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Prof.Sormanni Lucena email.: sormanni_1@hotmail.com Caso clínico Paciente do sexo masculino, 76 anos, negro, aposentado, natural e procedente de Barbalha, procurou a unidade de emergência hospitalar, acompanhado da filha, com queixa de diarreia e vômito há quatro dias. Relata que os sintomas se iniciaram um dia após a ingestão de hamburguer que havia comprado em um food truck perto de onde mora. Refere piora nas últimas 48 horas, apresentado cerca de 4 dejeções de aspecto líquido, mucoso e não sanguinolento, além de 1 episódio de vômito e febre mensurada em 38,4 °C. O paciente queixa-se ainda de oligúria e fadiga nas últimas 24 horas. Refere uso de antiemético para as náuseas e vômitos, com melhora. Sem fatores de melhora ou piora para oligúria e a diarreia. Nega dor abdominal, febre ou histórico de doenças prévias e alergias. Exame físico Regular estado geral, letárgico, afebril, acianótico, conjuntivas e escleróticas anictéricas, hipoativo, desidratado (+++/IV), eupneico (frequência respiratória = 18 ipm), taquicárdico (frequência cardíaca = 120 bpm) e hipotenso (90 x 60 mmHg). Sistema respiratório com murmúrio vesicular bem distribuído, sem ruídos adventícios. Aparelho cardiovascular com bulhas normofonéticas em dois tempos, sem presença de sopros. Abdome flácido, com ruídos hidroaéreos aumentados, discretamente doloroso à palpação profunda; fígado e baço não palpáveis Injúria renal aguda Definição As Diretrizes do KDIGO (Clinical Practice Guideline for Acute Kidney Injury) definem IRA como: um aumento da creatinina sérica ≥ 0,3 mg/ dl em 48 horas; ou um aumento da creatinina sérica ≥ 1,5 vezes o valor basal, conhecido ou presumido, como tendo ocorrido nos últimos 7 dias; ou um volume urinário < 0,5 ml/kg/h por 6 horas. Incidência 7% das internações 30% dos pacientes no CTI Varia conforme a definição de IRA Mortalidade Extremamente elevada apesar dos avanço nas técnicas dialíticas 50%, no CTI até 70%. Principal causa de óbito é a sepse. Etiologia Maioria das vezes multifatorial Filtração glomerular e produção da urina Classificação • Pré-renal • Intrìnseca (renal) • Pós-renal Classificação didática ✓Pré-renal: redução da perfusão sangüínea sem dano celular; vasoconstricção da arteríola aferente e queda da filtração glomerular.Redução do fluxo plasmático renal →reabsorção tubular de Na e H20 ▪Causas: Todas que gerem redução do volume circulante efetivo -Hipotensão de qualquer etilogia. Desidratação, vômitos -Diminuição do débito cardíaco:ICC, IAM, tamponamento, arritmias -Perdas para o “terceiro espaço” (queimados, pancreatite, peritonite, hepatopatia, síndrome nefrótica). -Drogas: Inibidores das prostaglandinas → ICC, IRC e hepatopatas. Ciclosporina -Vasodilatação periférica: Choque, sepse, agentes anti-hipertesnsivos Anamnese Pré-renal Os pacientes podem apresentar uma história de perda excessiva de fluidos por hemorragia, pelo trato gastrointestinal (vômitos, diarreia) ou sudorese. Os pacientes hospitalizados podem apresentar reposição insuficiente de fluidos para cobrir perdas contínuas e insensíveis, principalmente se houver restrição da ingestão enteral. Anamnese Pode haver histórias de sepse, cirurgia gastrointestinal ou pancreatite. Os pacientes podem apresentar sintomas de hipovolemia: sede, tontura, taquicardia, oligúria ou anúria. A ortopneia e a dispneia paroxística noturna podem ocorrer se houver insuficiência cardíaca avançada. ✓Intrínseca: ▪Insulto isquêmico ou tóxico aos túbulos renais (necrose tubular aguda - NTA); ▪Processo tubulointersticial com inflamação e edema (nefrite intersticial); ▪Glomérulo com redução de sua capacidade de filtração (glomerulonefrite aguda); ✓ Pós-renal: obstrução do trato urinário. Cerca de 70% dos casos comunitários e 40% dos casos hospitalares de IRA tem causa pré- renal; IRA pré-renal pode levar a NTA quando o fluxo sangüíneo estiver suficientemente comprometido a ponto de provocar morte das células tubulares. Intrínseca Geralmente, os pacientes apresentam necrose tubular aguda (NTA) subsequente a infecção grave, exposição a medicamentos nefrotóxicos ou cirurgia de grande porte O paciente pode apresentar uma história de erupção cutânea, hematúria ou edema com hipertensão, sugerindo síndrome nefrítica e uma glomerulonefrite aguda ou vasculite renal. Uma história de todos os medicamentos atuais e exames radiológicos recentes deve ser coletada para se estabelecer qualquer exposição a potenciais nefrotoxinas Pós-renal A insuficiência pós-renal é mais comum em homens idosos com obstrução prostática. Frequentemente, há história de urgência, polaciúria ou hesitação. Uma história de malignidade, prostatismo, nefrolitíase ou cirurgia prévia pode coincidir com o diagnóstico de obstrução. A obstrução causada por cálculo renal ou necrose papilar se apresenta tipicamente como dor no flanco e hematúria Exame físico Hipotensão, hipertensão, edema pulmonar ou edema periférico podem estar presentes. Pode ocorrer asterixis (flapping) ou estado mental alterado quando a uremia está presente. O paciente com perda de fluidos, sepse ou pancreatite pode apresentar hipotensão juntamente com outros sinais de colapso circulatório. Pacientes com doença glomerular geralmente apresentam hipertensão e edema, proteinúria e hematúria microscópica (síndrome nefrítica). O paciente com obstrução prostática pode apresentar distensão abdominal por causa de uma bexiga cheia. ✓Diagnóstico: História e exame clínico: pesquisar exposição a nefrotoxinas, sinais e sintomas de depleção volêmica; ▪Avaliação do volume urinário. Escore de risco: < 0,5 ml/Kg/h por 6h, < 0,5ml/Kg/h por 12 h e < 0,3ml/Kg/h por 24h ou anúria(100ml/24h) ▪Avaliação da urina: Tabela 1 ▪Exames de sangue: uréia, creatinina, cálcio e ácido úrico (quando elevados, suspeitar de lise tumoral); CPK (se elevada suspeitar de rabdomiólise), eletroforese de proteínas plasmáticas (mieloma múltiplo), eosinófilos (em excesso indica nefrite intersticial alérgica). ▪Avaliar a filtração glomerular: Usualmente a Cr aumenta 0,5 mg/dl/dia. Uréia: 35%-40% é reabsorvida -> 40:1 em relação a Cr. Situações onde a uréia se eleva sem redução da filtração glmerular (hipercatabolismo, ingesta calórica inadequada, uso de glicocorticóide, sangramento do TGI ) ▪ Equilíbrio ácidobásico e eletrolítico Produção diária de 1meq/Kg/dia Acidose metabólica com anion gap elevado ▪ Potássio Retenção de K (90% eliminação renal) e acidose Fraqueza muscular e alterações na condução cardíaca. Onda T apiculada , duração do QRS,↓ onda P, Pr e FV. ▪ Sódio Normal, elevado ( recuperação de IRA obstrutiva) e baixo ( hipovolemias). ▪ Fósforo Hiperfosfatemia ▪ Cálcio Hipocalcemia, hipercalcemia( MM) Alterações eletrocardiográficas da hipercalemia ✓ Cateterização vesical: pode descartar obstrução uretral hiperplasia e câncer de próstata, estenose de uretra); ✓ US renal: o sistema coletor renal torna-se dilatado em 80 a 85% dos casos de obstrução urinária; rins pequenos sugerem insuficiência renal crônica; ✓ Biópsia renal: somente quando o exame clínico, laboratorial e radiológico excluir causas pré-renais, pós-renais e NTA.Exceção: rim transplantado biópsia deve ser feita precocemente). ▪ Tratamento ▪ Tratamento não-dialítico ▪ Correção dos fatores desencadeantes na IRA pré-renal e pós-renal. ▪ Manutenção da volemia -Ofertar geralmente perdas + 400ml/dia ▪ Reposição das perdas na fase poliúrica da IRA pós-renal. ▪ Diuréticos: Usar ou não usar? -É mais fácil conduzir,entretanto essa conversão de oligúrico para não-oligúrico não altera o Prognóstico ▪ Naõ usar dopamina em dose renal ▪ Não usar manitol ▪ Correção da acidose metabólica Dose de Bic: peso x 0,7 x (HC03 desejado –atual). Manter HC03 em torno de 10 a 15. ▪ Suporte nutricional -Hipercatabolismo -Restrição de Na e H20 -Ofertar 30Kcal/Kg ▪Ajuste das drogas ✓ Hipercalemia ▪ Tratamento de urgência ▪ Gluconato de cálcio 10% EV ▪ Uso de 2 agonista ▪ Solução polarizante: Insulina + glicose ▪ Bicarbonato de sódio 8,4% ou 10% EV ▪ Furosemida ▪ Poliestireno sulfato de cálcio (SORCAL) VO or VR ▪ Diálise ✓ Indicações clássicas de diálise ▪ Hipercalemia ▪ Hipervolemia ▪ Acidose metabólica grave ▪ Uremia (sonolência, tremores, convulsão,coma, pericardite, sangramentos, Náuseas e vômitos). Tipos ▪ Hemodiálise intermitente; ▪ Hemodiálise ou hemofiltração contínuas; ▪ Diálise peritoneal. Hemodiálise Slide 1: Prof.Sormanni Lucena email.: sormanni_1@hotmail.com Slide 2: Caso clínico Slide 3 Slide 4 Slide 5: Exame físico Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9: Classificação Slide 10 Slide 11: Anamnese Pré-renal Slide 12: Anamnese Slide 13 Slide 14: Intrínseca Slide 15 Slide 16: Pós-renal Slide 17: Exame físico Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27: Hemodiálise