Prévia do material em texto
<p>DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO</p><p>1. INTRODUÇÃO AO DIREITO DO TRABALHO</p><p>1.1.Conceito de Direito do Trabalho</p><p>1.1.1.Conceito Subjetivista</p><p>O Direito do Trabalho é o direito especial de um determinado grupo de pessoas, que se caracteriza pela classe de sua atividade lucrativa (...) é o direito especial dos trabalhadores". (HUECK e NIPPERDEY)</p><p>Enforca as partes envolvidas nas relações de trabalho: empregado e empregador.</p><p>Esse conceito entende o Direito do Trabalho como um conjunto de regras que visa:</p><p>Proteger os interesses do trabalhador: condições dignas de trabalho, salário justo, jornada adequada, etc.</p><p>Equilibrar poder entre o empregado e o empregador: estabelecimento de entidades sindicais, estabilidade provisória no emprego (gestante, membro da CIPA, dirigente sindical), etc.</p><p>1.1.2.Conceito Objetivista</p><p>“(..) corpo de princípios e de normas jurídicas que ordenam a prestação do trabalho subordinado ou a este equivalente, bem como as relações e os riscos que dela se originam”. (MESSIAS PEREIRA DONATO)</p><p>Enforca nas normas e princípios que regem as relações laborais, independentemente das partes envolvidas.</p><p>Esse conceito entende o Direito do Trabalho como um conjunto de regras que visa:</p><p>Regulamentar as condições de trabalho, independentemente da posição do empregado ou do empregador nessa relação.</p><p>1.1.3.Conceito Misto</p><p>“(...) é complexo de princípios, regras e institutos jurídicos que regulam a relação empregatícia de trabalho e outras relações normativamente especificadas, englobando, também, os institutos, regras e princípios jurídicos concernentes às relações coletivas entre trabalhadores e tomadores de serviços, em especial através de suas associações coletivas”. (MAURÍCIO GODINHO DELGADO)</p><p>Enforca tanto nos aspectos subjetivos quanto objetivos do Direito do Trabalho.</p><p>Esse conceito entende o Direito do Trabalho como um sistema que visa:</p><p>Proteger os empregados</p><p>Equilibrar o poder entre as partes</p><p>Regulamentar as condições de trabalho para garantir um ambiente justo, seguro, saudável, sem preconceitos, que favoreça o desenvolvimento social e econômico das partes.</p><p>1.1.4. Analisando os Conceitos</p><p>Pode-se afirmar que o Direito do Trabalho é, portanto:</p><p>É um ramo da ciência jurídica.</p><p>Composto por princípios, regras e institutos jurídicos próprios.</p><p>Objetiva regular as relações de trabalho entre trabalhadores e tomadores de serviços, em especial daqueles com vinculo empregatício, visando equilibrar poderes e proteger os hipossuficientes (trabalhadores).</p><p>Incidindo sobre as relações de trabalho individuais (empregado x empregador).</p><p>E sobre as relações de trabalho coletivas (grupos de empregados x grupos de empregadores).</p><p>1.2. Divisão Interna do Direito do Trabalho</p><p>Direito Individual do Direito</p><p>"(..) é o conjunto de leis que consideram individualmente empregado e o empregador, unidos numa relação contratual". (CESARINO JÚNIOR)</p><p>Conteúdo:</p><p>· Contrato de Trabalho</p><p>· Salário e Remuneração</p><p>· Jornada de Trabalho</p><p>· Férias</p><p>· Licenças e Afastamentos</p><p>· Segurança e Saúde no Trabalho</p><p>· Discriminação e Assédio</p><p>Direito Coletivo do Trabalho</p><p>“(...) é o conjunto de normas que consideram os empregados e empregadores coletivamente reunidos, principalmente no forma de entidades sindicais.” (CESARINO JÚNIOR)</p><p>Conteúdo:</p><p>· Negociações Coletivas</p><p>· Greve</p><p>· Sindicatos</p><p>· Convenção Coletiva de Trabalho</p><p>· Acordo Coletivo de Trabalho</p><p>1.3. NATUREZA JURÍDICA DO DIRETO DO TRABALHO</p><p>Direito Privado</p><p>Conjunto de normas jurídicas que disciplinam o exercício das atividades privadas (relação jurídica entre particulares).</p><p>Características do Direito Privado</p><p>· Tutela o interesse temesse particular</p><p>· Relação de Coordenação (eficácia horizontal)</p><p>· Princ. Da Igualdade e da Autonomia da Vontade</p><p>· Direitos Disponíveis</p><p>· Princ. Da Legalidade</p><p>· Normas Flexíveis</p><p>· Prepondera a relação Particular x Particular</p><p>Exemplos</p><p>· Direito Civil</p><p>· Direito Empresarial</p><p>· Direito do Consumidor</p><p>Direito Público</p><p>Conjunto de normas jurídicas que disciplinam o exercício das atividades públicas (ou das funções públicas) do Estado ado em prol do interesse público.</p><p>Características do Direito Público</p><p>· Critério Interesse do -> Tutela o Interesse Público.</p><p>· Relação de Subordinação (eficácia vertical).</p><p>· Princ. da Supremacia do Interesse Público.</p><p>· Direitos Indisponíveis.</p><p>· Princ. da Legalidade Estrita.</p><p>· Normas Imperativas (observância obrigatória)</p><p>· Critério de Tutelaridade -> Prepondera a relação Estado x Estado ou -> . Prepondera a relação Particular x Particular</p><p>Exemplos</p><p>· Direito Constitucional</p><p>· Direito Penal</p><p>· Direito Tributário</p><p>· Direito Administrativo</p><p>· Direito Eleitoral</p><p>· Direito Internacional Público e Privado</p><p>· Direito Processual</p><p>Mas, afinal, qual é a natureza jurídica do DIREITO DO TRABALHO?</p><p>Definição Clássica</p><p>O DIREITO DO TRABALHO detém natureza jurídica de DIREITO PRIVADO.</p><p>Divergência Moderna</p><p>No entanto, há divergências!</p><p>Há quem afirme, todavia, que o Direito do Trabalho pertence ao DIREITO PÚBLICO.</p><p>Há autores que consideram que o Direito do Trabalho é inassimilável a qualquer dos dois grandes grupos clássicos, enquadrando-se em um terceiro grande grupo: ○ DIREITO SOCIAL</p><p>1.4. FUNÇÕES DO DIREITO DO TRABALHO</p><p>1.4.1. Função Tutelar: porquanto esse ramo busca a proteção do trabalhador tanto no campo individual como no campo coletivo, em razão de sua hipossuficiência.</p><p>Exemplos:</p><p>· Regulamentação da Jornada de Trabalho</p><p>· Proteção contra Discriminação, Assédio e Condições Insalubres ou Perigosas</p><p>1.4.2. Função Econômica: porquanto as normas trabalhistas afetam a economia, permitindo a maior circulação de riquezas.</p><p>Exemplos:</p><p>· Fixação do Salário Mínimo</p><p>· Adicional de Jornada Extraordinária e Jornada Noturna</p><p>· Imposição de Férias Remuneradas com adicional.</p><p>1.4.3. Função Coordenadora: porque as normas trabalhistas incentivam o diálogo entre tomadores de serviço (inclusive empregadores) e os trabalhadores, gerando organização da atividade produtiva e uma pacificação dos conflitos.</p><p>Exemplos:</p><p>· Comissões de Conciliação Prévia</p><p>· Negociação Coletiva</p><p>1.4.4. Função Modernizante e Progressista: porque as normas trabalhistas tendem a incentivar a atualização das relações de trabalho, com as adaptações necessárias a introdução de novas tecnologias, o que inclui a capacitação dos trabalhadores surgimento de novas relações de trabalho.</p><p>Exemplos:</p><p>· Regulação do Trabalho Remoto e Teletrabalho</p><p>· Regulamentação das Plataformas de Trabalho Online (gig economy)</p><p>· Regulamentação do Trabalho Intermitente e Temporário</p><p>1.5. Fontes do Direito do Trabalho</p><p>FONTES MATERIAIS</p><p>CONJUNTO DE ELEMENTOS, FATORES E ACONTECIMENTOS SOCIAIS, ECONÔMICOS,HISTÓRICOS, CULTURAIS, MORAIS E POLÍTICOS. DÃO ORIGEM AO DIREITO POSITIVADO DE UM ESTADO. SÃO, POR EXEMPLO, AS REIVINDICAÇÕES DOS TRABALHADORES POR MELHORES CONDCONDIÇÕES DE TRABALHO,PRESSÃO DOS TRABALHADORES SOBRE O ESTADO COM O OBJETIVO DE RESGUARDAR SEUS DIREITOS.</p><p>FONTES FORMAIS</p><p>ATRIBUEM A REGRA JURÍDICA O CARATER DE DIREITO POSITIVO. CONFEREM CONTEÚDO FORMAL À NORMA.</p><p>1.5.1. Fontes Materiais ou Reais</p><p>a. Fontes Materiais Econômicas: estão relacionadas à existência e evolução do sistema capitalista.</p><p>Exemplo: Revolução Industrial (Inglaterra, de 1760 a 1840).</p><p>Algumas maneiras pelas quais a Revolução Industrial influenciou o Direito do Trabalho incluem:</p><p>1. Condições de Trabalho: a industrialização resultou na concentração de trabalhadores em fábricas, muitas vezes em condições insalubres e perigosas. Isso levou à necessidade de regulamentações para proteger a saúde e a segurança dos trabalhadores</p><p>2. Proteção de Crianças e Mulheres: a Revolução Industrial viu crianças e mulheres sendo forçadas a trabalhar em condições precárias. As leis começaram a ser promulgadas para proteger esses grupos vulneráveis, limitando o trabalho infantil e estabelecendo regulamentações específicas para mulheres trabalhadoras.</p><p>b. Fontes Materiais Sociológicas: estão relacionadas às mudanças nas atitudes sociais, nos valores e nas estruturas da sociedade que moldam as relações de trabalho e influenciam a legislação trabalhista.</p><p>Exemplo: Revoluções Liberais iniciadas no Século Xix (Movimento</p><p>Feminista e Movimento pelos Direitos Civis, por exemplo).</p><p>Algumas maneiras pelas quais as Revoluções Liberais influenciaram o Direito do Trabalho incluem:</p><p>1. Equidade de Gênero e Diversidade: levou à adoção de leis que proíbem a discriminação de gênero, promovem a igualdade salarial e garantem a inclusão de grupos minoritários.</p><p>2. Igualdade Étnica: levou à adoção de leis que proíbem a discriminação racial e que garantem oportunidades entre todas as pessoas, independentemente da sua etnia ou raça.</p><p>c. Fontes Materiais Politicas: estão relacionadas aos movimentos sociais organizados pelos trabalhadores, de nítido caráter reivindicatório.</p><p>Exemplo: Movimento Sindical nos Estados Unidos (Século XIX - XX).</p><p>Algumas maneiras pelas quais o Movimento Sindical nos Estados Unidos influenciou ○ Direito do Trabalho incluem:</p><p>1. Criação de Sindicatos: levou os governos a autorizarem a organização sindical dos trabalhadores.</p><p>2. Greve e Negociação Coletiva: possibilitou que os trabalhadores pudessem reivindicar os seus direitos através da realização da greve e da negociação coletiva.</p><p>d. Fontes Materiais Filosóficas: correspondem às ideias e correntes de pensamento que, articuladamente entre si ou não, influenciam a formulação das normas trabalhistas e a compreensão dos direitos e deveres dos trabalhadores empregadores.</p><p>Exemplo: Teoria Filosófica dos Direitos Humanos</p><p>Algumas maneiras pelas quais a Teoria Filosófica dos Direitos Humanos influenciou ○ Direito do Trabalho incluem:</p><p>1. Trabalho Digno: garante que o trabalho seja realizado em um ambiente justo, seguro, saudável, sem preconceitos, etc.</p><p>2. Salário Justo: refere-se a um pagamento adequado e equitativo pelo trabalho realizado por um indivíduo</p><p>1.5.2. Fontes Formais: representam a exteriorização final das normas jurídicas, os mecanismos e modalidades mediante os quais o Direito transparece e se manifesta.</p><p>Há uma discussão teórica relevante acerca do estuário das fontes jurídicas formais, isto é, discute-se sobre a unidade ou pluralidade dos núcleos de produção das fontes formais do Direito, os chamados centros de positivação jurídica.</p><p>Duas teorias tratam desse tema:</p><p>TEORIA MONISTA</p><p>Capitaneada por Hans Kelsen, sustenta que as fontes formais do Direito derivam de um único Centro de positivação, o Estado</p><p>X</p><p>TEORIA PLURALISTA</p><p>Sustenta que as fontes formais do Direito derivam de vários centros de positivação, sendo o Estado apenas um deles.</p><p>a. Fontes Formais Heterônomas: são as normas jus trabalhistas cuja produção se caracteriza pela ausência de participação dos destinatários no seu processo elaboração. Em outras palavras, são as normas produzidas pelo Estado.</p><p>· Constituição</p><p>· Emendas à Constituição</p><p>· Lei Complementar e Lei Ordinária</p><p>· Medidas Provisórias</p><p>· Decretos</p><p>· Portarias e Instruções Normativas</p><p>· Tratados Internacionais favorecidos por ratificação e adesão internas</p><p>· Convenções Internacionais favorecidas por ratificação e adesão internas</p><p>· Sentenças Normativas e Sentenças Arbitrais em Dissidios Coletivos</p><p>b. Fontes Formais Autônomas: são as normas jus trabalhistas cuja produção se caracteriza pela imediata participação dos destinatários no seu processo elaboração. Em outras palavras, são as normas estabelecidas diretamente pelos próprios sujeitos da relação de trabalho. Elas são resultado da autonomia e da capacidade das partes de negociar, acordar e estabelecer normas específicas que regerão suas relações laborais</p><p>· Usos e costumes</p><p>· Convenção Coletiva de Trabalho (CCT)</p><p>· Acordos Coletivos de Trabalho (ACT)</p><p>· Regulamento Empresarial</p><p>1.6. As Relações de Trabalho</p><p>A relação de trabalho é um gênero que abrange diversas espécies.</p><p>RELAÇÕES DE TRABALHO</p><p>1. Emprego</p><p>2. Autônomo</p><p>3. Eventual</p><p>4. Avulso</p><p>5. Estágio</p><p>6. Voluntário</p><p>1.6.1 Trabalho Autônomo</p><p>a. Característica Principal: No trabalho autônomo, o elemento necessário para sua identificação é inexistência de qualquer subordinação, pois esse trabalhador possui liberdade na direção da prestação de serviços.</p><p>O trabalhador autônomo presta serviço por conta própria.</p><p>b. Base Legal: essa espécie de trabalho está prevista no art. 442-B, da CLT:</p><p>A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3º, desta Consolidação.</p><p>c. Exemplos:</p><p>i. Autônomo sem exclusividade e sem habitualidade</p><p>Rafael é um eletricista autônomo. Ele tem uma base variada de clientes que o chama ocasionalmente para fazer reparos elétricos em suas casas ou empresas.</p><p>ii. Autônomo sem exclusividade e com habitualidade</p><p>Lucas é um jardineiro autônomo. Ele tem uma base variada de clientes e presta serviços continuamente, em dias programados, em suas casas ou empresas.</p><p>iii. Autônomo com exclusividade e com habitualidade</p><p>Marina é uma gestora de tráfego digital autônoma. Ela firma contratos de gestão exclusiva por profissões e regiões. Atua diariamente em favor dos seus clientes.</p><p>1.6.2. Trabalho Eventual</p><p>a. Característica Principal: No trabalho eventual, o elemento necessário para sua identificação é a inexistência de habitualidade. O trabalhador, geralmente, ostenta subordinação em relação ao tomador de serviços.</p><p>O trabalhador eventual presta serviços por conta alheia.</p><p>b. Base Legal: essa espécie de trabalho está prevista no art. 12, V, G, da Lei 8.212|1991:</p><p>quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego.</p><p>c. Exemplo</p><p>Lucas é estudante, mas aos fins de semana, costuma atuar como garçom para diversas empresas de cerimonial, sem estabelecer vínculo empregatício com nenhuma delas, cumprindo ordens durante a execução do serviço apenas.</p><p>d. Diferença entre trabalho eventual e intermitente</p><p>O trabalho eventual é feito de forma esporádica, demanda e sem habitualidade, para diversos empregadores, sem caracterização de vínculo empregatício.</p><p>Já o trabalho intermitente é prestado para a mesma empresa diversas vezes, durante um longo período (habitualidade), caracterizando vínculo empregatício, conforme art. 443, 3º, da CLT.</p><p>1.6.3. Trabalho Avulso</p><p>a. Conceito Legal</p>