Buscar

Apostila II - 05.8.2013

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Continue navegando


Prévia do material em texto

UNIDADE 2: TEORIA GERAL DO DIREITO DO TRABALHO
2.1. DENOMINAÇÕES:
A denominação “Direito do Trabalho” tornou-se preponderante no plano atual dos estudos jurídicos; está consagrada na doutrina, na jurisprudência e também nos inúmeros diplomas normativos existentes na área.
Já recebeu diferentes denominações desde o início de sua existência, no século XIX. Tratou-se como:
Direito Industrial
Direito Operário
Direito Corporativo
Direito Social
Direito Sindical
Nenhuma dessas denominações prevaleceu no tempo, certamente em face de cada um deles apresentar tantos problemas, senão vejamos:
	DENOMINAÇÃO
	FUNDAMENTO
	CRÍTICA
	Direito Industrial
	- o direito do trabalho surgiu, após a Revolução Industrial e as relações de trabalho predominantes na estrutura econômica eram as indústrias.
- Apareceram leis esparsas voltadas para essa realidade da época.
- o trabalho industrial foi historicamente o primeiro relevante para a questão social.
- Ainda é comum na Inglaterra falar em Industrial Law.
	- Denominação, que hoje é totalmente inadequada.
- O problema trabalhista não se confina à indústria, abrangendo também o comércio, a agricultura etc.
- Direito industrial, hoje, é a parte do direito que estuda as marcas, patentes, invenções etc.
- Na indústria os problemas jurídicos são muito amplos; não se limitam apenas à relação de emprego.
	Direito Operário
	- surgiu no segmento industrial capitalista, envolvendo, portanto, relações entre operários e empregadores, este nome elegeu como critério para identificação do novo ramo jurídico o tipo específico de empregado da indústria, o operário.
	- Também iria mostrar-se inadequada à identificação do objeto a que pretendia se referir porque reduz o fenômeno amplo e expansionista do Direito do Trabalho a seu exclusivo segmento original, o operariado.
- A nossa disciplina não se limita aos operários; também os patrões encontram-se por ela abrangidos por uma série de deveres prescritos na norma jurídica.
	Direito Corporativo
	- as suas origens históricas são encontradas no corporativismo italiano.
	- O corporativismo italiano foi uma tentativa de unificação das forças de produção e não somente do trabalho.
- Destina-se à unificação econômica nacional, e o direito do trabalho tem fins diferentes, pois a sua principal meta é reger a atividade humana subordinada.
	Direito Social
	- Se concebido o direito do trabalho como aquele destinado a resolver a “questão social” e a promover a “justiça social”, há inegável adequação.
	- Direito social é expressão de mais de um sentido.
- Do ponto de vista teórico, a ambigüidade apresenta-se pela circunstância de a expressão social traduzir, na verdade, característica presente em qualquer ramo jurídico, não podendo, desse modo, identificar com singularidade um único deles.
	Direito Sindical
	-Surge pela influência forte dos sindicatos na conquista dos direitos trabalhistas.
(denominação apresentada apenas pelo professor Maurício Godinho Delgado)8
	-Inadequação de tal denominação tendo em vista que essa expressão veio reduzir toda a complexidade do fenômeno do Direito do Trabalho (inclusive do direito individual do trabalho) ao papel cumprido por um dos agentes de construção e dinamização desse ramo jurídico: os sindicatos.
Está, portanto, consagrada a prevalência da expressão “Direito do Trabalho” para identificar esse ramo jurídico especializado surgido no século XIX.
A expressão “Direito do Trabalho” foi adotada no I e II Congresso Internacional de Direito do Trabalho, em Trieste (1952) e Genebra (1957). Suas origens estão na Alemanha.
No Brasil, as Constituições de 1946, 1967/1969 e de 1988 falam em Direito do Trabalho; hoje temos a Justiça do Trabalho, o Ministério do Trabalho e Emprego, as Delegacias Regionais do Trabalho etc.
2.2. AS DEFINIÇÕES CONCEITUAIS DE DIREITO DO TRABALHO:
2.2.1. Definição do Professor Segadas Vianna9: adota o professor Segadas a definição do professor de Direito do Trabalho, Hernainz Marques que conceitua o Direito do Trabalho como “o conjunto de normas jurídicas que regulam, na variedade de seus aspectos, as relações de trabalho, sua preparação, seu desenvolvimento, consequências e instituições complementares dos elementos pessoais que nelas intervêm”.
2.2. Definição do professor Ives Gandra Da Silva Martins Filho:10o Direito do trabalho é o ramo do Direito que disciplina as relações, tanto individuais como coletivas. Evolui conforme a maior conscientização sobre os benefícios que podem ser conferidos ao trabalhador, como força produtiva, sem comprometimento do nível econômico, que depende, igualmente, do estímulo ao investimento (capital).
2.2.3. Definição do professor Mauricio Godinho Delgado:11complexo de princípios, regras e institutos jurídicos que regulam a relação empregatícia de trabalho e outras relações normativamente especificadas, englobando, também, os institutos, regras e princípios jurídicos concernentes às relações coletivas entre trabalhadores e tomadores de serviços, em especial através de suas associações coletivas.
2.2.4. Definição do professor Amauri Mascaro Nascimento:12ramo da ciência do direito que tem por objeto as normas jurídicas que disciplinam as relações de trabalho subordinado, determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho, em sua estrutura e atividade.
2.3. NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO DO TRABALHO:
Encontrar a natureza jurídica de um instituto do Direito (ou até de um ramo jurídico, como o Direito do Trabalho) consiste em se apreenderem os elementos fundamentais que integram sua composição específica, contrapondo-os, em seguida, ao conjunto mais próximo de figuras jurídicas (ou de segmentos jurídicos, no caso do ramo justrabalhista), de modo a classificar o instituto enfocado no universo de figuras existentes no Direito.
Nenhuma uniformidade é encontrada na doutrina quando se trata de estabelecer a natureza jurídica do direito do trabalho. Divergem os autores e bastante. Para alguns, é possível enquadrar o direito do trabalho nos esquemas clássicos do direito romano, para outros torna-se necessário admitir que o direito não é somente público e privado, existindo ao lado dessa divisão uma outra a que dão nomes os mais diversos.
CORRENTES
	DIREITO PÚBLICO – intervenção do Estado nas relações de trabalho.
	Os que defendem o enquadramento do Direito do Trabalho no direito público ponderam que, nas relações de trabalho, a livre manifestação da vontade das partes interessadas foi substituída pela vontade do Estado, o qual intervém nos mais variados aspectos dessas relações por meio de leis imperativas e irrenunciáveis. Embora os sujeitos de direito da nova disciplina jurídica possam preencher, por mútuo acordo, parte do conteúdo das relações de trabalho, certo é que o fundamental resulta da imposição estatal. A predominância do interesse do Estado, refletida no conteúdo, fundamentaria a natureza pública do Direito do Trabalho.
Um segundo argumento é o de que o direito do trabalho apresenta normas de caráter administrativo, como tal consideradas as relativas à higiene e segurança do trabalho, previdência social, fiscalização trabalhista, direito sindical etc.
Outro argumento consiste na irrenunciabilidade das suas normas em decorrência da necessidade de proteção ao trabalhador.
	IVES GANDRA DA SILVA MARTINS FILHO, Ministro do Tribunal Superior do Trabalho.
	
DIREITO PRIVADO – as normas trabalhistas nasceram nos códigos civis
	Ponderam os partidários da classificação como direito privado que as normas legais que lhe correspondem nasceram nos Códigos Civis, sendo que o instituto básico do novo ramo da ciência jurídica é o contrato de trabalho, cuja natureza jurídica é, indubitavelmente, de direito privado. Assim o fato de o Direito do Trabalho consubstanciar inúmeras normas irrenunciáveis, por serem de ordem pública – tal como na instituição matrimonial integrante do Direito Civil -, não tem a força suficiente para deslocá-lo para o campo do Direito Público, embora o coloque na fronteira com esta zona, mas, ainda, em território doDireito Privado.
	AMAURI MASCARO DO NASCIMENTO E MAURICIO GODINHO DELGADO
	DIREITO MISTO – direito público (regendo as relações do Estado com outro Estado ou seus Administradores) e direito privado (regendo relações entre particulares).
	No conteúdo do Direito do Trabalho encontram-se regras de direito público e de direito privado. Para os adeptos dessa natureza, como síntese do caráter público e privado de suas regras, cumpre examinar, parcialmente, cada um dos grupos homogêneos de suas normas, para enquadrá-los dentro do Direito Público ou do Direito Privado. O ideal seria conjugar os dois critérios anteriores de forma que o direito público é o direito que rege relações de um Estado com outro ou do Estado com seus administradores em que prevalece, portanto, o interesse público. Direito privado é o direito que rege as relações entre particulares em que prevalece o interesse da ordem setorial privada.
	ORLANDO GOMES
	
DIREITO UNITÁRIO – fusão do direito público e direito privado.
	Expressão de um monismo jurídico. As normas de Direito Público e de Direito privado estariam fundidas, nascendo uma outra realidade, o direito unitário. Difere, portanto, a concepção do direito misto (coexistência de normas públicas e privadas concomitantemente) e do direito unitário (fusão e integração das normas públicas e privadas). O direito unitário é, portanto, uma síntese do direito público e do direito privado.
	ARNALDO SUSSEKIND.
	
DIREITO SOCIAL – prevalência do direito (interesse) social sobre o individual.
	Sustentam seus defensores que o Direito do Trabalho está intimamente ligado com o direito social, pois o interesse coletivo, da sociedade, prevaleceria sobre o interesse privado. As normas e princípios do direito do trabalho existiriam para proteger o empregado socialmente mais fraco, hipossuficiente, predominando assim o interesse social.
O fundamento básico seria a socialização do direito (coletivização) em oposição ao direito individual, com a supremacia do direito coletivo sobre o direito individual.
	Radbruch, Otto von Gierke, Gurvitch, Cesarino Junior (citados por Amauri Mascaro Nascimento)
POSIÇÃO MAJORITÁRIA: O direito do trabalho é um ramo jurídico unitário que se enquadra no campo do “Direito Privado”. (Amauri Mascaro do Nascimento e Mauricio Godinho Delgado).
2.4. AUTONOMIA DO DIREITO DO TRABALHO
O conceito de autonomia dos diversos ramos do Direito é relativo, pois os diferentes setores da ciência jurídica estão relacionados entre si, estabelecendo um nexo de interdependência que, igualmente, configura-se no círculo maior das ciências sociais.
Pelos princípios e institutos próprios que possui cada um desses setores do Direito ou, pelo menos, pelo desenvolvimento especial que dão a princípios e institutos do Direito em geral, é possível, afirmar a respectiva autonomia.
O professor Arnaldo Sussekind14, com base em vários doutrinadores, cita elementos que caracterizam a autonomia de uma disciplina jurídica:
	A) For bastante ampla para merecer um estudo adequado e especial;
	B) Contiver doutrinas homogêneas dominadas por conceitos gerais comuns e distintos dos conceitos informadores de outras disciplinas;
	C) Possuir método próprio, isto é, utilizar procedimentos especiais para o conhecimento das verdades que constituem o objeto de suas investigações.
Assim, reconhecendo-se a autonomia do Direito do Trabalho, isto importa afirmar que ele não integra o Direito Civil, o Comercial ou o Econômico, porque ele mesmo constitui um dos ramos da ciência jurídica.
	ELEMENTOS AFIRMADORES DA AUTONOMIA DO DIREITO DO TRABALHO
	I - Possui objeto próprio, princípios, fontes e instituições peculiares, além de finalidades específicas.
	II - Jurisdições especiais para dirimir os dissídios que lhe concernem.
	III - Importância política, social e econômica de suas normas na civilização presente.
	IV - A inserção dos seus princípios nos mais importantes documentos internacionais e nas modernas Constituições.
	V - O funcionamento, desde 1919, da Organização Internacional do Trabalho.
	VI - A Constituição vigente (art. 22, I), como as anteriores, de 1937, 1946 e 1967, estipula que à União compete legislar sobre “direito do trabalho”; inclui no Poder Judiciário os “Tribunais e Juízos do trabalho” (art. 92); enumera todos os preceitos que devem ser observados pela legislação do trabalho (art. 7º); e ademais reconhece as convenções coletivas (art.7º, XXVI) e as sentenças normativas (§2º do art. 114) como fontes especiais do Direito do Trabalho.
Com raras exceções, quase todos os estudiosos do Direito do Trabalho proclamam sua autonomia, principalmente após sua consagração pelo Tratado de Versailles, pela maioria das Constituições modernas e pelas universidades, dificilmente se poderá incluí-lo como integrante do outro ramo do Direito.
Quem defende contrariamente a autonomia do Direito do Trabalho o faz com base em que os princípios gerais dessa disciplina são os das obrigações (Direito Civil) diferentemente das outras disciplinas que têm a sua própria parte geral como, por exemplo, o Direito penal que a parte geral é dada no próprio Código Penal.
Mas a maioria esmagadora dos doutrinadores entende improcedente tal argumento e abordam que se assim fosse teriam que remeter cada uma das instituições da legislação do trabalho a um ramo distinto do Direito. Não seria só o Direito Civil que poderia reivindicá-lo para seu acervo, muitas, possivelmente a maioria, seriam consideradas como matéria administrativa e, inclusive, algumas corresponderiam ao Direito Político.
Tal como ocorreu com o Direito Comercial, em relação ao Direito Civil e com o Direito Industrial em relação ao próprio Direito Comercial, também o Direito do Trabalho, embora tenha nascido do Direito Civil, dele se separou, inquestionavelmente, uma vez que hoje possui objeto próprio, princípios fontes e instituições peculiares, finalidades específicas e, até em muitos países, como no Brasil, jurisdições especiais para dirimir os dissídios que lhe concernem. Elementos afirmadores de sua autonomia.
Se não bastassem tais características, supletivamente poderia invocar a importância política, social e econômica de suas normas na civilização presente; a inserção dos seus princípios nos mais importantes documentos internacionais e nas modernas Constituições; e, finalmente, o funcionamento, desde 1919, da Organização Internacional do Trabalho, destinada a universalizar os preceitos fundamentais da proteção ao trabalho sob a égide da Justiça Social.
Cabe ainda ressaltar que dentre os elementos configuradores dessa autonomia, pertencentes à categoria das fontes especiais do Direito do Trabalho, cumpre destacar a convenção coletiva de trabalho e a sentença normativa, as quais não poderiam ser incluídas em qualquer outro ramo do Direito, nem explicadas pela respectiva doutrina.
No Brasil o problema em foco não pode suscitar controvérsia. É que a Constituição vigente (art. 22, I), como as anteriores, de 1937, 1946 e 1967, estipula que à União compete legislar sobre “direito do trabalho”. Além disso, inclui no Poder Judiciário os “Tribunais e Juízos do trabalho” (art. 92), enumera todos os preceitos que devem ser observados pela legislação do trabalho (art. 7º); e ademais reconhece as convenções coletivas (art.7º, XXVI) e as sentenças normativas (§2º do art. 114) (como fontes especiais do Direito do Trabalho).
Portanto, diante do exposto, é perfeitamente compreensível que o Direito do trabalho possui autonomia em todos os aspectos (legislativa, doutrinária, didática e jurisdicional).
Autonomia Legislativa: Constituição Federal dispõe sobre direitos do trabalhador; a CLT – Consolidação das leis do trabalho (estatuto próprio e independente).
Autonomia doutrinária: revela-se pela existência de uma bibliografia própria e de princípios próprios.
Autonomia didática: resulta da maturidade científica que o leva a contar com uma cadeira própria nas Faculdades de Direito, Economia, Administração de Empresas, Serviço Social, o que não acontece com os demais ramosdo Direito.
Autonomia jurisdicional: no direito do trabalho há uma jurisdição especial, a Justiça do trabalho.
2.5. RELAÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO COM OUTROS RAMOS DO DIREITO
ECONOMIA
São íntimas as relações entre o Direito do Trabalho e a economia. Se a esta incumbe estudar a produção, a circulação e o consumo dos bens, assim como o capital, o trabalho e a natureza como fatores da produção, cabe, por sua vez, ao Direito do Trabalho tornar efetivas muitas das medidas resultantes desses estudos.
A economia, como investigadora dos fenômenos econômicos, sociais e políticos, aponta os erros e as vantagens dos sistemas que incumbe observar. E é nos resultados dessas observações que o Direito do trabalho procura os fundamentos da maioria dos seus princípios e regras, adotando soluções práticas que visem à Justiça Social e a dignificação do ser humano.
Destaca-se o salário, ou melhor, o justo salário como o assunto mais acentuado na relação entre a economia e o Direito do Trabalho.
Embora as finalidades do Direito do trabalho serem de política social e não de política econômica, não se pode negar, igualmente, a repercussão, no mundo econômico, das medidas de índole social que consagra.
Com o caráter de justiça distributiva, objetivam as normas de Direito do trabalho a melhor distribuição de renda nacional e o fortalecimento econômico dos integrantes das diferentes categorias profissionais. Por outro lado, impondo limites mínimos de salários, limites máximos de jornada de trabalho, repousos remunerados obrigatórios, medidas de higiene e segurança do trabalho, compensações pela extinção dos contratos de trabalho etc. eleva, em nome do interesse social, o custo da produção, aumentando os encargos atribuídos aos empreendimentos econômicos.
DIREITO CONSTITUCIONAL
A Constituição vigente, ao contrário das anteriores (1934, 1937, 1946 e 1967), inseriu os direitos dos trabalhadores num Capítulo próprio denominado “Dos Direitos Sociais”, além de princípios do Direito do Trabalho que se deduzem de algumas normas desse Capítulo e de certas disposições do Título I (arts. 1º a 5º).
A importância da constitucionalização das normas básicas de proteção ao trabalho pode ser evidenciada pelo simples fato de que tal hierarquia confere a essas normas “a natureza de caráter público, de modo que não podem ser alteradas sob nenhum ponto de vista, nem pelas partes interessadas em soluções especiais, nem pelos órgãos de Estado em suas atividades jurídicas ou políticas”.
A importância da constitucionalização das normas básicas de proteção ao trabalho pode ser evidenciada pelo simples fato de que tal hierarquia confere a essas normas “a natureza de caráter público, de modo que não podem ser alteradas sob nenhum ponto de vista, nem pelas partes interessadas em soluções especiais, nem pelos órgãos de Estado em suas atividades jurídicas ou políticas”. Constituem princípios inderrogáveis, porque inseridos na Constituição, e, nesta, os direitos e garantias sociais-trabalhistas individuais foram classificados como cláusulas pétreas (art. 60, § 4º, IV).
DIREITO CIVIL
O Direito do Trabalho, ao se tornar ramo autônomo do Direito, separou-se do Direito Civil, mas as primeiras regras concernentes às relações contratuais de trabalho foram inseridas nos Códigos Civis, portanto, é inquestionável que as conexões entre o Direito do Trabalho e o Direito civil são ainda muito estreitas.
Cabe ressaltar que ainda que o Direito do Trabalho seja autônomo, a cada passo teremos de recorrer ao Direito Civil, devendo restringir-se tal apelo aos casos em que houver omissão ao sistema especial e a regra civil invocada for compatível com os princípios caracterizadores do Direito do Trabalho. A legislação brasileira explicitamente consagra essa orientação, ao dispor, no parágrafo único do art. 8º da CLT que o “direito comum será fonte subsidiária do Direito do Trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste”. E é no Direito Civil que o Direito de Trabalho vai buscar os conceitos de pessoa natural e pessoa jurídica, de capacidade e incapacidade, de atos e fatos jurídicos, de erro, dolo, coação, simulação e outras manifestações viciadoras da vontade etc.
DIREITO EMPRESARIAL
Não se pode deixar de reconhecer a relação entre o Direito do Trabalho e o Direito Empresarial, pois o Direito Empresarial dispõe sobre a organização e funcionamento das sociedades empresariais que constituem uma das partes do contrato de trabalho e que integram categorias econômicas representadas por sindicatos.
Além disso, cabe ressaltar que há uma relação também de natureza histórica porque muitas das primeiras leis trabalhistas surgiram nos códigos comerciais.
DIREITO PENAL
Com a evolução do Direito do Trabalho, novas figuras delituosas surgiram, razão por que teve a legislação penal brasileira sobre elas dispor. O Código Penal brasileiro dedica um título especial aos crimes contra a organização do trabalho (arts. 197 a 207).
Na aplicação das regras sobre o Direito do Trabalho, sobretudo no tocante aos atos faltosos determinantes da rescisão do contrato de trabalho, o intérprete terá de recorrer, reiteradamente, a normas legais e conceitos doutrinários do Direito Penal que versam sobre dolo, culpa, negligência, reincidência, legítima defesa, circunstâncias agravantes e atenuantes etc.
DIREITO FISCAL/TRIBUTÁRIO
Entende-se também que pode ser direito tributário ou direito financeiro dependendo de como cada autor coloca.
O exercício do poder tributário do Estado pode refletir-se diretamente sobre os trabalhadores, como contribuintes que são e como membros da sociedade, sujeitos, como tal, aos reflexos da política fiscal do Estado.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Embora haja, no Brasil, um Direito Processual do Trabalho e uma Magistratura especializada para as contendas trabalhistas, a existência de normas processuais especiais não impede a invocação de princípios e regras do Direito Processual Civil, mesmo porque inúmeras instituições são comuns ao processo civil e ao trabalhista. Mas, tal como advertido ao tratar do Direito Civil, os preceitos legais e doutrinários do processo comum só podem ser aplicados ao processo especial do trabalho como fonte subsidiária, na omissão deste e, ainda assim, quando não houver incompatibilidade com os princípios fundamentais que adota. É o que salienta, expressamente o art. 769 da CLT.
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
O direito do trabalho e o direito processual do trabalho relacionam-se; porém são ramos autônomos. O primeiro é ramo do direito material, o segundo, do direito processual. Este compreende em linhas gerais, o estudo das figuras da ação, jurisdição e do processo. O direito do trabalho surgiu antes. Da necessidade de disciplinar a solução dos conflitos trabalhistas, perante órgãos judiciais, nasceu o direito processual do trabalho, cujo fim é atuar o direito do trabalho.
DIREITO ADMINISTRATIVO
Não obstante a autonomia adquirida pelo Direito do Trabalho é fato notório que a supervisão das suas normas de caráter público, o controle da sua aplicação e a conseqüente lavratura de autos de infração e imposição de multas constituem encargos atribuídos à Administração Pública. Se a matéria objeto da supervisão e do controle mencionados pertence, indiscutivelmente, ao Direito do Trabalho, é evidente que o funcionamento desses órgãos é disciplinado por disposições de Direito Administrativo.
DIREITO INTERNACIONAL
Há uma relação muito íntima entre o Direito do Trabalho e o Direito Internacional Público, fato que comprova tal afirmativa é a instituição da Organização Internacional do Trabalho – OIT- pelo Tratado de Versailles, junto à antiga Liga das Nações, e, atualmente, vinculada às Nações Unidas, como uma das suas mais importantes agências especializadas.
A OIT, com a ação desenvolvida desde 1919, tornou-se uma das mais respeitáveis e inesgotáveis fontes do novo ramo do Direito. Em face do que prescreve o preâmbulo da Constituição da OIT, na sua atual redação, objetiva o precitado organismo a paz universal e permanente,sob a égide da justiça social.
Cumpre ressaltar ainda que compete à Conferência Internacional do Trabalho (parlamento da OIT) aprovar a legislação internacional do trabalho, constituída de convenções e recomendações, com a finalidade de tornar universais as normas de proteção ao trabalho e a regulação dos problemas que lhes são conexos.
No que concerne ao Direito Internacional Privado, embora prepondere o princípio da territorialidade para as regras de proteção ao trabalho, certo é que em alguns aspectos da relação pode ser invocado o direito estrangeiro, de conformidade com as normas reguladoras do conflito de leis no espaço.
PREVIDÊNCIA SOCIAL
Há quem entenda que a Previdência Social constitui ainda um dos capítulos do Direito do Trabalho, mas é de conhecimento de todos que ela se tornou uma disciplina autônoma - “Direito Previdenciário” – com princípios doutrinários e regras jurídicas próprias.
Contudo, é inegável que os beneficiários diretos são, em sua maioria, trabalhadores, que se vinculam obrigatoriamente à respectiva instituição seguradora, em virtude de celebração de contrato de trabalho com empregador ou da prestação de serviços sob forma autônoma.
Dentre os aspectos jurídicos em que mais íntima é essa correlação, releva destacar o da filiação do trabalhador, decorrente da simples configuração da relação do emprego ou do exercício habitual da atividade profissional remunerada; o da incidência da contribuição previdenciária sobre a remuneração recebida pelo empregado; o do mandato legal conferido ao empregador para descontar essa contribuição do pagamento do salário, recolhendo-a, juntamente com a que deve pagar, à instituição seguradora; o da suspensão do contrato de trabalho durante a percepção, pelo empregado de auxílio-doença por parte do seguro social ou de aposentadoria por invalidez, durante dilatados períodos; o da extinção do contrato de trabalho, após tais períodos ou quando o empregado for aposentado por tempo de serviço (ordinária ou especial), ou por velhice etc.
QUADRO RESUMO
RELAÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO COM OUTROS RAMOS DO DIREITO
	ECONOMIA
	-Estuda a produção, a circulação e o consumo dos bens, assim como o capital, o trabalho e a natureza como fatores da produção, cabe, por sua vez, ao Direito do Trabalho tornar efetivas muitas das medidas resultantes desses estudos.
-Destaca-se o justo salário como o assunto mais acentuado na relação entre a economia e o Direito do Trabalho.
	DIREITO CONSTITUCIONAL
	-Constituição vigente, inseriu os direitos dos trabalhadores num Capítulo próprio denominado “Dos Direitos Sociais”, além de princípios do Direito do Trabalho que se deduzem de algumas normas desse Capítulo e de certas disposições do Título I (arts. 1º a 5º).
	DIREITO CIVIL
	-As primeiras regras concernentes às relações contratuais de trabalho foram inseridas nos Códigos Civis.
-parágrafo único do art. 8º da CLT - “direito comum será fonte subsidiária do Direito do Trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste”.
-No Direito Civil que o Direito de Trabalho vai buscar os conceitos de pessoa natural e pessoa jurídica, de capacidade e incapacidade, de atos e fatos jurídicos, de erro, dolo, coação, simulação e outras manifestações viciadoras da vontade etc.
	DIREITO EMPRESARIAL
	-Direito Empresarial dispõe sobre a organização e funcionamento das sociedades empresariais que constituem uma das partes do contrato de trabalho e que integram categorias econômicas representadas por sindicatos.
-Primeiras leis trabalhistas surgiram nos códigos comerciais.
	DIREITO PENAL
	-Código Penal brasileiro dedica um título especial aos crimes contra a organização do trabalho (arts. 197 a 207).
	DIREITO FISCAL
	-O exercício do poder tributário do Estado pode refletir-se diretamente sobre os trabalhadores, como contribuintes que são e como membros da sociedade, sujeitos, como tal, aos reflexos da política fiscal do Estado.
	DIREITO PROCESSUAL CIVIL
	
-Os preceitos legais e doutrinários do processo comum podem ser aplicados ao processo especial do trabalho como fonte subsidiária, na omissão deste, quando não houver incompatibilidade com os princípios fundamentais que adota (art. 769 da CLT).
	DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
	
-O direito do trabalho e o direito processual do trabalho relacionam-se; porém são ramos autônomos. O primeiro é ramo do direito material, o segundo, do direito processual.
	DIREITO ADMINISTRATIVO
	-Supervisão das normas de direito do trabalho, de caráter público, o controle da sua aplicação e a conseqüente lavratura de autos de infração e imposição de multas constituem encargos atribuídos à Administração Pública.
	DIREITO INTERNACIONAL
	
-A instituição da Organização Internacional do Trabalho – OIT- pelo Tratado de Versailles.
- A OIT, tornou-se uma das mais respeitáveis e inesgotáveis fontes do novo ramo do Direito.
- Compete à Conferência Internacional do Trabalho (parlamento da OIT) aprovar a legislação internacional do trabalho.
-Em alguns aspectos da relação pode ser invocado o direito estrangeiro, de conformidade com as normas reguladoras do conflito de leis no espaço.
	PREVIDÊNCIA SOCIAL
	
-Os beneficiários diretos são, em sua maioria, trabalhadores, que se vinculam obrigatoriamente à respectiva instituição seguradora, em virtude de celebração de contrato de trabalho com empregador ou da prestação de serviços sob forma autônoma.
-A filiação do trabalhador, decorrente da simples configuração da relação do emprego ou do exercício habitual da atividade profissional remunerada.
2.6 FONTES DO DIREITO DO TRABALHO
2.6.1 CONCEITO
É tema nuclear da Filosofia Jurídica uma vez que examina as causas e fundamentos remotos e emergentes do fenômeno jurídico. Revela-se tema central da Ciência Jurídica porque estuda os meios pelos quais esse fenômeno se exterioriza. É, ainda tema essencial a qualquer ramo do direito, na medida em que discute as induções que levaram à formação das normas jurídicas em cada um dos ramos enfocados e os mecanismos de exteriorização dessas normas.
No Direito do Trabalho comporta um relevante elemento diferenciador que é a presença de regras advindas de fonte privada, em anteposição ao universo de regras jurídicas oriundas da clássica fonte estatal.
Conceitualmente a palavra fonte pode entendida pela acepção estrita de nascente, mas na expressão “fontes do direito” usa-se a terminologia jurídica em seu estilo metafórico, traduzindo a idéia de início, princípio, origem, causa.
2.6.2 CLASSIFICAÇÃO
Se enfocarmos o momento pré-jurídico, isto é, anterior à existência da regra, a expressão “fonte do direito” refere-se aos fatores que conduzem à emergência e construção da regra de Direito. Trata-se das fontes materiais.
Por outro lado, enfocando a regra já plenamente construída a mesma expressão designa os mecanismos exteriores e estilizados pelos quais essas regras se revelam para o mundo exterior. Trata-se das fontes formais.
	FONTE MATERIAL -
	FATORES QUE INSPIRARAM A NORMA
	FONTE FORMAL -
	REGRA MATERIALIZADA E EXTERIORIZADA
A) FONTES MATERIAIS -
São os vários fatores sociais que, em cada momento histórico, contribuirão para fornecer a matéria, a substância de determinada norma ou de determinado sistema de normas de direito. Isto é, representam o momento pré-jurídico, inspirador da norma em função dos fatores sociais, psicológicos, econômicos, entre outros que intervém no nascimento da regra jurídica.
O professor Maurício Godinho Delgado15 divide as fontes materiais segundo o tipo de fatores que se enfoca no estudo da construção e mudanças do fenômeno jurídico:
	Perspectiva econômica – está, via de regra, atrelada à existência e evolução do sistema capitalista. Ex.: Revolução Industrial (1760 – 1830/1840) e suas conseqüências na estruturação e propagação do sistema capitalista; da forma de produção adotada por esse sistema, baseada no modelo denominado grande indústria.
	Perspectiva sociológica – relativo aos distintos processos de agregação de trabalhadores assalariados nas empresas, cidades e regiões,iniciado no século XVII. Essa concentração de empregados favoreceu a deflagração e o desenvolvimento de processos incessantes de reuniões, debates, estudos, ações organizadas por trabalhadores em busca de formas de intervenção no sistema econômico.
	Perspectiva política – diz respeito aos movimentos sociais organizados pelos trabalhadores de caráter reivindicatório. Ex.: o movimento sindical; os partidos e movimentos operários reformistas.
OBS: a dinâmica sindical não emergiu só como veículo indutor à elaboração das normas (fonte material), pois atuou também como veículo produtor (fonte formal ).
	Perspectiva filosófica – refere-se às idéias e correntes de pensamento que influíram na construção e mudança do Direito do Trabalho. Ex.: o socialismo nos séculos XIX e XX , e o neoliberalismo, no fim do século XX e início do século XXI.
B) FONTES FORMAIS -
São fontes formais os meios de revelação da norma jurídica, ou seja, os mecanismos exteriores pelos quais as normas ingressam na ordem jurídica. Ou seja, representam o momento eminentemente jurídico, a regra já materializada e exteriorizada.
Classificam-se as fontes formais em:
B.1) Heterônomas - são as regras cuja produção não conta com a imediata participação dos destinatários. Em geral, originam-se do Estado, como a Constituição, as leis, as medidas provisórias, decretos, sentença normativa e outros diplomas produzidos no âmbito do aparelho do Estado.
B.2) Autônomas – são as regras que caracterizam-se pela imediata participação dos destinatários. Via de regra, são as originárias de segmentos ou organizações da sociedade civil, como os costumes, contrato coletivo, convenção coletiva e acordo coletivo de trabalho. Traduzem um processo de crescente democratização das relações de poder por permitirem um auto disciplinamento das condições de vida trabalho.
Para que as normas jurídicas autônomas sejam harmonicamente ajustadas ao núcleo essencial do Direito do Trabalho utilizam-se como critérios orientadores os princípios trabalhistas e a hierarquia das regras.
	
FONTE HETERÔNOMA
	Provém da vontade estatal por qualquer de seus poderes
	FONTE AUTÔNOMA
	Provém da vontade dos próprios sujeitos da relação de trabalho
	
	
2.6.3 FONTES HETERÔNOMAS
Podemos enumerar as seguintes fontes heterônomas no Direito do Trabalho brasileiro:
Constituição
Leis
Tratados e Convenções Internacionais
Regulamentos normativos
Portarias, Avisos, Instruções, Circulares
Sentenças normativas
A) CONSTITUIÇÃO -
Representa a fonte normativa dotada de prevalência na ordem jurídica, sendo ela quem confere validade a todas as outras regras existentes.
No Brasil, a Constituição de 1934 foi a primeira a positivar direitos e princípios trabalhistas sendo que todas as subseqüentes incorporaram preceitos de Direito do Trabalho. Cabe ressaltar que a atual Constituição ocupa posição singular por ser a mais relevante Carta de Direitos já escrita no país, dispondo em seu art. 7º sobre os direitos sociais.
O fundamento de validade das demais normas é tomado por abstração negativa, ou seja, a norma infraconstitucional é válida e eficaz se não agredir a comando ou princípio constitucional positivado.
O conflito de regras jurídicas com normas constitucionais provoca fenômenos distintos: revogação quando a antiga regra infraconstitucional é suprimida da ordem jurídica por ser incompatível com a nova ordem constitucional; recepção ocorre quando a regra infraconstitucional é compatível com a nova norma constitucional e por isso preserva-se na ordem jurídica; invalidação ocorre quando por declaração de inconstitucionalidade a norma infraconstitucional deixa de ser compatível com a ordem constitucional.
Nem todas as normas constitucionais são, desde logo, fontes do direito. Há as normas programáticas que são normas que não criam direitos, apenas traçam linhas diretoras que devem orientar os poderes públicos. Existem, ainda, asnormas de eficácia limitada que não gozam de aplicação imediata, apenas criam um direito potencial pois dependem de lei posterior que lhes confira aptidão de execução. Exemplo de norma que carece de aplicabilidade imediata é a norma do art. 7º, XI da CRFB16, que prevê a participação dos trabalhadores nos lucros das empresas.
B) LEI -
Lei em sentido material é toda regra geral, abstrata, permanente, impessoal, obrigatória, oriunda de autoridade competente e escrita.
Lei em sentido formal  é toda norma jurídica geral, abstrata impessoal, obrigatória, emanada do Poder Legislativo, sancionada e promulgada pelo Chefe do Poder Executivo.
Podemos classificar como tipos de leis em sentido formal e material a Lei Complementar e a Lei Ordinária. No conceito material incluem-se as Medidas Provisórias, as Leis Delegadas e os Decretos do Poder Executivo, estes possuem conteúdo material de leis mas distinguem-se por se originarem de órgãos diversos e por possuírem quórum de votação e validade hierárquica distintos.
A Consolidação das Leis do Trabalho Decreto-Lei 5.452/43 é a lei trabalhista central no Brasil. Contém norma de Direito Individual do Trabalho, Direito Coletivo do Trabalho, Direito Administrativo do Trabalho e Direito Processual do Trabalho. Há, ainda, diversas leis esparsas de Direito Individual do Trabalho.
O Supremo Tribunal Federal tem mantido posicionamento de que as matérias trabalhistas enquadram-se nos requisitos de relevância e urgência autorizadores da normatização por meio de Medidas Provisórias. Desta forma, diversos temas trabalhistas já foram positivados mediante esta via. Tal fato tem gerado críticas por parte dos doutrinadores vez que se trata de norma produzida verticalmente, centralizadora e sem espaço ao debate.
C) TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS -
Tratados são documentos normativos obrigacionais e programáticos ajustados entre Estados ou entes internacionais destinados a resolver ou prevenir situações ou, ainda, estabelecer regras sobre condições de trabalho.
Convenções são espécies do gênero tratados. São aprovados por entidades internacionais e após há a adesão voluntária dos Estados. Pode ocorrer, contudo, de serem apenas subscritas pelos Estados sem a participação de entes internacionais. Ex.: Convenções da OIT.
Ambos institutos podem ser fonte formal do Direito interno desde que lhes seja conferida ratificação ou adesão por parte do Estado. Ressalte-se que ao ingressarem no ordenamento interno o fazem com o status de norma infraconstitucional.
D) REGULAMENTO NORMATIVO (DECRETO) -
Ato do Poder Executivo que tem por função integrar a lei por desenvolvê-la e especificá-la permitindo sua concreta observância. Sua previsão constitucional encontra-se no art. 84, IV, da CRFB17.
Eqüivale à lei em sentido material, mas distingue-se em sentido formal em razão do órgão de onde se origina bem como por ser hierarquicamente inferior.
E) PORTARIAS, AVISOS, INSTRUÇÕES, CIRCULARES -
Não constituem, em princípio, fontes formais do Direito por obrigarem apenas funcionários aos quais se dirigem.Contudo, são elevados ao status de fonte normativa criando direitos e obrigações na vida trabalhista quando expressamente referidos em leis ou decretos. Ex.: o art. 193 da CLT18 dispõe que as atividades consideradas perigosas devem ser especificadas por meio de portaria do Ministério do Trabalho.
Nestes casos o tipo jurídico contido na portaria ganha o status de regra geral, abstrata, impessoal com qualidade de lei em sentido formal.
OBS: A Constituição Federal no art. 25, I do ADCT19 coibiu a atividade normativa por meio de portarias e diplomas semelhantes, contudo, não revogou essa atividade normativa no que tange à área de saúde e segurança do trabalho.
F) SENTENÇA NORMATIVA
É proferida pelo Poder Judiciário trabalhista em processos de dissídio coletivo dando solução a determinado processo. Difere da sentença clássica porque não traduz a aplicação de uma norma jurídica existente, ao contrário, ela própria cria normas jurídicas, abstratas, gerais, impessoais e obrigatórias.
Portanto, é lei em sentido material, mas é ato judicial em sentido formal.
O art. 868, parágrafoúnico da CLT20 determina que o tribunal prolator da sentença normativa fixe o prazo de sua vigência, que não pode ser superior a 4 anos, assim, não integram definitivamente os contratos de trabalho, esse é o entendimento consubstanciado na Súmula 277 do TST21.
A EC. N.º 45/2004 restringiu o poder normativo deste instituto em virtude das severas críticas feitas ao mesmo por permitir uma intervenção desmedida do Estado na gestão coletiva dos conflitos trabalhistas. Após a citada Emenda a propositura do dissídio coletivo somente pode se dar após a recusa das partes envolvidas à negociação ou arbitragem.
Outro parâmetro introduzido pela EC. 45/2004 encontra-se no art. 114, § 2º da CF22 que impõe a observância das “disposições mínimas legais de proteção ao trabalho bem como as convencionadas anteriormente”.
Ao entender do Prof. Amauri Mascaro Nascimento23 a EC. 45/2004 extinguiu o poder normativo da Justiça do Trabalho, tendo mantido o dissídio coletivo econômico de comum acordo entre as partes. Afirma o Prof. que sequer podem ser chamadas de sentenças normativas as sentenças que decidam o dissídio econômico e sim sentenças coletivas.
2.6.4 FONTES AUTÔNOMAS
Constitui-se o Direito do Trabalho das seguintes fontes autônomas:
Convenção Coletiva e Acordo Coletivo de Trabalho
Contrato Coletivo de Trabalho
Usos e Costumes
A) CONVENÇÃO COLETIVA E ACORDO COLETIVO DO TRABALHO
Convenção coletiva segundo o art. 611, caput da CLT24 é “o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais do trabalho”.
Embora sejam normas de origem privada, as Convenções criam regras gerais, abstratas, impessoais, dirigidas a normatizar situações futuras. Correspondem à lei em sentido material.
Em relação aos Acordos Coletivos dispõe a CLT no art. 611, § 1º25 que “É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das empresas acordantes às respectivas relações de trabalho”.
Assim, no Acordo Coletivo é dispensada a participação do sindicato patronal, embora seja imprescindível a presença do sindicato dos empregados.
O Acordo Coletivo tem abrangência mais limitada em comparação às Convenções Coletivas porque produz efeitos somente entre empresa ou empresas e os empregados envolvidos. No entanto, apesar do âmbito mais limitado ainda assim os Acordos consubstanciam normas gerais, abstratas e impessoais.
Tanto as Convenções Coletivas quanto os Acordos Coletivos podem vigorar pelo prazo máximo de 2 anos, nos termos do art. 614, §3º da CLT26.
	- ACORDO COLETIVO
	- Entre sindicato da categoria profissional e empresa ou empresas
	- CONVENÇÃO COLETIVA
	- Entre sindicato profissional e sindicato da categoria econômica
B) CONTRATO COLETIVO DE TRABALHO -
A expressão Contrato Coletivo já foi utilizada pela CLT, antes da reforma de 1967, para designar o diploma negocial coletivo que regulava o que chamamos hoje de Convenção Coletiva. Posteriormente para denominar a modalidade do Direito Individual do Trabalho, o contrato plúrimo.
Ressurgiu no Direito pátrio após a Constituição de 1988 como contraponto ao sistema corporativo numa tentativa de criar um instrumento de negociação coletiva. Um pacto contratual coletivo, celebrado no exercício da autonomia privada coletiva apto a produzir normas jurídicas com abrangência de várias categorias.
A atual estrutura sindical do país mostra-se inadequada a viabilizar o presente instituto porque as entidades sindicais se organizam por segmentos profissionais específicos. Assim, não floresceu esse terceiro instituto de negociação coletiva.