. Para isso, ele contratou uma empresa que ficou responsável por administrar esse serviço. Quando o cliente pagasse a fatura do cartão, os valores iam para a conta da empresa que conferia tudo e depois repassava ao supermercado. Algum tempo depois, a empresa ingressou com pedido de recuperação judicial. Os clientes quitaram a fatura do cartão de crédito, mas a empresa não repassou ao supermercado. Esses valores, que ainda estão na conta bancária da empresa, podem ser entregues ao supermercado, não estando sujeitos à recuperação judicial. (STJ. 3ª Turma. REsp. 1.736.887/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 13/04/2021 (Info 692)). Os encargos da massa são preferenciais e não dependem de habilitação para serem satisfeitos, observadas as ressalvas legais do art. 124 do Decreto-Lei nº 7.661/45. (STJ. 4ª Turma. REsp. 1.383.914/RS, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em 16/03/2021 (Info 689)). Para o fim de submissão aos efeitos da recuperação judicial, considera-se que a existência do crédito é determinada pela data em que ocorreu o seu fato gerador. Vamos exemplificar para facilitar a compreensão. Em janeiro/2017, Lucas consumiu leite estragado comprado no Supermercado BR. Em fevereiro/2017, ajuizou ação de indenização contra o Supermercado. Em setembro/2017, o supermercado ingressou com pedido de recuperação judicial. Em outubro/2017, o juiz julgou o pedido de Lucas procedente e condenou a empresa a pagar R$ 50 mil. Houve o trânsito em julgado. Diante disso, Lucas ingressou com pedido de habilitação de seu crédito na recuperação judicial. Esse crédito poderá ser habilitado na recuperação (art. 49 da Lei nº 11.101/2005) porque foi constituído na data do acidente de consumo (janeiro/2017) e não na data da sentença, que apenas declarou uma obrigação já existente. (STJ. 2ª Seção. REsp. 1.842.911-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 09/12/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1051) (Info 684)). A interpretação conjunta da regra do art. 52, V, da LFRE – que determina a intimação do Ministério Público acerca da decisão que defere o processamento da recuperação judicial - e daquela constante no art. 179, II, do CPC/2015 - que autoriza, expressamente, a interposição de recurso pelo órgão ministerial quando a este incumbir intervir como fiscal da ordem jurídica - evidencia a legitimidade do Parquet para recorrer contra a CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 32 decisão que fixa os honorários do administrador na recuperação judicial. (STJ. 3ª Turma. REsp. 1.884.860-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/10/2020 (Info 682)). A validade dos atos executivos realizados no bojo das execuções individuais, no interregno em que a decisão de deferimento do processamento da recuperação judicial encontra-se sobrestada ou mesmo reformada (porém, sujeita a revisão por instância judicial superior), fica condicionada à confirmação, por provimento judicial final, de que o empresário, de fato, não fazia jus ao deferimento do processamento de sua recuperação judicial. Em outras palavras, os atos praticadosentre a decisão do TJ, que reforma entendimento do juiz de 1ª instância, e do STJ, que reforma a decisão do TJ, são NULOS. (STJ. 3ª Turma. REsp. 1.867.694-MT, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 06/10/2020 (Info 681)). O cômputo do período de dois anos de exercício da atividade econômica, para fins de recuperação judicial, nos termos do art. 48 da Lei nº 11.101/2005, aplicável ao produtor rural, inclui aquele anterior ao registro do empreendedor. (STJ. 3ª Turma. REsp. 1.811.953-MT, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 06/10/2020 (Info 681)). (STJ. 4ª Turma. REsp. 1.800.032-MT, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, julgado em 05/11/2019 (Info 664)). É absoluta a competência do local em que se encontra o principal estabelecimento para julgar a recuperação judicial; isso é aferido no momento da propositura da demanda, sendo irrelevante eventual modificação posterior do volume negocial. (STJ. 2ª Seção. CC 163.818-ES, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 23/09/2020 (Info 680)). Pode-se arguir como matéria de defesa, em impugnação de crédito incidente à recuperação judicial, a existência de abusividade em cláusulas dos contratos de que se originou o crédito impugnado. (STJ. 3ª Turma. REsp. 1.799.932-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 01/09/2020 (Info 679)). O crédito decorrente das astreintes aplicadas no bojo de processo trabalhista deve ser habilitado na recuperação judicial na classe dos quirografários, e não na dos créditos trabalhistas. (STJ. 3ª Turma. REsp. 1.804.563-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 25/08/2020 (Info 679)). Compete ao juízo da recuperação judicial a execução de créditos líquidos apurados em outros órgãos judiciais, inclusive a destinação dos depósitos recursais no âmbito do processo do trabalho. (STJ. 2ª Seção. CC 162.769-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 24/06/2020 (Info 675)). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 33 A concordatária que descumpriu as obrigações assumidas na concordata e teve sua falência decretada não tem direito à conversão em recuperação judicial. (STJ. 4ª Turma. REsp. 1.267.282-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 23/06/2020 (Info 677)). Na recuperação judicial, os créditos decorrentes de condenação por danos morais imposta à recuperanda na Justiça do Trabalho são classificados como trabalhistas. (STJ. 3ª Turma. REsp. 1.869.964-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/06/2020 (Info 676)). A alienação de unidades produtivas isoladas prevista em plano de recuperação judicial aprovado deve, em regra, se dar na forma de alienação por hasta pública, conforme o disposto nos arts. 60 e 142 da Lei nº 11.101/2005. A adoção de outras modalidades de alienação, na forma do art. 145 da Lei nº 11.101/2005, só pode ser admitida em situações excepcionais, que devem estar explicitamente justificadas na proposta apresentada aos credores. Nessas hipóteses, as condições do negócio devem estar minuciosamente descritas no plano de recuperação judicial que deve ter votação destacada deste ponto, ser aprovado por maioria substancial dos credores e homologado pelo juiz. Em suma: a alienação de unidades produtivas isoladas prevista em plano de recuperação judicial aprovado somente poderá adotar outras modalidades de alienação em situações excepcionais, que devem estar explicitamente justificadas na proposta apresentadas aos credores. STJ. 3ª Turma. REsp. 1.689.187/RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 05/05/2020 (Info 671). De acordo com o art. 49, caput, da Lei nº 11.101/2005, não se submetem aos efeitos do processo de soerguimento do devedor aqueles credores cujas obrigações foram constituídas após a data em que o devedor ingressou com o pedido de recuperação judicial. O crédito passível de ser perseguido pelo fiador em face do afiançado somente se constitui a partir do adimplemento da obrigação principal pelo garante. Antes disso, não existe dever jurídico de caráter patrimonial em favor deste. Desse modo, os créditos lastreados em contratos de fiança bancária, firmados para garantia de obrigação contraída, não estão submetidos aos efeitos da recuperação judicial. STJ. 3ª Turma. REsp. 1.860.368-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/05/2020 (Info 671). O art. 66 da Lei nº 11.101/2005 afirma que é possível a alienação de bens integrantes do ativo permanente da empresa em recuperação judicial, desde que o juiz responsável pela condução do processo reconheça a existência de evidente utilidade na adoção de tal medida. O art. 66 da Lei nº 11.101/2005 não exige qualquer formalidade específica para fins de se alcançar o valor dos bens a serem alienados, tampouco explicita de que modo deverá ser procedida a venda, deixando, portanto, a critério do juiz aceitar ou não o preço enunciado e a forma como será feita a alienação. Assim, para a alienação tratada no art. 66 não se exige o cumprimento das formalidades previstas no art. 142 da Lei nº 11.101/2005. STJ. 3ª Turma. REsp. 1.819.057-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/03/2020 (Info 667). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 34 Os créditos decorrentes da prestação de serviços contábeis e afins, mesmo que titularizados por sociedade simples, são equiparados aos créditos trabalhistas para efeitos de sujeição ao processo de recuperação judicial. O tratamento dispensado aos honorários devidos a profissionais liberais - no que se refere à sujeição ao plano de recuperação judicial - deve ser o mesmo conferido aos créditos de origem trabalhista, em virtude de ambos ostentarem natureza alimentar. Esse entendimento não é obstado pelo fato de o titular do crédito ser uma sociedade de contadores, considerando que, mesmo nessa hipótese, a natureza alimentar da verba não é modificada. STJ. 3ª Turma. REsp. 1.851.770-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/02/2020 (Info 665). Os créditos constituídos depois de ter o devedor ingressado com o pedido de recuperação judicial estão excluídos do plano e de seus efeitos (art. 49, caput, da Lei nº 11.101/2005). A sentença (ou o ato jurisdicional equivalente, na competência originária dos tribunais) é o ato processual por meio do qual nasce o direito à percepção dos honorários advocatícios sucumbenciais. Se a sentença que arbitrou os honorários sucumbenciais se deu posteriormente ao pedido de recuperação judicial, o crédito que dali emana, necessariamente, nascerá com natureza extraconcursal, já que, nos termos do art. 49, caput da Lei nº 11.101/05, sujeitam-se ao plano de soerguimento os créditos existentes na data do pedido de recuperação judicial, ainda que não vencidos, e não os posteriores. Por outro lado, se a sentença que arbitrou os honorários advocatícios for anterior ao pedido recuperacional, o crédito dali decorrente deverá ser tido como concursal, devendo ser habilitado e pago nos termos do plano de recuperação judicial. STJ. 2ª Seção. REsp. 1.841.960-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 12/02/2020 (Info 669). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 35 4. QUESTÕES 1. (2019/TJSC/CEBRASPE/Juiz substituto) Para recuperação judicial nos termos legais, as microempresas e as empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, poderão apresentar plano especial de recuperação judicial, o qual:a) deverá abranger todos os credores, sendo possível em qualquer hipótese a inclusão posterior dos credores não habilitados na recuperação judicial. b) não deverá abranger os créditos vincendos na data do pedido de recuperação judicial. c) deverá prever o parcelamento em até sessenta parcelas, iguais e sucessivas, atualizadas monetariamente, mas sem acréscimo de juros. d) deverá prever o pagamento da primeira parcela no prazo máximo de sessenta dias, contado da distribuição do pedido de recuperação judicial. e) não deverá acarretar a suspensão do curso da prescrição nem das ações e execuções por créditos não abrangidos pelo plano de recuperação judicial. 2. (2018 TJMT/VUNESP/Juiz substituto) Em relação à recuperação judicial e extrajudicial, dispõe a Lei nº 11.101/2005: a) A petição inicial de recuperação judicial será instruída com as demonstrações contábeis relativas aos 5 (cinco) últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de relatório gerencial relativo ao balanço patrimonial anual. b) Estando em termos a documentação exigida que deve instruir a petição inicial, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato, determinará ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais enquanto perdurar a recuperação judicial, sob pena de extinção do processo sem julgamento do mérito. c) O pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial acarretará suspensão de direitos, ações ou execuções contra o devedor, bem como a impossibilidade do pedido de decretação de falência pelos credores, mesmo que não sujeitos ao plano de recuperação extrajudicial. d) Na recuperação extrajudicial, transcorrido um ano da decisão que não homologou o plano, o devedor poderá, cumpridas as formalidades, apresentar novo pedido de homologação de plano de recuperação extrajudicial. e) Na recuperação extrajudicial, nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial só poderá ser afastada se o credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente previsão diversa no plano de recuperação extrajudicial. 3. (Ano: 2022 Banca: FGV Órgão: TJ-PE Prova: Juiz Substituto) Após a publicação do aviso aos credores quanto ao recebimento do plano de recuperação judicial de Olinda Cereais Veganos Ltda., em recuperação judicial, o credor quirografário Tamandaré Adubos Ltda. ofereceu no prazo legal objeção ao plano. Em consequência, o juiz da vara única da Comarca de Afrânio determinou a convocação de assembleia geral de CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 36 credores, marcada para o dia 30 de junho de 2022. Na véspera da realização da assembleia, o advogado da recuperanda protocolou no juízo termo de adesão ao plano assinado por credores das classes I e III do Art. 41 da Lei nº 11.101/2005. Em relação aos credores da classe I, o termo de adesão está assinado por 129, dentre os 200 credores, cujos créditos perfazem 40% do passivo da classe; em relação aos credores da classe III, o plano está assinado por 75% dos credores que representam 88% do passivo da classe, tudo com base na segunda relação de credores publicada. Não há credores das classes II e IV do referido Art. 41. Considerados esses dados, é correto afirmar que o juiz: a) poderá homologar o plano, tendo em vista a tempestividade da apresentação do termo de adesão e do cumprimento do quórum legal para aprovação do plano, ainda que sem a realização da assembleia e apreciação da objeção do credor quirografário; b) não poderá homologar o plano, tendo em vista a intempestividade da apresentação do termo de adesão, ainda que o quórum legal para aprovação do plano tenha sido observado; c) poderá homologar o plano, tendo em vista a dispensa da realização da assembleia quando o devedor apresentar, até o momento de sua instalação, termo de adesão subscrito pelo número de credores suficiente para a aprovação do plano; d) não poderá homologar o plano, pois não foi atingido o quórum legal para sua aprovação, ainda que tenha sido tempestiva a apresentação do termo de adesão pela recuperanda; e) não poderá homologar o plano, pois houve apresentação de objeção tempestiva, devendo ser convocada assembleia de credores, salvo se apresentado, até quinze dias antes, termo de adesão assinado por credores representando mais da metade do valor dos créditos em cada classe. 4. (Ano: 2022 Banca: FGV Órgão: TJ-PE Prova: Juiz Substituto) A sociedade Belém e Maria Comércio de Pneus Ltda. teve sua falência requerida pela sociedade Goitá Transportes e Logística Ltda. em razão da impontualidade no pagamento de duplicatas de prestação de serviços cujo valor total é de R$ 83.500,00, protestadas para fins falimentares. Após a citação da devedora, e no prazo da contestação, foi apresentado ao juízo da Comarca de Catende pedido de recuperação judicial, sem elisão do pedido de falência. Acerca do efeito da apresentação do pedido sobre o curso do procedimento pré- falimentar, é correto afirmar que a falência: a) não poderá ser decretada em razão da apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da contestação; b) poderá ser decretada em razão da não efetivação de depósito elisivo no prazo da contestação; c) não poderá ser decretada diante da insuficiência do valor das duplicatas protestadas para ensejar o requerimento; d) poderá ser decretada em razão do impedimento ao pedido de recuperação judicial após o requerimento da falência; CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 37 e) não poderá ser decretada em razão da ausência do protesto das duplicatas para fins cambiais. 5. (Ano: 2022 Banca: FGV Órgão: TJ-MG Prova: Juiz Substituto) A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. Sobre a recuperação judicial, assinale a afirmativa correta. a) O empresário rural pessoa física não tem como comprovar o período mínimo de 2 (dois) anos de exercício regular das atividades para fins de pleitear a recuperação judicial. b) Os herdeiros do devedor não podem requerer a recuperação judicial. c) Na recuperação judicial de companhia aberta, serão obrigatórios a formação e o funcionamento do conselho fiscal, enquanto durar a fase da recuperação judicial, incluído o período de cumprimento das obrigações assumidas pelo plano de recuperação. d) Nas hipóteses de renegociação de dívidas de pessoa jurídica no âmbito de processo de recuperação judicial, estejam as dívidas sujeitas ou não a esta, e do reconhecimento de seus efeitos nas demonstrações financeiras das sociedades, a receita obtida pelo devedor será computada na apuração da base de cálculo da Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). 6. (Ano: 2015 Banca: Vunesp Órgão: TJ-SP Prova: Juiz Substituto) No período de seis meses, a contar do deferimento da recuperação judicial: a) não são suspensas as execuções fiscais em face da recuperanda. b) é permitido retirar do estabelecimento do devedor bens móveis sobre os quais o credor tenha propriedade fiduciária, mesmo que sejam eles essenciais à atividade empresarial do recuperando.c) não tramitam as ações propostas contra a recuperanda que demandem quantias ilíquidas. d) o juízo da recuperação judicial é competente para decidir sobre a constrição de todos os bens da recuperanda, mesmo que não abrangidos pelo plano de recuperação da empresa. 7. (Ano: 2016 Banca: FAURGS Órgão: TJ-RS Prova: Juiz de Direito Substituto) Considere as afirmações abaixo. I - A rejeição do plano de recuperação judicial por uma das classes de credores impede sua aprovação pelo juiz, tornando obrigatória a decretação da falência. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 38 II - A função do administrador judicial na falência e na recuperação de empresa, que poderá ser exercida por pessoa jurídica, é indelegável, embora admitida a contratação de auxiliares. III - Os créditos do titular de propriedade fiduciária, na falência, são considerados extraconcursais, tendo precedência em relação aos demais. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) Apenas I e III. 8. (Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: Juiz Substituto) Acerca da recuperação judicial, assinale a opção correta. a) O juiz, mesmo tendo ultrapassado o prazo de dois anos da homologação do plano de recuperação judicial, deve, de ofício, decretar a falência do devedor, caso ele não o cumpra. b) A ação de despejo proposta contra empresário que tem deferido o processamento da recuperação judicial deve ser suspensa pelo prazo de cento e oitenta dias. c) A execução fiscal, deferido o processamento da recuperação judicial, não se suspende, mas serão da competência do juízo da recuperação os atos de alienação do patrimônio da sociedade. d) O MP assumirá a legitimidade para impugnar o plano de recuperação judicial, caso nenhum credor o faça. e) Se a assembleia geral de credores rejeitar o plano de recuperação judicial, o juiz deverá determinar o arquivamento do processo, ficando vedado ao devedor fazer novo requerimento pelo prazo de dois anos. 9. (Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: TJ-SP Prova: Juiz Substituto) Quais dos créditos indicados a seguir não têm natureza extraconcursal na recuperação judicial? a) Aqueles derivados de contrato de câmbio. b) Honorários de advogados decorrentes de serviços prestados à sociedade após o deferimento da recuperação. c) Obrigações garantidas por penhor mercantil. d) Bens alienados fiduciariamente não essenciais à realização da atividade empresarial da sociedade. 10. (2019/TJAL/FCC/Juiz substituto) Acerca da recuperação judicial, é correto afirmar: CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 39 a) Conforme entendimento sumulado do STJ, a recuperação judicial do devedor principal impede, durante o prazo de cento e oitenta dias contados do deferimento do seu processamento, o prosseguimento das execuções ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral, por garantia cambial, real ou fidejussória. b) Conforme entendimento sumulado do STJ, o Juízo da recuperação judicial é competente para decidir sobre a constrição de quaisquer bens do devedor, ainda que não abrangidos pelo plano de recuperação da empresa. c) Depois de deferido o processamento da recuperação judicial, a desistência do pedido pelo devedor dependerá de aprovação da Assembleia Geral de Credores. d) Obtida maioria absoluta em todas as classes de credores, o plano de recuperação apresentado pelo devedor poderá ser modificado, independentemente do consentimento deste, desde que as modificações não impliquem diminuição dos direitos exclusivamente dos credores ausentes. e) As objeções formuladas pelos credores ao plano de recuperação, independentemente da matéria que versarem, serão resolvidas pelo Juiz, por decisão fundamentada, sendo admitida a convocação da Assembleia Geral de Credores somente nos casos que envolverem alienação de ativos do devedor ou supressão de garantias reais. 11. (2020/TJMS/FCC/Juiz substituto) De acordo com a atual redação da Lei no 11.101/2005, o pedido de recuperação judicial, com base em plano especial para microempresas e empresas de pequeno porte: a) só será julgado procedente se houver a concordância expressa de mais da metade dos credores sujeitos ao plano. b) abrange exclusivamente os créditos quirografários. c) é obrigatório para as microempresas e facultativo para as empresas de pequeno porte. d) acarreta a suspensão das execuções movidas contra o devedor, ainda que fundadas em créditos não abrangidos pelo plano. e) dispensa a convocação de assembleia-geral de credores para deliberar sobre o plano. 12. (2019/TJRJ/VUNESP/Juiz substituto) No que se refere à recuperação judicial, assinale a alternativa correta. a) Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial será substituída por parâmetros de indexação nacionais, em vigor na data do pedido. b) A substituição de bem objeto de garantia real por outro de valor semelhante prescinde de aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia. c) Não estão sujeitas à recuperação judicial as importâncias entregues ao devedor, em moeda corrente nacional, decorrentes de adiantamento a contrato de câmbio para importação. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 40 d) O crédito de promitente vendedor de imóvel cujo contrato contenha cláusula de irretratabilidade não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial. e) Estão sujeitos à recuperação judicial os créditos existentes na data do pedido, desde que vencidos. 13. (Ano: 2021 Banca: FCC Órgão: TJ-GO Cargo: Juiz Substituto) Carlos José, produtor rural, está inscrito no Registro Público de Empresas Mercantis (Junta Comercial) como empresário. Para requerer a recuperação judicial deverá comprovar o exercício de sua atividade há mais de a) dois anos, podendo incluir o período anterior à formalização do registro. b) três anos a partir do registro. c) dois anos a partir do registro. d) um ano a partir do registro. e) um ano, podendo incluir o período anterior à formalização do registro. 14. (Ano: 2021 Banca: FGV Órgão: TJ-PR Cargo: Juiz Substituto) Em razão das alterações promovidas pela Lei nº 14.112/2020 na Lei nº 11.101/2005, quanto à legitimidade para pleitear recuperação judicial pelo plano especial, o produtor rural: a) poderá apresentar plano especial de recuperação judicial, desde que exerça regularmente suas atividades há mais de dois anos e desde que o valor da causa não exceda a R$ 4.800.000,00; b) poderá apresentar plano especial de recuperação judicial, desde que esteja enquadrado como microempresa ou empresa de pequeno porte há mais de dois anos e desde que sua receita bruta anual não exceda a R$ 4.800.000,00; c) ainda que não empresário, poderá apresentar plano especial de recuperação judicial, independentemente de prazo mínimo de exercício de sua atividade, desde que o fluxo de caixa apurado no Livro Caixa Digital do Produtor Rural (LCDPR) não exceda a R$ 4.800.000,00; d) ainda que não empresário, poderá apresentar plano especial de recuperação judicial, desde que exerça regularmente suas atividades há pelo menos seis meses e desde que seu passivo quirografário sujeito à recuperação judicial não exceda a R$ 4.800.000,00; e) empresário pessoa jurídica, poderá apresentar plano especial de recuperação judicial, desde que exerça regularmente suas atividades há mais de umano e desde que seu patrimônio líquido apurado no balanço do exercício anterior ao do ano do pedido não exceda a R$ 4.800.000,00. 15. (Ano: 2021 Banca: FGV Órgão: TJ-PR Prova: Juiz Substituto) Quanto aos efeitos da recuperação judicial no âmbito societário, analise as afirmativas a seguir. I. Na recuperação judicial de companhia aberta, serão obrigatórios a formação e o funcionamento permanente do conselho fiscal, enquanto durar a fase da recuperação judicial, incluído o período de cumprimento das obrigações assumidas pelo plano de CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 41 recuperação. II. É vedado sociedade empresária, até a aprovação do plano de recuperação judicial, distribuir lucros ou dividendos a sócios e acionistas. III. Ficam sujeitos aos efeitos da recuperação judicial os contratos e obrigações decorrentes dos atos cooperativos praticados pelas sociedades cooperativas com seus cooperados, em razão da possibilidade de a cooperativa médica pleitear recuperação judicial. Está correto o que se afirma em: a) somente II; b) somente III; c) somente I e II; d) somente I e III; e) I, II e III. 16. (Ano: 2022 Banca: FGV Órgão: TJ-AP Prova: Juiz Substituto) Os advogados de doze sociedades empresárias integrantes de grupo econômico, todas em recuperação judicial, pleitearam ao juiz da recuperação, em nome de suas representadas, que fosse autorizada a consolidação dos ativos e passivos das devedoras, em unidade patrimonial, de modo que fossem tratados como se pertencessem a um único devedor. Considerando-se a existência de parâmetros legais para análise e eventual deferimento do pedido, é correto afirmar que: a) a consolidação pretendida pelas recuperandas poderá ser apreciada pelo juiz após a homologação do pedido pela assembleia de credores, que deverá ser convocada em até trinta dias para deliberar exclusivamente sobre essa matéria; b) a consolidação dos ativos e passivos para fins de votação do plano único de recuperação judicial é medida excepcional e exclusiva para devedores integrantes do mesmo grupo econômico que estejam em recuperação judicial sob consolidação processual; c) o juiz está autorizado a assentir no pedido de consolidação de ativos e passivos das recuperandas apenas quando constatar a ausência de conexão entre eles e a separação patrimonial, de modo que seja possível identificar sua titularidade em cada uma das devedoras; d) dentre as hipóteses legais a serem verificadas e que autorizam o deferimento da consolidação de patrimônios de sociedades em recuperação judicial para efeito de votação de plano único, estão a inexistência de garantias cruzadas e a relação de controle ou de dependência entre as sociedades; e) para que seja autorizada a consolidação de ativos e passivos de sociedades em recuperação judicial integrantes de grupos econômicos deve ficar constatada, necessariamente, a identidade total ou parcial do quadro societário das devedoras e a atuação conjunta delas no mercado. 17. (Ano: 2022 Banca: FGV Órgão: TJ-AP Prova: Juiz Substituto) A sociedade Três Navios Supermercados Ltda. teve sua falência decretada com fundamento na CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 42 impontualidade, sem anterior processo de recuperação. Banco Mazagão S/A, credor fiduciário na falência, pleiteou e teve deferida a restituição em dinheiro correspondente a bem que se encontrava na posse da falida na data da decretação da falência, mas não foi arrecadado. Em que pese o reconhecimento do direito à restituição por decisão judicial e do requerimento de pagamento imediato feito pelo credor, o administrador judicial da massa falida informou ao juízo que não havia recursos disponíveis no momento, devendo o credor aguardar o pagamento, observadas as prioridades legais. Ciente do fato, o juiz da falência, observando as disposições da lei de regência: a) acolheu a pretensão do credor, pois o crédito decorrente de restituição em dinheiro, na falência, deve ser atendido antes de qualquer crédito; b) acatou o argumento do administrador judicial e determinou que o crédito seja pago após serem satisfeitas as remunerações devidas ao administrador judicial e a seus auxiliares; c) rejeitou a pretensão do credor, pois, para efeito de pagamento, precedem a seu crédito apenas as despesas cujo pagamento antecipado seja indispensável à administração da falência; d) indeferiu o requerimento do credor e determinou ao administrador judicial que o pagamento seja realizado após os reembolsos de quantias fornecidas à massa pelos credores e das despesas com a arrecadação; e) determinou que o pagamento seja feito após as despesas cujo pagamento antecipado seja indispensável à administração da falência e dos créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos três meses anteriores à decretação da falência, até o limite de cinco salários mínimos por trabalhador. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 43 5. GABARITO COMENTADO 1 – E. Para recuperação judicial, nos termos legais, as microempresas e as empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, poderão apresentar plano especial de recuperação judicial, o qual a) deverá abranger todos os credores, sendo possível em qualquer hipótese a inclusão posterior dos credores não habilitados na recuperação judicial. Errado. Primeiro que abrangerá todos os créditos existentes na data do pedido. Segundo que ficam excetuados os decorrentes de repasse de recursos oficiais, os fiscais... (art. 71, I, da LFR). b) não deverá abranger os créditos vincendos na data do pedido de recuperação judicial. “abrangerá todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos” (art. 71, I, da LFR). c) deverá prever o parcelamento em até sessenta parcelas, iguais e sucessivas, atualizadas monetariamente, mas sem acréscimo de juros. 36 parcelas mensais. (art. 71, II, da LFR). d) deverá prever o pagamento da primeira parcela no prazo máximo de sessenta dias, contado da distribuição do pedido de recuperação judicial. 180 dias (art. 71, III, da LFR). e) não deverá acarretar a suspensão do curso da prescrição nem das ações e execuções por créditos não abrangidos pelo plano de recuperação judicial. Exato. “O pedido de recuperação judicial com base em plano especial não acarreta a suspensão do curso da prescrição nem das ações e execuções por créditos não abrangidos pelo plano” (art. 71, parágrafo único, da LFR). 2 – E. Em relação à recuperação judicial e extrajudicial, dispõe a Lei no 11.101/2005: A) A petição inicial de recuperação judicial será instruída com as demonstrações contábeis relativas aos 5 (cinco) últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de relatório gerencial relativo ao balanço patrimonial anual. 3 exercícios (art. 51, II) B) Estando em termos a documentação exigida que deve instruir a petição inicial, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato, determinará ao devedor a apresentação de contas demonstrativas mensais enquanto perdurar a recuperação judicial, sob pena de extinção do processo sem julgamento do mérito. Extinção? Kkk. Claro que não. Sob pena de destituição de seus administradores (art. 52, IV) C) O pedido de homologaçãodo plano de recuperação extrajudicial acarretará suspensão de direitos, ações ou execuções contra o devedor, bem como a impossibilidade do pedido de decretação de falência pelos credores, mesmo que não sujeitos ao plano de recuperação extrajudicial. Esses podem pedir a falência. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 44 D) Na recuperação extrajudicial, transcorrido um ano da decisão que não homologou o plano, o devedor poderá, cumpridas as formalidades, apresentar novo pedido de homologação de plano de recuperação extrajudicial. Dois anos (art. 151, § 3º) E) Na recuperação extrajudicial, nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial só poderá ser afastada se o credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente previsão diversa no plano de recuperação extrajudicial. Isso. Artigo 163, § 5º. 3 – B. Conforme relatado pela questão, o termo de adesão foi protocolado pelo advogado da empresa recuperanda na véspera da assembleia geral de credores. A Lei Falencial impõe um prazo de 5 dias úteis ANTES da data da realização da assembleia geral de credores para apresentação do termo de adesão, comprovando a aprovação dos credores ao plano, tudo conforme o art. 56-A da Lei 11.101/2005. Ainda, apenas para ressaltar que o quórum do art. 45 foi totalmente cumprido no termo de adesão. 4 – A. Questão fundamentada no art. 95 da Lei de Falências (Lei 11.101/2005). “Art. 95. Dentro do prazo de contestação, o devedor poderá pleitear sua recuperação judicial.” 5 – C. A questão fundamenta-se na Lei de Recuperação Judicial e Falências e alternativa “C” é a única correta, com base no art. 48-A da LFRE. “Art. 48-A. Na recuperação judicial de companhia aberta, serão obrigatórios a formação e o funcionamento do conselho fiscal, nos termos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, enquanto durar a fase da recuperação judicial, incluído o período de cumprimento das obrigações assumidas pelo plano de recuperação.” 6 – A. No período de seis meses, a contar do deferimento da recuperação judicial: a) não são suspensas as execuções fiscais em face da recuperanda. (LFR, art. 5º, § 7º) b) é permitido retirar do estabelecimento do devedor bens móveis sobre os quais o credor tenha propriedade fiduciária, mesmo que sejam eles essenciais à atividade empresarial do recuperando. Embora tais créditos não se submetam à recuperação, a retirada é vedada se forem essenciais à atividade. c) não tramitam as ações propostas contra a recuperanda que demandem quantias ilíquidas. As que demandam quantias ilíquidas prosseguem (as líquidas ficam suspensas). CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 45 d) o juízo da recuperação judicial é competente para decidir sobre a constrição de todos os bens da recuperanda, mesmo que não abrangidos pelo plano de recuperação da empresa. Só há interesse de atrair para o juízo universal as questões submetidas à recuperação. 7 – B. Considere as afirmações abaixo. I - A rejeição do plano de recuperação judicial por uma das classes de credores impede sua aprovação pelo juiz, tornando obrigatória a decretação da falência. O juiz pode conceder a recuperação do plano quase aprovado, mesmo rejeitado por uma das classes, conforme artigo 58, § 1º, da LRF (Cram down). II - A função do administrador judicial na falência e na recuperação de empresa, que poderá ser exercida por pessoa jurídica, é indelegável, embora admitida a contratação de auxiliares. (LRF, art. 21) III - Os créditos do titular de propriedade fiduciária, na falência, são considerados extraconcursais, tendo precedência em relação aos demais. Não é crédito extraconcursal, uma vez que sequer se submete à falência (LRF, art. 49, § 3º). Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) Apenas I e III. 8 – C. Acerca da recuperação judicial, assinale a opção correta. a) O juiz, mesmo tendo ultrapassado o prazo de dois anos da homologação do plano de recuperação judicial, deve, de ofício, decretar a falência do devedor, caso ele não o cumpra. Ultrapassado o prazo de 2 anos da homologação do plano de recuperação, caso haja o descumprimento do plano, deve o credor requerer a execução específica ou pedir falência, com base no art. 94, I, da LF. A convolação em falência somente ocorre se o cumprimento foi dentro do prazo de 02 anos. b) A ação de despejo proposta contra empresário que tem deferido o processamento da recuperação judicial deve ser suspensa pelo prazo de cento e oitenta dias. A ação de despejo não se submete ao juízo universal da falência, podendo continuar a tramitar normalmente, inclusive com a retomada do bem pelo locador (STJ, CC 123.116-SP, 14/08/2014, Info. 551) c) A execução fiscal, deferido o processamento da recuperação judicial, não se suspende, mas serão da competência do juízo da recuperação os atos de alienação do patrimônio da sociedade. Vide jurisprudência em teses do STJ, Edição 37. A assertiva é exatamente a redação da tese nº 7. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 46 d) O MP assumirá a legitimidade para impugnar o plano de recuperação judicial, caso nenhum credor o faça. O MP também detém legitimidade para impugnar o plano, assim como o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios. LF - Art. 8º No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no art. 7º, § 2º, desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, apontando a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado. e) Se a assembleia geral de credores rejeitar o plano de recuperação judicial, o juiz deverá determinar o arquivamento do processo, ficando vedado ao devedor fazer novo requerimento pelo prazo de dois anos. LF, art. 56, § 4º Rejeitado o plano de recuperação pela assembleia geral de credores, o juiz decretará a falência do devedor. 9 – C. Quais dos créditos indicados a seguir não têm natureza extraconcursal na recuperação judicial? Redação horrível. Extraconcursais são os créditos que não ingressam no concurso de credores, denominação própria do processo falimentar, não dá recuperação. Aliás, na recuperação não há concurso (concorrência). O que a questão quis dizer é qual crédito não ingressa na recuperação (fica de fora do plano; não pode ser renegociado). É para ver ao que somos obrigado a passar (resistir) antes de passar (aprovação). a) Aqueles derivados de contrato de câmbio. Estão fora da recuperação (art. 49, § 4º c/c artigo 86, II, ambos da LFR) b) Honorários de advogados decorrentes de serviços prestados à sociedade após o deferimento da recuperação. Esses valores não ingressam na recuperação, devendo ser pagos desde logo. Aliás, se for decretada a falência, aí sim esses créditos serão extraconcursais (pagos com prioridade, antes do concurso): créditos resultantes de honorários advocatícios têm natureza alimentar e equiparam-se aos trabalhistas para efeito de habilitação em falência, seja pela regência do Decreto-Lei n. 7.661/1945, seja pela forma prevista na Lei n. 11.101/2005, observado, neste último caso, o limite de valor previsto no artigo 83, inciso I, do referido Diploma legal. 1.2). São créditos extraconcursais os honorários de advogado resultantesde trabalhos prestados à massa falida, depois do decreto de falência, nos termos dos arts. 84 e 149 da Lei n. 11.101/2005. [...] (REsp. 1.152.218 RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, CORTE ESPECIAL, julgado em 07/05/2014, DJe 09/10/2014). c) Obrigações garantidas por penhor mercantil. Penhor é garantia real. Entrará normalmente na recuperação e será crédito concursal na falência (pagos após os créditos trabalhistas). Veja o que estabelece o artigo 49, § 5º, da LRF: “tratando-se de crédito garantido por penhor sobre títulos de crédito, direitos creditórios, aplicações financeiras ou valores mobiliários, poderão ser substituídas ou renovadas as garantias liquidadas ou vencidas durante a recuperação judicial e, enquanto não renovadas ou substituídas, o valor eventualmente recebido em pagamento das garantias permanecerá em conta vinculada durante o período de suspensão de que trata o § 4º do art. 6º desta Lei”. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 47 d) Bens alienados fiduciariamente não essenciais à realização da atividade empresarial da sociedade. O titular da posição de proprietário fiduciário não se submete à recuperação (art. 49, § 3º, da LFR). A única coisa é que os bens, se essenciais, não podem ser retirados da empresa em recuperação (isso não importa em incluir tais créditos na recuperação, pois são mantidas suas condições contratuais). 10 – C. Acerca da recuperação judicial, é correto afirmar: (A) Conforme entendimento sumulado do STJ, a recuperação judicial do devedor principal impede, durante o prazo de cento e oitenta dias contados do deferimento do seu processamento, o prosseguimento das execuções ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral, por garantia cambial, real ou fidejussória. A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das execuções nem induz suspensão ou extinção de ações ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral, por garantia cambial, real ou fidejussória, pois não se lhes aplicam a suspensão prevista nos arts. 6º, caput, e 52, inciso III, ou a novação a que se refere o art. 59, caput, por força do que dispõe o art. 49, § 1º, todos da Lei 11.101/2005. STJ. 2ª Seção. REsp. 1.333.349-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/11/2014 (recurso repetitivo) (Info 554) - Súmula 581 do STJ. (B) Conforme entendimento sumulado do STJ, o Juízo da recuperação judicial é competente para decidir sobre a constrição de quaisquer bens do devedor, ainda que não abrangidos pelo plano de recuperação da empresa. O juízo da recuperação judicial NÃO é competente para decidir sobre a constrição de bens não abrangidos pelo plano de recuperação da empresa (STJ, Súmula 480). (C) Depois de deferido o processamento da recuperação judicial, a desistência do pedido pelo devedor dependerá de aprovação da Assembleia Geral de Credores. “Após o deferimento do processamento só é possível com concordância de todos os credores. Após a concessão não é mais possível a desistência, nem com consentimento dos credores”. (D) Obtida maioria absoluta em todas as classes de credores, o plano de recuperação apresentado pelo devedor poderá ser modificado, independentemente do consentimento deste, desde que as modificações não impliquem diminuição dos direitos exclusivamente dos credores ausentes. Em princípio, o plano aprovado e homologado é imutável (se o devedor dele se afastar, corre o risco de ter decretada sua falência). Mas, passando a condição econômica do devedor por considerável mudança, o plano pode ser aditado mediante retificação pela assembleia de credores. (E) As objeções formuladas pelos credores ao plano de recuperação, independentemente da matéria que versarem, serão resolvidas pelo Juiz, por decisão fundamentada, sendo admitida a convocação da Assembleia Geral de Credores somente nos casos que envolverem alienação de ativos do devedor ou supressão de garantias reais. HAVENDO OBJEÇÃO, o juiz convoca assembleia geral dos credores. A propósito, a Lei de Falências entroniza a Assembleia de Credores inclusive para deliberar a respeito de quaisquer objeções feitas pelos credores não satisfeitos. É o que menciona o art. 56 da lei. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 48 11 – E. De acordo com a atual redação da Lei nº 11.101/2005, o pedido de recuperação judicial, com base em plano especial para microempresas e empresas de pequeno porte, (A) só será julgado procedente se houver a concordância expressa de mais da metade dos credores sujeitos ao plano. Os credores não se manifestam. Nesse caso, é o juiz que defere diretamente, uma vez atendidas as condições legais (artigo 72 da LFR). (B) abrange exclusivamente os créditos quirografários. (C) é obrigatório para as microempresas e facultativo para as empresas de pequeno porte. A lei não fala nada disso. É sempre facultativo. (D) acarreta a suspensão das execuções movidas contra o devedor, ainda que fundadas em créditos não abrangidos pelo plano. Consoante artigo 71 da LFR: “Parágrafo único. O pedido de recuperação judicial com base em plano especial não acarreta a suspensão do curso da prescrição nem das ações e execuções por créditos não abrangidos pelo plano”. (E) dispensa a convocação de assembleia-geral de credores para deliberar sobre o plano. Exato! Conforme a LFR, artigo 72. “Caso o devedor de que trata o art. 70 desta Lei opte pelo pedido de recuperação judicial com base no plano especial disciplinado nesta Seção, não será convocada assembleia-geral de credores para deliberar sobre o plano, e o juiz concederá a recuperação judicial se atendidas as demais exigências desta Lei.” 12 – D. No que se refere à recuperação judicial, assinale a alternativa correta. (A) Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial será substituída por parâmetros de indexação nacionais, em vigor na data do pedido. “Art. 50, § 2º, Lei nº 11.101/05 Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial será CONSERVADA como parâmetro de indexação da correspondente obrigação e só poderá ser afastada se o credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente previsão diversa no plano de recuperação judicial”. (B) A substituição de bem objeto de garantia real por outro de valor semelhante prescinde de aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia. “Art. 50, §1º, Lei nº 11.101/05. Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua substituição somente serão admitidas mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia”. (C) Não estão sujeitas à recuperação judicial as importâncias entregues ao devedor, em moeda corrente nacional, decorrentes de adiantamento a contrato de câmbio para importação. “Art. 49, § 4º, Lei nº 11.101/05. Não se sujeitará aos efeitos da recuperação judicial a importância a que se refere o inciso II do art. 86 desta Lei.” “Art. 86 Lei nº 11.101/05. Proceder-se-á à restituição em dinheiro: II – da importância entregue ao devedor, em moeda corrente nacional, decorrente de adiantamento a contrato de câmbio para EXPORTAÇÃO, na forma do art. 75, §§ 3º e 4º, da Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965, desde que o prazo total da operação, inclusive eventuais prorrogações, não exceda o previsto nas normas específicas da autoridade competente”; CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 49 (D) O créditode promitente vendedor de imóvel cujo contrato contenha cláusula de irretratabilidade não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial. “Art. 49, § 3º, Lei nº 11.101/05. Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que se refere o § 4º do art. 6º desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial”. (E) Estão sujeitos à recuperação judicial os créditos existentes na data do pedido, desde que vencidos. “Art. 49, caput, Lei nº 11.101/05. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, AINDA QUE NÃO VENCIDOS”. 13. A. De acordo com o art. 48 da Lei 11.101/05, poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e, especificamente no caso do exercício de atividade rural por pessoa jurídica, prevê o parágrafo terceiro do mesmo artigo que admite-se a comprovação do prazo estabelecido no caput deste artigo por meio da Escrituração Contábil Fiscal (ECF), ou por meio de obrigação legal de registros contábeis que venha a substituir a ECF, entregue tempestivamente. Já o STJ, por sua vez, decidiu que “o cômputo do período de dois anos de exercício da atividade econômica, para fins de recuperação judicial, nos termos do art. 48 da Lei nº 11.101/2005, aplicável ao produtor rural, inclui aquele anterior ao registro do empreendedor.” (4ª Turma. REsp. 1.800.032-MT, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, julgado em 05/11/2019 (Info 664)) 14. A. O prazo de 2 anos está previsto no caput do art. 48 da Lei 11.101/05. Já o art. 70-A, por sua vez, prevê que o “produtor rural de que trata o § 3º do art. 48 desta Lei poderá apresentar plano especial de recuperação judicial, nos termos desta Seção, desde que o valor da causa não exceda a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais)”. 15. – D. I. CORRETO. “Na recuperação judicial de companhia aberta, serão obrigatórios a formação e o funcionamento do conselho fiscal, nos termos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, enquanto durar a fase da recuperação judicial, incluído o período de cumprimento das obrigações assumidas pelo plano de recuperação”. (LFRE, art. 48-A). Atentem que este artigo é inovação da reforma da Lei 11.101/05. CPF: 860.542.154-18 PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 50 II. CORRETO. “É vedado ao devedor, até a aprovação do plano de recuperação judicial, distribuir lucros ou dividendos a sócios e acionistas, sujeitando-se o infrator ao disposto no art. 168 desta Lei.” (LFRE, art. 6º-A). Importante atentar que é artigo incluído pela reforma da Lei de Falências e Recuperação Judicial. III. INCORRETO. “Não se sujeitam aos efeitos da recuperação judicial os contratos e obrigações decorrentes dos atos cooperativos praticados pelas sociedades cooperativas com seus cooperados, na forma do art. 79 da Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, consequentemente, não se aplicando a vedação contida no inciso II do art. 2º quando a sociedade operadora de plano de assistência à saúde for cooperativa médica.” (LFRE, art. 6º, § 13). Também incluído pela reforma da Lei 11.101/05. 16 – B. A resposta está no art. 69-J da LFRE. “Art. 69-J. O juiz poderá, de forma excepcional, independentemente da realização de assembleia-geral, autorizar a consolidação substancial de ativos e passivos dos devedores integrantes do mesmo grupo econômico que estejam em recuperação judicial sob consolidação processual, apenas quando constatar a interconexão e a confusão entre ativos ou passivos dos devedores, de modo que não seja possível identificar a sua titularidade sem excessivo dispêndio de tempo ou de recursos, cumulativamente com a ocorrência de, no mínimo, 2 (duas) das seguintes hipóteses: I – existência de garantias cruzadas; II – relação de controle ou de dependência; III – identidade total ou parcial do quadro societário; e IV – atuação conjunta no mercado entre os postulantes.” 17 – E. A questão exige o conhecimento do art. 84 da LFRE para solução. Importante atentar que o inciso I-A fala “das despesas cujo pagamento antecipado seja indispensável à administração da falência” (art. 150) e “dos créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador” (art. 151). “Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, aqueles relativos: I - (revogado); I-A - às quantias referidas nos arts. 150 e 151 desta Lei; I-B - ao valor efetivamente entregue ao devedor em recuperação judicial pelo financiador, em conformidade com o disposto na Seção IV-A do Capítulo III desta Lei; I-C - aos créditos em dinheiro objeto de restituição, conforme previsto no art. 86 desta Lei; [...]”