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Cárie Dentária: Prevenção e Tratamento

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Conteudista: Prof.ª Dra. Andrea Rocha Filgueiras
Objetivos da Unidade:
Compreender as alterações fisiopatológicas do aparelho digestório e glândulas
anexas;
Definir o tratamento nutricional nas principais patologias abordadas;
Determinar a conduta dietoterápica para prescrição e elaboração de dietas
adequadas para as patologias abordadas.
📄 Material Teórico
📄 Material Complementar
📄 Referências
Terapia Nutricional nas Doenças do Aparelho
Digestório e nos Pacientes Críticos
Terapia Nutricional nas Doenças
do Aparelho Digestório e nos
Pacientes Críticos, Queimados e
Imunodeprimidos
Nesta Unidade, veremos algumas das principais doenças e o manejo dietoterápico do
Sistema Digestório Humano e das glândulas anexas. Para o seu estudo ser otimizado, é
importante revisitar os materiais de estudos que se referem à fisiologia e à
fisiopatologia do sistema digestório.
Página 1 de 3
📄 Material Teórico
Figura 1 – Sistema Digestório Humano
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: a imagem mostra uma ilustração dos órgãos e glândulas do
sistema digestório do corpo humano, incluindo a vesícula biliar, cérebro,
pulmões, coração, fígado, baço, pâncreas, bexiga, genitais, intestino grosso,
rins e estômago. Fim da descrição.
Doenças da Cavidade Oral
Cáries
A cárie dentária é uma doença multifatorial, infecciosa, transmissível e sacarose
dependente. Necessita da interação entre microrganismos patogênicos e dieta
cariogênica, num hospedeiro que ofereça um ambiente adequado, durante certo
período. Está intimamente ligada à introdução dos carboidratos refinados na dieta,
principalmente à sacarose, que é considerada o dissacarídeo mais cariogênico, sendo
este o mais presente na dieta familiar em quase todo o mundo (SCHERMA, 2011).
Com o crescente aumento dos casos de transtornos alimentares,
é necessário salientar que a destruição do esmalte do dente
também ocorre pela presença de vômitos frequentes, pois os
ácidos estomacais provocam severa erosão, muito observada em
pacientes com bulimia nervosa.
Dentre as variações das causas para a cárie, temos a CPI que significa a Cárie da
primeira infância e engloba termos como “cárie de mamadeira” e seus sinônimos
“cárie de peito”, “cárie de amamentação”, síndrome da mamadeira noturna”. A CPI
está associada a hábitos alimentares inadequados principalmente no período noturno.
Seu sinal clínico inicial se dá no esmalte dos dentes, por manchas brancas leves e
opacas que indicam a desmineralização inicial do esmalte devido à ação de ácidos
produzidos por bactérias cariogênicas ao metabolizar carboidratos. Essas manchas
podem progredir para extensas cavidades até a total destruição coronária
(BERNARDES, 2021). 
Figura 2 – Cárie dental em crianças
Fonte: Reprodução
#ParaTodosVerem: a imagem mostra a gengiva rosa-claro de uma criança com
dentes pequenos e levemente separados com manchas brancas, sendo os
primeiros sinais visíveis de cárie dentária. Fim da descrição.
Dietoterapia
A prevenção de cáries dentárias deve ser feita limitando a ingestão de alimentos e
bebidas que contenham carboidratos e fazendo higienização após todas as refeições,
utilizando inclusive os enxaguatórios bucais fluoretados, pois os fluoretos são
responsáveis pela formação de um esmalte forte e fazem a remineralizarão da
superfície dentária (MATOS, 2020).
A ingestão de quantidades adequadas de cálcio também é importante para a formação
de um esmalte forte, o que começa desde o ventre materno. Reis (2003) relacionou
alguns fatores com a cariogenicidade:
Alimentos cariogênicos: são aqueles que contêm carboidratos fermentáveis que,
quando em contato com micro-organismos na boca, podem causar uma redução
no pH salivar para 5,5 ou menos e ativar o processo de desenvolvimento das
cáries. Frequentemente associados a carboidratos refinados (açúcar e doces) com
maior tempo de permanência na boca. Exemplo: caramelos, os quais são muito
agressivos, por aderirem à superfície do dente;
Alimentos cariostáticos: não contribuem para a formação da cárie, não são
metabolizados por micro-organismos na placa e não causam redução no pH
salivar para 5,5. Exemplos: proteínas (carnes, ovos, peixes, frango) e gordura
(forma uma película que protege impedindo a formação da cárie);
Alimentos anticariogênicos: são aqueles que impedem que a placa reconheça um
alimento acidogênico logo que é ingerido. O leite e o queijo possuem em sua
constituição fatores com propriedades anticariogênicas como o cálcio, o fósforo e
a caseína. Eles estimulam a produção de saliva, que inibe a formação da placa
bacteriana e impede a queda do pH da saliva, vez que têm um potencial
tamponante. Outros exemplos são a goma de mascar sem açúcar e queijo cheddar,
que estimulam a salivação, reduzem a placa bacteriana e aceleram o tempo de
limpeza do alimento na superfície do dente. No entanto, vale salientar que na
educação nutricional para alimentação saudável esses alimentos não são
recomendados.
Outros fatores que colaboram com a prevenção são:
Consumo de água: o líquido participa da hidratação e limpeza;
Presença de fibra (celulose): colabora na limpeza e favorece a irrigação;
Consistência da dieta: dieta líquida tende a ser menos cariogênica que as demais
por permanecer menos tempo na boca e ter menor aderência aos dentes. 
Você Sabia?
O xilitol pode reduzir a taxa de incidência de cárie, aumentando o
Estomatite Aftosa/Candidíase
Oral/Herpes/Glossite/Xerostomia/Periodontit
e
Estomatite Aftosa
Também denominada como úlcera aftosa recorrente, é uma das afecções mais comuns
da cavidade oral (MATOS, 2020). Para ser diagnosticado com essa patologia, o paciente
precisa apresentar lesões na mucosa oral, que se repetem quinzenalmente por um
período de um ano, sem doenças associadas. Essas lesões afetam a função oral,
prejudicando fala, mastigação e deglutição, levando a deficiências nutricionais e
alterando a qualidade de vida. As lesões são classificadas em menor, maior e
herpetiforme. As aftas se caracterizam por apresentar lesões abertas, esbranquiçadas,
com bordas vermelhas, dolorosas, que aparecem na superfície da mucosa bucal, na
língua, no lábio interno, na bochecha, no céu da boca e, raramente, na região da
garganta (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).
Os fatores etiológicos podem ser trauma local, tabagismo, estresse, ciclo menstrual,
infecções virais, infecções bacterianas, fatores genéticos, hipersensibilidade
alimentar, doença celíaca, deficiência hematologia e imunológica.
fluxo salivar e o pH oral, suprimindo bactérias cariogênicas e
reduzindo a placa oral (RICCI-DONATO, 2021).
Figura 3 – Estomative aftosa
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: a imagem mostra um close-up dos lábios com veias visíveis,
destacando a textura e os detalhes da pele dos lábios. Para dentro do lábio
inferior apresenta aftas esbranquiçadas, com bordas vermelhas. Fim da
descrição.
Candidíase Oral
A microbiota oral dos indivíduos saudáveis pode apresentar até 101 espécies de fungos.
As espécies de Candida albicans são as mais comuns e a sua manifestação oral é
conhecida como “sapinho” (SANTONOCITO,2022). 
Caracteriza-se por uma placa esbranquiçada que leva à dificuldade de mastigação e de
deglutição, alterações no paladar, dor, sangramento e febre.
O fungo C. albicans está presente no trato digestivo e para se manifestar como
patógeno é necessário haver condições fisiológicas favoráveis. Podemos citar como
exemplo a microbiota com baixa capacidade competitiva. Por essa razão, é comum a
incidência em pacientes imunodeprimidos (incluindo crianças e idosos), desnutridos,
diabéticos descompensados, com uso abusivo de antibióticos, próteses dentárias mal
adaptadas e má higienização.
A prevenção da candidíase envolve higienização da boca e da prótese dentária (se for o
caso), com escovação regular e uso de agentes químicos (NETO; DANESI; UNFER,
2005).
Figura 4 – Infecção fúngica por Candida albicans
(Candidíase Oral)
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: a imagem mostra um close-up da língua de umamenina,
com uma camada branca espessa cobrindo a superfície. Esta aparência é
característica de uma língua peluda branca, que pode ser um sintoma comum de
infecções como a candidíase oral. A camada branca é composta por células
mortas, bactérias e fungos acumulados nas papilas alongadas da língua. Fim da
descrição.
Herpes
Segundo o Ministério da Saúde (2011), o herpes é uma infecção causada pelo vírus
Herpes simplex, frequentemente encontrada nos lábios e na região genital, mas pode
surgir em qualquer parte da pele. 
Infecções orais de herpes simples e candidíase oral causam lesões dolorosas que
dificultam a alimentação. O ciclo viral dura em torno de 5 a 15 dias. Nos indivíduos
imunodeprimidos, em tratamento por neoplasia maligna, em uso de corticosteroides
por longos períodos, transplantados e em diabéticos descompensados, essa infecção
pode se manifestar com maior frequência. 
A L-lisina ajuda na reparação de tecidos e na produção de anticorpos, reduzindo o ciclo
das lesões em média 49%, contribuindo para o controle do herpes labial recorrente
(PEDRAZINI, ARAÚJO E MONTALLI, 2018).
Figura 5 – Manifestação de Herpes em lábio inferior
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: a imagem mostra um close-up de herpes labial no lábio
inferior de uma mulher. As lesões são pequenas bolhas que se rompem e
formam pequenas úlceras, frequentemente acompanhadas de linfonodos
inchados. Herpes labial é causado pelo vírus herpes simplex. Fim da descrição.
Glossite
A glossite migratória benigna (GMB) conhecida também como língua geográfica (LG),
ou eritema migratório (EM) é uma lesão que excepcionalmente acomete a língua,
sendo caracterizada por manifestações clínicas nas regiões do dorso e margens
linguais, onde apresenta áreas eritematosas erosivas migratórias, isoladas ou
múltiplas e bordas esbranquiçadas, sua etiologia ainda é desconhecida, mas fatores
psicossomáticos, imunológicos, infecciosos e nutricionais estão associados
(ROLEMBERG,2020).
Segundo Reis (2023), a glossite pode ser classificada como:
Aguda superficial: acompanha processos febris e faringite;
Aguda profunda: há aumento do volume, dificultando a deglutição e respiração;
Atrófica crônica: língua vermelha, brilhante, lisa, despapilada. Na presença de
alimentos salgados, picantes ou muito quentes, é provocada uma sensação de
queimação.
Xerostomia
Conhecida popularmente como boca-seca é uma alteração das glândulas salivares
conhecida por diversas denominações como: oligosalia, aptialismo, asialia e
xerostomia. Nela, ocorre a diminuição ou ausência total da secreção de saliva pelas
glândulas salivares (ALVES, 2021; ROSA, 2021).
A xerostomia pode ocasionar distúrbios gastrointestinais, dificuldade de mastigação e
de deglutição, como também a perda do paladar (Rolim et al., 2011). O risco de erosão
dos dentes e cárie dentária aumenta, uma vez que a saliva, líquido essencial para
reparar lesões iniciais nas estruturas dentárias, é insuficiente (MÜLLER et al., 2023). 
Pacientes que sofrem de xerostomia frequentemente evitam alguns alimentos que são
desconfortáveis ou difíceis de consumir. No entanto, alguns alimentos podem aliviar
os sintomas ou até mesmo estimular a salivação. Indivíduos com xerostomia
experimentam uma diminuição na percepção de sabor, no prazer ao comer e no
apetite. Essas consequências podem ter um impacto psicossocial significativo e,
potencialmente, levar a deficiências em nutrientes essenciais ao organismo (SOUZA,
2024).
Periodontite
A periodontite é uma doença de etiologia multifatorial que, após infecção induzida por
bactérias do biofilme periodontal, pode determinar a perda dentária após resposta do
hospedeiro. Durante os últimos anos, as melhorias nas técnicas genéticas permitiram
uma melhor identificação das bactérias envolvidas na periodontite, incluindo não
apenas dados sobre processos periodontos patogênicos, mas também mais
informações sobre as redes microbianas orais gerais que contribuem para a
patogênese da doença (SANTONOCITO, 2022). 
A falta de vitamina C, de folato e de zinco aumenta a permeabilidade da barreira
gengival no sulco gengival, contribuindo para a suscetibilidade a doenças periodontais.
A deterioração grave da gengiva é observada em indivíduos com escorbuto ou
deficiência em vitamina C (RADLER, 2012).
Importante!
O processo de envelhecimento pode afetar a saúde bucal e,
consequentemente, a nutrição. A perda total ou parcial dos dentes, o
uso de próteses dentárias mal adaptadas, hipogeusia e xerostomia
influenciam na qualidade de vida, na tolerância à consistência dos
alimentos, no apetite e até em involuntárias perdas de peso.
Imprescindível a realização de uma anamnese minuciosa.
Figura 6 – Apresenta processo inflamatório dos tecidos de
suporte do dente chamados periodontites
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: a imagem mostra dentes humanos afetados por
periodontite. Há um depósito pesado de cálculo, inchaço gengival, inflamação
crônica, recessão gengival, dentes ausentes e manchas. Essas características
indicam uma doença periodontal avançada, que afeta as estruturas de suporte
dos dentes. Fim da descrição.
Dietoterapia
Quadro 1 – Descrição dos macros, micronutrientes e característica da dieta
necessária nas doenças da cavidade oral 
Estomatite Aftosa/Candidíase Oral/Herpes
Proteína, Carboidrato,
Vitaminas e Minerais
Característica da dieta
Normo a hiperproteica
(promove a cicatrização das
feridas) e normoglicídica;
Vitaminas que podem estar
em deficiência diante de
estados imunológicos
comprometidos, como A, E
e C;
Vitaminas do complexo B:
necessárias para a síntese
de proteínas;
Zinco: a deficiência do
mineral aumenta a
suscetibilidade a infecções,
compromete a cicatrização
e contribui para a perda do
paladar.
Líquida, pastosa liquidificada ou
pastosa, conforme tolerância.
Evitar alimentos que agridam a
mucosa, como frutas
oleaginosas e cítricas, molho de
tomate, chocolate e
concentrados em sacarose.
Evitar extremos de temperatura.
O uso de canudo pode auxiliar na
alimentação.
Glossite
Normoproteica ou
hiperproteica e normoglicídica.
Líquida a pastosa, com
alimentos como caldo de sopa,
sucos não ácidos e vitaminas de
Doenças do Esôfago
O esôfago é um tubo muscular oco que interliga a hipofaringe ao estômago, com um
esfíncter em cada extremidade. Sua função é transportar alimentos e líquidos entre
frutas. Adaptada à
sintomatologia.
Xerostomia
Normoproteica e
normoglicídica.
Consistência conforme
tolerância do paciente. Na
ausência de úlceras com
condimentos, aromatizantes e
ácidos para estimular a
produção de saliva. Deve-se
aumentar a ingestão hídrica e
oferecer somente alimentos
umedecidos.
Periodontite
Normoproteica;
Adequar cálcio, zinco,
fósforo, vitamina C,
fluoreto e vitamina A e
antioxidantes.
Consistência conforme
tolerância do paciente.
essas regiões, permanecendo vazio em outras situações (REIS, 2003).
Quando ocorre algum distúrbio funcional, geralmente manifesta-se como transtorno
de deglutição e refluxo gastroesofágico exacerbado.
Na presença de alguma disfunção e/ou dor, os principais sinais e sintomas são
(MATOS, 2020):
Pirose: nome dado à sensação de ardência por trás do esterno em direção ao
pescoço. Mais percebida após as refeições, durante exercício físico e enquanto se
está deitado;
Regurgitação: retorno involuntário dos alimentos ou líquidos para a região da
faringe, sem náuseas ou ânsia de vômito. Há queixa da presença de líquido
amargo ou ardente na boca. Pode ser provocada pelo movimento de se abaixar,
eliminar gases pela boca (eructação) ou atividades que aumentam a pressão
intra-abdominal;
Dor torácica: assemelha-se a distúrbios cardíacos e, por isso, tem difícil
identificação. Referida como sensação de pressão na região do tórax, irradiando
para a região dorsal, braços e mandíbula;
Disfagia: comumente definida como a sensação de que o alimento “agarra”,
“para” na garganta. É importante identificar se a disfagia acontece com alimentos
sólidos ou líquidos, porconfigurar situações diferentes. Será tratada
posteriormente com mais detalhes;
Odinofagia: a dor que se tem pela passagem do alimento ou é agravada por ela;
Sensação de bolo retroesternal: a percepção de uma massa na garganta, sentida
independentemente da deglutição.
A seguir vamos conhecer algumas das principais doenças.
Acalásia
Também conhecida como dissinergia esofágica, essa condição é um distúrbio de
motilidade do esôfago inferior. Ocorre uma redução na inervação, impedindo o
Esfíncter Esofágico Inferior (EEI) de relaxar e abrir adequadamente durante a
deglutição, resultando em disfagia ou dificuldade para engolir.
Esofagite e Refluxo Gastroesofágico (RGE)
A esofagite e o refluxo gastroesofágico são abordados na mesma seção por serem
doenças inter-relacionadas. Para compreender esse processo, é essencial identificar
as especificidades de cada uma dessas patologias.
A esofagite é uma condição caracterizada pela inflamação da mucosa do esôfago, que
provoca uma redução na pressão do Esfíncter Esofágico Inferior (EEI), facilitando o
retorno dos alimentos e outras substâncias do estômago para o esôfago. Devido à
incapacidade do esfíncter de se contrair adequadamente, o esôfago torna-se
vulnerável ao conteúdo ácido do estômago, resultando em danos à sua mucosa.
A Sintomatologia de Esofagite e Refluxo Gastroesofágico (RGE):
Perda de peso: pode ocorrer devido à dor e desconforto ao engolir, levando a uma
redução na ingestão de alimentos;
Dispepsia: sensação de indigestão ou desconforto na parte superior do abdômen,
comumente associada a distúrbios digestivos;
Pirose: sensação de queimação no peito, muitas vezes referida como azia,
resultante do ácido do estômago irritando o esôfago;
Regurgitamento: retorno dos alimentos ou líquidos do estômago para a boca,
causando um sabor ácido ou amargo;
Odinofagia: dor ao engolir, frequentemente devido à inflamação ou lesões na
mucosa do esôfago;
Tosse crônica: irritação do esôfago pode estimular reflexos, resultando em tosse
persistente;
Rouquidão: ácido do estômago pode atingir as cordas vocais, causando
inflamação e alteração na voz.
Importante!
Hérnia de Hiato: Protusão de uma porção do estômago para dentro do
tórax através do hiato esofágico do diafragma. Por alterar a anatomia
esôfago gástrica, apresenta forte associação com a esofagite. Uma
dieta hiperproteica é indicada, por aumentar a pressão do EEI,
mantendo-o contraído e evitando o refluxo.
Figura 7 – Refluxo gastroesofágico
Fonte: Adaptada de Getty Images
#ParaTodosVerem: a imagem mostra dois estômagos e seus esôfagos. Os
desenhos estão em rosa-claro e o conteúdo interno dos estômagos está em
azul-claro, representando o ácido clorídrico. Na figura da esquerda, o estômago
está saudável com o esfíncter inferior do esôfago com a pressão correta e
fechado, a imagem da direta apresenta o esfíncter levemente aberto,
ocasionando o refluxo. Fim da descrição. 
Quanto à sua etiologia, pode estar presente tanto na DRGE como na hérnia hiatal,
porém também são conhecidas as seguintes esofagites (KAHRILAS; HIRANO, 2015):
Esofagite eosinofílica: distúrbio alérgico induzido pela sensibilização antigênica
dos indivíduos suscetíveis. Alergênicos aéreos e dietéticos podem também estar
envolvidos;
Esofagite infecciosa: rara, mas mais comum em pacientes imunocompetentes.
Os patógenos mais comuns envolvidos são a C. albicans, o vírus do herpes
simples e o citomegalovírus;
Esofagite pós-radiação: comum nos casos de radioterapia de câncer torácico,
como mama e pulmão;
Esofagite corrosiva: lesão no esôfago por ingesta acidental ou voluntária de
ácidos. A lesão corrosiva pode perfurar, provocar sangramento e até óbito;
Esofagite por comprimidos: proveniente do hábito inadequado de ingerir
comprimidos com pouco líquido ou deitar-se logo após a ingestão. O comprimido
pode não chegar ao estômago e se alojar no esôfago;
Esofagite por corpo estranho ou impactação alimentar: alimentos ou corpos
estranhos podem alojar-se no esôfago causando obstrução.
Com sintomas semelhantes à DRGE, as condutas dietéticas e comportamentais se
estendem as esofagites.
Dietoterapia nas Doenças do Esôfago
Visando o aceleramento do esvaziamento gástrico a dieta Hipolipídica ((HCl) e da pepsina, que podem atingir a submucosa.
As lesões atravessam a camada muscular da mucosa até a submucosa ou camada
muscular. A principal causa é a infecção por Helicobacter pylori, enquanto o estresse
pode contribuir para comportamentos que aumentam o risco de desenvolvimento de
úlcera péptica.
Os sintomas clínicos incluem dor epigástrica (epigastralgia) tipo queimação, com
ritmicidade relacionada ao ritmo alimentar, aliviada pela alimentação ou por
substâncias alcalinas, e frequentemente piorando durante a noite (COELHO, 2003;
EISIG; FERREIRA; NAKAGAWA, 2016). Outros sintomas comuns são a hemorragia,
melena (presença de sangue nas fezes), pirose, perfurações da mucosa e da
musculatura. As úlceras pépticas também podem ser assintomáticas.
Dietoterapia
Quadro 2 – Descrição dos macros, micronutrientes e característica da dieta
necessária nas doenças do estômago
Gastrite
Proteína, Carboidrato,
Vitaminas e Minerais
Característica da dieta
Normocalórica;
Macronutrientes e
micronutrientes dentro das
recomendações das DRIs.
Fracionamento em 4 a
5 refeições (evitar
jejum prolongado);
A consistência deve
ser de leva a geral a
depender do
paciente; 
Temperatura deve ser
morna;
Evitar alimentos ricos
em gorduras.
Úlcera Péptica
Normocalórica ou
adaptada a necessidade do
paciente; 
Proteínas: 1,2g/kg Peso/dia
na fase aguda e 1,5g/kg
Peso/dia na fase de
recuperação;
Carboidratos: 50 a 60% do
VET;
Ajustados às
necessidades dos
pacientes (RDA). Alguns
micro-nutrientes podem
contribuir com o processo
de cicatrização, como
zinco, selênio e vitaminas
A e C, podendo ser
suplementa-dos, não
ultrapassando a UL.
Lipídeos: 25 a 30% do VET.
Doenças dos Intestinos
Após o processo de emulsificação do alimento no estômago com a formação do quimo,
passamos para a destinação dele para o duodeno. Nesta etapa, eventos neurais e
atividades hormonais fazem com que o intestino, pâncreas, fígado e vesícula biliar
trabalhem juntos.
Nesse momento o intestino passa ser o principal órgão executor, por isso, neste tópico
abordaremos as doenças que acometem tanto o intestino delgado como o grosso, tais
como: Doenças Inflamatórias Intestinais, Doença de Crohn, Doença Diverticular,
Obstipação intestinal e Diarreia. 
Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIS)
As DIIs são uma condição inflamatória crônica que afeta o trato digestório.
Clinicamente, são divididas em Retocolite Ulcerativa Idiopática (RCUI) e Doença de
Crohn (DC). 
A patogênese das DII é complexa e multifatorial, envolvendo diversos fatores:
genético, microbiano e imunológico. Além disso, os hábitos alimentares, estilo de vida
e o uso de drogas ilícitas e lícitas podem estar associados ao aparecimento da doença
(CIDRAL, 2022). 
O quadro clínico mais encontrado nas DII é diarreia, melena, vômito, dor abdominal e
náuseas. Os sintomas gastrointestinais decorrentes das DII, especialmente nos
períodos de atividade da doença, podem levar a uma redução da ingestão alimentar,
afetando o estado nutricional dos pacientes no momento em que suas necessidades
nutricionais têm um aumento devido às consequências da atividade inflamatória. Outra
consequência que pode ser ocasionada pela atividade inflamatória é a sensibilidade à
lactose (CIDRAL, 2022).
Retocolite Ulcerativa Idiopática (RCUI): na RCUI, a inflamação é delimitada à
mucosa e à submucosa da parede do Trato Gastrointestinal (TGI), restrita ao
cólon e ao reto, ocorrendo de forma contínua. O sintoma mais comum da RCUI é a
diarreia sanguinolenta. A dor abdominal e a perda de peso (podendo levar à
desnutrição);
Doença de Crohn: a DC é uma doença inflamatória também de caráter
granulomatoso, podendo afetar qualquer parte do trato alimentar, desde a boca
até o ânus, mas envolve comumente o íleo terminal e o cólon. Os sintomas da DC
são: diarreia, dor abdominal, estenose e perda de peso (podendo levar à
desnutrição), quadros de urgência e incontinência fecal.
Já a doença diverticular ou diverticulite também é uma doença inflamatória, mas é
benigna e considerada endêmica. Costuma apresentar boa resposta ao tratamento
clínico e bom prognóstico para a maioria dos casos.
A diverticulite é uma situação de herniações semelhantes a sacos (divertículos) da
parede colônica devido à obstipação intestinal. A diverticulite não apresenta sintomas,
permanecendo, assim, ao longo de toda a vida. Algumas pessoas podem apresentar um
pequeno sangramento nas fezes, cólica intermitente, obstipação, distensão
abdominal, desconforto no abdômen inferior de forma contínua e a sensação de
esvaziamento incompleto do reto. Algumas vezes, a obstipação é alternante, ocorrendo
também a diarreia. O sedentarismo também pode contribuir para o desenvolvimento
dessa doença.
Dietoterapia
Quadro 2 – Descrição dos macros, micronutrientes e característica da dieta
necessária nas doenças do intestino
RCUI e DC
1,3 a 1,5 g (até 2g para desnutridos) kg de peso ideal/dia
de proteína;
Hipolipídica (adotada pelo estudo (MARTINELLI,
2023).
Embora o conceito de diarreia não seja padronizado na literatura, a Organização
Mundial de Saúde (2017) define diarreia pela passagem de fezes anormalmente
Importante! 
As recomendações de micronutrientes e fibras mudam conforme o
sexo, idade, ciclo da vida. Pesquise as DRIs. Material disponível em
material complementar.
aquosas ou líquidas, em uma frequência de, pelo menos, três vezes em um período de
24 horas. Ademais, é a consistência das fezes, e não a frequência evacuatória, que é
mais importante na identificação da diarreia. Passagem frequente de fezes formadas
não pode ser considerada um quadro diarreico (MARTINELLI, 2023).
Os principais sintomas da diarreia são: dor abdominal e falta de controle na evacuação
e perda excessiva de líquidos e eletrólitos, como o sódio e o potássio.
Dietoterapia
Dieta obstipante e sem resíduos;
Dieta antifermentativa;
Oferta hídrica: no mínimo 8 copos por dia de líquidos (água, sucos e outros). Água
de coco é interessante para repor o potássio, bebidas isotônicas também;
Oferta de fibra solúvel e evitar fibras insolúveis;
Fase remissão: utilizar probióticos.
Doenças das Glândulas Anexas
Hepatite
A hepatite é definida como uma inflamação no parênquima hepático, podendo ocorrer
de forma aguda ou crônica (mais de 6 meses).
As causas são diversas, como vírus, toxinas, parasitas, protozoários e helmintos, ou
drogas, mas a sua maior causa de hepatite é a alcoólica. Em relação aos vírus, os Vírus A
e E são de transmissão oro-fecal (água e alimentos) e os Vírus B, C e D são
transmitidos por sangue (transfusão, agulhas contaminadas) e contato sexual (sêmen
e saliva).
Os sintomas variam de leves a graves e podem incluir fadiga, náuseas, vômitos,
diarreia, dor abdominal, perda de apetite/anorexia, perda de peso, colúria e acolia fecal.
A icterícia, que é o amarelamento da pele e dos olhos, é um sinal clássico da doença. Em
casos graves, pode haver uma perda significativa de função hepática, levando à
cicatrização do tecido hepático (fibrose) e, eventualmente, à cirrose ou câncer de
fígado.
A cirrose ocorre quando o tecido do fígado é destruído e reposto por fibras inativas de
tecido conjuntivo, perdendo suas funções.
Dietoterapia
Hepatite aguda ou crônica:
Necessidades Energéticas: 30 a 40Kcal/kg/dia;
Proteína: 1,0 a 1,5g/kg/dia;
Carboidrato: 67 a 80% do VET;
Lipídios: 20 a 33% do VET.
Glossário 
Colúria: é o escurecimento da urina; 
Acolia: se refere às fezes esbranquiçadas.
Cirrose compensada:
Necessidades Energéticas: 30 a 40Kcal/kg/dia;
Proteína: 1,0 a 1,5 g/kg/dia;
Carboidrato: 67 a 80% do VET;
Lipídios: 20 a 33% do VET.
Cirrose descompensada, complicada e com desnutrição:
Necessidades energéticas: 25 a 40Kcal/kg/dia;
Proteína: 1,5 a 1,8 g/kg/dia;
Carboidrato: 67 a 80% do VET;
Lipídios: 20 a 33% do VET.
Incluir alimentos como castanhas, nozes, brócolis, cebola, alho, cereais
integrais, peixes e frutos do mar ricos em zinco, selênio e ácidos ômega-3.
Esses alimentos podem reduzir a incidência de hepatite.
Esteatose Hepática
O acúmulo de gordura anormal no fígado é chamado de esteatose hepática, que é uma
condição clínica que compreende um grupo de doenças com especificidades similares. 
Ao nível celular, essas doenças caracterizam-se como lesões celulares reversíveis nos
hepatócitos que culminam com o acúmulo de lipídios no seu interior (Vieira; Rieger;
Daltoé, 2020). A morfologia e o tamanho das vesículas caracterizam o acúmulo de
gordura como um processo agudo ou crônico. Com esse acúmulo de triglicerídeos no
citoplasma das células funcionais do fígado, o indivíduo poderá manifestar declínio na
função hepática, alteração no metabolismo de carboidratos, resistência à insulina e
ganho de peso acentuadamente (SANTOS, 2023).
Esteatose Hepática Não Alcoólica (EHNA): essa patologia é caracterizada pelo
acúmulo anormal de triglicerídeos no fígado e pelo desenvolvimento de
inflamação que pode levar à fibrose, à cirrose e a tumores. Pode ocorrer associada
a diversas condições clínicas, como diabetes, obesidade, rápida perda de peso e
hiperlipidemia. Está diretamente relacionada com a obesidade e é mais grave em
pacientes com presença elevada de gordura central, hiperglicemia e dislipidemia.
Os fatores de risco de seu desenvolvimento são vários, incluindo-se resistência à
insulina, diabetes melito tipo 2, etnia (hispânicos e norte-americanos, em
comparação com afro-americanos), homozigos para o polimorfismo rs738409
do gene que codifica a PNPLA (proteína 3 domínios fosfolipase semelhante a
patatina) especialmente entre hispânicos, sexo (critério ainda conflitante, parece
ser mais grave em mulheres), filhos de gestantes diabéticas, obesidade na
infância, dieta (consumo de carne vermelha, grãos refinados, pastelaria, bebidas
açucaradas), síndrome de ovários (SANTOS,2022);
Esteatose Hepática Alcoólica (EHA): o álcool pode causar variados tipos de lesões
hepáticas. Uma dessas é a esteatose hepática alcoólica (EHA) e é a mais facilmente
reversível. Pode ocorrer em pessoas que fazem consumo constante de bebidas
alcoólicas e não são obrigatoriamente alcoólatras. Está relacionado ao volume de
álcool ingerido e o tempo de consumo, que provoca consequências negativas no
estado nutricional de pacientes acometidos, por comprometer a absorção de
nutrientes e sofrem uma grande perda energética proveniente dos desvios
metabólicos ocasionados pelo organismo na tentativa de detoxificação. Sem
contar no aumento da produção de substâncias inflamatórias para eliminação do
álcool, que pode gerar a redução da função imune.
Dietoterapia
A cirrose ocorre quando o tecido do fígado é destruído e reposto por fibras inativas de
tecido conjuntivo, perdendo suas funções.
Tabela 4 – Descrição dos macros, micronutrientes e característica da dieta necessária
nas doenças das glândulas anexas
Proteína, carboidratos,
vitaminas e minerais
Característica da dieta
Recomenda-se a terapia
nutricional durante 6
meses:
Ingestão de 3 a 5 porções de
frutas e verduras por dia;
Dieta Hipocalórica
(em torno
25kcal/kg/dia);
Dieta hipolipídica:
23% lipídeos;
Dieta normoproteica.
Suplementar com lecitina e
fatores lipotrópicos (colina,
inositol e L-metionina),
caso a dietoterapia não seja
suficiente para controlar a
esteatose;
A suplementação de ácido
graxo ômega-3 de 1g/dia
reduz a inflamação e a
infiltração gordurosa no
fígado;
Ingestão de pelo menos um
tipo de grão em pelo menos
uma refeição (milho, soja,
ervilha etc.).
Você Sabia?
Jejum prolongado desvia o metabolismo para armazenar gordura e
propicia o acúmulo de gordura no fígado.
Encefalopatia Hepática (EH)
Encefalopatia Hepática é caracterizada por anormalidades neurológicas e
neuropsíquicas complexas, advindas de insuficiência hepática grave, aguda ou crônica.
Existem três teorias principais relativas ao mecanismo pelo qual ocorre a encefalopatia
hepática:
Amônia: na lesão hepática, ocorre acúmulo de amônia no plasma, pois o fígado
não consegue transformar amônia em ureia. A amônia é considerada uma
neurotoxina, causando edema cerebral;
GABA (Ácido γ-aminobutírico): há um aumento na produção do GABA, que é um
inibidor neurossimpático endógeno, depressor da atividade cerebral
(benzodiazepínicos naturais);
Falsos neurotransmissores: devido ao desequilíbrio plasmático entre os
Aminoácidos de Cadeia Ramificada – AACR (podem ser metabolizados também
pelos músculos) e os Aminoácidos de Cadeia Aromática – AACA (metabolizados
exclusivamente no fígado), nos quais se verifica a diminuição de AACR e o
aumento de AACA. Esse desequilíbrio produz falsos neurotransmissores que
competem com os verdadeiros, dificultando a transmissão neural.
Sintomatologia:
Estágio I e Sintomas: confusão leve, irritabilidade, agitação, distúrbios do sono,
diminuição da atenção;
Estágio II e Sintomas: letargia, desorientação, comportamento inadequado,
sonolência;
Estágio III e Sintomas: sonolento, mas despertável, discurso incompreensível,confuso, comportamento agressivo quando acordado;
Estágio IV e Sintomas: coma.
Dietoterapia:
Grau I e II:
Necessidades Energéticas: 25 a 40Kcal/kg/dia;
Proteína: 0,5 a 1,5g/kg/dia;
Carboidrato: 75% do VET;
Lipídios: 25% do VET.
Grau III e IV:
Necessidades Energéticas: 25 a 40Kcal/kg/dia;
Proteína: 0,5 g/kg/dia (Hipoproteica) a 1,2 /kg/dia;
Carboidrato: 75% do VET;
Lipídios: 25% do VET.
Sódio: a restrição é indicada quando houver retenção hídrica de sódio e
sobrecarga de fluidos. Pacientes hospitalizados poderão requerer restrição
severa de NA (250 a 500 mg), correspondendo a 0,63 a 1,3g de sal acrescido
às preparações;
Nutrição enteral e parenteral: considerar a condição clínica, os riscos e
benefícios para cada paciente.
Dieta rica AACR – Alimentos contraindicados e permitidos:
Contraindicados: queijo, gema de ovo, carne de vaca, carne de porco, frango e
derivados;
Alimentos permitidos: azeite, óleo, proteína texturizada de soja, extrato de soja,
tofu, leite e laticínios de cabra, peixe congelado, miúdos de carneiro, cebola,
pimentão, tomate, limão e chuchu, ameixa, uva-passa e abacate, farinha de trigo,
fubá, abobrinha, cenoura.
São recomendados aos pacientes com cirrose hepática e encefalopatia:
Necessidades Energéticas: 30 kcal/kg de peso/dia;
Hiperproteicas: 1,2 g de proteína/kg/dia modificadas, com aumento da ingestão
de proteínas lácteas (leite, iogurtes, queijos e requeijão cremoso) e proteínas
vegetais, como soja, feijões e grão-de-bico, havendo também redução
significativa da amônia plasmática;
A suplementação de prebióticos, probióticos e simbióticos está indicada na
prevenção e no tratamento da EH, propiciando a redução dos níveis plasmáticos e
fecais de amônia, diminuindo, também, a inflamação e o estresse oxidativo em
hepatócitos (aumentando a remoção hepática de toxinas, incluindo a amônia) e
minimizando a captação de outras toxinas.
Colelitíase e Coledocolitíase
A colelitíase é caracterizada pela presença de cálculos biliares sem a infecção da
vesícula. Os pacientes acometidos podem sofrer de complicações sérias,
principalmente se os cálculos passam para o ducto biliar. Os sintomas mais graves
ocorrerão quando os cálculos se direcionam para a área do colédoco, ocasionando uma
obstrução, e em situações em que os cálculos provocam pancreatite aguda (SANTOS,
2022). Os fatores relacionados à nutrição incluem a obesidade e o jejum rigoroso,
dietas sanfona e dietas de pouquíssimas calorias aumentam a probabilidade dessa
patologia, e devem ser corrigidas. 
Nesses casos, o paciente, possivelmente, manifestará icterícia – coloração amarelada
da pele. 
Saiba Mais
A suplementação do zinco e vitamina A pode favorecer indiretamente
o ganho de peso, graças à melhora da função gustativa.
A colecistite é a inflamação da vesícula biliar provocada pela obstrução supracitada.
Essa situação faz com que a bile retorne para a vesícula, provocando fortes dores
abdominais, náuseas e êmese nos indivíduos acometidos (SANTOS, 2022).
A colestase é uma condição na qual pouca ou nenhuma bile é secretada, ou na qual o
fluxo da bile no sistema digestório está obstruído. Isso pode ocorrer em pacientes com
jejum oral ou enteral por um longo período, tal como naqueles que necessitam de NP. A
prevenção dessa patologia indica a estimulação por pelo menos introdução de
alimentações enterais em pequenos volumes, para estimular o funcionamento
intestinal e biliar e secreções. 
Dietoterapia
Não existe uma dieta ou recomendação específica para prevenir a colelitíase em
pessoas suscetíveis.
Já na colecistite aguda a alimentação oral é descontinuada e a nutrição parenteral pode
ser indicada em caso de pacientes desnutridos ou baixa ingestão oral por períodos
prolongados.
Quando a dieta for introduzida deve haver restrição de gordura (30-45g de
lipídios/dia).
Na colecistite crônica, a dieta deve conter baixo teor de gordura (25 a 30%) e ser
antifermentativa, pois os pacientes referem flatulência e inchaço. 
Avaliar a necessidade de administrar vitaminas lipossolúveis.
Pancreatite
Caracterizada pela inflamação do pâncreas. Essa inflamação pode ocorrer de forma
aguda ou crônica.
Pancreatite Aguda
A pancreatite aguda é uma inflamação súbita do pâncreas que ocorre de forma rápida e
intensa.
Características:
Início Súbito: os sintomas aparecem rapidamente;
Duração Curta: geralmente, a inflamação é de curta duração, variando de alguns
dias a semanas;
Reversibilidade: com tratamento adequado, a pancreatite aguda pode ser
completamente resolvida sem causar danos permanentes ao pâncreas.
As causas são os cálculos Biliares que fazem o bloqueio do ducto pancreático. O
consumo excessivo de álcool, determinados medicamentos que desencadeiam a
inflamação. Infecções virais.
Os sintomas são: dor abdominal i – nsa – Geralmente no abdômen superior, que pode
irradiar para as costas. Náuseas, vômitos, febre, taquicardia.
Pancreatite Crônica
A pancreatite crônica é uma inflamação prolongada do pâncreas resultante em danos
permanentes.
Características:
Início Gradual: os sintomas se desenvolvem lentamente ao longo do tempo;
Duração Prolongada: a inflamação persiste por um longo período, geralmente
meses ou anos;
Irreversibilidade: o dano ao pâncreas é permanente, levando à perda de função
pancreática.
As causas da pancreatite crônica incluem o consumo crônico de álcool, sendo a
principal causa, doenças genéticas como a fibrose cística, obstrução dos ductos
pancreáticos devido a tumores ou estreitamentos, e condições autoimunes onde o
corpo ataca o próprio pâncreas. Os sintomas desta condição incluem dor abdominal
persistente, muitas vezes menos intensa que na pancreatite aguda, mas constante;
perda de peso devido à má digestão; esteatorreia, caracterizada por fezes gordurosas e
volumosas devido à má absorção de gorduras; e diabetes, que se desenvolve devido à
destruição das células produtoras de insulina no pâncreas.
Dietoterapia
Pancreatite aguda:
Suspender as alimentações oral e enteral;
Se a nutrição oral não puder ser iniciada em 5 a 7 dias, iniciar suporte nutricional;
Em casos menos graves, pode-se iniciar TNE;
Paciente grave, a NP deve ser iniciada;
Uma vez iniciada a dieta oral, fornecer:
Alimentos facilmente digeríveis;
Dieta de baixo teor de gordura;
Fracionamento das refeições: 6/pequenas;
Ingestão proteica adequada;
Calorias aumentadas.
Pancreatite crônica:
Fornecer a dieta oral, como na fase aguda;
Terapia Nutricional enteral pode ser usada quando a dieta oral é inadequada;
Suplementar enzimas pancreáticas;
Dieta pobre em gorduras (40 a 60 g/dia), ou substituir alguma gordura dietética
com óleo de TCM para melhorar a absorção de gordura e o ganho de peso;
Suplementar vitaminas lipossolúveis e vitamina B12.
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta
Unidade:
  Sites  
Federação Brasileira de Gastroenterologia 
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ACESSE
SBNPE – BRASPEN
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ACESSE
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📄 Material Complementar
https://fbg.org.br/
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  Vídeo  
Sistema Digestório
  Leitura  
Dietary Reference Intakes: Aplicabilidade das Tabelas em
Estudos Nutricionais
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ACESSE
Sistema Digestório - Toda MatériaSistema Digestório - Toda Matéria
https://www.scielo.br/j/rn/a/YPLSxWFtJFR8bbGvBgGzdcM/?format=pdf&lang=pt
https://www.youtube.com/watch?v=NItAZJbcLu0
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