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CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 1 PUCRS - Faculdade de Matemática Cálculo Diferencial e Integral II Equações diferenciais Uma equação diferencial é uma equação que envolve uma função incógnita e suas derivadas, sendo que são de grande interesse nas ciências exatas e nas engenharias, uma vez que muitas leis e relações físicas podem ser formuladas matematicamente por meio de uma equação diferencial. Uma equação diferencial pode ser classificada como ordinária ( EDO ) se a função incógnita depende de apenas uma variável independente, ou parcial ( EDP ) no caso da função incógnita depender de mais de uma variável independente. Exemplos: t2 3 3 ey2t dt dyt dt yd 13x dx dy são EDOs 0 x y5 t y 2 2 2 2 é uma EDP OBS: Nossos estudos estarão restritos às equações diferenciais ordinárias. A ordem de uma equação diferencial é a ordem da mais alta derivada que nela aparece, e o grau de uma equação diferencial que pode ser escrita como um polinômio na função incógnita e suas derivadas, é a potência a que se acha elevada a derivada de ordem mais alta. Exemplo: 6x dx dyy dx dy2y dx yd 45 53 2 2 EDO de ordem 2 e grau 3 Uma função xyy é uma solução de uma equação diferencial num intervalo aberto I se ao substituirmos y e suas derivadas na equação a mesma estiver satisfeita. Exemplo: 2xey é uma solução da EDO 2xey dx dy no intervalo ,I Teste: 2x2x2x ee2e ✔ No entanto, esta não é a única solução em I, pois 2xx eCey também é uma solução para todo valor real da constante C. Na verdade a solução 2xey vem a ser um caso particular da solução envolvendo a constante C, onde C = 0. A solução 2xx eCey é chamada de solução geral da equação em I. O gráfico de uma solução de uma equação diferencial é CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 2 chamado de curva integral da equação, ou seja, a solução geral de uma equação diferencial produz uma família de curvas integrais correspondentes a diferentes valores possíveis de serem assumidos pelas constantes, conforme pode ser constatado no gráfico a seguir. Quando um problema aplicado leva a uma equação diferencial, geralmente existem condições que determinam valores específicos para as constantes arbitrárias. Para uma equação de primeira ordem, a única constante arbitrária pode ser determinada especificando-se o valor da função desconhecida xy em um ponto arbitrário 0x . Isto é chamado de condição inicial, e o problema é então denominado problema de valor inicial de primeira ordem ( PVI ), genericamente representado da seguinte forma: 00 yxy xf dx dy Geometricamente a condição inicial 00 xxy tem o efeito de isolar da família de curvas integrais a curva que passa pelo ponto 00 y,x . CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 3 Equações de primeira ordem separáveis Equações de primeira ordem que podem ser expressas da forma dxxgdyyh são denominadas separáveis, já que as expressões envolvendo x e y aparecem em lados diferentes da equação. Esta separação permite que a integração de ambos os lados determine a solução da equação na forma CxGyH . Exemplos: Resolução de equações por separação de variáveis: ❶ x y dx dy Cálculo via Maple > dsolve(diff(y(x),x)=y(x)/x); ( )y x _C1 x ❷ yx dx dy 2 Cálculo via Maple > dsolve(diff(y(x),x)=x^2*y(x)); ( )y x _C1 e x3 3 ❸ 32' xyy Cálculo via Maple > dsolve(diff(y(x),x)=(y(x))^2*x^3); ( )y x 4x4 4 _C1 ❹ 30y 2x2xyy' Cálculo via Maple > dsolve({diff(y(x),x)-2*x*y(x)=2*x,y(0)=3},y(x)); ( )y x 1 4 e ( )x 2 ❺ 21y y x2y 2 ' Cálculo via Maple > dsolve({diff(y(x),x)=(2+x^2)/y(x),y(1)=2},y(x)); ( )y x 6 36 x 6 x 3 3 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 4 ✔ Exercícios Determine a função xy utilizando separação de variáveis. Solução: ① y xseny' Cx2cosy ② 0 dx dy1x1y 22 Cxarctgtgy ③ dx2ydy3xyx Cxln2yln3y ④ 10y;0dyydxex 12ey x Equações lineares de primeira ordem Uma equação diferencial de primeira ordem é denominada linear se puder ser escrita no formato: xqyxp dx dy Exemplo: xcosxqexxpsendoxcosyx dx dy 44 Resolução: Método dos fatores integrantes ⒜ Determinação do fator integrante: dxxpeμ ⒝ Multiplicar ambos os lados da equação por μ e expressar o resultado como xqμyμ dx d ⒞ Integrar ambos os lados da equação obtida no passo ⒝ em relação a x e então determinar y. Exemplos: Resolução de equações lineares: ❶ 2xey dx dy > dsolve(diff(y(x),x)-y(x)=exp(2*x)); ( )y x ( )e x _C1 e x ❷ 21y xy dx dyx > dsolve({x*diff(y(x),x)-y(x)=x,y(1)=2}); ( )y x ( )( )ln x 2 x CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 5 ✔ Exercícios Determine a função xy das equações lineares abaixo. Solução: ① x2xyy' 2 1eCy 2x ② 63yy' 3xeC2y ③ 0y5y' ( ** variáveis separáveis ) 5xeCy ④ xsenyy' 2 xcos 2 xseneCy x Aplicações das EDOs de primeira ordem ∙ Problemas de crescimento e decrescimento Seja tN a quantidade de substância (ou população) sujeita a um processo de crescimento ou decrescimento. Se admitirmos que dt dN , taxa de variação da quantidade de substância, é proporcional à quantidade de substância presente, então Nk dt dN onde k é a constante de proporcionalidade. Exemplo: Certa substância radioativa diminui a uma taxa proporcional à quantidade presente. Se, inicialmente a quantidade de material é 50 miligramas, e se após duas horas perderam-se 10% da massa original, determine: ⒜ a expressão para a massa de substância restante em um tempo arbitrário t ⒝ a massa restante após 4 horas ⒞ o tempo necessário para que a massa inicial fique reduzida à metade OBS: o tempo necessário para reduzir uma substância sujeita a decréscimo à metade da quantidade original é chamada meia-vida da substância. ➥ ⒜ t-0,053e50tN ⒝ mg5,404N ⒞ h13t Cálculo via Maple > restart; > dsolve(diff(N(t),t)=k*N(t)); ( )N t _C1 e( )k t CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 6 > N:=t->C*exp(k*t); := N t C e ( )k t > solve({N(0)=50,N(2.)=45},{C,k}); { },C 50. k -0.05268025783 > k:=-0.0527; C:=50; := k -0.0527 := C 50 (a) > N(t); plot(N(t),t=0..100,color=black); 50 e ( )0.0527 t (b) > N(4); 40.49680190 (c) > solve(N(t)=25,t); 13.15269792 ∙ Problemas de variação de temperatura Segundo a lei de variação de temperatura de Newton a taxa de variação de temperatura de um corpo é proporcional à diferença de temperatura entre o corpo e o meio ambiente. Seja T a temperatura do corpo e mT a temperatura do meio ambiente. Então, a taxa de variação da temperatura do corpo é dt dT , e a lei de Newton relativa à variação de temperatura pode ser formulada como TTk dt dT m onde k é a constante de proporcionalidade. CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 7 Escolhendo-se para K um valor positivo, torna-se necessário o sinal negativo na lei de Newton a fim de tornar dt dT negativa em um processo de resfriamento. Neste processo, T é maior que mT ; e assim mT-T é positiva. Exemplo: Coloca-se uma barra de metal à temperatura de 100º F num quarto com temperatura constante de 0º F. Se após 20 minutos a temperatura da barra é de 50º F, determine: ⒜ o tempo necessáriopara a barra chegar à temperatura de 25º F ⒝ a temperatura da barra após 10 minutos ➥ ⒜ min6,39t ⒝ F70,510T o Cálculo via Maple > restart; > Tm:=0; := Tm 0 > dsolve(diff(T(t),t)=k*(Tm-T(t))); ( )T t _C1 e ( )k t > T:=t->C*exp(-k*t); := T t C e ( )k t > solve({T(0)=100,T(20.)=50},{C,k}); { },C 100. k 0.03465735903 > k:=0.035; C:=100; := k 0.035 := C 100 > T(t); plot(T(t),t=0..150,color=black); 100 e ( )0.035 t CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 8 (a) > solve(T(t)=25,t); 39.60841032 (b) > T(10); 70.46880897 ∙ Circuitos elétricos A equação básica que rege a quantidade de corrente i (em ampéres) em um circuito simples do tipo RL consistindo de uma resistência R (em ohms), um indutor L (em henries) e uma força eletromotriz (fem) E (em volts) é L Ei L R dt di Para um circuito do tipo RC consistindo de uma resistência, um capacitor C (em farads), uma força eletromotriz, e sem indutância, a equação que rege a quantidade de carga elétrica q (em coulombs) no capacitor é R Eq RC 1 dt dq A relação entre q e i é dt dqi Exemplo: Um circuito RL tem fem de 5 volts, resistência de 50 ohms e indutância de 1 henry. Sendo a corrente inicial nula, determine a corrente no circuito no instante t. ➥ 10 e 10 1i t50 > restart; > E:=5; R:=50; L:=1; := E 5 := R 50 := L 1 > dsolve(diff(i(t),t)+50*i(t)=E/L); ( )i t 110 e ( )50 t _C1 > i:=t->1/10+C*exp(-50*t); := i t 110 C e ( )50 t > solve({i(0.)=0},{C}); { }C -0.1000000000 > C:=-0.1; CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 9 := C -0.1 > i(t); 110 0.1 e ( )50 t > plot(i(t),t=0..1); ✔ Exercícios ➀ Uma cultura de bactérias cresce a uma taxa proporcional à quantidade presente. Após uma hora, observaram-se 1000 núcleos de bactérias na cultura, e após 4 horas, 3000 núcleos. Determine: ⒜ a expressão para o número de núcleos presentes na cultura no tempo arbitrário t ⒝ o número de núcleos inicialmente existentes na cultura ➥ ⒜ t0,366e694tN e ⒝ 6940N ➁ A população de determinado estado cresce a uma taxa proporcional ao número de habitantes existentes. Se após dois anos a população é o dobro da inicial, e após três anos é de 20.000 habitantes, determine a população inicial. ➥ 70620N ➂ Um corpo à temperatura inicial de 50º F é colocado ao ar livre, onde a temperatura ambiente é de 100º F. Se após 5 minutos a temperatura do corpo é de 60º F, determine: ⒜ o tempo necessário para a temperatura atingir 75º F ⒝ a temperatura do corpo após 20 minutos ➥ ⒜ min4,15t e ⒝ F79,520T o ➃ Coloca-se um corpo com temperatura desconhecida num quarto mantido à temperatura constante de 30º F. Se, após 10 minutos, a temperatura do corpo é 0º F e após 20 minutos é 15º F, determine a temperatura inicial desconhecida. CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS 10 ➥ F30T o0 ➄ Um investidor aplica na bolsa de valores determinada quantia que triplica em 30 meses. Encontre quanto tempo essa quantia será quadruplicada supondo que o aumento é proporcional ao investimento feito. ➥ t = 3 anos, 1 mês e 25 dias ➅ A espessura ty de gelo formado num lago satisfaz a equação diferencial y 3y' . Sabendo que em 0t dias o gelo tem 2,5 cm de espessura, determine em quanto tempo a camada de gelo terá 5 cm de espessura. ➥ t = 3 dias e 3 horas ➆ A equação diferencial V C Q dt dQR descreve a carga Q em um condensador com capacidade C durante um processo de carga envolvendo uma resistência R e uma força eletromotriz V. Se a carga é nula quando 0t , expresse Q como função de t. ➥ CR te1CVQ Fonte: Moderna introdução às Equações Diferenciais Autor: Richard Bronson Coleção Schaum – McGraw-Hill
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