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CAPÍTULO VII-A DO CONDOMÍNIO EM MULTIPROPRIEDADE (art. 1.358-B / U) -A multipropriedade é o compartilhamento, entre duas ou mais pessoas, de um mesmo bem em períodos certos de tempo de cada ano. • Apenas a título de curiosidade também é conhecida como Time sharing (EUA); • Propietè spatio-temporelle (França); • Direito real de habitação periódica (Portugal); • Contrato de aprovechamento por turnos de bienes inmuebeles (Espanha) -No Brasil a multipropriedade é tratada como condomínio, ou sobreposição de direitos reais de propriedade periódica. -A regulamentação ocorre no CC e há regulamentação da forma que esse condomínio será materializado perante o registro público. (Lei de registros públicos, art. 176, § 1º, II, “6”, e §§ 10 a 12 e art. 178, III) -Havendo lacuna na regulamentação quanto à multipropriedade aplica-se, por analogia, o regramento do condomínio edilício e da Lei nº 4.591/64; -Havendo contratos abarcados pelo direito do consumidor, aplica-se o CDC subsidiariamente. -A multipropriedade sobre bens móveis não é regulamentada no Brasil; -Não é possível aplicar a regulamentação do time share de imóveis sobre os móveis: • Princípio da Taxatividade dos direitos reais; • Falta de segurança jurídica; o Contrato atípico de aluguel; o Condomínio tradicional; Objeto do contrato de multipropriedade -Será o bem imóvel urbano ou rural. -Não se estende a coisas imateriais (art. 80, CC) Nomenclaturas: I- Imóvel - base é o imóvel corpóreo (imóvel por natureza ou por acessão) sobre o qual é instituído o condomínio em multipropriedade; (comparando, seria o terreno dotado da matrícula mãe no condomínio edilício) II- Unidade periódica é o imóvel por ficção jurídica que assegura ao seu titular (o condômino multiproprietário) o direito real de propriedade sobre si e sobre uma fração ideal do imóvel - base. O código pode chamar também de fração de tempo (art. 1.358- I, III). (comparando, seria a unidade autônoma e sua matrícula filha no cond. Edilício); III- Fração de tempo é o período de cada ano durante o qual o titular da unidade periódica pode usar e fruir do imóvel – base; IV- Quota de fração de tempo é a fração ideal que o condômino multiproprietário tem sobre o imóvel - base e que lhe assegura o exercício da faculdade de uso e gozo em um período de cada ano. (art. 1.358-I, IV, “a”, CC); - Regra semelhante à do Condomínio Edilício se aplica à multipropriedade, pois ela não se extinguirá automaticamente se todas as frações de tempo forem do mesmo multiproprietário; • ATENÇÃO: Embora a multipropriedade não se extinga caso um único multiproprietário adquira todas as unidades periódicas, o ato de instituição ou, posteriormente, a convenção pode impor limites. (art. 1.358-H, CC) Quanto ao imóvel base (D) -Será indivisível e não pode ser objeto de: • Ação de divisão ou de extinção de condomínio; -Inclui as instalações, os equipamentos e o mobiliário destinado ao seu uso e gozo; Quanto à fração de tempo (E) - A multipropriedade será usada pelos condôminos por uma mesma quantidade mínima de dias seguidos durante o ano; -É indivisível e terá o período MÍNIMO de 7 (sete) dias podendo ser seguidos ou intercalados. • Proibido o desdobro temporal; 1) -Esse período pode ser fixo e determinado, no mesmo período do ano; 2) Pode ser flutuante: variável, oscila durante o ano e anos; a. A determinação do período deve ser feita periódica respeitando o princípio da isonomia entre todos os multiproprietários. 3) Pode ser misto: fixo e flutuante; - Pode haver a aquisição de frações maiores que a mínima, com o correspondente direito ao uso por períodos também maiores; Da Instituição e Constituição da Multipropriedade (F e G) -A instituição se dará com a averbação na matrícula do imóvel a multipropriedade; o Serão criadas as matrículas filhas referentes a cada propriedade periódica; o Deverá constar a duração dos períodos de cada fração de tempo; o Obedecerá ao artigo 108 do Código Civil; -A convenção da multipropriedade será registrada no cartório de Registro de Imóveis, mas não na matrícula do bem. o Deverá conter necessariamente as cláusulas previstas no art. 1.358-G, CC) Dos Direitos e das Obrigações do Multiproprietário (I e J) -Os direitos do multiproprietário previstos no art. 1.358-I, não excluirá outros previstos no instrumento de instituição e na convenção. - As obrigações do multiproprietário previstos no art. 1.358-J, não excluirá outros previstos no instrumento de instituição e na convenção. Da Transferência da Multipropriedade (L) - A transferência do direito de multipropriedade e a sua produção de efeitos perante terceiros dar-se-ão na forma da lei civil e não dependerão da anuência ou cientificação dos demais multiproprietários. -ATENÇÃO: Não há direito de preferência dos demais multiproprietários. • Salvo se houver previsão na instituição ou convenção; -É obrigação comunicar o administrador do condomínio multiproprietário para: (1.358-I, II) o atualização cadastral para todos os efeitos e o mudança de responsável pelo pagamento dos débitos condominiais; -É possível, também, a gravação de ônus real sobre o imóvel; o Também há a obrigação de informar o administrador; Da Administração da Multipropriedade (M) A administração engloba: o Imóvel – base o Suas instalações, equipamentos e mobiliário; o Organização dos períodos concretos de uso e gozo exclusivo de cada multiproprietário em cada ano. NOS SISTEMAS FLUTUANTE OU MISTO; -Em regra o administrador já é nomeado no instrumento de instituição; -Mas ainda pode ser nomeado: o na convenção de condomínio em multipropriedade, ou, o em assembleia geral dos condôminos. (somente se as duas anteriores forem silentes). -O administrador tem funções administrativas e suas funções estão previstas no art. 1.358-M. Unidade Periódica de Manutenção e reparos (N) -Não se aplica a essa unidade periódica o limite temporal mínimo do art. 1.358-E) -Será fixado no instrumento de instituição. -A reforma ou manutenção engloba não só o bem imóvel em si, mas seus equipamentos e mobiliário. • Trata-se de benfeitoria útil ou mesmo voluptuária. -As benfeitorias necessárias emergenciais poderão ser feitas durante o período correspondente à fração de tempo de um dos multiproprietários. -Por regra legal a fração de tempo poderá ser atribuída ao instituidor ou aos multiproprietários proporcionalmente as suas frações.