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Distúrbios Hidroeletrolíticos Compartimentos líquidos do organismo → A água representa o principal constituinte do corpo humano e de todos os organismos → O próprio organismo é uma solução aquosa na qual estão dissolvidos vários íons e moléculas Água total no organismo → Varia entre 45 e 60% do peso corporal, dependendo da idade, sexo e composição corporal do indivíduo → Para o adulto homem: → Obesos: tem menos água no organismo porque tem muito tecido adiposo → Mulher: também apresentam mais tecido adiposo que o homem → cálculo x 0,5 (50% do peso corporal) → Idosos: menor quantidade de água corporal porque apresentam menor massa muscular → Crianças: a quantidade de água total varia entre 70-80% do peso corporal porque apresentam menos tecido adiposo Difusão → Simples: passagem de íons ou moléculas por uma membrana sem a necessidade de ligação com proteínas → Facilitada: necessidade de uma proteína transportadora que se liga às moléculas e facilita a passagem por meio da membrana → Osmose: ocorre quando duas soluções de concentrações diferentes se encontram separadas por uma membrana semipermeável. A água passa da solução menos concentrada para a mais concentrada, até atingir um equilíbrio iônico Soluções → Isotônicas: mesma tonicidade do plasma e, por isso, não induzem o movimento da água pelas membranas celulares e não provocam variação de volume celular São soluções EV Ex: solução salina 0,9% e solução glicosada 5% → Hipertônicas: apresentam maior tonicidade que o plasma Dão início ao movimento da água em direção ao espaço extracelular (ex: intravascular), provocando diminuição do volume celular Ex: solução salina 3% → Hipotônicas: apresentam menor tonicidade que o plasma Dão início ao movimento de água em direção ao compartimento intracelular, provocando edema celular Ex: solução ao meio (0,45%) Composição eletrolítica dos compartimentos líquidos → A água está presente nos ossos, transcelular, intracelular (principal), interstício, plasma e tecido conjuntivo e fica continuamente trocando de compartimento → Eletrólitos presentes no organismo: sódio, potássio, cálcio, magnésio, fósforo e outros → Extracelular: o cátion mais abundante é o sódio e o ânion mais abundante é o potássio → Intracelular: o cátion mais abundante é o potássio e os ânions são compostos orgânicos, fosfatos, sulfatos e proteínas → A bomba de sódio e potássio mantém uma diferença de potencial na membrana celular e permite que exista as diferenças de concentração entre o sódio e o potássio Osmolaridade plasmática → A osmolaridade do corpo tem que se manter sempre estável → Sua variação se dá, principalmente, através da mudança nas concentrações de sódio, glicose e ureia → Para que ela não varie tanto, o corpo faz o ajuste da ingesta e excreção de água através do controle da sede, secreção do ADH e mecanismos renais de conservação e eliminação da água → Mesmo com grandes variações na ingesta líquida, a osmolaridade se mantém mais ou menos constante → Déficit de água: Hiperosmolaridade → estimula sede, a secreção de ADH e altera a permeabilidade do epitélio do ducto coletor, tornando possível uma maior conservação de água pelos rins → Excesso de água: Hiposmolaridade → ausência de sede, menor secreção de ADH e menor permeabilidade à água no ducto coletor, causando maior diurese HIPERNATREMIA → Ou déficit de água ou estado hiperosmolar → Na > 145 mEq/L → Um dos distúrbios mais comuns em pacientes internados → Um déficit de água no organismo é acompanhado por um aumento da concentração plasmática de sódio → A hiperosmolaridade induz um movimento da água intracelular para o extracelular, reduzindo o volume celular → O cérebro é extremamente vulnerável a alterações do volume celular → pode causar uma separação entre cérebro, meninges e crânio, com ruptura dos vasos sanguíneos e hemorragia → Crônica: as células cerebrais conseguem, após um tempo, responder com um aumento na concentração intracelular de vários solutos osmoticamente ativos, como o sódio, potássio e cloro, o que reduz a sintomatologia → Aguda: como não houve tempo para que as células cerebrais se adaptassem, há grande variação do volume celular, culminando em manifestações clínicas importantes → Mecanismo de adaptação em relação a hipernatremia: Liberação de ADH Ativação da sede Centro da sede: muito sensível a pequenos aumentos da osmolaridade (1-2%) No entanto, muitos pacientes podem não expressar a sede adequadamente ou não ter acesso á água → crianças pequenas, adultos com alteração no nível de consciência, idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica → Perda de água: Perdas insensíveis (respiração, sudorese, febre) Hipodipsia: paciente que se recusa a tomar água ou bebe pouca água Diabetes insípido central Diabetes insípido nefrogênico Perda de fluídos hipotônicos Perdas renais Diurese osmótica Diuréticos de alça Fase poliúrica de NTA Diurese pós-obstrutiva Perdas GI Vômitos, sondagem nasogástrica Diarreia Catárticos osmóticos (laxativos) Perdas cutâneas Queimaduras → Sobrecarga de sódio: Administrações de soluções hipertônicas de sódio Enemas ricos em sódio Hiperaldosteronismo primário Sd de Cushing → Hipernatremia hipovolêmica: perdemos sódio mas perdemos muito mais água → Hipernatremia normovolêmica: diminuímos a água corporal e o sódio acaba ficando na solução com uma hipernatremia pois diminuímos um pouco a água corporal. → Hipernatremia hipervolêmica: aumento do sódio e aumento da água corporal. → O paciente diabético tem polidipsia, poliuria, perde grandes quantidades de líquido porque tem um sangue hiperosmolar por conta da glicose → Muita glicose saindo pelos túbulos renais, fazendo com que leve junto a água e aí o paciente urina muito. → Central: caracteriza-se por uma alteração central na síntese ou secreção de ADH, limitando a capacidade renal de concentrar a urina e causando graus variados de poliúria e polidipsia Causado por: cirurgias de hipófise, tumores suprasselares e traumatismo craniano → Nefrogênico: diminuição da capacidade de concentração urinária que resulta da resistência à ação do ADH. Pode ser congênita ou adquirida Causas adquiridas: nefropatia crônica, doença policística, doença cística medular, amiloidose, pielonefrite, uropatia obstrutiva, anemia de células falciformes, distúrbios eletrolíticos (hipercalcemia, hipopotassemia), alterações na dieta e agentes farmacológicos (lítio, metoxiflurano, etc) → Manifestações clinicas: poliúria (pode chegar a 15L por dia), noctúria, polidipsia, níveis de sódio plasmático normal ou pouco aumentado se ainda existir reposição de água pelo mecanismo da sede → A hipernatremia ocorre quando o mecanismo da sede também está alterado → Densidade da urina baixa (1,001 a 1,005) → Diagnostico: restrição simples de água Determina a capacidade de o paciente produzir ADH em resposta à hipertonicidade do plasma O paciente é pesado Restringe-se água por 12 a 16h ou até que perca 3- 5% do peso corporal Amostras de urina são coletadas para determinação do volume e osmolaridade urinária Indivíduo normal: voluma urinário < 0,5 ml/min e osm urinária > 800 mOsm/kg Indivíduo com DI: alto volume urinária e osm em torno de 200 mOsm/kg Diferencia entre DI e polidipsia (doença psiquiátrica em que o paciente ingere em torno de 12 L de água por dia) → Diagnostico: desmopressina (análogo ADH) Diferencia entre DI central e nefrogênico No DI nefrogênico, mesmo com adm de desmopressina (análogode ADH), a osmolaridade urinária não se eleva Adm a desmopressiva através de spray nasal → Tratamento: DI central: adm de desmopressina DI nefrogênico: diurético tiazídico, AINEs, dieta hipossódica e baixa ingesta de proteína → Depende do volume do compartimento extracelular (hipervolêmico, hipovolêmico, normovolêmico), e do aparecimento da hipernatremia (aguda ou crônica). → Hipernatremia hipovolêmica: associada à depleção de volume extracelular = restauração da volemia com soro fisiológico ou soro ao meio → Hipernatremia hipervolêmica: associada a excesso de volume extracelular = reposição de água VO ou parenteral → Hipernatremia normovolêmica: de volemia normal = interrupção da perda de líquido e adm de água na forma de SG 5% VO, parenteral ou por sonda nasogástrica → Uma correção rápida da hipernatremia é perigosa por conta do risco de edema cerebral, que causa convulsões, lesão neurológica irreversível e morte) → Hipernatremia aguda: correção rápida é relativamente segura e eficaz → Hipernatremia crônica: correção gradual → Ritmo de correção seguro: 0,5-0,7 mEq/h, ou seja, em 24h deve-se corrigir, no máximo, 12 mEq de sódio → Deve ser feito um monitoramento laboratorial a cada 4-6h para avaliar a eficácia do tratamento → Cálculo do déficit de água livre: para saber quanto de líquido deve se administrar HIPONATREMIA → Ou excesso de água ou estado hiposmolar → Na < 135 mEq/L → A maioria dos casos é discreta e relativamente assintomática → Hiponatremia discreta: sódio plasmático entre 130 e 135 mEq/L → Hiponatremia moderada: sódio plasmático entre 125 e 129 mEq/L → Hiponatremia profunda: sódio plasmático < 125 mEq/L → Hiponatremia aguda: quando existir por < 48h → Hiponatremia crônica: quando existir por ≥ 48h → Hiponatremia hipotônica: se a ingesta ou aporte de água é superior à capacidade de excreção renal, haverá diluição dos solutos do organismo, resultando em hiposmolaridade e hipotonicidade Ex: IC, SIHAD → Hiponatremia hipertônica: ocorre na hiperglicemia, uremia e na infusão de manitol, cursando com osmolaridade plasmática habitualmente superior a 290 mOsm/kg → Hiponatremia isotônica: causada por hiperproteinemia ou hiperlipidemia graves (pseudohiponatremia) e cursa com osmolaridade plasmática normal, de 275 a 290 mOsm/kg → Hiponatremia aguda em pacientes que ingerem grandes quantidades de fluido hipotônico → 3 situações: Pacientes com TFG normal que ingerem grandes quantidade de água (polidipsia psicogênica) Pacientes TFG muito reduzida que ingerem quantidades moderadas de água Pacientes etilistas sem aporte nutricional adequado → Síndrome de secreção inapropriada de ADH → Quando a secreção de ADH não decorre de um estímulo osmótico ou não osmótico (secreta sem estímulo) → Características: hiponatremia, hipotonicidade, urina inapropriadamente concentrada, sódio urinário elevado (> 30 mEq/L) e, frequentemente, ácido úrico plasmático em níveis baixos → Causas: tumores, medicamentos, sd neurológicas e infecções → A ingesta de líquidos em pacientes com causas psicogênicas de polidipsia é motivada por fatores psiquiátricos que respondem de forma variada a mudanças de comportamento e terapia farmacológica, com medicação antipsicótica → Restrição de água (< 1L/dia) e aumento do consumo de sal → Sintomática: solução salina hipertônica 3% respeitando uma correção de 10 mEq/L/dia → Risco de mielinólise pontinha por desnaturação ou desidratação (menos comum) POTÁSSIO → O potássio é o cátion intracelular mais abundante → Potássio normal: 3,5 a 5 mEq/L → A função neuromuscular e os potenciais de membrana dependem criticamente da relação entre a concentração de potássio intracelular e extracelular → A maior parte do potássio intracelular (em torno de 3.000 mEq) está no interior das células musculares → Distribuição transcelular: pode se distribuir entre os compartimentos extra e intracelular de acordo com o estado ácido-basico, insulina e estímulo adrenérgico → Acidose: para cada 0,1 unidade de pH que cai, o potássio se eleva em 0,6 mEq/L no plasma → Alcalose: para cada 0,1 unidade de pH que sobe, o potássio abaixa 0,4 mEq/L no plasma → Insulina: também promove a entrada de potássio nas células → Aldosterona: hiperaldosteronismo diminui a excreção urinária do potássio → Agentes beta-adrenérgicos: Ex: epinefrina. Promove a entrada de potássio nas células → Tonicidade plasmática: Ex: hiperglicemia aumenta o efluxo do potássio nas células porque estimula uma hiperinsulinemia → A quantidade diária de potássio ingerida varia entre 50 e 150 mEq → A excreção pela pele por meio do suor é cerca de 16 a 18 mEq/L → A excreção nas fezes é cerca de 5 a 10 mEq/dia, mas perdas consideráveis ocorrem em caso de diarreia, esteatorreia e laxantes → A maior responsabilidade pela excreção do potássio é do rim → A excreção renal depende de: TFG do potássio, taxa de transporte do potássio do lúmen tubular para o sangue (reabsorção), taxa de transporte do potássio do sangue para o lúmen tubular (secreção). Na IR, pode haver acúmulo de potássio com graves repercussões clínicas → Rins mantêm a ingestão igual à excreção do potássio → leva horas para ocorrer → Por conta disso, alterações na concentração extracelular de potássio são ajustadas pelo movimento de potássio para dentro ou para fora do mm esquelético → Os principais fatores que regulam esse movimento são: insulina e catecolaminas → Insulina: provoca a entrada de potássio nas células, independentemente de sua ação sobre o metabolismo da glicose → CAD resulta em risco de hipocalemia com correção da glicemia com insulina → K < 3,5 mEq/L → Causas: Distúrbios ácido-básicos Ação da insulina/catecolaminas Paralisia periódica hipocalêmica Perdas GI Perdas renais Hiperaldosteronismo Sd. de Bartter, de Gitelman e de Liddle Hipomagnesemia → Manifestações clinicas Cardiovasculares: alargamento do QRS, depressão do segmento ST, diminuição das ondas T, aparecimento das ondas U após ondas T Músculo-esqueléticas: diminuição na excitabilidade neuromuscular, apatia, fraqueza, parestesias, tétano, paralisia flácida e rabdomiólise → Tratamento: Reposição VO com slow K 600 mg (liberação lenta), xarope de K 900mg/15ml IV só se precisar de adm mais rápida, ou se o paciente não puder ingerir o medicamento → KCl 19,1% EV 2,5 mEq/ml (1 ampola tem 10 ml = 25 mEq) Reposição de magnésio A urgência na adm de potássio depende basicamente das repercussões cardíacas e neuromusculares → K > 5 mEq/L → Causas: Pseudo-hipercalemia: liberação mecânica de potássio das células durante uma flebotomia ou manipulação da amostra de sangue Rabdomiólise/hemólise DRC Medicações (heparina, IECA, diuréticos poupadores de K) → Manifestações clinicas Cardiovasculares: bradicardia, hipotensão, FV e PCR (principalmente se K > 8mEq) ECG: ondas T altas e pontiagudas nas derivações precordiais, segmento ST deprimido, diminuição da amplitude das ondas R, prolongamento do intervalo PR, ondas P diminuídas ou ausentes, alargamento do complexo QRS e prolongamento do intervalo QT Músculo-esqueléticas: paralisia muscular e respiratória → Tratamento: Confirmar hipercalemia ECG Antagonizar os efeitos do potássio, desviar potássio para dentro das células ou remover potássio do organismo Cálcio EV: antagoniza efeitos tóxicos do potássio célula muscular cardíaca Bicarbonato de sódio: desvia potássio para dentro das células e é mais eficaz em pacientes que apresentam algum grau de acidose Agonistas beta-adrenérgicos:desvia o potássio para dentro das células (inalatório ou EV) Solução polarizante (glicose + insulina): desvia potássio para dentro das células Resinas de troca: removem potássio do organismo (VO ou VR) → trocam sódio ou cálcio por potássio → não usada na urgência Diuréticos espoliadores de potássio: furosemida Hemodiálise