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<p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ</p><p>15ª CÂMARA CÍVEL</p><p>Embargos de Declaração nº 0023032-73.2024.8.16.0001 ED, da 8ª Vara Cível de</p><p>Curitiba</p><p>Embargante: Crefisa S/A Crédito, Financiamento e Investimento</p><p>Embargado: Jose Elamir Padilha</p><p>Relator: Desembargador Jucimar Novochadlo</p><p>EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APELAÇÃO CÍVEL. REVISIONAL. ACÓRDÃO</p><p>QUE NEGOU O APELO DO BANCO E O APELO DO AUTOR. 1. ALEGADA</p><p>CONTRADIÇÃO DO ACÓRDÃO COM A TESE FIRMADA NO RESP 1821182/RS.</p><p>MERO INCONFORMISMO. REDISCUSSÃO. IMPOSSIBILIDADE.</p><p>2. MANIFESTAÇÃO EXPRESSA SOBRE DISPOSITIVOS LEGAIS PARA FINS</p><p>DE PREQUESTIONAMENTO. MEDIDA DESNECESSÁRIA. MATÉRIA</p><p>APRECIADA.</p><p>1. Os embargos de declaração são cabíveis somente para sanar omissão,</p><p>obscuridade ou contradição contida no julgado, ou ainda, para sanar erro</p><p>material. Ausentes quaisquer dessas hipóteses, devem ser rejeitados os</p><p>aclaratórios.</p><p>2. Consoante regra constante do art. 1.025 do Código de Processo Civil de</p><p>2015, “consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante</p><p>suscitou, para fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de</p><p>declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior</p><p>considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.”</p><p>Embargos de Declaração rejeitados.</p><p>Vistos, relatados e discutidos estes autos de Embargos de Declaração nº</p><p>0023032-73.2024.8.16.0001, da 8ª Vara Cível de Curitiba, em que figura como Embargante Crefisa S/A</p><p>Crédito, Financiamento e Investimento; e Embargado Jose Elamir Padilha.</p><p>Trata-se de embargos de declaração opostos por 1. Crefisa S/A Crédito,</p><p>em face do acórdão proferido por esta Câmara, (NPU 0012114-Financiamento e Investimento</p><p>44.2023.8.16.0001; mov. 26.1), o qual, por unanimidade, negou provimento ao apelo interposto pela</p><p>recorrente, mantendo a sentença de primeiro grau em sua totalidade.</p><p>Nas razões recursais, sustenta a embargante, em síntese, que o acórdão foi</p><p>contraditório ao recente entendimento consolidado pelo STJ quando do julgamento do REsp 1821182/RS,</p><p>notadamente quanto ao reconhecimento acerca da impossibilidade de se utilizar a “taxa média de mercado”</p><p>como ferramenta exclusiva para aferir a abusividade do percentual da taxa contratada e para pautar o novo</p><p>percentual a ser aplicado em substituição. Por fim, requer a admissão dos embargos declaratórios e o</p><p>saneamento dos vícios apontados, com a atribuição de efeitos infringentes e o prequestionamento da</p><p>matéria. (mov. 1.1)</p><p>Nos termos do art. 1.023, §2º, do CPC, o embargado apresentou contrarrazões. (mov.</p><p>10.1)</p><p>É o relatório.</p><p>O presente recurso deve ser rejeitado.2.</p><p>Nos termos do artigo 1.022, do Novo CPC, cabem embargos de declaração quando</p><p>ocorrer no julgado obscuridade, contradição, se for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciar-se o</p><p>tribunal ou, ainda, para corrigir erro material.</p><p>Infere-se, pois, que a função primordial dos embargos é completar o julgado para</p><p>torná-lo inteligível, inequívoco e completo. Ou, em outras palavras, declarar o “o exato conteúdo material da</p><p>”. Não é o que se constata aqui.decisão</p><p>No caso, apesar da argumentação apresentada pela embargante, inexiste qualquer</p><p>vício no v. acórdão capaz de ensejar o acolhimento destes declaratórios, sobretudo de contradição.</p><p>Na verdade, sob o pretexto de tal vício, a embargante pretende rediscutir matéria de</p><p>mérito com base na sua interpretação dos argumentos analisados, em evidente inconformismo com o</p><p>resultado desfavorável do julgamento.</p><p>Sob essa perspectiva, é evidente que os fundamentos deduzidos pela embargante</p><p>não caracterizam a existência de contradição, porque se referem à ocorrência de e/ou error in procedendo</p><p>e não à compreensão do acórdão ou de seus fundamentos.error in judicando</p><p>Como se sabe, “a contradição que autoriza os embargos de declaração é do julgado</p><p>.com ele mesmo, jamais a contradição com a lei ou com o entendimento da parte”[2]</p><p>Com efeito, o acórdão embargado foi claro, fundamentado e congruente ao concluir,</p><p>no caso concreto, pela abusividade da taxa de juros remuneratórios praticada no contrato questionado por</p><p>ultrapassar o triplo da taxa média de mercado divulgada pelo Bacen, no período correspondente à</p><p>contratação.</p><p>Como se percebe, além dos REsp’s 1061530/RS e 1821182/RS não possuírem</p><p>caráter vinculante, a fundamentação ora adotada não contraria quaisquer das teses firmadas em referidos</p><p>precedentes, na medida em que, no caso concreto, a taxa média de mercado constitui a única ferramenta</p><p>possível para aferir a abusividade da taxa de juros remuneratórios praticada, pois a embargante não foi</p><p>capaz de demonstrar qualquer elemento desconstitutivo do direito da embargada.</p><p>Em outras palavras, a instituição financeira não logrou êxito em demonstrar a</p><p>existência do alto perfil de risco alegado em relação à embargada ou de qualquer outro elemento, que</p><p>pudesse justificar a pactuação de juros remuneratórios superiores 5 (cinco) vezes da taxa média de mercado.</p><p>Sob essa perspectiva, é evidente a prevalência da aplicação da Súmula 530 do STJ e</p><p>do REsp 1112880/PR, submetido ao rito dos recursos repetitivos, ao caso concreto.</p><p>Sendo assim, não há qualquer vício a ser sanado no acórdão embargado, pois, como</p><p>visto, de forma inteligível, fundamentada e congruente, foi registrado na decisão os fundamentos pelos quais</p><p>se entendeu, no caso concreto, pela abusividade da taxa de juros remuneratórios contratada.</p><p>Ressalte-se, que se o intuito da parte é alterar o entendimento adotado pela Corte e</p><p>/ou resultado do julgamento, deve se socorrer dos instrumentos recursais adequados, colocados à sua</p><p>disposição pela legislação processual.</p><p>[1][1]</p><p>No mais, nos termos do que dispõe o art. 1.025 do CPC, completamente</p><p>desnecessária a análise expressa dos dispositivos prequestionados pela embargante, visto que a matéria</p><p>correspondente foi devidamente examinada e decidida.</p><p>Com efeito, o prequestionamento dos dispositivos legais apontados pela embargante</p><p>não representa um requisito recursal formal, mas eminentemente material, cuja análise incumbe às</p><p>Instâncias Extraordinárias.</p><p>Prequestionar, para fins de se viabilizar a interposição dos recursos de estrito direito,</p><p>significa discutir concretamente a aplicação do dispositivo, assim como a sua influência na decisão judicial</p><p>objurgada.</p><p>A esta Instância Ordinária, portanto, não cumpre manifestar-se acerca do</p><p>prequestionamento, cabendo tão somente o enfrentamento das teses jurídicas desenvolvidas concretamente</p><p>pela parte.</p><p>Sendo assim, deve ser mantida a decisão colegiada na íntegra.</p><p>Diante do exposto, não se acolhe o recurso de embargos de declaração, nos3.</p><p>termos da fundamentação.</p><p>Ante o exposto, acordam os Desembargadores da 15ª Câmara Cível do TRIBUNAL</p><p>DE JUSTIÇA DO PARANÁ, por unanimidade de votos, em julgar EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃO-</p><p>ACOLHIDOS o recurso de Crefisa S/A Crédito, Financiamento e Investimento.</p><p>O julgamento foi presidido pelo (a) Desembargador Luiz Carlos Gabardo, sem voto, e</p><p>dele participaram Desembargador Jucimar Novochadlo (relator), Desembargador Luiz Cezar Nicolau e</p><p>Desembargadora Luciane Bortoleto.</p><p>Curitiba, 30 de agosto de 2024.</p><p>Jucimar Novochadlo</p><p>Relator</p><p>Teixeira Filho, Manoel Antonio. Os embargos de declaração na justiça do trabalho. São Paulo: LTr, p. 28[1]</p><p>Negrão, Theotônio. . 44 ed. São Paulo: Saraiva, 2012, nota[2] In Código de Processo Civil e legislação processual em vigor</p><p>art. 535: 14b, p. 705.</p>