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<p>Prática Jurídica</p><p>Constitucional</p><p>e Tributária</p><p>Responsável pelo Conteúdo:</p><p>Prof.ª Me. Meire Cristina de Souza</p><p>Revisão Textual:</p><p>Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin</p><p>Revisão Técnica:</p><p>Prof. Dr. Reinaldo Zychan</p><p>Apresentação e Noções Gerais</p><p>Apresentação e Noções Gerais</p><p>• Permitir visão geral dos principais institutos do direito material e processual em matéria</p><p>constitucional e tributária;</p><p>• Introdução ao processo constitucional e ao processo tributário administrativo e judicial.</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZADO</p><p>• Noções Direito Constitucional;</p><p>• Noções Direito Tributário.</p><p>UNIDADE Apresentação e Noções Gerais</p><p>Noções Direito Constitucional</p><p>Supremacia das Normas Constitucionais</p><p>O Direito Constitucional é um ramo do Direito Público que tem por finalidade a</p><p>constituição política e jurídica do Estado, ou seja, é o Direito que estrutura o Estado e</p><p>é responsável pela organização, sistematização e integração de todo o ordenamento</p><p>jurídico desse Estado.</p><p>O Direito Constitucional, dessa forma, constitui-se pelas normas fundamen-</p><p>tais relativas à estrutura do Estado, isto é, forma de governo, meio de aquisição</p><p>e exercício do poder, repartição vertical e horizontal do poder, estabelecimento</p><p>de seus órgãos administrativos, limites de sua atuação, direitos fundamentais das</p><p>pessoas e suas respectivas garantias, além de regras básicas e gerais da ordem</p><p>social e econômica.</p><p>Os Princípios e as Normas Fundamentais do Estado compõem a Constituição</p><p>que, no caso do nosso país, é a Constituição Federal de 1988.</p><p>A Constituição Federal é o conjunto de normas que estabelecem a estrutura do</p><p>Estado e a base de funcionamento de todos os órgãos que irão compor tal Estado,</p><p>bem como o início de todo o ordenamento jurídico que disciplinará as relações entre</p><p>Estado e cidadãos, e dos cidadãos entre si.</p><p>A Constituição traz, ainda, expressas em seu texto, normas de direitos e garantias</p><p>fundamentais desses cidadãos que fazem parte do elemento fundamental do Estado,</p><p>qual seja, o povo, e que deverão ser observadas pelos órgãos e agentes do Estado em</p><p>todas as suas esferas de poder.</p><p>Sendo a Constituição o conjunto de normas que estruturam o Estado e iniciam o</p><p>ordenamento jurídico de um país, é a partir de suas normas que o ordenamento ju-</p><p>rídico irá se estabelecer, seja por meio da legislação nova, seja, ainda, pela recepção</p><p>das normas anteriores ao texto constitucional vigente.</p><p>Você Sabia?</p><p>O Código Tributário Nacional foi recepcionado pela nossa Constituição Federal de 1988.</p><p>O CTN foi estabelecido pela Lei nº. 5.172, de 25 de outubro de 1966, ainda sob a vigên-</p><p>cia da Constituição de 1946, contudo, já no contexto do Regime Militar que foi insta-</p><p>lado em 1964.</p><p>A Constituição é a certidão de nascimento do Estado e traz a sua estrutura com-</p><p>pleta, de forma que todas as Leis e Atos Normativos que compõem o ordenamento</p><p>jurídico de uma Estado devem estar em conformidade com as Normas Constitucio-</p><p>nais, assim como todos os entes federativos no exercício de suas funções também</p><p>devem agir em conformidade com as normas estabelecidas na Constituição.</p><p>8</p><p>9</p><p>Figura 1</p><p>Fonte: Wikimedia Commons</p><p>Assim, a supremacia das normas constitucionais corresponde à vinculação total</p><p>de todos os Poderes do Estado ao que estabelece o texto da Constituição, de modo</p><p>que as Leis Infraconstitucionais de todas as esferas de poder sejam compatíveis com</p><p>a Constituição Federal.</p><p>O Princípio da Supremacia, dessa forma, requer que todas as situações jurídicas se-</p><p>jam compatíveis com os princípios e os preceitos estabelecidos na Constituição. Essa</p><p>conformidade com os ditames constitucionais, contudo, não se preenche apenas com</p><p>a atuação positiva de acordo com a Constituição, sendo necessário controle da cons-</p><p>titucionalidade das normas infraconstitucionais, conforme veremos no próximo Item.</p><p>A Constituição Federal, assim, é a Lei Maior, a Lei das Leis, a “mãe” do ordena-</p><p>mento jurídico de um Estado e está acima de todas as Leis e atos normativos que</p><p>regem um povo. É por meio da Teoria Pura do Direito, obra do jurista Hans Kel-</p><p>sen, que se tratou da hierarquia das Leis em uma “estrutura escalonada do Direito”.</p><p>Em sua obra, Hans Kelsen afirma que é a Constituição que dá validade a todas as ou-</p><p>tras normas. É a Constituição que prevê o Processo Legislativo, ou seja, a forma como as</p><p>Leis e Atos Normativos serão realizados para entrar no ordenamento jurídico de um Esta-</p><p>do e, dessa forma, a supremacia da Constituição deve ser observada tanto pelas normas</p><p>infraconstitucionais quanto pelos órgãos e poderes que compõem a estrutura do Estado.</p><p>Direitos e garantias fundamentais – Distinção</p><p>Como visto no item anterior, a Constituição Federal traz em seu texto normas que</p><p>estruturam o Estado, que regulam as relações entre os cidadãos e entre o Estado e</p><p>os cidadãos e, ainda, os direitos e garantias fundamentais.</p><p>O s direitos fundamentais encontram-se em vários Artigos da Constituição, não</p><p>apenas no Título II, que trata dos Direitos e Garantias Fundamentais.</p><p>9</p><p>UNIDADE Apresentação e Noções Gerais</p><p>Mas direitos e garantias são a mesma coisa? Existe alguma diferença, uma vez que o Título</p><p>II expressa, nos Artigos 5º ao 17, os direitos e deveres individuais e coletivos (Art. 5º), os di-</p><p>reitos sociais (arts. 6º ao 11), os direitos de nacionalidade (arts. 12 e 13), os direitos políticos</p><p>(arts. 14 a 16) e os direitos relacionados o pluralismo político (Art. 17)?</p><p>O Título II da Constituição Federal de 1988 expressa, no Artigo 5º e seguintes, a</p><p>declaração dos direitos individuais e coletivos e também as garantias constitucionais</p><p>contra a violação de qualquer direito do cidadão.</p><p>Importante!</p><p>Os direitos fundamentais não constituem direitos absolutos, vez que a própria Constitui-</p><p>ção pode trazer limitações ao exercício de alguns desses direitos, como, por exemplo, o</p><p>direito de propriedade (Art. 5º, XXII) que é relativizado no Inciso seguinte com a previsão</p><p>de que a propriedade deve atender à sua função social (Art. 5º, XXIII), sob pena de perda</p><p>desse direito por desapropriação (Art. 182, §§ 2º e 4º) ou por usucapião (Art. 183).</p><p>Figura 2</p><p>Fonte: Pixabay</p><p>Assim, a diferença básica entre direitos e garantias consiste em que, nos primei-</p><p>ros, a Constituição declara os direitos da pessoa humana e, no segundo, expressa de</p><p>que forma tais direitos são assegurados pelas Normas Constitucionais.</p><p>Dessa forma, o Título II ao expressar os direitos individuais e coletivos, no Ar-</p><p>tigo 5º da Constituição, também expressa as garantias e os chamados “remédios</p><p>constitucionais”, que se consistem nas ferramentas disponíveis para a proteção dos</p><p>direitos declarados.</p><p>Sampaio Dória (2016) adverte, entretanto, acerca da correspondência terminoló-</p><p>gica que se forma em torno das expressões direitos e garantias, afirmando que “os</p><p>direitos são garantias e as garantias são direitos”.</p><p>A finalidade da expressão “direitos fundamentais” está em alcançar situações ju-</p><p>rídicas, objetivas e subjetivas, expressas no ordenamento jurídico positivo, para a</p><p>proteção da dignidade, da igualdade e da liberdade da pessoa humana.</p><p>10</p><p>11</p><p>Assim, a s garantias constitucionais, em conjunto, consistem em imposições, po-</p><p>sitivas ou negativas, a todos os órgãos do Poder Público estatal, a fim de limitar sua</p><p>conduta para assegurar a observância dos direitos fundamentais ou, em caso de</p><p>violação, sua reintegração ao cidadão.</p><p>De acordo com a Constituição, ao Poder Legislativo compete basicamente legislar e fiscalizar</p><p>os atos do Poder Executivo. No âmbito federal, o Poder Legislativo é exercido pelo Congresso</p><p>Nacional – composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. Na Câmara, ficam</p><p>os deputados federais e no Senado, os senadores. No plano estadual, este poder é exercido</p><p>pelas Assembleias Legislativas, por meio dos deputados estaduais, e na esfera municipal quem</p><p>exerce essa função é a câmara legislativa do município, composta pelos vereadores eleitos.</p><p>Em se tratando da fiscalização exercida pela Poder Legislativo local, ou seja, pela câmara</p><p>legislativa,</p><p>é possível que um vereador de determinado município exija de forma individual,</p><p>como parlamentar, informações e documentos sobre assuntos referentes à administração</p><p>municipal com vistas à fiscalização?</p><p>O Supremo Tribunal Federal – STF no julgamento do Recurso Extraordinário 865.401/MG</p><p>em 25/04/2018, apreciando o tema 832 da repercussão geral, na relatoria do Ministro Dias</p><p>Toffoli, decidiu por unanimidade, dar provimento ao recurso fixando a seguinte tese: “O</p><p>parlamentar, na condição de cidadão, pode exercer plenamente seu direito fundamental de</p><p>acesso a informações de interesse pessoal ou coletivo, nos termos do Art. 5º, inciso XXXIII, da</p><p>CF e das normas de regência desse direito”. RE 865401, disponível em: https://bit.ly/3altlPf</p><p>Podemos observar que o Recurso Extraordinário 865.40, de Minas Gerais, teve</p><p>como base uma ação mandamental, ou seja, um Mandado de Segurança, com a</p><p>finalidade de proteger direito líquido e certo previsto na Constituição Federal em</p><p>seu Artigo 5º, XXXIII, qual seja, o direito à informação. Por meio do Mandado</p><p>de Segurança, foi garantido ao parlamentar, na condição de cidadão, o direito de</p><p>acesso à informação.</p><p>O direito à informação consiste em direito fundamental do cidadão e sua garantia</p><p>também está prevista na Constituição expressamente em seu Artigo 5º, LXIX. Assim,</p><p>temos, no caso apresentado, um direito fundamental declarado constitucionalmente</p><p>e uma garantia de proteção desse direito, ambos expressos no Artigo 5º, que traz um</p><p>amplo rol de direitos e deveres individuais e coletivos, assim como garantias para a</p><p>efetivação desses direitos e deveres.</p><p>Você Sabia?</p><p>Os direitos e garantias individuais e coletivos previstos no Artigo 5º da Constituição</p><p>não se exaurem nos 78 Incisos ali expressos, ou seja, não se trata de rol taxativo, vez</p><p>que o parágrafo 2º do Artigo 5º estabelece a proteção de outros direitos e garantias</p><p>decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos Tratados internacionais</p><p>em que Estado brasileiro seja parte.</p><p>11</p><p>UNIDADE Apresentação e Noções Gerais</p><p>Remédios Constitucionais</p><p>No item anterior, vimos que a Constituição expressa, em seu texto, os direitos e</p><p>as garantias individuais e coletivos. Vários são os direitos, que não se esgotam no</p><p>Artigo 5º, assim como várias são as garantias, que também podem ser expressas em</p><p>Tratados internacionais, por exemplo.</p><p>Nesse contexto, remédios constitucionais são espécies de garantias previstas</p><p>constitucionalmente como instrumentos à disposição do cidadão para provocar a</p><p>intervenção das autoridades competentes a fim de sanar, corrigir, proteger ou resta-</p><p>belecer um direito constitucional violado.</p><p>O termo “remédios constitucionais” é utilizado na doutrina e na jurisprudência</p><p>pátria para se referir às garantias constitucionais específicas para exigir a proteção a</p><p>direitos individuais ou coletivos.</p><p>Remédios constitucionais, são, portanto, espécies de garantias que, por seu ca-</p><p>ráter específico e por sua função saneadora e de restauração, recebem o nome de</p><p>“remédios”, e remédios constitucionais, porque consignados na Constituição (SILVA,</p><p>2019, p. 445).</p><p>Na Constituição Federal estão expressas as seguintes espécies de remédios cons-</p><p>titucionais:</p><p>a) Direito de petição e obtenção de certidão previsto no Art. 5º, Inc. XXXIV,</p><p>alíneas “a” e “b” respectivamente;</p><p>b) Habeas corpus, previsto no Art. 5º, Inc. LXVIII;</p><p>c) Mandado de Segurança, previsto no Art. 5º, Inc. LXIX;</p><p>d) Mandado de Segurança Coletivo, previsto no Art. 5º, Inc. LXX;</p><p>e) Mandado de Injunção, previsto no Art. 5º, Inc. LXXI;</p><p>f) Habeas data previsto no Art. 5º, Inc. LXXII;</p><p>g) Ação Popular previsto no Art. 5º, Inc. LXXIII.</p><p>O direito de petição tem sua origem nas revoluções inglesas de 1628 e sua con-</p><p>solidação na Revolução Gloriosa, (Bill of Rights), em 1689, e consiste em direito que</p><p>pertence a uma pessoa de peticionar aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou</p><p>contra ilegalidade ou abuso de poder.</p><p>O direito a certidões garante a todos, independentemente do pagamento de taxas,</p><p>a obtenção de certidões em repartições públicas com a finalidade de defesa de direi-</p><p>tos e esclarecimentos de situações de interesse pessoal.</p><p>O habeas corpus é a garantia mais antiga conquistada pelo cidadão na Magna</p><p>Carta de 1215 na Inglaterra, e consiste em um remédio destinado a tutelar o direito</p><p>de liberdade.</p><p>12</p><p>13</p><p>O Mandado de Segurança Individual consiste em remédio que visa a amparar</p><p>direito pessoal líquido e certo, cuja legitimidade para impetração pertence apenas ao</p><p>titular do direito violado.</p><p>O Mandado de Segurança Coletivo, por sua vez, consiste em remédio com a fi-</p><p>nalidade de amparar direitos da coletividade de pessoas, cuja legitimidade pertence</p><p>aos partidos políticos com representação no Congresso Nacional e organização sin-</p><p>dical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento</p><p>há pelos menos um ano, para defesa dos interesses de seus membros ou associados.</p><p>O Mandado de Injunção traduz-se em garantia de Ação Constitucional que permi-</p><p>te ao cidadão titular de um direito cujo exercício seja obstado em razão da inexistên-</p><p>cia de norma regulamentadora, exigir do Poder Público a injunção para determinar</p><p>prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora</p><p>ou estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou</p><p>das prerrogativas reclamados ou, ainda, se for o caso, as condições em que poderá</p><p>o impetrante promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a</p><p>mora legislativa no prazo determinado.</p><p>O habeas data é o remédio para assegurar ao cidadão o conhecimento de infor-</p><p>mações importantes relativas à pessoa do impetrante, que constem de registro ou</p><p>bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público, ou ainda, para</p><p>assegurar a retificação de dados quando não houver preferência de fazê-lo por meio</p><p>de processo sigiloso, judicial ou administrativo.</p><p>A Ação Popular, por outro lado, consiste em remédio de caráter impessoal, vez</p><p>que qualquer cidadão tem legitimidade para propô-la em defesa do patrimônio públi-</p><p>co, histórico e cultural, da moralidade administrativa, do meio ambiente.</p><p>Na próxima unidade, veremos o processamento das ações dos principais remé-</p><p>dios constitucionais.</p><p>Revista de Filosofia do Direito, do Estado e da Sociedade. Os remédios constitucionais e sua</p><p>importância no ordenamento jurídico brasileiro. Disponível em: https://bit.ly/2DF6N07</p><p>Controle de constitucionalidade</p><p>Conforme estudado no Item 1, vimos que a Constituição prevalece sobre todo o</p><p>ordenamento jurídico em razão do princípio da supremacia das normas constitucio-</p><p>nais. A Constituição, assim, prevê mecanismos a serem utilizados para exame da</p><p>inconstitucionalidade das Leis e atos normativos infraconstitucionais.</p><p>O Controle de Constitucionalidade, dessa forma, é previsto com a finalidade de</p><p>adequação das normas infraconstitucionais ao texto da Constituição Federal, de</p><p>13</p><p>UNIDADE Apresentação e Noções Gerais</p><p>forma a garantir a supremacia das normas constitucionais, em decorrência da rigidez</p><p>formal da nossa Lei Maior.</p><p>São Princípios que regem o controle de constitucionalidade das normas:</p><p>• Supremacia da Constituição;</p><p>• Hierarquia das normas ou hierarquia das fontes normativas;</p><p>• Rigidez Constitucional.</p><p>Para se declarar uma norma contrária à Constituição Federal, é necessário que se</p><p>configure em seu texto uma inconstitucionalidade, total ou parcial. A Constituição,</p><p>de fato, estabelece duas formas de inconstitucionalidades: a inconstitucionalidade por</p><p>ação e a inconstitucionalidade por omissão (Art. 102, Inciso I, alínea “a”, e inciso III,</p><p>alíneas “a”, “b” e “c”, e Art. 103, §§ 1º a 3º).</p><p>A inconstitucionalidade por ação ocorre quando a produção de atos legislativos ou</p><p>administrativos contrariam as regras ou princípios da Constituição.</p><p>Essa contrariedade será verificada quando a norma padecer de um vício que pode</p><p>se dar na forma como a Constituição estabelece o processo e procedimentos</p><p>das</p><p>Leis e atos normativos ou, na matéria disciplinada, quando seu conteúdo é incompa-</p><p>tível com o conteúdo da Constituição.</p><p>A inconstitucionalidade formal se verifica quando o processo legislativo ou ato</p><p>administrativo de produção da norma são realizados em desconformidade com o</p><p>que estabelece a Constituição, ou seja, o vício formal é aquele que atinge o ato em</p><p>seu processo de elaboração. Um exemplo é Lei complementar aprovada por votação</p><p>com quórum de maioria relativa, padeceria tal norma de vício formal, uma vez que</p><p>a Constituição determina que as Leis complementares serão aprovadas por maioria</p><p>absoluta (Art. 69).</p><p>Na inconstitucionalidade material, o vício encontra-se no conteúdo da Lei ou ato</p><p>normativo que está em desacordo com o conteúdo de norma constitucional, ou seja,</p><p>o texto da Lei ou ato normativo contraria princípios e regras constitucionais. Exem-</p><p>plo: Lei que estabeleça a perda de um direito previsto na Constituição.</p><p>O controle de constitucionalidade, dessa forma, tem por objetivo garantir a or-</p><p>dem e a coerência do sistema normativo, e pode se realizar em dois momentos, ou</p><p>seja, de forma preventiva ou repressiva. O controle preventivo de constitucionalidade</p><p>pode ser político e judicial. O controle repressivo, somente ocorre de forma judicial.</p><p>O controle político preventivo é realizado durante o processo legislativo da nor-</p><p>ma por meio das comissões de constituição e justiça das duas casas do Congresso</p><p>Nacional, responsáveis por analisar preventivamente a constitucionalidade do texto</p><p>em tramitação.</p><p>Pode ainda, ser realizado por meio do veto presidencial, ou seja, a Constituição</p><p>prevê a possibilidade de o Presidente da República vetar totalmente ou parcialmente</p><p>determinados projetos de Leis, e esse veto se justificará por duas razões: contrarie-</p><p>dade ao interesse público e inconstitucionalidade (Art. 66, § 1º).</p><p>14</p><p>15</p><p>Um projeto de Lei vetado parcial ou totalmente por ser considerado inconstitucio-</p><p>nal, só adentra ao ordenamento jurídico como Lei, quando esse veto presidencial é</p><p>derrubado pelo Congresso Nacional (Art. 66, §4º).</p><p>De toda forma, uma vez vetado, o controle exercido é o político preventivo, pois o</p><p>projeto, ao seguir para sanção presidencial, ainda não se consubstancia efetivamente</p><p>em Lei.</p><p>O controle político repressivo pode ocorrer por meio de Ação Mandamental (Man-</p><p>dado de Segurança) quando houver flagrante inobservância do Processo Legislativo</p><p>estabelecido na Constituição ou, ainda, inobservância à legitimidade ou competência</p><p>para iniciativa de propositura de determinada Lei ou ato normativo.</p><p>O controle repressivo possui duas vias: a difusa e a concentrada, ambas com</p><p>a finalidade de verificar a adequação das Leis e atos normativos que compõem o</p><p>ordenamento jurídico infraconstitucional, e ambas realizadas pelo poder judiciário.</p><p>Entretanto, o controle exercido pela via concentrada ou controle abstrato é de com-</p><p>petência exclusiva do Supremo Tribunal Federal – STF, já o controle pela via difusa</p><p>ou controle concreto, pode ser realizado por qualquer juiz, ou tribunal, respeitando-</p><p>-se as diretrizes da legislação processual em vigor.</p><p>Dessa forma, o controle difuso, ou seja, controle judicial com base em caso con-</p><p>creto, pode ser exercido por qualquer juiz ou tribunal, desde que provocado por meio</p><p>de incidente de inconstitucionalidade.</p><p>Importante!</p><p>A declaração de inconstitucionalidade, proferida por juiz ou tribunal no caso concreto,</p><p>somente produzirá efeitos entre as partes que compõem o processo, ou seja, entre autor</p><p>e réu, o que se denomina efeito inter partes.</p><p>O controle concentrado de constitucionalidade, ou controle abstrato, é exercido</p><p>apenas pelo STF em ações específicas cujos legitimados para propositura estão re-</p><p>lacionados no rol taxativo do Artigo 103 da CF/88.</p><p>Diz-se controle concentrado, porque somente um órgão do poder judiciário tem</p><p>competência para exercer tal controle, e, diz-se abstrato, porque não tem como</p><p>objeto um caso concreto entre autor e réu, o seu objeto será a Lei ou ato normativo</p><p>em si para aferir a constitucionalidade ou não da norma.</p><p>As Leis e atos normativos são gerais e abstratos, uma vez que seu regramento</p><p>deve ser observado por todas as pessoas, daí ser denominado também controle abs-</p><p>trato de constitucionalidade.</p><p>Importante!</p><p>A declaração de inconstitucionalidade proferida pela STF no exercício do controle abstra-</p><p>to produzirá efeitos para toda a Sociedade, ou seja, efeito erga omnes.</p><p>15</p><p>UNIDADE Apresentação e Noções Gerais</p><p>As ações que fazem parte do controle abstrato de constitucionalidade, e que serão</p><p>estudadas pormenorizadamente na próxima unidade são:</p><p>• ADI – Ação direta de inconstitucionalidade (Art. 102, I, a);</p><p>• ADC – Ação declaratória de constitucionalidade (Art. 102, I, a);</p><p>• ADO – Ação direta de inconstitucionalidade por omissão (Art. 103, § 2º);</p><p>• ADPF – Arguição de descumprimento de preceito fundamental (Art. 102, § 1º).</p><p>A Ação Direta de Inconstitucionalidade consiste na medida judicial cabível para</p><p>declarar a inconstitucionalidade de Lei ou ato normativo federal ou estadual. A de-</p><p>claração de inconstitucionalidade tem por objetivo a defesa da Constituição, cujas</p><p>normas devem prevalecer sobre as normas infraconstitucionais.</p><p>A Ação Declaratória de Constitucionalidade é a medida prevista para declarar a</p><p>constitucionalidade de Lei ou ato normativo apenas da esfera federal, cabível nos</p><p>casos de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da Lei ou ato normativo</p><p>federal, isto é, os estados da federação ou o Distrito Federal, atribuem interpretação</p><p>diversa sobre a mesma Lei ou ato normativo.</p><p>A interpretação deverá ser conforme a vontade do legislador constitucional, con-</p><p>tudo, essa interpretação pode variar de tribunal para tribunal, gerando a necessidade</p><p>de conformidade, ou seja, de se declarar tal norma constitucional ou não.</p><p>Você Sabia?</p><p>As ações diretas de inconstitucionalidade e as ações declaratórias de constitucionalida-</p><p>de, são ações ambivalentes, ou seja, possuem natureza dúplice. Assim, a improcedência</p><p>de uma ADI equivale à procedência de uma ADC, e vice e versa, ou seja, a improcedência</p><p>de uma ADC, equivale à procedência de uma ADI. Essa ambivalência está prevista no</p><p>Artigo 24 da Lei nº. 9868/99, que disciplina o processo das ADI, ADC e ADO. Estabelece o</p><p>referido Artigo, que proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação</p><p>direta ou procedente eventual ação declaratória; e, proclamada a inconstitucionalidade,</p><p>julgar-se-á procedente a ação direta ou improcedente eventual ação declaratória.</p><p>A ação de inconstitucionalidade por omissão prevê a proteção da eficácia das</p><p>normas constitucionais, vez que, determinando a Constituição que um direito ali</p><p>declarado seja regulamentado por meio de Lei, a inércia ou omissão do legislador</p><p>responsável pela regulamentação, configura a inconstitucionalidade.</p><p>A arguição de descumprimento de preceito fundamental, regulamentada pela Lei</p><p>nº. 9.882/99, possui caráter subsidiário, uma vez que a Lei expressamente veda</p><p>a possibilidade de arguição de descumprimento de preceito fundamental, quando</p><p>houver qualquer outro meio eficaz para sanar a lesividade. Um exemplo é a Lei</p><p>municipal, cujo objeto não conste da respectiva constituição estadual, e que esteja</p><p>em desconformidade com a Constituição Federal, poderá ser objeto do controle</p><p>concreto, por meio de ADPF.</p><p>16</p><p>17</p><p>Importante!</p><p>As Leis municipais em regra, serão objeto de controle de constitucionalidade perante o Tribu-</p><p>nal de Justiça estadual, considerando que as constituições estaduais em sua maioria, repetem</p><p>o texto do Constituição Federal. Entretanto, algumas Constituições não preveem na íntegra, as</p><p>disposições da CF/88, atendo-se aos temas mais importantes e especificando as peculiarida-</p><p>des regionais, dentro do parâmetro da Constituição Federal e, dessa forma, pode acontecer de</p><p>um Município editar norma que esteja em desacordo com a Constituição Federal, sem, contu-</p><p>do, violar a Constituição estadual. A não violação da Constituição</p><p>Estadual obsta o controle de</p><p>constitucionalidade pelo respectivo Tribunal de Justiça, e no âmbito do STF, seria incabível ADI,</p><p>uma vez que são objetos de ADI as Leis e os atos normativos apenas estaduais e federais. Nesse</p><p>caso, é possível o controle abstrato ou concentrado, por meio da ADPF.</p><p>Acórdão ADPF nº 467/MG – Relator(a): GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em</p><p>29/05/2020. Disponível em: https://bit.ly/31LdMN2</p><p>Para a propositura das ações do controle abstrato, a Constituição prevê um rol taxa-</p><p>tivo de legitimados relacionados no Artigo 103. Assim, são legitimados para propositura</p><p>das respectivas ações apenas: o Presidente da República, a Mesa do Senado Federal, a</p><p>Mesa da Câmara dos Deputados, a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legis-</p><p>lativa do Distrito Federal, o Governador de Estado ou do Distrito Federal, o Procurador</p><p>Geral da República, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, qualquer</p><p>Partido Político que tenha representação no Congresso Nacional e qualquer Confedera-</p><p>ção Sindical ou Entidade de Classe, desde que possuam âmbito nacional.</p><p>Importante!</p><p>A doutrina e a jurisprudência do STF classificam os legitimados relacionados no Artigo</p><p>103 da CF/88, em legitimados universais e legitimados especiais. Entende o STF que o</p><p>Presidente da República, a Mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara do Deputado, o</p><p>Procurador Geral da República e o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil</p><p>são legitimados universais, ou seja, podem propor as ações do controle concentrado em</p><p>face de qualquer Lei ou ato normativo estadual e federal.</p><p>Os legitimados especiais são a Mesa das Assembleia Legislativas dos Estados e a Mesa da</p><p>Câmara Legislativa do Distrito Federal, o Governador de Estado ou do Distrito Federal, o</p><p>partido político com representação no Congresso Nacional e a Confederação Sindical ou</p><p>Entidade de Classe de âmbito nacional.</p><p>Os legitimados especiais somente podem propor as ações do controle concentrado se</p><p>comprovarem o requisito da pertinência temática, estabelecido por meio de interpreta-</p><p>ção do STF, ou seja, só podem impugnar uma determinada norma se esta tiver relação</p><p>com as suas finalidades institucionais.</p><p>O requisito da pertinência temática, será demonstrado por parte dos governadores e Mesas</p><p>do Poder Legislativo estadual e do DF, se a Lei impugnada disser respeito, de algum modo,</p><p>às respectivas unidades federadas. Já, por parte das confederações e entidades de classe,</p><p>somente se a norma em causa ferir os interesses dos respectivos filiados ou associados.</p><p>17</p><p>UNIDADE Apresentação e Noções Gerais</p><p>O fenômeno e as formas de controle de constitucionalidade das Leis.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/33UpnvE</p><p>Trocando Ideias...</p><p>No Artigo 103 da Constituição Federal de 1988, está expresso o rol taxativo de legitimados</p><p>para propor as ações do controle concentrado de constitucionalidade. Todavia, a Consti-</p><p>tuição em momento algum no seu texto limita essa legitimidade com base em interesses</p><p>regionais ou de associados e categorias, ou seja, com base em uma pertinência temática</p><p>que, para alguns juristas, caracteriza-se com interesse de agir, de forma que a legitimidade</p><p>constitucional prevista no Artigo 103 sofreu uma interpretação restritiva quanto aos gover-</p><p>nadores, às Mesas da Assembleia e Câmara legislativas e, ainda, os partidos políticos com</p><p>representação no Congresso, as Confederações sindicais e entidades de classe de âmbito</p><p>nacional. Será que essa interpretação da Constituição reflete a vontade do legislador?</p><p>A posição do STF, contudo, está se tornando menos rígida quanto à exigência da perti-</p><p>nência temática. Não há um entendimento consolidado ainda, mas, no julgamento da</p><p>ADI 3961, a corte conheceu da ação e flexibilizou a necessidade de pertinência temática</p><p>para proposição de ações de controle de constitucionalidade. Venceu o voto da ministra</p><p>Rosa Weber, para quem “a ausência de disciplina constitucional ou legal a respeito do</p><p>tema acaba fazendo com que haja grande variação jurisprudencial a respeito do tema,</p><p>ora mais restritiva, ora mais flexível quanto à pertinência”.</p><p>Revista Consultor Jurídico. A gradual supressão da exigência da pertinência temática</p><p>em controle abstrato. Disponível em: https://bit.ly/2PM4QRX</p><p>Jurisdição constitucional</p><p>Para que possamos entrar na prática por meio das ações constitucionais, faz-se</p><p>necessário que tenhamos uma mínima compreensão do âmbito de atuação das nor-</p><p>mas constitucionais, de sua força normativa e, principalmente, da interpretação, al-</p><p>cance e eficácia de seu texto. Até onde vai a força normativa da Constituição? Quem</p><p>dá a palavra final na interpretação das regras e princípios constitucionais?</p><p>O termo jurisdição, conforme aprendemos no início da vida acadêmica como</p><p>estudantes de Direito, significa o limite de atuação do poder judiciário para “dizer o</p><p>direito”, seja no âmbito material, isto é, sobre qual tema o representante desse Poder</p><p>pode atuar, seja no âmbito espacial, melhor dizendo, o limite territorial, no qual o</p><p>poder de “dizer o direito” será exercido.</p><p>A jurisdição constitucional, dessa forma, caracteriza-se pela constante aplicação</p><p>da Constituição como parâmetro nas decisões judiciais e, nesse sentido, torna-se</p><p>indispensável a verificação de alguns limites de atuação.</p><p>18</p><p>19</p><p>O exercício dessa jurisdição é de competência do Poder Judiciário, e a última palavra</p><p>em interpretação do sentido das normas constitucionais, essencial para a efetivação do</p><p>controle de constitucionalidade, é de competência do Supremo Tribunal Federal – STF.</p><p>A jurisdição constitucional, nesse contexto, apresenta-se como uma forma de</p><p>controle de constitucionalidade, que pode evidenciar um sentido formal ou material.</p><p>Assim, o que aprendemos sobre controle de constitucionalidade, no Item 4, trata-se,</p><p>também, de jurisdição constitucional, por meio da qual todas as Leis e os atos nor-</p><p>mativos devem ser interpretados no limite das normas constitucionais.</p><p>A Filosofia Hermenêutica para uma jurisdição constitucional democrática: fundamentação/</p><p>aplicação da norma jurídica na contemporaneidade. Revista de Direito da Fundação</p><p>Getúlio Vargas, v. 5, n., p. 147. Disponível em: https://bit.ly/30QHWPu</p><p>Processo e Legislação Processual Constitucional</p><p>O Processo Constitucional consiste na forma de concretização e exercício de di-</p><p>reitos fundamentais, e só foi possível a partir da Constituição Brasileira de 1988, ele-</p><p>geu o Estado Democrático de Direito como matriz principiológica competente para</p><p>orientar e reger todo o ordenamento jurídico nacional, uma vez que a Constituição é</p><p>fundamento de validade de toda e qualquer norma brasileira.</p><p>O exercício de defesa contra qualquer tipo de violação dos direitos fundamentais</p><p>expressos na Constituição somente é possível por meio do Processo. A jurisdição</p><p>constitucional, nesse sentido, também necessita do Processo para prevalecer.</p><p>A ssim, o Processo Constitucional constitui-se como um conjunto de princípios e</p><p>regras que norteiam e regem a atuação da jurisdição, assegurando a supremacia das</p><p>normas constitucionais para assegurar a proteção de direitos e garantias fundamen-</p><p>tais, bases de sustentação do Estado Democrático de Direito.</p><p>A Constituição, nessa linha, estabelece diversas normas processuais de proteção</p><p>aos direitos e garantias fundamentais do cidadão. A legitimidade para propositura</p><p>dos remédios constitucionais, o devido processo legal e a ampla defesa, o duplo grau</p><p>de jurisdição, o controle de constitucionalidade das Leis e atos normativos, são exem-</p><p>plos de ferramentas que fazem parte do processo constitucional.</p><p>Na próxima Unidade, veremos as Leis específicas que regem as ações do controle</p><p>de constitucionalidade (Leis 9.868/1999 e 9.882/1999), que disciplinam o mandado</p><p>de segurança individual e coletivo, o habeas data e a ação popular (Lei 12016/2009,</p><p>Lei 9507/1997 e Lei 4717/1965).</p><p>O que é processo constitucional?, Revista Eletrônica do Curso de Direito – PUC Minas</p><p>Serro, n. 13, jan./jul. 2016. ISSN 2176-977X. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/2DS2Fts</p><p>19</p><p>UNIDADE Apresentação e Noções Gerais</p><p>Legislação</p><p>• ADI, ADC e ADO, disponível em: https://bit.ly/2PNntVk</p><p>• ADPF, disponível em: https://bit.ly/3iDwXPo</p><p>• Mandado de Segurança, disponível em: https://bit.ly/30QLaT2</p><p>• Habeas data, disponível em: https://bit.ly/3fVfekI</p><p>• Ação Popular, disponível em: https://bit.ly/2XS2wx9</p><p>Em Síntese</p><p>Até aqui, trabalhamos a importância da Constituição como norma que dá origem e</p><p>validade a todo ordenamento jurídico de um Estado. A supremacia das normas cons-</p><p>titucionais assegura que a Legislação infraconstitucional não viole direitos e garantias</p><p>fundamentais, vez que o texto da Constituição traz a proteção dos direitos fundamentais</p><p>por meio dos remédios constitucionais, de garantias ao cidadão e por meio do controle</p><p>de constitucionalidade das Leis e atos normativos tanto de forma concentrada quanto ao</p><p>caso concreto. Essas ações constitucionais serão trabalhadas de modo aprofundado no</p><p>que tange às suas peculiaridades processuais, legitimidade e petição inicial com análise</p><p>de casos concretos e ações do controle concentrado julgadas pelo STF.</p><p>Noções Direito Tributário</p><p>Sistema Tributário Nacional</p><p>O Sistema Tributário Nacional consiste na disposição constitucional de competên-</p><p>cias atribuídas à União, Estados, Distrito Federal e Municípios, bem como as limita-</p><p>ções constitucionais ao poder de tributar (Arts. 145 a 162), compreendendo, ainda,</p><p>toda a Legislação tributária disposta em Leis complementares, resoluções do Senado</p><p>Federal, Leis federais, Constituições e Leis estaduais e as Leis municipais, que enu-</p><p>meram e regulamentam a instituição e a arrecadação de tributos, conforme as com-</p><p>petências estabelecidas na Constituição Federal para cada ente federativo tributante.</p><p>Em seu Artigo 145, a Constituição disciplina os tributos de competência comum</p><p>entre os entes federativos e estabelece critérios objetivos a serem observados no</p><p>exercício dessa competência, como, por exemplo, o caráter pessoal dos impostos, a</p><p>vinculação gradativa desses segundo a capacidade econômica de cada contribuinte,</p><p>e a determinação expressa de que as taxas não podem ter base de cálculo própria</p><p>de impostos.</p><p>Impostos e taxas são espécies que pertencem ao gênero tributo. O significado de</p><p>tributo está no Artigo 3º da Lei n.º 5.172/1966 que dispõe sobre o sistema tributário</p><p>nacional (Código Tributário Nacional – CTN), e o conceitua como toda prestação</p><p>20</p><p>21</p><p>pecuniária compulsória, ou seja, que deve em regra, ser paga em dinheiro, e obriga-</p><p>tória a todo aquele que pratica o fato gerador da obrigação tributária.</p><p>O Artigo 3º do CTN estabelece, ainda, que tributo e multa não se confundem,</p><p>isto é, tributo é obrigação que surge para o contribuinte que pratica o fato gerador da</p><p>obrigação tributária expressa na Lei, a multa ou sanção, é a consequência que sofre</p><p>o contribuinte por não recolher o tributo no prazo estabelecido em seu lançamento.</p><p>O lançamento do tributo, ainda conforme determina o Artigo 3º do CTN, consiste</p><p>em atividade administrativa plenamente vinculada ao que determina a Lei.</p><p>Os tributos no sistema tributário nacional são os impostos, as taxas, as contri-</p><p>buições de melhoria, as contribuições em geral e os empréstimos compulsórios.</p><p>Os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria, podem ser instituídos e ar-</p><p>recadados tanto pela União quanto pelos Estados e Distrito Federal quanto pelos</p><p>Municípios. Quanto aos empréstimos compulsórios, somente a União tem compe-</p><p>tência para os instituir.</p><p>As contribuições, em sua maioria, são de competência da União, como as contri-</p><p>buições sociais, contribuições de intervenção no domínio econômico, etc.</p><p>As contribuições para custeio de regime próprio de previdência social, contudo,</p><p>podem ser instituídas por todos os entes, conforme dispõe o parágrafo 1º do Artigo</p><p>149 que, após a edição da Emenda Constitucional nº 103/2019, serão cobradas</p><p>dos servidores ativos, dos aposentados e dos pensionistas, podendo ter alíquotas</p><p>progressivas de acordo com o valor da base de contribuição ou dos proventos de</p><p>aposentadoria e de pensões.</p><p>Por fim, a contribuição para o custeio de iluminação pública, disposta no Artigo</p><p>149-A da Constituição Federal, é de competência privativa dos Municípios e do Dis-</p><p>trito Federal.</p><p>Figura 3</p><p>Fonte: Pixabay</p><p>21</p><p>UNIDADE Apresentação e Noções Gerais</p><p>Principais limitações ao poder de tributar:</p><p>Princípios Constitucionais Tributários</p><p>A Constituição Federal, além de trazer a estrutura da distribuição das competên-</p><p>cias tributárias de cada ente federativo, estabelece, ainda, limitações a esse poder por</p><p>meio dos Princípios Constitucionais Tributários, que consistem em mandamentos</p><p>com força normativa que norteiam a Legislação tributária em todas as esferas de</p><p>poder, de modo que o contribuinte pode se valer de alguns remédios constitucionais</p><p>para se proteger da violação de qualquer desses princípios.</p><p>A partir do Artigo 150, a Constituição enumera as garantias asseguradas ao</p><p>contribuinte, determinando expressamente aos entes tributantes que a exigência ou</p><p>aumento de tributos se dê apenas por meio de Lei, garantindo tratamento isonômi-</p><p>co aos contribuintes, proibindo que a Lei tributária gravosa ao contribuinte retroaja</p><p>no tempo e proibindo e estabelecendo a anterioridade da Lei para determinados</p><p>tributos, a fim de garantir ao contribuinte a possibilidade de se programar para o</p><p>pagamento da respectiva obrigação.</p><p>O Princípio da Anterioridade previsto na Constituição pode ser pelo prazo de no-</p><p>venta dias ou um ano, ao que a doutrina denomina Princípio da Anterioridade Anual</p><p>e Princípio da Anterioridade Nonagesimal, ou seja, a Lei que instituir ou majorar</p><p>tributo só terá eficácia no próximo exercício financeiro ou após noventa dias de sua</p><p>edição quanto a tributos específicos, como o Imposto sobre Produtos Industrializados</p><p>(IPI) e as Contribuições Sociais.</p><p>A exceção para essa regra da anterioridade anual e nonagesimal encontra-se em</p><p>tributos como o Imposto de Importação (II), Imposto de Exportação (IE) e Imposto</p><p>sobre Operações Financeiras (IOF).</p><p>Assim, a Legislação que majorar ou alterar o Imposto de Importação, de</p><p>Exportação e o IOF terá eficácia imediata, devendo o contribuinte que praticar</p><p>o respectivo fato gerador desses tributos se adequar imediatamente às novas</p><p>regras estabelecidas.</p><p>Você Sabia?</p><p>A Constituição Federal previa originalmente no Artigo 150 apenas a anterioridade anual,</p><p>ou seja, fixava o intervalo entre a publicação da Lei e o primeiro dia do exercício finan-</p><p>ceiro seguinte, de forma a permitir a adequação do contribuinte às novas regras estabe-</p><p>lecidas, mas vigentes apenas no ano seguinte. Entretanto, ao se perceber a violação da</p><p>garantia de anterioridade com a edição de Leis nos últimos dias do ano anterior, o legis-</p><p>lador constituinte derivado, por meio da Emenda Constitucional 42/2003, acrescentou</p><p>ao Inciso III do Artigo 150, a alínea “c” fixando um prazo mínimo de noventa dias entre a</p><p>publicação da Lei e a possibilidade de exigência do tributo majorado.</p><p>22</p><p>23</p><p>Importante!</p><p>Conforme a Súmula Vinculante nº 50 do STF, a norma legal que altera o prazo de reco-</p><p>lhimento de obrigação tributária, não se sujeita ao Princípio da anterioridade, vez que</p><p>a proteção garantida pelo respectivo princípio possui o objetivo de evitar que o contri-</p><p>buinte seja surpreendido com alteração onerosa nos tributos, a fim de que a Sociedade</p><p>não viva aos sobressaltos, sendo surpreendida com aumento dos tributos de uma hora</p><p>para outra.</p><p>Outra limitação ao poder de tributar, ainda no Artigo 150 da CF/88, é a proibição</p><p>de que o tributo possua efeito de confisco, ou seja, que onere de tal forma o sujeito</p><p>passivo a ponto de o valor da obrigação tributária se tornar igual ou superior ao valor</p><p>da base de cálculo do fato gerador.</p><p>A Constituição garante ao cidadão o direito de ir e vir e, nesse sentido, também</p><p>limita a administração tributária, de forma que não se permita aos entes federativos</p><p>estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens por meio</p><p>de tributos interesta-</p><p>duais ou intermunicipais.</p><p>Importante!</p><p>Inobstante à garantia constitucional de não limitação ao tráfego de pessoas e bens, a</p><p>Constituição Federal permite à União, Estados, Distrito Federal e Municípios, a cobrança</p><p>de pedágio pela utilização das vias conservadas pelo Poder Público.</p><p>Todos os tributos de competência da União, ou seja, os tributos federais, por força</p><p>do princípio da uniformidade geográfica (Art. 151, I), deverão ter aplicação idêntica</p><p>em todo território nacional, de forma que, não exista diferença quanto ao fato gera-</p><p>dor, base de cálculo ou definição dos contribuintes, para os Estados, Distrito Federal</p><p>e Municípios. Nesse sentido, a Constituição, em respeito ao pacto federativo, não</p><p>permite qualquer discriminação em relação aos demais entes federativos, exceto,</p><p>quanto à concessão de incentivos fiscais com vistas a atender peculiaridades especí-</p><p>ficas regionais ou locais dos Estados e Municípios brasileiros.</p><p>Estabelece, ainda, o texto constitucional, imunidades que impedem a instituição</p><p>de tributos sobre o patrimônio, renda ou serviços, entre os entes federativos, isto é,</p><p>a instituição de imposto de renda sobre os bens e arrecadação de Estados e Municí-</p><p>pios, por exemplo.</p><p>Assim, o Município que possui a competência tributária para instituição do IPTU,</p><p>irá exercer tal competência por meio de Lei municipal que não será aplicada aos</p><p>imóveis pertencentes aos Estados, Distrito Federal, assim como aos imóveis que</p><p>pertencem à União.</p><p>23</p><p>UNIDADE Apresentação e Noções Gerais</p><p>Estão imunes, também, à obrigação tributária instituída por Lei os Partidos Políticos,</p><p>os Sindicatos, as Instituições de Educação e de Assistência Social sem Finalidade Lucra-</p><p>tiva, observados os requisitos previstos em Lei, por exemplo, a comprovação de atua-</p><p>ção sem fins lucrativos, a comprovação de cumprimento das obrigações acessórias etc.</p><p>Importante!</p><p>A imunidade entre os entes federativos denomina-se IMUNIDADE RECÍPROCA e refere-se</p><p>SOMENTE aos IMPOSTOS. A Imunidade sobre o patrimônio, renda ou serviços das enti-</p><p>dades religiosas, Partidos Políticos, Sindicatos de Trabalhadores, Organizações Sociais,</p><p>Institutos, Escolas e Universidades sem fins lucrativos, significa que: a União, os Estados,</p><p>o Distrito Federal e os Municípios não podem cobrar IMPOSTOS sobre a renda, sobre o</p><p>patrimônio e sobre os serviços (IPTU, ISS, ITBI, IPVA, ITCMD, ICMS, IPI, ITR, II, IE, IOF, IR)</p><p>das Igrejas, Organizações Sociais ou Civis sem fins lucrativos, Escolas e universidades</p><p>sem fins lucrativos e institutos. Tais vedações, contudo, compreendem somente o patri-</p><p>mônio, a renda e os serviços relacionados às finalidades essenciais das entidades nelas</p><p>mencionadas e não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços relacionados à ex-</p><p>ploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos</p><p>privados ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usu-</p><p>ário, bem como não exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto</p><p>relativamente ao bem imóvel adquirido por meio de venda realizada pelo Poder Público.</p><p>A Constituição também estabelece imunidade de impostos sobre  livros, jornais,</p><p>periódicos e o papel destinado à sua impressão, fonogramas e videofonogramas mu-</p><p>sicais produzidos no Brasil, desde que contenham obras musicais ou literomusicais</p><p>de autores brasileiros, ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros, bem</p><p>como, os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, exceto quando</p><p>da etapa de replicação industrial de mídias ópticas de Leitura a laser. Essa limitação</p><p>é denominada pela doutrina de imunidade cultural.</p><p>Importante!</p><p>A IMUNIDADE sobre livros, jornais e periódicos só se estende à matéria-prima e NÃO SE</p><p>ESTENDE AO VALOR DE VENDA DO PRODUTO FINAL, ou seja, a editora tem imunidade nos</p><p>impostos sobre as matérias primas que adquire para a produção do livro (ICMS e IPI), no</p><p>entanto, quando o produto for vendido, incidirão os impostos pertinentes à venda dele</p><p>e ao lucro obtido. Da mesma forma, a imunidade não se estende à etapa de replicação</p><p>industrial de mídias.</p><p>Relação Jurídico Tributária: a obrigação tributária</p><p>A relação jurídico tributária se estabelece quando a pessoa pratica o fato gerador</p><p>da obrigação tributária prevista na respectiva Legislação. Da prática do fato gerador</p><p>surge para o sujeito passivo ou para o contribuinte a obrigação de pagar o respectivo</p><p>tributo ou cumprir determinadas exigências estabelecidas na Legislação tributária.</p><p>24</p><p>25</p><p>Figura 4</p><p>Fonte: Pixabay</p><p>A obrigação tributária é relação obrigacional entre o fisco e o contribuinte que</p><p>nasce quando o contribuinte pratica o fato gerador previsto na Lei tributária. A obri-</p><p>gação tributária pode ser principal ou acessória.</p><p>Será principal a obrigação tributária quando o contribuinte tiver de pagar o tributo</p><p>em dinheiro, isto é, obrigação de dar/pagar. Por outro lado, obrigação tributária será</p><p>acessória quando o contribuinte estiver obrigado a fazer ou deixar de fazer (não fazer)</p><p>uma ação determinada na Lei tributária. Obrigação de fazer ou não fazer que, caso</p><p>seja descumprida pelo contribuinte, pode gerar, em consequência, a incidência de</p><p>multa entre outras sanções.</p><p>P ara que se configure uma obrigação tributária, é necessário que se verifique a pre-</p><p>sença dos seguintes elementos: sujeito ativo, sujeito passivo, Lei tributária descrevendo</p><p>o fato gerador da obrigação e prestação, que poderá ser de pagar, fazer ou não fazer.</p><p>O fato gerador da obrigação tributária, enquanto mera expressão da Lei, não</p><p>obriga o cidadão a recolher qualquer tributo, pois consiste, nesse primeiro momento,</p><p>em hipótese de incidência de determinado tributo.</p><p>Uma vez praticada a hipótese expressa na Lei, nasce para o contribuinte a</p><p>obrigação tributária. Essa obrigação, contudo, há de ser efetivamente lançada pela</p><p>Administração tributária de forma a se converter em crédito tributário para o fisco,</p><p>que poderá ser devidamente exigido do contribuinte inadimplente.</p><p>Processo Tributário: Princípios</p><p>No ordenamento jurídico brasileiro, a Constituição Federal nos traz de forma muito</p><p>clara a garantia da segurança jurídica ao expressar, no Artigo 5º, Inciso XXXVI, que</p><p>a Lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Essa</p><p>garantia constitucional consubstancia-se no sobreprincípio da segurança jurídica.</p><p>Na primeira parte desse estudo, aprendemos que a Constituição se compõe de</p><p>normas jurídicas que se caracterizam em regras e princípios, sendo os princípios os</p><p>vetores da vontade do legislador constituinte, ou seja, tais normas são carregadas de</p><p>valores que norteiam a atuação de Estado e da sociedade no sentido de proteção do</p><p>25</p><p>UNIDADE Apresentação e Noções Gerais</p><p>cidadão por meio do Estado Democrático de Direito, ou seja, o Estado instituído e</p><p>regulado pelo Direito.</p><p>Para que o Estado possa efetivar os direitos expressos na Constituição, necessário</p><p>se faz que tenha recursos financeiros suficientes para custear a implementação dos</p><p>direitos garantidos, e é por meio dos tributos que tais recursos alimentam a máquina</p><p>administrativa estatal, tributos esses devidos por toda a Sociedade.</p><p>Inobstante a necessidade de financiamento do Estado para efetivação dos direi-</p><p>tos, em um Estado Democrático de Direito, as normas de proteção ao contribuinte</p><p>devem ser rígidas a fim de garantir que os tributos, compulsórios como o são, sejam</p><p>também justos e adequados à situação de cada contribuinte. Essa rigidez para a pro-</p><p>teção dos direitos é que garante a segurança jurídica aos cidadãos e contribuintes.</p><p>O princípio da segurança jurídica, assim, reveste-se de extrema importância para</p><p>o processo tributário, seja no âmbito administrativo, seja no processo tributário ju-</p><p>dicial, uma vez que, se não houver a garantia de segurança jurídica, o Estado perde</p><p>arrecadação e, consequentemente, perde a capacidade de efetivação e garantia dos</p><p>direitos sociais, assim como de sustento de toda a máquina administrativa</p><p>estatal,</p><p>necessária ao bom funcionamento de todos os órgãos que a compõem.</p><p>O processo é o caminho utilizado para a restauração ou restabelecimento de um</p><p>direito violado, seja a violação por parte de um indivíduo, por parte de uma pessoa</p><p>jurídica de direito privado ou de direito público, seja por parte do próprio Estado.</p><p>Além de todos os princípios constitucionais que norteiam as normas tributárias,</p><p>como o princípio da legalidade, da irretroatividade, anterioridade, isonomia etc., tam-</p><p>bém os princípios constitucionais norteadores das normas processuais civis, penais e</p><p>administrativas irão nortear o processo tributário tanto no âmbito judicial quanto no</p><p>seu procedimento administrativo.</p><p>Assim, temos como princípios norteadores do processo tributário, o Princípio da</p><p>Ampla Defesa e do Devido Processo Legal e o Princípio da Tipicidade, ou seja, só</p><p>haverá obrigação tributária se houver a tipificação do fato gerador na legislação.</p><p>Outros princípios que irão nortear o processo tributário e o procedimento ad-</p><p>ministrativo tributário, são: o Princípio da Moralidade Administrativa, Princípio da</p><p>Publicidade, da Proporcionalidade, da Eficiência, Princípio da Oficialidade, da Cele-</p><p>ridade, da Hierarquia, da Motivação e da Finalidade.</p><p>Dessa forma, por meio do processo, o cidadão contribuinte pode garantir os</p><p>princípios que o protegem da atuação compulsória estatal, assim como também o</p><p>processo que o contribuinte utilizará possui princípios que garantem a segurança</p><p>jurídica do procedimento até a resolução de eventual conflito que se evidencie entre</p><p>contribuinte e fisco, em qualquer das esferas de governo.</p><p>Procedimentos administrativos em matéria tributária</p><p>A obrigação tributária como vimos, nasce da prática do fato gerador expresso</p><p>na Legislação tributária. Entretanto, tal obrigação só se converte em exigência se</p><p>26</p><p>27</p><p>houver o competente lançamento de seu objeto e o não cumprimento por parte do</p><p>sujeito passivo.</p><p>O tributo devidamente lançado e dentro do prazo de cumprimento da obrigação,</p><p>contudo, não é passível d e aplicação de multa e juros de mora, enquanto estiver</p><p>pendente consulta tributária formulada pelo contribuinte, desde que dentro do prazo</p><p>legal para o pagamento do tributo.</p><p>A consulta tributária, assim, consiste no instrumento que permite ao contribuinte</p><p>expor suas dúvidas à autoridade administrativa fiscal, a fim de obter dela esclareci-</p><p>mento quanto a qualquer dúvida ou equívoco que possa existir no lançamento do</p><p>crédito tributário (Art. 161, § 1º do CTN).</p><p>Outro procedimento previsto no CTN, é a denúncia espontânea (Art. 138), que</p><p>estimula o arrependimento do contribuinte ao excluir a responsabilidade por infrações</p><p>que sejam objeto de d enúncia espontânea q ue pode, inclusive, ser acompanhada do</p><p>pagamento do tributo acrescido dos juros de mora, desde que não tenha sido iniciado</p><p>qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização antes dessa.</p><p>Importante!</p><p>A denúncia espontânea, segundo entendimento do STJ por meio da edição da Súmula</p><p>360, não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente</p><p>declarados, mas pagos após o prazo de vencimento.</p><p>Podem ser realizados, ainda, pelo contribuinte, os procedimentos de restituição,</p><p>compensação e ressarcimento de tributos. A restituição de valor pago de forma</p><p>espontânea referente a tributo indevido, ou que possua erro na identificação do</p><p>contribuinte, ou ainda após reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão</p><p>condenatória (CTN Art. 165, I, II e III).</p><p>A compensação é o procedimento que permite ao contribuinte a extinção do</p><p>crédito tributário (CTN Art. 156, II), quando houver tributo a ser restituído cujo valor</p><p>poderá ser compensado com o tributo a pagar.</p><p>Por fim, o ressarcimento de crédito tributário pode ser realizado tanto por meio</p><p>da restituição do pagamento indevido, quanto por meio da compensação desse valor</p><p>com tributo a vencer.</p><p>Ações de iniciativa do fisco</p><p>O fisco pode se valer da exigência do crédito tributário cujo pagamento não foi</p><p>realizado pelo contribuinte, por meio da execução fiscal. O processo de execução,</p><p>como sabemos, consiste em meio mais rápido de expropriação de bens do devedor</p><p>para satisfação do débito, desde que exista um título executivo certo, líquido e exigível.</p><p>Na execução fiscal, a necessidade de um título executivo certo e líquido também se faz</p><p>necessária, e a exigibilidade se consubstancia com a inscrição do débito na dívida ativa</p><p>do ente federativo tributante. Assim, a CDA (Certidão de Dívida Ativa) é o título que</p><p>embasa a execução fiscal para expropriação de bens do contribuinte inadimplente.</p><p>27</p><p>UNIDADE Apresentação e Noções Gerais</p><p>A defesa do contribuinte será estudada pormenorizadamente posteriormente, em</p><p>que trataremos das peças e procedimentos específicos de cada ação tributária, como</p><p>a impugnação administrativa, os recursos administrativos, os embargos à execução</p><p>e a exceção de pré-executividade.</p><p>Figura 5</p><p>Fonte: Pixabay</p><p>Ações de iniciativa do contribuinte</p><p>As ações de iniciativa do contribuinte se desdobram entre os remédios constitucio-</p><p>nais e ações processuais específicas. Assim, temos como meio de iniciativa do con-</p><p>tribuinte em defesa dos seus direitos na seara tributária o Mandado de Segurança, a</p><p>Ação Declaratória de Inexistência de Relação Jurídico-Tributária, a Ação Anulatória</p><p>de Débito Fiscal e a Ação de Repetição do Indébito.</p><p>As peculiaridades de cada ação, assim como a peça de cada uma, serão estudadas</p><p>posteriormente, momento em que o estudante aprenderá com base em situações</p><p>concretas a peticionar tanto no âmbito administrativo, quanto no processo judicial</p><p>para defesa dos interesses de seu cliente.</p><p>Figura 6</p><p>Fonte: Getty Images</p><p>28</p><p>29</p><p>Material Complementar</p><p>Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:</p><p>Livros</p><p>Jurisdição Constitucional e Tribunais Constitucionais</p><p>MORAES, A. de. Jurisdição Constitucional e Tribunais Constitucionais. 3.ed.</p><p>São Paulo: Atlas, 2013.</p><p>Curso de Direito Constitucional Positivo</p><p>SILVA, J. A. da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 42.ed. – São Paulo:</p><p>Malheiros, 2019.</p><p>Curso de Direito Constitucional</p><p>TAVARES, A. R. Curso de Direito Constitucional. 14.ed. São Paulo: Saraiva, 2016.</p><p>Vídeos</p><p>Saber Direito – Direito Constitucional – Aula 1</p><p>https://youtu.be/K2DWqdXWXfk</p><p>Saber Direito/TV Justiça – Princípios Constitucionais Tributários – Aula 1</p><p>https://youtu.be/M7LkxQxDBVI</p><p>Saber Direito – Princípios Constitucionais Tributários – Aula 1</p><p>https://youtu.be/M7LkxQxDBVI</p><p>Saber Direito – O Processo Tributário – Aula 1</p><p>https://youtu.be/LD5kim6evvU</p><p>Saber Direito – O Processo Tributário – Aula 2</p><p>https://youtu.be/LD5kim6evvU</p><p>Leitura</p><p>Processo Constitucional: O Processo como locus devido para o exercício da democracia</p><p>SILVA, F. L. A. da. Processo Constitucional: O Processo como locus devido para o</p><p>exercício da democracia. Revista Eletrônica de Direito Processual – REDP, v. 16,</p><p>jul.-dez. 2015, p. 157.</p><p>https://bit.ly/31S2SoN</p><p>A Relação Direito e Política: uma Análise da Atuação do Judiciário na História Brasileira</p><p>STRECK, L.; TASSINARI, C.; LIMA, D. P. A relação direito e política: uma</p><p>análise da atuação do judiciário na história brasileira, Pensar Revista de Ciências</p><p>Jurídicas, Fortaleza, v. 18, n. 3, 2013.</p><p>https://bit.ly/3izqxkv</p><p>Habeas Data – RE 673707/MG</p><p>STF – Jurisprudência. Habeas Data – RE 673707/MG.</p><p>https://bit.ly/3iBpKPP</p><p>O Efeito Vinculante dos Precedentes Judiciais no Processo Tributário Administrativo</p><p>29</p><p>UNIDADE Apresentação e Noções Gerais</p><p>BERNARDES, F. C.; PIRES, R. H. O efeito vinculante dos precedentes judiciais no</p><p>Processo Tributário Administrativo. Revista de Direito Tributário e Financeiro</p><p>Belém, v. 5, n. 2, p. 37-58, jul./dez, 2019.</p><p>https://bit.ly/3ixF8wA</p><p>Lei Nº 5.172, de 25 de Outubro de 1966</p><p>Legislação: Código Tributário Nacional.</p><p>https://bit.ly/2XWNeY0</p><p>30</p><p>31</p><p>Referências</p><p>BRASIL. STF. Recurso Extraordinário Nº. 865.401/MG. Relator: Ministro Dias</p><p>Toffoli, data de Julgamento: 25/04/2018, Plenário. Disponível</p><p>em: <http://portal.</p><p>stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4709214>. Acesso em: 22/07/2020.</p><p>CAPARROZ, R. Direito Tributário Esquematizado. 3.ed. São Paulo: Saraiva Edu-</p><p>cação, 2019.</p><p>CLÈVE, C. M. Direito Constitucional: controle de constitucionalidade. São Paulo:</p><p>Editora Revista dos Tribunais, 2015. v.2.</p><p>DORIA, S. Direito Constitucional. 3.ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1953, t. 2,</p><p>p. 257 apud TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. 14 ed. São</p><p>Paulo: Saraiva, 2016.</p><p>KELSEN, H. Teoria Pura do Direito. 7.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006.</p><p>p. 246-58.</p><p>MORAES, A. de. Curso de Direito Constitucional. 32.ed. São Paulo: Atlas, 2016.</p><p>________. Jurisdição Constitucional e Tribunais Constitucionais. 3.ed. São Paulo:</p><p>Atlas, 2013.</p><p>S ILVA, J. A. da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 42.ed. São Paulo:</p><p>Malheiros, 2019.</p><p>TAVARES, A. R. Curso de direito constitucional. 14.ed. São Paulo: Saraiva, 2016.</p><p>TEIXEIRA, J. H. M. Curso de Direito Constitucional. Florianópolis: Conceito</p><p>Editorial, 2011.</p><p>TORRES, H. T. Direito Processual Tributário 1. São Paulo: Revista dos Tribu-</p><p>nais, 2015.</p><p>________. Direito Processual Tributário 2. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.</p><p>31</p>

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