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Atividade Contextualizada de Nutrição Clínica Estudo de Caso Análise do caso clínico a seguir: Paciente B.M.J., sexo masculino, 37 anos, admitido na unidade de terapia intensiva por trauma (acidente de carro), apresenta instabilidade hemodinâmica, perfuração do intestino delgado e fraturas de membros superiores, inferiores e quadril. Foi submetido à cirurgia, encontra-se em ventilação mecânica e aguarda início da terapia nutricional. Familiares negam tabagismo e etilismo e reportaram que o paciente pesa 70Kg e possui 1,70 m de altura. No exame físico, paciente encontra-se em mau estado geral (MEG), inconsciente, hipocorado e com presença de edema. Foi admitido no hospital com os seguintes dados vitais: IMC: 70/2,89 = 24,22 Kg/m² Eutrófico Frequência cardíaca: 60 bpm; Pressão arterial: 80 x 60 mmHg; Temperatura corporal: 36,5ºC. Levando em consideração essas informações e todo conteúdo estudado, estabeleça diagnóstico nutricional, conduta nutricional e plano para progressão da dieta para o paciente B.M.J., apresentado no case, levando em conta que o paciente reverteu a instabilidade hemodinâmica e apresenta cicatrização da perfuração intestinal, mas permanece em ventilação mecânica. Exames laboratoriais: (VR = valores de referência) * Albumina = 1,5 g/dl (VR: 3,5-4,8 mg/dL); Creatinina = 1,2 mg/dL (VR: 0,4-1,4 mg/dL); HDL colesterol = 35 mg/dl (VR: 35-55 mg/dL); LDL colesterol = 115 mg/dl (VR: menor que 130 mg/dL); PCR = 28 mg/dl (VR: menor que 5 mg/dL) Triglicerídeos = 180 mg/dl (VR: menor que 200 mg/dL) Cálculo do gasto energético total de acordo com equação de Harris Benedict: GEB = 66,47 + (13,57.peso) + (5,00.altura) – (6,75.idade) GEB = 66,47 + (13,57.70) + (5,00.170) – (6,75.37) GEB = 66,47 + 949,9 + 850 - 249,75 GEB = 1616,62 Fator de injúria = 1,2 Fator de atividade = 1,2 GET = 1616,62 x 1,2 x 1,2 2327,93 Kcal/dia Em primeira análise quando o paciente foi admitido no hospital não se faz a inserção de terapia nutricional, pois o mesmo encontra-se em instabilidade hemodinâmica, mesmo que a recomendação seja de que a nutrição enteral inicia-se dentro de 24 e 48 horas após admissão em UTI, o paciente além da instabilidade apresenta pressão arterial baixa e perfuração no intestino delgado, impossibilitando o procedimento. Nos exames bioquímicos podemos verificar que temos uma diminuição da albumina (1,5g/dl), podendo indicar depleção grave, além de um aumento significativo no PCR (proteína C-reativa), indicadores de um potencial inflamatório em curso, valor de PCR de 28 indica uma infecção bacteriana em estado de sepse. Após estabilidade hemodinâmica e cicatrização da perfuração intestinal poderemos entrar com a terapia nutricional adequada. A terapia nutricional recomendada é a Nutrição Enteral, já que o paciente ainda se encontra em ventilação mecânica, impossibilitando a alimentação oral e possui risco nutricional. Via de administração: Inicialmente escolheremos a gastrostomia, com estoma diretamente no estômago, podendo ser trocada pela jejunostomia, caso o paciente apresente risco de aspiração, vômitos ou outras complicações. Método de administração: Intermitente por gotejamento gravitacional, fracionado em 6 etapas com intervalos de 3horas, nos horários de 7, 10, 13, 16, 19 e 22h, iniciando as primeiras 24hs com 30% da dieta, nas 48hs 60% da dieta e finalizando as 72hs com 100% da dieta, acompanhando a progressão do paciente, analisando e corrigindo as intercorrências caso ocorram. Velocidade da infusão será de 50gotas/minuto. Podemos utilizar uma dieta enteral oligomérica, com macronutrientes na forma parcialmente hidrolisada, já que o paciente está com intestino em cicatrização, podendo comprometer a absorção dos nutrientes. Para hidratação usar 150ml de água após cada dieta, pode ser usada para lavar a sonda. Tipo da dieta: normocalórica, hiperproteica e normolipídica. A quantidade de proteína a ser ofertada será de 1,5g/Kg/dia, ou seja, nesse caso será de 1,5x70 = 105g/dia, caso a dieta não forneça a quantidade de necessária, devemos adicionar módulo de proteína. Pode-se acrescentar suplementação de glutamina e arginina na recomendação de 25 a 30g/dia, para auxiliar na recuperação. Proteína: 105 x 4 = 420 Kcal =18% Carboidrato: 52% = 1210,52 Kcal ou 302,6g Lipídios: 30% = 698,38 Kcal ou 77,60g Em uma dieta enteral com densidade de 1,5Kcal/ml: 2327,93/1,5 = 1551,95 ml. Precisaremos de 1551,95ml, podemos utilizar 1500ml, que ainda teremos 96,65% de adequação. Cada etapa ficará com 250ml. 1ª dia 24h – 30% 75ml de dieta + 150ml de água por etapa 2ª dia 48h – 60% 150ml de dieta + 150ml de água por etapa 3ª dia 72h - 100% 250ml de dieta + 150ml de água por etapa Após recuperação do paciente com retirada da ventilação mecânica, poderemos progredir para dieta via oral, se houver tolerância por parte do paciente, iniciando de forma gradativa com dieta pastosa, atentando – se para os sinais: broncoaspiração, vômitos, diarreia grave e obstruções. Referências Bibliográficas BORGES, Ana Clara do Nascimento et al. Tratamento dietoterápico em pacientes com sepse: uma revisão. Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento, v. 9, n. 3, pág. e63932111-e63932111, 2020. Disponível em: <https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/2111>. Acesso em: 04 maio 2023. MOALA, Tais. Nutrição Clínica. Grupo Ser Educacional, 1ª ed., Cengage, Recife - PE. 2020. Disponível em: < https://sereduc.blackboard.com>. Acesso em: 19 maio 2023 WAITZBERG, Dan Linetzky. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica.5 ed. – Rio de Janeiro: Atheneu. 2017. Referências Bibliográficas