Prévia do material em texto
JAMILY DA SILVA LIMA RELATÓRIO DO ESTÁGIO ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS UNIVERSIDADE PITÁGORAS UNOPAR ANHANGUERA LICENCIATURA EM LETRAS - PORTUGUÊS Teresópolis 2024 JAMILY DA SILVA LIMA RELATÓRIO DO ESTÁGIO ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS Relatório apresentado à Universidade Pitágoras Unopar Anhanguera, como requisito parcial para o aproveitamento da disciplina de Estágio Curricular Obrigatório Ido curso de licenciatura em Letras - Português. SUMÁRIO 1 3 2 5 3 8 4 10 5 12 6 14 7 16 8 18 9 19 10 22 11 27 12 29 13 32 CONSIDERAÇÕES FINAIS 33 REFERÊNCIAS 34 3 INTRODUÇÃO O estágio curricular obrigatório é uma etapa fundamental na formação do futuro docente, pois permite que o estudante de licenciatura tenha contato direto com a realidade da profissão, participando ativamente das rotinas de um professor em sala de aula. Este é o momento em que todos os conhecimentos teóricos adquiridos no percurso acadêmico são articulados com o contexto prático, possibilitando uma experiência de observação e de reflexão constante. O objetivo deste relatório é apresentar os resultados de todas as atividades realizadas pela estagiária conforme o respectivo plano de trabalho, durante o período que compreende os dias 04 de março de 2024 e 26 de abril de 2024, totalizando 150 horas. Primordialmente, foram feitas observações acerca da gestão escolar, no que diz respeito ao Projeto Político Pedagógico; ao acompanhamento e orientação realizados por meio de reuniões entre a equipe gestora e a equipe docente; às atividades culturais e cívicas; ao trabalho de inclusão com os alunos com necessidades específicas; ao processo de implementação da BNCC na instituição de ensino e à formação continuada dos professores. Em seguida, o foco foi direcionado à formação e atuação da supervisora de campo, levando em conta a organização da rotina em sala de aula, os recursos disponíveis e utilizados, e as metodologias de ensino e de avaliação. Essas informações foram coletadas através de entrevistas e da própria observação de aulas, onde também foi levado em conta o comportamento dos alunos e sua relação com a professora, com os colegas de turma e com os conteúdos referentes à disciplina de língua portuguesa. Por fim, considerando os desafios, necessidades e potencialidades de uma turma, foi elaborada e regenciada pela estagiária com supervisão da professora regente uma sequência didática de três aulas. 4 1 RELATO DAS LEITURAS OBRIGATÓRIAS O texto apresentado nesse relato é ‘’Gramática e ensino’’, de Carlos Alberto Faraco, publicado no ano de 2017 na revista Diadorim. Desde a primeira gramática de que se tem conhecimento até as mais atuais, o estudo da estrutura de uma língua é alvo de diversas concepções a respeito do seu papel para o desenvolvimento da comunicação. Observando o contexto histórico do ensino da língua portuguesa no Brasil, compreende-se a origem de uma dualidade ainda presente no século XXI: a gramática deve ser vista como parte central ou apenas como complementar às práticas de leitura, escrita e oratória? O autor de “Didática Magna”, publicada em 1627, já proferia que as línguas deveriam ser aprendidas mais com a prática que por meio de regras. Essa noção embasou conceitos atuais acerca do trabalho docente na educação básica. Embora o protagonismo da gramática no ensino de língua materna tenha sido enfraquecido, a princípio por pesquisadores da área e mais tarde, por documentos oficiais como a LDB e a BNCC, a atuação docente reflete a herança deixada pela educação jesuítica do século XVI, visto que na realidade há uma dificuldade expressiva em articular os conhecimentos gramaticais com o uso concreto da língua, através da expressão escrita e oral e da interpretação crítica dos textos. Esse entrave é resultado principalmente das lacunas deixadas pelos documentos norteadores da prática do professor de português. Consequentemente, grande parte dos profissionais se encontram perdidos no percurso da formação continuada e acabam por recorrer à tradição herdada pelas primeiras escolas brasileiras fundadas por membros da Companhia de Jesus, ou seja, a disciplina de língua portuguesa é limitada à exposição de nomenclaturas e paradigmas morfológicos. A perpetuação consciente ou inconsciente dessa abordagem é um obstáculo para a formação do estudante, pois o foco predominante na gramática prescritiva impede o contato significativo com os diversos gêneros textuais que, de acordo com a BNCC, devem ser utilizados para desenvolver habilidades de produção e interpretação de textos. Ao utilizar a metalinguística como recurso para o entendimento das práticas linguísticas e epilinguísticas, permite-se que os alunos encarem o estudo da gramática de forma científica, conforme o sugerido pelo livro “Gramáticas na escola”, de Oliveira e Quarezemin (2016): “Não se trata, portanto, de ‘aprender gramática’ ou de ‘usar a 5 gramática’, mas de elaborar gramáticas[...]”. Isso significa que é preciso dar liberdade para que o discente construa teorias sobre os fatos observados por ele mesmo, a partir do contato com a língua e sua diversidade. Dessa forma, a compreensão de classes gramaticais e suas funções sintáticas deixa de ser mera decoração de nomenclaturas e se torna significativa, pois passa a ser associada a atividades que fazem parte do cotidiano. Apesar de não ser mais o único objetivo da disciplina de língua portuguesa, a clássica “arte de falar e escrever ‘corretamente’” não é descartada, mas vista sob outra perspectiva. Linguistas e pedagogos contemporâneos reconhecem a necessidade sociocultural do domínio das variedades prestigiadas da língua. Contudo, segundo Possenti (1996), esse propósito é atingido por meio da exposição constante ao maior número possível de experiências linguísticas com tais variedades. Conclui-se, portanto, que o professor de língua portuguesa deve atuar no ensino de natureza gramatical de uma forma que promova o estudo através da formulação, teste e reformulação de hipóteses, com base no contato direto com as práticas linguísticas. Assim, deve-se considerar que o aluno já possui um conhecimento intuitivo sobre a sua língua e é capaz de investigar a mesma a partir disso, pois é com base nos conhecimentos prévios que se aprende o novo. Finalmente, depreende-se que o papel da gramática na educação básica é auxiliar no desenvolvimento integral da leitura e da produção de textos, não devendo mais ser vista como um fim em si mesma. 6 2 RELATO DA ANÁLISE DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO (PPP) O Projeto Político Pedagógico (PPP) deve ser reflexo da identidade da instituição de ensino, explicitando seus valores, levando em conta suas necessidades, definindo objetivos e estratégias para alcançá-los. Dessa forma, deve ser elaborado em conjunto com a equipe gestora e a equipe docente, baseado e direcionado pelos documentos nacionais como o Plano Nacional de Educação (PNE), a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e a Base Nacional Comum Curricular. Ao renovar seu PPP em 2024, a E.M Sakurá se compromete com a gestão democrática, levando em conta a visão de cada docente acerca dos desafios da comunidade escolar e dos caminhos para alinhar a prática educacional com as diretrizes nacionais. A Escola Municipal Sakurá oferta a segunda etapa do Ensino Fundamental (6º a 9º ano), nos turnos da manhã (7h20 às 12h20) e tarde (13h00 às 18h00), atendendo alunos predominantemente na faixa etária de 11 a 14 anos. São 201 dias letivos, organizados em três trimestres, com férias nos meses de dezembro e janeiro e recesso de 15 dias no mês de julho. O currículo está organizado em oito disciplinas:Português, Matemática, Ciências, História, Geografia, Inglês, Educação Física e Artes. A interdisciplinaridade (integração entre diferentes disciplinas) ocorre principalmente por meio dos projetos e eventos realizados durante o ano. Por exemplo, o projeto do Mês da Mulher pode ser trabalhado por professores de Língua Portuguesa, História, Artes e Língua Inglesa, e os docentes das demais áreas de conhecimento também podem desenvolver atividades com essa temática se possível. Outros projetos existentes na instituição trabalham constantemente contra preconceitos (como o racismo, que foi o tema do mês de abril). Há também o circuito de ciências a cada trimestre, que consiste na troca de conhecimentos entre as turmas, e o projeto da História do Brasil que envolve as disciplinas de Português e História e conta com uma visita ao Palácio do Catete. Quanto aos eventos, haverá uma gincana do conhecimento e uma olimpíada com modalidades que incluam os alunos com deficiência física e sensorial. Quanto às atividades culturais e cívicas, há uma banda que toca em eventos como o aniversário da cidade. Para atender adequadamente aos alunos que precisam de Atendimento Educacional Especializado (AEE), os planejamentos de ensino e o atendimento 7 dos professores são adaptados às suas necessidades e quando é essencial, o aluno também é acompanhado por um cuidador. Os educadores têm sido capacitados para atender aos estudantes com deficiência através de palestras e reuniões com outros professores da rede municipal de educação. O processo de avaliação exige no mínimo três instrumentos avaliativos por trimestre, sendo um deles a nota “diversificada”, que avalia habilidades e competências do aluno de acordo com cada disciplina, por meio de atividades individuais e em grupo. Os outros dois instrumentos são somativos e consideram o conhecimento do aluno sobre o conteúdo da disciplina. Dessa forma há alinhamento das avaliações à BNCC, pois são considerados os requisitos avaliativos do aluno propostos no documento no processo. Cada instrumento avaliativo vale 10 pontos, que são somados e divididos por 3 ao fim do trimestre para definir a média. Para que o aluno avance para o próximo ano escolar, é necessário alcançar no mínimo 5 pontos de média por trimestre (15 pontos no ano) em cada disciplina, tendo direito à recuperação da nota através de outras atividades somativas caso não atinja os 5 pontos do trimestre. O acompanhamento do desempenho escolar dos estudantes é realizado através de reuniões pedagógicas, conselhos de classe e reuniões com pais e responsáveis. Além dessas ocasiões, existem reuniões entre os professores de mesma disciplina e mesma série, para a organização e planejamento anual e trimestral dos conteúdos a serem trabalhados, bem como o compartilhamento de materiais e atividades. 8 3 RELATO DA ANÁLISE DE MATERIAIS DIDÁTICOS DA ESCOLA Os livros didáticos adotados pela E.M Sakurá são disponibilizados gratuitamente aos alunos pelo Plano Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD). O livro da disciplina de língua portuguesa é o “Português Linguagens”, escrito por Carolina Dias Viana e William Cereja e publicado pela editora Saraiva, com quatro edições para as séries de 6° ao 9° ano e se destaca por uma abordagem contemporânea, que se alinha ao mais novo documento norteador da educação básica: a BNCC. É um dos materiais mais utilizados em sala, junto da lousa e das TVs. É estimulada a aprendizagem ativa do estudante através de atividades de aprendizagem baseada em projetos, debates, análises críticas e produções de textos orais e escritos, em diversos gêneros e mídias. A professora supervisora de campo tem o costume de solicitar trabalhos individuais e em grupo em que os alunos são livres para produzir slides, vídeos, questionários e outros materiais que podem contemplar mídias digitais. Para além do livro didático, outros recursos estão disponíveis na escola para a utilização da comunidade escolar, como os computadores da sala de informática, as TVs das salas de aula, o projetor da sala de vídeos, os jogos da sala de recursos e os livros da biblioteca. Alguns desses materiais não são pedagógicos por natureza, mas ganham essa função quando são utilizados por profissionais que compreendem a importância de trabalhar com conteúdos multimídias pertinentes às etapas de desenvolvimento cognitivo de cada série, e preparam o aluno para a nova cultura digital que está cada vez mais presente em muitos espaços sem que haja um diálogo qualificado sobre formas éticas de usar esses recursos. A professora Tatiane, que ministra aulas de Português nas turmas observadas, seleciona os materiais para apoio e mediação considerando a acessibilidade, a adequação às habilidades que se pretende desenvolver, e os interesses dos alunos. Dessa forma, utiliza cartazes, cartas, filmes, histórias em quadrinhos, textos, jornais, revistas, músicas e slides que são encontrados na internet, na biblioteca da escola, ou são produzidos por ela mesma e essas mídias possuem uma linguagem bastante acessível que utiliza também elementos audiovisuais que despertam o interesse de quem as consomem. 9 Outros espaços em que as aulas ocorrem além da própria sala de aula são a sala de vídeo e a biblioteca, que possuem equipamentos adequados para transmissão audiovisual. Para utilizar, é necessário que os professores solicitem com antecedência para a coordenação a reserva do espaço, e por isso alguns docentes são menos favorecidos já que há apenas uma sala de cada tipo para toda a escola usar. Os livros didáticos presentes na escola normalmente não possuem texto e imagens ampliadas para alunos com baixa visão, ou não contém algum material complementar sonoro que possa ser utilizado para os alunos cegos. No entanto, a biblioteca oferece uma máquina de escrever em Braille. A sala de recursos contém jogos, letras e números móveis e as TVs e computadores podem ser utilizados de maneira complementar, sem excluir a importância de momentos de interação direta com os professores e colegas de turma, para transmitir conteúdos narrados ou que possuam interpretação em Libras. O computador também pode auxiliar alunos com dificuldade de mobilização dos braços a escrever de forma mais rápida. Há um funcionário responsável por organizar e proteger a integridade dos materiais da biblioteca e a sala de recursos é responsabilidade da professora especialista em AEE. No entanto, o dever de zelar pelos recursos da escola é de todos que os utilizam. Para frequentar alguns dos locais é necessário pedir a chave para a coordenação e o acesso com as turmas ocorre mediante agendamento da visita e devolução da chave após o uso. A manutenção dos espaços recebe apoio das auxiliares de limpeza da escola, demais funcionários e dos estudantes. 10 4 RELATO DA ENTREVISTA COM O PROFESSOR REGENTE A entrevista foi realizada com a professora Tatiane Garcia dos Santos Fernandes de Oliveira, graduada em Letras - Português desde o ano de 2017, e também especialista em gestão escolar, orientação e supervisão. Atualmente ela cursa pós-graduação stricto sensu em Ensino de Língua Portuguesa e atua há 8 anos como professora de Português. No início de sua carreira, exerceu a docência em quatro escolas privadas localizadas na capital do estado do Rio de Janeiro, sendo elas: Centro Educacional Leoni De Mello; Centro Educacional São Pedro; Instituto Geremário Dantas e Colégio São Conrado. Atualmente, é professora da rede municipal de Teresópolis-RJ na E.M Sakurá. A profissional considera fundamental que os conteúdos apresentados na sala de aula tenham relação direta com a vida presente e futura do aluno e explica com suas palavras que: Ele precisa saber interpretar contratos, notícias, anúncios [...] desenvolvera escrita e utilizar essas habilidades para todas as outras áreas: Para entender Ciências, História, Geografia, Matemática […]. Muitas vezes o aluno sabe fazer o cálculo, mas não consegue interpretar a questão. Ela também considera que um dos obstáculos para o ensino significativo da língua materna seja o foco exclusivo ou prioritário à memorização de regras e nomenclaturas, que deixa em segundo plano as práticas de leitura, escrita e oralidade. A rotina em sala de aula é organizada em partes, segundo a docente: O primeiro momento é o de contextualização com temas relacionados à atualidade, ou seja, a língua em uso em um contexto real. Nesse momento são utilizados gêneros textuais diversos, disponíveis na internet, através de vídeos, músicas, etc. O segundo momento é de análise, em que o texto é visto em suas diversas camadas, e o terceiro momento é o de produção, em que a gramática é empregada na produção de textos em determinado contexto. Além disso, nos diversos momentos das sequências didáticas, é utilizado o quadro, projetor e o livro didático. Quanto ao trabalho com temas contemporâneos transversais da BNCC: No estudo da Língua Portuguesa, podemos utilizar textos dos mais variados temas. Esses textos são articulados com o estudo da gramática contextualizada. Atualmente, a escola tem em maior quantidade três títulos 11 de livros paradidáticos — além do acervo da biblioteca — . Esses livros tratam da temática do racismo e preconceito, cultura indígena e ecologia. Desenvolvi atividades relacionadas a essas temáticas com essas obras. Em relação à adaptação de materiais e avaliações para alunos com necessidades educacionais específicas, a professora relata que busca adaptar seu material quando há necessidade, de modo que o aspecto da interação entre os alunos tenha a menor alteração possível, ou seja, que haja a mesma dinâmica de comportamento. Cita como exemplo que quando a turma precisa copiar do quadro, orienta os alunos com necessidades específicas a anotar, de acordo com a sua individualidade, partes específicas do que está escrito e quando está sendo realizada a leitura de um texto, nas pausas para esclarecimentos e interações (leitura dialogada), há interação com os demais alunos e com esses educandos buscando melhor entendimento possível da ideia que está sendo desenvolvida de acordo com a singularidade de cada um. Nesses casos, a avaliação é realizada a partir de relatórios para os quais ela fornece informações sobre as atividades desenvolvidas de acordo com questionamentos realizados pela orientação pedagógica em um questionário no Google Forms. 12 5 RELATO DO LEVANTAMENTO DE MATERIAIS DE APOIO ESPECÍFICOS PARA ABORDAGEM DOS TEMAS TRANSVERSAIS CONTEMPORÂNEOS Investiguei múltiplos espaços da escola para a análise de possíveis materiais de apoio específicos para abordagem dos temas transversais contemporâneos. Por ser uma escola municipal, de dimensões menores que uma escola estadual, senti certa dificuldade em encontrar materiais para todos os temas solicitados: meio ambiente; economia; saúde; cidadania e civismo; multiculturalismo; ciência e tecnologia. Na biblioteca da escola foi possível encontrar livros literários e não literários, em poesia e prosa, do clássico ao contemporâneo sobre todas as temáticas, sendo as principais: saúde, meio ambiente e multiculturalismo. No total há cerca de 30 títulos desses temas e alguns deles possuem outras cópias de mesmo título que estão disponíveis em quantidade insuficiente para atender todos os alunos e por isso não seria possível planejar uma aula cujo um livro em específico fosse o material didático principal. Isso se deve à maioria desses materiais serem provenientes de doações feitas por pais, alunos, ex-alunos e moradores da região e outros desses livros têm como origem o PNLD. No laboratório de química da escola, além dos próprios materiais típicos desse tipo de ambiente que se enquadram nas áreas de ‘’ciências e tecnologia’’ e ‘’saúde’’, há maquetes de vários sistemas do corpo humano e exemplares de esqueletos, num total de 5 maquetes e 2 esqueletos. Se pensarmos em atividade física como um caminho para a saúde física e mental dos indivíduos, podemos pensar que os materiais guardados em sala específica para as aulas de Educação Física, como as bolas, petecas e raquetes também são materiais que ao serem contextualizados e adaptados servem como material de apoio pedagógico para trabalho com a temática da saúde. Há 6 bolas de futebol, 4 de basquete, 3 de vôlei, uma de futebol americano, 10 raquetes e 4 petecas. O espaço em que a escola está localizada e a forma que foi organizada também permitem contato prático com saúde e meio-ambiente por meio das duas quadras de esportes, um pátio amplo com mesas de ping-pong e um jardim com mesa e bancos para uso da comunidade escolar. Esses espaços também podem ser utilizados para 13 aulas que não se limitam à sala padrão, e pode ensinar os alunos a manterem o jardim preservado para os animais que costumam visitar em busca de frutas nas árvores. A própria peteca pode ser utilizada para abordar multiculturalismo em uma aula interdisciplinar, já que é um objeto de origem indígena, e um jogo com petecas pode envolver fenômenos físico-químicos tanto com o objeto quanto com o corpo humano. Nessa temática também se enquadra o exemplar do livro paradidático ‘’Vozes Ancestrais’’, de Daniel Munduruku, que costuma ser usado pela professora Tatiane para leituras compartilhadas com os alunos e fica guardado em armário no corredor da escola. Para o tema de economia, os materiais dourados e jogos de tabuleiro como Banco Imobiliário podem ajudar os alunos a visualizarem na prática quantidades numéricas e como desenvolver uma boa administração de dinheiro. Isso facilita especialmente para os alunos que possuem alguma forma de deficiência que interfira na compreensão de conceitos matemáticos, além de contribuírem para momentos de sociabilidade e desenvolvimento de competências sócio-emocionais relacionadas à negociação que poderão ser úteis para o momento de inserção dos estudantes na vida adulta e no mercado de trabalho Há inúmeros cartazes, slides e vídeos produzidos pelos alunos da escola, a exemplo de alguns materiais sobre o Dia da Mulher, que podem ser reaproveitados por muitos anos para promover debates sobre o machismo, assédio, agressão e feminicídio que podem ser mediados pelos próprios educadores e auxiliam na promoção da temática da cidadania e civismo. Os grafites presentes nas paredes de fora da escola foram realizados também pelos alunos em parceria com artistas patrocinados pelo governo do Estado de São Paulo, e também consistem em um possível material para a abordagem do multiculturalismo. 14 6 RELATO DO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DA BNCC NA ESCOLA Coletei os dados para essa etapa do relatório de estágio com a coordenadora da escola, durante o intervalo dos alunos do 9º ano. Elaborei um roteiro de perguntas relacionadas aos itens mencionados no Plano de Trabalho, e utilizei um gravador para me auxiliar na produção do texto posteriormente. Quando questionei sobre o preparo que os profissionais da E.M Sakurá recebem para dominarem as habilidades e competências previstas na BNCC, ela me disse que durante os momentos de reunião pedagógica os professores por vezes recebem palestras aplicadas por profissionais da educação pós-graduados que visam capacitá-los para o documento e é nesses momentos em que eles podem trazer seus questionamentos e compartilhar algumas das experiências realizadas com suas turmas para que haja um balanço coletivo sobre o quão bem ou mal sucedidas elas foram. A equipe pedagógica recebe formação fornecida pela Prefeitura de Teresópolis, para que também possa auxiliar os professores na nova realidade escolar e a coordenadoraem particular também demonstrou ser bastante interessada em sua formação continuada através de cursos que realiza online em sua casa, em sites como o AVAMEC. Destaco também a informação repassada de que os professores da rede municipal de Teresópolis contam com um programa de formação continuada oferecido pela prefeitura que visa instruí-los sobre o atendimento a alunos com deficiências. Como o material didático utilizado na escola é do PNLD deste ano em que estou estagiando, assim como o PPP vigente, eles estão plenamente de acordo com a BNCC para atender as normativas educacionais. Uma das mudanças que ocorreu em relação ao último PPP foi o aumento da menção da importância da tecnologia nas salas de aula para educar os alunos para o letramento digital, assim como também foram inseridas as competências gerais da educação básica que devem ser seguidas. Há uma resistência por parte de alguns profissionais que atuam a mais tempo de se adequarem ao documento porque muitos se sentem desiludidos com a área da Educação e não vêem sentido no documento, ou acreditam que uma educação em que há maior protagonismo do aluno é sinônimo de uma educação permissiva em que o educando não respeita o professor. A equipe pedagógica busca ouvir e acolher 15 esses professores, que também passam por um processo de esgotamento mental causado pelo cenário de desvalorização do magistério, mas também intervêm mostrando que na verdade muitos alunos se tornam mais participativos nas aulas quando também são ouvidos e considerados como indivíduos de direitos e deveres naquele espaço e em outros que convivem. Os projetos em parceria com professores de várias áreas do conhecimento são incentivados e são um exemplo prático de aplicação da BNCC ao permitir que o aluno tenha contato com diversas linguagens e costumam ser bem recebidos. A coordenação avalia essas produções e dá um feedback em particular para os professores, apontando o que pode ser melhorado e os pontos satisfatórios. Além desses projetos também consiste em uma aplicação da BNCC dentro do ensino de Língua Portuguesa o incentivo a aulas que utilizem múltiplas linguagens verbais ou não-verbais, e para isso os professores também podem contar com computadores e projetores na sala de aula que auxiliam com materiais complementares que às vezes são elaborados pelo próprio docente ou vêm de sites como o YouTube ou Brasil Escola. Em suma, a escola está bastante atualizada no que diz respeito à BNCC e enfrenta dificuldades que podem ser observadas em outras regiões, mas faz o que é possível para que ao menos ali todos possam ter contato com o documento, conheçam ele a fundo e coloquem em prática com os alunos. 16 7 RELATO DA ANÁLISE DOS INSTRUMENTOS AVALIATIVOS UTILIZADOS PELO PROFESSOR A professora Tatiane se baseia no PPP da E.M Sakurá, que por ser recente está de acordo com a BNCC e desse documento norteador também tomou como método avaliativo a elaboração de rubricas e a autoavaliação dos alunos, além das tradicionais avaliações por provas e seminários. Os alunos são avaliados, no mínimo, por três instrumentos durante o trimestre, em que dois são provas compostas por questões objetivas e discursivas, e um é a chamada nota “diversificada”, que abarca as demais avaliações realizadas: testes, seminários, apresentações de trabalhos e autoavaliação. Cada instrumento avaliativo apresenta seu método de correção. As avaliações são corrigidas manualmente, ou assistidas e dialogadas com os alunos quanto ao seu resultado. Na avaliação de trabalhos em grupo, por exemplo, são considerados o respeito ao tema proposto, o empenho, o apoio ao grupo e a postura durante a apresentação. Esses aspectos são avaliados pela professora em conjunto com os alunos, que avaliam o quanto foram capazes de atender esses critérios e quais foram as dificuldades que encontraram nesse processo. Nas autoavaliações de alunos, eles são orientados a refletirem o que consideraram fácil ou difícil na atividade, definirem metas realistas e estratégias que eles podem adotar para melhorar nas próximas avaliações. Também recebem a sugestão de guardarem as autoavaliações de cada trimestre para que possam fazer um balanço de possíveis mudanças que possam ter ocorrido durante o ano letivo. As avaliações somativas são elaboradas individualmente pelos professores, levando em consideração o perfil de suas turmas. Em seguida são enviadas para a orientação pedagógica para impressão e caso haja necessidade, são feitas considerações seguidas de adaptações para a melhoria do instrumento avaliativo. Quanto às atividades que compõem a nota diversificada, muitas são compostas coletivamente entre os professores da mesma disciplina ou área do conhecimento e a coordenação pedagógica Na turma 1910 do 9º ano há alunos autistas, um deles também com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), e um outro é deficiente físico. Todos recebem auxílio do AEE, de duas cuidadoras ficam na sala de aula, e o apoio da 17 professora Tatiane é imprescindível para que eles se sintam parte da aula e participem das atividades avaliativas. Com esses alunos, a abordagem dela é de solicitar que eles façam o que conseguirem das atividades que envolvem escrita e na correção leva em conta não só a quantidade de acertos que tiveram mas se conseguiram defender a escolha de suas respostas dentro de uma maneira que eles se sintam confortáveis em se expressar e que ela também consiga compreender o que o aluno quis comunicar. Também se coloca de prontidão para esclarecer possíveis dúvidas que eles tenham, e inclui eles ativamente nas leituras compartilhadas feitas com a turma. Todas as notas do trimestre devem ser anexadas à ‘’Planilha Beta’’, uma ferramenta de controle de notas e evolução dos alunos que somente os professores e a equipe pedagógica tem acesso até o presente momento. As avaliações somativas são elaboradas individualmente pelos professores de maneira trimestral, levando em consideração o perfil de suas turmas e em seguida são enviadas para a orientação pedagógica para impressão e caso haja necessidade, são feitas considerações seguidas de adaptações para a melhoria do instrumento avaliativo. Quanto às atividades que compõem a nota diversificada, muitas são compostas coletivamente entre os professores da mesma disciplina ou área do conhecimento e a coordenação pedagógica. . 18 8 RELATO DA ANÁLISE DA ATUAÇÃO DA EQUIPE PEDAGÓGICA NO ACOMPANHAMENTO DA DISCIPLINA Há uma única coordenadora na escola, a funcionária Jaqueline, que fica responsável por atender todas as turmas da escola na parte da manhã. Junto dela, a diretora Niedja acompanha os professores em sua prática pedagógica e os orienta com o intuito de que esses profissionais possam conduzir um trabalho ainda mais qualificado a partir dos direcionamentos recebidos pela gestão. Jaqueline ressalta que os momentos de feedbacks devem ser conduzidos com educação, respeito e que é uma função do coordenador ser um bom ouvinte. Para isso, é necessário que o coordenador pedagógico mantenha uma boa relação com toda a comunidade escolar sem qualquer tipo de discriminação, e que uma conduta profissional de respeito é capaz de influenciar positivamente a imagem que os responsáveis e a equipe docente possuem da escola. Ela prioriza dar feedbacks em particular para que um professor não se sinta constrangido, mas quando nota que uma situação ocorre de forma generalizada opta por compartilhar com todos os professores nos períodos de reunião sem mencionar nomes e sem fazer desse momento de aprendizagem algo vexatório. Nas orientações pedagógicas a coordenadora age como fio condutor dos diálogos entre os professores, trazendo pautas relevantes que ocorreram na semana, como alguma reunião que teve com o responsávelpor algum aluno ou algum problema que está ocorrendo na escola e necessita da colaboração de todos para que seja sanado. Quando um professor realiza um projeto ou atividade que trouxe consequências positivas para uma turma, ela faz questão de compartilhar com os demais e parabenizar essas iniciativas como forma de motivar esse docente e incentivar o resto do corpo docente a participar também desses trabalhos. As notas das turmas são enviadas pelos docentes através da Planilha Beta, e lá a gestão consegue acompanhar o progresso individual e coletivo dos alunos em todas as disciplinas. A escola pretende tornar esse documento aberto para a consulta dos responsáveis também, como uma forma de aproximar a escola das famílias dos alunos e esclarecer os critérios avaliativos adotados pela instituição. Toda atividade elaborada por um professor precisa passar pela validação da coordenação para que haja um controle dos conteúdos trabalhados no trimestre e 19 também é nesse procedimento que Jaqueline observa se um professor avalia se há alinhamento com a BNCC e com o PPP da escola. É incentivado que todos eles façam planejamento de aula com certa antecedência e enviem para ela por e-mail para que consigam se organizar melhor e ela também consiga disponibilizar o uso das salas de informática, de vídeo e de recursos ou a biblioteca. Não foi relatado nenhum processo de observação de aulas nas atividades da coordenação escolar. Os conflitos são inevitáveis, mas o que ela enquanto profissional espera é minimizar a quantidade e a gravidade deles, então está sempre observando as relações dentro da escola para que possa intervir antes mesmo que um problema se acumule e ganhe proporções maiores. Ela prioriza em primeiro momento que os próprios envolvidos em um conflito do tipo aluno-aluno se resolvam entre si ou com o auxílio dela através de diálogos, mas se não surtir efeito pode agir com advertências, suspensões, conversa com os responsáveis ou aciona órgãos como o Conselho Tutelar em situações mais graves. 20 9 RELATO DA OBSERVAÇÃO As observações das aulas foram realizadas na Escola Municipal Sakurá, nos dias 28 de março, 1º de abril e 4 de abril, e foram observadas três turmas de séries diferentes: 7°, 8° e 9° anos. A primeira turma contemplada foi de 7º ano e estava estudando o assunto de sujeito e predicado, com muita desatenção durante as explicações e conversas paralelas em volume alto que atrapalharam a docente muitas vezes. Além disso, quando ela fazia pausas para reflexão e perguntas relacionadas ao tema, poucos interagiam e por todos esses ocorridos houveram aulas em que uma intervenção por meio de advertências foi necessária. Já no 8º ano geralmente se comportaram de maneira silenciosa e distraída, mas em uma aula em específico onde fizeram leitura compartilhada, que foge da abordagem tradicional de copiar e colar do quadro, estavam muito mais agitados e participativos. Por vezes agem com falta de respeito entre si, e durante uma das aulas um aluno fez uma ameaça de agressão a um colega de sala e a professora interviu na situação aplicando uma advertência. Estavam revisando os tópicos de classes gramaticais, e como atividade houve uma pesquisa em grupo solicitada pela professora sobre o assunto, em que os alunos deveriam fazer um texto sintetizando as informações. No 9º ano houveram reações mistas às aulas da docente, algo que acredito estar relacionado à temática sendo trabalhada com o aluno no momento em que a aula ocorre. Cabe ressaltar também que apesar da reação de desinteresse, em nenhum momento houve desrespeito com a professora por meio de xingamentos, comentários inadequados ou agressões de qualquer tipo. Em um dos momentos a professora estava explicando sobre gêneros textuais, e ao abordar as charges e suas características trouxe um texto introdutório sobre os principais elementos delas: fusão de linguagem verbal e não-verbal; abordagem de temas atuais e polêmicos de interesse social; uso de ironia e sarcasmo como forma de crítica. Em seguida, ela trouxe exemplos visuais que utilizou para solicitar uma atividade escrita de interpretação de texto e depois utilizou um evento local, as enchentes que ocorreram no mês de março em Teresópolis, para apresentar o gênero do artigo de opinião ao mesmo tempo em que retomou o conteúdo sobre charges por 21 meio de uma atividade em que os alunos deveriam produzir suas próprias charges sobre as enchentes. Ao levar em conta eventos do cotidiano desses alunos, que eles mesmos vivenciaram e tinham um grande acúmulo de experiências sobre isso, houve uma grande adesão por parte do alunado que aplicou com excelência a ironia em suas produções. Também foi possível notar nesses trabalhos produzidos que a maioria realizou críticas à prefeitura local e comparações entre os modos de vida e tratamento de moradores da região central de Teresópolis com os moradores periféricos, sendo que esses últimos representam a maior parte do município. Todas as turmas também participaram das atividades voltadas ao Dia da Mulher, onde produziram questionários, slides, vídeos e cartazes sobre leis que protegem a mulher. Cada grupo de cada turma ficou responsável por apresentar uma lei ou a história por trás da criação da data. Em geral, os alunos tiveram muita dificuldade na organização de quem falaria e quando faria isso, apresentaram uma postura inadequada ao falar de um tema tão sério, pois muitos riam e sorriam, e também houveram alunos que não quiseram participar e consequentemente perderam pontos por isso. Em síntese, constato que as aulas da professora Tatiane estimulam a reflexão dos alunos e que a profissional faz um bom manejo do tempo disponível para aplicar seu conteúdo ao mesmo tempo em que é capaz de proporcionar momentos de participação ativa em que o alunado consegue pensar e responder em voz alta as perguntas e provocações feitas por ela. Os exemplos utilizados por ela consideram os conhecimentos prévios, os gostos e a realidade desses estudantes e com isso ela gera uma dinâmica de aulas divertidas que conseguem resgatar o foco da maioria dos alunos, por mais que um ou outro opte por mexer no celular durante as explicações. 22 10 PLANOS DE AULA Plano de Aula 1 Identificação Escola Escola Municipal Sakurá Professor regente Tatiane Garcia dos Santos Fernandes de Oliveira Professor estagiário Jamily da Silva Lima Disciplina Língua Portuguesa Série 9º ano Turma 1910 Período Matutino Conteúdo ● Variações linguísticas Objetivos Objetivo geral ● Classificar diferentes tipos de variações linguísticas, reconhecendo o valor da diversidade linguística na comunicação e na sociedade. Objetivos específicos ● Reconhecer a influência de fatores culturais e sociais na linguagem; ● Demonstrar as características e as diferenças entre a norma padrão e a linguagem coloquial; ● Inferir a relação entre a norma padrão e os estigmas linguísticos. Metodologia 1) Iniciar a aula com o questionamento: “Todos falam a língua portuguesa da mesma forma?”, promovendo uma breve reflexão. Em seguida, dar o exemplo da diferença entre o português do Brasil e o de Portugal (texto no slide). 2) Explicar o conceito de variação linguística e exemplificar com os tipos de variações presentes no slide 3) Explicar o que é a norma padrão e a linguagem coloquial com os textos presentes no slide, enfatizar que não existe o ‘’falar errado’’ 4) Apresentar a questão 3 da atividade e permitir que os alunos resolvam a questão. 5) Corrigir e complementar a questão com os alunos Recursos ● TV ● Notebook ● Internet Avaliação Atividades ● Resolução da questão número 3 da atividade Critérios ● Participação e engajamento do aluno ● Compreensãoclara ou não dos textos apresentados; 23 Referências ● CAVALCANTE, Ilane Ferreira. Variação linguística. Disponível em: http://redeetec.mec.gov.br/images/stories/pdf/eixo_amb_saud e_seguranca/tec_seguranca/portugues/061112_ling_port_a0 3.pdf. Acesso em: 7 abr. 2024 ● CERQUEIRA, Claúdia Hashimoto Figueiredo. Preconceito lingüístico: o que é, como faz. Disponível em: https://www.scielo.br/j/delta/a/FvwmnfgYdGgTTJcPCMGcDjC/ ?lang=pt. Acesso em: 7 abr. 2024 ● PEREIRA, Carolina.; MARTINS, Pablo. Português é legal. São Paulo, 2014. Disponível em: http://www.portugueselegal.com.br/wp- content/uploads/2014/04/portugueselegal2.pdf. Acesso em: 7 abr. 2024 Plano de Aula 2 Identificação Escola E.M Sakurá Professor regente Tatiane Garcia dos Santos Fernandes de Oliveira Professor estagiário Jamily da Silva Lima Disciplina Português Série 9º ano Turma 1910 Período Matutino Conteúdo ● Preconceito linguístico Objetivos Objetivo geral ● Identificar e combater o preconceito linguístico em diversos ambientes e situações Objetivos específicos ● Constatar as causas e consequências do preconceito linguístico; ● Dar um exemplo de momentos que presenciaram o preconceito linguístico e possíveis causas para isso; ● Defender as justificativas nas respostas das questões dos slides da aula; Metodologia 1) Iniciar a aula com as perguntas: “Você já foi acusado de “falar errado”, “Por que isso acontece?”, “Quem são as pessoas que mais sofrem com o preconceito linguístico? Por quê?” 2) Pedir aos alunos que separem papel e lápis para anotar as perguntas; 3) Em seguida, os alunos assistirão ao vídeo “Introdução ao preconceito linguístico” e deverão anotar as partes mais relevantes; 4) Comentar as partes mais relevantes do vídeo para auxiliar na compreensão e interpretação; 5) Os alunos assistirão ao vídeo “Preconceito linguístico no dia a dia” e deverão anotar as partes mais relevantes. 6) Comentar as partes mais relevantes para auxiliar na compreensão e interpretação; 24 7) Pedir que os alunos respondam às perguntas do início da aula no papel; 8) Apresentar a questão do slide e comentar; 9) Apresentar as questões 1 e 2 da atividade, permitir que os alunos resolvam e em seguida corrigir e comentar as questões. Recursos ● TV ● Notebook ● Internet Avaliação Atividades ● Cópia no caderno das questões apresentadas no início da aula, que deverão ser respondidas próximo ao fim dela; ● Resolução das questões 1 e 2 da atividade. Critérios ● Participação e engajamento dos alunos; ● Compreensão clara ou não dos textos apresentados; ● Completude das respostas das atividades; ● Relação ou não das respostas com o conteúdo da aula. Referências ● NATURA MUSICAL. AMPLIFICA por Emicida – Preconceito linguístico no dia a dia. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QlhsiMWT-eQ. Acesso em 8 abr. 2024 ● PORTUGUÊS É LEGAL. INTRODUÇÃO AO PRECONCEITO LINGUÍSTICO. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=EbBJ_XUW1Dc. Acesso em 8 abr. 2024 Plano de Aula 3 Identificação Escola E.M Sakurá Professor regente Tatiane Garcia dos Santos Fernandes de Oliveira Professor estagiário Jamily da Silva Lima Disciplina Português Série 9º ano Turma 1910 Período Matutino Conteúdo ● Preconceito linguístico ● Artigo de opinião 25 Objetivos Objetivo geral ● Construir artigo de opinião em dupla baseado no conteúdo das aulas anteriores Objetivos específicos ● Identificar a ordem adequada da construção de um artigo de opinião e seus elementos; ● Organizar as partes do texto seguindo as orientações da atividade; ● Criar um artigo de opinião sobre preconceito linguístico ● Debater com o parceiro de escrita sobre a opinião a ser defendida no texto para que haja consenso. Metodologia 1) Separar a turma em duplas. 2) Entregar impressa a atividade “Quebra-cabeça de ideias” e solicitar que leiam e numerem a ordem das partes do texto, de acordo com as instruções da tabela. 3) Explicar previamente o que deve-se encontrar em cada parte do artigo de opinião: introdução, argumentação e contra- argumentação, explicitação do ponto de vista e conclusão. 4) Comentar a atividade e auxiliar na organização devida do texto. 5) Solicitar que, também em duplas, os alunos elaborem um artigo de opinião com o tema “preconceito linguístico”, estudado nas últimas aulas. 6) Escrever no quadro as informações que se espera encontrar em cada parte do texto. 7) Orientar que os alunos revisem o assunto no caderno ou pesquisem mais sobre isso na internet. Eles devem debater com o colega e chegar a um consenso para a opinião que será defendida no texto. 8) Correção dos textos Recursos ● Lousa ● Caneta Pilot ● Folha de ofício ● Impressora ● Internet Avaliação Atividades ● Realização do quebra-cabeça de ideias; ● Elaboração de artigo de opinião. Critérios ● Participação e engajamento dos alunos; ● Compreensão clara ou não dos textos apresentados; ● Completude das respostas das atividades; ● Relação ou não das respostas com o conteúdo da aula. 26 Referências ● FEITOZA, Cláudia de Jesus Abreu. Plano de aula: Quais as partes de um artigo de opinião?. Disponível em: https://novaescola.org.br/planos-de- aula/fundamental/8ano/lingua-portuguesa/quais-as-partes-de- um-artigo-de-opiniao/3592 . Acesso em: 9 abr. 2024 27 11 RELATO DA APRESENTAÇÃO DOS PLANOS DE AULA AO PROFESSOR Em momento de reunião com a professora supervisora de campo, apresentei os três planos de aula realizados por mim para a etapa de regência de meu estágio. Deixei que a professora folheasse a versão impressa que levei para consulta, e conforme ela lia, eu explicava os objetivos que pretendia atender em cada aula. Escolhi o tema de variações linguísticas para todas as aulas por acreditar que o estudante deve de fato aprender a se comunicar na norma padrão da língua portuguesa, mas que além disso também deve compreender que no cotidiano não há predomínio dela e isso não significa que quem fala ou escreve de maneira coloquial seja ‘’burro’’, ‘’ignorante’’, que fala ‘’errado’’. Existem momentos e espaços em que uma dessas formas de comunicação será mais valorizada do que outra, e um dos motivos para isso é o elitismo presente na nossa sociedade, algo que precisa ser debatido em mais de um momento para que os alunos possam se apropriar do tema, formular opiniões e fixar o conteúdo por meio de atividades Também apresentei naquele mesmo dia os slides e atividades que produzi especialmente para esse momento, e logo houveram algumas sugestões de mudanças que eu poderia realizar para que o período de duração da aula fosse melhor aproveitado. A professora me alertou sobre haver muitas informações nestes materiais para poucas aulas e pouco tempo hábil em sala para trabalhar tudo o que eu havia proposto. Destacou também que eu havia cometido uma confusão conceitual entre dois assuntos: registros linguísticos e variações linguísticas. Enquanto o primeiro diz respeito à compreensão do contexto em que um registro é produzido e se é adequado ou não onde ele foi inserido, o segundo tem ênfase no reconhecimento da diversidade do uso da língua portuguesa e o respeito a essa pluralidade existente na nossa língua. A metodologia apresentada também não estava atendendo aos critérios do plano de trabalho, como a quantidade solicitada de etapas metodológicas e os verbos dos objetivos. A regente me ajudou a reescrever essa parte dos planos, que não estava errada, apenas incompleta e poderia estimular outros níveis da taxonomia de Bloom além do nível de conhecimento. No mais, ela teceu muitos elogios a duas das dinâmicas que propus para as três aulas. Quando exibi o vídeo o rapper Emicida comentandosobre o preconceito 28 linguístico, a professora disse que fiz uma escolha excelente ao escolher um material que apresenta uma fala mais próxima da realidade dos alunos daquela turma, porque isso facilita a conexão deles com o tema e pode levar uma discussão positiva sobre a comunicação humana e o racismo. O outro material elogiado foi o jogo do ‘’Quebra- cabeça de ideias’’, por trabalhar com o raciocínio lógico e a capacidade de interpretar e conectar as ideias de um texto. Os critérios avaliativos também foram considerados pertinentes levando em conta que algumas das habilidades a serem desenvolvidas nas aulas de Língua Portuguesa são a coerência textual e a coesão, e isso pode ser avaliado pela escrita do aluno, se o seu fluxo de ideias desenvolvidas é pertinente com o que foi solicitado. Como alterações para a versão final de minhas aulas, removi o excesso de informações nos slides e adequei à temática de variação linguística, que era o meu objetivo inicial para a regência. As atividades que propus também sofreram alterações de modo a se adequarem a esse conteúdo e buscam na medida do possível trazer elementos lúdicos. Assim que fiz as correções sugeridas, apresentei novamente os planos de aula para a professora e dessa vez ela aprovou a versão final que pode ser conferida no portfólio. 29 12 RELATO DA REGÊNCIA As regências ocorreram durante os dias 14 e 19 de abril durante o período matutino na turma 1910 do 9º ano da E.M Sakurá, sob supervisão da professora Tatiane Garcia dos Santos Fernandes de Oliveira, que acompanhou as aulas aplicadas e preencheu a ficha de avaliação. Apresentei-me para a turma, pedi compreensão e trouxe um pouco da minha própria experiência de vida como ex-aluna da escola e alguém que mora em um bairro próximo desde minha infância. Os alunos ficaram bastante agitados com a minha presença, tiveram dificuldades em parar para ouvir ou esperar a vez de falar quando ficavam empolgados com a aula, mas soube lidar com as distrações deles sem haver necessidade de intervenção da professora regente. Foram muito interativos, contribuíram com a aula trazendo seus conhecimentos, experiências e opiniões e isso me ajudou a ficar menos nervosa. Ao final da primeira aula esse nervosismo já tinha sumido e nas aulas seguintes predominou mais uma sensação de tranquilidade e empolgação da minha parte. Assim como a professora Tatiane já tinha imaginado, quando exibi o vídeo do rapper Emicida na segunda aula, houve interação de um aluno que aproveitou o momento para compartilhar um episódio de preconceito linguístico que ele viveu, e que esse preconceito estava diretamente ligado ao racismo e à homofobia do agressor. Foi um momento de muito aprendizado, pois a partir do relato, os alunos identificaram que o preconceito linguístico é reflexo de preconceitos sociais. Pouco antes de eu iniciar a primeira aula uma das alunas laudadas saiu da sala, e outros alunos com deficiências também não se dispuseram a participar. Nas duas outras aulas a mesma postura de desinteresse ocorreu, mas notei que na atividade ‘’Quebra-cabeça de ideias’’ que apliquei na terceira aula eles pareciam com maior vontade de participar. Acredito que promover atividades de cooperação é um caminho para que eles se sintam relevantes e capazes. Acredito também que seja uma questão que vá além da dinâmica que apresentei nas aulas, que se relaciona com a discriminação que esses alunos já sofrem no cotidiano e a percepção de que nem a escola é um ambiente capaz de proporcionar a todo tempo um sentimento de respeito e compreensão, de que para os 30 adultos ali, eles não possuem interesses próprios e autonomia, são indivíduos infantilizados. Como optei por falar de preconceito linguístico durante todo o período de regência, foi possível explorar muito do tema sem esgotá-lo e entre e a primeira e a última aula houve uma diferença significativa na velocidade em que os alunos conseguiram responder as atividades e também na qualidade de suas respostas, porque no início suas falas eram mais pautadas em ‘’eu acho’’ e no fim já havia um tom mais firme e confiante nas respostas. Essa construção da fixação do conteúdo ao longo de uma sequência didática bem planejada auxiliou na última aula, em que os estudantes da turma 1910 precisariam se reunir com suas duplas para defender o ponto de vista que seria apresentado no artigo de opinião. Não foram todos os alunos que conseguiram realizar essa tarefa durante a aula já que o foco se perdeu entre eles devido às conversas então muitos dos textos entregues estavam incompletos, mas a turma soube discorrer sobre o tema e entendeu tanto a estrutura quanto as características do gênero artigo de opinião. Ter trabalhado com as tirinhas do personagem Chico Bento, que atravessa gerações e também é conhecido por esses alunos, gerou uma ótima oportunidade de mostrar que eles possuem um imenso potencial de conquistarem o que quiserem, que são possuidores de direitos independentemente de onde vêm e de como falam. Ainda assim, ressaltei que é importante conhecermos e sabermos utilizar a norma-padrão e tornei esse estudo mais atrativo ao selecionar textos de fácil compreensão com várias imagens de apoio para os slides e para as três atividades com questões de múltipla escolha que deveriam ser respondidas. Todas as aulas tiveram uso de tecnologia, de uma forma ou de outra. Na primeira aula e segunda aula contei com o uso dos slides e exibição dos vídeos. Na terceira aula, os alunos puderam pesquisar com seus celulares e acesso à internet da escola sobre preconceito linguístico ou sobre como escrever um artigo de opinião. Não realizei nenhuma adaptação muito específica para os alunos laudados além das que já via a professora regente aplicando em suas aulas, por crer que o que foi proposto estava adequado para todos e ter recebido aprovação de meus planos de aula. Ao final da regência, senti falta de ter passado ainda mais tempo com a turma porque gostaria de ter decorado os nomes de todos eles, e também deveria ter trazido 31 materiais impressos desde o nosso primeiro momento juntos nas minhas aulas para que todos pudessem revisar o conteúdo quantas vezes fosse necessário para auxiliar na execução das atividades. O tempo curto das aulas também trouxe dificuldades para que um atendimento individualizado ocorresse a todo momento, então julgo ser necessária uma melhor administração de conteúdos com base no tempo disponível para que as próximas experiências sejam ainda mais satisfatórias. Foi um momento muito valioso que tivemos, e no último dia tive a sensação de dever cumprido quando um grupo de alunos me abordou durante minha saída da sala e disse que gostou muito de minhas aulas pelo uso de vídeos e das atividades diversificadas em duplas. Com isso em mente, acredito que apesar das dificuldades que encontrei durante e após a regência, em geral ela foi bastante satisfatória para os alunos e a maioria cumpriu os objetivos gerais e específicos propostos nos planos de aula. A experiência certamente enriqueceu os conteúdos que já estudo na graduação porque agora posso ter uma noção prática das teorias que são estudadas, incluindo os inúmeros obstáculos que há na educação no município de Teresópolis, especialmente os enfrentados pela E.M Sakurá. 32 13 VALIDAÇÃO DO RELATÓRIO 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nas semanas durante o estágio realizado na E.M Sakurá eu pude ver de perto o poder transformador da educação e da disciplina de Língua Portuguesa mesmo com o curto tempo de experiência. Sei que muitos dos alunos não se enxergam no futuro como graduandos, que também não enxergam expectativas de ir além do que vivem agora porque suas preocupações se concentram emum momento presente onde a necessidade de garantir um emprego que permita ajudar com as despesas domésticas e cuidados com a família é de maior importância. Ainda assim, tenho certeza que tudo que vivenciei é apenas uma parcela de tudo que podemos fazer enquanto professores para formar cidadãos com pensamento crítico, que saibam se posicionar diante de problemas que afetam a sociedade e a partir disso compreendam e transformem a própria realidade dentro daquilo que está aos seus alcances. Estar em uma sala de aula real é diferente de conhecer apenas as salas apresentadas nas situações-problemas da universidade, porque situações e turmas hipotéticas não possuem a mesma complexidade que podemos observar ao lidar com seres humanos no mundo material. Planejar uma aula para pessoas com perfis, necessidades e interesses distintos exige muito mais reflexão e estudos do profissional que vai aplicá-la, pois tudo que será ensinado exige uma organização e preparo prévios para as muitas perguntas que surgirão no momento prático. Ensinar durante o estágio me fez aprender muito, por isso acredito que a etapa do estágio deveria estar presente nas grades curriculares desde os primeiros semestres da graduação. Parte do trabalho do educador é conhecer teorias, e a outra etapa é colocá-las para teste de modo a aprender com os resultados observados em cada turma e/ou escola, então um profissional que possui mais possibilidades de viver a práxis pedagógica durante sua formação no Ensino Superior também se torna melhor capacitado para lidar com adversidades. Por fim, agradeço aos funcionários da E.M Sakurá pela oportunidade que me foi dada neste semestre e espero que os estudantes que conheci nesse período tenham vislumbrado um pouco dos encantos do estudo de nossa língua. 34 REFERÊNCIAS CAVALCANTE, Ilane Ferreira. Variação linguística. Disponível em: http://redeetec.mec.gov.br/images/stories/pdf/eixo_amb_saude_seguranca/tec_segur anca/portugues/061112_ling_port_a03.pdf. Acesso em: 7 abr. 2024 CERQUEIRA, Claúdia Hashimoto Figueiredo. Preconceito lingüístico: o que é, como faz. Disponível em: https://www.scielo.br/j/delta/a/FvwmnfgYdGgTTJcPCMGcDjC/?lang=pt. Acesso em: 7 abr. 2024 FARACO, Carlos Alberto. Gramática e ensino. Diadorim, Rio de Janeiro, v. 2, n. 19, 2017. DOI 10.35520/diadorim.2017.v19n2a14443. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/diadorim/article/view/14443. Acesso em: 3 mar. 2024 FEITOZA, Cláudia de Jesus Abreu. Plano de aula: Quais as partes de um artigo de opinião?. Disponível em: https://novaescola.org.br/planos-de- aula/fundamental/8ano/lingua-portuguesa/quais-as-partes-de-um-artigo-de- opiniao/3592 . Acesso em: 9 abr. 2024 NATURA MUSICAL. AMPLIFICA por Emicida – Preconceito linguístico no dia a dia. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QlhsiMWT-eQ. Acesso em: 7 abr. 2024 PEREIRA, Carolina; MARTINS, Pablo. Português é legal. São Paulo, 2014. Disponível em: http://www.portugueselegal.com.br/wp- content/uploads/2014/04/portugueselegal2.pdf. Acesso em: 7 abr. 2024 PORTUGUÊS É LEGAL. INTRODUÇÃO AO PRECONCEITO LINGUÍSTICO. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=EbBJ_XUW1Dc. Acesso em: 8 abr. 2024