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104 Marketing UNIDADE 6 – Preço (price) UNIDADE 6 – Preço (price) Expectativas de aprendizagem Depois de você realizar os estudos desta Unidade, espero que você esteja apto a: • Compreender os diferentes fatores que devem ser levados em conta pelo gestor de marketing para a fi- xação de preços. • Conhecer os tipos de precificação existentes e quais são os seus impac- tos na percepção dos consumidores • Conhecer as principais decisões de adequação de preços e aspectos que influenciam as variações de preços. É comum encontrar um vendedor que aponte o preço como o respon- sável pela perda de uma venda, repor- tando a insatisfação do cliente, que classifica caro o produto ou serviço. De acordo com Dias (2003), é necessário que se evite a tendência à generaliza- ção, apontando o preço como o pro- blema que impede a concretização de um negócio. O preço é um dos elementos do com- posto mercadológico que, junto aos demais determina a percepção que os consumidores criam sobre a oferta. É o único elemento do mix de marketing que produz receita; todos os outros re- presentam custo. Para Etzel, Walker e Stanton (1997), preço é simplesmen- te a quantidade de dinheiro ou outros itens com utilidade necessária para se adquirir um produto. A utilidade se re- fere ao atributo que tem o potencial de satisfazer desejos. O fator preço na mente do consumidor é um elemento variável. A maioria dos consumidores é bastante sensível ao preço, mas tam- bém relaciona outros fatores, como a imagem da marca, a qualidade e o valor. O valor é a razão dos benefícios percebidos para o preço para quais- quer outros custos incorridos. A asso- ciação entre tempo de compra do pro- duto, tempo e combustível gasto para se locomover até o local de compra e o tempo de aborrecimento são tidos como exemplos de custos incorridos. O preço pode não ser um fator deter- minante na decisão de um consumidor, mas é no mínimo um fator qualifica- dor. É sempre um aspecto considerado pelos consumidores e, portanto, deve ser levado e conta pelos estrategis- tas de marketing. É necessário que as companhias desenvolvam políticas de preços a partir de critérios que devem ser identificados e discutidos. Para Re- forçar AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA 1 Acesse o moodle, faça o login e vamos começar! 105 Marketing UNIDADE 6 – Preço (price) O consumidor desempenha forte e decisivo papel na formação dos preços. Portanto, o profissional de marketing ao desenvolver seu plano deve desen- volver uma análise detalhada do com- portamento do cliente. Sabemos que cada consumidor, em função de suas atitudes, interesses e opiniões, forma uma percepção pessoal de valor, con- trastada a cada oferta a que é expos- to. As decisões de preços são, entre os elementos do composto mercadológi- co, as quais mais sofrem interferência de outras áreas da empresa, em geral, como o envolvimento do próprio pre- sidente. Fatores a serem considerados na Fi- xação de Preços Para Kotler e Armstrong (2003), as decisões de fixação de preços de uma empresa são influenciadas por fatores organizacionais. Os fatores são dividi- dos em fatores organizacionais inter- nos e fatores organizacionais externos. Os principais fatores organizacionais internos são: • Objetivos de marketing – Quanto mais claros forem, mais fácil será esta- belecer os preços. Exemplos de objeti- vos comuns são sobrevivência, lideran- ça na participação do ser coordenadas com o projeto do produto, sua distribui- ção e decisões de promoção, a fim de formar um um programa de marketing coerente e eficaz. Por exemplo, os pro- dutores que utilizam muitos revende- dores pretendendo receber apoio e promoção para seus produtos podem ter de incluir maiores margens de lucro de revenda de em seus preços. Neste caso, a melhor estratégia é utilizar os elementos do mix de marketing para diferenciar a oferta de marketing para que ela valha um preço mais alto. • Custos - Os custos definem o piso do preço que a empresa pode cobrar pelo seu produto. Portanto, o preço a ser cobrado deve incluir os custos com produção, distribuição e venda do produto, além de proporcionar um retorno. Os custos podem ser fixos e variáveis. Custos fixos são os que não variam com o nível de produção ou de vendas. Exemplo: Pagamento men- sal de aluguel, energia, salários, juros, qualquer que seja a produção. Custos variáveis são os que variam com o ní- vel de produção. Os custos tendem a ser os mesmos para cada unidade pro- duzida, mas são chamadas variáveis, porque seu total varia com o número de unidades produzidas. Custos Totais são a soma dos custos fixos e variá- veis para qualquer nível de produção. A empresa deve cobrar um preço que cubra os custos totais para um deter- minado nível de produção. 106 Marketing UNIDADE 6 – Preço (price) • Considerações organizacionais - A empresa deve definir quem vai es- tabelecer os preços. Geralmente nas pequenas empresas os preços são de- finidos pelo proprietário ou gerência geral. Nas grandes empresas, são con- trolados pelos gerentes de divisão ou de linha de produto. Outros também podem influenciar sobre os preços, tais como os gerentes de produção, ven- das e financeiros. Vários Fatores Organizacionais Exter- nos que influenciam nas decisões de fi- xação de preços. As principais incluem a natureza do mercado e a deman- da, concorrência e outros elementos ambientais. O mercado e a demanda definem o limite superior dos preços. Antes de estabelecer os preços, o pro- fissional de marketing precisa compre- Fonte: o autor ender a relação entre preços e deman- da do seu produto nos diversos tipos de mercados. O número dos ofertan- tes não é necessariamente igual ao dos demandantes, bem como a estrutura de ambos os lados pode não ser simé- trica. Ou seja, o lado da oferta pode ser mais concentrado, com um pequeno número de empresas abastecendo a demanda, ou a população demandan- te é sensivelmente menor do que os ofertantes. 107 Marketing UNIDADE 6 – Preço (price) Tipos de precificação Segundo Dias (2003) as possibilida- des de estabelecimento de preços de uma empresa situam-se em dois extre- mos, ou seja, em dois limites: o limi- te superior e o limite inferior. O limite superior de preços, resultando de uma estratégia voltada a percepção de va- lor do consumidor informado e que otimiza a possibilidade de geração de lucro por unidade. No outro extremo está o limite inferior de preços, que é determinado pelos custos incorridos para produção do bem ou serviço. A empresa tem a sua disposição três es- tratégias clássicas de precificação: 1 - Precificação baseada em custos; 2 - Precificação baseada em valor; 3 - A precificação baseada na concor- rência. Preço Baseado em Custos Considerando os tipos de precifica- ção, a primeira estratégia é baseada em custos e pressupõe que o mercado seja capaz de absorver a oferta do pro- duto a um preço que não esteja rela- cionado a dinâmica competitiva e tão pouco a percepção de valor por parte do consumidor. É uma maneira simples de determinação de preços e bastante vulnerável a ação competitiva. O gestor não precisa conhecer a demanda, mas apenas seus custos, o que não neces- sariamente lhe confere competitivida- de. Preço Baseado em Valor O fabricante que escolher o método baseado em valor parte da percepção de valor por parte do consumidor, e não dos seus custos, para determina- ção do preço. Esse método, parte do mercado. Ou seja, em função do que o mercado está disposto a pagar, admi- nistra os custos de desenvolvimento, produção e comercialização de produ- to ou serviço. Da forma como o merca- do está estruturado, formado por com- pradores com necessidades diferentes, esse método exige muita informação sobre o consumidor. Descobrir o que o cliente mais valoriza, se torna cada vez mais uma tarefa desafiadora. Muitos por exemplo abrem mão de um pro- duto de melhor qualidade, para pagar um preço menor. Portanto, determi- nar quantoo consumidor está dispos- to a pagar por um produto ou serviço não é tarefa trivial, exigindo métodos bastante rigorosos de pesquisa mer- cadológica, que, como qualquer pro- cesso estocástico, embute um erro e, por conseguinte, não garante cem por cento de sucesso. 108 Marketing UNIDADE 6 – Preço (price) Preço Baseado na Concorrência A empresa que utiliza o método na concorrência supõe que o consumidor baseia seu julgamento de preço com- parando os concorrentes entre si. Exis- tem dois métodos distintos de precifi- cação baseados na concorrência: (1) o método de equivalência de mercado; e (2) o método de proposta selada. O método de equivalência de mer- cado consiste em estabelecer o preço do produto alinhado aos preços da concorrência, não necessariamente le- vando em conta a estrutura de custos da firma. Geralmente, esse tipo de mé- todo é utilizado enquanto o produto não possui diferencial e a elasticida- de da demanda é difícil de ser deter- minada. O pressuposto por trás desse método é que a percepção coletiva prevalece quando o individual é mui- to restrito. Por exemplo: nos preços da gasolina em postos de distribuição de combustíveis não existem diferen- ças significativas nos preços nominais praticados, porque eles gravitam em torno de uma média estabelecida pela percepção coletiva. Segundo Dias (2003), uma crítica a esse método, além da não-otimização do potencial de lucro, é que os pre- ços nominais não necessariamente são praticados, uma vez que a cada nego- ciação a concorrência pode alterar os preços, por meio de políticas de favo- recimento comercial caso esse evento ocorra podem surgir diferenças signifi- cativas, alterando sensivelmente a per- cepção de valor por parte do consumi- dor ou cliente. O método de proposta selada é usualmente é utilizado em concorrên- cias publicas em que o preço da oferta deve considerar a estrutura de custos na empresa, mas não deve ser supe- rior ao do concorrente. Assim, existe um rol de preços como probabilidade associadas de sucesso. O preço a ser escolhido é aquele cuja esperança ma- temática é a maior. Por exemplo: um fabricante de máquinas de terraplana- gem irá participar de uma concorrên- cia em uma prefeitura procura manter um banco de dados sobre os resulta- dos de concorrências anteriores para, com base nele, criar suas propostas de preço para a licitação: Estratégias de preço De acordo com Cobra (1997), a estra- tégia de marketing de qualquer empre- sa se associa sempre ao preço. Um pro- duto de baixa qualidade, baixo esforço promocional, geralmente tem preço baixo. Um produto de alta qualidade, diferenciado, com um alto esforço pro- 109 Marketing UNIDADE 6 – Preço (price) -mocional, tende a ter um preço alto. As estratégias de fixação de preços em geral mudam à medida que o produ- to atravessa seu ciclo de vida. O está- gio inicial é desafiador. A empresa que planeja desenvolver um produto novo imitativo enfrenta um problema de po- sicionamento – deve decidir onde po- sicionar o produto versus os produtos concorrentes, em termos de qualidade e preço. Algumas das estratégias de preço são: 1. Estratégia premium – com um produto de alta qualidade, pode-se praticar um preço alto, visando atin- gir a faixa alta do mercado, a chama- da faixa premium. 2. Estratégia de penetração – com um produto de alta qualidade, visa- -se obter uma prática rápida de pe- netração de mercado, praticando-se um preço médio, isto é, um pouco abaixo do normal. 3. Estratégia de superbarganha – um produto de alta qualidade a um preço baixo, só pode significar rápi- da introdução no mercado, à custa da concorrência, e sobretudo ofere- cendo condições vantajosas ao dis- tribuidor. 4. Estratégia de preço alto – para uma qualidade média, um preço alto pode significar uma tentativa de va- lorização do produto e rápida lucra- tividade. 5. Estratégia de qualidade média ou comum – a prática de um preço condizente com a qualidade objetiva uma parcela justa do mercado, nem mais, nem menos. 6. Estratégia de barganha – ofere- cer um produto de qualidade média a um preço baixo só pode significar uma barganha com distribuidores e consumidores. 7. Estratégia de “bater e correr” – nada mais é do que tirar uma van- tagem inicial e sair rapidamente do mercado, pois um preço alto com qualidade baixa é uma ação preda- tória. 8. Estratégia de artigos de qua- lidade inferior – Um preço médio para um produto de baixa qualidade só pode estar associado a uma políti- ca de tirar uma vantagem da imagem de marca 110 Marketing UNIDADE 6 – Preço (price) 9. Estratégia de preços baixos – a produtos de baixa qualidade corres- pondente a uma estratégia de pre- ços baixos, para vender quantidade. As empresas que criam um produ- to inovador enfrentam o desafio de estabelecer preços pela primeira vez, podendo escolher entre duas estraté- gias: fixação de preços por skimming e fixação de preços por penetração no mercado. Fixação de preços por skimming (desnatamento) - Muitas empresas ao lançar seus produtos estabelecem pre- ços altos para obterem receitas iniciais mais rapidamente, atingindo primeiro os segmentos mais afluentes para de- pois conquistar camada por camada do mercado. Fixação de preço por skim- ming, significa tirar a nata. Por exem- plo: Quando a Apple lança um novo modelo de smartphone, cobra um preço elevado pelos benefícios e dife- renciação que ele oferece com relação aos concorrentes. Estabelece um preço aceitável somente por alguns segmen- tos do mercado. Quando as vendas iniciais se reduzem e os concorrentes ameaçam lançar produtos semelhan- tes, ela baixa seus preços para atrair a próxima camada de consumidores sensíveis a preço. Fixação de preços por penetração no mercado - em vez de apresentar um preço inicial alto para explorar gra- dativamente segmentos de mercados pequenos, mas lucrativos, algumas empresas usam a fixação de preços por penetração de mercado – apre- sentando um preço inicial baixo para penetrar no mercado profunda e rapi- damente, atraindo grande número de compradores e conquistando grandes participações. Desta forma, o grande volume de vendas resulta na redução dos custos unitários, permitindo que a companhia reduza ainda mais os pre- ços. Táticas de preço Diariamente as empresas necessitam fazer uso de algumas táticas em razão das alterações provocadas por variá- veis internas (necessidade de caixa) e externas (alterações na economia), vi- sando adequação das estratégias or- ganizacionais. Devido à atividade competitiva e à necessidade de caixa da empresa, o preço estabelecido originalmente pode sofrer alterações de curto prazo, com a finalidade de estimular maiores volumes de compras. De acordo com Dias (2003), as táticas mais frequente- mente utilizadas são as seguintes: 111 Marketing UNIDADE 6 – Preço (price) • Reduções de preço de tabela - É a redução de preço de tabela, duran- te o curso de uma negociação, devido ao poder de barganha do comprador, a sua agressividade e ao conhecimento dos preços e produtos concorrentes. • Prazo de pagamento - Tática mui- to utilizada no Brasil, consiste no alon- gamento do prazo de pagamento, de- vido à dificuldade do consumidor de comprar à vista. • Desconto por volume - Consiste em descontos progressivos concedi- dos em contrapartida a volumes cres- centes e acima da média histórica. A vantagem dessa tática é que, devido aos volumes elevados, o cliente tende a se comprometer mais com a empre- sa, desenvolvendo mais negócios no longo prazo. • Preço combinado - É uma tática em que o preço de uma oferta com- posta é inferior à soma dos itens, indi- vidualmente. O McDonald`s é um efi- caz usuário dessa tática, com os seus “combos” (os combinados de ofertas com dois ou mais produtos pelos quais o consumidor acaba pagando um valor inferior ao que pagaria se comprasse os mesmos produtos separadamente). • Preço por segmento - É uma prá- tica de preços discriminatória.Em que os preços são estabelecidos diferente- mente para grupos distintos de consu- midores. É o caso de ingressos de ci- nema ou teatro mais baratos para es- tudantes ou descontos em remédios para pessoas com mais de sessenta anos de idade. • Desconto por utilização - O preço é reduzido de acordo com a frequência com que o consumidor compra o pro- duto ou serviço. É uma tática útil quan- do o ofertante deseja penetrar em no- vos segmentos de usos e não deseja reduzir os preços. • Preços sazonais - Consiste em pre- cificar discriminatoriamente em pro- duto ou serviço, em épocas ou horá- rios de baixo volume de transações. É o que costuma com as taxas diferencia- das por horários das empresas de te- lefonia, ou com os pacotes de turismo em época de baixa temporada, cujos preços são significativamente inferio- res aos da alta temporada Convém salientar que ainda há outras táticas de precificação possíveis de se- rem utilizadas, sendo que sua adoção depende do tipo de produto a ser ofer- tado ou ainda de diferentes objetivos de marketing que a empresa possui. 112 Marketing UNIDADE 6 – Preço (price) Depois de você ter lido os con- teúdos desta Unidade faça uma autoavaliação do quanto você conseguiu se apropriar dos temas abordados tendo em vista as ex- pectativas apresentadas no início do texto: • Ficou claro para você fatores in- ternos, como os custos, objetivos e estratégias de marketing, bem como fatores externos, como a concorrên- cia e a demanda, que podem vir a influenciar as decisões de apreça- mento? • Você conseguiu compreender que há diferentes métodos e estratégias de estabelecimento de preços? • Ficou claro para você que há estra- tégias de adequação de preços que envolvem, descontos, abatimentos e precificação segmentada? Ficou Claro? você entende que se apropriou dos assuntos estudados , siga em frente Caso considere que algum tema não ficou bem compreedido, retome a leitura a leitura do texto. Para Re- forçar AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA 1 Dica de leitura: Para saber mais, acesse o livro “Precifica- ção: sinergia do marketing e das finanças”. Nes- sa obra você sa- berá mais sobre o significado do preço e seus componentes, o processo de estabelecimento de preço, estratégias de precificação, estrutura de custos e aspectos mer- cadológicos a serem considerados para o apreçamento: Acesse aqui. Indicações Culturais Acesse o moodle, faça login e vamos começar! https://www.unijui.edu.br/Portal/Modulos/biblioteca/MinhaBiblioteca?isbn=9788502183735/cfi/0