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<p>Professor Mestre Wilian D’Agostini Ayres</p><p>SOCIOLOGIA ECONÔMICASOCIOLOGIA ECONÔMICA</p><p>REITOR Prof. Ms. Gilmar de Oliveira</p><p>DIRETOR DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Ms. Daniel de Lima</p><p>DIRETORA DE ENSINO EAD Prof. Dra. Giani Andrea Linde Colauto</p><p>DIRETOR FINANCEIRO EAD Prof. Eduardo Luiz Campano Santini</p><p>DIRETOR ADMINISTRATIVO Guilherme Esquivel</p><p>SECRETÁRIO ACADÊMICO Tiago Pereira da Silva</p><p>COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza</p><p>COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Prof. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo</p><p>COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Prof. Ms. Luciana Moraes</p><p>COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Ms. Jeferson de Souza Sá</p><p>COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal</p><p>COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE GESTÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS Prof. Dra. Ariane Maria Machado de Oliveira</p><p>COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE T.I E ENGENHARIAS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento</p><p>COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE SAÚDE E LICENCIATURAS Prof. Dra. Katiúscia Kelli Montanari Coelho</p><p>COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS Luiz Fernando Freitas</p><p>REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling</p><p>Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante</p><p>Caroline da Silva Marques</p><p>Eduardo Alves de Oliveira</p><p>Jéssica Eugênio Azevedo</p><p>Marcelino Fernando Rodrigues Santos</p><p>PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Hugo Batalhoti Morangueira</p><p>Vitor Amaral Poltronieri</p><p>ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz</p><p>DE VÍDEO Carlos Firmino de Oliveira</p><p>Carlos Henrique Moraes dos Anjos</p><p>Kauê Berto</p><p>Pedro Vinícius de Lima Machado</p><p>Thassiane da Silva Jacinto</p><p>FICHA CATALOGRÁFICA</p><p>Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP</p><p>A985s Ayres, Wilson D’Agostini</p><p>Sociologia econômica / Wilson D’Agostini Ayres.</p><p>Paranavaí: EduFatecie, 2023.</p><p>76 p.: il. Color.</p><p>1. Economia – Aspectos sociológicos. I. Centro Universitário</p><p>UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título.</p><p>CDD: 23. ed. 306.3</p><p>Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577</p><p>As imagens utilizadas neste material didático</p><p>são oriundas dos bancos de imagens</p><p>Shutterstock .</p><p>2023 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2023. Os autores. Copyright C Edição 2023 Editora Edufatecie.</p><p>O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva</p><p>dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da</p><p>obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la</p><p>de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/</p><p>3</p><p>AUTOR</p><p>Profº Me. Wilian D’Agostini Ayres</p><p>Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Maringá - UEM (2016/2018);</p><p>Especialista em Docência no Ensino Superior: Novas Tecnologias Educacionais e Inovação</p><p>- UNICESUMAR (2018/2020); Especialista em Empreendedorismo e Inovação Social</p><p>nas Organizações - UNICESUMAR (2018/2020); MBA em Coaching aplicado à Gestão</p><p>de Pessoas - UNICESUMAR (2018/2020); MBA em Marketing, Criatividade e Inovação</p><p>- UNICESUMAR (2021/2022); Bacharel em Relações Internacionais pela Universidade</p><p>Federal da Grande Dourados - UFGD (2011/2014); Tecnólogo em Processos Gerenciais -</p><p>UNICESUMAR (2022); Bacharel em Administração - UNICESUMAR (2022/em andamento).</p><p>Tem experiência acadêmica na área de Gestão e Inovação de Processos com ênfase em</p><p>Sociologia do Desenvolvimento, atuando principalmente nos seguintes temas: Gestão,</p><p>Administração, Conferências, Participação Social, Meio Ambiente, Políticas Públicas e</p><p>Desenvolvimento Sustentável. Atualmente é Professor dos cursos de Administração e</p><p>Ciências Contábeis em regime presencial na UniFatecie (Campus Paranavaí), e Professor</p><p>Formador da Universidade Unicesumar - UNICESUMAR, desenvolvendo as atividades na</p><p>modalidade de educação a distância - EAD.</p><p>CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/2256384963174260</p><p>http://lattes.cnpq.br/2256384963174260</p><p>4</p><p>APRESENTAÇÃO DO MATERIAL</p><p>Olá, aluno (a). Seja bem-vindo (a)!</p><p>Ao iniciar seus estudos para esta disciplina, jogue luz ao olhar sociológico que neste</p><p>momento será analisado juntamente a suas nuances econômicas. Dentro do seu processo</p><p>de aprendizagem, você poderá perceber os inúmeros elementos que nos cercam e são</p><p>descritos no decorrer deste material, ao vincular duas áreas do conhecimento tão específicas</p><p>como a sociologia e a economia. Esta disciplina busca realizar uma retomada da evolução</p><p>social no que diz respeito aos fatores econômicos, utilizando de objetos de estudo amplos,</p><p>e em alguns casos muito específicos, como é o caso do trabalho e o consumo.</p><p>Este material de estudos apresenta fatores como os elementos mercadológicos, que</p><p>influenciam as interações sociais em seus mais diversos níveis. Desta forma, o trabalho é</p><p>um dos primeiros conectivos que trazem a economia como um fator de impacto no campo</p><p>da sociologia. Além disso, estudaremos a projeção futura que este tipo de relação causal</p><p>gera no contexto sócio cultural e mercadológico, modificando as formas de consumo e</p><p>convívio social, ressignificando as expressões culturais e estabelecendo novos padrões</p><p>valorativos para a sociedade atual e futura.</p><p>A Unidade I tem a finalidade de apresentar os autores clássicos da área da sociologia,</p><p>dado que é o ponto de partida para a compreensão dos cenários que se desenvolveram</p><p>com a identificação das influências econômicas nas expressões sociais. Assim, como há</p><p>a necessidade de compreendermos os conceitos apresentados por tais autores como</p><p>também identificá-los no contexto social.</p><p>Se o trabalho é o objeto de estudos inicial da análise socioeconômica, os demais</p><p>elementos que foram incorporados a essa análise são o consumo e o status social. Desta</p><p>forma, nas Unidades II e III são apresentados os conceitos de sociedade do consumo,</p><p>Status Social e Classe Social como um fator econômico estruturante que influencia a</p><p>forma de convivência e expressão da sociedade moderna, que também será tratada como</p><p>sociedade capitalista. Ou seja, capitalismo este que também é parte de nossa explanação</p><p>ao incorporarmos elementos causais desse vínculo entre as duas ciências.</p><p>Por fim, na Unidade IV fecharemos as nossas análises com base nos conceitos</p><p>atuais da área que projetam uma visão futura para este ramo da ciência, como é o caso</p><p>consumerismo, desenvolvimento sustentável e responsabilidade social.</p><p>Bons Estudos!</p><p>SUMÁRIO</p><p>UNIDADE 1</p><p>Autores Clássicos da Sociologia: O Caminho até a Sociologia</p><p>Econômica</p><p>UNIDADE 2</p><p>Sociologia Econômica: Sociedade do</p><p>Consumo e Distinção Social</p><p>UNIDADE 3</p><p>Sociologia e Economia: O Surgimento e Consolidação</p><p>do Campo Teórico da Sociologia Econômica</p><p>UNIDADE 4</p><p>Perspectivas da Sociologia Econômica e a</p><p>Proposta do Desenvolvimento Sustentável</p><p>5</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . .</p><p>ficados comumente compartilhados sobre o produto, sua moralidade e sua utilidade” (FLI-</p><p>GSTEIN e DAUTER, 2013, p. 484).</p><p>As mudanças sociais acontecem constantemente, seja pela vontade do estado ou</p><p>dos mercados. Este paradigma é quase que um questionamento de prioridades, seja por</p><p>quem influencia quem, ou por quem é influenciado, tendo assim uma complexa estrutura</p><p>estruturante e estruturada no processo contínuo de mudanças dos mercados. Para tal, é</p><p>comum que o mercado passe por períodos de oscilação, em alguns momentos estável e</p><p>em outros de confusão, seria essa a forma de promover as mudanças substanciais no de-</p><p>correr do processo.</p><p>As dinâmicas de mercado acontecem com base no senso de valor, em que entre</p><p>o papel dos capitais, que acabam por promover uma estrutura social complexa, e assim</p><p>ambos encontram equilíbrio. Se as empresas estão vivendo em um mundo que não con-</p><p>seguem replicar suas posições no mercado, nesse caso as relações sociais tornam-se ar-</p><p>ranjos temporários de informação ou predispostos para a evolução da modernidade. Como</p><p>a variabilidade é constante, os parceiros são selecionados com base em sua utilidade e,</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>4 MERCADOS E CAPITAIS:</p><p>INSTRUMENTOS DE</p><p>CONSOLIDAÇÃO DA ÁREA</p><p>TÓPICO</p><p>UNIDADE 2 SOCIOLOGIA E ECONOMIA: O SURGIMENTO E CONSOLIDAÇÃO DO CAMPO TEÓRICO DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA 33</p><p>caso não sejam mais considerados úteis, se faz necessário a busca de novos candidatos</p><p>(FLIGSTEIN e DAUTER, 2013).</p><p>Como dito anteriormente, os atores se influenciam constantemente, em suma é difícil</p><p>identificar qual é “o momento de cada um no cenário”. Como as relações sociais presentes</p><p>nos mercados são complexas, é possível afirmar que cada qual se torna responsável por</p><p>auxiliar os mercados em suas tomadas de decisão. Assim, até mesmo a interação entre os</p><p>mercados são profícuas com base em um sistema de redes e/ou instituições que promovem</p><p>suporte para que as relações permaneçam e frutifiquem (FLIGSTEIN e DAUTER, 2013).</p><p>Séries de interações acontecem em um espaço/ambiente chamado campo, similar à</p><p>lógica de um jogo, que acontece de acordo com um padrão de regras dentro de um campo,</p><p>com seus respectivos espaços compartilhados. Para isso, a sociologia econômica tem uma</p><p>série de elementos que a tornam uma complexa ciência que se destaca com autonomia e</p><p>valor; vale ressaltar a economia política, a sociologia de mercado, ou sociologia do trabalho,</p><p>tão aprofundada até esse momento, e outros elementos que continuam sendo permeados</p><p>por outras áreas, como é o caso da teoria organizacional, herdada da administração e que</p><p>será futuramente trabalhada neste material.</p><p>Coloca-se em check a capacidade dos Estados em influenciar os Mercados, consi-</p><p>derando tantos atores condicionantes, que impactam nos processos constantemente me-</p><p>dindo forças com as ordens institucionais criadas. Como é o caso do capital, que se torna</p><p>princípio e fim, inicialmente como financiador de meios produtivos e custeio de mão de</p><p>obra, e fim, expresso pelo lucro criado com a multiplicação dos valores. Dessa forma, os</p><p>Estados teriam o poder de controlar os mercados em suas complexidades? Dado que:</p><p>Os governos deveriam intervir nos mercados de modo a estabilizá-los e prover</p><p>proteção social aos trabalhadores, assim como regras para guiar a interação entre</p><p>os grupos capitalistas. As formas de fazê-lo seriam necessariamente contingentes,</p><p>de modo que a variação institucional histórica poderia explicar a variação entre na-</p><p>ções nas estruturas dos mercados (FLIGSTEIN e DAUTER, 2013, p. 486).</p><p>Para tal afirmação, é pertinente dizer que os mercados, compostos por seus atores</p><p>e cenários, são constantemente influenciados por múltiplos aspectos, sejam institucionais</p><p>ou não. Cabendo aos estudiosos da área analisar um recorte ou característica da complexa</p><p>gama da sociologia econômica, para que então cheguemos a uma análise causal.</p><p>34UNIDADE 2 SOCIOLOGIA E ECONOMIA: O SURGIMENTO E CONSOLIDAÇÃO DO CAMPO TEÓRICO DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA</p><p>35UNIDADE 2 SOCIOLOGIA E ECONOMIA: O SURGIMENTO E CONSOLIDAÇÃO DO CAMPO TEÓRICO DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA</p><p>Mercado deve ser entendido como o “local” onde operam as forças da oferta e demanda, por meio de</p><p>vendedores e compradores, de tal forma que ocorra a transferência de propriedade da mercadoria por</p><p>intermédio de operações de compra e venda.</p><p>Fonte: EMATER. Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – SEAPA-DF. Distrito Federal.</p><p>Disponível em: https://www.ufrb.edu.br/proext/images/conceitosmercado.pdf. Acesso em: 29 set. 2022.</p><p>“O futuro do mercado de trabalho é tecnológico. É o que apontam diversas pesquisas e especialistas ao</p><p>redor do mundo, após a pandemia da covid-19 ter acelerado processos mercadológicos que já estavam em</p><p>andamento, mas agora fazem parte da rotina dos trabalhadores. Um exemplo é a adoção do home office,</p><p>possibilitado pela tecnologia, junto com as reuniões online e videochamadas”.</p><p>Fonte: VAZ, E. Tecnologia é o futuro do mercado de trabalho. O Liberal. 2022.</p><p>Disponível em:</p><p>www.oliberal.com/emprego/tecnologia-e-o-futuro-do-mercado-de-trabalho-1.485574. Acesso em: 29 set.</p><p>2022.</p><p>https://www.ufrb.edu.br/proext/images/conceitosmercado.pdf</p><p>http://www.oliberal.com/emprego/tecnologia-e-o-futuro-do-mercado-de-trabalho-1.485574</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Olá, aluno (a)! Fechando nossa segunda unidade da disciplina de Sociologia</p><p>Econômica. Após uma análise, dos principais fatores que influenciaram o surgimento da</p><p>área, podemos perceber que existem muitas outras disciplinas que servem como fonte de</p><p>análise para as problemáticas encontradas no decorrer da fusão de duas grandes ciências,</p><p>que destacam uma possível autonomia nesse ponto de intersecção.</p><p>Compreende-se que a sociologia iniciou o processo de construção desse campo tão</p><p>vasto de debate, estabelecendo debates com as questões econômicas, na defesa dos objetos</p><p>sociais. Conhecemos as convenções como formas institucionalizadas de comportamento</p><p>que aprovam ou desaprovam as ações econômicas que impactam as questões sociais.</p><p>Também conhecemos as redes de interação que tornam as ações econômicas fluídas e as</p><p>mantêm em funcionamento, por meio de inúmeros relacionamentos que buscam assegurar</p><p>a competitividade entre as organizações.</p><p>Conclui-se que as revoluções são as responsáveis pelas amplas rupturas, promovendo</p><p>mudanças profundas nos aspectos econômicos e sociais, da época que ocorreram e após</p><p>elas. E que para além das revoluções, as instituições são as responsáveis por assegurar tais</p><p>rupturas, condicionando o comportamento social, seja por meio de hábitos e/ou costumes,</p><p>ou perpetuando tradições, até mesmo reformulando essas.</p><p>Compreendemos que os modelos de produção são mutáveis de acordo com local de</p><p>perpetuação, época e cultura. São influenciados por valores sociais que possibilitam sua</p><p>proliferação ou extinção, como é o caso do modelo capitalista, que se difundiu e se tornou</p><p>tão complexo que deve ser estudado em suas particularidades, para melhor compreensão.</p><p>Por fim, compreendemos o papel do mercado, ou mercados, que é o espaço de</p><p>atuação de atores econômicos e sociais, em prol do atingimento de interesses individuais</p><p>e coletivos. São nos mercados, que as dinâmicas funcionais acontecem, e a disputa de</p><p>interesses é travada, seja entre empresas, ou entre empresas e empregados. Além disso,</p><p>os mercados são influenciados por uma instituição reguladora, o Estado, que proporciona</p><p>regras burocráticas para que se mantenha o equilíbrio entre as questões econômicas</p><p>e</p><p>sociais.</p><p>UNIDADE 2 SOCIOLOGIA E ECONOMIA: O SURGIMENTO E CONSOLIDAÇÃO DO CAMPO TEÓRICO DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA 36</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>Material: Mercado de trabalho: conjuntura e análise.</p><p>Autor: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA 2020.</p><p>Resenha: Em 26 de fevereiro de 2020, foi oficialmente registrado o primeiro caso da Covid-19</p><p>no Brasil. A partir de então, a adoção do isolamento social como principal instrumento de</p><p>combate à disseminação da doença passou a ser adotado em maior ou menor grau e</p><p>em tempos diferentes por todo o país. Do ponto de vista econômico, o mais expressivo</p><p>efeito dessa medida é que inúmeros estabelecimentos – especialmente aqueles que lidam</p><p>diretamente com atendimento aos clientes – são obrigados a interromperem suas atividades.</p><p>A esses, seguem-se, em efeito cascata, estabelecimentos de atividades que integram suas</p><p>cadeias de produção e consumo. Desdobra-se, então, o vigoroso impacto desse processo</p><p>no mundo do trabalho. No âmbito dos autônomos, micro e pequenos empresários, há a</p><p>cessação – ou redução drástica – da renda; no contexto dos trabalhadores com vínculos</p><p>empregatícios (formais ou informais), demissões e reduções salariais.</p><p>Fonte: IPEA. MINISTÉRIO DO TRABALHO. Mercado de trabalho: conjuntura e análise/Instituto de Pesqui-</p><p>sa Econômica Aplicada; Ministério do Trabalho, Brasília, v.1, n. 0, mar. 1996. Disponível em: http://repositorio.</p><p>ipea.gov.br/bitstream/11058/10408/1/bmt_70_trabalho.pdf. Acesso em: 20 ago. 2022.</p><p>UNIDADE 2 SOCIOLOGIA E ECONOMIA: O SURGIMENTO E CONSOLIDAÇÃO DO CAMPO TEÓRICO DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA 37</p><p>http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/10408/1/bmt_70_trabalho.pdf</p><p>http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/10408/1/bmt_70_trabalho.pdf</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>LIVRO</p><p>Título: Economia e Mercado.</p><p>Organizador: Cleyton Izidoro.</p><p>Editora: Editora Pearson.</p><p>Sinopse: Considerando que há muitas obras sobre economia e</p><p>suas articulações, o intuito dese livro é transformar uma lingua-</p><p>gem que nem sempre é de fácil entendimento em um conteúdo</p><p>mais simples, sem perder, no entanto, a qualidade. Seu foco</p><p>são as nuances da área econômica como o papel do Mercado.</p><p>FILME</p><p>Título: O Lobo de Wall Street</p><p>Ano: 2014.</p><p>Sinopse: Durante seis meses, Jordan Belfort (Leonardo DiCa-</p><p>prio) trabalhou duro em uma corretora de Wall Street, seguindo</p><p>os ensinamentos de seu mentor Mark Hanna (Matthew McCo-</p><p>naughey). Quando finalmente consegue ser contratado como</p><p>corretor da firma, acontece o Black Monday, que faz com que as</p><p>bolsas de vários países caiam repentinamente. Sem emprego e</p><p>bastante ambicioso, ele acaba trabalhando para uma empresa</p><p>de fundo de quintal que lida com papéis de baixo valor, que não</p><p>estão na bolsa de valores. É lá que Belfort tem a ideia de mon-</p><p>tar uma empresa focada neste tipo de negócio, cujas vendas</p><p>são de valores mais baixos, mas, em compensação, o retorno</p><p>para o corretor é bem mais vantajoso. Ao lado de Donnie (Jo-</p><p>nah Hill) e outros amigos dos velhos tempos, ele cria a Stratton</p><p>Oakmont, uma empresa que faz com que todos enriqueçam</p><p>rapidamente e, também, levem uma vida dedicada ao prazer</p><p>(ADORO CINEMA).</p><p>UNIDADE 2 SOCIOLOGIA E ECONOMIA: O SURGIMENTO E CONSOLIDAÇÃO DO CAMPO TEÓRICO DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA 38</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>Plano de Estudos</p><p>• Os Impactos da Sociologia na Economia;</p><p>• O papel das organizações no campo da Sociologia;</p><p>• O campo de atuação da Sociologia Econômica;</p><p>• O Capital e as Organizações.</p><p>Objetivos da Aprendizagem</p><p>• Contextualizar os aspectos sociológicos no campo da economia;</p><p>• Compreender os aspectos individuais da Sociologia das Organizações;</p><p>• Compreender o papel das organizações na Sociologia Econômica.</p><p>3UNIDADEUNIDADE</p><p>SOCIOLOGIA ECONÔMICA: SOCIOLOGIA ECONÔMICA:</p><p>SOCIEDADE DO CONSUMO SOCIEDADE DO CONSUMO</p><p>E DISTINÇÃO SOCIALE DISTINÇÃO SOCIAL</p><p>Professor Mestre Wilian D’Agostini Ayres</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Olá, aluno (a)! Seja bem-vindo (a) de volta. Essa é a nossa terceira unidade da</p><p>disciplina de Sociologia Econômica. Após realizar uma retomada epistemológica dos autores</p><p>e suas contribuições para a área, e uma análise estrutural no campo da ciência, se faz</p><p>necessário adentrarmos aos objetos propriamente ditos, ou seja, quais são os elementos</p><p>que corroboram para a análise de uma problemática social econômica.</p><p>Inicia-se com os impactos diretos e indiretos que a sociologia desempenha na</p><p>economia, novamente separam-se as ciências para compreensão de seus devidos</p><p>posicionamentos, para depois juntá-las em uma relação de estruturas que poderiam ser</p><p>denominadas como únicas. Demonstra-se que a sociologia é uma ciência que detém</p><p>autonomia em inúmeros aspectos, porém que demonstra flexibilidade para atuar em outros</p><p>campos, pois é quase onipresente.</p><p>Em um segundo momento, se utiliza de cenário de análise as organizações que</p><p>representam os interesses econômicos, do outro lado a sociedade (representada pelos</p><p>indivíduos que a compõem), com seus comportamentos e formas de consumo, que são</p><p>desenvolvidos por padrões sociais. Apresenta-se formados econômicos inovadores e tipos</p><p>de organizações que consideram valores econômicos e sociais em sua concepção, esta-</p><p>belecendo um formato misto que incorpora modelos econômicos que comumente estão em</p><p>disputa como capitalismo e socialismo.</p><p>O terceiro tópico trata do campo de atuação da sociologia econômica, como é o</p><p>cenário em que ocorrem as interações, e encontrará princípios econômicos como a</p><p>economia monetária, seguidos por questões sociais como a representatividade das</p><p>questões individuais no processo de defesa dos interesses, e associação como motivação</p><p>para agrupamentos que defendem objetivos compartilhados entre indivíduos.</p><p>Por fim, o papel das moedas e seu senso de valor simbólico, ou seja, um objeto</p><p>econômico atribuído de perspectivas sociais e culturais que determinam o famigerado</p><p>“valor”. Será relembrado conceitos - chave como status social e consumo como forma de</p><p>determinação de papéis sociais. Vamos lá?</p><p>UNIDADE 3 SOCIOLOGIA ECONÔMICA: SOCIEDADE DO CONSUMO E DISTINÇÃO SOCIAL 40</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>Nos capítulos anteriores trabalhamos as características do trabalho, do ponto de</p><p>vista estrutural, a partir daqui começa uma abordagem trilhada nas relações sociais com</p><p>base nos modelos econômicos, mais precisamente o capitalismo. Partindo do pressuposto</p><p>que a Industrialização rompeu com os padrões socioculturais e trouxe uma nova forma de</p><p>relacionamento entre instituições econômicas e sociais.</p><p>A princípio, a sociedade capitalista promove algumas particularidades, como a</p><p>aceleração dos meios produtivos como reflexo da industrialização; dessa forma, o trabalho</p><p>se molda às necessidades fabris. Com a globalização o consumo também é impactado,</p><p>acarretando novas formas de interação entre os meios produtivos e a sociedade. Por</p><p>fim, uma consequência dessas mudanças estruturais é a desigualdade social, que se faz</p><p>presente nos mais diversos modelos sociais, como consequência do capitalismo.</p><p>Dessa</p><p>forma, surge a indagação, se realmente compreendemos o contexto capitalista?</p><p>O capitalismo é um modelo econômico que teve como marco histórico a Revolu-</p><p>ção Industrial inglesa no século XVIII, baseado na relação causal entre empregadores e</p><p>empregados, se expandiu ao nível global. Hoje, é o modelo econômico que predomina a</p><p>nível mundial, e influencia diretamente as relações humanas, baseadas no consumo. Sua</p><p>máxima, no que tange ao trabalho, é que as pessoas devem ser autônomas e livres para</p><p>a negociação de sua força de trabalho, e também é o principal motivo das desigualdades</p><p>sociais presentes na exploração de massa (DIAS, 2014).</p><p>Ao analisar o cenário capitalista a partir do ponto inicial, a Revolução Industrial, é</p><p>possível identificar alguns pontos de análise, para compreensão das mudanças sociais</p><p>ocorridas, consequência desse modelo produtivo, são elas (DIAS, 2014, p. 74):</p><p>[...] a) substituição progressiva do trabalho humano por máquinas b) a “divisão do</p><p>trabalho” e a necessidade de sua coordenação; c) as mudanças culturais no traba-</p><p>lho; d) a produção maciça de bens; e) surgimento de novas funções (empresários e</p><p>operários); entre outros.</p><p>O primeiro ponto destaca uma realidade que não está muito distante da atual, na</p><p>Revolução Industrial os homens perderam espaço para as máquinas, enquanto na atual</p><p>UNIDADE 3 SOCIOLOGIA ECONÔMICA: SOCIEDADE DO CONSUMO E DISTINÇÃO SOCIAL</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>1OS IMPACTOS DA</p><p>SOCIOLOGIA NA</p><p>ECONOMIA</p><p>TÓPICO</p><p>41</p><p>revolução técnico-científica, vemos a perda dos cargos e trabalhos para a automação. A</p><p>sociedade passa por um processo de inovação tecnológica impulsionada pela tendência</p><p>de super produtividade, para que as organizações consigam progredir, e até mesmo, se</p><p>manter no mercado é necessário um ritmo produtivo que nem sempre o trabalho humano</p><p>é capaz de suprir.</p><p>A divisão do trabalho começou a ser mutável desde o início do capitalismo, é quase</p><p>que uma relação de causa e consequência, os cargos e atividades são temporários e ten-</p><p>dem a não perdurar por muito tempo. Porém, atualmente essa fluidez dos processos está</p><p>impactando as relações sociais em um ritmo antes nunca visto (DIAS, 2014). Por exemplo,</p><p>antes o trabalho era dividido em funções ou especialidades, clássico de um ambiente fabril,</p><p>mas nos dias atuais, como a automação tem ganhado o espaço no lugar dos operários, a</p><p>mão-de-obra humana está restrita a atividades analíticas e criativas. Ficam dependentes as</p><p>habilidades nata e inatas dos indivíduos.</p><p>Já no ambiente de trabalho, se fez necessário mudanças estruturais e principal-</p><p>mente culturais. Dado que os trabalhadores que migraram do modelo de trabalho rural para</p><p>o industrial traziam consigo hábitos que não eram perpetuados dentro de uma indústria. O</p><p>impacto era claro no que tange a higiene e saúde, em pequenas áreas os hábitos foram</p><p>reformulados, dada a necessidade de estreitamentos sociais baseados no respeito aos</p><p>espaços compartilhados. A alimentação também passou por mudanças, pois o que antes</p><p>era produzido, agora precisava ser comprado, pois o trabalho era especializado por nicho</p><p>de mercado (DIAS, 2014).</p><p>A disciplina seria a resposta para as mudanças substanciais no local de trabalho e</p><p>nas residências, pois a rotina se faz necessária para que as relações sociais (inclusive o</p><p>trabalho) sejam profícuos. Outro impacto do êxodo rural foi o baixo índice de profissionali-</p><p>zação, o grau de desenvolvimento intelectual dos trabalhadores só passou por melhorias</p><p>após décadas da revolução industrial, em consequência na necessidade do trabalhador de</p><p>melhorar de cargos e trabalhos, e do mercado por demandar mão-de-obra qualificada para</p><p>suas necessidades, reflexo das melhorias tecnológicas.</p><p>A Revolução Industrial aconteceu como consequência da necessidade de produção</p><p>em massa de bens e serviços, ao contrário do antigo modelo manufaturista, em que um úni-</p><p>co trabalhador era responsável pela produção na íntegra de um produto. Nesse novo mode-</p><p>lo, os produtos seriam feitos em etapas, em um ritmo acelerado, em que antes era produzi-</p><p>do um item, hoje seriam produzidos muitas vezes mais, dado a agilidade das máquinas. Em</p><p>contrapartida, os produtos e serviços se tornaram mais homogêneos, a personalização não</p><p>seria uma opção neste primeiro momento, pós-revolução industrial (DIAS, 2014).</p><p>Dessa forma, os papéis econômicos e sociais estavam estabelecidos, os empresários</p><p>(capitalistas) e os trabalhadores (operários), como já trabalhado em unidades anteriores.</p><p>Nesse momento, também é estabelecido mais um segmento de mercado, o “mercado de</p><p>trabalho”, em que o produto comercializado é a mão-de-obra, baseados em capacitação e</p><p>profissionalização, além de disponibilidade de tempo e disciplina. Dado que as jornadas de</p><p>trabalho poderiam ir de 14 até 16 horas, e as condições de trabalho eram até insalubres,</p><p>também eram permitidos outros padrões como a inserção das crianças no trabalho, além</p><p>de tarefas muito repetitivas (DIAS, 2014).</p><p>42UNIDADE 3 SOCIOLOGIA ECONÔMICA: SOCIEDADE DO CONSUMO E DISTINÇÃO SOCIAL</p><p>O trabalho se tornaria o princípio e fim da existência humana, baseado em princípios</p><p>como sobrevivência e substituindo o pilar “família”, que reinava antes da revolução indus-</p><p>trial. Os grupos sociais também se mesclam e homogeneizaram, como já trabalhamos,</p><p>surge aqui a luta de classes, entre os detentores dos meios produtivos (capitalistas) e os</p><p>trabalhadores (operários), a partir desse ponto, as relações seriam restritas (ou em sua</p><p>maioria) entre estas duas classes, baseadas no senso de exploração da mão-de-obra.</p><p>Mas aí vem o questionamento: E nos dias atuais, qual o papel das organizações</p><p>(empresas) e do trabalhador? O autor Reinaldo Dias (2014, p. 101), fez as seguintes con-</p><p>siderações a respeito:</p><p>A organização burocrática e mecânica, rígida, típica da atividade industrial, vai sen-</p><p>do substituída por uma nova forma pós-industrial. A nova organização que surge é</p><p>dinâmica, flexível, facilmente adaptável às novas situações e ainda pressupõe que</p><p>o indivíduo, do nível operacional ao do quadro dirigente, assume um papel decisivo,</p><p>intervindo nos processos. [...] O trabalhador tem seu perfil completamente modifica-</p><p>do em relação àquele exigido no período Industrial. Agora, o profissional deve ser</p><p>flexível, adaptável, crítico, criativo e bem formado, além de ter domínio da informá-</p><p>tica e das tecnologias de informação, bem como uma visão multidisciplinar ou do</p><p>sistema como um todo. O conhecimento passa a ser a matéria-prima fundamental,</p><p>e não mais apenas as habilidades técnicas.</p><p>Com as mudanças ocorridas nas relações sociais do trabalho, surgiram novas ins-</p><p>tituições, com a finalidade de promover a cobrança nas empresas, mas não de caráter</p><p>financeiro, e sim social. Com o advento das ONG’s (Organizações Não Governamentais),</p><p>que no Brasil também são conhecidas como OSC’s (Organizações da Sociedade Civil), que</p><p>visa gerar pressão nas Organizações Privadas com fins lucrativos, junto ao poder legislati-</p><p>vo que assegura direitos trabalhistas, para que as empresas não acabem por sobrepujar o</p><p>lucro acima do bem-estar dos trabalhadores.</p><p>As referidas pressões exercidas por estes tipos de organizações, com caráter social</p><p>é reduzir, talvez eliminar, questões como o trabalho exaustivo e/ou infantil, até fatores mais</p><p>extremos como a escravidão. Além disso, temos as questões de proteção ao meio ambien-</p><p>te, a diversidade cultural nas empresas (DIAS, 2014). Essas pautas se tornaram prioridade</p><p>no pós-revolução industrial, dado a elevada</p><p>incidência de indústrias que utilizavam méto-</p><p>dos ilícitos para ter elevada lucratividade.</p><p>Com as pressões exercidas, as empresas aumentaram a diversidade nas organi-</p><p>zações, como é o caso da racial e de gênero, e para além disso, ocorreu a redução dos</p><p>abusos sofridos pelos trabalhadores (DIAS, 2014). A lógica causal dessas ações é boicotar</p><p>empresas que têm suas más condutas expostas, como é o caso de abuso de poder, influen-</p><p>ciando os stakeholders (indivíduos que têm relações diretas ou indiretas com a empresa)</p><p>como clientes, fornecedores, acionistas e outros, se evadam da empresa, impactando seus</p><p>resultados (principalmente o lucro). Por exemplo, você enquanto cliente compraria de uma</p><p>empresa que se envolveu em escândalos de crime ambiental e denúncias de trabalho es-</p><p>cravo? Possivelmente não, então as empresas se veem obrigadas a seguirem uma deter-</p><p>minada conduta ética e moral da sociedade.</p><p>43UNIDADE 3 SOCIOLOGIA ECONÔMICA: SOCIEDADE DO CONSUMO E DISTINÇÃO SOCIAL</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>Prosseguindo com a explanação sobre as empresas, as relações de trabalho, assim</p><p>como o fomento da economia é baseado em um princípio de troca, assim os indivíduos</p><p>se relacionam e mantêm o funcionamento dos processos produtivos. Como já dito, de</p><p>acordo com Steiner (2012 apud ROLON, 2020, p. 49) “a sociologia econômica estuda o</p><p>que se passa nas trocas entre as condições formais do mercado, a qualidade do produto</p><p>e a previsibilidade de troca que não são preenchidas”. Nesse contexto, temos os atores</p><p>(empresas e trabalhadores) e o cenário, que são as relações de troca, ou expandindo esse</p><p>raciocínio, as disputas de interesses.</p><p>As relações de troca, sejam de caráter comercial ou social, como as vendas de</p><p>produtos e serviços ou de mão-de-obra propriamente dita, sofrem mudanças constantes,</p><p>conforme o contexto histórico e cultural. Para além disso, temos atualmente as mudanças</p><p>sofridas pelas melhorias tecnológicas que impactam as formas de desenvolvimento do</p><p>trabalho e a disponibilidade de oferta de vagas de trabalho (ROLON, 2020).</p><p>Se focar no comportamento dos consumidores e nas formas como racionalizam o</p><p>processo de compra, temos inúmeros insights sobre as motivações individuais ou o contexto</p><p>coletivo de uma escolha. Como exemplo temos: 1) Quais as características funcionais; 2)</p><p>Quais os níveis de satisfação emocional; 3) Quais os benefícios trazidos pelo uso e posse</p><p>dos produtos? 4) Qual o nível de qualidade do produto? 5) Quais as informações disponíveis</p><p>do produto ou serviço? (ROLON, 2020).</p><p>Os fatores de consumo impactam diretamente a troca, como é o caso das motiva-</p><p>ções coletivas sobre a compra, que assim como as individuais sofrem o condicionamento</p><p>do consumo por fatores institucionais, como família e grupo social. Nesse escopo, se con-</p><p>sidera fatores como a dominação através do consumo, ao dispor de um poder aquisitivo;</p><p>o status atribuído a um senso de valorização, por “se ter algo”, com a finalidade de obter</p><p>a aceitação social, por atingir um determinado patamar social; a afirmação do “Eu”, ao ter</p><p>um produto ou receber um serviço que atribua o destaque a uma característica individual,</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>2 O PAPEL DAS ORGANIZAÇÕES</p><p>NO CAMPO DA SOCIOLOGIA</p><p>TÓPICO</p><p>UNIDADE 3 SOCIOLOGIA ECONÔMICA: SOCIEDADE DO CONSUMO E DISTINÇÃO SOCIAL 44</p><p>que almeja ser enfatizada em grupo, ou até mesmo garanta a retribuição de afeto de um</p><p>grupo ou instituição social. Por fim, os dois fatores de maior relevância são a segurança,</p><p>que é tida com uma das principais prioridades de um indivíduo ao adquirir um produto, e a</p><p>conexão que está sendo estabelecida com o mundo quando se adquire um produto, uma</p><p>representação expressa do “Status Social” (ROLON, 2020).</p><p>Quando atribuídos os devidos valores sociais aos comportamentos e formas de</p><p>consumo, podemos perceber que o mercado expressa as formas de interação social de</p><p>acordo com os fatores econômicos. Como é o caso do preço, que em suma, vai além do</p><p>custo de produção e margem de lucro, esses reúnem um fator subliminar que é o desejo</p><p>que os clientes tem por adquirir aquele produto, e assim seus preços podem ser maiores,</p><p>além de um dos princípios primordiais da economia, o da oferta e procura (ROLON, 2020).</p><p>A competitividade entre as organizações é clara e cada dia mais célere, e como</p><p>maior consequência dessa velocidade desenfreada por representatividade no mercado, te-</p><p>mos o esgotamento dos trabalhadores, que vão desde o físico até o mental. Em contrapar-</p><p>tida, novos modelos de organizações têm surgido com o passar dos anos, como é o caso</p><p>das cooperativas, que representam um novo modelo organizacional, em que o lucro não</p><p>é direcionado para um grupo restrito de proprietários, e sim para todos os indivíduos que</p><p>investiram neste modelo de negócio.</p><p>As cooperativas não são o único modelo de economia solidária, dado que este novo</p><p>padrão de produção e consumo segue como tendência nos últimos anos, e rompeu com os</p><p>antigos padrões estudados pela sociologia organizacional. O formato clássico de empresas</p><p>vem sofrendo mudanças significativas no passar dos anos, com o aumento da representa-</p><p>tividade das companhias de capital aberto, das associações, cooperativas, e formatos in-</p><p>dependentes de troca econômica, como a economia compartilhada. Todavia, esses temas</p><p>serão debatidos na nossa próxima unidade (ROLON, 2020).</p><p>Mas afinal, o que é economia solidária? Creio que surgiu essa pergunta no decor-</p><p>rer dos estudos, e na sequência foi apresentado o papel das cooperativas, mas para que</p><p>possamos compreender com rigor os temas apresentados, vamos nos aprofundar. Eco-</p><p>nomia solidária é um modelo econômico descentralizado, no que tange ao monopólio da</p><p>posse dos meios de produção, neste formato, todos os trabalhadores também são donos</p><p>dos meios produtivos, e o lucro final é redistribuído entre eles. Recebe o nome de economia</p><p>solidária, pois surgiu com o intuito de reduzir a desigualdade social, da clássica economia</p><p>competitiva, que está ligada diretamente no contexto de luta de classes, e exploração da</p><p>mão-de-obra (ROLON, 2020).</p><p>Antes da economia solidária, a desigualdade e a exclusão social que imperava no</p><p>modelo econômico, era combatido apenas por instituições de defesa dos direitos trabalhis-</p><p>tas, como sindicatos, que reuniam representantes de causa na defesa de pautas de seus</p><p>interesses (ROLON, 2020). Essas instituições, de cunho político e social, não fomentam</p><p>diretamente a economia, já que não eram organizações produtivas, o que restringia sua</p><p>participação econômica nas relações de troca.</p><p>A economia solidária rompe com antigos paradigmas individualistas e traz como es-</p><p>sência ao menos três princípios-chave, como dar, receber e retribuir. Afinal, tomando como</p><p>45UNIDADE 3 SOCIOLOGIA ECONÔMICA: SOCIEDADE DO CONSUMO E DISTINÇÃO SOCIAL</p><p>base o exemplo dado das cooperativas, o poder deliberativo não está concentrado na figura</p><p>dos “proprietários”, e sim dos representantes da diretoria, essa por sua vez, é eleita demo-</p><p>craticamente de acordo com estatutos e normas estabelecidas por contratos.</p><p>As características democráticas desse formato econômico vão além das questões</p><p>administrativas, são parte de uma essência causal, norteada pela inclusão social, respei-</p><p>to aos laços sociais e relações entre indivíduos. Ou seja, há um anseio humanizador na</p><p>existência da economia solidária, que se opõe a padrões difundidos</p><p>nas organizações clás-</p><p>sicas, como o Fordismo e Taylorismo. Fundamentada nos princípios éticos, morais e de</p><p>justiça social, que vai contra as questões meramente produtivas de eficiência e eficácia das</p><p>organizações, e que negligencia os fatores humanos como os próprios valores.</p><p>Poderia ser a economia solidária uma influência do socialismo ou comunismo? Per-</p><p>ceba que os princípios basilares do Capitalismo, se tornam socialmente incluídos, e com</p><p>este formato ocorre a autogestão das organizações. Dessa forma, é possível perceber que</p><p>por mais que um modelo econômico tente sobrepujar as questões sociais, os laços huma-</p><p>nos acabam por ser exaltados em diversos momentos, e criam novas formas de consumo</p><p>e trocas. Mesmo que a economia solidária seja um formato produtivo que surgiu no ventre</p><p>do capitalismo, carrega princípios includentes que tendem a um outro modelo econômico,</p><p>porém não passa apenas de um olhar diferenciado para reduzir fatores como a exclusão</p><p>social e exploração da mão-de-obra.</p><p>46UNIDADE 3 SOCIOLOGIA ECONÔMICA: SOCIEDADE DO CONSUMO E DISTINÇÃO SOCIAL</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>Ao analisar formatos organizacionais como os descritos acima, desembarcamos no</p><p>cenário analisado pela sociologia econômica, as relações sociais baseadas em troca e o</p><p>consumo. O objeto central da economia é o capital, por sua vez, o da sociologia é a troca,</p><p>ou como ela ocorre por fatores sociais, como a valorização, o status e o poder. Dito isso,</p><p>é imprescindível analisarmos a importância do dinheiro, afinal de contas, a troca é condi-</p><p>cionada pela capacidade do indivíduo de abrir mão de um determinado valor para tomar a</p><p>posse de um item ou serviço.</p><p>A economia monetária é um modelo que faz parte dos demais, pois considera o</p><p>papel da moeda como fator de troca (INÁCIO, 2017). No formato mercantil as trocas consi-</p><p>deravam o escambo de itens que detinham um determinado valor, como na antiguidade as</p><p>moedas eram literalmente itens de metal, que poderiam variar do ouro, prata, bronze, entre</p><p>outros. Mas com o advento da modernidade, deram espaço às moedas impressas no papel,</p><p>que estipulam o valor “simbólico”.</p><p>Por sua vez, a relação de existência dos novos padrões de moeda diz muito sobre</p><p>o estilo de vida nas novas sociedades, assim como demonstra como a representação de</p><p>valor é mutável até os dias atuais, com a substituição das moedas em espécie/físicas, pe-</p><p>los novos padrões digitais. Essas mudanças são uma consequência do desenvolvimento</p><p>tecnológico, porém são impactadas pelas influências das personalidades individuais, pre-</p><p>sentes na sociedade.</p><p>As Personalidades Individuais são uma expressão já utilizada por Georg Simmel,</p><p>ao analisar os comportamentos sociais, e dizem muito sobre a forma que a sociedade</p><p>interage com a economia. O autor, já defendia que o comportamento dos indivíduos são</p><p>baseados em seus sensos individuais de interesse, ou seja, objetivos e tendências, que por</p><p>sua vez influenciam outros indivíduos ou grupos sociais, e em contrapartida também são</p><p>influenciados (INÁCIO, 2017). É uma lógica de causa e consequência, em que o motivo da</p><p>UNIDADE 3 SOCIOLOGIA ECONÔMICA: SOCIEDADE DO CONSUMO E DISTINÇÃO SOCIAL</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>3 O CAMPO DE ATUAÇÃO DA</p><p>SOCIOLOGIA ECONÔMICA</p><p>TÓPICO</p><p>47</p><p>existência do ser humano se torna seu princípio e fim, sendo orientado pela capacidade de</p><p>persuadir ou ser persuadido.</p><p>As interações sociais, através de seus agrupamentos e comportamentos realizados,</p><p>são tidas como sociação, pois tem como finalidade a busca por atingir os interesses, ou</p><p>seja, as motivações dos indivíduos por estarem juntos (INÁCIO, 2017). Comumente con-</p><p>fundida com a socialização, que é a forma que os indivíduos se comportam e interagem</p><p>entre si, ou seja, ao socializar se promove a sociação e acontecem as mudanças sociais,</p><p>e estabelecem os vínculos entre os indivíduos que compõem os grupos. Isso explica muito</p><p>sobre os conflitos de classes inúmeras vezes mencionados neste material.</p><p>Mas o que motiva um indivíduo a estabelecer vínculos? Seriam os interesses? Mui-</p><p>tas vezes esses indivíduos acabam compactuando interesses que nem mesmo eles podem</p><p>expressar de forma clara, pois é uma consequência psicológica. Ou seja, a sociologia é</p><p>impactada pela psicologia, da mesma forma que pela economia, como parte de um ciclo</p><p>interminável de relações entre as ciências humanas (INÁCIO, 2017).</p><p>Se os interesses são influenciados por uma questão psíquica que nem sempre pode</p><p>ser externalizada, significa que a liberdade é subjetiva, pois o indivíduo está preso a um</p><p>sistema de trocas que proporciona uma disputa constante por seus interesses. Com base</p><p>nessa lógica, o valor é estabelecido para os indivíduos com base na proporcionalidade do</p><p>sacrifício que é feito para atingir determinados objetivos, e o valor se modifica com base na</p><p>proporção do desejo que o indivíduo atribui a um objeto de troca (INÁCIO, 2017).</p><p>Seria a liberdade uma utopia? Simmel já trazia em suas obras o fato que liberdade</p><p>não é sobrepujado a obrigação, que a liberdade é apenas o fato de contrariedade entre in-</p><p>divíduos, de acordo com um senso de poder. Que as obrigações se tornam parte do ser, e</p><p>são incorporadas ao modelo econômico e social, ou seja, o objeto de análise da sociologia</p><p>econômica é dinâmico e plural por si só (INÁCIO, 2017). Pois, a dependência dos fatores</p><p>estruturais da sociedade como a economia, não eliminam o fato das questões particulares</p><p>de cada indivíduo continuar existindo, seja expressa pela busca de seus interesses, seja</p><p>subliminar em sua existência restrita na mente humana.</p><p>48UNIDADE 3 SOCIOLOGIA ECONÔMICA: SOCIEDADE DO CONSUMO E DISTINÇÃO SOCIAL</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>Nos tópicos anteriores, conhecemos o papel do capital como mediador das trocas</p><p>entre os indivíduos, assim como as novas formas institucionalizadas que as organizações</p><p>adquiriram com as mudanças do comportamento social. Inicialmente se faz necessário</p><p>compreender os papéis atribuídos ao dinheiro, são eles (MARQUES e PEIXOTO, 2003, p.</p><p>130):</p><p>1. As funções e características do dinheiro são definidas estritamente em termos</p><p>econômicos;</p><p>2. Todos os tipos de dinheiro são semelhantes na sociedade moderna;</p><p>3. Existe uma clara distinção entre dinheiro e valores não pecuniários;</p><p>4. Entende-se que as questões monetárias estão permanentemente a invadir, a</p><p>quantificar e muitas vezes a corromper todas as esferas da vida;</p><p>5. O dinheiro detém o poder indiscutível de transformar valores não pecuniários,</p><p>enquanto a transformação inversa do dinheiro por parte dos valores raramente é</p><p>conceptualizada, ou é mesmo explicitamente rejeitada.</p><p>As moedas são uma expressão do senso valorativo de uma sociedade, seu valor é</p><p>estabelecido por um padrão cultural e moral previamente adquirido. Desta forma, o valor</p><p>simbólico de um “pedaço de papel”, pode variar de acordo com o local onde é utilizado, ou</p><p>para a causa a qual se destina (MARQUES e PEIXOTO, 2003). Assim, o dinheiro tem mais</p><p>que uma função utilitarista, como estabelece a economia, a sociologia atribuída de ques-</p><p>tões antropológicas têm a capacidade de personificar as questões simbólicas.</p><p>Similar a lógica de valor atribuído a uma nota, o “tipo” do dinheiro também pode de-</p><p>terminar a sua finalidade. Por</p><p>exemplo, serve para adquirir um item funcional como comida,</p><p>mas não para representar uma aquisição social, como um cônjuge. Complexidade que me-</p><p>receria uma unidade somente para a representação antropológica de valor, porém, nesta</p><p>breve síntese busca demonstrar que a finalidade utilitarista do dinheiro pode ser modificada</p><p>com um senso valorativo social.</p><p>UNIDADE 3 SOCIOLOGIA ECONÔMICA: SOCIEDADE DO CONSUMO E DISTINÇÃO SOCIAL</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>4 O CAPITAL E AS</p><p>ORGANIZAÇÕES</p><p>TÓPICO</p><p>49</p><p>Se até o dinheiro é uma representação cultural, não seria a economia uma repre-</p><p>sentação social dos objetos antropológicos? Uma questão difícil de se ter resposta, porém</p><p>com um interpretação baseada em três formas de análise, são elas: 1) Com base em um</p><p>sistema de representação e de classificação e relevância, os comportamentos sociais são</p><p>condicionados de forma econômica, com base em um sistema simbólico de normas; 2) Que</p><p>as metas econômicas podem ser manipuladas por comportamentos sociais tendenciosos,</p><p>que não sempre são feitos de má-fé, mas por mera ignorância dos motivos que o validam;</p><p>3) Os “gostos”, ou se podemos chamar de opções individuais ou coletivas, influenciam o</p><p>comportamento econômico com base na visão (ou atribuição) de valor (MARQUES e PEI-</p><p>XOTO, 2003).</p><p>Os aspectos de análise social econômica são permeados por diversas influências,</p><p>sejam elas de origem social ou antropológica. Todavia, os profissionais e/ou estudiosos</p><p>responsáveis por tais análises, devem considerar um outro fator impactante, as</p><p>circunstâncias, dado que todo objeto de análise está sujeito a um cenário ou contexto.</p><p>Afinal de contas, como explicar a valorização do status?</p><p>Os indivíduos buscam constantemente pelo prestígio, que pode ser alcançado</p><p>pela capacidade de persuasão ou pelo poder de compra. Esse segundo motivo foca no</p><p>uso pecuniário dos bens para classificar e valorizar as pessoas em um contexto social,</p><p>atribuindo um papel ou simbologia que caracteriza o “status social”. Para que os indivíduos</p><p>possam garantir seu espaço em sociedade, acontece uma disputa simbólica pelo poder de</p><p>consumo, para garantir tal espaço.</p><p>Como forma de expressão social, temos o consumo, que em uma breve análise</p><p>antropológica, constrói o senso de pertencimento do indivíduo para com uma classe ou</p><p>grupo social. Ou seja, de acordo com o seu poder de compra poderá receber um status</p><p>social, que atribui uma função ou papel social, garantindo representatividade e poder de</p><p>falar; dessa forma, “ao adquirirem artigos de prestígio, as pessoas competem por lugares</p><p>de status, e o prestígio de um objeto determina-se em função do status social daqueles que</p><p>reconhecidamente o consomem” (MARQUES e PEIXOTO, 2003, p. 185).</p><p>Os elementos apresentados até aqui demonstram que as novas vertentes da</p><p>sociologia econômica consideram inúmeros fatores sociais (quiçá antropológicos), diferente</p><p>dos modelos e princípios apresentados inicialmente que eram baseados em padrões em</p><p>suma econômicos. Possivelmente uma consequência dos autores da área, que em sua</p><p>maioria reuniam economistas, que defendem posicionamentos com uma visão tendenciosa,</p><p>mas que com a intersecção com os estudos dos autores clássicos da sociologia, demonstrou</p><p>a relação direta entre os dois ramos de ciência.</p><p>A construção social da economia se deve às análises dos atores e cenários envolvidos,</p><p>como é o caso das instituições que podem ser de origem social ou econômica, como vimos</p><p>anteriormente, ou de acordo com o contexto que ocorrem tais interações (de troca) como</p><p>no caso das redes ou das organizações, ou como trabalhado por último, nos aspectos</p><p>culturais. Consagrou-se assim três níveis de análise para a atual sociologia econômica,</p><p>sendo fatores: estruturais, econômicos ou culturais (MARQUES e PEIXOTO, 2003).</p><p>A sociologia econômica se faz presente nas organizações através de sua depen-</p><p>50UNIDADE 3 SOCIOLOGIA ECONÔMICA: SOCIEDADE DO CONSUMO E DISTINÇÃO SOCIAL</p><p>dência de recursos, ou seja, para que a economia se mantenha deve haver uma análise</p><p>das fontes dos recursos, sejam eles humanos, materiais ou simbólicos. Porém, quando se</p><p>analisa esse ramo da ciência enquanto área de domínio, surge o paradigma enquanto ao</p><p>futuro da área, pois como foi possível ver até este momento, existem inúmeros conceitos</p><p>e elementos que compõem o arcabouço teórico, e com o desenvolvimento da disciplina, é</p><p>perceptível que a complexidade que o reserva para o futuro.</p><p>Em contrapartida, esse elevado grau de flexibilidade, possibilita aos sociólogos uma</p><p>gama de possibilidades de análise, de acordo com os seus objetos de escolha. Onde os</p><p>estudiosos podem fomentar e promover um núcleo de análises próprio, incorporando dois</p><p>ramos que constantemente buscam sua autonomia de análise, mas se encontram em cons-</p><p>tantes debates. É possível indicar inclusive, algumas áreas que ainda não tiveram o devido</p><p>fomento, como a relação causal entre direito e economia, que foi pouco aprofundado (onde</p><p>é possível trazer luz aos direito trabalhistas), além das novas pautas econômicas e sociais,</p><p>consequentes de movimentos amplos como é o caso do desenvolvimento sustentável.</p><p>Por fim, alguns desses temas serão tratados na próxima unidade, para que possa-</p><p>mos vislumbrar o futuro da área e suas inúmeras possibilidades. Que podem ser desenvol-</p><p>vidas por economistas e sociólogos de acordo com suas aptidões e preferências de objetos</p><p>de análise.</p><p>51UNIDADE 3 SOCIOLOGIA ECONÔMICA: SOCIEDADE DO CONSUMO E DISTINÇÃO SOCIAL</p><p>52UNIDADE 3 SOCIOLOGIA ECONÔMICA: SOCIEDADE DO CONSUMO E DISTINÇÃO SOCIAL</p><p>A Sociologia das Organizações é um ramo da Sociologia que trata de investigar padrões de inter-relaciona-</p><p>mento nas organizações, ou seja, nas empresas. O objetivo, além de investigar padrões que influenciam na</p><p>implantação, na expansão e no desenvolvimento das organizações, é o de promover o claro entendimento</p><p>dos fenômenos em torno das inter-relações sociais dentro da organização que será analisada.</p><p>Fonte: MANSUR, Beto. A sociologia das organizações. Portal RH. 2015. Disponível em: https://www.rhpor-</p><p>tal.com.br/artigos-rh/a-sociologia-das-organizaes/. Acesso em: 30 set. 2022.</p><p>Nem todos que não estão empregados podem ser considerados desempregados.</p><p>Você sabia, que de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, nem todos os brasileiros que</p><p>não estão no mercado de trabalho podem ser considerados desempregados? Como os seguintes exemplos:</p><p>Um universitário que dedica seu tempo somente aos estudos;</p><p>Uma dona de casa que não trabalha fora;</p><p>Uma empreendedora que possui seu próprio negócio.</p><p>Fonte: Adaptado de: IBGE. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/explica/desemprego.php. Acesso em:</p><p>13 ago. 2022.</p><p>https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/a-sociologia-das-organizaes/</p><p>https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/a-sociologia-das-organizaes/</p><p>https://www.ibge.gov.br/explica/desemprego.php</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Olá, aluno (a)! Como vimos nesta unidade, a sociologia econômica é uma área</p><p>relativamente nova, perto de muitas disciplinas já consolidadas. Todavia, é constituída por</p><p>dois ramos de ciência robustos e com inúmeros temas já abordados, que passam por uma</p><p>nova análise quando trazidos para essa nova ótica.</p><p>Estudamos que o Capitalismo surgiu com base em um marco histórico, a Revolução</p><p>Industrial, que rompeu com padrões econômicos e sociais ao inaugurar formas de produção</p><p>e comportamento sociais, baseados em padrões de trabalho que moldaram as formas da</p><p>nova sociedade moderna. Foram divididas as funções no desempenho</p><p>do trabalho, além</p><p>de analisadas as realidades da época enquanto ao ambiente de trabalho no qual as tarefas</p><p>eram desempenhadas.</p><p>Foi apresentado o papel das organizações pós-revolução industrial, seguido de seus</p><p>interesses produtivos (no caso o lucro), diferenciando a essência e papel das instituições</p><p>em paralelo com as organizações. Assim como, o papel destas mesmas organizações no</p><p>contexto econômico, baseado na demanda de consumo da sociedade, que influencia a</p><p>produção de acordo com o comportamento de seus consumidores, que são condicionados</p><p>por fatores funcionais, emocionais, culturais e etc.</p><p>Conhecemos a economia solidária, que é uma manifestação dos interesses sociais</p><p>no campo da economia, como exemplo, as cooperativas. Organizações estas que reúnem</p><p>o capital de seus interessados para produzir bens e serviços, e o lucro gerado é redistribuí-</p><p>do entre seus integrantes, acarretando em um paradigma que reúne propostas de modelos</p><p>econômicos que se mantêm contrapostos, como é o caso do capitalismo (e sua disputa de</p><p>classes) e comunismo (com a distribuição das riquezas).</p><p>Compreendemos que o dinheiro (representado por moedas) tem um valor simbólico,</p><p>consequência de uma interpretação sociocultural de valor. E que os indivíduos estão em</p><p>uma constante busca de contemplação dos seus interesses individuais e que para isso se</p><p>reúnem em grupos que compactuam estes objetivos, para que tenham mais representati-</p><p>vidade. E por fim, que esta busca é baseada em um status social almejado pelo grupo ou</p><p>pelo indivíduo!</p><p>UNIDADE 3 SOCIOLOGIA ECONÔMICA: SOCIEDADE DO CONSUMO E DISTINÇÃO SOCIAL 53</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>Material: Sociologia Organizacional</p><p>Autor: Katianny Gomes Santana Estival</p><p>Resenha: As contribuições que serviram de base para a construção dos conceitos de</p><p>Sociologia Organizacional tiveram origem nas Ciências Sociais Clássicas e se fundiram</p><p>às Ciências da Administração, principalmente a partir do século XX com a ampliação da</p><p>visão crítica sobre o papel das organizações na sociedade, a discussão sobre ética das</p><p>organizações, suas responsabilidades e objetivos; além da perspectiva reducionista da</p><p>lucratividade e da produtividade, com o reconhecimento de que as organizações estão</p><p>inseridas em mercados que são estruturas sociais permeadas por relações e interações</p><p>entre indivíduos e grupos.</p><p>Fonte: ESTIVAL, Katianny Gomes Santana. Sociologia Organizacional. Florianópolis: Departamento de</p><p>Ciências da Administração/UFSC; [Brasília]: CAPES: UAB, 2015. 104 p.: il. Disponível em: https://educapes.</p><p>capes.gov.br/bitstream/capes/643228/2/Sociologia%20Organizacional.pdf. Acesso em: 15 set. 2022.</p><p>UNIDADE 3 SOCIOLOGIA ECONÔMICA: SOCIEDADE DO CONSUMO E DISTINÇÃO SOCIAL 54</p><p>https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/643228/2/Sociologia Organizacional.pdf</p><p>https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/643228/2/Sociologia Organizacional.pdf</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>LIVRO</p><p>Título: Sociologia das Organizações</p><p>Autor: Reinaldo Dias.</p><p>Editora: Atlas.</p><p>Sinopse: Este livro aborda as organizações como unidades</p><p>sociais, complexas, que apresentam algumas características</p><p>universais e que assim podem ser estudadas de modo geral.</p><p>Embora a abordagem aqui adotada tenha tido como foco</p><p>principal as organizações empresariais, os conceitos e relações</p><p>básicas que são apresentados podem ser aplicados a quaisquer</p><p>organizações que apresentam alguma complexidade. A obra</p><p>inova ao abordar inúmeros temas, relativamente novos, em</p><p>Sociologia das Organizações e na análise organizacional de</p><p>forma geral, como as organizações econômicas pré-capitalistas</p><p>– guildas, manufaturas e companhias de comércio –, as</p><p>organizações fordistas relacionadas com as pós-fordistas, a</p><p>teoria dos clusters, a competitividade sistêmica, a teoria dos</p><p>stakeholders, responsabilidade social organizacional, o capital</p><p>social, as cooperativas e o terceiro setor.</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>Título: A Procura da Felicidade</p><p>Ano: 2006.</p><p>Sinopse: Chris Gardner (Will Smith) é um pai solteiro e</p><p>desempregado que precisa viver em abrigos, pois não tem</p><p>mais o apartamento onde vivia com seu filho. Ele consegue</p><p>um estágio não remunerado em uma grande empresa e se</p><p>empenha para mudar sua sorte, mostrando que determinação</p><p>é a chave do sucesso.</p><p>UNIDADE 3 SOCIOLOGIA ECONÔMICA: SOCIEDADE DO CONSUMO E DISTINÇÃO SOCIAL 55</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>Plano de Estudos</p><p>• Temas atuais para a sociologia econômica;</p><p>• As novas formas de trabalho e a diversidade;</p><p>• A perspectiva de gênero na economia;</p><p>• A contribuição da disciplina para a construção do desenvolvimento</p><p>sustentável.</p><p>Objetivos da Aprendizagem</p><p>• • Compreender os novos temas que são trabalhados pela sociologia</p><p>econômica;</p><p>• • Entender as mudanças socioculturais que impactam a economia,</p><p>como a questão de gênero;</p><p>• • Estabelecer um parâmetro de análise para a nova sociologia econômica,</p><p>com ênfase para o desenvolvimento sustentável.</p><p>4 UNIDADEUNIDADE</p><p>PERSPECTIVAS DA SOCIOLOGIA PERSPECTIVAS DA SOCIOLOGIA</p><p>ECONÔMICA E A PROPOSTA ECONÔMICA E A PROPOSTA</p><p>DO DESENVOLVIMENTO DO DESENVOLVIMENTO</p><p>SUSTENTÁVELSUSTENTÁVEL</p><p>Professor Mestre Wilian D’Agostini Ayres</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Olá, aluno (a)! Iniciaremos a nossa quarta e última unidade, cuja função é trazer os</p><p>temas atuais e projetar uma visão futura da sociologia econômica. Vamos analisar as for-</p><p>mas de análise utilizadas pelas ciências em questão para verificar suas formas de atuação,</p><p>como índices e levantamentos quantitativos que possibilitam a construção de cenários para</p><p>verificação.</p><p>Compreenderemos quais os fatores econômicos e sociais que influenciam o compor-</p><p>tamento social, como renda e trabalho, assim como os seus mediadores, no caso o direito e</p><p>a legislação como as novas formas de regramento para estabelecer relações trabalhistas.</p><p>Após falarmos sobre globalização e consumo em unidades anteriores, faz-se necessário</p><p>apresentar o conceito de Multiculturalismo e Diversidade, como formas de análise e ação</p><p>para as novas construções mercadológicas, bem como suas nuances sociais.</p><p>Além disso, vamos analisar as mudanças no papel da mulher e do ambiente domés-</p><p>tico e suas influências nas construções de novos aspectos econômicos, seja da mulher</p><p>ou das suas influências no contexto histórico, cultural e econômico. Embarcando no tema</p><p>ambiente doméstico e trabalho, trabalharemos as mudanças sofridas do rompimento de es-</p><p>paços antes restritos a uma única prática e agora que unem, em consequência do advento</p><p>da pandemia e evolução tecnológica.</p><p>Para fechar, o último tema deste momento será o desenvolvimento sustentável, que</p><p>se torna, dia após dia, uma proposta de mudança econômica e social, em consequência</p><p>de uma demanda de preservação ambiental e manutenção das demandas de consumo de</p><p>uma população mundial crescente, que agora se encontra em um contexto globalizado.</p><p>Juntamente ao tema relativo à sustentabilidade, será apresentado uma vertente, que se</p><p>enquadra em tendência de consumo atual, a economia colaborativa, também conhecida</p><p>como consumo compartilhado, que se torna uma forma de consumo distinto do atual, que</p><p>preza por itens exclusivos, e traz a tendência de compartilhamento</p><p>e senso conjunto, típico</p><p>do desenvolvimento sustentável.</p><p>Desejo a todos, bons estudos!</p><p>UNIDADE 4 PERSPECTIVAS DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA E A PROPOSTA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 57</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>Em nossa unidade anterior, aprendemos que a sociologia econômica surgiu e</p><p>tem sua base no trabalho, mais precisamente nas relações de demanda entre trabalho e</p><p>produção. Todavia, nesta unidade compreenderemos os novos elementos que surgiram</p><p>com o passar dos anos e a consolidação dessa disciplina; como é o caso dos novos hábitos</p><p>de consumo e produção, assim como movimentos mais amplos na sociedade que mudam</p><p>suas estruturas.</p><p>Quando a teoria se torna realidade, a complexidade dos elementos se torna presente,</p><p>é o caso dos índices. A economia modifica seus comportamentos e estruturas através</p><p>do PIB (Produto Interno Bruto) esse indicador é o responsável pela soma das riquezas</p><p>produzidas por um país e um determinado período de tempo. Porém, quando analisado do</p><p>ponto de vista social, surge a crítica: Como medir a qualidade de vida de uma população,</p><p>ou seja, o trabalhador? Para essa necessidade, se faz necessário outro tipo de indicador, é</p><p>o IDH (Índice de desenvolvimento Humano), que medirá a qualidade de vida da população</p><p>(SCHWARTSMAN, 2020).</p><p>No Brasil, esses índices são responsáveis por direcionar comportamentos econômicos</p><p>e sociais para buscarem equilíbrio. Pois, como já visto, há uma “disputa”, ou seja, um</p><p>elemento causal entre economia e sociedade que medem forças, baseadas em interesses.</p><p>E, dentro do âmbito nacional, temos uma instituição responsável pelo levantamento de</p><p>diversos índices, além desses, com a finalidade de regular as ações e políticas para diversas</p><p>áreas, principalmente estas duas macro.</p><p>Ao ler essas informações, é possível compreender que PIB é algo negativo para as</p><p>questões sociais, mas essa máxima não se aplica, pois se esse índice for utilizado para</p><p>medir uma determinada realidade, como, por exemplo, a renda familiar ou “PIB Per Capita”</p><p>(Renda por pessoas/indivíduo), teremos os rendimentos de um indivíduo. Dessa forma, é</p><p>possível medir a qualidade da distribuição de renda e ganhos de uma família ou classe social</p><p>(SCHWARTSMAN, 2020). Refletirá nas estratégias de planejamento de cunho econômico</p><p>UNIDADE 4 PERSPECTIVAS DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA E A PROPOSTA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>1 TEMAS ATUAIS PARA A</p><p>SOCIOLOGIA ECONÔMICA</p><p>TÓPICO</p><p>58</p><p>e social de um determinado governo, secretaria ou ministério, ao prospectar melhorias</p><p>pontuais na realidade de uma determinada população, no que tange aos rendimentos</p><p>familiares, dado que renda é qualidade de vida.</p><p>Os fatores negativos vinculados ao PIB, correspondem às atividades fins das orga-</p><p>nizações, impactando diretamente no bem-estar da população. Nesse caso, as indústrias</p><p>no decorrer do seu processo produtivo podem gerar poluição impactando na saúde das</p><p>pessoas que estão convivendo com o foco da poluição (SCHWARTSMAN, 2020).</p><p>Para medir as características positivas que podem ou não estar vinculadas ao PIB,</p><p>surge o IDH que medirá características que vão além da renda, como perspectiva de vida,</p><p>acessibilidade e educação e tempo de instrução (SCHWARTSMAN, 2020). É inegável</p><p>que o PIB “Per Capita” tem números equiparados aos do IDH, todavia, não são elementos</p><p>sinônimos e sim complementares, e não substituem a importância de cada um, em diversos</p><p>pontos de análise social.</p><p>Nesse ponto, surge a indagação: “Mas o que esses índices têm de relação com o</p><p>objeto central da sociologia econômica, o trabalho?”. Para responder tal inquietação, é</p><p>preciso compreender que a relação é intrínseca, ou seja, não haverá PIB, IDH ou outro</p><p>índice sem as relações trabalhistas. É necessário medir o desemprego para calcular o</p><p>crescimento econômico, pois por mais que ainda haja uma progressão, a economia só</p><p>permanecerá em ascensão se o desemprego estiver controlado, pois é uma relação de</p><p>consequência, se o desemprego é alto o consumo também é reduzido (SCHWARTSMAN,</p><p>2020).</p><p>Para as questões econômicas serem condicionadas a fatores sociais, outros índices</p><p>surgem para calcular tais necessidades e expectativas, são eles (SCHWARTSMAN, 2020):</p><p>- PIA (População em idade Ativa): São indivíduos que podem trabalhar e tem idade</p><p>adequada para o desempenho de atividades profissionais, em torno de 14 anos;</p><p>- PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios): Levantamento utilizado</p><p>para medir questões sociais, como procura por trabalho ou trabalhador em atividade</p><p>(gerador de renda familiar);</p><p>- PEA (População Economicamente Ativa): São os indivíduos que estão trabalhan-</p><p>do e promovendo renda, seja individual ou familiar.</p><p>Esses índices são responsáveis pela análise e definição dos gráficos de desempre-</p><p>go, pois medem os indivíduos que precisam trabalhar, aqueles que querem, assim definin-</p><p>do a quantidade de desocupados ou força de trabalho ativa. Se um país tem um elevado</p><p>índice de população economicamente ativa, significa que a expectativa de consumo é alta</p><p>e, consequentemente, o PIB será alavancado em proporções (SCHWARTSMAN, 2020). E</p><p>quando falamos em consumo, as expectativas de consumo fazem parte de uma progressão</p><p>econômica, mas essas têm mudado, de acordo com as novas tendências de consumo.</p><p>Como estudado em outras unidades, as características de consumo dizem muito</p><p>a respeito de um modelo social e cultural. O incentivo ao consumo é algo corriqueiro na</p><p>sociedade e influencia tanto a economia quanto a sociedade; porém, nos últimos anos, em</p><p>consequência de um cenário de déficit de renda, surge a pauta de educação financeira. Os</p><p>59UNIDADE 4 PERSPECTIVAS DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA E A PROPOSTA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL</p><p>indivíduos gastam mais que ganham e acabam ficando endividados, e quando o consumo</p><p>cai para regular essas situações negativas, se faz necessário deixar o consumo para de-</p><p>pois, até que o crédito seja restaurado.</p><p>Nessa questão acima, temos dois cenários, o consumo desenfreado e a poupança.</p><p>O Primeiro é o consumo exacerbado que rompe os padrões de renda x consumo, e entra</p><p>em um estado de regulação em que se deixa de consumir e se prioriza apenas o essen-</p><p>cial. No segundo, temos aqueles que almejam contenção para projetar consumos de maior</p><p>escala; nesse cenário, os indivíduos criam poupança, e durante esse processo deixam de</p><p>consumir (SCHWARTSMAN, 2020).</p><p>A poupança também pode ser considerada como investimento, e para que tais in-</p><p>vestimentos sejam feitos em um cenário que nem sempre retira parte dos ganhos é uma</p><p>opção, surge a renda informal ou variável. Este tipo de renda impacta diretamente no PIB,</p><p>pois nem sempre é possível mensurar corretamente, ocasionando uma área cinzenta nos</p><p>índices e suas formas de aplicação. E quando se fala em trabalho informal, a tendência</p><p>atual é que por mais que os indivíduos detenham de um trabalho formal, seja para suprir</p><p>dívidas ou gerar poupança, essa é uma opção cada dia mais presente nos cotidianos dos</p><p>trabalhadores. Possivelmente a sua!</p><p>60UNIDADE 4 PERSPECTIVAS DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA E A PROPOSTA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>O primeiro elemento aqui trabalho será o trabalho informal, que deve ser compreen-</p><p>dido</p><p>neste contexto como qualquer tipo de atividade remunerada que não está vinculada a</p><p>CLT (Código de Legislação Trabalhista). Desta forma, os profissionais liberais (conhecidos</p><p>também como autônomos), não têm direito a seguro desemprego, Fundo de Garantia por</p><p>tempo de serviço, afastamento remunerado em caso de acidentes e etc (XAVIER, 2014).</p><p>Este tipo de trabalho é crescente no Brasil, é muito comum em algumas regiões, em con-</p><p>sequência da renda extra, já apresentada.</p><p>Esta modalidade de trabalho tem prós e contras, mas a atualidade de sua discussão</p><p>diz respeito ao chamado atual projeto de política neoliberal de incentivo a do Estado de</p><p>Auto Providência. Isso significa que a previdência social, antes garantida em sua maioria</p><p>pelo Estado/Governo, se tornou responsabilidade do cidadão, que organiza seus ganhos</p><p>financeiros para criar uma reserva de longo prazo para a aposentadoria (XAVIER, 2014).</p><p>Outra área dessa ideologia prega a autonomia no trabalho e nos rendimentos, em que o</p><p>trabalhador não fica condicionado às políticas do Estado para sua aposentadoria e seguri-</p><p>dade social.</p><p>A dicotomia de princípios ultrapassa as questões de seguridade social, pois é</p><p>um elemento de longo prazo, como já dito. Os paradigmas atuais, a curto prazo, são a</p><p>autonomia do trabalhador, que produz e tem seu retorno de acordo com sua disponibilidade</p><p>de tempo e esforço, dado que com o advento da administração da produção os trabalhadores</p><p>assalariados são cobrados por altos índices de produtividade, que em muito ultrapassa seus</p><p>rendimentos, e com a autonomia o trabalhador teria o retorno financeiro correspondente ao</p><p>seu esforço (XAVIER, 2014).</p><p>O trabalho informal tem pontos positivos para a organização do trabalhador, todavia,</p><p>a informalidade não quer dizer ilegalidade, pois muitos trabalhadores não declaram seus</p><p>rendimentos para evitar tributações. Pensando nisso, surgiram diversas políticas de incenti-</p><p>UNIDADE 4 PERSPECTIVAS DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA E A PROPOSTA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>2 AS NOVAS FORMAS</p><p>DE TRABALHO E A</p><p>DIVERSIDADE</p><p>TÓPICO</p><p>61</p><p>vo como é o caso da MEI (Micro Empreendedor Individual) onde o trabalhador poderá emitir</p><p>nota fiscal sobre seu serviço e terá isenção de tributações conforme a margem proposta</p><p>(XAVIER, 2014). Para além disso, o empreendedorismo é estimulado no âmbito nacional,</p><p>e muitos trabalhadores têm dupla jornada, com trabalhos formais e informais, para comple-</p><p>mentar renda e almejar sua futura autonomia e aposentadoria.</p><p>A Diversidade e/ou Multiculturalismo são elementos que trabalham juntos, e</p><p>com a globalização se tornaram potencialidades organizacionais. Dito isso, é importante</p><p>salientar que o multiculturalismo é um panorama que surgiu com a mundialização, é</p><p>caracterizado pela incidência de mais de uma cultura e/ou elementos culturais em um único</p><p>país, ambiente ou organização (SOUZA, 2017). Essas características podem ser desde</p><p>hábitos até questões religiosas, sendo vistas pelas organizações como um potencial meio</p><p>de promover a inovação em seus sistemas e processos. Similar à questão da autonomia</p><p>no trabalho, é um traço cultural Norte-Americano que se torna presente em diversas outras</p><p>culturas, como a brasileira.</p><p>Os aspectos multiculturais estão presentes em todas as camadas da sociedade,</p><p>inclusive a produtiva, e os meios de produção são impactados com essas caracterizações</p><p>frequentes, trazendo à tona novos elementos e configurações econômicas. Inclusive, mui-</p><p>tos governos têm o hábito de lidar com problemáticas socioculturais com base no “padrão</p><p>multi”, assim conseguem trabalhar de forma imparcial e policêntrica as demandas (SOUZA,</p><p>2017). Como dito, as estratégias empresariais ou governamentais são baseadas em um</p><p>senso de diversidade, seja de indivíduos ou características culturais.</p><p>Nas questões de consumo, esse padrão de sociedade multicultural rompe com an-</p><p>tigos hábitos, e recria o padrão de consumo. Com a necessidade de satisfação de desejos</p><p>imediatistas, com a quebra de antigos hábitos sociais, criação de valorização dos indiví-</p><p>duos com base em seu consumo e uma forte influência publicitária. Desta forma, os hábitos</p><p>são construídos e reformulados constantemente por uma cultura de massa, ou se podemos</p><p>chamar de cultura de consumo, em que tudo se torna uma necessidade constante (SOUZA,</p><p>2017).</p><p>Um exemplo é o fato de que a demanda por profissionais com disponibilidade de</p><p>tempo se tornou crescente, e um novo cenário de trabalho surgiu com a reformulação das</p><p>relações trabalhistas. Assim, os serviços se tornam o setor econômico com maior projeção</p><p>no momento e que têm autonomia da indústria, pois o produto se torna o conhecimento do</p><p>profissional e o diferencial é a qualidade de disponibilidade de tempo.</p><p>62UNIDADE 4 PERSPECTIVAS DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA E A PROPOSTA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>A atuação profissional já foi discutida aqui, assim como a questão da diversidade e</p><p>multiculturalismo. Para iniciar, se faz necessário compreender o papel de duas novas ten-</p><p>dências de trabalho, que acabam por impactar a realidade cotidiana; a primeira, o trabalho</p><p>doméstico e as perspectivas da informalidade ou formalização dessas atividades. Por sua</p><p>vez, a segunda, o home office e/ou teletrabalho como um novo modelo de oferta de mão-</p><p>-de-obra.</p><p>As bibliografias da área de sociologia econômica perduraram por muito tempo no</p><p>estudo das relações de trabalho para com as grandes corporações, porém as atividades</p><p>trabalhistas realizadas no âmbito doméstico se fazem presente neste debate atual. A tam-</p><p>bém chamada de economia doméstica, pode ser estruturada em 4 (quatro) interpretações</p><p>básicas, duas baseadas no trabalho e duas nas questões financeiras. São elas (ZELIZER,</p><p>2010):</p><p>1) O trabalho doméstico, a sua informalidade e necessidade é um paradigma, pois por</p><p>muitos anos o trabalhador doméstico era plenamente informal e sua necessidade se</p><p>tornou crescente com tendência do mercado de aumento das cargas horárias e au-</p><p>sência dos indivíduos em casa. Trabalho concentrado em trabalhadores com baixo</p><p>índice de formação e com baixos salários, além de ausência se seguridade social;</p><p>2) O trabalho doméstico, grande parte deste regime de trabalho é concentrado nas mu-</p><p>lheres, por uma consequência histórica e cultural, deixaram a função “do lar”, para se</p><p>profissionalizar e seguir carreira no mercado. Todavia, o seu antigo posto patriarcal</p><p>deixado, foi preenchido por outras mulheres, que não conseguiram a mesma equi-</p><p>dade de acesso à educação e seguem vendendo sua mão-de-obra com os padrões</p><p>descritos acima;</p><p>3) O custo doméstico é uma forma de analisar o padrão de vida e consumo das pes-</p><p>UNIDADE 4 PERSPECTIVAS DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA E A PROPOSTA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>3 A PERSPECTIVAS</p><p>DE GÊNERO NA</p><p>ECONOMIA</p><p>TÓPICO</p><p>63</p><p>soas e o salário dos profissionais fazem</p><p>parte desta composição, e por isso, são tão</p><p>reduzidos, pois compactuam com os custos da casa;</p><p>4) O custo das atividades domésticas impacta diretamente na renda familiar, deve ser</p><p>rateado entre os integrantes e escalonado entre os itens de higiene, limpeza, ali-</p><p>mentação e na maioria dos casos como último salário do trabalhador doméstico. Por</p><p>isso, essa área tem uma instabilidade cada dia maior, trazendo o advento da venda</p><p>por diárias e as empresas de home care.</p><p>Como uma menção honrosa nessa explanação, os profissionais domésticos são</p><p>tidos como “membros da família”, para dessa forma, demonstrar uma gama de possíveis</p><p>direitos que não acontecem na prática. Além das atividades convencionais, ainda temos o</p><p>papel de cuidado com as crianças, que crescem com maior presença destes profissionais</p><p>do que dos pais ou demais integrantes familiares.</p><p>O tema ambiente doméstico recebeu uma nova face após a Pandemia de Covid-19,</p><p>que subjugou os antigos modelos de trabalho presencial e fizeram com que as empresas</p><p>se adaptassem às novas necessidades, como o distanciamento social compulsório. Os</p><p>antigos padrões de horário e a ruptura dos ambientes fizeram com que as relações de</p><p>trabalho assim como vários outros processos fossem mediados pela tecnologia. Assim, os</p><p>profissionais trabalham a partir daquela necessidade em casa, utilizando a internet para</p><p>acessar os sistemas da empresa e seguirem com suas atividades (DUTRA e GIRASOLE,</p><p>2020).</p><p>O Teletrabalho, também conhecido como Home Office, trouxe novas formas de</p><p>relacionamento trabalhista, como é o caso do cartão ponto substituído por aplicativos, a</p><p>produtividade dos indivíduos foram cada dia mais mensuradas através de dashboards, que</p><p>informaram através de infográficos o que o trabalhador oferecia como índice de produção</p><p>(DUTRA e GIRASOLE, 2020).</p><p>Com o fim da Pandemia, as empresas perceberam que essa metodologia de trabalho</p><p>se mostrou mais promissora, pois reduziu a demanda por espaço físico e gastos supérfluos,</p><p>já que os hábitos seriam mantidos pelos trabalhadores em suas casas. O que fez com que</p><p>o mercado de trabalho mantivesse a demanda por esse regime de trabalho para diversos</p><p>cargos, dado que desta forma, também poderiam captar profissionais com alta capacitação</p><p>em diversas localidades, sem que se torne obrigatória a presença física do mesmo (DUTRA</p><p>e GIRASOLE, 2020).</p><p>64UNIDADE 4 PERSPECTIVAS DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA E A PROPOSTA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>Aqui se inicia o último tópico de análise de nosso material, e será tratado em particular,</p><p>considerando sua relevância para a disciplina. Falar de sociologia econômica, sem falar de</p><p>um tema atemporal como desenvolvimento sustentável, é quase que indissociável, pois</p><p>não há um marco que limite quem surgiu primeiro a disciplina ou o tema.</p><p>No decorrer desse texto, falamos de dois pilares essenciais de análise, a economia e</p><p>a sociedade, para além desses, falamos sobre as formas de interação que são o trabalho,</p><p>produção e consumo. Estes pilares são representações das formas de construção da</p><p>disciplina, ou seja, cenário e atores em ação, e assim como todas as demais disciplinas</p><p>sofrem influências pontuais (por tema) e estruturais (por movimentos), e com a sociologia</p><p>econômica não foi diferente, com a chegada da proposta de desenvolvimento sustentável.</p><p>O desenvolvimento sustentável é um movimento econômico e social que surgiu</p><p>em meados dos anos 80, em consequência dos debates governamentais provenientes da</p><p>agenda internacional de meio ambiente. Antes disso, era conhecido apenas pelas propos-</p><p>tas de preservação ambiental, mas com o desenvolvimento das reuniões governamentais</p><p>foram incorporadas as pautas de desenvolvimento econômico e social, buscando uma coe-</p><p>xistência harmônica entre os dois fatores (RODRIGUES, 2012).</p><p>O início do processo desse movimento é marcado pelo ambientalismo, que se</p><p>destacava por um protecionismo ao meio ambiente, porém com o aprofundamento dos</p><p>diálogos sobre essa temática, foi perceptível que as causas eram baseadas no sistema</p><p>produtivo predatório (RODRIGUES, 2012). O trabalho enquanto elemento central da</p><p>sociologia econômica, também se torna propulsor dessa prática de mudança, que a</p><p>economia desempenha perante o meio ambiente, e o consumo se torna o ponto focal de</p><p>relacionamento entre a sociedade e o meio ambiente, mediado pelos meios produtivos.</p><p>Com a apresentação do conceito de desenvolvimento sustentável, ocorreu a con-</p><p>solidação de três atores centrais no processo de análise de influência da área, ou também</p><p>UNIDADE 4 PERSPECTIVAS DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA E A PROPOSTA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>4 A CONTRIBUIÇÃO DA</p><p>DISCIPLINA PARA</p><p>A CONSTRUÇÃO DO</p><p>DESENVOLVIMENTO</p><p>SUSTENTÁVEL</p><p>TÓPICO</p><p>65</p><p>chamados de pilares, são eles: Ambiental, Econômico e Social. Nesta sequência, determi-</p><p>nam como cada elemento foi incorporado à pauta de meio ambiente e assim se tornaram</p><p>um só tema, para que possa compreender melhor sobre a áreas de atuação de cada pilar,</p><p>como descrito por Rodrigues (2012):</p><p>- Pilar ambiental: Corresponde às demandas iniciais de preservação do meio</p><p>ambiente em detrimento da exploração desenfreada, que acarretaria na escassez de</p><p>recursos para as gerações futuras e na poluição do meio ambiente;</p><p>- Pilar Econômico: Está vinculado à economia e seus meios produtivos, e</p><p>corresponde ao mercado e indústria, que através de seus produtos e serviços suprem as</p><p>necessidades da população;</p><p>- Pilar Social: É baseado na caracterização dos hábitos (principalmente de consumo)</p><p>da sociedade, e que impulsionam a economia a explorar o meio ambiente para produzir itens</p><p>que supram tais demandas e assim mantenham um ciclo condicionado pelo consumismo.</p><p>O desenvolvimento sustentável é uma proposta de modelo econômico estruturado</p><p>em qualidade e não quantidade, é similar à lógica apresentada nas relações entre os</p><p>conceitos de PIB e IDH, enquanto o atual modelo econômico é pautado em proporções, o</p><p>desenvolvimento sustentável é condicionado por eficiência. Considerando este fator causal,</p><p>surge um novo elemento que impacta os resultados propostos, “O Tecnológico”, pois a</p><p>tecnologia seria a responsável pela redução dos impactos no meio ambiente, assim como</p><p>aumentar e eficiência do uso de recursos naturais (RODRIGUES, 2012).</p><p>Mas creio que deve ter pensado: “Seria?”. É colocado no futuro, pois ainda existem</p><p>vários formatos produtivos que ainda carecem de tecnologia limpa, que realmente reduz</p><p>impacto ambiental ao mesmo tempo que não influencia na qualidade de vida da população. A</p><p>ausência de tecnologia de produção para determinados fins, deixa uma indústria em estágio</p><p>estacionário e a mercê do surgimento de métodos que correspondam às necessidades do</p><p>setor/atividade econômica (RODRIGUES, 2012).</p><p>Mas considerando o crescimento econômico como uma forma correta do padrão social,</p><p>se a economia cresce a sociedade se torna mais includente com isso? Tal questionamento é</p><p>uma incógnita, pois a progressão econômica não equivale a industrialização e nem a melhoria</p><p>na qualidade de vida. A proposta do modelo econômico incentivado pelo desenvolvimento</p><p>sustentável é o projeto social de igualdade, equidade e bem-estar (RODRIGUES, 2012).</p><p>Essa temática é muito pertinente para a disciplina, pois fala de restrição de recursos</p><p>e distribuição para com a população, estes recursos</p><p>. . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>Plano de Estudos</p><p>● As Contribuições de Karl Marx para a Sociologia;</p><p>● As Contribuições de Émile Durkheim para a Sociologia;</p><p>● As Contribuições de Max Weber para a Sociologia;</p><p>● As Contribuições da Sociologia para a Economia.</p><p>Objetivos da Aprendizagem</p><p>● Conceituar e contextualizar as Ciências Sociais, em especial a</p><p>Sociologia;</p><p>● Compreender os tipos de objetos de estudo da sociologia de</p><p>acordo com os autores;</p><p>● Estabelecer a importância dos significados sociais estabelecidos</p><p>nos ritos e objetos.</p><p>1UNIDADEUNIDADE</p><p>AUTORES CLÁSSICOS AUTORES CLÁSSICOS</p><p>DA SOCIOLOGIA: DA SOCIOLOGIA:</p><p>O CAMINHO ATÉ A O CAMINHO ATÉ A</p><p>SOCIOLOGIA ECONÔMICASOCIOLOGIA ECONÔMICA</p><p>Professor Mestre Wilian D’Agostini Ayres</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Olá, aluno (a)! Seja bem-vindo (a) a nossa primeira unidade da disciplina de Sociologia</p><p>Econômica. Neste momento inicial, conheceremos os principais autores da área e seus</p><p>objetos de estudos, assim como os conceitos criados por cada um deles, para explicar cada</p><p>uma das ações realizadas pelos indivíduos em um contexto social.</p><p>A área da sociologia dispõe de uma série de autores renomados, todavia para o</p><p>nosso material poder ter um desenvolvimento mais profícuo, foram selecionados apenas os</p><p>autores clássicos, que acabam por impactar nesta área tão específica que é a Sociologia</p><p>Econômica. Três foram os autores escolhidos para esta introdução, são eles: Karl Marx,</p><p>Émile Durkheim e Max Weber.</p><p>O primeiro autor que será Karl Marx, este é conhecido pelos conceitos de mais-valia,</p><p>lutas de classes, materialismo, sistema capitalista e meios de produção. Mas principalmente,</p><p>foi aquele que nos apresentou a análise social baseada na luta de classes, o primeiro insight</p><p>que viria a dar início a análise social econômica. A teoria de Marx ficou conhecida como</p><p>Marxismo, e até os dias atuais é conhecida por nos apresentar a proposta do comunismo.</p><p>Nosso segundo autor é Émile Durkheim, conhecido principalmente pelo conceito de</p><p>Fato Social. Mas além deste, também nos apresentou a coesão social, anomia, consciência</p><p>coletiva, solidariedade mecânica e orgânica. Conhecido por suas análises baseadas no</p><p>senso causal entre economia e sociedade, através dos meios de consumo e do simbolismo</p><p>atribuído ao processo de consumo na sociedade.</p><p>O nosso terceiro autor é Max Weber, que foi quem concebeu o conceito de Ação</p><p>Social. Além disso, também foram importantíssimos os conceitos de Relação social,</p><p>dominação e racionalização. Weber ficou amplamente conhecido por trabalhar em suas</p><p>obras as questões relacionadas ao poder, e como iremos compreender neste material, o</p><p>poder faz parte da relação causal entre sociologia e a economia, os pilares fundadores</p><p>dessa disciplina.</p><p>Esses três autores por si só concentram as bases fundamentais para compreender-</p><p>mos o papel da sociologia como fonte de alimentação da economia.</p><p>UNIDADE 1 AUTORES CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA: O CAMINHO ATÉ A SOCIOLOGIA ECONÔMICA 7</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>Karl Marx (1818-1883), autor alemão, com formação nas áreas de Direito e Filosofia,</p><p>conhecido por suas concepções sobre classes sociais, sendo elas a classe operária e</p><p>burguesa, além de desenvolver obras com análises sobre o capitalismo e socialismo, como</p><p>foi o caso da obra “O Capital”. É comum encontrarmos a menção de seu nome vinculado</p><p>diretamente ao também autor Friedrich Engels, com o qual estudou e desenvolveu grande</p><p>parte dos seus materiais (DURAND, 2017).</p><p>Como o autor se trata de um representante da militância social, estabelece seu</p><p>discurso baseado em uma lógica de disputa de classes, como já dito, de um lado o operariado</p><p>e do outro a burguesia. Essa ambiguidade do modelo econômico já era exposta em 1844,</p><p>com a obra “A situação da classe trabalhadora na Inglaterra”, em que Marx apresenta sua</p><p>análise sobre o cotidiano do operariado das fábricas de Manchester, em uma época no qual</p><p>a revolução industrial enfim estava consolidada. Nesse contexto, surgiu um dos principais</p><p>termos apresentados por Marx, o conceito de mais-valia, que pode ser descrito da seguinte</p><p>forma:</p><p>Uma vez sabendo que é o trabalho assalariado dos homens que proporciona lucros</p><p>ao capitalista, como demonstrá-lo? Ou seja, como mostrar o processo pelo qual um</p><p>valor A (antes da jornada de trabalho) dá lugar a um valor A (A maior que A) depois</p><p>da jornada do trabalho? Para fazê-lo, Marx propõe-se a expor primeiro o que é mer-</p><p>cadoria, sendo o capitalismo um “insumo acúmulo da mercadoria” (DURAND, 2017,</p><p>p. 18).</p><p>Com essa lógica apresentada, podemos compreender que a mercadoria supracitada</p><p>se trata do trabalho do operariado para proporcionar “o valor”, ou seja, capital aos burgue-</p><p>ses, que aqui são chamados pelo autor de capitalistas. Ou seja, o trabalhador oferece seu</p><p>tempo e mão-de-obra em troca de um determinado valor, chamado de salário. Todavia,</p><p>esse valor é muito maior para os detentores das forças de trabalho que subtraem apenas</p><p>com percentual do investimento agregado no processo produtivo, em uma analogia simplis-</p><p>ta, de todo o montante ganho pela produção, apenas uma parte era repassada através do</p><p>salário, o restante pertence ao empresário.</p><p>UNIDADE 1 AUTORES CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA: O CAMINHO ATÉ A SOCIOLOGIA ECONÔMICA</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>1AS CONTRIBUIÇÕES DE</p><p>KARL MARX PARA A</p><p>SOCIOLOGIA</p><p>TÓPICO</p><p>8</p><p>Essa relação de dependência ou troca de interesses entre operários e burgueses era</p><p>condicionada pelo valor, dessa forma é uma codependente, em que a força de trabalho se</p><p>torna mercadoria, baseada em dois pilares a capacidade de física e intelectual do trabalha-</p><p>dor, e que é convertida em valor através do salário (DURAND, 2017). Além disso, no decor-</p><p>rer da análise de Marx, há sempre um questionamento sobre o motivo da classe operária</p><p>se submeter a tal exploração, e como forma de explicar tal questão, o autor apresenta os</p><p>conceitos de Infraestrutura e Superestrutura, uma é condicionada à disputa entre classes a</p><p>outra considera os demais fatores sociais, como explica:</p><p>O conjunto dessas relações de produção constitui a estrutura econômica da</p><p>sociedade, a base concreta sobre a qual se erige uma superestrutura jurídica e</p><p>política e à qual correspondem formas de consciências sociais determinadas. O</p><p>modo de produção da vida material condiciona o processo de vida social, política</p><p>e intelectual em geral [...] A mudança na base econômica altera mais ou menos</p><p>rapidamente toda e enorme superestrutura. Ao considerar essas alterações, é</p><p>preciso sempre fazer a distinção entre a alteração material- que se pode constatar</p><p>de maneira cientificamente rigorosa - das condições de produção econômica e as</p><p>formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas (MARX apud DURAND,</p><p>2017, p. 41).</p><p>Essa relação determina que a mais-valia gera valor através da força de trabalho,</p><p>o excedente dessa quantidade é condicionado por fatores propriamente culturais. Agora,</p><p>é pertinente enfatizar que a sociologia (tema central deste material) é uma das ciências</p><p>sociais, sendo as outras a Antropologia e a Ciência Política, ambas serão mencionadas</p><p>inúmeras vezes por sempre estarem impactando os aspectos sociais do objeto de análise.</p><p>Por sua vez, a Economia é uma área da ciência independente e tem sua relação com a</p><p>sociologia no tangente ao trabalho,</p><p>são classificados como renováveis</p><p>e não-renováveis, pois os primeiros podem ser gerados com base na administração ade-</p><p>quada da produção e maximização dos meios produtivos, já os segundos estão fadados ao</p><p>fim, e muitos produtos estão dependentes das matérias-primas provenientes deles, como é</p><p>o caso do petróleo (RODRIGUES, 2012).</p><p>O maior paradigma da crise ambiental é a energia, dado que as maiores fontes de</p><p>energia são combustíveis e consequentemente recursos não-renováveis. Mas, além disso,</p><p>a poluição gerada por estes tipos de recursos acabam acarretando no bem-estar da popu-</p><p>66UNIDADE 4 PERSPECTIVAS DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA E A PROPOSTA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL</p><p>lação e acelerando o efeito estufa, que gera catástrofes naturais, modificando o padrão de</p><p>vida da sociedade (RODRIGUES, 2012).</p><p>Os sistemas produtivos são baseados no consumo, e em uma sociedade</p><p>consumista, a tendência é que o meio ambiente continue sendo explorado de forma</p><p>desenfreada para suprir tais características. E com o advento da globalização, o consumo</p><p>se tornou desproporcional, rompendo com barreiras geográficas e trazendo novos padrões</p><p>de distribuição, tornando a distribuição e acessibilidade desigual, e tudo fica restrito ao</p><p>poder aquisitivo do indivíduo (SOUZA, 2017).</p><p>A chamada cultura do consumo é um ciclo interminável, na qual a publicidade e</p><p>marketing propagam uma lógica de valor para a sociedade que compra para ganhar re-</p><p>presentatividade e status social, como trabalhamos na primeira unidade. Todavia, como</p><p>a expansão dos mercados a competitividade entre as grandes corporações aumentou e o</p><p>incentivo ao consumo é crescente, ao contrário da disponibilidade de emprego, que está</p><p>em queda, e sem renda não há consumo (SOUZA, 2017).</p><p>As formas de consumo são mutáveis e fluídas, é ousado dizer que a cultura do con-</p><p>sumo é permanente, porém não é precipitado afirmar que as suas formas são voláteis e são</p><p>baseadas no senso de valor da sociedade. Como dito, inúmeras vezes e de vários formatos</p><p>diferentes no decorrer deste material, a relação dos comportamentos sociais e econômicos</p><p>são inúmeras; além disso, devem ser analisadas de acordo com o momento histórico e polí-</p><p>tico. Por exemplo, em decorrência da tendência instaurada pelo desenvolvimento sustentá-</p><p>vel de controlar o consumismo e explorar novas formas, surgiu a “Economia Colaborativa”.</p><p>Economia Colaborativa é o termo utilizado para distinguir um formato econômico</p><p>baseado no compartilhamento de itens, principalmente produtos. Nele, os consumidores</p><p>não precisam adquirir um produto de médio ou alto valor para suprir uma demanda, como</p><p>um carro, são fretados os benefícios de se alugar o item por tempo determinado, sem ter</p><p>um ônus elevado e solucionando sua necessidade (MARGARIDO, 2022). Esse formato</p><p>também é difundido como consequência da autonomia de realizar um serviço com acesso</p><p>a tutoriais, se tornando necessário apenas as ferramentas, o chamado popularmente de</p><p>“faça você mesmo”.</p><p>Esse formato econômico é baseado em uma série de princípios lógicos e funcio-</p><p>nais, e impulsionado pelos anseios do desenvolvimento sustentável que busca reduzir o</p><p>consumo exagerado e consequentemente o desperdício. São características da economia</p><p>colaborativa (MARGARIDO, 2022):</p><p>● Acessibilidade a produtos e serviços;</p><p>● Promover um padrão de consumo mais includente e sustentável;</p><p>● Autonomia do consumidor, frente ao mercado de serviços;</p><p>● Otimização de uso de produtos, reduzindo o descarte ou ociosidade;</p><p>● Estímulo ao aprendizado e ao uso de recursos conjuntos;</p><p>● Cooperação social e valores compartilhados;</p><p>● Favorecimento da inovação por meio do compartilhamento;</p><p>● Estímulo para criação de produtos que sejam intuitivos e dinâmicos, assim como</p><p>reutilizáveis.</p><p>67UNIDADE 4 PERSPECTIVAS DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA E A PROPOSTA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL</p><p>Desta forma, esse padrão de consumo inovador é baseado em um senso de consumo</p><p>atualizado, que reduz custos financeiros, evita exploração de matérias-primas e promove</p><p>um novo padrão de comportamento social condicionado pelo consumo. Teve seu princípio</p><p>fundamental em um movimento social involuntário que rompe com os padrões clássicos</p><p>de interação econômica, a “contracultura”, que nada mais é do que um modelo de troca</p><p>realizado de forma direta, entre pessoas, sem a necessidade direta de uma organização.</p><p>Comumente estas interações econômicas necessitam apenas de um método tecnológico</p><p>que as una, como é o caso dos aplicativos, cada dia mais tecnológicos (MARGARIDO,</p><p>2022).</p><p>Inovar é o princípio e o fim do formato de economia compartilhada, ou seja, a forma</p><p>em si é inovadora ao mesmo tempo que estimula que as inovações ocorram constantemente.</p><p>Um outro exemplo, que demonstra isso é o coworking, formato estrutural de negócios</p><p>que explora a interação social como meio de atingir inovações, promovendo networking</p><p>e compartilhando experiências (MARGARIDO, 2022). Este exemplo é basicamente um</p><p>espaço físico planejado, como um escritório, que possibilita vários profissionais utilizarem</p><p>essa estrutura para trabalharem, porém, não restringem acesso a uma única empresa, e</p><p>sim é um local acessível para representantes de diversas empresas que se beneficiam do</p><p>que lá é oferecido, ao mesmo tempo que buscam networking e fontes de negócios.</p><p>Outra forma de expressão econômica que surge como consequência de ambientes que</p><p>promovam a inovação é a economia criativa, que busca novas formas e fontes de negócios</p><p>com base em necessidades específicas. Como consequência direta da necessidade de</p><p>atualização das demandas sociais e formas de negócios, as formas econômicas e sociais</p><p>são cada dia mais fluidas, ou seja, mudam constantemente, trazendo uma ênfase para a</p><p>atuação da sociologia econômica, que tem por missão estar analisando constantemente</p><p>essas mudanças.</p><p>A sociedade do consumo não consome mais sem significado e busca facilidade em</p><p>todas as suas buscas, desta forma, a tecnologia promove tais comportamentos, ao mesmo</p><p>tempo que é demandada por soluções frequentes. A autonomia de consumo é influenciada</p><p>pela nova visão de mercado e sociedade, consequência das propostas de desenvolvimento</p><p>sustentável, baseada na responsabilidade social, que atribui uma “responsabilidade” indi-</p><p>vidual para pessoas e empresas, de comportamentos que as responsabiliza por seu papel</p><p>econômico e social.</p><p>68UNIDADE 4 PERSPECTIVAS DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA E A PROPOSTA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL</p><p>69UNIDADE 4 PERSPECTIVAS DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA E A PROPOSTA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL</p><p>Consumo colaborativo e economia compartilhada, por exemplo, referem-se, basicamente, à mesma coisa,</p><p>ao mesmo tempo que dão destaque a componentes ligeiramente diferentes da mesma questão.</p><p>Fonte: Margarido (2022).</p><p>O crowdsourcing consiste em uma das formas de definir o que é a economia colaborativa, pois sinaliza</p><p>uma maneira de gerir negócios e gerar valor que, de certo modo, envolve alguma espécie de público em</p><p>seu processo. [...] É o ato de delegar uma função, um processo ou a gestão de um recurso a um grupo</p><p>de agentes externos, frequentemente efetuado por meio de uma chamada aberta ou relativamente não</p><p>discriminatória.</p><p>Fonte: Margarido (2022).</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Olá, aluno (a)! Enfim chegamos ao fim de mais uma unidade. No decorrer desta</p><p>unidade, vimos os termos e temas mais atuais que são explorados pela sociologia</p><p>econômica, como é o caso do PIB e IDH, demonstrando assim a necessidade de indicadores</p><p>(metodologia clássica da área econômica) para mensurar cenários e projetar ações futuras</p><p>para determinadas necessidades, com foco no bem-estar social (foco atual da perspectiva</p><p>sociológica).</p><p>Para além dos indicadores, foram postos outros índices que demonstram que a</p><p>sociedade é indissociável da economia, por fatores de necessidades e correspondência</p><p>de meios, como trabalho para promover renda, e capital para compra de bens e serviços,</p><p>que vão suprir tais necessidades. Por sua vez, foi trabalhado alguns aspectos</p><p>do direito</p><p>como um dos mediadores das relações de trabalho, cumprindo um papel fundamental de</p><p>proteger os trabalhadores dos abusos dos meios produtivos através de imposições de</p><p>condutas éticas e fiscais.</p><p>Concluímos que o multiculturalismo é uma fonte de inovação a ser explorada pelas</p><p>organizações, assim como forma de incentivar as mudanças sociais consequentes da</p><p>globalização. Assim, como necessidade de promoção da diversidade das organizações para</p><p>promover a sustentabilidade dos negócios, que são uma consequência direta de mudanças</p><p>sociais que já estavam em curso, como o caso do papel das mulheres na sociedade, que ao</p><p>deixarem o lar abriram espaço para novas relações de trabalho, em ambiente doméstico,</p><p>também chamado de “care”.</p><p>As mudanças domésticas, foram além das perspectivas profissionais das mulheres,</p><p>nos dias atuais surge o padrão “home office”, que rompe com as limitações de local do</p><p>trabalho e/ou residência e funde ambas as finalidades, com o auxílio da tecnologia que se</p><p>torna protagonista nas novas tendências de trabalho.</p><p>Por fim, conhecemos o desenvolvimento sustentável, nova proposta econômica e</p><p>social para hoje e voltada ao amanhã, que busca a manutenção dos processos produtivos</p><p>ao mesmo tempo que garante melhor qualidade de vida para a sociedade. Com aspectos</p><p>éticos e morais, para além da lucratividade e benefício restrito aos detentores dos meios de</p><p>produção. Fecha-se com a economia colaborativa, uma tendência atual, que surge como</p><p>forma de reduzir o consumismo e promover acessibilidade aos consumidores, uma das</p><p>primeiras formas mercadológicas que surgiram dado a proposta sustentável, de muitas que</p><p>serão trabalhadas pela sociologia econômica.</p><p>UNIDADE 4 PERSPECTIVAS DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA E A PROPOSTA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 70</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD),</p><p>Rio+20, propôs-se a discutir o tema da economia verde no contexto da promoção do</p><p>desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza. A realização da conferência</p><p>suscitou inúmeras iniciativas nacionais e internacionais que buscavam debater não apenas</p><p>o que seria uma economia verde, mas, sobretudo, que impacto ela poderia provocar sobre</p><p>as rotas de desenvolvimento de todos os povos.</p><p>Este livro (abaixo) reúne reflexões sobre o tema “economia verde”, desde seus</p><p>aspectos conceituais e instrumentais até os relacionados aos desafios globais e às relações</p><p>internacionais. Com tantas questões em jogo, a economia verde é ainda uma possibilidade</p><p>em aberto, a ser discutida e desenhada segundo os interesses dos principais atores. Não</p><p>se trata, portanto, de apresentar conclusões ou orientações definitivas, mas trazer pontos</p><p>centrais a serem considerados nas escolhas que serão feitas nos próximos passos.</p><p>Fonte: CGEE (CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS). Economia verde para o desen-</p><p>volvimento sustentável. Brasília, DF: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 2012. 228 p. Disponível</p><p>em: https://www.cgee.org.br/documents/10195/734063/Livro_Economia_Verde_web_25102013_9537.pdf/</p><p>d42012b6-a5d4-488d-8bc0-680662c47d89?version=1.4 Acesso em: 21 ago. 2022.</p><p>UNIDADE 4 PERSPECTIVAS DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA E A PROPOSTA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 71</p><p>https://www.cgee.org.br/documents/10195/734063/Livro_Economia_Verde_web_25102013_9537.pdf/d42012b6-a5d4-488d-8bc0-680662c47d89?version=1.4</p><p>https://www.cgee.org.br/documents/10195/734063/Livro_Economia_Verde_web_25102013_9537.pdf/d42012b6-a5d4-488d-8bc0-680662c47d89?version=1.4</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>LIVRO</p><p>Título: Desenvolvimento Sustentável: Dimensões e Desafios</p><p>Autor: Ana Luiza de Brasil Camargo.</p><p>Editora: Papirus Editora.</p><p>Sinopse: Em nenhuma fase anterior da história, a humanidade</p><p>teve tanto poder de interferir nos ciclos da natureza e de</p><p>alterar ecossistemas vitais quanto o revelado pela sociedade</p><p>contemporânea. Os problemas ambientais aumentaram</p><p>dramaticamente nas últimas décadas, possuem escopo global</p><p>e estão intimamente relacionados com o comportamento</p><p>humano. Contudo, constituem apenas uma das várias facetas</p><p>de uma crise maior e mais complexa do momento em que</p><p>vivemos. Neste panorama, o desenvolvimento sustentável</p><p>aparece como proposta de um novo modelo que permite</p><p>harmonizar a relação do homem com a natureza e as relações</p><p>dos homens entre si.</p><p>Conforme comenta a professora Sandra Sulamita N. Baasch</p><p>no prefácio, a autora "queria produzir algo para que os alunos,</p><p>ao entrarem na área de Gestão da Qualidade Ambiental,</p><p>pudessem ler e iniciar seus processos de reflexão sobre</p><p>sustentabilidade e desenvolvimento sustentável". Expressões</p><p>do cotidiano, amplamente utilizadas tanto em discursos como</p><p>em aulas, mas fragilmente incorporadas em nossas vidas.</p><p>Estamos vivenciando um momento de transição para um novo</p><p>modelo que ainda não experimentamos, mas que nos inspira a</p><p>sensação de integridade e unidade. É "a partir desse sopro do</p><p>novo que este trabalho acontece".</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>Título: Uma Verdade Inconveniente</p><p>Ano: 2006.</p><p>Sinopse: O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore</p><p>apresenta uma análise da questão do aquecimento global,</p><p>mostrando os mitos e equívocos existentes em torno do tema</p><p>e também possíveis saídas para que o planeta não passe por</p><p>uma catástrofe climática nas próximas décadas.</p><p>Link do vídeo: https://geoverdade.com/2017/12/15/video-u-</p><p>ma-verdade-inconveniente-legendado/</p><p>UNIDADE 4 PERSPECTIVAS DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA E A PROPOSTA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 72</p><p>https://geoverdade.com/2017/12/15/video-uma-verdade-inconveniente-legendado/</p><p>https://geoverdade.com/2017/12/15/video-uma-verdade-inconveniente-legendado/</p><p>https://geoverdade.com/2017/12/15/video-uma-verdade-inconveniente-legendado/</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>COLLIOT-THÉLÈNE, C, Sociologia de Max Weber. 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Acesso em: 20 set. 2022.</p><p>Editora Intersaberes, 2012 (biblioteca virtual).</p><p>FLIGSTEIN, N.; DAUTER, L. A Sociologia dos Mercados. Caderno CRH, 25(66). 2013.</p><p>Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/article/view/19426. Acesso em: 20</p><p>ago. 2022.</p><p>INÁCIO, Iago Vinicius. Sociologia, modernidade e individualismo em Georg Simmel –</p><p>Um estudo a partir da Filosofia do Dinheiro. Revista Textos Graduados, 2017. Disponível</p><p>em: https://periodicos.unb.br/index.php/tg/article/download/16380/14668/41066. Acesso</p><p>em: 12 jul. 2022.</p><p>LIMA, R. R. A.; SILVA, A. C. S. R. Introdução à Sociologia de Max Weber. Curitiba:</p><p>MARGARIDO, C. Economia Colaborativa: por dentro de uma transformação em curso</p><p>no mundo dos negócios [livro eletrônico]. Curitiba: InterSaberes, 2022.</p><p>73</p><p>https://www.google.com/url?q=https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/22102/pdf/0?code%3DajPfUoPJxhizuaaa4Q31%2BeRy/6Q4mn3e0pHfyJecp5YaUtVOkWSpY2jMwUi0ZFJbDQR1LBNs4gcScBHo4BCtTQ%3D%3D&sa=D&source=docs&ust=1665412519927444&usg=AOvVaw2_S2b8TlXU69DAzDlC1en9</p><p>https://www.google.com/url?q=https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/22102/pdf/0?code%3DajPfUoPJxhizuaaa4Q31%2BeRy/6Q4mn3e0pHfyJecp5YaUtVOkWSpY2jMwUi0ZFJbDQR1LBNs4gcScBHo4BCtTQ%3D%3D&sa=D&source=docs&ust=1665412519927444&usg=AOvVaw2_S2b8TlXU69DAzDlC1en9</p><p>https://www.google.com/url?q=https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/22102/pdf/0?code%3DajPfUoPJxhizuaaa4Q31%2BeRy/6Q4mn3e0pHfyJecp5YaUtVOkWSpY2jMwUi0ZFJbDQR1LBNs4gcScBHo4BCtTQ%3D%3D&sa=D&source=docs&ust=1665412519927444&usg=AOvVaw2_S2b8TlXU69DAzDlC1en9</p><p>https://www.google.com/url?q=https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/22102/pdf/0?code%3DajPfUoPJxhizuaaa4Q31%2BeRy/6Q4mn3e0pHfyJecp5YaUtVOkWSpY2jMwUi0ZFJbDQR1LBNs4gcScBHo4BCtTQ%3D%3D&sa=D&source=docs&ust=1665412519927444&usg=AOvVaw2_S2b8TlXU69DAzDlC1en9</p><p>https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/article/view/19426</p><p>https://periodicos.unb.br/index.php/tg/article/download/16380/14668/41066</p><p>MARQUES, E.; PEIXOTO, J. A Nova Sociologia Econômica: Uma Antologia. 1. ed. Oei-</p><p>ras, Portugal: Celta Editora, 2003.</p><p>MARTINS, J. R. Introdução à Sociologia do Trabalho. Curitiba: Intersaberes, 2017.</p><p>Disponível em: https://www.google.com/url?q=https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/</p><p>Publicacao/22102/pdf/0?code%3Dj7H6wHXxPKh2gwnTGNmWBGJ/2iIeh/J5xZ0jM3FS-</p><p>VUUc2VS8wlzWTxCcu1yIqNsm1UDiaxngubKlcbK%2BMtM1CQ%3D%3D&sa=D&sour-</p><p>ce=docs&ust=1667822799110658&usg=AOvVaw0ETaj5dt7T1spLm0Fb0rMK. Acesso em:</p><p>07 nov. 2022.</p><p>RAUD-MATTEDI, Cécile. A Construção Social do Mercado em Durkheim e Weber. Re-</p><p>vista Brasileira de Ciências Sociais, 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbcsoc/a/</p><p>ywLXNRHwynqrzdP9qNL66kn/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 12 jul. 2022.</p><p>RODRIGUES, I. N. Desenvolvimento Sustentável. In: RECH, A. U; BUTZKE, A.; GULLO, M.</p><p>C. Direito, economia e meio ambiente [recurso eletrônico]: olhares de diversos pesquisa-</p><p>dores. 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José</p><p>Benevides Queiroz) (biblioteca virtual).</p><p>74</p><p>https://www.google.com/url?q=https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/22102/pdf/0?code%3Dj7H6wHXxPKh2gwnTGNmWBGJ/2iIeh/J5xZ0jM3FSVUUc2VS8wlzWTxCcu1yIqNsm1UDiaxngubKlcbK%2BMtM1CQ%3D%3D&sa=D&source=docs&ust=1667822799110658&usg=AOvVaw0ETaj5dt7T1spLm0Fb0rMK</p><p>https://www.google.com/url?q=https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/22102/pdf/0?code%3Dj7H6wHXxPKh2gwnTGNmWBGJ/2iIeh/J5xZ0jM3FSVUUc2VS8wlzWTxCcu1yIqNsm1UDiaxngubKlcbK%2BMtM1CQ%3D%3D&sa=D&source=docs&ust=1667822799110658&usg=AOvVaw0ETaj5dt7T1spLm0Fb0rMK</p><p>https://www.google.com/url?q=https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/22102/pdf/0?code%3Dj7H6wHXxPKh2gwnTGNmWBGJ/2iIeh/J5xZ0jM3FSVUUc2VS8wlzWTxCcu1yIqNsm1UDiaxngubKlcbK%2BMtM1CQ%3D%3D&sa=D&source=docs&ust=1667822799110658&usg=AOvVaw0ETaj5dt7T1spLm0Fb0rMK</p><p>https://www.google.com/url?q=https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/22102/pdf/0?code%3Dj7H6wHXxPKh2gwnTGNmWBGJ/2iIeh/J5xZ0jM3FSVUUc2VS8wlzWTxCcu1yIqNsm1UDiaxngubKlcbK%2BMtM1CQ%3D%3D&sa=D&source=docs&ust=1667822799110658&usg=AOvVaw0ETaj5dt7T1spLm0Fb0rMK</p><p>https://www.scielo.br/j/rbcsoc/a/ywLXNRHwynqrzdP9qNL66kn/?format=pdf&lang=pt</p><p>https://www.scielo.br/j/rbcsoc/a/ywLXNRHwynqrzdP9qNL66kn/?format=pdf&lang=pt</p><p>https://www.google.com/url?q=https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/184001/pdf/0?code%3DNwrO9s9M7Q7RclNwkCAAr55sY1lxTGsyoeGsBK4Pkz6RKIIDMX5lfVuBMSuYpvUOTImzI2vIYOwxIAOv9SJirQ%3D%3D&sa=D&source=docs&ust=1665412519931813&usg=AOvVaw0ApbhmaQPspNnxa89OIw8A</p><p>https://www.google.com/url?q=https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/184001/pdf/0?code%3DNwrO9s9M7Q7RclNwkCAAr55sY1lxTGsyoeGsBK4Pkz6RKIIDMX5lfVuBMSuYpvUOTImzI2vIYOwxIAOv9SJirQ%3D%3D&sa=D&source=docs&ust=1665412519931813&usg=AOvVaw0ApbhmaQPspNnxa89OIw8A</p><p>https://www.google.com/url?q=https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/184001/pdf/0?code%3DNwrO9s9M7Q7RclNwkCAAr55sY1lxTGsyoeGsBK4Pkz6RKIIDMX5lfVuBMSuYpvUOTImzI2vIYOwxIAOv9SJirQ%3D%3D&sa=D&source=docs&ust=1665412519931813&usg=AOvVaw0ApbhmaQPspNnxa89OIw8A</p><p>https://www.google.com/url?q=https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/184001/pdf/0?code%3DNwrO9s9M7Q7RclNwkCAAr55sY1lxTGsyoeGsBK4Pkz6RKIIDMX5lfVuBMSuYpvUOTImzI2vIYOwxIAOv9SJirQ%3D%3D&sa=D&source=docs&ust=1665412519931813&usg=AOvVaw0ApbhmaQPspNnxa89OIw8A</p><p>SWEDBERG, Richard. Sociologia econômica: hoje e amanhã. Balanços, 2004. Dispo-</p><p>nível em: https://www.scielo.br/j/ts/a/dvSxLM8hKX5dKCQzK6xtQbq/?format=pdf&lang=pt.</p><p>Acesso em: 12 jul. 2022.</p><p>SWEDBERG, Richard. Sociologia econômica: hoje e amanhã. Balanços, 2004. Dispo-</p><p>nível em: https://www.scielo.br/j/ts/a/dvSxLM8hKX5dKCQzK6xtQbq/?format=pdf&lang=pt.</p><p>Acesso em: 12 jul. 2022.</p><p>XAVIER, D. C. R. O Mundo Do Trabalho e Aspectos do Trabalho Informal na Atualida-</p><p>de. Universidade Federal Do Paraná Setor Litoral; Matinhos 2014. Disponível em: https://</p><p>acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/39919/R%20-%20E%20-%20DAYANA%20</p><p>CAROLINE%20RODRIGUES%20MACEDO%20XAVIER.pdf?sequence=1&isAllowed=y.</p><p>Acesso em: 20 set. 2022.</p><p>ZELIZER, V. A economia do care. Revista Civitas, v. 10 n. 3 (2010): Etnografias de práticas</p><p>econômicas: reflexões sobre fronteiras sociais. Disponível em: https://revistaseletronicas.</p><p>pucrs.br/ojs/index.php/civitas/article/view/8337/5967. Acesso em: 22 ago. 2022.</p><p>75</p><p>https://www.scielo.br/j/ts/a/dvSxLM8hKX5dKCQzK6xtQbq/?format=pdf&lang=pt</p><p>https://www.scielo.br/j/ts/a/dvSxLM8hKX5dKCQzK6xtQbq/?format=pdf&lang=pt</p><p>https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/39919/R - E - DAYANA CAROLINE RODRIGUES MACEDO XAVIER.pdf?sequence=1&isAllowed=y</p><p>https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/39919/R - E - DAYANA CAROLINE RODRIGUES MACEDO XAVIER.pdf?sequence=1&isAllowed=y</p><p>https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/39919/R - E - DAYANA CAROLINE RODRIGUES MACEDO XAVIER.pdf?sequence=1&isAllowed=y</p><p>https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/civitas/article/view/8337/5967</p><p>https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/civitas/article/view/8337/5967</p><p>CONCLUSÃO GERAL</p><p>Prezado (a) aluno (a),</p><p>Neste material, almejei trazer uma análise histórica e documental de diversos</p><p>elementos que compõem a sociologia econômica, também busquei focar nas relações</p><p>estabelecidas entre ambas as ciências e não utilizar de um discurso fruto de uma única.</p><p>Por mais que em inúmeros momentos foi necessário focar em uma fonte de análise,</p><p>compreende-se que é uma disciplina concebida recentemente e ainda tem inúmeras</p><p>influências conceituais de diversas disciplinas, como o direito e a antropologia.</p><p>Na primeira unidade, trabalhei as propostas e conceitos centrais apresentados pelos</p><p>autores clássicos, comumente conhecidos na área de ciências sociais, todavia, que também</p><p>tiveram influência na área de economia e filosofia. Com isso, pudemos compreender que a</p><p>relação entre as duas ciências que levam o nome de nossa disciplina são fundamentadas</p><p>no trabalho e suas nuances, e compreendemos que a disputa de classes apresentada por</p><p>Marx são consolidadas em nossas duas ciências de forma muito mais ampla.</p><p>Na segunda unidade, aprofundei nas relações trabalhistas e os aspectos que as</p><p>influenciam, apresentando conceitos específicos de ambas as áreas, para um entendimento</p><p>especializado dos olhares que cada lado dedica, de acordo com seu objeto de estudos.</p><p>Compreendemos então a função do mercado, como um cenário amplo de análise</p><p>estrutural de nossos atores, assim como a função da questão financeira e o consumo como</p><p>fundamentadores de tais relações</p><p>Na terceira unidade, apresentei a função das instituições em seus mais amplos ta-</p><p>manhos dentro das necessidades de nossos estudos, assim como as particularidades das</p><p>organizações dentro de um processo de mudanças frequentes. Compreendemos a função</p><p>do consumo e do capital para a manutenção do modelo econômico e social atual, assim</p><p>como suas demandas éticas dentro do ambiente de trabalho.</p><p>Em nossa quarta e última unidade, apresentei diversos tópicos atuais que surgiram</p><p>na sociologia econômica, assim como trouxe perspectivas futuras para novos temas que</p><p>deverão ser abordados pela área. Como é o caso do desenvolvimento sustentável, que</p><p>tende a impactar diversas temáticas e meios sociais, pois se trata de um modelo econômico</p><p>e social, que vislumbra um futuro que ainda é incerto.</p><p>Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado!</p><p>76</p><p>ENDEREÇO MEGAPOLO SEDE</p><p>Praça Brasil , 250 - Centro</p><p>CEP 87702 - 320</p><p>Paranavaí - PR - Brasil</p><p>TELEFONE (44) 3045 - 9898</p><p>Shutterstock</p><p>Site UniFatecie 3:</p><p>como demonstrado até esse momento.</p><p>O contexto inicial, apresentado por Marx nas relações de conflito entre classes so-</p><p>ciais, foi tratado como “Teoria de Exploração”, e após a consolidação dos conceitos que o</p><p>autor defendia (como o de Mais-Valia), surge uma nova fase dos estudos, que daria início</p><p>à Sociologia do Trabalho. Que trouxe os significados (DURAND, 2017):</p><p>● Trabalho: É considerada que os seres humanos moldam a natureza e organizar</p><p>seus elementos, para adequar às suas necessidades, por um fator condicionante</p><p>chamado razão;</p><p>● Dialética: Também conhecido como Materialismo Dialético, defende que a mudança</p><p>é um fator baseado nas relações humanas, e que a história surge como fruto de tais</p><p>relações. Ou seja, tudo é transitório e baseado no dinamismo das interações sociais,</p><p>como fruto dos aspectos culturais e políticos;</p><p>● Dominação: É um dos fatores que promovem a mudança, em detrimento de uma</p><p>estratégia de interação social baseada no poder. Como no caso da burguesia que</p><p>domina sobre o operariado, por ser o detentor dos meios produtivos;</p><p>● Concorrência: Outro fator de mudança que pertence ao conceito de Mais-Valia, e</p><p>considera o impacto da disputa do operariado pelos postos de trabalho, por considerar</p><p>a oferta de vagas menor que a quantidade de mão-de-obra;</p><p>9UNIDADE 1 AUTORES CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA: O CAMINHO ATÉ A SOCIOLOGIA ECONÔMICA</p><p>● Cooperação: Mais um fator de mudança que está atrelado ao trabalho, e considera</p><p>que os indivíduos conseguem maiores resultados se unidos e trabalhando em equipe;</p><p>● Técnica: Um termo utilizado dentro da forma de se desenvolver um trabalho, e</p><p>retrata o nível de especialização do trabalhador. Neste cenário, o trabalhador que</p><p>antes fazia várias atividades, agora faz apenas uma, e o trabalho é dividido entre</p><p>vários para acelerar o processo, já que se pressupõe que o trabalhador que tem</p><p>maior especialidade na sua etapa, o fará mais rápido e com maior maestria.</p><p>Trazendo estes conceitos de Marx para os dias atuais, temos a Mecanização e Au-</p><p>tomação que se tornam uma consequência do aumento da tecnologia e do processo con-</p><p>tínuo de aceleração da produção. O primeiro, é uma consequência direta da substituição</p><p>de processos simples por máquinas, para auxiliar os operários nas atividades e acelerar a</p><p>produção. Já o segundo é a reunião de um processo ou mais em uma abordagem ampla-</p><p>mente tecnológica que não só auxilia na produção, mas também toma o lugar dos homens</p><p>no processo produtivo (DURAND, 2017).</p><p>Com uma consideração polêmica e enfática, que gera uma dicotomia, a substituição</p><p>dos homens pelas máquinas gera um efeito contrário, dado que o haveria uma condição</p><p>de trabalho baseada na produção e o conflito de classes se intensifica rompendo o fator</p><p>de tempo. Ou seja, o salário não ficaria mais condicionado às horas trabalhadas, e sim a</p><p>quantidade produzida.</p><p>O Comunismo foi o modelo proposto por Marx para romper os padrões de disputa</p><p>entre as classes e promover homogeneidade no regime de trabalho. Dado que o Estado</p><p>deveria interferir na economia e proporcionar equiparidade nos meios de produção. Tal</p><p>concepção surgiu com base na contraposição à ideologia, pois “como a ideologia é a ex-</p><p>pressão ou manifestação da dominação de uma classe, o fim do antagonismo de classes,</p><p>ou seja, o comunismo, acaba com a ideologia” (DURAND, 2017, p. 114). Essa ideia com-</p><p>plementa a disfuncionalidade, promovida por fatores baseados no espiritualismo, ou seja,</p><p>as concepções religiosas que contrapõem a naturalidade dos processos, em que o trabalho</p><p>é o fator de mudança que vai contra as forças naturais.</p><p>10UNIDADE 1 AUTORES CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA: O CAMINHO ATÉ A SOCIOLOGIA ECONÔMICA</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>David Émile Durkheim (1858-1917), filósofo e psicólogo francês, que viveu no século</p><p>XIX, juntamente com Marx e Weber, se tornou um dos três autores clássicos das ciências</p><p>sociais. Como dito, este autor desenvolveu estudos e apresentou conceitos nas três ciên-</p><p>cias sociais (Antropologia, Sociologia e Ciência Política), mas como este material se trata</p><p>de um robusto ensaio sobre a sociologia econômica, será realizado um recorte para seu</p><p>mais importante objeto de estudos, “o trabalho”, pelo qual, seria conhecido como pai da</p><p>sociologia.</p><p>Durkheim desempenhou uma intensa atividade acadêmica, com a publicação de</p><p>inúmeras obras, como “Da Divisão do Trabalho Social”, importante instrumento de pesqui-</p><p>sa para a sociologia econômica, enquanto ramo de ciência em ascensão. Porém, sua vida</p><p>não ficaria restrita à academia, pois se analisar o período que o autor viveu, perceberá que</p><p>foi durante a Primeira Grande Guerra, e o mesmo, se vinculou a partidarismo socialistas,</p><p>e instaurou a análise sobre socialismo de classes e assim como o autor anterior, realizava</p><p>uma análise do operariado (STEINER, 2016).</p><p>Inúmeras foram as críticas do autor relacionadas à sociedade para economia, como,</p><p>por exemplo: “O Estado deve ser ocupar das funções econômicas, mas, antes, que elas</p><p>não podem continuar do seu estado presente de desorganização e que elas devem ser</p><p>relegadas entre si, coordenadas, por intermédio da ação refletida do Estado” (STEINER,</p><p>2016, p. 24). Além disso, Durkheim defende a estruturação das análises sociais e econômi-</p><p>cas amparadas em diversas disciplinas como:</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>2 AS CONTRIBUIÇÕES</p><p>DE ÉMILE DURKHEIM</p><p>PARA A SOCIOLOGIA</p><p>TÓPICO</p><p>UNIDADE 1 AUTORES CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA: O CAMINHO ATÉ A SOCIOLOGIA ECONÔMICA 11</p><p>1) Estudos Gerais, método;</p><p>2) Sistemas econômicos;</p><p>3) Tipos de produção;</p><p>4) Regimes da produção;</p><p>5) Formas da produção;</p><p>6) Valor, Preço e Moeda;</p><p>7) Classes econômicas (da distribuição);</p><p>8) Órgãos da distribuição;</p><p>9) Morfologia da distribuição;</p><p>10) Elementos da distribuição;</p><p>11) Relações entre os fenômenos econômicos e os fenômenos sociais de outras cate-</p><p>gorias;</p><p>12) Economias Especiais, agrícola, comercial e industrial” (STEINER, 2016, p. 24);</p><p>Perceba com esse sequenciamento de disciplinas não compõe a análise atual acer-</p><p>ca da disciplina, por mais que os autores clássicos tenham uma análise inicial dos fatos,</p><p>o passar do tempo trouxe novas pautas e estes temas são vistos nos dias atuais apenas</p><p>como um objeto de estudos da economia, ciência este que ganhou independência e tomou</p><p>forma para os estudos contemporâneos. Todavia, o ponto central da obra de Durkheim que</p><p>ainda se mantém vivo no discurso da sociologia econômica é o trabalho e suas nuances,</p><p>como é o caso da divisão (ou distribuição) do trabalho. O autor defende que o trabalho é</p><p>distribuído de acordo com um senso moral presente nos indivíduos, que promove pertenci-</p><p>mento a um meio coletivo, a sociedade, este fator é denominado solidariedade.</p><p>O conceito de solidariedade foi estruturado em dois modelos, para delimitar a rela-</p><p>ção entre o indivíduo e a sociedade, sendo: 1) Solidariedade Orgânica, que é baseada nos</p><p>fatores de hábito, como a moral e os costumes, e representada facilmente pela rotina/co-</p><p>tidiano; 2) Solidariedade Mecânica, que é estruturada no capitalismo moderno e expressa</p><p>basicamente pela especialização do trabalho (STEINER, 2016).</p><p>O conceito mais marcante de Durkheim foi o de Fato Social, que distinguia dos</p><p>demais Fatos (Psicológico e Biológico). Este tem por função explicar que o indivíduo se</p><p>comporta, sente e pensa de acordo com as influências sofridas pelo contexto social, dife-</p><p>rente do fato</p><p>psicológico que é consequência dos fatores individuais, e únicos do indivíduo.</p><p>Enquanto o Fato Biológico é uma consequência das necessidades físicas, como a alimen-</p><p>tação (STEINER, 2016).</p><p>Perceba que o Fato Social é uma consequência da coerção no indivíduo que está</p><p>em sociedade, ou seja, é pressionado a agir sobre uma determinada conduta para cor-</p><p>responder aos anseios do coletivo. Dessa forma, é pertinente estruturar alguns conceitos</p><p>relacionados ao mesmo, são eles (STEINER, 2016): 1) Coerção, que é uma forma de poder</p><p>despótico que visa constranger e conduzir os indivíduos a agirem segundo o esperado, ou</p><p>contrário da coação que é baseada na força, a coerção é ancorada na força das leis, ou va-</p><p>lores compartilhados pelo grupo; 2) Autoridade Moral, que complementa a coerção, quando</p><p>desempenha força de controle sobre a forma de agir do indivíduo, com base em uma série</p><p>de princípios éticos e morais. Além disso, o autor defende que os Fatos Sociais surgem não</p><p>somem pela influência, mas também como consequência de alguns fatores, como (STEI-</p><p>NER, 2016):</p><p>12UNIDADE 1 AUTORES CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA: O CAMINHO ATÉ A SOCIOLOGIA ECONÔMICA</p><p>● Observação: Como o nome indica, os indivíduos aprendem de maneira quase que</p><p>simbiótica, através da convivência e troca de informações, observando os demais, e</p><p>promovem significado para aquela conduta;</p><p>● Classificação: Com base em um senso crítico analítico, e uma visão temporal dos</p><p>fatos, o indivíduo replica ou elimina certas condutas, atribuindo um sendo de valor</p><p>ao processo de construção do Fato Social;</p><p>● Explicação: Baseado na coerção, utiliza das explicações lógicas e morais para in-</p><p>duzir os indivíduos, ou legitimar uma ação do ponto de vista ético e moral. consoli-</p><p>dando um Fato Social;</p><p>● Administração da Prova: A comprovação é a melhor estratégia de uma defesa;</p><p>dessa forma, ao apresentar dados plausíveis para a realização e efetivação do Fato</p><p>Social, se torna um formato legítimo de salvaguarda.</p><p>Por fim, ao analisar as regras do método sociológico, para fundamentar as concep-</p><p>ções de Fato Social, Durkheim defenderia as inúmeras formas de interação social, como</p><p>o consumo e a produção. Para além dos fatores iniciais, que se concentrava apenas no</p><p>trabalho e suas consequências sociológicas.</p><p>13UNIDADE 1 AUTORES CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA: O CAMINHO ATÉ A SOCIOLOGIA ECONÔMICA</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>Quando o assunto é sociologia ou ciências sociais como um todo, é impossível</p><p>não tratar da Tríade clássica de autores, que reúne os dois acima e Max Weber, jurista e</p><p>economista, alemão que pleiteou o status de sociólogo como parte do seu louvável currículo.</p><p>Seu nome completo era Karl Emil Maximilian Weber (1864 – 1920), e foi dito que recebeu o</p><p>título de sociólogo, além de ser considerado um dos fundadores da ciência.</p><p>Weber foi colocado como último nesta sequência para enfatizar o seu papel central</p><p>na consolidação da área de sociologia econômica, dado a um material que trabalhou por</p><p>anos, porém não conseguiu finalizar, chamado de Economia e Sociedade. Todavia, as</p><p>obras desse autor foram para além das suas áreas de formação, incorporando temas como</p><p>religião, história e política (LIMA e SILVA, 2012).</p><p>O principal termo que o autor deixa de legado para a área de sociologia foi Ação</p><p>Social, que se contrapõe em vários aspectos o estruturalismo social tratado pelos autores</p><p>anteriores e traz luz aos aspectos comportamentais em sociedade. Desta forma, “ação</p><p>social é toda aquela em que o indivíduo age pensando em outro por referência” (LIMA e</p><p>SILVA, 2012, p. 76). Ou seja, é um comportamento condicionado por uma influência do</p><p>grupo, e o papel do sociólogo é compreender os fatores que influenciaram seu início e as</p><p>consequências que terão após a realização.</p><p>O processo de Ação Social é permeado por uma característica que vincula o</p><p>significado à prática, chamada por autor de “Tipo Ideal”, pois explica que toda consciência</p><p>é condicionada por uma análise de um modelo previamente concebido pela sociedade. Ou</p><p>seja, para conseguirmos alcançar uma meta ou essência, é necessário uma visão do que</p><p>se espera (LIMA e SILVA, 2012).</p><p>Para se tornar mais palpável a análise da Ação Social, é necessário compreendê-la,</p><p>para tal, Weber determina uma série de formas para compreender a realidade. São elas</p><p>(LIMA e SILVA, 2012):</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>3 AS CONTRIBUIÇÕES DE</p><p>MAX WEBER PARA A</p><p>SOCIOLOGIA</p><p>TÓPICO</p><p>UNIDADE 1 AUTORES CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA: O CAMINHO ATÉ A SOCIOLOGIA ECONÔMICA 14</p><p>● Compreensão direta: Modelo que considera a lógica como fator de escolha para</p><p>ser realizada a ação, ou seja, ao observar o desenrolar de uma situação, o indivíduo</p><p>toma frente para realizar a ação, com base em sua interpretação;</p><p>● Compreensão Explicativa: Esse modelo, ao contrário do anterior, é baseado no fa-</p><p>tor empírico, em que o indivíduo é ensinado desempenhar tais ações, com base em</p><p>explicações que consideram algum fator científico ou exemplo dado;</p><p>● Motivo: Toda ação tem uma motivação, dessa forma, independente ou consequente</p><p>as compreensões acima as “ações sociais” também são desenvolvidas com base em</p><p>um pressuposto que acaba por motivá-las.</p><p>As análises de Weber vão para além de um objeto de estudo, pois concentram análises</p><p>das mais diversas formas de análise social, como o próprio comportamento dos indivíduos.</p><p>Neste caso, as ações sociais são influenciadas pelas compreensões e motivações, dessa</p><p>forma (LIMA e SILVA, 2012, p. 89):</p><p>Sua constatação era a de que as ações humanas podem apresentar um alto</p><p>grau de regularidade, o que possibilita a constituição de relações permanentes,</p><p>hábitos, tradições, formas de pensamento, instituições, conferindo um alto grau de</p><p>previsibilidade a muitas das ações humanas e permitindo a sua compreensão e a</p><p>determinação de possibilidades e tendências na história.</p><p>Com base nessa afirmação, surge o conceito de Relação Social, que “consiste</p><p>fundamentalmente na probabilidade de que vários agentes orientem a sua conduta em um</p><p>sentido reciprocamente compartilhado” (LIMA e SILVA, 2012, p. 90). Tal conceito, considera</p><p>que as ações são baseadas no senso de reciprocidade/devolutiva, com base em estímulos.</p><p>Como, por exemplo, se presenteio alguém, espero em troca gratidão ou afeto.</p><p>Qualquer tipo de barganha (como é o caso da reciprocidade) remete a formatos de</p><p>dominação, e este é um conceito amplamente utilizado e difundido por Weber em suas</p><p>obras. Se a ação social é compreendida e motivada, e a relação social é baseada na forma</p><p>como a conduta é orientada , ou seja, como se promove tal comportamento, há diversos</p><p>meios de análise para que a ação social deve ser condicionada, como a dominação é um</p><p>dos meios de alcançar esses resultados. Para tal, as ações sociais podem ser delimitadas</p><p>em até 4 (quatro) formas diferentes, são eles (LIMA e SILVA, 2012):</p><p>● Ação Social Afetiva: Assim como o nome indica, o fator condicionante deste tipo de</p><p>ação é o afeto, em que impera as emoções e a barganha acontece por um estímulo</p><p>que é sentimental;</p><p>● Ação Social Tradicional: Esse tipo de ação é conduzida pelas tradições, em que</p><p>é possível identificar os hábitos, costumes e cultura, que acabam por impactar um</p><p>comportamento de um indivíduo ou grupo, o qual compartilha dos mesmos padrões</p><p>cotidianos;</p><p>● Ação Social racional com relação a valores: Muito confundida com a anterior,</p><p>15UNIDADE</p><p>1 AUTORES CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA: O CAMINHO ATÉ A SOCIOLOGIA ECONÔMICA</p><p>esse, por sua vez, distingue-se com base no senso moral, ético e valorativo do in-</p><p>divíduo que desempenha tal ação. Podendo sim ser impactado pelas questões de</p><p>tradição, ou não, quando suas concepções éticas forem diferenciadas;</p><p>● Ação Social racional com relação a fins: O destaque desse último é baseado na</p><p>expressão “os fins justificam os meios”, de Nicolau Maquiavel, ao retratar que as</p><p>ações sociais são uma consequência da meta/objetivo almejado pelo indivíduo que a</p><p>realiza. Dessa forma, os meios podem ser controversos, porém justificados, quando</p><p>analisamos a finalidade.</p><p>Para finalizar com as contribuições de Weber, vinculado com os modelos apresen-</p><p>tados acima, temos a racionalização. Conceito defendido por Weber, para fundamentar as</p><p>formas de agir da sociedade, seja em aspectos das ciências sociais ou economia. Baseado</p><p>no pressuposto que todas as ações sociais são racionalizadas com base em um método de</p><p>análise, e não partem de um estímulo meramente instintivo.</p><p>16UNIDADE 1 AUTORES CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA: O CAMINHO ATÉ A SOCIOLOGIA ECONÔMICA</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>Em uma análise clara, é impossível analisar a Sociologia sem acessar aos autores</p><p>clássicos da área, e ao abraçar plenamente o positivismo, seria negar a história e embarcar</p><p>em um emaranhado de conceitos que são pertinentes apenas a alguns casos. Para tal, a</p><p>valorização dos autores da sociologia é pertinente, dado que, cada um deles tenha descrito:</p><p>Teorias-modelos das quais nos servimos continuamente para compreender a rea-</p><p>lidade, até mesmo uma realidade diferente daquela a partir da qual tenha derivado</p><p>e à qual as tenha aplicado, e que se tornaram ao longo dos anos, verdadeiras e</p><p>próprias categorias mentais (SELL, 2015, p. 157).</p><p>Por mais que suas teorias não possam ser consideradas atemporais, principalmente</p><p>no tangente à sociologia econômica, uma área ainda em construção e que carece de</p><p>estudos amplos e constantes. Os conceitos apresentados nas apresentações devem ser</p><p>considerados enquanto a sua aplicabilidade no objeto de estudos a serem analisados.</p><p>Como é o caso da modernidade, que se torna um marco teórico e temporal, para a análise</p><p>sociológica, definindo o momento que as ações humanas são condicionadas pelo raciocínio,</p><p>ou razão, como dito por Weber (SELL, 2015).</p><p>A ruptura dos padrões hermenêuticos, que consolidaram os padrões dos autores</p><p>aqui trabalhados, e uma nova análise dos conceitos concebidos e aplicados a novos objetos</p><p>de estudos geram emancipação dos poderes condicionantes dos comportamentos sociais,</p><p>e inauguram uma nova era do conhecimento, chamada de “Pós-modernismo”, que é onde</p><p>se encontra a disciplina de sociologia econômica. E é para a qual utilizaremos os conceitos</p><p>iniciais destes autores para compreender novos modelos de comportamento e interação</p><p>social (SELL, 2015).</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>4 AS CONTRIBUIÇÕES DA</p><p>SOCIOLOGIA PARA A</p><p>ECONOMIA</p><p>TÓPICO</p><p>UNIDADE 1 AUTORES CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA: O CAMINHO ATÉ A SOCIOLOGIA ECONÔMICA 17</p><p>18UNIDADE 1 AUTORES CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA: O CAMINHO ATÉ A SOCIOLOGIA ECONÔMICA</p><p>A sociologia econômica pode ser definida de modo conciso como a aplicação de ideias, conceitos e méto-</p><p>dos sociológicos aos fenômenos econômicos, mercados, empresas, lojas, sindicatos, e assim por diante.</p><p>Apoiando-se no enfoque de Max Weber, a sociologia econômica estuda tanto o setor econômico na so-</p><p>ciedade (“fenômenos econômicos”) como a maneira pela qual esses fenômenos influenciam o resto da</p><p>sociedade (“fenômenos economicamente condicionados”) e o modo pelo qual o restante da sociedade os</p><p>influencia (“fenômenos economicamente relevantes”) (cf. Weber, 1949).</p><p>Fonte: SWEDBERG, Richard.Sociologia econômica: hoje e amanhã. Balanços, 2004. Disponível em: https://</p><p>www.scielo.br/j/ts/a/dvSxLM8hKX5dKCQzK6xtQbq/?format</p><p>=pdf&lang=pt. Acesso em: 12 jul. 2022.</p><p>“A sociologia econômica estuda tanto o setor econômico na sociedade (“fenômenos econômicos”) como</p><p>a maneira pela qual esses fenômenos influenciam o resto da sociedade (“fenômenos economicamente</p><p>condicionados”) e o modo pelo qual o restante da sociedade os influencia (“fenômenos economicamente</p><p>relevantes”)”.</p><p>Fonte: Eber apud Swedberg (2004, p. 07).</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Chegamos ao fim da nossa primeira unidade da disciplina de Sociologia Econômica.</p><p>Como é possível compreender até esse momento, voltamos aos princípios da sociologia</p><p>que acabam por impactar a análise econômica dos dias atuais. Passando por uma análise</p><p>social do trabalho e seu impacto nas questões econômicas, como é o caso da luta de classes</p><p>narrada por Marx, e da distribuição do trabalho social de Durkheim, que demonstraram que</p><p>as forças produtivas e as forças do trabalho, são quase que indissociáveis.</p><p>Conclui-se que a área da sociologia dispõe de uma série de autores renomados,</p><p>que apresentaram uma série de termos e conceitos que se tornaram perenes para a área</p><p>e para todas as demais que beberem dessa mesma fonte. Também foi possível chegar</p><p>à conclusão, que nem todos os elementos apresentados pelos autores são úteis ou</p><p>podem ser utilizados para as análises, e foi necessário um amplo recorte dos materiais e</p><p>produção desses autores, para sintetizar apenas o que seria necessário e aplicável para o</p><p>desenvolvimento deste material.</p><p>No caso de Karl Marx, foram tratados apenas conceitos-chave para a compreensão</p><p>de valores entre as classes sociais. O Marxismo como um todo tem diversos elementos</p><p>econômicos, porém, em sua maioria são questões sociais que concentram nuances</p><p>simbólicas e afetivas dos indivíduos, e não se tornam pertinentes aqui. Por isso, o foco foi</p><p>o modelo econômico e o motivo de receber tal nome, para relembrar os burgueses também</p><p>chamados de capitalistas, por serem detentores do capital.</p><p>Também é possível concluir que os conceitos de Durkheim tem uma forte presença</p><p>das questões psicológicas que impactam o comportamento da sociedade, fazendo com que</p><p>as classes sociais mantenham seus comportamentos de dominação ou subordinação, por</p><p>forças que vão além das tratadas pela sociologia, chamadas pelo autor de coesão social,</p><p>e a solidariedade. Por fim, Weber nos apresenta as motivações das ações sociais e nos</p><p>proporciona um insight, das formas de analisar os comportamentos sociais dentro de um</p><p>contexto econômico, e vice-versa.</p><p>UNIDADE 1 AUTORES CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA: O CAMINHO ATÉ A SOCIOLOGIA ECONÔMICA 19</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>Artigo: A Construção Social do Mercado em Durkheim e Weber</p><p>Autor: Cécile Raud- Mattedi</p><p>Link: https://www.scielo.br/j/rbcsoc/a/ywLXNRHwynqrzdP9qNL66kn/?format=pdf&</p><p>lang=pt</p><p>Resenha: Este texto pretende resgatar, de maneira exploratória, algumas reflexões pioneiras</p><p>de Durkheim e Weber a respeito do mercado a fim de poder tomar posição no quadro desse</p><p>debate. Não pretendemos discutir a existência de uma continuidade ou de uma ruptura</p><p>entre a nova e a velha sociologia econômica. Gostaríamos apenas de argumentar, contra</p><p>Swedberg (1994), que Durkheim e Weber iniciaram o estudo sociológico do mercado em</p><p>termos de construção social, contribuindo assim diretamente para a emergência da nova</p><p>sociologia econômica na década de 1970. Ambos refletiram sobre o papel das instituições</p><p>na orientação do comportamento do ator econômico e, portanto, na regulação do mercado,</p><p>com conclusões</p><p>frequentemente semelhantes.</p><p>Fonte: RAUD-MATTEDI, Cécile. A Construção Social do Mercado em Durkheim e Weber. Revista Bra-</p><p>sileira de Ciências Sociais, 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbcsoc/a/ywLXNRHwynqrzdP9qN-</p><p>L66kn/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 12 jul. 2022.</p><p>UNIDADE 1 AUTORES CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA: O CAMINHO ATÉ A SOCIOLOGIA ECONÔMICA 20</p><p>https://www.scielo.br/j/rbcsoc/a/ywLXNRHwynqrzdP9qNL66kn/?format=pdf&lang=pt</p><p>https://www.scielo.br/j/rbcsoc/a/ywLXNRHwynqrzdP9qNL66kn/?format=pdf&lang=pt</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>LIVRO</p><p>Título: Sociologia Clássica: Marx, Durkheim e Weber</p><p>Autor: Carlos Eduardo Sell.</p><p>Editora: Vozes.</p><p>Sinopse: Este livro apresenta o pensamento dos fundadores</p><p>da sociologia a partir de três eixos básicos: teoria sociológica;</p><p>teoria da modernidade; teoria política: problemas e desafios</p><p>da realidade social. Este método, além de permitir uma análise</p><p>comparativa das teorias de Marx, Durkheim e Weber, possibilita</p><p>também uma compreensão da sociologia enquanto ciência e</p><p>uma reflexão sobre a natureza e as perspectivas da vida social</p><p>em tempos modernos. Retomando a visão destes autores, o lei-</p><p>tor é convidado a exercitar sua “imaginação sociológica”, aden-</p><p>trando, assim, no rico debate sociológico sobre as diferentes</p><p>maneiras, métodos e perspectivas de pesquisa e interpretação</p><p>da sociedade.</p><p>FILME/VÍDEO</p><p>Título: Tempos Modernos</p><p>Ano: 1936.</p><p>Sinopse: Carlitos é um personagem baseado na obra de Char-</p><p>lie Chaplin, e nesta obra clássica representa a rotina de um</p><p>operário de chão de fábrica que realiza todos os dias a mesma</p><p>atividade. Porém, seu maior sonho é conhecer todas as etapas</p><p>do processo, além da sua. De uma forma icônica e leve, lança</p><p>luz ao modelo fabril.</p><p>UNIDADE 1 AUTORES CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA: O CAMINHO ATÉ A SOCIOLOGIA ECONÔMICA 21</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>Plano de Estudos</p><p>• A Sociologia Econômica na atualidade, e suas perspectivas;</p><p>• Sociologia e Economia: O Trabalho como ponto de encontro;</p><p>• Mercado de Trabalho: O objetivo dos estudos atuais;</p><p>• Mercados e Capitais: Instrumentos de consolidação da área.</p><p>Objetivos da Aprendizagem</p><p>• Conceituar e contextualizar a sociologia econômica como área de</p><p>estudos;</p><p>• Conhecer as diferenças das duas ciências e seu ponto de intersecção;</p><p>• Compreender a importância do Mercado como campo de interação</p><p>entre as ciências;</p><p>2 UNIDADEUNIDADE</p><p>SOCIOLOGIA E ECONOMIA: O SOCIOLOGIA E ECONOMIA: O</p><p>SURGIMENTO E CONSOLIDAÇÃO DO SURGIMENTO E CONSOLIDAÇÃO DO</p><p>CAMPO TEÓRICO DA SOCIOLOGIA CAMPO TEÓRICO DA SOCIOLOGIA</p><p>ECONÔMICAECONÔMICA</p><p>Professor Mestre Wilian D’Agostini Ayres</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Olá, aluno (a)! Seja bem-vindo (a) de volta. Essa é a nossa segunda unidade da</p><p>disciplina de Sociologia Econômica. Aqui trabalharemos para além da retomada histórica e</p><p>conceitual da unidade anterior, será necessário se debruçar sobre os objetos específicos da</p><p>área e compreender como esse ramo da ciência tem se desenvolvido através dos insights</p><p>recebidos pela sociedade.</p><p>A meta inicial é compreender a forma como se constrangem os atores ou fatores</p><p>ponderantes do processo, como é caso da interação inicial da sociologia e economia atra-</p><p>vés dos estudos que demonstram a indissociação entre ambas. Pensando nisso, temos os</p><p>elementos que interligam estes campos de atuação, como no caso das convenções, que</p><p>trabalharemos a seguir.</p><p>No primeiro momento, trabalharemos os frutos da escola americana e europeia de</p><p>autores, que construíram as metodologias de análise e consequentemente os conceitos</p><p>que serão norteadores para nossos estudos. Feito isso, teremos uma análise do contexto</p><p>que foi trilhado até aqui, e uma perspectiva dos próximos influenciadores que viram, ou já</p><p>estão acontecendo.</p><p>Na sequência, será retratado o papel do trabalho com as novas ponderações da</p><p>economia, já que na unidade anterior tivemos as contribuições dos sociólogos em sua</p><p>maioria. Busca-se assim trazer um novo olhar para as funções do trabalho na análise</p><p>socioeconômica, com suas faces burocráticas e estruturalistas, comuns na área de</p><p>economia, administração e contábil.</p><p>Mas, ao mergulhar em águas mais profundas, faz-se necessário compreender o</p><p>cenário como um todo, e para isso, temos a importância de uma análise mercadológica na</p><p>composição dos elementos que compõem todos o arcabouço técnico e científico estudado.</p><p>Dessa forma, compreenderemos quais os impactos do mercado e quais suas características</p><p>que são influenciadas pela sociedade.</p><p>Será desembarcado nas questões do lucro e na influência causal entre mercado</p><p>e capitais, estes como meio formal que determina a relação entre indivíduos e meios</p><p>produtivos, como forma de construção do objeto de estudos da sociologia política.</p><p>UNIDADE 2 SOCIOLOGIA E ECONOMIA: O SURGIMENTO E CONSOLIDAÇÃO DO CAMPO TEÓRICO DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA 23</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>1 A SOCIOLOGIA ECONÔMICA</p><p>NA ATUALIDADE E SUAS</p><p>PERSPECTIVAS</p><p>TÓPICO</p><p>Em nossa unidade anterior, foi possível vislumbrar o papel dos autores da área da</p><p>sociologia e seus primeiros insights para a sociologia econômica. Ao nos apresentar os</p><p>primeiros conceitos que dariam início a essa área que é permeável por suas ciências e tem</p><p>ganhado relevância como instrumento de análise para diversos cenários e problemáticas.</p><p>Neste segundo momento do nosso material, trabalharemos essas especificidades</p><p>de uma forma que o passado e o futuro dialoguem. Pensando nisso, Swedberg (2004), já</p><p>dizia que era necessário um olhar especializado para a sociologia econômica brasileira,</p><p>quiçá global, dado que essa área já tinha sido consolidada para os Estados Unidos e Eu-</p><p>ropa, e como é possível deduzir, cada país tem uma especialidade ou particularidade de</p><p>mercado que o torna único em uma análise empírica.</p><p>O conceito de Sociologia Econômica, que foi construído na unidade anterior, teve</p><p>como ponto de partida a sociologia e suas influências. Porém, pode ser apresentado de</p><p>forma sintética, como “pode ser definida de modo conciso como a aplicação de ideias, con-</p><p>ceitos e métodos sociológicos aos fenômenos econômicos – mercados, empresas, lojas,</p><p>sindicatos, e assim por diante” (SWEDBERG, 2004, p. 07). Ao considerar tal afirmação, é</p><p>possível perceber que essa relação causal é capaz de influenciar em inúmeras esferas da</p><p>vida cotidiana, como é o caso da cultura.</p><p>Se relembrarmos sobre o destaque que Max Weber deu para essa área, temos</p><p>três análises utilizadas constantemente, são elas (LIMA e SILVA, 2002 apud SWEDBERG,</p><p>2004):</p><p>1) Fenômenos econômicos:</p><p>São os impactos da economia na sociedade;</p><p>2) Fenômenos economicamente condicionados: São os impactos da economia</p><p>na sociedade, de forma planejada;</p><p>3) Fenômenos economicamente relevantes: São as influências da sociedade nos</p><p>demais aspectos da vida cotidiana.</p><p>UNIDADE 2 SOCIOLOGIA E ECONOMIA: O SURGIMENTO E CONSOLIDAÇÃO DO CAMPO TEÓRICO DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA 24</p><p>Essas análises cunharam um conflito de interpretação com um dos mais famosos</p><p>conceitos de Weber, o “homo economicus”, que representa a interdependência dos seres</p><p>humanos com o capital, através da venda da sua força de trabalho (LIMA e SILVA, 2012). É</p><p>contradito pela visão de que não são os homens que constroem a sociedade e economia, e</p><p>sim as estruturas criadas, que influenciam o comportamento humano (SWEDBERG, 2004).</p><p>As chamadas estruturas são trabalhadas nas várias relações sociais, fundamentadas por</p><p>hábitos e replicações de comportamento, que são explicados como:</p><p>A ideia básica é a de que os atores econômicos desenvolvem as assim chamadas</p><p>convenções, como parte de seus esforços para coordenar ações econômicas; e</p><p>que tais convenções consistem em alguns poucos modos padronizados de pensar</p><p>a realidade e justificar por que certas ações deveriam ocorrer (CF. STOPER e SA-</p><p>LAIS, 1997, apud SWEDBERG, 2004, p. 12).</p><p>A padronização dos comportamentos em consequência das chamadas convenções</p><p>é um reflexo das mudanças que o próprio modelo capitalista vem sofrendo nos últimos</p><p>anos. Tais mutações ocorreram de forma sutil e ainda não foram tratadas com relevância</p><p>o suficiente para que seja denominado um novo modelo social e/ou econômico. Porém,</p><p>autores como Eve Chiapello e Boltanski alertam para a concepção de uma variante do</p><p>Capitalismo, que chamaram de Capitalismo de Redes, se referindo às redes que surgem</p><p>com as construções das mencionadas convenções, essas podem ser de natureza social ou</p><p>econômica (SWEDBERG, 2004).</p><p>Para tal, “a análise de redes tem sido usada, por exemplo, para explorar diversos</p><p>tipos de interações econômicas que não podem ser classificadas nem como costumes nem</p><p>como alguns tipos de organização econômica'' (SWEDBERG, 2004, p. 18). São sistemas</p><p>de influências que reúnem elementos sociais e econômicos, como é o caso das compras</p><p>de alto custo e acaba incorporando a opinião de diversos indivíduos no processo, para que</p><p>então o comprador decida por adquirir o produto e/ou serviço, como, por exemplo, a aqui-</p><p>sição de uma casa.</p><p>Creio que deve estar se perguntando, onde entra o mercado nesse contexto, como</p><p>esse termo é quase que uma consequência dos estudos na área de economia, o chamado</p><p>“mercado econômico” é o cenário ou contexto onde acontecem todas as interações econô-</p><p>micas. E para a sociologia econômica, esse termo não é menos importante que para outras</p><p>áreas, dado que é no mercado que acontecem todas as interações sociais e econômicas.</p><p>Todavia, falaremos desse conceito, logo mais adiante, em outro tópico.</p><p>Antes de compreendermos como o “jogo é jogado”, é relevante entender quais as</p><p>regras do jogo. Dessa forma, outra área acaba por impactar o comportamento econômico e</p><p>social, o direito, responsável pelos instrumentos jurídicos que constrangem o comportamento</p><p>das organizações e até mesmo as formas de interação dos indivíduos. Como, por exemplo, a</p><p>formulação dos contratos para registrar o andamento ou fechamento de uma negociação, ou</p><p>mais específico com a consolidação das leis trabalhistas. Assim, se “enfatizou em particular a</p><p>necessidade de vincular o estudo de organizações ao direito; e um de seus primeiros estudos</p><p>nessa direção lida com tal processo no lugar de trabalho” (SWEDBERG, 2004, p. 22).</p><p>25UNIDADE 2 SOCIOLOGIA E ECONOMIA: O SURGIMENTO E CONSOLIDAÇÃO DO CAMPO TEÓRICO DA SOCIOLOGIA ECONÔMICACA</p><p>Recapitulando as apresentações dos autores da sociologia, feita anteriormente, o</p><p>objeto de estudos de todos acabava por desembarcar no foco principal, o trabalho. Esse,</p><p>por sua vez, é o meio de barganha entre indivíduos e empresas em busca da proliferação</p><p>de riquezas, através do lucro. Além desses influenciadores, a área é constantemente atua-</p><p>lizada com novas questões históricas e culturais, como é o caso recente das finanças, que</p><p>tem demonstrado a falta de cultura de investimento entre a sociedade, reflexos que são</p><p>nítidos na fluidez dos mercados em momentos de crise (SWEDBERG, 2004).</p><p>Outro tempo muito presente nos debates atuais da área é a quebra do paradigma da</p><p>“Mais-Valia”, conceito cunhado por Marx, que tem sofrido questionamento com o crescente</p><p>movimento de automação das atividades trabalhistas. O crescimento da tecnologia é algo</p><p>inevitável para a humanidade, porém a substituição das atividades operacionais, e con-</p><p>sequente perda da mão-de-obra humana pelas máquinas, tem desencadeado uma nova</p><p>reconstrução sócio econômica baseada no trabalho (SWEDBERG, 2004).</p><p>Algo que já tinha acontecido em uma proporção muito menor com a entrada das</p><p>mulheres no mercado de trabalho, e as distribuições de tarefas, que acaba por trazer o de-</p><p>bate sobre gênero para análise dentro desse contexto. Dessa forma, “a metáfora básica é</p><p>pouco nítida e insinua uma linha divisória muito abrupta entre o que é “econômico” e o que</p><p>é “social” (SWEDBERG, 2004, p. 25).</p><p>26UNIDADE 2 SOCIOLOGIA E ECONOMIA: O SURGIMENTO E CONSOLIDAÇÃO DO CAMPO TEÓRICO DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>A análise macro dos aspectos socioeconômicos feitas até aqui são uma forma de</p><p>demonstrar as características principais desse ramo da ciência. Todavia, a partir daqui se</p><p>faz necessário a análise aprofundada dos aspectos do trabalho, como já dito é o principal</p><p>elemento que constrange as questões interseccionais de ambas as ciências aqui tratadas e</p><p>a medida que sofre modificações, também faz mudanças no cenário existente, veja o caso</p><p>das revoluções, que acabaram por impactar aspectos econômicos, sociais, políticos e até</p><p>mesmo estruturais. Como é o caso das seguintes (MARTINS, 2017):</p><p>- Revolução Industrial: Rompeu os paradigmas produtivos, acelerou os processos</p><p>de produção, transicionando entre as manufaturas para a industrialização, represen-</p><p>ta a especialização do trabalho e atividades repetitivas;</p><p>- Revolução Francesa: Essa com impacto muito mais político que econômico, porém</p><p>como acabou por refletir nas mais diversas castas sociais, gerou uma profunda mu-</p><p>dança na sociedade;</p><p>- Revolução Científica: Também conhecida como Revolução do conhecimento, aca-</p><p>bou por impactar as formas de interação social, promoveu novos valores e represen-</p><p>tatividade trabalhista;</p><p>- Revolução Cultural: Não teve um marco concreto como algumas das anteriores,</p><p>dado que foi um reflexo direto de algumas delas, que dado a proliferação e valoriza-</p><p>ção de novas condutas trouxeram mudanças nos hábitos e costumes da sociedade.</p><p>Outro objetivo de estudos da sociologia do trabalho são as Instituições, que têm um</p><p>papel crucial na promoção das mudanças e condicionamento das questões econômicas.</p><p>Como, por exemplo, no que tange ao social, temos a família, a igreja, as escolas, e até mes-</p><p>mo o Estado, que é uma instituição ampla, e de alto impacto, que pode ser representado</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>2 SOCIOLOGIA E ECONOMIA: O</p><p>TRABALHO COMO PONTO DE</p><p>ENCONTRO</p><p>TÓPICO</p><p>UNIDADE 2 SOCIOLOGIA E ECONOMIA: O SURGIMENTO E CONSOLIDAÇÃO DO CAMPO TEÓRICO DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA 27</p><p>pelos seus sistemas, como</p><p>o judiciário e legislativo, ou por demais instituições independen-</p><p>tes, com as de comunicação, movimentos sociais e até as financeiras, como é o caso dos</p><p>bancos (MARTINS, 2017).</p><p>A principal função das instituições é exatamente o fato de condicionar o comporta-</p><p>mento social, promovendo valores e deveres compartilhados, e como vimos, no caso do</p><p>Estado, podem refletir nos inúmeros aspectos da sociedade. Dito isso, é pertinente ressal-</p><p>tar que cada tipo de instituição tem seu papel e podem permear a área de outra, ou não.</p><p>Veja o caso da família, que promove a educação antes mesmo da escola fazer parte do</p><p>cotidiano de um indivíduo (MARTINS, 2017). Seria então o trabalho uma das formas das</p><p>instituições influenciarem o comportamento social? Veja a seguinte afirmação:</p><p>O trabalho é importante mecanismo de análise social, pois ajuda a compreender o</p><p>funcionamento da sociedade, incluindo suas relações sociais e de produção. Por</p><p>isso, a categoria trabalho tornou-se central no pensamento social, ocupando um</p><p>espaço importante desde o surgimento da sociologia (e mesmo antes), o que permi-</p><p>tiu essa ciência compreender e classificar as complexas manifestações do âmbito</p><p>Social (CARDOSO, 2008 apud MARTINS, 2017, p. 39).</p><p>Com tal indagação, remete às formas como o trabalho foi tratado no contexto histó-</p><p>rico, até as eras medievais era considerada uma forma de subsistência, inclusive os deten-</p><p>tores de posses, tinham seus escravos ou vassalos, que por sua vez realizavam o trabalho.</p><p>Em contrapartida, a partir da revolução industrial, e com a necessidade de sobrevivência,</p><p>os trabalhadores passaram a vender a sua mão-de-obra, tornando-a mercadoria no contex-</p><p>to capitalista (MARTINS, 2017).</p><p>Quando retomamos o papel das revoluções, que é a ruptura de um modelo para</p><p>que outro surja, se faz necessário retomar os modos de produção que influenciaram nossa</p><p>sociedade através das eras, e promoviam um modo de trabalho específico para cada estilo,</p><p>de acordo com o senso de organização do trabalho, para atingir suas necessidades. São</p><p>eles (MARTINS, 2017):</p><p>- Primitivo: Creio que muitos devem confundir esse modelo com o extrativista, porém</p><p>como o extrativismo era a ausência de modelo, ao contrário do primitivo, que é o</p><p>início da parametrização das atividades produtivas, no qual surgiram a agricultura e</p><p>pecuária, como base em métodos e práticas;</p><p>- Asiático: O modelo asiático reúne os princípios básicos da agricultura, dado que era</p><p>a base da economia nestes territórios. Porém, tinha como particularidade da servi-</p><p>dão que detinham sobre um espaço de terra comunitário;</p><p>- Escravista: Esse modelo, como o nome indica, é baseado no senso de posse sobre</p><p>os indivíduos e seu poder de trabalho. Comumente baseado no domínio das terras</p><p>como meio produtivo e no poder como forma de controlar a força de trabalho, as</p><p>atividades eram realizadas em sua maioria pelos escravos que sustentavam a sub-</p><p>sistência da sociedade;</p><p>- Feudal: No Feudalismo o regime de trabalho era similar ao modelo asiático, porém</p><p>28UNIDADE 2 SOCIOLOGIA E ECONOMIA: O SURGIMENTO E CONSOLIDAÇÃO DO CAMPO TEÓRICO DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA</p><p>as terras não eram comunitárias, e pertenciam ao senhor feudal, o papel dos servos</p><p>era produzir nessas terras pagando tributos ao seu senhor;</p><p>- Socialista: Por fim, o modelo socialista demonstrou a proposta de que os meios de</p><p>produção pertenceriam a todos e estes seriam responsáveis pela produção dos bens</p><p>e serviços. Todavia, os resultados finais do trabalho conjunto seria a distribuição</p><p>igualitária dos ganhos entre todos os envolvidos;</p><p>- Comunismo: Seria o outro extremo do capitalismo, em que todos devem ser de-</p><p>tentores dos meios produtivos, ao mesmo tempo que têm direito aos frutos dessa</p><p>produção. Ao contrário do socialismo, que ainda aceita a propriedade privada, o</p><p>comunismo defende a interferência direta do Estado como único detentor e adminis-</p><p>trador dos sistemas produtivos.</p><p>- Capitalismo: Este é um modelo de livre empreendedorismo, em que todos podem</p><p>ser detentores das propriedades privadas, em escalas diferentes. E o trabalho faz</p><p>parte da manutenção desses meios.</p><p>Este último é uma representação do nosso atual modelo econômico e influenciador</p><p>do trabalho. Todavia, nos dias atuais encontramos algumas nuances que distinguem as</p><p>formas como a interação econômica impacta a social, como é o caso do pré-capitalismo,</p><p>o capitalismo comercial, industrial e financeiro. Vamos entender melhor cada uma dessas</p><p>etapas? Veja (SANTA CATARINA, 2012, apud MARTINS, 2017, p. 105):</p><p>● Pré-capitalismo (séculos XII a XV): O modo de produção feudal ainda predomina,</p><p>mas já se desenvolvem as relações capitalistas;</p><p>● Capitalismo comercial (XV a XVIII): A maior parte do lucro concentra-se nas mãos</p><p>dos comerciantes, que constituem a camada hegemônica da sociedade; o trabalho</p><p>assalariado torna-se mais comum;</p><p>● Capitalismo industrial (XVII a XX): com a Revolução Industrial, o capital passa a</p><p>ser investido basicamente nas indústrias, que se torna a atividade econômica mais</p><p>importante. o trabalho assalariado firma-se definitivamente;</p><p>● Capitalismo financeiro (século XX): os bancos e outras instituições financeiras pas-</p><p>sam a controlar as demais atividades econômicas, por meio de financiamentos à</p><p>agricultura, à indústria, à pecuária e ao comércio.</p><p>O modelo capitalista é o que tem perdurado por mais tempo, além de ser tido como</p><p>o mais complexo. Essa afirmação é pautada na lógica que o capitalismo necessita de um</p><p>complexo relacionamento entre meios de produção e o Estado (detentor do poder), então</p><p>as relações são institucionalizadas com base em um sistema jurídico e administrativo que</p><p>permeia as questões socioeconômicas e as mantêm funcionando.</p><p>O liberalismo econômico é uma proposta ousada e que supriria a maior parte das</p><p>necessidades do modelo econômico, porém as questões sociais seriam negligenciadas</p><p>pelo fato da alta competitividade dos detentores dos meios produtivos, com os detentores</p><p>da força de trabalho (MARTINS, 2017).</p><p>Com o advento da globalização, as empresas passaram a compreender que seus</p><p>padrões não estavam mais restritos a um modelo regional ou local, e sim que estavam à</p><p>mercê de um sistema global que acaba por impactar todos os formatos de produção a uma</p><p>29UNIDADE 2 SOCIOLOGIA E ECONOMIA: O SURGIMENTO E CONSOLIDAÇÃO DO CAMPO TEÓRICO DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA</p><p>escala impensável antes da Revolução Industrial. Esse processo ficaria conhecido como</p><p>“Capitalismo em Redes”, em que todas as economias nacionais estariam interligadas por</p><p>processos produtivos e econômicos, e esses impactos acabariam por influenciar as ques-</p><p>tões sociais também.</p><p>Em decorrência da competitividade em escala global, as empresas começaram a</p><p>pensar nas em formas de aumentar a sua produtividade, porém como a tecnologia ainda</p><p>não dispunha de atualizações com a mesma celeridade dos dias atuais, os responsáveis</p><p>pelas estratégias baseiam suas decisões em questões humanas. Alguns autores e res-</p><p>ponsáveis por mudanças estruturais nos processos produtivos ficaram conhecidos mun-</p><p>dialmente, como é o caso dos clássicos, Ford, Toyota e Taylor. Este último, ao contrário</p><p>dos demais, foi enfático na área acadêmica, e ficou conhecido como pai da administração</p><p>científica. Vamos conhecer melhor sobre as contribuições de cada um (MARTINS, 2017):</p><p>- Taylorismo: Foi a teoria criada pelo norte-americano Frederick Taylor (1856 - 1915)</p><p>que apresentou os princípios da administração científica, como base de sua obra,</p><p>que se foca no aumento da produtividade e lucratividade. A produção era tida como</p><p>o principal elemento de mudança social, pois os salários estavam condicionados ao</p><p>quantitativo que o indivíduo produzia, enquanto que a lucratividade era o elemento</p><p>econômico vinculado à eficiência dos processos. Culminando na alienação dos tra-</p><p>balhadores e especialização das atividades produtivas;</p><p>- Fordismo: Fruto das estratégias de Henry Ford (1863 - 1947) fundador da Ford</p><p>Motor Company, almejando melhorar a produtividade da empresa</p><p>e produzir mais</p><p>em menor tempo, proporcionou mudanças profundas nas estruturas produtivas ao</p><p>padronizar os produtos, com base em características chave. Enquanto isso, as mu-</p><p>danças sociais no trabalho eram firmadas em pilares, como a especialização do</p><p>trabalho, repetição das atividades e ciclos produtivos;</p><p>- Toyotismo: Similar ao modelo do norte-americano Ford, o modelo japonês funda-</p><p>do pelos engenheiros Taiichi Ohno (1912-1990), Shingeo Shingo (1909-1990) e Eiji</p><p>Toyoda (1913-2013), buscava melhorar os aspectos produtivos inspirados no For-</p><p>dismo, porém com foco na qualidade e flexibilidade das tarefas. Como no Japão</p><p>as empresas não dispõem de grandes espaços físicos para estoque, foi o primeiro</p><p>elemento modificador do ponto de vista econômico, enquanto na perspectiva social,</p><p>a principal mudança foi na efetividade produtiva, reduzindo os desperdícios produti-</p><p>vos, com base nas mudanças ocorridas no desempenho do trabalho.</p><p>As mudanças nos sistemas produtivos impactaram, positivamente, os aspectos eco-</p><p>nômicos, com melhorias estruturais nos processos produtivos, que desde meados dos anos</p><p>20 até os dias atuais, têm influenciado as empresas a promover a assegurar sua sustenta-</p><p>bilidade econômica. Todavia, os reflexos no campo do trabalho nem sempre foram vistos</p><p>com bons olhos, pois aceleraram as atividades a um ponto humanamente incapaz de ser</p><p>sustentado pelos trabalhadores.</p><p>30UNIDADE 2 SOCIOLOGIA E ECONOMIA: O SURGIMENTO E CONSOLIDAÇÃO DO CAMPO TEÓRICO DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>O caminho trilhado até aqui é claro, muitos foram os impactos da economia na so-</p><p>ciedade, e as áreas acabam por se tornar uma área de influências constantes, em que a</p><p>economia e sociologia medem esforços para melhorias constantes em seus respectivos</p><p>cenários. Esse embate se tornaria uma nova área de estudos, a sociologia econômica, que</p><p>também tem suas fases e atores de acordo com o momento histórico vivido. Dessa forma:</p><p>De fato, a sociologia econômica surge no final do século XIX em reação à hege-</p><p>monia da teoria econômica marginalista e aos limites evidentes de seu programa</p><p>de pesquisa. Teóricos da envergadura de Durkheim, Weber, Simmel ou Veblen, por</p><p>exemplo, tentam denunciar os pressupostos teóricos e metodológicos de uma ciên-</p><p>cia social que se reivindica independente do meio social (RAUD-MATTEDI, 2005,</p><p>p. 127-128).</p><p>Para além das questões históricas, a área é influenciada pelos comportamentos do</p><p>Mercado, que se trata de uma instituição, e também se aproxima ao fato social, elemento</p><p>apresentado por Durkheim. Consiste em comportamentos econômicos que moldam as</p><p>interações sociais, com base no sistema de compra e venda, e é tido como uma estrutura</p><p>estruturante que condiciona as formas de socialização com base no consumo. Dessa</p><p>forma, molda os comportamentos com estruturas de comportamento, e “Durkheim identifica</p><p>o mercado como uma das ‘instituições relativas à troca’, no quadro de sua definição da</p><p>sociologia econômica como sociologia específica que analisa as instituições relativas à</p><p>produção de riquezas, à troca e à distribuição” (DURKHEIM, 1975, apud RAUD-MATTEDI,</p><p>2005, p. 128).</p><p>A sociedade atual é moldada pela consciência coletiva dos comportamentos que</p><p>são influenciados pelas instituições, e isso não é diferente com o Mercado, que constrange</p><p>a divisão e execução do trabalho com base nas necessidades das trocas, orientadas pelo</p><p>UNIDADE 2 SOCIOLOGIA E ECONOMIA: O SURGIMENTO E CONSOLIDAÇÃO DO CAMPO TEÓRICO DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>3 MERCADO DE TRABALHO:</p><p>O OBJETIVO DOS ESTUDOS</p><p>ATUAIS</p><p>TÓPICO</p><p>31</p><p>consumo. Porém, o vínculo criado na troca, não se extingue no ato, indo para além das</p><p>fronteiras da economia, criando novos padrões de comportamento e interação social. Com-</p><p>portamento este baseado na luta ou conflito de interesses entre os envolvidos, que buscam</p><p>maximizar seus benefícios de acordo com a ótica interacionista, firmada pelo contrato, que</p><p>pode ser um instrumento jurídico ou social, que estabelece um vínculo institucional entre os</p><p>envolvidos (RAUD-MATTEDI, 2005).</p><p>Os contratos não são o único formato de instrumento que molda as interações so-</p><p>ciais, talvez seja esse o modelo mais utilizado pela economia, todavia, nas questões so-</p><p>ciais os formatos são muito mais amplos e antigos, como é o caso dos hábitos, costumes</p><p>e tradições. Esses, por sua vez, estabelecem níveis de análise para as questões sociais</p><p>direcionadas ao consumo, como frequência nos casos dos hábitos, as ações involuntárias</p><p>dos costumes e os significados e motivações para a valorização das práticas nas tradições.</p><p>Já nos explicava Weber com as convenções sociais, que as tradições são baseadas</p><p>em um senso de aprovação, em casos de discordância de um determinado comportamen-</p><p>to, o indivíduo sofre retaliações sociais, como a desaprovação. Da mesma forma que as</p><p>empresas buscam constantemente a alta lucratividade e a expansão de seus negócios, a</p><p>sociedade valoriza fortemente um senso ético que distingue as questões meramente eco-</p><p>nômicas direcionadas ao lucro, das questões sociais baseadas nas necessidades materiais</p><p>(RAUD-MATTEDI, 2005).</p><p>Em meio a essa dicotomia de interesses, surge o papel do Estado, como meio re-</p><p>gulador dos interesses sociais e econômicos. Através das suas atribuições mediadas por</p><p>suas instituições, o Estado utiliza a política para constranger o papel da economia e seu</p><p>funcionamento, fazendo assim que o liberalismo econômico não subjugue as questões so-</p><p>ciais, mantendo a ordem econômica e social. Para isso, o Estado cria uma série de padrões</p><p>burocráticos que norteiam o funcionamento das atividades econômicas, como, por exem-</p><p>plo, as leis.</p><p>O arcabouço jurídico do Estado é baseado em uma série de leis que consideram</p><p>comportamentos éticos e morais, que impedem e condicionam as empresas que compõem</p><p>o mercado, a prezam pelo bem-estar da sociedade e seus integrantes, sejam esses clientes</p><p>ou colaboradores da própria empresa, acima do lucro. Afinal, o Estado é o representante</p><p>direto da coletividade, em que os interesses do povo devem ser priorizados e defendidos</p><p>por ele, para que assim o capitalismo predatório, representado por interesses individuais,</p><p>não se sobreponha aos interesses coletivos (RAUD-MATTEDI, 2005).</p><p>32UNIDADE 2 SOCIOLOGIA E ECONOMIA: O SURGIMENTO E CONSOLIDAÇÃO DO CAMPO TEÓRICO DA SOCIOLOGIA ECONÔMICA</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .</p><p>. . . . .</p><p>. . . . .</p><p>.</p><p>O termo Mercado foi criado para demonstrar a relevância nas interações econô-</p><p>micas, em um formato sequencial, similar e uma cronologia. Todavia, quando levado em</p><p>consideração que a globalização moldou uma série de interações socioeconômicas e que</p><p>dessa forma não existe apenas uma linha e sim várias, representadas pelas redes, o Mer-</p><p>cado deverá ser tratado no plural, para que seja possível compreender sua plenitude.</p><p>A fluidez dos mercados é amparada nas trocas, que permanece o já menciona-</p><p>do jogo de interesses, em que os produtores e consumidores colocam em pauta as suas</p><p>necessidades. Os produtores dependentes da disponibilidade de recursos são orientados</p><p>pelas instituições para participarem da competição que ocorre no mercado, enquanto os</p><p>consumidores desempenham seus papéis de acordo com a cultura que promovem “signi-</p>