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PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL Princípio da Legalidade Ninguém pode ser punido sem uma lei que defina o crime e a pena. Exemplo: Não pode ser preso por algo que a lei não considera crime. Princípio da Humanidade Proíbe maus-tratos e tortura. Exemplo: É proibido usar violência física para obter confissão de um suspeito. Devido Processo Legal Garante um julgamento justo. Exemplo: Alguém só pode ser condenado se o processo for seguido corretamente. Imparcialidade do Juiz O juiz não pode ter interesse no caso. Exemplo: Um juiz não pode julgar um processo envolvendo um amigo. Igualdade Processual Acusação e defesa devem ter as mesmas chances. Exemplo: O réu tem direito a um advogado para ter as mesmas condições da acusação. Contraditório e Ampla Defesa O réu pode apresentar sua defesa de forma completa. Exemplo: O acusado pode se defender sozinho ou com advogado. Demanda O processo só começa se alguém (como o promotor) fizer a denúncia. Exemplo: O juiz não pode abrir um processo criminal por conta própria. Autoincriminação O réu pode escolher não falar para não se prejudicar. Exemplo: Um suspeito pode ficar calado ao ser interrogado. Presunção de Inocência Ninguém é considerado culpado até prova em contrário. Exemplo: O acusado deve ser tratado como inocente até o fim do processo. Juiz Natural Somente um juiz previamente designado pode julgar o caso. Exemplo: Não se pode criar um tribunal específico para julgar um caso específico Persuasão Racional do Juiz O juiz deve fundamentar suas decisões nas provas. Exemplo: O juiz precisa justificar por que condenou ou absolveu Duplo Grau de Jurisdição Direito de recorrer a uma instância superior. Exemplo: Uma sentença pode ser revisada por outro tribunal. Duração Razoável do Processo O processo deve ser rápido e eficiente. Exemplo: Não se pode demorar anos para julgar um crime simples APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL Conceito de Processo Penal Regras que guiam a investigação e julgamento de crimes. Exemplo: Após um roubo, a polícia investiga e o caso é levado a julgamento segundo o processo penal. Sistema do Processo Penal O Brasil usa o sistema acusatório, onde acusação e julgamento são feitos por órgãos distintos. Exemplo: O Ministério Público acusa, e o juiz julga. Lei Processual no Espaço O CPP é aplicado no Brasil, mas há exceções, como para militares em Justiça Militar. Exemplo: Um soldado que comete crime em serviço é julgado na Justiça Militar, não pela Justiça comum Lei Processual no Tempo Novas leis se aplicam imediatamente, mas não mudam atos feitos sob a lei antiga. Exemplo: Uma busca realizada legalmente antes da nova lei ainda é válida, mesmo que as regras mudem depois. Fontes da Lei Processual A União cria as leis de processo penal, mas os Estados podem legislar em temas específicos. Exemplo: Os Estados podem criar regras para juizados de pequenas causas. INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL Autêntica: Feita pela própria lei. Exemplo: A lei define quem é “funcionário público” para fins penais. Judicial: Interpretada pelos tribunais. Exemplo: Súmula vinculante do STF que orienta todos os juízes. Doutrinária: Feita por especialistas. Exemplo: Doutrinadores explicam o significado de "crime de menor potencial ofensivo." Imunidades Diplomáticas: Certos representantes estrangeiros têm proteção contra processos judiciais no Brasil. Exemplo: Um embaixador de outro país não pode ser processado por infrações leves cometidas aqui. Imunidade Parlamentar: Deputados e senadores são protegidos por suas opiniões no exercício do mandato. Exemplo: Um deputado não pode ser processado por declarações feitas no Congresso. Imunidade do Presidente: O presidente não pode ser processado por ações fora de suas funções enquanto ocupa o cargo. Exemplo: O presidente não responde judicialmente por ações empresariais passadas enquanto estiver em mandato. INQUÉRITO POLICIAL Procedimento administrativo e sigiloso, presidido pela polícia, para investigar crime e autoria. Natureza Jurídica: Procedimento administrativo, não é processo, pois não tem contraditório. Espécies de Inquérito: Polícia Judiciária (CPP Art. 4). Ministério Público também pode investigar via PIC, não por inquérito. Finalidade: Reunir provas para ação penal. FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO IP PÚBLICA INCONDICIONADA Polícia pode iniciar sozinha (ex: crimes como roubo). CONDICIONADA Exige representação da vítima PRIVADA Apenas se a vítima ou representante pedir (EX: ADV) CARACTERÍSTICAS INSTRUMENTAL Apenas para futura ação penal OBRIGATÓRIO Deve ser instaurado se houver justa causa DISCRICIONÁRIO Polícia decide atos investigatórios DISPENSÁVEL Se houver provas, o IP pode ser dispensado INFORMATIVO Subsídio à ação penal, não prova final ESCRITO E SIGILOSO Todos atos devem ser escritos e, geralmente, são sigilosos INQUISITIVO Sem contraditório, apenas investigação INDISPONÍVEL A polícia não pode arquivar TEMPORÁRIO Deve ter duração razoável. PRAZO DO INQUÉRITO POLICIAL (IP) REGRA GERAL PRESO: prazo de 10 dias, improrrogável SOLTO: prazo de 30 dias, prorrogável. PRAZOS ESPECIAIS JUSTIÇA FEDERAL: preso, 15 dias (prorrogável por mais 15); solto, 30 dias. LEI DE DROGAS: preso, 30 dias (prorrogável por mais 30); solto, 90 dias VÍCIOS NO INQUÉRITO Vícios no IP não geram nulidade processual, pois é um procedimento administrativo. Exemplo: prisão em flagrante irregular. INDICIAMENTO Ato exclusivo do delegado, que atribui a alguém a prática de infração penal. Juiz não pode ordenar o indiciamento (STF). ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO Autoridade faz um relatório e envia ao juiz. Em crimes sem ação pública, autos aguardam a iniciativa do ofendido. Arquivamento do IP (Art. 28, CPP) MP comunica arquivamento à vítima, investigado e autoridade policial. Arquivamento pode ser revisado JUIZ DAS GARANTIAS Implantação gradual para monitorar investigações. Atua até o oferecimento da denúncia. Competência: Justiça Eleitoral e processos criminais, exceto os de competência do STF, STJ e Tribunal do Júri. Audiência de Custódia: Pode ocorrer por videoconferência em caso de urgência ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL (ANPP) O ANPP é uma alternativa para evitar processos penais, fortalecendo o Direito Penal negocial no Brasil. Requisitos Básicos Não há motivo para arquivar o caso O investigado confessa. A infração não envolve violência ou grave ameaça. A pena mínima é inferior a 4 anos. Condições do Acordo: (algumas podem ser combinadas) Reparar dano à vítima. Renunciar a bens obtidos com o crime. Prestar serviço à comunidade. Pagar quantia à entidade social. Vedações ao ANPP Caso exista transação penal melhor para o investigado. Investigado é reincidente ou tem histórico criminal. Já beneficiado por acordo similar nos últimos 5 anos. Crimes de violência doméstica ou contra mulher. Formalização Acordo é feito entre MP, investigado e advogado (sem juiz na negociação). Juiz homologa em audiência para verificar voluntariedade e legalidade. Em caso de negativa de homologação, cabe recurso. Execução e Consequências Se o acordo é descumprido, o MP oferece denúncia. Cumprimento extingue a punibilidade e não constará nos antecedentes (salvo para novo ANPP em 5 anos). Exemplo: João, réu primário, confessa crime de menor potencial (furto simples, sem violência). Ele pode reparar o dano e prestar serviços comunitários, evitando o processo judicial. Jurisprudência Resumida: ANPP é aplicável retroativamente, desde que a denúncia não tenha sido recebida (HC 191464 AgR, STF). AÇÃO PENAL CONDIÇÕES GENÉRICAS PARA O EXERCÍCIO DO DIREITO DE AÇÃO POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO O pedido deve ser permitido pela lei. Exemplo: Pedir a condenação de alguém por um crime que está previsto na lei. LEGITIMIDADE PARA AGIR A pessoa deve ter interesse no processo, podendo serautor ou réu. Exemplo: A vítima de um crime é a parte legítima para processar o criminoso. INTERESSE EM AGIR Deve haver necessidade, utilidade ou adequação para ajuizar a ação. Exemplo: Uma pessoa que sofre um dano quer uma reparação, ou seja, há interesse em processar o responsável. JUSTA CAUSA Deve existir uma razão válida para mover a ação. Exemplo: Se alguém é acusado injustamente de um crime, a acusação contra ela tem justa causa. CONDIÇÕES ESPECÍFICAS REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO A vítima precisa se manifestar para que o processo aconteça. Exemplo: A vítima de lesão corporal pode autorizar a polícia a processar o agressor REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA Somente o Ministro da Justiça pode requisitar a abertura de um processo. Exemplo: Caso um estrangeiro cometa um crime contra um brasileiro fora do país, o Ministro da Justiça pode requisitar a ação penal. CLASSIFICAÇÃO DA AÇÃO PENAL AÇÃO PENAL PÚBLICA: A ACUSAÇÃO É FEITA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO Incondicionada: Não depende de nenhum requisito especial. Exemplo: O Ministério Público processa alguém por homicídio sem precisar de qualquer autorização. Condicionada: Depende de uma condição específica (ex: representação da vítima). Exemplo: Para processar alguém por calúnia, a vítima precisa fazer uma representação. AÇÃO PENAL PRIVADA: A VÍTIMA TEM O DIREITO DE PROCESSAR DIRETAMENTE, SEM A INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO Personalíssima: Só a vítima pode mover a ação. Exemplo: A vítima de indução ao erro essencial em casamento precisa processar diretamente. Exclusiva: Somente a vítima pode processar, sem alternativa de outras partes. Exemplo: Em um caso de injúria, só a vítima pode iniciar a ação. Subsidiária da Pública: Quando o Ministério Público não age dentro do prazo, a vítima pode processar. Exemplo: Se o Ministério Público não processar alguém por roubo dentro de um prazo legal, a vítima pode fazer isso por conta própria. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA Obrigatoriedade: O MP tem que processar o crime. Indisponibilidade: O MP não pode desistir de processar. Oficialidade: O MP é uma instituição oficial do Estado. PRIVADA Conveniência e Oportunidade: O ofendido pode decidir se quer ou não processar. Disponibilidade: A vítima pode desistir de processar. Indivisibilidade: Se um coautor é perdoado, todos os outros também são. AÇÃO PENAL PÚBLICA AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA O Ministério Público age sem qualquer condição. Exemplo: O MP processa alguém por tráfico de drogas sem precisar de autorização. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA Depende de uma condição (como a representação do ofendido). Exemplo: Para processar alguém por difamação, é preciso que a vítima faça uma representação dentro de seis meses. AÇÃO PENAL PRIVADA RENÚNCIA A vítima pode desistir de processar antes de iniciar a ação. Exemplo: Se a vítima recebe uma indenização e não quer mais processar, ela pode renunciar ao direito de queixa PERDÃO A vítima pode perdoar o ofensor durante o processo. Exemplo: Se o autor de um furto pede perdão e a vítima aceita, o processo pode ser extinto PEREMPÇÃO Se a vítima não seguir com o processo, a ação é extinta. Exemplo: Se a vítima não comparece ao tribunal por 30 dias, a ação é considerada perempta e o processo é encerrado AÇÃO CIVIL EX DELICTO INDENIZAÇÃO: Após uma sentença penal condenatória, a vítima pode buscar reparação no juízo cível. Exemplo: Após o julgamento de um furto, a vítima pode processar o criminoso no juízo cível para receber o valor perdido. COMPETÊNCIA E JURISDIÇÃO JURISDIÇÃO Poder do Judiciário para decidir um litígio. Exemplo: Um juiz decide se um contrato é válido entre duas empresas JURISDIÇÃO X COMPETÊNCIA Jurisdição é o poder geral do Judiciário; competência é a limitação para determinado juiz ou tribunal. Exemplo: O juiz de uma cidade pode julgar crimes cometidos em sua região, mas não fora dela. CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO Substitutividade: O juiz substitui as partes na decisão. Inércia: O juiz age apenas quando provocado, exceto em casos como Habeas Corpus. Coisa Julgada: Não se pode reverter a decisão do Judiciário Exemplo: Após o julgamento de um processo, ninguém pode pedir outra decisão sobre o mesmo caso PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL O réu deve ser julgado pelo juiz competente, sem juízos ou tribunais de exceção. Exemplo: Se uma pessoa é acusada de roubo, ela deve ser julgada por um juiz comum, não por um tribunal especial. LEI PROCESSUAL QUE ALTERA A COMPETÊNCIA Quando a lei muda, o processo segue as novas regras, e o juiz não mais competente encaminha os autos ao novo juiz. Exemplo: Se uma nova lei diz que certos casos devem ser julgados em um tribunal federal, o processo é transferido para lá COMPETÊNCIA Competência originária: O acusado tem foro especial? Competência territorial: Qual cidade o juiz atende? Competência recursal: Para onde o recurso vai? Exemplo: Se o crime ocorreu em São Paulo, a competência territorial será de um juiz dessa cidade. COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO A competência é do local onde o crime foi cometido ou onde ocorreu o último ato de execução. Exemplo: Se alguém começa um crime em uma cidade e o termina em outra, o julgamento será na cidade onde o crime foi completado COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU Se o local do crime não for conhecido, o julgamento será onde o réu mora. Exemplo: Se uma pessoa comete um crime em várias cidades e não se sabe onde, o juiz da cidade onde ela mora julga o caso FORO DE ELEIÇÃO Em ações privadas, a vítima pode escolher onde o processo será julgado. Exemplo: Se alguém é caluniado, pode decidir processar o acusado no seu domicílio ou no local onde o crime ocorreu CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA São julgados pelo Tribunal do Júri. Exemplo: Se alguém matar outra pessoa de forma intencional, o caso será julgado pelo Tribunal do Júri. CAUSAS DE MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA A competência pode ser alterada por conexão ou continência, dependendo do caso. Exemplo: Se dois crimes têm relação entre si, eles podem ser julgados juntos, mesmo que ocorram em lugares diferentes CONEXÃO Quando há relação entre infrações. Pode ser por simultaneidade (vários crimes ao mesmo tempo), concurso (vários envolvidos) ou para facilitar ou ocultar outros crimes. Exemplo: Se várias pessoas praticam um roubo em conjunto, o caso pode ser julgado junto. CONTINÊNCIA Quando uma infração envolve várias pessoas ou um mesmo crime gera vários resultados. Exemplo: Se duas pessoas cometem um crime em conluio, o julgamento é único, porque o crime foi cometido com um propósito comum REGRAS PARA CONEXÃO E CONTINÊNCIA Prevalece o lugar onde ocorreu o crime mais grave. Se houver competência de várias jurisdições, a mais grave prevalece. Exemplo: Se um crime é julgado em um tribunal militar e outro em um comum, o tribunal militar prevalece se o crime for mais grave. COMPETÊNCIA COMPETÊNCIA DEFINIÇÃO EXEMPLO Competência por Prevenção Quando dois juízes competentes atuam, quem realizou o primeiro ato processual se torna prevento, ou seja, responsável pelo caso Dois juízes podem julgar o caso, mas o que tomou a primeira medida processual fica com o processo. Crimes Fora do Território Nacional Se o crime ocorreu fora do Brasil, a competência é da capital do Estado onde o acusado residiu por último. Se ele nunca morou no Brasil, será da capital do país Um brasileiro comete um crime nos EUA e retorna ao Brasil. Se ele morava por último em São Paulo, o juízo da capital paulista será competente Crimes em Embarcações Crimes em embarcações nas águas do Brasil ou em embarcações brasileiras no exterior são julgados no primeiro porto brasileiro onde o navio aportar. Um crime ocorre em um navio brasileiro que estava em alto-mar. Se o navio aporta no porto de Santos, esse será o local do julgamento. Crimes em AeronavesCrimes em aviões nacionais são julgados no local de pouso ou de partida no Brasil Uma briga acontece em um voo nacional de Brasília ao Rio. Se o avião pousa no Rio após o incidente, o julgamento será na comarca do Rio Competência da Justiça Federal Inclui Tribunais Regionais Federais e juízes federais. Julgam crimes contra a União, infrações de tratados, crimes de trabalho, finanças e navios/aeronaves (exceto militares). Um funcionário público federal é agredido em razão de sua função. Como envolve servidor federal, a Justiça Federal será a competente. Competência da Justiça Militar A Justiça Militar da União julga militares e civis em crimes militares, enquanto a Justiça Militar Estadual julga apenas militares estaduais. Um soldado do exército comete um crime militar durante o serviço. A Justiça Militar da União julgará o caso, pois envolve um militar federal. Competência Criminal da Justiça Eleitoral Crimes eleitorais são julgados pela Justiça Eleitoral; crimes dolosos contra a vida conexos com crimes eleitorais vão ao Tribunal do Júri. Uma pessoa é acusada de oferecer dinheiro em troca de votos (crime eleitoral). A Justiça Eleitoral processará e julgará o caso Competência dos (TRFs) TRFs julgam originariamente juízes federais em crimes comuns, ações rescisórias e mandados de segurança contra seus atos Um juiz federal é acusado de corrupção. O Tribunal Regional Federal da sua região terá competência para julgar o caso. Competência de Julgamento por Justiça Estadual e Federal Contravenções penais são julgadas pela Justiça Estadual. Crimes contra a União são julgados pela Justiça Federal, mas se o crime envolve sociedade de economia mista (ex.: Petrobras), vai para a Justiça Estadual. Alguém falsifica um documento estadual e o usa para obter um benefício federal (ex.: benefício do INSS). A Justiça Federal julgará, pois afeta órgão federal Conflito de Jurisdição Ocorre quando dois juízes se julgam competentes ou incompetentes para o mesmo caso. O STJ decide conflitos entre tribunais ou juízes de diferentes tribunais; o STF resolve entre Tribunais Superiores Se dois tribunais declaram competência para o mesmo caso, o STJ resolve o conflito PROVAS CONCEITO DOUTRINÁRIO São elementos apresentados pelas partes ou pelo juiz para formar o convencimento sobre os fatos importantes para a decisão da causa LIBERDADE DE PROVAS Regra no processo penal: ampla liberdade probatória, permitindo ao juiz avaliar as provas livremente (art. 155 do CPP). Exceção: restrição para provas que envolvem o estado das pessoas, conforme lei civil. OBJETIVO DA PROVA Convencer o juiz sobre os fatos necessários à resolução do caso. PRINCÍPIOS DA PROVA Autorresponsabilidade: partes assumem riscos de omissões e erros. Audiência Contraditória: todas as provas devem permitir contraprova. Aquisição da Prova: prova pertence ao processo, não a uma parte específica. Oralidade e Concentração: preferência por depoimentos orais em audiência única. Publicidade: provas são públicas, com exceções para segredo de justiça. Livre Convencimento Motivado: juiz avalia livremente, mas deve fundamentar a decisão. SISTEMAS DE VALORAÇÃO DA PROVA Íntima Convicção: juiz decide com ampla liberdade, sem fundamentação (Tribunal do Júri). Verdade Legal: valor da prova pré-definido em lei, como uma “pontuação”. Livre Convencimento Motivado: juiz avalia provas com liberdade, mas fundamenta. ELEMENTOS INFORMATIVOS E PROVAS Informativos: coletados na investigação sem contraditório; servem para medidas cautelares. Provas: produzidas em contraditório judicial, com participação de ambas as partes ÔNUS DA PROVA Cabe a quem alega o fato provar sua veracidade, conforme art. 156 do CPP. PROVA EMPRESTADA Utilização de prova de um processo em outro, desde que submetida ao contraditório no primeiro processo PROVAS ILEGAIS Ilícitas: obtidas fora do processo, violando direito material (ex.: confissão sob tortura). Ilegítimas: obtidas no processo, violando regras processuais (ex.: juntada de documento fora do prazo) PROVA ILÍCITA POR DERIVAÇÃO Frutos da Árvore Envenenada: provas obtidas a partir de uma prova ilícita também são inválidas, exceto se puderem ser obtidas de uma fonte independente PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE DETEGERE Ninguém é obrigado a produzir prova contra si, protegendo o direito ao silêncio. ESPÉCIES DE PROVAS Exame de Corpo de Delito: obrigatório em crimes com vestígios, independente de confissão. Perícia e Provas Testemunhais: auxiliares técnicos e testemunhas devem contribuir com informações verídicas e relevantes ASSISTENTE TÉCNICO Participa após a admissão pelo juiz, contribuindo com avaliações técnicas. SUJEITOS PROCESSUAIS Assistente de Acusação x Advogado O assistente age com seu advogado, mas o advogado não substitui o MP (não tem capacidade postulatória) Ex: Maria é vítima de agressão e quer acompanhar o processo criminal. Ela contrata um advogado, mas ele só pode atuar em conjunto com o MP, sem substituí-lo Admissão do Assistente Pode ser admitido até o trânsito em julgado. Recebe os autos como estão, mas não atua no Inquérito Policial (IP). Ex: Carlos, vítima de furto, pede para ser assistente no processo, sendo aceito antes do trânsito em julgado. Ele entra no processo como está, mas não pode atuar durante o inquérito policial. Decisão de Ingresso O juiz decide a admissão do assistente; é uma decisão interlocutória e irrecorrível (art. 273 CPP), após ouvir o MP Ex: Júlia quer ser assistente em um processo de lesão corporal. Ela solicita ao juiz, que decide se aceita ou não seu pedido, sem possibilidade de recurso. Papel do MP Dá parecer sobre a legalidade do ingresso, mas não sobre a conveniência Ex: Bruno quer ser assistente. O MP é ouvido sobre a legalidade da entrada de Bruno no processo, mas não opina se isso é conveniente ou não. Restrições de Ingresso Coautor (codelinquente) não pode ser assistente Ex: Paulo e Marcos cometeram um crime juntos. Paulo não pode ser assistente no processo contra Marcos, pois ambos são acusados no caso Intimação do Assistente Após admitido, deve ser intimado de todos os atos processuais. Se faltar a um ato, perde intimações futuras Ex: Joana, assistente num caso de violência doméstica, é intimada de todas as audiências. Se faltar a uma delas, não será mais chamada para as próximas Recursos do Assistente Pode interpor apelação e RESE contra decisão que extingue a punibilidade, desde que o MP não tenha recorrido. Não pode recorrer contra ato exclusivo do MP. Ex: Marcos é assistente de acusação em um processo de furto. Ele pode apelar se o MP não recorrer, mas não pode recorrer de decisões que só o MP pode questionar Poderes do Assistente: Propor provas e assistente técnico. Ex: Ana, assistente em um caso de estelionato, sugere testemunhas. Formular perguntas e aditar peças. Ex: Pedro, assistente, formula perguntas para uma testemunha, depois do MP. Participar de debates e recursos. Ex: Clara, assistente, participa dos debates orais no tribunal. Solicitar prisão preventiva e desaforamento no júri. Ex: José, assistente, pede prisão preventiva do acusado para proteger testemunhas. Prazo para Apelação Se já é assistente: Fábio, já assistente, tem cinco dias após o prazo do MP para recorrer. Se não é assistente: Lara, vítima que quer recorrer, tem quinze dias após o prazo do MP para apelar. Súmula 448 do STF Prazo do assistente só começa após o do MP. Ex: Paulo espera o prazo do MP acabar para, em seguida, iniciar seu próprio prazo de recurso como assistente. COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES CITAÇÕES É o ato processual que comunica ao réu sobre a denúncia (ação penal pública) ou queixa-crime (ação penal privada) para que ele se defenda.Forma o processo (art. 363, CPP). ESPÉCIES DE CITAÇÃO REAL: O Réu é Citado Pessoalmente. EX: João, acusado em São Paulo, é citado por um Oficial de Justiça em sua casa para responder em 10 dias Por mandado: Oficial de Justiça entrega a citação diretamente ao réu. Por precatória: Quando o réu está em outra jurisdição (ex.: réu em São Paulo sendo processado em Curitiba). Por carta de ordem: Tribunal determina citação por juiz de primeiro grau. FICTA Citação por edital: Se João não é encontrado, a citação ocorre por edital (publicação em jornal e no fórum). Citação por Hora Certa: Se João se esconde, o Oficial o procura duas vezes; na terceira tentativa, intima alguém da casa sobre a hora certa. CASOS ESPECIAIS MILITAR Citação via comandante FUNCIONÁRIO PÚBLICO Além do réu, a chefia é notificada para continuidade do serviço RÉU PRESO Citação pessoal no presídio CONSEQUÊNCIAS: Se o réu citado por edital não comparece nem contrata advogado, o processo e o prazo prescricional são suspensos (art. 366, CPP). INTIMAÇÕES INTIMAÇÕES E PRAZOS Regras Gerais: MP e Defensoria: intimação é pessoal, mesmo se defensor estiver presente. Advogado, querelante e assistente: intimação via imprensa oficial; se não houver, por escrivão, mandado, ou AR. Escrivão pode intimar diretamente, dispensando a publicação (§3º). Súmulas Importantes: Súmula 310: Intimação na sexta inicia prazo na segunda, salvo feriado. Súmula 710: No processo penal, prazos contam da data da intimação, não da juntada. Prazos: Prazo processual suspenso de 20/12 a 20/01, exceto para réus presos, Lei Maria da Penha, e casos urgentes (Art. 798-A). Exemplo: Intimação de um defensor público na sexta-feira começa a contar o prazo na segunda-feira. PRISÕES Prisão em Flagrante É quando alguém é preso cometendo um crime, acaba de cometê-lo, ou é encontrado logo após com provas (art. 301-303, CPP). Exemplo: Uma pessoa roubando é pega em flagrante e presa Prisão Preventiva Prisão decretada para garantir ordem pública, evitar fuga ou proteger o processo, se houver provas do crime e perigo de liberdade do acusado (art. 312, CPP). Exemplo: Acusado de homicídio que pode fugir é preso preventivamente Prisão Domiciliar Permite que o preso fique em casa por condições especiais, como idade, gravidez ou se é responsável por criança pequena (art. 318, CPP). Exemplo: Mulher grávida pode ter prisão preventiva convertida em domiciliar Prisão Temporária Usada apenas na investigação, com prazo determinado (5 dias, ou 30 para crimes hediondos), e precisa de pedido do MP ou polícia (Lei 7.960/89). Exemplo: Investigado de sequestro é preso temporariamente por 5 dias para ajudar nas investigações. MEDIDAS ASSECURATÓRIAS PATRIMONIAIS Medidas Cautelares (CPP): Medidas provisórias que buscam assegurar o resultado de uma decisão judicial futura Espécies Sequestro Retenção de um bem específico (ex: carro comprado com dinheiro ilícito) EX: Imóvel adquirido com recursos de fraude Arresto Bloqueio de bens variados do acusado para garantir futuros pagamentos (ex: conta bancária) EX: Saldo bancário do réu para futura indenização Hipoteca Legal Restrição a imóveis legais do acusado para garantir indenizações (ex: casa do réu) EX: Propriedade usada para pagar vítima de crime Diferencial: Sequestro foca em bens ilícitos; Arresto em bens lícitos DAS QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES Exceção de Suspeição Argumento usado para afastar o juiz por parcialidade. (ex: juiz amigo íntimo do réu). Cabe à parte ou ao próprio juiz alegá-la; não cabe recurso contra reconhecimento espontâneo da suspeição. Exceção de Incompetência de Juízo Usada quando o juiz não tem competência para o caso. (ex: crime ocorrido em outra jurisdição). Pode ser arguida pelo réu e não suspende o processo. Exceção de Litispendência Impede processos idênticos em curso, evitando duplicidade. (ex: duas denúncias pelo mesmo crime em tribunais diferentes). O processo mais recente é interrompido. Exceção por Ilegitimidade de Parte Usada quando a parte não tem legitimidade. (ex: queixa-crime feita por pessoa sem direito de representação). Extingue o processo Exceção de Coisa Julgada Evita repetição de processos já julgados. (ex: nova ação após sentença final sobre o mesmo crime). Extingue a nova ação. Conflito de Jurisdição Surge quando juízes discordam sobre quem deve julgar o caso. (ex: um juiz estadual e um federal alegam competência). STJ ou STF resolvem com base na hierarquia. PROCEDIMENTOS PENAIS Considerações Iniciais: O procedimento penal é a sequência de atos que devem ser seguidos no processo penal, conforme o art. 394 do CPP. Pode ser comum ou especial. Procedimento Comum: De acordo com o art. 394, § 1º, do CPP, o procedimento comum é dividido em: Ordinário: Para crimes com pena superior a 4 anos. Sumário: Para crimes com pena de 2 a 4 anos. Sumaríssimo: Para crimes com pena de até 2 anos. Exemplo simples: Se alguém é acusado de furto (pena de até 4 anos), o procedimento será o sumário. Se a acusação for homicídio (pena acima de 4 anos), o procedimento será o ordinário. PROCEDIMENTO COMUM: Adoção do procedimento depende de fatores como majorantes ou minorantes, podendo afetar a escolha do processo. O procedimento comum ordinário se aplica subsidiariamente aos especiais (art. 394, § 5º do CPP). Crimes hediondos têm prioridade (art. 394-A do CPP). PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO: Regras nos arts. 395 a 405 do CPP. No Juizado Especial Criminal, apelação é o recurso da rejeição da denúncia (art. 82 da Lei 9.099/1995). JUIZ DAS GARANTIAS: Introduzido pela Lei 13.964/2019, mas sua implementação está suspensa. O juiz que decide sobre a denúncia é o "juiz das garantias", mas a instrução e julgamento ficam a cargo de outro juiz. CITAÇÃO POR EDITAL: Prazo de defesa começa após o comparecimento pessoal do acusado ou defensor (art. 363, § 4º do CPP). RESPOSTA À ACUSAÇÃO: A defesa pode contestar a acusação e pedir rejeição da denúncia (art. 395 do CPP). Caso o acusado não tenha defensor, o juiz nomeará um (art. 396-A, § 2º do CPP). ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA (ART. 397 DO CPP): O juiz pode absolver sumariamente quando há causa excludente de ilicitude, culpabilidade, ou se o fato não é crime. Decisão produz coisa julgada material. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO (ART. 400 DO CPP): Realizada no prazo de 60 dias. Na audiência, as partes apresentam alegações finais orais e o juiz profere sentença. Em casos complexos, as alegações podem ser feitas por memoriais escritos (arts. 403, § 3º e 404, parágrafo único do CPP). Correlação entre Denúncia e Sentença: O acusado deve se defender dos fatos, não da capitulação jurídica. A emendatio libelli permite mudança na qualificação do fato pelo juiz (art. 383 do CPP), mas, se novas provas surgirem, o Ministério Público deve aditar a denúncia (art. 384 do CPP), o que é chamado mutatio libelli. Procedimento Comum Sumário (arts. 396-397 do CPP): Similar ao ordinário, com prazos mais curtos. Após a resposta do acusado, o juiz pode absolver sumariamente. Se não, será marcada audiência de instrução e julgamento, com alegações finais orais. Não há previsão para diligências ou conversão de alegações finais em memoriais Procedimentos Especiais: Regem-se por leis específicas, como crimes contra a vida, responsabilidade de funcionários públicos, ou Lei de Drogas. Esses procedimentos são diferentes do comum e seguem regras próprias (arts. 406-497 do CPP, e outras leis especiais). CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA: TEM DUAS FASES Judicium Accusationis: A fase inicial, com recebimento da denúncia, defesa, e audiência preliminar. Judicium Causae: Fase de julgamento no Tribunal do Júri, com 25 jurados (7 escolhidos). A sentença é dada pelos jurados, com base em maioria de votos. Procedimento da Lei 11.343/2006 (Drogas): Após denúncia, o juiz marca audiência e o acusado pode apresentardefesa prévia. A audiência segue com o interrogatório do acusado, inquirição de testemunhas e debates antes da sentença. Crimes Contra Administração Pública (Funcionários Públicos): Após a denúncia, o réu tem 15 dias para apresentar resposta preliminar (art. 514 do CPP). Se recebida, o processo segue o rito comum, com a citação do acusado (art. 518 do CPP). Exemplo: No caso de um homicídio, o juiz pode mudar a qualificação jurídica durante o processo (emendatio libelli). Se novas provas surgirem após a instrução, o MP adita a denúncia e muda a acusação (mutatio libelli). JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS O art. 98, I da CF/1988 determina que Juizados Especiais Criminais (JECRIM) sejam compostos por juízes togados ou mistos, para infrações de menor potencial ofensivo. A Lei 9.099/1995 regula os JECRIM, enquanto a Lei 10.259/2001 não aborda procedimentos. Conceito de Infrações de Menor Potencial Ofensivo São contravenções e crimes com pena máxima de até 2 anos, com ou sem multa (art. 61 da Lei 9.099/1995). Contravenções não são julgadas nos Juizados Federais (art. 109, IV, CF). Exemplo: um furtinho com pena de até 2 anos. Critérios e Objetivos dos Juizados Especiais Objetivos: celeridade, economia processual, informalidade, oralidade e simplicidade. Buscam reparar danos e aplicar penas não privativas de liberdade, sempre que possível Competência JECRIM A competência é definida pelo local da infração. Situações de Remessa para o Juízo Comum São excepcionais, como quando a infração for complexa, acusados não encontrados, ou se houver conexão com crimes mais graves (art. 60 e art. 77 da Lei 9.099/1995). Exemplo: se a pena ultrapassar 2 anos. Citação no Juizado Especial Criminal A citação é pessoal ou por mandado (art. 66 da Lei 9.099/1995). Se não encontrado, o caso vai para o juízo comum. Fase Preliminar Envolve o termo circunstanciado (art. 69, Lei 9.099/1995) e a audiência preliminar (arts. 70-78). Nessa fase, pode ocorrer composição civil dos danos ou transação penal. Exemplo: acordo para reparar o dano ou aceitar uma pena leve, evitando o processo. Transação Penal Proposta de pena alternativa (restritiva de direitos ou multa), que evita o processo penal (art. 76, Lei 9.099/1995). Requisitos: não ter usado a transação nos últimos 5 anos, não ter condenação definitiva por crime grave. Descumprimento leva à ação penal. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO (FASE PROCESSUAL) Após acusação oral, o acusado é citado e informado sobre a audiência de instrução e julgamento. 1) Proposta de composição 5) Interrogatório 2) Defesa 6) Debates orais 3) Juiz decide sobre a denúncia 7) Sentença 4) Oitiva de vítimas e testemunhas Diferença: Resposta à acusação é oral e a citação ocorre antes do recebimento da acusação RECURSOS E AÇÕES IMPUGNATIVAS Apelação: Cabe contra a rejeição da denúncia ou queixa e sentença, com prazo de 10 dias. Embargos declaratórios: Prazo de 5 dias, contra obscuridade, contradição ou omissão. Embargos declaratórios: Prazo de 5 dias, contra obscuridade, contradição ou omissão. Recurso especial: Não é cabível no JECRIM. Habeas corpus: Turmas Recursais julgam, mas se for contra decisão da Turma, é julgado pelo TJ ou TRF. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO Aplica-se a crimes com pena mínima de até 1 ano, com requisitos como ausência de outro processo e antecedentes favoráveis. Processo suspenso por 2 a 4 anos, com condições a serem cumpridas Não se aplica a crimes da Lei Maria da Penha. Em concurso de crimes, a suspensão depende da soma das penas mínimas. Revogação pode ocorrer se o acusado for processado por outro crime ou não cumprir as condições. EX: Um acusado com pena mínima de 8 meses é oferecido para suspensão condicional do processo. Ele cumpre condições como reparação do dano, mas se cometer outro crime ou não cumprir, o processo será retomado. RECURSOS EM PROCESSO PENAL RECURSO Meio para contestar decisões judiciais e buscar reexame. Quem decide o recurso é o juízo "ad quem". Pressupostos recursais Subjetivos Interesse: só quem deseja mudar a decisão pode recorrer. Exemplo: Réu absolvido pode recorrer se quiser alterar o motivo da absolvição para evitar problemas civis. Legitimidade: Ministério Público, réu, defensor e vítima (em casos específicos) podem recorrer. Pressupostos recursais Objetivos Previsão legal: recurso precisa existir no CPP. Exemplo: "Recurso de revista" não existe no processo penal Adequação: recurso deve ser adequado ao caso. Tempestividade: deve respeitar prazos. Contagem exclui o dia da ciência; inicia-se no próximo dia útil. OBS Prazos não são interrompidos no processo penal e, em geral, o prazo para recursos é de 5 dias. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (RESE) Recurso usado contra decisões não definitivas (interlocutórias) e algumas que encerram fases do processo, mas sem julgamento final do mérito. Cabimento Rejeição de denúncia ou queixa Se a denúncia é rejeitada, cabe recurso. Ex.: Denúncia contra réu é rejeitada por falta de provas. Incompetência do juízo Quando o juiz reconhece que outro juiz é competente para o caso. Ex.: Juiz transfere caso do Júri por crime ser culposo (não intencional). Exceções procedentes Quando o juiz aceita uma exceção (ex.: suspeição). Ex.: Juiz aceita que é incompetente para julgar o réu. Decisão de pronúncia Encerra fase do processo, enviando-o ao júri sem julgar mérito. Ex.: Pronúncia de acusado por homicídio. Decisões sobre fiança e prisão Decisões sobre fiança ou prisão preventiva podem ser recorridas. Ex.: MP recorre de fiança concedida por valor baixo. Extinção de punibilidade Quando o juiz extingue a punibilidade, cabe recurso. Ex.: Decisão que declara extinta a punibilidade pela prescrição. Outras decisões específicas Inclui negar habeas corpus, indeferir apelação, etc. Ex.: Juiz nega apelação; parte recorre. Prazos Prazo comum de 5 dias para interposição; 2 dias para razões. Exceções: 20 dias (inclusão/exclusão de jurado) e 15 dias (assistente de acusação). Competência Recurso é interposto no primeiro grau, mas julgado pelo Tribunal (TJ ou TRF). Efeito Regressivo O juiz pode rever sua decisão antes de enviar ao Tribunal. Se mantida, o Tribunal julga; se reformada, o recorrido pode pedir a subida dos autos. APELAÇÃO Cabimento Sentença definitiva de condenação ou absolvição Ex.: Apelar de uma sentença que condena ou absolve o réu. Sentença de absolvição sumária no júri Ex.: Apelação contra uma decisão de absolvição na fase inicial do júri. Decisões definitivas (não previstas antes) Ex.: Decisão que encerra o processo sem condenar ou absolver. APELAÇÃO DE DECISÕES DO JÚRI Apelar porque a decisão foi contrária à prova dos autos ou houve erro na pena PRAZO E PROCEDIMENTO Prazo 5 dias para interposição, 8 dias para razões; no JECRIM, prazo único de 10 dias Legitimidade MP, réu, querelante e assistente de acusação. Ex.: Assistente tem 15 dias para apelar se não for intimado. EFEITOS DA APELAÇÃO Devolutivo Leva o caso à instância superior para reexame Suspensivo Retarda a execução da sentença Extensivo Beneficia corréu que não recorreu Vedação à Reformatio in Pejus Ex.: Se apenas a defesa apelar, a pena não pode ser aumentada EMBARGOS INFRINGENTES são recursos exclusivos da defesa usados para pedir o reexame de uma decisão não unânime desfavorável ao réu, prevista no art. 609, parágrafo único, do CPP. Se a divergência é sobre o mérito (culpabilidade ou absolvição). Exemplo: Em um julgamento de apelação, dois desembargadores condenam o réu, mas um vota pela absolvição. Cabe embargos infringentes. EMBARGOS DE NULIDADE Se a divergência é sobre nulidades processuais. Quando há divergência em mérito e nulidade ao mesmo tempo. Cabimento: Apenas para decisões em apelação e recurso em sentido estrito. Prazo: 10 dias após a publicação do acórdão. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Recursousado para esclarecer dúvidas em uma decisão judicial (acórdão), quando há ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão, permitindo melhor entendimento e possível recurso posterior Ambiguidade Termos de duplo sentido confundem o leitor. Ex.: O juiz diz que “a pena é leve”, sem deixar claro o que significa Obscuridade Termos confusos dificultam o entendimento. Ex.: Frases complexas ou confusas que deixam o conteúdo da decisão vago Contradição Declarações se contradizem. Ex.: Juiz afirma que há provas suficientes, mas depois diz que são insuficientes Omissão Juiz ignora um ponto relevante. Ex.: Deixa de analisar uma alegação da defesa Prazo 2 dias para embargos no CPP; 5 dias nos Juizados Especiais. Efeito interruptivo Interrompe o prazo para outros recursos, conforme o art. 1.026 do CPC e art. 83, § 2º, da Lei 9.099/1995 CARTA TESTEMUNHÁVEL DEFINIÇÃO É um recurso para revisar decisão que negou ou bloqueou o seguimento de recurso em sentido estrito ou agravo em execução (art. 639 do CPP). Exemplo: Se o juiz impede a análise de um agravo em execução, a parte pode pedir uma carta testemunhável para que o tribunal reveja essa decisão. PROCEDIMENTO PRAZO Deve ser solicitado em até 48 horas após a ciência do despacho ENDEREÇAMENTO Requerido ao escrivão, com as peças a serem copiadas ENTREGA O escrivão dá recibo; tem até cinco dias para entregar a carta pronta CONSEQUÊNCIA POR NEGATIVA Se o escrivão se recusar, ele é suspenso por 30 dias RITO NO TRIBUNAL Tribunal processa ou julga diretamente o recurso se a carta estiver completa. AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL Conceito Recurso contra decisões do juiz da Vara de Execução Penal, como progressão de regime ou saída temporária (art. 197, Lei 7.210/84). Quem pode recorrer Ministério Público ou apenado, dependendo do interesse Prazo 5 dias para interpor; 2 dias para razões e contrarrazões Processamento Segue regras do recurso em sentido estrito, incluindo juízo de retratação (art. 589, CPP) Efeito suspensivo Em regra, não suspende a decisão, mas medidas de segurança só têm efeito após decisão final (art. 179, LEP). Exemplo: Um apenado recorre da decisão que nega a progressão de regime, usando o agravo em execução para tentar mudar a decisão RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL EM HABEAS CORPUS Cabe recurso ordinário ao STF ou STJ contra decisões denegatórias de habeas corpus em única instância Cabimento STF: Decisão denegatória dos Tribunais Superiores (art. 102, II, a, da CF). STJ: Decisão denegatória dos Tribunais Regionais Federais ou dos Tribunais Estaduais/DF (art. 105, II, a, da CF) Prazo 5 dias para interposição e apresentação das razões (art. 30 da Lei 8.038/1990 e Súmula 319 do STF). Exemplo: Se um tribunal regional negar habeas corpus a um réu, ele pode recorrer ao STJ em até 5 dias RECURSO EXTRAORDINÁRIO E RECURSO ESPECIAL Recurso Extraordinário Atraí decisões sobre constitucionalidade (art. 102, III, da CF) e é julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Recurso Especial Trata de questões relacionadas à legislação infraconstitucional (art. 105, III, da CF) e é julgado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Prazo 15 dias, a partir da intimação do acórdão. A contagem é corrida no caso de matéria penal Processamento Deve ser interposto no tribunal de origem, com envio das razões para o STF ou STJ. Prequestionamento A matéria deve ser discutida no processo anteriormente para ser analisada pelo STF ou STJ Repercussão Geral (Recurso Extraordinário) A questão deve ser relevante do ponto de vista econômico, social, político ou jurídico. Emenda Constitucional 125/2022 (Recurso Especial) A relevância da questão de direito federal deve ser demonstrada, com aprovação de 2/3 dos membros do órgão competente para admitir o recurso. AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO: REVISÃO CRIMINAL, HABEAS CORPUS E MANDADO DE SEGURANÇA REVISÃO CRIMINAL A revisão criminal é uma ação que visa modificar uma sentença penal condenatória transitada em julgado em favor do réu. Não pode ser usada para beneficiar a sociedade. Exemplo: Se após a condenação, surgirem provas que comprovem a inocência do réu, pode-se solicitar a revisão criminal. Legitimidade O réu, seus familiares ou procurador podem pedir Competência O STF julga sentenças por ele mesmas proferidas, e o STJ as sentenças que ele proferiu. Tribunais estaduais julgam sentenças de segunda instância Efeitos A sentença pode ser alterada, a pena modificada ou o processo anulado. A decisão não pode agravar a situação do réu HABEAS CORPUS É uma ação impugnativa para garantir a liberdade de alguém contra prisão ou coação ilegal. Exemplo: Se uma pessoa for presa sem justificativa legal, pode impetrar habeas corpus para ser solta Pressupostos Deve haver coação ou violência contra a liberdade de locomoção Espécies Pode ser liberatório (para libertar), preventivo (para evitar prisão) ou trancativo (para encerrar um processo ilegal) Legitimidade Pode ser impetrado por qualquer pessoa, incluindo o próprio preso ou o Ministério Público Competência O habeas corpus pode ser julgado por qualquer tribunal competente para o caso. RECURSO: SÚMULAS – STF Súmula no 606 – Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de Turma, ou do Plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso. Súmula no 691 – Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar. Súmula no 692 – Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de extradição, se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provocado a respeito. Súmula no 693 – Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada. Súmula no 694 – Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de patente ou de função pública. Súmula no 695 – Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade. Mandado de Segurança Ação autônoma de impugnação, visa proteger direito líquido e certo violado por ato de autoridade, com prazo de 120 dias para ser impetrado (art. 23 da Lei 12.016/2009). Exemplo: um servidor público busca garantir o direito à promoção recusada injustamente. Bem jurídico tutelado Protege direito evidente e indiscutível. Se há controvérsia sobre o direito, o mandado não é cabível (Súmula 625 do STF). Exemplo: contestar a negativa de fornecimento de medicamento de alto custo cabimento Indeferimento de assistente de acusação Trancamento do inquérito ou ação penal (exceto casos com pena privativa de liberdade) Acesso de advogado a inquérito policial. Ex: O acusado busca trancar um inquérito policial onde não há justificativa para a prisão preventiva não cabe Quando houver recurso administrativo com efeito suspensivo Contra decisão judicial passível de recurso (Súmula 267 do STF). Exemplo: Não cabe mandado de segurança contra uma decisão que permite o andamento de um processo penal, se houver recurso específico Requisitos de admissibilidade Ilegalidade ou abuso de poder. Demonstração de direito líquido e certo, com prova documental. Exemplo: Um mandado de segurança é impetrado quando a autoridade descumpre uma norma clara que garante um direito Legitimidade ativa e passiva Ativa: Pode ser impetrado pelo acusado, seu defensor, querelante, ou terceiros interessados. Passiva: A autoridade que praticou o ato impugnado. Exemplo: O defensor do réu impetra mandado de segurança contra o indeferimento de sua habilitação como assistente de acusação NULIDADES NO PROCESSO PENAL Vídeo que contamina um ato processual, tornando-o inválido se feito sem a forma legal, podendo invalidar o ato ou o processo todo NULIDADE ABSOLUTA E RELATIVA Absoluta Atosque violam normas de interesse público, como interrogatório sem defensor. O juiz deve reconhecer de ofício. Relativa Só é reconhecida se a parte interessada reclamar, mostrando prejuízo. Ex.: erro em citação, mas réu comparece. PRINCÍPIOS Prejuízo (art. 563) Não se anula um ato sem prejuízo para as partes Tipicidade Todo ato tem forma prescrita em lei. A forma incorreta gera nulidade Convalidação Ato com vício pode ser convalidado se possível corrigir o erro NULIDADES NO ART. 564 DO CPP Incompetência Falta de competência absoluta gera nulidade absoluta Suspeição Juiz suspeito torna nulos os atos, a menos que a parte renuncie Ilegitimidade Parte sem legitimidade pode corrigir com ratificação FALTA DE ATOS ESSENCIAIS Exemplo Falta de denúncia, exame de corpo de delito ou defesa do réu. Exemplo de Nulidade Absoluta Falta de defesa ou citação do réu Exemplo de Nulidade Relativa Cerceamento de defesa, se houver prejuízo Exemplos de Nulidades no CPP: Art. 564, III, a: Falta de denúncia impede início do processo. Art. 564, III, b: Falta de exame de corpo de delito (ex: homicídio sem laudo necroscópico). Art. 564, III, c: Falta de defesa do réu (nulidade absoluta). Art. 564, III, e: Citação errada ou ausente. Art. 564, III, i: Júri com menos de 15 jurados é nulo. Sentença Absolutória Própria: Absolvição do réu com base nos artigos 397 ou 386 do CPP. Exemplo: Réu é absolvido sumariamente por falta de prova suficiente. Imprópria: Absolvição com reconhecimento de inimputabilidade (art. 26 do CP) e aplicação de medida de segurança. Exemplo: Réu com doença mental é absolvido, mas sujeito a internação. Sentença Condenatória O juiz, ao reconhecer autoria e materialidade, condena o réu, define a pena (art. 387 CPP) e pode fixar valor para reparação de danos. Exemplo: Réu é condenado e pena considera tempo já preso preventivamente Coisa Julgada Formal: Decisão que não julga o mérito, como a impronúncia. Exemplo: Processo arquivado, mas possível nova denúncia se surgirem novas provas. Material: Decisão definitiva sobre o mérito, como a condenação ou absolvição. Exemplo: Condenação transitada em julgado impede novo julgamento pelo mesmo fato LEI DE EXECUÇÃO PENAL A execução penal é regida pela Lei 7.210/1984 (LEP) e visa a reintegração do condenado à sociedade. Ela se inicia após a sentença condenatória transitada em julgado, mas a execução provisória é possível, com base na súmula 716 do STF. Exemplo: Se alguém for condenado ao semiaberto, pode ser transferido antes do trânsito em julgado. Competência do juiz da Vara de Execução O juiz da Vara de Execução é responsável pela execução da pena conforme o local de recolhimento, não pela origem da condenação. Exemplo: Se alguém condenado por tráfico internacional estiver em uma penitenciária estadual, a execução é feita por juiz estadual. Individualização da pena na execução A pena é adaptada ao perfil do condenado, considerando seus antecedentes e personalidade. Exames criminológicos são obrigatórios, especialmente para condenados em regime fechado e semiaberto. Exemplo: Condenado em regime fechado passa por exame criminológico para definir a pena Detração penal A detração penal considera o tempo já cumprido na prisão provisória ao determinar o regime de cumprimento da pena. Exemplo: Se alguém ficou preso provisoriamente por 6 meses, esse tempo é descontado da pena final. Regimes prisionais e modificações durante a execução da pena A sentença define o regime de cumprimento da pena, mas ele pode ser alterado se houver nova condenação ou mudanças nas condições do preso. Exemplo: Se alguém recebe nova condenação, o regime pode ser recalculado somando as penas. Sistema progressivo: progressão de regime A LEP adota o sistema progressivo, permitindo a mudança para um regime menos severo, desde que cumpridos requisitos objetivos (tempo de pena) e subjetivos (bom comportamento). Exemplo: Alguém pode progredir para o regime semiaberto após cumprir parte da pena e demonstrar bom comportamento. A PROGRESSÃO DE REGIME ENVOLVE DOIS REQUISITOS: SUBJETIVO E OBJETIVO. Requisito subjetivo: A concessão depende de atestado de bom comportamento carcerário, emitido pelo diretor do presídio (art. 112, § 1º da LEP). Exemplo: O preso precisa demonstrar bom comportamento dentro da prisão para ter direito à progressão. Requisito objetivo: Refere-se ao cumprimento de um percentual da pena, e não mais à fração de tempo. O legislador ajustou para um percentual de cumprimento, substituindo a fração anterior. Exemplo: Um preso, para progredir de regime, precisa cumprir uma parte da pena, como 40%, e não um período fixo de tempo. Lei 13.964/2019 e retroatividade Crimes cometidos após 23/01/2020 seguem novos prazos de progressão de regime. Se a lei traz benefícios, ela pode retroagir. Exemplo: Se a nova lei permite progressão de regime após 1/6 da pena, ela vale para quem cometeu crime antes de 2020, se mais benéfica. Falta grave e progressão de regime Cometer falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime. Exemplo: Um preso comete falta grave, e seu prazo para progressão de regime volta a contar a partir da pena restante. Progressão de regime especial para mulheres Mulheres gestantes ou responsáveis por filhos têm requisitos específicos para a progressão de regime. Exemplo: Uma mãe primária, que não cometeu crime contra seu filho, pode progredir após cumprir 1/8 da pena. Organização criminosa Integrantes de organização criminosa não podem progredir de regime ou obter livramento condicional. Exemplo: Um condenado por crime com organização criminosa não pode ter progressão de regime, se reconhecido em sentença. Progressão para o regime aberto A progressão exige trabalho ou condições de trabalho. Exemplo: Um preso que consegue trabalho externo pode progredir para o regime aberto, se houver vaga. Exame criminológico Não é requisito obrigatório para progressão, mas pode ser exigido com justificativa do juiz. Exemplo: O juiz pode solicitar exame criminológico para avaliar a progressão de regime de um preso, caso julgue necessário. Crimes contra a Administração Pública Além do tempo e comportamento, é necessário reparar o prejuízo ao erário para a progressão de regime. Exemplo: Um condenado por corrupção precisa devolver o valor desviado para progredir de regime Regressão de regime O apenado pode regredir de regime por cometer falta grave ou crime doloso. Exemplo: Se um preso comete outro crime dentro da prisão, ele pode ser rebaixado para regime mais severo. Prisões domiciliares Concedida a quem cumpre pena em regime aberto e se enquadra em condições especiais, como ser maior de 70 anos ou estar doente. Exemplo: Uma pessoa com doença grave pode cumprir a pena em prisão domiciliar, se estiver em regime aberto. Remição de pena A pena pode ser reduzida pelo trabalho ou estudo. Exemplo: Se um preso trabalha por três dias, sua pena é reduzida em um dia. Saídas temporárias O apenado em regime semiaberto pode obter saída temporária por motivos como falecimento de familiar. Exemplo: Um preso vai ao funeral da mãe com saída temporária, por ter comportamento adequado e cumprir parte da pena. Monitoramento eletrônico Pode ser usado como alternativa em casos de prisão domiciliar ou saída temporária. Exemplo: Um preso que sai para tratamento médico pode ser monitorado por tornozeleira eletrônica. Livramento condicional Liberação do preso antes do cumprimento total da pena, se cumprir certos requisitos, como bom comportamento. Exemplo: Um preso que teve bom comportamento e reparou o dano causado pode ser liberado antes do fim da pena. REVOGAÇÃO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL Obrigatória: Se surgir nova condenação irrecorrível por crime cometido antes ou durante o livramento Facultativa A revogação facultativa ocorre se o liberado descumpre condiçõesou comete contravenção, cabendo ao juiz decidir. Exemplo: A revogação ocorre quando o liberado comete outro crime durante o livramento REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO (RDD) Aplicado a presos de alto risco ou envolvidos em organizações criminosas. Impõe restrições severas: cela individual, visitas controladas, e restrição de contatos. Exemplo: Preso envolvido em milícia é isolado por até dois anos. INCIDENTES DA EXECUÇÃO PENAL Mudanças nas condições do preso, como doença mental ou mudança de pena (ex: conversão de pena restritiva de direitos em privativa de liberdade). Exemplo: O juiz converte pena de prisão simples em medida de segurança para preso com doença mental. LIMITE DE CUMPRIMENTO DAS PENAS O limite de pena foi estendido para 40 anos (Art. 75, CP). Aplicável a crimes cometidos após a vigência do Pacote Anticrime. Exemplo: Um condenado a 60 anos cumprirá os 60 anos, sem redução para o limite de 40 anos. GRAÇA, INDULTO E COMUTAÇÃO DE PENA Graça Perdão individual, concedido pelo Presidente, não aplicável a crimes hediondos Indulto Perdão coletivo, dependendo de condições estabelecidas Comutação Redução parcial da pena Exemplo: Um preso pode ter sua pena reduzida (comutação) ou até perdoada (graça) se preencher as condições.