Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 02 Curso: Direito Civil p/ TRF 3ª Região (Técnico Judiciário- Área Administrativa) Professores: Jacson Panichi, Aline Santiago Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 81 AULA 02: Pessoas Jurídicas. Do Domicílio. Olá amigos! Prontos para mais uma aula de direito civil? Esperamos que a sua resposta para esta pergunta seja positiva -. Esta aula, assim como a nossa aula anterior, não tem um conteúdo teórico muito extenso. Mas tenha cuidado! Os assuntos; LINDB, Pessoa Natural e Pessoa Jurídica normalmente são cobrados em provas e as questões que envolvem estes itens, de certa forma, não apresentam JUDQGHV�GLILFXOGDGHV��VHQGR�PXLWDV�YH]HV�TXHVW}HV�³UHSHWLGDV´�RX��HQWmR�� literais ao texto da lei, portanto, procure assimilar bem estes conteúdos para garantir acertos na hora da prova. Nesta aula, falaremos ainda sobre o domicílio civil, agora no que diz respeito à pessoa jurídica. Vamos começar os trabalhos! OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente através do site Estratégia Concursos ;-) Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 81 Sumário Pessoas Jurídicas (CC arts. 40 a 69). ........................................................................................................ 3 - Constituição da Pessoa Jurídica ............................................................................................................ 5 - Capacidade e Representação da Pessoa Jurídica ................................................................................. 7 - Classificação da Pessoa Jurídica ............................................................................................................ 8 - Grupos despersonalizados .................................................................................................................. 11 - Sociedades de fato. ............................................................................................................................. 12 - Começo e Fim (extinção) da Existência Legal da Pessoa Jurídica ....................................................... 12 - Processo de extinção da pessoa jurídica. ....................................................................................... 14 - Associações. ........................................................................................................................................ 15 - Fundações. .......................................................................................................................................... 19 - Desconsideração da Pessoa Jurídica. .................................................................................................. 24 - �ĞƐĐŽŶƐŝĚĞƌĂĕĆŽ� ?ŝŶǀĞƌƐĂ ?�ĚĂ�ƉĞƐƐŽĂ�ũƵƌşĚŝĐĂ ? .............................................................................. 26 -Proteção dos direitos da personalidade. ............................................................................................. 27 - Responsabilidade das Pessoas Jurídicas. ............................................................................................ 27 - Domicílio da Pessoa Jurídica ............................................................................................................... 28 QUESTÕES FCC E SEUS RESPECTIVOS COMENTÁRIOS. ......................................................................... 30 LISTA DAS QUESTÕES E SEU RESPECTIVO GABARITO. .......................................................................... 64 Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 81 Pessoas Jurídicas (CC arts. 40 a 69). Em nossa aula passada, estudamos as pessoas naturais, a respeito do seu começo e do seu fim, da capacidade e da personalidade. Estas pessoas (pessoas naturais) são dotadas de capacidade jurídica, porém, para a realização de determinados empreendimentos uma só pessoa se torna fraca e, sozinha, dificilmente alcançaria seus objetivos. Com isto, surge a necessidade de se agrupar as pessoas para que, então, juntas tenham mais força de realização. Da necessidade de conjugação de esforços, para a realização de determinados fins, temos a atribuição de capacidade jurídica a entes abstratos, formados ora pelo ¹conjunto de pessoas, ora por ²conjugação patrimonial. As pessoas jurídicas são entidades as quais a lei confere personalidade. Uma vez tendo personalidade jurídica, estas pessoas podem ser sujeitos de direitos e obrigações. É importante observarmos que a personalidade da pessoa jurídica não se confunde, em regra, com a personalidade de cada um dos seus membros. Desta forma, uma de suas principais características é a atuação na vida jurídica com personalidade distinta da de seus membros. Esta separação de personalidades leva também à separação dos patrimônios ± respeitando o princípio da Autonomia Patrimonial. Assim, em regra, não podem, por exemplo, ser penhorados os bens dos sócios por dívidas da sociedade1. As pessoas jurídicas que surgirão poderão ter os mais variados fins, sem agora numerá-las taxativamente, podemos citar, desde o próprio conceito de Estado, passando pelas fundações, pelas sociedades, associações de bairro e associações esportivas. ³0DV�GH�RQGH�YHP�D�QDWXUH]D�MXUtGLFD�GHVWDV�SHVVRDV"´ Existem diversas teorias que tentam explicar a natureza jurídica da pessoa jurídica. Dentre essas teorias existem as que negam a existência da pessoa jurídica ± ¹Teorias Negativistas, e as que afirmam sua existência ± ²Teorias Afirmativistas. 1 Você verá que, em algumas situações, o patrimônio dos sócios poderá ser atingido. Isto será explicado ainda nesta aula. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 81 Para a Teoria Negativista só existem no Direito os seres humanos, carecendo as denominadas pessoas jurídicas de qualquer atributo de personalidade. Por isso chama-se negativista, porque nega existência à pessoa jurídica. Os que a defendem sustentam que a denominação pessoa jurídica mascara um patrimônio coletivo ou uma propriedade coletiva. As Teorias Afirmativistas estão divididas entre ¹Teorias da Ficção e ²Teorias da Realidade. São duas as Teorias da Ficção: A Teoria da Ficção Legal ± criada por Savigny, que considera a pessoa jurídica uma criação artificial da lei, ou seja, uma ficção jurídica, uma abstração diversa da realidade. Deste modo, os adeptos desta teoria dizem que os direitos são prerrogativas concedidas apenas ao homem nas relações com seus semelhantes. Pois somente o homem temexistência real e psíquica para expressar a sua vontade para deliberar e o seu poder de ação. Assim, quando se atribuem direitos a pessoas de outra natureza, isso se trata de simples criação da mente humana, constituindo-se uma ficção jurídica. A capacidade das pessoas jurídicas, sendo criação ficta do legislador, é limitada na medida de seus interesses; A Teoria da Ficção Doutrinária ± que vem a ser uma variação da teoria explicada acima, defende que a pessoa jurídica não tem existência real, mas apenas intelectual, sendo uma ficção criada pela doutrina. São três as Teorias da Realidade: A primeira é a Teoria da Realidade Objetiva ou Orgânica ± a pessoa jurídica é considerada por esta teoria como sendo uma realidade sociológica, que nasce através de imposição das forças sociais; A segunda é a Teoria da Realidade Jurídica ou Institucionalista ± é parecida com a teoria objetiva pela importância dada aos eventos sociológicos. Deste modo, considera a pessoa jurídica como uma organização social destinada a um serviço ou ofício e, por isso, personificada; A terceira é a Teoria da Realidade Técnica ± que diz que a personificação de grupos sociais é um expediente de ordem técnica. É um atributo deferido pelo Estado a certas entidades que o merecem e que observaram os requisitos por ele estabelecidos. A teoria da realidade técnica é a adotada pelo código civil de 2002. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 81 Passada a rápida conceituação acima, retornamos agora a ideia trabalhada anteriormente de que todo o ordenamento jurídico é destinado a regular a vida dos indivíduos. O direito tem por finalidade o homem como sujeito de direitos. Deste modo, criam-se institutos jurídicos em prol do indivíduo, criam-se também pessoas jurídicas como forma de se atribuir maior força ao ser humano, para que, assim, este possa realizar determinadas tarefas que seriam impraticáveis se estivesse sozinho. Mas entenda que da mesma forma que o Direito atribui direitos ele também impõe obrigações às pessoas jurídicas. Existirão, para cada tipo de pessoa jurídica, condições, objetivas e subjetivas, determinadas em lei. Portanto, o conceito de pessoa jurídica é uma objetivação do ordenamento jurídico. Encara-se a pessoa jurídica como uma realidade técnica, como uma criação do direito, porque assim está estabelecido em lei. - Constituição da Pessoa Jurídica Não basta simplesmente que as pessoas se agrupem para formar uma pessoa jurídica. Há um requisito muito importante, qual seja, a vontade das pessoas sobre a criação de uma pessoa jurídica e para um determinado fim. É esta vinculação de vontades, vinculação jurídica entre as pessoas que dá unidade orgânica ao ente criado, com isto, este ente se torna uma pessoa com características próprias, uma pessoa jurídica, desvinculada da vontade e da personalidade daquelas pessoas que a criaram e com autonomia perante seus membros. Através desta unidade de vontades de criar um ente abstrato surge a personificação. Vocês se recordam, quando estudamos pessoas naturais, que a partir do momento em que uma pessoa nasce com vida ela adquire personalidade? Pois bem, para a pessoa jurídica este momento de aquisição da personalidade se dá quando há uma conjunção de vontades em torno da criação deste ente abstrato. A partir deste momento este adquire personalidade própria, independente da personalidade de seus sócios. Contudo, entenda que não basta a simples vontade dos indivíduos para a constituição da pessoa jurídica. Certos requisitos são impostos por lei, estes requisitos serão mais severos ou menos severos de acordo com a modalidade de ente a ser criado. Preenchendo estes requisitos, a pessoa jurídica será considerada regular e estará apta a utilizar-se de todas as suas prerrogativas em sua vida jurídica. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 81 Acreditamos que você já pôde perceber que se regula a pessoa jurídica de modo muito parecido com a pessoa natural. Haverá o momento GR� ³QDVFLPHQWR´�� registro, aquisição de personalidade, capacidade, determinação do domicílio, ³morte´� - podendo inclusive, existir uma regulação quanto à sucessão. Além do explicado até aqui (mas pensando especificamente em questões de provas), saiba que para as pessoas jurídicas de direito privado (assunto que abordaremos mais a frente) temos o seguinte: Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai2 em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. Art. 46. O registro declarará: I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver; II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo; V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso. Desta forma os estatutos e os atos constitutivos das pessoas jurídicas de direito privado são registrados no Cartório de Registro Civil das pessoas jurídicas. Este registro além de servir de prova, possui natureza constitutiva, por ser o atributivo de personalidade e da capacidade da pessoa jurídica. Não esqueça esta informação! A existência legal da pessoa jurídica de direito privado começa com o registro do ato constitutivo. Não é quando as pessoas celebram o contrato e não é quando elaboram o estatuto. Ela começa quando ocorre o registro. 2 Os institutos da decadência e da prescrição serão abordados detalhadamente em outra aula. Mas você já pode ³LU�PHPRUL]DQGR´ alguns prazos. - Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 81 Para a constituição da pessoa jurídica existem três requisitos básicos: ¹a vontade humana criadora, ²a obediência às condições legais para sua formação e ³a finalidade lícita. A ¹vontade humana criadora ou o direcionamento da vontade de várias pessoas em torno de uma finalidade comum e de um novo organismo é fundamental. No início existe apenas uma pluralidade de membros que, por sua vontade, formarão uma unidade, a pessoa jurídica que futuramente passará a existir como um ente autônomo. Superada esta primeira fase de manifestação da vontade a pessoa jurídica já existe em um estado latente, mas para que exista de fato será preciso observar um segundo requisito: ²a observância das determinações legais. Deve se respeitar e cumprir, em especial, o que a lei determinar a respeitode sua criação. É a lei que ditará qual o caminho a seguir para que aquela vontade se materialize num corpo coletivo. Por fim, a pessoa jurídica, que resultou de uma vontade, que foi criada de acordo com a lei, deve também obedecer a um terceiro requisito: ³ter um fim lícito. Não se pode admitir que uma pessoa jurídica, criada de acordo com a lei, venha a atentar contra esta, através de atos ilícitos. A sua finalidade e seus atos precisam estar em conformidade com a lei, em prol de toda a sociedade, de acordo com os bons costumes e com o direito, ou seja, a sua finalidade precisa ser lícita. - Capacidade e Representação da Pessoa Jurídica Quando estudamos a capacidade da pessoa natural, vimos que ela é decorrente da personalidade atribuída à pessoa. Com a pessoa jurídica ocorre o mesmo, porém, se para a pessoa natural esta capacidade será plena para a pessoa jurídica ela vai ser limitada à finalidade para a qual a pessoa foi criada. Os poderes atribuídos à pessoa jurídica estão estipulados nos ¹atos constitutivos, em seu ²ordenamento interno e, também, na ³lei, uma vez que seus estatutos não podem contrariar normas cogentes. Assim, depois de registrada a pessoa jurídica o Direito reconhece a atividade no mundo jurídico. Neste momento de reconhecimento, a pessoa jurídica recebe: denominação, domicílio e nacionalidade (todos decorrentes da personalidade). Sob o aspecto da representação, para o exercício do direito, a pessoa jurídica não pode agir senão através do homem. Há, portanto, uma vontade Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 81 humana que opera na pessoa jurídica, condicionada a suas finalidades3. Na realidade, nem sempre a vontade do diretor ou administrador que se manifesta pela pessoa jurídica coincide com a sua própria vontade. Ele é apenas um instrumento ou órgão da pessoa jurídica, entendendo-se assim, que há duas vontades que não se confundem. Por exemplo, o diretor ou presidente pode manifestar a vontade da pessoa jurídica em assembleia geral, mas esta vontade não necessariamente precisará coincidir com a sua própria vontade. - Classificação da Pessoa Jurídica Este item, apesar de não estar expresso no edital, também compõe o assunto pessoas jurídicas (tacitamente é preciso estudá-lo -). Preste muita atenção nesta classificação! Apesar de não ser muito extensa, ela apresenta alguns detalhes e subdivisões, sendo amplamente cobrada em provas. Vamos a ela! I. Quanto à nacionalidade estas podem ser ¹nacionais e ²estrangeiras. A nacionalidade da pessoa jurídica deve ser vista sob o prisma da sua constituição. ¾ A nacional é a que foi organizada conforme a lei brasileira e tem no país a sede de sua administração. ¾ A estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não poderá, sem autorização do Poder Executivo, funcionar no país, ainda que por estabelecimentos subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos previstos em lei, ser acionista de sociedade anônima brasileira. Se autorizada a funcionar no Brasil: sujeitar-se-á às leis e aos tribunais brasileiros, quanto aos atos aqui praticados; deverá ter representante no Brasil; e poderá nacionalizar-se, transferindo sua sede para o Brasil. II. Quanto à estrutura interna estas podem ser divididas em ¹corporação e ²fundação. 3 Não há de se confundir esta representação da pessoa jurídica, com aquela representação dos incapazes. Enquanto no caso dos incapazes a representação irá ocorrer porque existe a incapacidade de fato ou de exercício, no caso da pessoa jurídica a representação existe apenas para que esta possa agir e praticar atos da vida civil. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 81 ¾ A corporação (universitas personarum) é um conjunto de pessoas que, apenas coletivamente, goza de certos direitos e os exerce por meio de uma vontade única. Exemplos: as associações e as sociedades. ¾ A fundação (universitas bonorum) é o patrimônio personalizado destinado a um fim que lhe dá unidade. São as fundações (públicas e privadas). Observação: As associações e as sociedades também têm um patrimônio, que representa um meio para a consecução dos fins perseguidos pelos sócios, mas, nas fundações, juntamente com o objetivo a que esta se destina, o patrimônio é o elemento principal. III. A terceira classificação (e, talvez, a mais importante pensando em provas) é quanto à função e capacidade sendo divididas em duas espécies, conforme expresso no CC, as pessoas jurídicas de ¹direito público e as pessoas jurídicas de ²direito privado. Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado. ¾ Veja que as pessoas jurídicas de direito público são subdivididas em direito público interno ou externo. Direito público externo, regulamentadas pelo direito internacional e abrangendo: as nações estrangeiras, a Santa Sé, as Uniões Aduaneiras, os Organismos Internacionais. Neste sentido, temos artigo 42 do CC: Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. Direito público interno, que podem ser da administração direta (União, Estados, Territórios4, Distrito Federal e Municípios) ou podem ser da administração indireta ± descentralizados, criados por lei, com personalidade jurídica própria para o exercício de atividades de interesse 4 A classificação dos territórios não é pacifica. Alguns civilistas os colocam como fazendo parte da administração direta, já para o direito administrativo estes são colocados como da administração indireta. De todo modo, destacamos que conforme a Constituição Federal, art.18, §2, os territórios federais integram a União, ou seja, territórios não são considerados entes da federação. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 81 público, tais como as Autarquias, as Associações Públicas, as Fundações Públicas, as Agências executivas e reguladoras. Estão elencados no art. 41: Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: I - a União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. ¾ As pessoas jurídicas de direito privado ± são instituídas por iniciativa de particulares e dividem±se em: fundações particulares, associações, sociedades simples e empresárias, organizações religiosas, partidos políticos e, ainda, incluídas pela lei 12.441 de 2011, as empresas individuais de responsabilidade limitada. Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos. VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. Preste atenção! Já foi cobrado em provas: ¾ Os partidospolíticos são pessoas jurídicas de direito privado. ¾ Os sindicatos embora não mencionados expressamente no art. 44, possuem natureza de associação civil, estando, pois, dentro das pessoas jurídicas de direito privado. ¾ Cuidado para não confundir um profissional autônomo com empresa individual. Empresa individual está normatizada no art. 980-A do CC, que diz: ³A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente QR�3DtV´� (Artigo incluído pela Lei nº 12.441, de 2011). Assim, Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 81 qualquer pessoa ± tanto física com jurídica, pode constituir uma empresa individual. Já o profissional autônomo é pessoa física que presta serviços de forma eventual sem relação de emprego. Enquadra-se também como profissional autônomo, o profissional liberal, que é aquela pessoa que exerce, por conta própria, atividade econômica, de natureza urbana, com fins lucrativos ou não. ¾ Outro detalhe importante é o que diz respeito às fundações, estas, embora genericamente estejam listadas entre as pessoas jurídicas de direito privado, se tiverem atuação que, de certa forma, se assemelhem às Autarquias, terão personalidade jurídica de direito público (em prova, estará escrito unicamente Fundações Públicas). ³9RFrV� SRGHP� H[SOLFDr como fica a situação, por exemplo, de condomínios e de sociedades irregulares? Em que classificação HVWDV�HQWLGDGHV�VH�HQTXDGUDP"´ Há determinadas entidades com muitas das características das pessoas jurídicas que vimos até agora, mas que, no entanto, não chegam a ganhar personalidade, são grupos despersonalizados. Faltam requisitos imprescindíveis à personificação, são os grupos com personificação anômala, alguns autores utilizam também o termo personalidade judiciária. Temos como exemplos destas entidades: a família; a massa falida; o espólio; o condomínio; a herança jacente ou vacante. Em geral, estes grupos, embora não possuam personalidade, possuem uma capacidade processual e também legitimidade ativa e passiva para demandar e ser demandado em ações judiciais. - Grupos despersonalizados Os grupos despersonalizados que mais aparecem em questões de concurso são: x A massa falida - nome que é dado ao conjunto de bens após a sentença declaratória de falência. Será representado por um síndico, que será o substituto da empresa ou pessoa que faliu. x A herança jacente ou vacante - herança jacente é o nome que se dá a herança quando uma pessoa morre sem deixar testamento e não se conhece nenhum herdeiro. Os bens da herança jacente são declarados vacantes quando não se apresentar nenhum herdeiro ou, Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 81 se aparecer algum, este renunciar a herança. Este acervo de bens será representado por um curador. x O espólio - é o conjunto de direitos e obrigações do de cujus5. Será representado em juízo, até que se nomeie um inventariante, por um administrador provisório. x O condomínio ± sobre o condomínio há controvérsias na doutrina. Quando se tratar de condomínio que é a propriedade comum ou conjunta sobre alguma coisa, este não possui personalidade jurídica. O problema está nos condomínios de edifícios. Portanto tenha uma atenção extra se isto aparecer em prova. Como regra considere-os despersonalizados. Será representado pelo síndico. x Também se destaca a família como uma entidade não personificada, pois, apesar de seus laços de sangue, cada membro preserva sua individualidade e é responsável por suas obrigações. - Sociedades de fato. x As sociedades sem personalidade jurídica - são aquelas que existem e funcionam, mas não possuem existência legal justamente porque não fizeram seu registro no órgão competente ou então porque lhes falta autorização legal para funcionamento. Serão representadas pela pessoa a quem couber a administração de seus bens. As sociedades irregulares ou de fato são aquelas que não cumpriram alguns requisitos para sua regular formação, como por exemplo, uma empresa que deixa de registrar seu ato constitutivo na Junta Comercial. Estas empresas possuem legitimidade para cobrar em juízo seus créditos, não podendo o devedor alegar a irregularidade de sua constituição para se negar ao pagamento da dívida. Mas não podem ser sujeitos de direitos, e os bens particulares dos sócios respondem igualmente com os bens da empresa por dívidas contraídas em nome desta. - Começo e Fim (extinção) da Existência Legal da Pessoa Jurídica A pessoa jurídica tem sua origem, em regra, com um ¹ato jurídico ou ²em decorrência de normas. Existe diferença, porém, entre a origem das pessoas jurídicas de direito público e das de direito privado. As pessoas jurídicas de direito público se não são criadas em razão de fatos históricos (criação do próprio Estado, por exemplo), o são por normas, sejam estas: constitucionais; legais; ou, até mesmo, por meio 5 Expressão jurídica para denominar a pessoa que faleceu. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 81 de tratados internacionais (no caso das pessoas jurídicas de direito público externo). Já as pessoas jurídicas de direito privado obedecem a um processo que pode se dar de três formas: o ¹sistema da livre associação (a emissão de vontade dos instituidores é suficiente para a criação do ente personificado); o ²sistema do reconhecimento (há necessidade de um decreto de reconhecimento); e o ³sistema das disposições normativas (neste sistema dá-se liberdade de criação humana, sem necessidade de ato estatal que a reconheça, mas exige-se que a criação dessa pessoa obedeça a condições predeterminadas). Em nosso direito, são duas as fases para a concretização da pessoa jurídica: o ¹ato constitutivo e a formalidade do ²registro. Na primeira fase, há a constituição da pessoa jurídica por um ato unilateral entre pessoas vivas ou por testamento (se a pessoa faleceu e deixou estipulado a sua criação como ato de última vontade). Nesta fase temos um elemento material que se exterioriza nos atos de reunião dos sócios, nas condições dos estatutos, etc. Há, também, um elemento formal que é a transcrição do que foi acertado por escrito. Este ato poderá ser público ou particular. As fundações são exceção, pois para elas o instrumento público ou o testamento são essenciais. Após a existência do ato escrito e da autorização passa-se à segunda fase: o registro. O ato de constituição das pessoas jurídicas de direito privado e o seu registro estão normatizados nos artigo 45 e 46 do CC: Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registo todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituiçãodas pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. Art. 46. O registro declarará: I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver; II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo; V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 81 VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso. Enquanto para a pessoa natural o fim da existência ocorre com a morte (real ou presumida), para a pessoa jurídica pode ocorrer por causas diversas. Basicamente, o fim da existência legal da pessoa jurídica, pode ocorrer: De forma convencional ± ou seja, quando seus membros decidirem pelo seu fim, de acordo com o quórum previsto nos estatutos da empresa ou na lei. De forma legal ± em razão de motivos determinados em lei, mais precisamente no art. 1.034 do CC: Art. 1.034 A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento de qualquer dos sócios, quando: I - anulada a sua constituição; II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexequibilidade. De forma administrativa ± quando a pessoa jurídica, para seu funcionamento, precisa de autorização do poder público e pratica atos nocivos ou contrários aos seus fins. De forma Judicial ± que decorre dos casos de dissolução previstos em lei ou no estatuto, principalmente quando a sociedade se desviar dos fins para os quais foi constituída. - Processo de extinção da pessoa jurídica. Após o encerramento das atividades da pessoa jurídica, o seu processo de extinção se realizará através da ¹dissolução e da ²liquidação. Este processo se mostra necessário para que se dê destinação aos bens da empresa, se pague todas as dívidas e para que se faça a partilha do que restar entre os sócios. A liquidação da pessoa jurídica, segundo o art. 51 do CC, ocorrerá nos casos de dissolução ou de cassação de autorização para funcionamento. Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. § 1º. Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução. § 2º. As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 81 § 3º. Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica. Desta forma, podemos perceber que o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica no registro não acontece no momento em que ela é dissolvida. O cancelamento da sua inscrição acontece somente depois de encerrada a sua regular liquidação. Continuando a análise do Código Civil, há duas pessoas jurídicas, para as quais o nosso o código reservou alguns itens específicos, são elas: ¹as associações e ²as fundações. Então vamos ao seu estudo mais detalhado! - Associações. No código civil de 2002, as associações estão compreendidas entre os artigos 53 a 61. O artigo 53 nos dá uma primeira ideia sobre as associações: Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. As associações se prestam aos mais variados fins, desde que não econômicos, e preenchem, assim, as mais variadas finalidades na sociedade. Qualquer atividade lícita e de fins não econômicos pode ser buscada por uma associação. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. Uma vez que as associações não se formam por contrato e sim pela união de pessoas sem direitos e obrigações recíprocos6. Uma observação que devemos fazer é a seguinte: A associação até pode obter lucro, no entanto, este lucro deverá ser reinvestido na própria entidade. A associação não pode ter o lucro como finalidade essencial e nem distribuí-lo entre seus associados. 6 Nelson Nery Júnior, Código Civil Comentado, Revista dos Tribunais, 8ª ed., pág. 271. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 81 No artigo 54 do CC estão enumerados os requisitos obrigatórios que devem constar nos estatutos de toda e qualquer associação: Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: I - a denominação, os fins e a sede da associação; II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; III - os direitos e deveres dos associados; IV - as fontes de recursos para sua manutenção; V ± o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. VII ± a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. Outras disposições podem ser acrescentadas, mas estas, que estão no texto da lei, são essenciais. Os estatutos são a lei orgânica da pessoa jurídica, a norma de obediência obrigatória para os fundadores da associação e, também, para todos aqueles que no futuro venham a ela se associar. A vontade dos novos membros se manifesta através da adesão à associação e consequentemente aos seus regulamentos. Algumas observações: x Nada impede que a associação tenha várias sedes, sendo uma principal e outras subsidiárias; x A admissão de novos sócios deve atender aos interesses da associação, o estatuto pode determinar que sejam preenchidos certos requisitos para que alguém tenha a qualidade de sócio; x A demissão não se confunde com a exclusão, porque esta tem caráter de penalidade e só pode ser aplicada se for dado direito à ampla defesa ao associado envolvido (art. 57), já a demissão decorre da iniciativa do próprio interessado, por oportunidade ou conveniência sua; x É importante que o estatuto estabeleça a providência de fundos, se este vai ser proveniente de contribuições dos próprios sócios ou de terceiros, ou se, então, a associação vai exercer alguma atividade que lhe forneça meios financeiros, entretanto sem que com isso descaracterize sua finalidade. O artigo 55 do CC nos diz: Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, MAS o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 81 Este artigo pode dar margem para algumas confusões. A dificuldade estaria no sentido de se saber, no caso concreto,se é válida a atribuição de vantagens especiais a sócios, o que contraria a finalidade primeira do dispositivo que é a igualdade de direitos. O melhor é interpretar que toda associação deve garantir os direitos mínimos aos associados e que as vantagens são excepcionais a algumas categorias, que por sua natureza sejam diferenciadas. Seguindo com a nossa conversa! No art. 56 encontramos o seguinte: Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. Parágrafo único: Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto. Temos aqui a figura dos associados com e sem em quotas ou fração ideal do patrimônio da entidade (chamados respectivamente de sócios patrimoniais e de sócios meramente contributivos). Na verdade, o que este artigo quer proteger é o interesse da associação, pois cabe à própria entidade definir quem poderá ingressar como associado. O simples fato de transferir uma quota ou a ³qualidade´ de associado para outra pessoa pode não ser o suficiente para esta pessoa passar a ser sócia, é preciso analisar a permissão estatutária. A ideia fundamental é no sentido de permitir que a associação faça um juízo de oportunidade e conveniência para a admissão de novos associados. Uma vez admitido o associado, a sua exclusão somente será possível por justa causa, obedecido o estatuto. É o que diz o artigo 57 do CC: Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure o direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. Nenhuma decisão de exclusão de associado pode prescindir de procedimento que permita ao sócio produzir sua defesa e suas provas, ainda que o estatuto permita e ainda que decidida em assembleia geral, convocada para tal fim. Também neste sentido temos o artigo 58 do CC: Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 81 Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto. O estatuto ou a lei estabelecerão os limites ao exercício dos direitos sociais. A assembleia geral é órgão necessário da associação, exerce papel de ³poder legislativo´ na instituição7. O artigo 59 do CC elenca as matérias privativas da assembleia. Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral: I ± destituir os administradores; II ± alterar o estatuto. Parágrafo único: Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembleia especialmente convocada para este fim, cujo quórum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores. No mesmo sentido o artigo 60 do CC determina: A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantindo a 1/5 (um quinto) dos associados o direito de promovê-la. De acordo com a norma legal do artigo 59 do CC ± que é uma norma de ordem pública, ou seja, é preceito imperativo, que não admite disposição em contrário pela vontade privada, competirá somente à assembleia geral a ¹destituição dos administradores e a ²alteração do estatuto. ³9RFrV� IDODUDP� HP� GLVVROXomR� GD� SHVVRD� MXUtGLFD�� Mas o que acontecerá com o patrimônio de uma associação quando esta for GLVVROYLGD"´ A resposta à sua pergunta está no art. 61, o seu estudo deve ser literal ao texto do CC (assim é cobrado em prova): Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos 7 2� ³3RGHU� ([HFXWLYR´� GD� SHVVRD� MXUtGLFD� p� H[HUFLGR� SRU� XP� GLUHWRU� RX� XPD� GLUHWRULD�� podendo ser criados outros órgãos auxiliares, dependendo do tamanho da entidade. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 81 designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. § 1º. Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação. § 2º. Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União. Para finalizarmos o assunto associação, observe este enunciado do STJ: Jornada III STJ 142 ± ³2V� partidos políticos os sindicatos e as associações religiosas possuem natureza associativa, aplicando-se-OKHV�R�&&´� - Fundações. Vimos que, nas associações, o que importa são as pessoas, a reunião de pessoas, a coletividade. Já nas fundações, há, em seu início, um patrimônio despersonalizado destinado a um fim específico. As fundações têm sua razão de ser no patrimônio destinado a determinada finalidade. Assim está no artigo 62 do CC: Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. Trata-se, como se depreende do artigo, de um conjunto de bens, que recebe personalidade para a realização de um fim determinado. O patrimônio se personaliza quando obtém sua existência legal, deste modo, uma fundação não é qualquer conjunto de bens. A dotação se fará por escritura pública ou testamento. As fundações poderão ter finalidade religiosa moral, cultural ou de assistência. Há questões de provas que ficam apenas na análise Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 81 literal do § único do art. 62, no entanto é importante que você saiba que há também os seguintes enunciados: Jornada I STJ 8: ³$�FRQVWLWXLomR�GH�IXQGDção para fins científicos, educacionais RX�GH�SURPRomR�GR�PHLR�DPELHQWH�HVWi�FRPSUHHQGLGD�QR�&&����SDU��~Q�´ Jornada I STJ 9: ³2�&&� SDU�� ~Q��� GHYH� VHU� LQWHUSUHWDGR� GH�PRGR� D� H[FOXLU� DSHQDV�DV�IXQGDo}HV�GH�ILQV�OXFUDWLYRV´ Para que se aperfeiçoe a personalidade jurídica da fundação, ou seja, para que se possa dizer que esta existe como pessoa jurídica, é necessário o preenchimento dos seguintes requisitos: instituição, por meio de escritura pública ou testamento, de dotação especial de bens livres de ônus, da qual conste a finalidade específica da fundação, que deve ser religiosa, moral, culturalou de assistência; estatutos que a regerão; aprovação dos estatutos pelo órgão do Ministério Público e o registro da escritura de instituição. A criação da fundação se dá pelo denominado negócio jurídico fundacional e o registro a personifica, fazendo com que tenha capacidade, patrimônio, sede e administração8. No primeiro requisito (instituição) para a criação de uma fundação, existem dois momentos bem definidos: um é a ¹vontade de sua constituição, que neste caso se exterioriza no ato de fundação propriamente dito; e o outro é o ato de ²dotação de um patrimônio, que lhe dará vida. Neste ato de dotação, estão compreendidos: a reserva de bens livres9, a indicação dos fins e a maneira pela qual o acervo será administrado. - Modalidades de formação da fundação: 1. Direta ± neste modo, a própria pessoa instituidora projeta e regulamenta a fundação. 2. Fiduciária ± neste modo, o instituidor entrega a tarefa de organizá-la a outra pessoa. Atenção! O instituidor da fundação pode ser tanto pessoa natural quanto pessoa jurídica. 8 Diniz. Direito Fundacional. 9 Estes bens têm que ser livres, pois qualquer ônus sobre eles colocaria em risco a existência da entidade. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 81 Vimos que a constituição da fundação é feita com dotação de bens, mas o que ocorre quando esta dotação não for suficiente? Esta situação está expressa no art. 63 do CC: Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante. Então, se caso os bens forem insuficientes para a constituição da fundação, eles serão destinados a outra fundação que tenha a mesma ou semelhante finalidade da que não pôde ser criada, mas isso só acontecerá se o instituidor não tiver disposto de forma diferente no estatuto. A tarefa de elaborar o estatuto ± que é a lei interna da fundação - cabe ao instituidor ou, então, o instituidor deverá designar quem elabore o estatuto. Depois de ultrapassada esta fase, o estatuto será apresentado ao Ministério Público10 ± órgão fiscalizador das fundações, que examinará se foram observadas as bases da fundação e se os bens são suficientes para atender as suas finalidades. Neste sentido temos o artigo 66 do CC: Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. §1º Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público Federal. (ADIn 2794) §2º Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público. Importante! Em decorrência da ADIn 2794, o STF declarou inconstitucional o §1 do art. 66 do CC. Em vista da eficácia erga omnes da decisão do STF em ADIn, não está mais em vigor o CC art. 66, §1º. Compete, então, ao Ministério Público do Distrito Federal velar pelas fundações no DF. ¾ Em se tratando de fundações federais de direito público a atribuição de velar cabe, sim, ao Ministério Público Federal, independentemente de funcionar ou não no DF ou nos eventuais Territórios. 10 Esta fiscalização será feita por meio da Promotoria de Justiça das Fundações, nas cidades em que houver este cargo na divisão administrativa da instituição. Nas cidades menores esta tarefa caberá ao Promotor Público. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 81 ¾ Nos Estados, esta competência é do Ministério Público do Estado em que se situa a fundação. Nesta mesma perspectiva, de ação do Ministério Público, temos o parágrafo único, do artigo 65 do CC: Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art.62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz. Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em 180 (cento e oitenta) dias, a incumbência caberá ao Ministério Público. Como vimos, se o instituidor não fizer o estatuto e a pessoa por ele designada também não fizer, caberá ao Ministério Público esta tarefa. Qualquer alteração do estatuto também deve ser submetida à apreciação do Ministério Público. Sobre alterações no estatuto temos o artigo 67 do CC: Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma: I ± seja deliberada por 2/3 (dois terços) dos componentes para gerir e representar a fundação; II ± não contrarie ou desvirtue o fim desta; III ± seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a denegue, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado. Caso a alteração não tenha sido aprovada por unanimidade, a minoria vencida poderá requerer a impugnação no prazo de 10 dias, isso conforme o artigo 68 do CC: Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em 10 (dez) dias. Existem certas peculiaridades no que diz respeito às fundações: Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 81 9 A primeira é quanto aos seus bens, estes não podem ser vendidos. Normalmente, tais bens são inalienáveis, porque é sua existência que assegura a vida das fundações, não podendo, desta forma, serem desviados de sua destinação original. É claro que, dependendo da situação, comprovada a necessidade da venda, esta pode ser autorizada pelo juiz competente11, com a audiência do Ministério Público. O produto da venda deve ser aplicado na fundação ou em outros bens destinados a sua manutenção; 9 Na fundação, o elemento pessoa natural pode não ser múltiplo, uma vez que basta uma só pessoa para sua criação; 9 O patrimônio é o elemento fundamental das fundações; 9 Os fins também são imutáveis, porque são fixados pelo instituidor; 9 Nas fundações os administradores não são sócios, podem ser denominados como membros contribuintes, fundadores, beneméritos, efetivos, etc. Outra peculiaridade está no artigo 64 do CC: Art. 64. Constituída a fundação por negócio Jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial. Portanto, a promessa do instituidor, que se materializa na dotação de bens ou direitos, possui caráter irrevogável e irretratável. Se uma pessoa prometer e não cumprir, poderá o juiz através de mandado judicial executar a promessa. Sobre o tema extinção da fundação temos o artigo 69 do CC e o artigo 1.204 do CPC: ³CC art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a quevisa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou VHPHOKDQWH�´ ³CPC art. 1.204. Qualquer interessado ou órgão do Ministério Público promoverá a extinção da fundação quando: 11 Sem esta autorização a venda será nula. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 81 I ± se tornar ilícito o seu objeto; II ± for impossível a sua manutenção; III ± se vencer o pra]R�GH�VXD�H[LVWrQFLD´� Passemos agora a outro assunto muito importante, a chamada desconsideração da pessoa jurídica! - Desconsideração da Pessoa Jurídica. Quando estudamos a natureza jurídica das pessoas jurídicas, as classificamos como realidade técnica. A pessoa jurídica decorre da técnica do direito, é uma criação jurídica para a realização de certos objetivos. Neste sentido temos que as pessoas jurídicas possuem existência distinta em relação a seus membros. Existem, porém, determinados casos onde esta distinção entre a pessoa jurídica e a pessoa natural não pode ser mantida. Casos estes em que a personalidade da pessoa jurídica foi utilizada para fugir das suas finalidades, para lesar terceiros. Quando isto acontece, a personalidade jurídica deve ser desconsiderada, decidindo o julgador como se o ato ou negócio houvesse sido praticado pela pessoa natural. Não se trata de considerar sistematicamente nula a pessoa jurídica, mas, em casos específicos e determinados, apenas desconsiderá-la temporariamente. O assunto está regulado pelo artigo 50 do CC: Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo ¹desvio de finalidade, ou pela ²confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. Portanto, a teoria da desconsideração (ou disregard of the legal entity), como assinala Venosa12, ³���DXWRUL]D�R�MXL]��TXDQGR�Ki�GHVYLR�GH� finalidade, a não considerar os efeitos da personificação, para que sejam atingidos bens particulares dos sócios ou até mesmo de outras pessoas jurídicas, mantidos incólumes, pelos fraudadores, justamente SDUD�SURSLFLDU�RX�IDFLOLWDU�D�IUDXGH´� 12 Silvio de Salvo Venosa, Direito Civil I, 11 ed. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 81 O abuso da personalidade jurídica conforme expresso no CC ocorre em dois casos: Desvio de finalidade13. Confusão patrimonial14. Como assinala Galhardo Jr., ³SDUD�TXH se desconsidere a pessoa jurídica, é necessário que o dano causado seja decorrente do uso fraudulento ou abusivo da autonomia patrimonial. Quando a fraude e o abuso de direito podem ser combatidos sem a necessidade de afastar-se a personalidade distinta da pessoa jurídica (como quando é aplicável o regramento dos vícios dos atos jurídicos), a teoria da desconsideração é inócua �����´� ³6HPSUH�VHUi�QHFHVViULR�R�XVR�IUDXGXOHQWR�GD�SHVVRD�MXUtGLFD"´ A disregard of legal entity originariamente foi feita para atingir casos de fraude e de má-fé. Existem, no entanto, duas teorias sobre a desconsideração: 9 A Teoria maior, em princípio, exige dois requisitos: o abuso e o prejuízo. É a teoria adotada pelo Código Civil. Apenas observando que no caso de confusão patrimonial, esta será o pressuposto necessário e suficiente. 9 Teoria menor, que exige como requisito apenas o prejuízo ao credor. E veja dois enunciados relacionados ao assunto: Jornada I STJ 7: ³Vy�VH�DSOLFD�D�GHVFRQVLGHUDomR�GD�SHUVRQDOLGDGH�MXUtGLFD� quando houver a prática de ato irregular, e limitadamente, aos DGPLQLVWUDGRUHV�RX�VyFLRV�TXH�QHOD�KDMDP�LQFRUULGR´� Jornada III STJ 146: ³1DV�UHODo}HV�FLYLV��LQWHUSUHWDP-se restritivamente os parâmetros de desconsideração da personalidade jurídica previstas no &&�����GHVYLR�GH�ILQDOLGDGH�RX�FRQIXVmR�SDWULPRQLDO�´ (Este Enunciado não prejudica o Jornada I STJ 7). 13 Desvio de finalidade - o ato intencional dos sócios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade jurídica. 14 Confusão Patrimonial - subentendida como a inexistência, no campo dos fatos, de separação patrimonial entre o patrimônio da pessoa jurídica e de seus sócios, ou, ainda, dos haveres de diversas pessoas jurídicas. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 81 A teoria menor por vezes é adotada pela jurisprudência, principalmente no que diz respeito às relações de consumo (art.28 e parágrafos da Lei 8.078/1990). Mas o assunto é polêmico. Também é apontada pela doutrina uma problemática nas relações trabalhistas, pois, segundo ela, a teoria da desconsideração tem sido utilizada de forma indiscriminada. Você precisa estar muito atento(a) em uma questão que aborde o tema. De todo modo, respondendo à pergunta, entenda que nem sempre será necessária a comprovação da intenção de fraudar. - � �Dzdz���À Ǥ Existe uma situação que ocorre o seguinte: O sócio, com objetivo prejudicar a terceiro, oculta ou desvia seus bens pessoais para a pessoa MXUtGLFD��(VWHV�³bens da pessoa jurídica´��QD�UHDOLGDGH�VmR�EHQV�ocultos do sócio) poderão ser atingidos em uma desconsideração. Jornada IV STJ 283: ³e� FDEtYHO� D� GHVFRQVLGHUDomR� GD� SHUVRQDOLGDde MXUtGLFD�GHQRPLQDGD�µLQYHUVD¶�SDUD�DOFDQoDU�EHQV�GH�VyFLR�TXH�VH�YDOHX�GD� pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a WHUFHLURV´� ³Professores! Antes de encerrar o assunto, eu li algo sobre a necessidade de insolvência e a desconsideração da personalidade jurídica, o que é isto?´ A comprovação da insolvência (que é quando a PJ não pode cumprir com suas obrigações) não é necessária. Além disso, segundo a doutrina, a aplicação da teoria da desconsideração conforme já falamos não importa dissolução ou anulação da sociedade. Importa apenas a sua desconsideração. Sobre o assunto há inclusive o seguinte Enunciado da Jornada IV STJ 281: ³$�DSOLFDomR�GD�WHRULD�GD�GHVFRQVLGHUDomR��GHVFULWD�QR�&&�����SUHVFLQGH�GD� demonstração de insolvêQFLD�GD�SHVVRD�MXUtGLFD´� Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 81 -Proteção dos direitos da personalidade. Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. Observe que a aplicação da proteção aos direitos da personalidade não é feita indistintamentepara todos os casos. Quanto a este assunto temos o seguinte enunciado do STJ: STJ 227: ³D�SHVVRD�MXUtGLFD�SRGH�VRIUHU�GDQR�PRUDO´ Porém, atente que o dano moral será objetivo, relativo a atributos sujeitos à valoração extrapatrimonial da sociedade, como o bom nome, por exemplo. Isso porque a pessoa jurídica não tem direito à reparação do dano moral subjetivo, uma vez que não possui capacidade afetiva. E a honra subjetiva está relacionada aos sentimentos de autoestima. Este assunto já foi cobrado, mas por outra banca, no concurso do MPU/2013: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral nos casos de violação à sua honra subjetiva. De acordo com o que vimos está incorreto. - Responsabilidade das Pessoas Jurídicas. A responsabilização vai acontecer quando uma pessoa for prejudicada, quando houver um dano ± seja ele patrimonial ou moral, sendo necessário também que exista um nexo de causalidade entre este dano e o ato de um agente ± que foi o causador do dano. A existência de dano gera a responsabilidade e a obrigação de reparação deste dano. Sendo que a responsabilidade das pessoas jurídicas pode ocorrer no âmbito administrativo, no civil e no penal. No âmbito penal, por exemplo, a Lei nº 9605 de 12 de fevereiro de 1998, que fala sobre os crimes ambientais, responsabiliza administrativa, civil e penalmente as pessoas jurídicas, aplicando penas restritivas de direitos, prestação de serviços à comunidade e multa. No âmbito civil a responsabilidade da pessoa jurídica pode ser: x Contratual - que está no art. 3���GR�&&�� ³Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 81 e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente HVWDEHOHFLGRV��H�KRQRUiULRV�GH�DGYRJDGR´� x Extracontratual - também chamada de delitual ou aquiliana, que decorre de atos ilícitos e impõe a todos o dever de não lesar. Se mesmo assim a pessoa o fizer, ocorrerá a obrigação de reparar este dano. Toda pessoa jurídica de direito privado responde pelos danos causados a terceiros, qualquer que seja a natureza de seus fins. Para as pessoas jurídicas de direito público a responsabilidade é objetiva sob a modalidade do risco administrativo, conforme art. 43: Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. Na responsabilidade civil objetiva, as pessoas jurídicas de direito público interno têm a obrigação de reparar tão somente pela existência do fato danoso e do nexo causal (que é a chamada Teoria do Risco), não existe a necessidade de culpa. É assegurado a estas pessoas, no entanto, o direito de ação contra os causadores do dano se estes agirem com culpa ou dolo. Porém se houver a culpa concorrente entre o agente e a vítima a indenização será reduzida pela metade. E se a culpa for exclusiva da vítima o Estado se exonerará da obrigação de indenizar. O mesmo acontecendo no caso de força maior e fato exclusivo de terceiro. - Domicílio da Pessoa Jurídica É a sede jurídica da pessoa jurídica, é onde os credores podem demandar o cumprimento das obrigações. É o local de suas atividades habituais, de seu governo, administração ou direção, ou ainda, aquele determinado no ato constitutivo. Estabelece o artigo 75 do CC: Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: I - da União, o Distrito Federal; II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal; Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 81 IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. § 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. § 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. O § 1º do artigo 75, vem ajudar às pessoas que necessitam processar uma entidade com estabelecimentos em vários lugares, ao dizer que cada um deles será considerado domicílio para os atos neles praticados. Já, o § 2º do artigo 75 diz respeito às pessoas jurídicas estrangeiras que tenham estabelecimento no Brasil, e que serão demandadas no foro de sua agência aqui localizada, de acordo com as obrigações contraídas por cada uma delas. Terminada mais uma aula, caros amigos, como de costume, vamos à prática, com a resolução de mais questões (incluímos nesta aula três questões elaboradas por nós para simulados do Estratégia). Mandem suas dúvidas para nossos e-mails ou nos contate por meio do fórum de dúvidas. Um abraço e bons estudos. Aline Santiago & Jacson Panichi Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 81 QUESTÕES FCC E SEUS RESPECTIVOS COMENTÁRIOS. 1. FCC 2013/TJ-PE/Juiz. São pessoas jurídicas de direito privado, segundo o Código Civil, a) As associações, inclusive as associações públicas, em razão da atividade que exercerem. b) As organizações religiosas e as autarquias. c) Os partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada. d) As fundações e os condomínios em edificação. e) As pessoas jurídicas que forem regidas pelo direito internacional público, quando as respectivas sedes se acharem em países estrangeiros. Comentário: Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos. VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. Gabarito letra C. 2. FCC 2013/TJ-PE/Serviços Notariais e de Registros. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: I. A denominação, os fins e a sede da associação, bem como os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados. II. Os direitos e deveres dos associados, bem como as fontes de recursos para manutenção das associações. III. O modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos, bem como a forma de gestão administrativa e de aprovação das contas associativas. Está correto o que consta em Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 81 a) I, II e III. b) II e III, apenas. c) I e II, apenas. d) I e III, apenas. e) II, apenas. Comentário:Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: I - a denominação, os fins e a sede da associação; II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; III - os direitos e deveres dos associados; IV - as fontes de recursos para sua manutenção; V ± o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. VII ± a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. Gabarito letra A. 3. FCC 2013/TJ-PE/Serviços Notariais e de Registros. Em relação às fundações, é correto afirmar que a) Constituídas por negócio jurídico entre vivos, a transferência da propriedade sobre os bens dotados é obrigatória após a morte do instituidor, somente. b) Só podem elas ser constituídas para fins religiosos, econômicos, morais, culturais, assistenciais ou esportivos. c) Quando os bens destinados a constituí-las forem insuficientes, em regra voltarão ao instituidor, se vivo, ou serão transferidos aos herdeiros deste, se falecido. d) Para serem criadas, seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destinam e declarando, se quiser, a maneira de administrá- la. e) Tornadas ilícita, impossível ou inútil sua finalidade, serão extintas e, em regra, seu patrimônio será incorporado ao Estado-membro em que sediadas. Comentário: $OWHUQDWLYD�³D´�H�³E´�HUUDGDV� Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 81 Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. $OWHUQDWLYD�³F´�HUUDGD� Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante. $OWHUQDWLYD�³G´�FRUUHWD� Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. $OWHUQDWLYD�³H´�HUUDGD� Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante. Gabarito letra D. 4. FCC 2013/TJ-PE/Serviços Notariais e de Registros ± remoção. Em relação às associações, é correto afirmar: a) A exclusão do associado depende unicamente das disposições estatutárias, podendo ocorrer por ato imotivado dos órgãos deliberativos, se assim dispuser o estatuto. b) Os associados devem ter iguais direitos e, em consequência, é vedado que se estabeleçam no estatuto categorias com vantagens especiais. c) Como regra, a qualidade de associado é transmissível livremente. d) Entre os associados, são estabelecidos direitos e obrigações recíprocos. e) Compete privativamente à assembleia geral, especialmente convocada para esses fins, destituir os administradores e alterar o estatuto associativo. Comentário: $OWHUQDWLYD�³D´�HUUDGD� Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure o direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 81 $OWHUQDWLYD�³E´�HUUDGD� Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais. $OWHUQDWLYD�³F´�HUUDGD. Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. Parágrafo único: Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto. $OWHUQDWLYD�³G´�HUUDGD� Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. $OWHUQDWLYD�³H´�FRUUHWD� Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral: I ± destituir os administradores; II ± alterar o estatuto. Parágrafo único: Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembleia especialmente convocada para este fim, cujo quórum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores. Gabarito letra E. 5. FCC 2013/TJ-PE/Serviços Notariais e de Registros ± provimento. Para que se possa alterar o estatuto de uma fundação é mister que a reforma: I. seja deliberada por metade mais um dos membros competentes para gerir e representar a fundação. II. não contrarie ou desvirtue sua finalidade. III. seja aprovada pelo órgão do Ministério Público e, caso este a denegue, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado. Está correto o que se afirma em a) II e III, apenas. b) I e III, apenas. c) I e II, apenas. Noções de Direito Civil para TRF 3ª Região ʹ Técnico Judiciário/Área Administrativa. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi Aula ʹ 02 Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 81 d) I, II e III. e) I, apenas. Comentário: Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma: I ± seja deliberada por 2/3 (dois terços) dos componentes para gerir e representar a fundação; II ± não contrarie ou desvirtue o fim desta; III ± seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a denegue, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado. Gabarito letra A. 6. FCC 2013/TRT 1ª Região/Analista Judiciário. A Fundação Juju foi regularmente criada para atuar no benefício de crianças carentes e está em plena atividade na cidade do Rio de Janeiro. Uma das pessoas competentes para gerir e representar a Fundação Juju pretende alterar o seu estatuto. Para tanto, a alteração não pode contrariar o fim da Fundação e, além disso, deverá ser deliberada a) Pela maioria absoluta dos competentes para gerir e representar a fundação e aprovada pelo órgão do Ministério Público, com possibilidade de suprimento judicial caso este denegue a aprovação. b) Por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação e aprovada pelo órgão do Ministério Público, com possibilidade de suprimento judicial caso este denegue a aprovação. c) Pela maioria simples dos competentes para gerir e representar a fundação e homologada pelo Juiz competente, após aprovação pelo Ministério Público. d) Pela maioria absoluta dos competentes para
Compartilhar