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<p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ</p><p>18ª CÂMARA CÍVEL</p><p>AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0024236-58.2024.8.16.0000, DA 1ª</p><p>VARA CÍVEL DE CURITIBA</p><p>AGRAVANTES: FERNANDA APARECIDA GAMBETA SASS CASTRO</p><p>DOS SANTOS E MAYCON JEANN CASTRO DOS SANTOS</p><p>AGRAVADOS: ÉRICA GASPARIM E EURIDES GASPARIM</p><p>RELATOR: DES. VITOR ROBERTO SILVA</p><p>AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.</p><p>DECISÃO AGRAVADA QUE REJEITA A EXCEÇÃO DE PRÉ-</p><p>EXECUTIVIDADE. TESE DE IMPENHORABILIDADE DE BEM DE</p><p>FAMÍLIA. NÃO OCORRÊNCIA. IMÓVEL DE FIADOR DADO EM</p><p>GARANTIA EM CONTRATO DE LOCAÇÃO. EXCEÇÃO À REGRA</p><p>GERAL. CONSTITUCIONALIDADE FIRMADA PELO STF, SEJA EM</p><p>LOCAÇÃO RESIDENCIAL, SEJA EM LOCAÇÃO COMERCIAL (TEMA</p><p>1127). TESE FIRMADA PELO STJ NO MESMO SENTIDO (TEMA 1091).</p><p>DECISÃO ESCORREITA. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.</p><p>Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de</p><p>Instrumento nº 0024236-58.2024.8.16.0000, da 1ª Vara Cível de Curitiba, em que são</p><p>agravantes Fernanda Aparecida Gambeta Sass Castro dos Santos e Maycon Jean</p><p>Castro dos Santos e são agravados Érica Gasparim e Eurides Gasparim.</p><p>Trata-se de agravo de instrumento interposto em face da decisão proferida</p><p>nos autos de execução de título extrajudicial que rejeitou a exceção de pré-executividade</p><p>oposta pelos executados, ora agravantes (mov. 458.1 na origem).</p><p>Alegam os agravantes, em síntese, que: a) o bem sobre o qual foi</p><p>determinada a penhora é o único imóvel de propriedade dos executados, que lhes garante o</p><p>direito à moradia, razão pela qual atrai a proteção da Lei 8.009/91, sendo absolutamente</p><p>impenhorável, segundo o art. 1º da mencionada Lei; b) as certidões acostadas nos autos,</p><p>emitidas pelos 9 registros de imóveis da Comarca, bem como a pesquisa ao Infojud nos autos</p><p>de origem, atestam que esse é o único imóvel pertencente aos agravantes; c) os executados</p><p>atualmente residem no Rio de Janeiro e, considerando que o imóvel de Curitiba é o único que</p><p>dispõem, precisaram alugar um imóvel na nova cidade; d) o valor recebido à título de locação é</p><p>destinado ao complemento da renda familiar, para pagamento do aluguel do imóvel em que</p><p>residem atualmente ou para que lhes auxilie no pagamento do próprio imóvel de Curitiba, já</p><p>que é objeto de alienação fiduciária; e) a Súmula 486 dispõe que o valor obtido com a locação</p><p>deve ser revertido para a subsistência OU a moradia da família, devendo ser aplicada ao caso</p><p>em comento; f) impenhorabilidade prevista na Lei nº 8.009/1990 que se estende ao único</p><p>imóvel do devedor, ainda que este se ache locado a terceiros; e g) o bem de família por si, é</p><p>suficiente para justificar a impenhorabilidade do imóvel, já que se trata de um direito</p><p>fundamental, decorrente de uma necessidade básica. Pugna, por fim, pelo conhecimento e</p><p>integral provimento do presente agravo, com atribuição de efeito suspensivo. (mov. 1.1).</p><p>Não houve resposta ao recurso.</p><p>É o relatório.</p><p>VOTO E SUA FUNDAMENTAÇÃO</p><p>Os agravantes sustentam a impenhorabilidade do imóvel em litígio, sob o</p><p>argumento de que se trata de bem de família, assim como que é o único imóvel que lhes</p><p>pertence, já que, apesar de locado, serve para pagar a locação do imóvel onde residem</p><p>atualmente.</p><p>Ocorre, porém, que a fiança prestada em contrato de locação é uma das</p><p>exceções à regra da impenhorabilidade do imóvel residencial (art. 3º, VII, da Lei 8.009/90).</p><p>E o Supremo Tribunal Federal, no RE 495105 AgR/SP, de relatoria do Exmo.</p><p>Min. Marco Aurélio, declarou a constitucionalidade desse dispositivo:</p><p>“PENHORA – BEM DE FAMÍLIA – FIADOR EM CONTRATO DE LOCAÇÃO –</p><p>CONSTITUCIONALIDADE. O Tribunal, no julgamento do Recurso Extraordinário</p><p>nº 407.688-8/SP, declarou a constitucionalidade do inciso VII do artigo 3º da</p><p>Lei nº 8.009/90, que excepcionou da regra de impenhorabilidade do bem de</p><p>família o imóvel de propriedade de fiador em contrato de locação.” (RE 495105</p><p>AgR, Relator (a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 05/11/2013,</p><p>ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-234 DIVULG 27-11-2013 PUBLIC 28-11-2013)</p><p>Posteriormente, esse entendimento foi reafirmado na tese firmada no tema</p><p>295, repercussão geral, daquela Corte:</p><p>É constitucional a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato</p><p>de locação, em virtude da compatibilidade da exceção prevista no art. 3°, VII,</p><p>da Lei 8.009/1990 com o direito à moradia consagrado no art. 6° da</p><p>Constituição Federal, com redação da EC 26/2000.</p><p>E, recentemente, essa mesma Corte, em razão da discussão acerca da</p><p>penhorabilidade nos casos de locação não-residencial, ratificou esse entendimento pela tese</p><p>firmada no tema 1127, pelo qual “é constitucional a penhora de bem de família pertencente a</p><p>”.fiador de contrato de locação, seja residencial, seja comercial</p><p>Na esteira desse entendimento, o STJ, em julgamento sob a sistemática de</p><p>recursos especiais repetitivos (tema 1091), firmou tese no mesmo sentido:</p><p>“É válida a penhora do bem de família de fiador apontado em contrato de</p><p>locação de imóvel, seja residencial, seja comercial, nos termos do inciso VII do</p><p>art. 3º da Lei n. 8.009/1990”.</p><p>Como não poderia deixar de ser, esse órgão julgador não destoa de tais</p><p>teses:</p><p>AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. PENHORA</p><p>DOS DIREITOS DA FIADORA SOBRE BEM IMÓVEL. RECURSO DA EXECUTADA. 1.</p><p>PRELIMINARES SUSCITADAS EM CONTRARRAZÕES. ALEGAÇÃO DE QUE A TESE</p><p>RECURSAL AFRONTA COISA JULGADA. NÃO ACOLHIMENTO. ALEGAÇÃO DE QUE</p><p>A TESE DE NULIDADE DO TERMO DE ACORDO E CONFISSÃO DE DÍVIDA, PELA</p><p>AUSÊNCIA DA ASSINATURA DA FIADORA EM TODAS AS PÁGINAS, TRATA DE</p><p>INOVAÇÃO RECURSAL. ACOLHIMENTO. CONHECIMENTO PARCIAL DO RECURSO.</p><p>- A tese recursal de impenhorabilidade de bem de família não foi objeto da</p><p>sentença dos embargos à execução, opostos anteriormente pela agravante,</p><p>então não há falar que a decisão recorrida ofendeu coisa julgada. - Não houve</p><p>qualquer pleito no sentido de que o termo de acordo e confissão de dívida é</p><p>nulo porque não há assinatura da fiadora em todas as suas páginas, e de que</p><p>o bem imóvel não foi dado em garantia durante a tramitação processual, o</p><p>que fora trazido apenas em sede recursal, importando em inovação indevida e</p><p>supressão de instância.2. PENHORA DE DIREITOS DA FIADORA SOBRE BEM</p><p>IMÓVEL. ALEGADA IMPENHORABILIDADE POR SE TRATAR DE BEM DE FAMÍLIA.</p><p>TESE REJEITADA. ART. 3º, INCISO VII, DA LEI Nº 8.009/90. EXCEÇÃO APLICÁVEL</p><p>AO CASO CONCRETO. JULGAMENTO PROFERIDO, POR MAIORIA, NO RE 1307334</p><p>PELO STF (TEMA 1127). SÚMULA 549 DO STJ. APLICABILIDADE. VIABILIDADE</p><p>DA PENHORA. - À luz do disposto no art. 3º, inciso VII, da Lei nº 8.009/90, é</p><p>inoponível a impenhorabilidade em caso de obrigação decorrente de fiança</p><p>- Em conformidade com o julgamentoconcedida em contrato de locação.</p><p>proferido no RE 1.307.334, em sede de repercussão geral pelo STF, e com a</p><p>Súmula 549 do STJ, revela-se constitucional e válida a penhora de bem de</p><p>. Agravo defamília pertencente a fiador de contrato de locação residencial</p><p>instrumento parcialmente conhecido e, nessa extensão, não provido. (TJPR -</p><p>18ª Câmara Cível - 0100996-82.2023.8.16.0000 - Londrina -  Rel.: DESEMBARGADOR</p><p>PERICLES BELLUSCI DE BATISTA PEREIRA -  J. 04.03.2024)</p><p>APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS DE TERCEIRO. CONTRATO DE LOCAÇÃO. FIANÇA.</p><p>AUSÊNCIA DE OUTORGA UXÓRIA. DECLARAÇÃO DO CÔNJUGE COMO SOLTEIRO</p><p>AO PRESTAR A GARANTIA. AUSÊNCIA DE BOA-FÉ. VALIDADE DA FIANÇA E,</p><p>CONSEQUENTEMENTE DA PENHORA, REDUZIDA, CONTUDO, À PARTE IDEAL DO</p><p>CÔNJUGE DEVEDOR. PRESERVAÇÃO DA MEAÇÃO, TODAVIA, POR MEIO DE</p><p>REPASSE DE METADE DO VALOR DO BEM (AVALIAÇÃO) EM CASO DE</p><p>EXPROPRIAÇÃO , FACE À SUA INDIVISIBILIDADE. IMPENHORABILIDADE DE BEM</p><p>DE FAMÍLIA. NÃO OCORRÊNCIA. IMÓVEL DE FIADOR DADO EM GARANTIA EM</p><p>CONTRATO DE LOCAÇÃO. EXCEÇÃO À REGRA GERAL. CONSTITUCIONALIDADE</p><p>FIRMADA PELO STF, SEJA EM LOCAÇÃO RESIDENCIAL, SEJA EM LOCAÇÃO</p><p>RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.COMERCIAL (TEMA 1127).</p><p>(TJPR - 18ª Câmara Cível - 0010270-38.2018.8.16.0194 - Curitiba -  Rel.:</p><p>DESEMBARGADOR VITOR ROBERTO SILVA -  J. 24.05.2023)</p><p>Diante de tais considerações, não há que se falar em impenhorabilidade</p><p>do</p><p>bem, razão pela qual o voto é no sentido de conhecer e negar provimento ao recurso,</p><p>mantendo-se incólume a decisão agravada.</p><p>DECISÃO</p><p>Ante o exposto, acordam os Desembargadores da 18ª Câmara Cível do</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ, por unanimidade de votos, em julgar CONHECIDO O</p><p>RECURSO DE PARTE E NÃO-PROVIDO o recurso de FERNANDA APARECIDA GAMBETA SASS</p><p>CASTRO DOS SANTOS, por unanimidade de votos, em julgar CONHECIDO O RECURSO DE PARTE</p><p>E NÃO-PROVIDO o recurso de MAYCON JEANN CASTRO DOS SANTOS.</p><p>O julgamento foi presidido pelo (a) Desembargador Marcelo Gobbo Dalla</p><p>Déa, sem voto, e dele participaram Desembargador Vitor Roberto Silva (relator),</p><p>Desembargador Péricles Bellusci De Batista Pereira e Desembargador Luiz Henrique Miranda.</p><p>30 de agosto de 2024</p><p>Des. VITOR ROBERTO SILVA</p><p>= Relator =</p>

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