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Enfermidades dos Cavalos - Cap. 14

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14
AfeC90es dos Olhos e seus Anexos
14.1. Anatomia e
considera~oes
gerais.
Ouando consideramos as
afecc;:6es dos olhos, devemos
ter em mente a necessidade
do conhecimento espedfico
da anatomia e da fisiologia,
tanto do globo propriamente
dito, quanto das demais estru-
turas anexas que participam
do sistema ocular do cavalo.
As estruturas que formam 0
sistema ocular do cavalo sac:
orbita, que constitui a cavidade
ossea do cranio onde se aloja a
globo ocular; palpebras e dlios;
glandulas lacrimais; musculos
oculares, regiao retrobulbar e
canal nasolacrimal.
A orbita e formada pelo osso
frontal na regiao superior e tem-
poral; pelo osso lacrimal, na re-
giao nasal; pelo osso zigomatico,
na regiao inferior, e pelo osso
temporal na regiao lateral da
cabec;:a.
o globo ocular esta contido
no interior da orbita e movimen-
ta-se pela ac;:ao integrada de
quatro musculos retos, dois mus-
1. palpebras; 2. cornea; 3. iris; 4. cristalino; 6. camara anterior;
6. conjuntiva bulbar; 7. corpo vitreo; 8. retina; 9. papila optica;
10. esclerotica; 11. nervo optico; 12. musculos oculares; 13.
musculo temporal; 14. apofise supra-orbitaria; 16. glandula lacrimal.
culos obliquos e um musculo
retrator.
A palpebra superior e maior
e mais movel do que a inferior,
e a comissura palpebral lateral
e mais arredondada do que a
comissura medial. A conjuntiva
palpebral esta situada na face
ocular e encontra-se firmemen-
te aderida as palpebras, e pro-
duzem a mucina que e um com-
ponente do filme lacrimal. A
episclera e a esclera se local i-
zam junto a conjuntiva bulbar e,
juntamente com a cornea, for-
mam a tunica fibrosa do globo
ocular. A terceira palpebra au
membrana nietitante, e compos-
ta por uma cartilagem elastica
coberta por conjuntiva. 0 teci-
do glandular situado junto a car-
tilagem produz 0 componente
seroaquoso lacrimal.
A cornea que e a superficie
refratora mais resistente do
olho, que em condic;:6esde nor-
malidade anatomica, e avascu-
lar e transparente; e destituida
de vasos sanguineos e linfati-
cos e recebe nutrientes do te-
cido vascular periferico e do
humor aquoso, do filme lacrimal
e dos capilares perilimbais.
A cornea e formada por qua-
tro camadas anatomicamente
distintas, que terminam na re-
giao do limbo, e que sac contf-
gua com a conjuntiva bulbar, a
episclera, a esclera e 0 angulo
iridocorneal. A camada mais
externa da cornea e formada
por um epitelio escamoso estra-
tificado nao queratinizado, e
constitui uma barreira relativa-
mente impermeavel para agua
I
e solutos. As microvilosidades
da camada superficial das ce-
lulas proporcionam aderencia e
espalham 0 muco do filme la-
crimal pre-ocular por sobre a
superflcie da cornea; enquanto
a membrana basal apresenta
caracterlsticas semelhantes a
encontrada em outros tecidos
epitelial. A camada epitelial e ri-
camente suprida com termina-
<;:6esnervosas sensitivas nao
mielinizadas, intraepiteliais, e
derivadas dos ramos ciliares do
tronco optico do nervo trigemeo.
o estroma constitui 0 corpo
da cornea e e formado par um
arranjo lamelar paralelo de fibras
colagenas do tipo I, e por um
assoalho de proteoglicanas po-
lissulfatadas. As fibras colagenas
estao dispostas na mesma dire-
<;:aoque as lamelas e estao ar-
ranjadas de forma a eliminar
reflexos luminosos, 0 que garan-
te a transparencia da cornea.
A membrana Descemet 10-
caliza-se na por<;:aoposterior do
estroma e e formada par um
arranjo de fibras colagenas do
tipo IV, denso e compacto, num
assoalho de substancia glico-
proteica. Esta apresenta pro-
priedades de uma membrana
basal convencional, incluindo
elasticidade e resistencia as
hidrolises qUlmica e enzimatica.
o endotelio e uma camada
permeavel simples de celulas
escamosas hexagonais cuja
face posterior e banhada pelo
humor aquoso. A agua e os
solutos atravessam 0 endotelio
sob influencia de gradientes de
pressao osmotica e hidros-
tatica. As celulas endoteliais
possuem um complexo sistema
de bombas de sodio-potassio
ATP-ase dependente, que re-
gulam 0 influxo natural de agua
para 0 interior da cornea, es-
senciais na preserva<;:aodo es-
tado normal de hidrata<;:ao re-
lativa do estroma.
A Iris e dividida em duas
areas, sendo uma fina, denomi-
nada zona pupilar, e uma gros-
sa periferica. A pupila no cavalo
tem a forma de uma elipse na
horizontal, e na pupila podemos
observar a granula<;:ao irldica
(corpora nigra), que saGforma-
<;:6es proeminentes das duas
camadas epiteliais posteriores
pigmentadas da Iris. Ja, 0 corpo
ciliar tem duas por<;:6esdistin-
tas, a saber: a pars plicata e a
pars plana. A pars plicata, loca-
lizada na face posterior da Iris,
e formada por cerca de cem
processos ciliares.
o humor aquoso e produzi-
do pelas camadas epiteliais e
flui da camara posterior para a
anterior pelo angulo iridocor-
neal. 0 estroma do corpo ciliar
e mais desenvolvido na pars
plicata, e contem musculos, co-
lageno, vasos sangulneos, ner-
vos, melanocitos e fibroblastos.
A pars plana representa a zona
de transi<;:aoentre os processos
ciliares e a retina
o cristalino e uma lente bi-
convexa, transparente, e forma-
do pela capsula anterior, pela
cortex anterior, pelo nucleo,
pelo cortex posterior e pela
capsula posterior. 0 cristalino
pode proporcionar a acomoda-
<;:aodo foco de visao devido a
contra<;:ao do corpo ciliar que 0
sustenta.
A camara posterior do glo-
bo ocular e preenchida pelo
humorvltreo, que e um gel com-
posto por 99% de agua. A con-
sistencia do humor vltreo e pro-
porcionada principal mente pelo
acido hialur6nico. Periferica-
mente,o humor vltreo encontra-
se firmemente unido a capsula
posterior do cristalino.
o fundo do olho refere-se a
superflcie posterior do globo
ocular que e composta pelo ner-
vo optico, pela retina e pela co-
roide, que recebem a inciden-
cia da imagem e a transferem
ao cerebro do animal para a per-
cep<;:aoluminosa e composi<;:ao
e forma<;:aoda imagem.
14.2. Afec~oes das
palpebras.
Duas saG as principais alte-
ra<;:6espalpebrais, cuja origem
pode ser congenita ou adquiri-
da. Uma e chamada de entro-
piom e a outra de ectropiom
Entr6piom
o entropiom e caracterizado
pelo "reviramento" da palpebra
em dire<;:aoao globo ocular. Este
reviramento possibilita aos dios
tocarem a cornea.
A origem congenita do entro-
piom caracteriza-se pela dispo-
si<;:aoanat6mica das palpebras
em rela<;:aoa orbita e ao globo
ocular, proporcionando aos cnios
tocarem a cornea, lesando-a.
Outra condic;:13.ocongenita, po-
rem rara de ocorrer, san os ca-
sos de microftalmia, em que 0
tamanho do globo ocular e des-
proporcionalmente menor em
relac;:13.oa orbita, causando a Pro-
jec;:aoda area dos dios em dire-
c;:aoao globo.
o entropiom adquirido, ge-
ralmente pode ser decorrente
de les6es dos musculos palpe-
brais ou secundarias ao blefa-
roespasmo, ou ainda por les6es
traumaticas nas palpebras e re-
giao tarsal. 0 entropiom adqui-
rido pode tambem ser conse-
quente a retrac;:ao do globo
ocular devido a emagrecimen-
to cr6nico ou desidratac;:ao,
quando 0 quadro c1inico que se
instalou for temporario.
As consequencias imediatas
do entropiom san: les6es da
cornea produzindo ceratites,
cujo grau de severidade e pro-
fundidade de comprometimen-
to aos pianos san proporcionais
ao grau de entropiom ou a se-
veridade da lesao primaria;
lacrimejamento; dor e blefaroes-
pasmo, devido a dor ou foto-
fobia, quando 0 olho e exposto
a luz solar direta.
A permanencia da ac;:13.odo
entropiom desenvolve, na maio-
ria dos casos, situac;:6espatolo-
gicas oculares de intensa gravi-
dade,desde as ceratites que atin-
gem pianos profundos com ulce-
rac;:aoda cornea, ate a Desceme-
tocele com perfurac;:aoe extrava-
samento do humor aquoso.
Figura 14.2
Microftalmia com protrusao da terceira palpebra e entropiom
inferior empotro.
o tratamento paliativo po e
ser feito atraves de corte do
dlios e a aplicac;:13.osobre a
cornea, de pomadas a base de
antiinflamatorios, antibioticos e
cicatrizantes, exclusivas para
uso oftalmico. Pode-se utiliz3r
pomadas of tal micas cica:r-
zantes, depositando-se sobre a
cornea, pelo menos de 2 a t...
vezes ao dia, cerca de 1 cm oe
pomada. No entanto, somente
com a correc;:aodas causas de-
sencadeantes e que 0 proble-
ma sera efetivamente resolvido.
Ouando a causa primaria re-
side em processo de mal-posicio-
namento anat6mico das palpe-
bras, 0 unico tratamento efetivo
e 0 cirurgico, onde, pela retirada
do excesso de pele, posicionar-
se-a corretamente a palpebra e,
consequentemente, a linha dos
cnios.Concomitantemente, deve-
se instituir a aplicac;:aode poma-
das oftalmicas para 0 tratamento
da les13.oda cornea, e, na depen-
dencia da gravidade desta les13.o,
antibioticos, preferencialmente
pela via subconjuntival, superior
e inferior (gentamicina na dose de
40 mg a cada 24 horas). Deve-
se estar atento ao fato de que 0
volume maximo a ser aplicado
subconjuntivalmente nao ultra-
passe 1 ml.
Ectr6piom
A outra afecc;:ao palpebral
relativamente frequente e 0
ectropiom, que nada mais e do
que 0 "reviramento" da palpebra
para fora do globo ocular. 0
ectropio propicia a exposic;:aoda
cornea a ac;:aode agentes como
o vento, poeira e corpos estra-
nhos, como sementes de capim,
palha de arroz, serragem etc.
o ectropiom tem como cau-
sa mais frequentes as les6es
cicatriciais que acometem as
palpebras, ou por senilidade, e
deve ser diferenciado da parali-
sia flacida associada com a dis-
fun<;:aodo nervo facial que ge-
ralmente e unilateral.
o principal sintoma e a epf-
fora (Iacrimejamento) e a con-
juntivite, onde se pode observar
a conjuntiva avermelhada, au
intensamente hiperemica, alem
de congestao dos vasos da es-
c1era e ceratite seca.
o tratamento paliativo con-
siste na instila<;:ao de colfrios
como a de neomicina, gentami-
cina au associadas a antiinfla-
matorios, au aplica<;:aode poma-
das de usa oftalmico a base de
gentamicina au c1oranfenicol.
Como tratamento adjuvante con-
vem realizar a lavagem dos olhos
e conjuntivas com agua borica-
da au solu<;:aofisiologica resfri-
ada, antes da aplica<;:aoda po-
mada au instila<;:aode colfrio, a
cada 4 horas, no mfnimo.
o tratamento cirurgico deve
ser feito atraves de plastica cor-
retiva, pela aplica<;:aoda tecni-
ca de ressec<;:aode pele em V
au Y da regiao do canto exter-
no das palpebras.
Ferimentos nas palpebras
Sao ocasionados par que-
das violentas durante as crises
de c61ica ou em manobras de
conten<;:ao e derrubamento, no
momento em que 0 animal bate
a cabe<;:ano solo. Em geral, sao
feridas incisas que podem atin-
gir ate a superffcie ossea da or-
bita, produzindo abundante
sangramento.
o procedimento imediato
deve ser estancar a hemorragia,
aplicando-se compressao sabre
a ferida, com gaze au algodao
embebido em agua oxigenada
a 10 volumes. Em seguida de-
vera ser realizada a limpeza do
ferimento e a anaplastia, para
cicatriza<;:aopar primeira inten-
<;:ao,procurando-se manter as
palpebras em condi<;:6esanat6-
micas suficientes para exercer
as fun<;:6esde prote<;:aoe lubri-
fica<;:aomecanica da cornea.
Casas em que ten ham ocor-
rido somente escoria<;:6es das
palpebras e regiao supra-orbi-
taria podem ser tratados pas-
sando-se sobre as les6es, uma
vez ao dia, gaze au algodao
embebido em glicerina iodada
10% au nitrofurazona.
As palpebras do cavalo po-
dem ainda alojar uma serie
grande de processos tumorais
au granulomatosos como 0 sar-
coide equino e a carcinoma, que
geralmente acomete cavalos
despigmentados e pode iniciar-
se na 3a palpebra au membra-
na nictitante.
o tratamento deve ser insti-
tufdo apos a avalia<;:aorigorosa
do grau de comprometimento do
globo ocular e demais estrutu-
ras anexas, optando-se pela sim-
ples remo<;:aoda massa,pela enu-
c1ea<;:aoau pela conclusao da
inviabilidade cirurgica do caso.
Les6es tumorais extensas que
na maioria das vezes, quando
ressecadas, alteram anatomica-
mente as palpebras que podem
permanecer semicerradas au ex-
cessivamente abertas, expondo
a cornea a ressecamento e trau-
matismo. Os tumores palpebrais
podem ser tratados com meto-
dos de congelamento (C02 au
Figura 14.3
Sarc6ide palpebral.
se, com auxnio de seringa e son-
da, a solu<;13.ofisiol6gica, que
pode estar associada a muco-
liticos e antibi6ticos. Nos casos
congenitos, 0 tratamento con-
sistira de sondagem do ducto
nasolacrimal, via saco lacrimal
ou oriflcio nasal, e 0 estabeleci-
mento do trajeto de drenagem
de lagrima com incis13.odos te-
cidos do fundo de saco, por so-
bre a proeminencia formada
pela ponta da sonda.
Nas obstru<;6es secundarias,
algumas vezes torna-se neces-
sario 0 tratamento concomitan-
Figura 14.4
Carcinoma palpebral.
Figura 14.5
Sarc6ide palpebral difuso.
nitrogenio liquido) antes da res-
sec<;13.ocirurgica.
14.3. Obstru~ao do canal
nasolacrimal.
o canal nasolacrimal e um
conduto que se inicia no can-
to interno do olho, junto ao
saco lacrimal, e desemboca no
assoalho da narina, cuja fun-
<;13.0e drenar 0 excesso de la-
grimas produzidas pelas glan-
dulas lacrimais.
A obstru<;13.opode ser prima-
ria, devido a processos inflama-
t6rios da mucosa do canal, es-
pessando suas paredes, ou se-
cundaria a inflama<;6es das vias
aereas superiores, tumores 6s-
seos da face, ferimentos e le-
s6es habronematosas e tumo-
rais situadas na comissura in-
terna do olho. A obstru<;13.odo
canal nasolacrimal, embora de
ocorrencia rara, podera ser con-
genita, sendo que 0 animal apre-
sentara os sintomas desde 0
nascimento. Nestes casos, po-
dera haver a agenesia do orifl-
cio, tanto no saco lacrimal, quan-
to no meato nasal, ou de parte
do trajeto do ducto, sendo mais
grave quando localizado em seu
leito 6sseo.
o principal sintoma e a epi-
fora (Iacrimejamento) e a irrita-
<;13.0da pele no trajeto do liqui-
do lacrimal, sendo chamado de
"chorador" 0 cavalo que apre-
senta este sinal.
o tratamento consiste na la-
vagem do ducto atraves de seu
orificio na via nasal, injetando-
te da afec<;:aoprimaria. Ocasio-
nalmente, esta situa<;:ao exige
lavagens periodicas do conduto,
obrigando a passagens contrnu-
as da sonda, que podera irritar
ou lesar ainda mais a mucosa.
Ouando isto for necessario, po-
de-se manter temporariamente
a sonda, com varias perfura<;:6es
em seu trajeto fixando-a a pele
da regiao nasal. Este procedi-
mento possibilita a aspersao uni-
forme dos Irquidospor todo 0 tra-
jeto.do dudo nasolacrimal.
Figura 14.6
Lavagem do canal nasolacrimal.
Figura 14.7
Cateterizayao do ducto
nasolacrimal.
A conjuntivite e 0 processo
inflamatorio que acomete a con-
juntiva palpebral, podendo ser
de origem primaria no globo
ocular e seus anexos, ou secun-
daria a outros processos gerais
ou sistemicos.
Ouanto a etiologia, as con-
juntivites em geral, podem ser
c1assificadas em:
a. Conjuntivite traumatica.
b. Conjuntivite mecanica devido
a ectropio, entropiom, triqufa-
se e corpos estranhos.
c. Conjuntivite toxica (alimentar).
d. Conjuntivite alergica.
e. Conjuntivite infecciosa:
1. primaria: do globo
e anexos.
2. secundaria: geral
ou sintomatica.
Os principais microorganis-
mos causadores de conjuntivite
Figura 14.8
Cateterizayao do ducto nasolacrimal.
sac as bacterias, fungos e vi-
rus, que estao presentes no
saco conjuntival de muitos ani-
mais normais, compondo 0
microbiota. Quanto aos parasi-
tos, sac causadores de conjun-
tivite 0 Onchocerca cervicalis e
as moscas de estabulos, que no
periodo de verao podem trans-
mitir a habronemose.
Os processos alergicos sis-
temicos e as infecc;:6esvirais do
aparelho respiratorio podem
manifestar sinais conjuntivais,
entretanto,as causas mais co-
muns de conjuntivite nos cava-
los sac as irritac;:6es causadas
pelo vento, quando 0 animal e
transportado de caminhao e car-
retas abertas, por corpos estra-
nhos como areia, palha de arroz
e por sementes de gramineas.
A sintomatologia pode ser
aguda ou cr6nica, unilateral ou
bilateral, sendo que regular-
mente, 0 proce'sso cr6nico po-
de revelar uma fase aguda nao-
tratada ou inadequadamente
tratada.
Nas conjuntivites sempre se
observa hiperemia acompanha-
da ou nao de congestao de va-
sos da esclera; quemose (ede-
ma conjuntival); secrec;:aoocular,
que pode ser serosa, nos casos
alergicos ou por irritac;:aomeca-
nica; mucoide em doenc;:ascr6-
nicas,e purulentas nas infecc;:6es
baderianas e nos corpos estra-
nhos que estejam causando irri-
tac;:aopor varios dias. A dor sem-
pre estara presente de forma
leve a severa na dependencia da
causa da conjuntivite, e podera
resultar em blefaroespasmo, que,
nos casos cr6nicos, pode promo-
ver 0 entropiom espastico.
Quanto ao aspedo c1inico,
as conjuntivites podem ser c1as-
sificadas em:
1. Catarral simples: aguda, cr6-
nica, mono ou biocular com
hiperemia da conjuntiva pal-
pebral e bulbar, epifora, ble-
faroespasmo, secrec;:aosero-
sa e dificuldade de visao.
Q. Catarral folicular: presenc;:a
de pequenos foliculos (gra-
nulac;:6esarredondadas) dis-
seminados na face interna,
principal mente da 3a palpe-
bra, com sinais semelhantes
a catarral, so que com pre-
senc;:ade foliculos e infiltra-
c;:aolinfocitaria das glandulas.
3. Flictenular: presenc;:ade ve-
siculas transparentes espa-
Ihadas na conjuntiva alem
dos sinais c1assicos da con-
juntivite catarral simples.
4. Conjuntivite por microorga-
nismos: decorrentes de in-
fecc;:6es local ou secundaria
a afecc;:6es sistemicas, com
produc;:aode secrec;:aopuru-
lenta. Principais etiologias:
a. microorganismos comuns:
Pseudomonas, Streptococcus,
Staphylococcus, Enterobacter,
E. coli e Moraxella equi;
b. mycoplasma: Acholeplasma
oculi;
c. c1amidia: em potros com po-
liartrite por Clamldia;
d. viral: AdenovIrus e Herpes-
vIrus 1 e 2.
e. outras: Sporotricose, Blasto-
micose, Histoplasmose, Crip-
tococose, Aspergilose e
Rinosporidiose.
o tratamento geral consiste
em se controlar todas as cau-
sas que possibilitem irritac;:ao
conjuntival e, quando secunda-
ria a afecc;:6essistemicas, a do-
enc;:aprimaria deve ser tratada.
o tratamento sintomatico da
conjuntivite consiste em lava-
gens com agua boricada ou so-
luc;:aofisiologica ou agua filtra-
da ou mineral resfriada, para a
retirada da secrec;:aoe reduc;:ao
do desconforto causado pela
ejec;:aodos vasos da conjuntiva
e da esclera. Estas lavagens po-
dem ser precedidas de colheita
de material do saco conjuntival
para cultura e antibiograma.
Quando 0 processo e bacte-
riano, colirios e pomadas com
antibioticos como c1o-ranfenicol
e gentamicina sac bastante efi-
cazes no combate a infecc;:ao.
Alguns produtos sac acompa-
nhados por antiinflamatorios cor-
ticosteroide, 0 que reduz co -
sideravelmente a resposta infla-
matoria. Sempre que for pos f-
vel, realize cultura dos exsudatos
purulentos e a lavagem do due
nasolacrimal com agua boricada
2%, ou soluc;:aofisiol6gica.
Como regra geral, estabe-
lec;:a a lavagem do olho pelo
menos 2 a 4 vezes ao dia.
Instile colirio a cada 2 horas nas
primeiras 24 horas e a cada
horas nos dias seguintes, a e a
cura. Quando se tratar de
madas oftalmicas, a freque ~
se reduz a cada 6 horas.
dendo-se usa-las, para m ~
conforto, no periodo da '-:=
preferindo-se os collrios u ;:--
te 0 dia.
Quando existe suspeita de
processo viral, evite 0 usa de
corticosteroide, mesmo que seja
pela via subconjuntival.
As conjuntivites virais podem
ser tratadas com pomada oftal-
mica de 5-iodo-2-deoxyuridina.
Quanta as conjuntivites mico-
ticas, alem do tratamento geral
com lavagens e combate a ger-
mes oportunistas, a aplicac;:ao
subconjuntival de 2 a 3 mg de
anfotericina 8, de 2 em 2 dias,
durante 2 a 3 semanas, asso-
ciada a instilac;:ao de nistatina
(0,015%),3 a 6 vezes ao dia po-
dera reverter 0 quadro. Nas con-
juntivites traumaticas nao e raro
o surgimento de hifema (derra-
me sanguineo na camara ante-
rior), exigindo tratamento sub-
conjuntival com corticosteroide
e antibioticos. Ocasionalmente
sera necessaria a aspirac;:aoau
a retirada cirurgica do coagula,
para que se possa restabelecer
a transparencia do humor aquo-
so e, consequentemente, a vi-
sao do cavalo.
Nas conjuntivites alergicas,
corticosteroides topicos ou sis-
temicos em conjunto com anti-
histaminicos sistemicos sao
muito efetivos na resoluc;:aodo
problema, mantendo-se uma
frequencia de tratamento de 2
a 3 vezes ao dia.
Em qualquer situac;:ao em
que exista concomitantemente
a conjuntivite, lesao de qualquer
grau na cornea, evite a utiliza-
c;:aode corticoide em razao da
possibilidade da resoluc;:ao da
lesao da cornea ser inibida, no-
tadamente nas fases iniciais da
formac;:ao de neovasos.
As ceratites sao inflamac;:6es
que acometem a cornea e fre-
Figura 14.9
Hifema devido a traumatismo.
quentemente vem acompanha-
das por conjuntivites. Geralmen-
te saG consequentes a trauma-
tis mas causados por talos de
capim ou feno, au irritac;:6escau-
sadas par palha de arroz e far-
pas de madeira au ainda devido
a entropiom e a implantac;:aode
tumores palpebrais.
Qualquer alterac;:ao na inte-
gridade dos planas constituin-
tes da cornea au alterac;:6esnos
seus mecanismos fisiologicos
predisp6e a instalac;:aode afec-
c;:6es,que na maioria das vezes
saG de extrema gravidade.
As ceratites podem se apre-
sentar como:
a. Superficial, com vasculariza-
c;:aono pannus, na pigmentar
e na neoplasicas.
b. Superficial, sem vasculariza-
c;:aonas punctatas e nos infil-
trados metabolicos.
c. Ceratite profunda, que pode
ser ulcerativa e sob a forma
de ceratoconjuntivite.
Independentemente do tipo
e da c1assificac;:aoda ceratite, as
sinais c1inicos sao muito seme-
Ihantes.
Pode-se observar epifora (Ia-
crimejamento), quemose (edema
palpebral), palpebras semi-
cerradas (blefaroespasmo),
fotofobia, em consequencia da
dor, e conjuntivas congestas. Os
cavalos que apresentam foto-
fobia evitam a claridade direta.
A cornea no inicio da afecc;:ao
apresenta-se ligeiramente opa-
lescente, tornando-se esbran-
quic;:adae, quando a lesao e re-
lativamente extensa, ultrapas-
sando a camada epitelial, inicia-
se a neovascularizac;:ao prove-
niente da regiao esclero-corneal
que se dirige no sentido da le-
sao. Muitas vezes a lesao da
c6rnea, na permanencia do a-
gente desencadeador, pod era
evoluir para ulcerac;:ao,com con-
sequencias mais serias com re-
lac;:aoao progn6stico. Ao atingir
camadas mais profundas, a ul-
cerac;:aopode acometer a cama-
da de Descemet, causando sua
protrusao a borda ulcerada (Des-
cemetocele), em razao da pres-
sao exercida pelo humor aquo-
so. Nestas circunstancias, na de-
pendencia da localizac;:aoda ul-
cera, podera haver tambem a
Figura 14.10
Ceratite por trauma com tala de capim.
Figura 14.11
Quemase e ulcera de cornea com comprometimento
da camada de Descemet.
protrusao da iris e a forma,a
de sinequia anterior.
o diagn6stico se baseia _
sinais da afecc;:ao e deve ~a'
conduzido atraves de um mir~-
cioso exame c1inico do ani e-
e, em particular, do globo oc-
lar. 0 posicionamento ant",-~'
das fibras sensoriais nervos2.S
na c6rnea, explicam 0 ele a :::
grau de dor demonstrado e
animais com eros6es corneals
e ulceras em relac;:aoaos de ul-
cera profunda. Oualquer lesao
na c6rnea pode promover ede-
ma. Por ser na maioria das ve-
zes um processo extremamen-
te doloroso, 0 animal devera ser
manejado com paciencia e cau-
tela, 0 que ira possibilitar a rea-
lizac;:ao de um exame c1inico
completo. Para tanto, instale 0
animal em local tranquiloe a
meia luz,e, se necessario, pode-
se tranquilizar 0 cavalo com xila-
zina, na dose de 0,4 a 1,0 mg/
kg, pela via intravenosa, ou com
butorfanol na dose de 0,025 a
0,2 mg/kg, ou 0,01 a 0,02 mg/
kg se associado a xilazina. Sao
tambem indicadas para uma
boa tranquilizac;:ao,drogas como
a detomidina, na dose de ate 10
mg/kg ou a romifidina na dose
de 50 mg/kg, podendo esta ser
associada ao butorfanol na dose
de 0,02 a 0,05 mg/kg.
Ocasionalmente pode ser
necessaria a realizac;:aoda anes-
tesia da inervac;:aoauriculo-pal-
pebral, que enerva 0 musculo
orbicular do olho, com injec;:ao
de 2 a 4 ml de lidocaina 1%.
sem vasoconstritor, impossibili-
tando, dessa forma, a ocorren-
cia de blefaroespasmo ou que
o cavalo possa fechar 0 olho,
dificultando 0 seu exame.
o exame oftalmologico ini-
ciar-se pela inspe<;aodas palpe-
bras a procura de corpos estra-
nhos, neoplasias ou les6es trau-
maticas, seguida do exame da
cornea para a verifica<;aode ede-
ma,neovasculariza<;ao,infiltrados
celulares, tecidos neoplasicos,
corpos estranhos e altera<;6esna
integridade estrutural. Caso haja
grande quantidade de fibrina ou
de outras secre<;6es, realize um
lavado ocular com solu<;aofisio-
logica ou agua resfriada, para
possibilitar uma visualiza<;ao
mais adequada do globo ocu-
lar. Em seguida deve ser reali-
zado 0 exame preliminar da
cornea munido do of talmosco-
pio, Em seguida, instile 1 a 2
gotas de fluoresceina e repita 0
procedimento utilizando-se da
incidencia de feixe de luz ade-
quado (Iuz negra) para causar
fluorescencia e possibilitar a
observa<;ao de quebras da inte-
gridade do epitelio da cornea.
A oftalmoscopia deve, ainda,
ser realizada para a observa<;ao
do trato uveal, do cristalino e da
retina.
Na suspeita de extravasa-
mento de humor aquoso, quan-
do for rompida a barreira da ca-
mada de Descemet, a tono-
metria ira revelar redu<;ao da
pressao intra-ocular.
A ultra-sonografia e util nos
casos em que a opacidade da
cornea nao permite a visualiza-
<;aodo fundo de olho, possibili-
tando a avalia<;aomorfometrica
do globo ocular e de suas es-
truturas internas.
Podem ser realizados "swabs"
das secre<;6es e raspados das
palpebras, da conjuntiva e da
cornea para realiza<;ao de exa-
mes microbiologicos. Para tan-
to, fa<;a anestesia topica da
cornea.
A abordagem terapeutica
das ceratites pode ser realiza-
da utilizando-se os seguintes
procedimentos:
• aplica<;aotopica manual (uso
de colirios e pomadas).
• dispositivos para lavagem
subpalpebral.
• sondagem nasolacrimal.
• inje<;6essubconjuntivais que
podem ser repetidas em in-
tervalos de 24 a 48 horas.
o tratamento geral e seme-
Ihante ao das conjuntivites, de-
vendo-se, quando apenas esti-
ver presente a ceratite, sem le-
s6es das camadas mais profun-
das da cornea que caraeterizem
ulcera<;ao, associar corticos-
teroide pela via subconjuntival
a cada 48 a 72 horas, preferen-
cialmente a betametasona.
Na presen<;a de ulcera de
cornea, prefira, alem do trata-
mento geral da conjuntivite, evi-
tando-se 0 usa de corticosteroi-
des, a cauteriza<;ao da ulcera
com tintura de iodo a 2%, po-
mada epitelizante, a cada 4 ho-
ras e aplica<;aosubconjuntival de
40 mg de gentamicina (1 ml), no
10 dia, e instila<;ao de gentami-
cina colirio no minima 4 vezes ao
dia, nos dias subsequentes, ate
a cicatriza<;ao da cornea e a re-
versao dos sinais de conjuntivite.
Caso 0 blefaroespasmo seja
intenso e a fotofobia evidente,
intercale ao tratamento institui-
do cicloplegicos, como atropina
colirio a 1%, devendo-se, no
entanto tomar a precau<;ao de
manter 0 animal estabulado em
ambiente escuro, ou com tapa-
olho protetor, caso 0 processo
seja unilateral.
Uma formula de colirio que
tem proporcionado bons resul-
tados em ceratites ulcerativa
pode ser aviada com os seguin-
tes produtos:
Tobramicina 1,2 ml
Atrapina 1% 6,0 ml
Acetilcisteina 20% 6,0 ml
Lagrima artificial (qsp. 24 ml)
10,8 ml
A tobramicina podera ser
substituida por 1,2 ml de succi-
nato de cloranfenicol a 20% ou
1,5 ml de solu<;ao de genta-
micina a 5%,
Ocasionalmente, quando a
manipula<;:aadas palpebras para
a lavagens e a instila<;aode co-
lirios for muito dolorosa para 0
cavalo,pode-se realizara lavagem
pela sondagem do ducto nasola-
crimal atraves da via nasal, ou
entao se instalar uma sonda
subpalpebral (pode ser uma san-
da uretral utilizada em caes ma-
chos), 0 que elimina a necessida-
de de se manipular as palpebras
para expor 0 globo ocular, facili-
tando 0 tratamento e evitando 0
desconforto para 0 animal.
Nos casos de ulcera profun-
da, na presen<;a de Desceme-
tocele, ou os casos que nao res-
pondem satisfatariamente ao
tratamento convencional, torna-
Figura 14.12
Tapa-olho protetor.
Figura 14.13
Sonda subpalpebral aplicada.
se necessaria a intervenc;ao ci-
rurgica com a realizac;ao da
ceratedomia parcial ou profun-
da, para a reativac;ao cicatricial
da cornea, eliminando-se os te-
cidos comprometidos. Como na
maioria das vezes este procedi-
mento exige a realizac;ao de
recobrimento da cornea com a
terceira palpebra, de transposi-
c;ao de "flap" da conjuntiva pal-
pebral ou transposic;ao da con-
juntiva ese/eral, ou da cerato-
plastia com uso de enxertos bio-
logicos, as palpebras deverao
estar cerradas cirurgicamente
realizando-se a tarsorrafia, 0 que
dificultaria as lavagens e insti-
lac;6es de colirios. Nestas cir-
cunstancias deve-se instalar
previamente uma sonda na re-
giao subpalpebral, ou utilizar-se
do dudo nasolacrimal para rea-
lizac;aodos lavados e instilac;ao
dos demais medicamentos so-
bre a cornea.
14.6. Oftalmia peri6dica -
uveite recorrente ou
iridociclite recorrente.
Afecc;ao mista que atinge
varias estruturas do globo ocu-
lar, com etiologia ainda nao bem
definida. A oftalmia periodica e
a maior causa de cegueira em
cavalos, caraderizando-se por
um processo inflamatorio da iris,
do corpo ciliar e da coroide
(uvea ou trato uveal),
Muito embora nao esteja
bem determinada, a oftalmia
periodica deve ser considerada
como afecc;ao ocular de partici-
pac;ao eminentemente imuno-
mediada. Para tanto:
1. Atividade imuno-mediada:
a. Baderias: estreptococos,
leptospirose e brucelose.
b. Virus: influenza e adenovirus.
c. Parasitas: estr6ngilos, on-
chocerca e toxoplasma.
d. Trauma: pode iniciar com um
epis6dio inflamat6rio.
e. Outras: qualquer doenc;a
que diretamente afete 0 olho
ou cause afecc;ao sistemica
desencadeante de resposta
imune.
2. Fatores nutricionais e here-
ditarios nao comprovados:
a. Deficiencias de vitaminas A,
82 e C.
b. Predisposic;ao hereditaria.
o processo pode ser agudo ou
cr6nico, unilateralou bilateral,pos-
suindo periodicidade ou recorren-
cia da manifestac;aoc1lnica.
A oftalmia peri6dica, alem
de ser uma afecc;ao extrema-
mente dolorosa, manifesta-se
com eplfora, blefaroespasmo e
quemose como sinais c1lnicos
evidentes. Os cavalos podem fi-
car apaticos e apresentarem
anorexia durante as fases ati-
vas da doenc;a. Ocorrem ainda
disturbios visuais, opalescencia
e turvac;ao da c6rnea, hip6piom
(derrames na camada anterior,
causada por coagulo de protel-
na e fibrina) e hifema (hemor-
ragia na camara anterior). A pu-
pila pode apresentar miose (es-
pasmo) e sinequia (aderencia)
posterior, alem de descolorac;ao
da Iris. 0 cristalino podera apre-
sentar alterac;6es na capsu la
anterior e posterior e desenvol-
ver catarata, assim como sublu-
xac;ao e luxac;ao. Podera haver
o desenvolvimento secundario
de glaucoma.
o quadro uveal caracteriza-
se por uvelte manifesta e de
grande gravidade para a evolu-
c;ao satisfat6ria da afecC;ao.
Em mais ou menos cada 15
dias, 0 quadro pode melhorar
espontaneamente para, poste-
riormente, ocorrer nova man i-
festac;ao, ate que se desenvol-
vam les6es oculares irreversl-
veis com cegueira.
o exame c1lnicodeveser di-
recionado para a detecc;ao da
causa desencadeante do proces-
so, sendo 0 exame oftalmol6gico
realizado adotando-se os mes-
mos procedimentos utilizados no
exame das ceratites. E de fun-
damental importancia a realiza-
c;ao de exame sorol6gico para
detecc;ao de anticorpos para
leptospirose, brucelose e toxo-
plasmose. A bi6psia conjuntival
ocasionalmente podera revelar
microfilarias de Onchocerca.
o diagn6stico baseia-se nos
sinais c1fnicos da uvelte, nota-
damente nos resultados do e-
xame oftalmico e da sorologia
diferencial.
Figura 14.14
Panoftalmia e uvefte.
Figura 14.15
Blefaroespasmo.
o tratamento consiste na apli- a fotofobia e 0 blefaroespasmo, A catarata juvenil pode apa-
cac;aode drogas t6picas e siste- mantenha 0 cavalo estabulado recer em potros com ate cerca
micas. Basicamente nas condu- em ambiente sem luz direta ou de 1 ana de idade e ser decor-
tas terapeuticas utilizam-se de: com tapa-olho protetor. rente de fatores hereditarios ou
1. Antibioticoterapia (necessa- Nos casos de uverte cr6nica lesoes causadas por toxinas
riamente). unilateral, recorrente e sem res- metab6licas, ou mesmo proces-
2. Midriaticos/Cicloplegicos. posta terapeutica, ou com retra- sos inflamat6rios.
3. Inibidores da colagenase. c;aodegenerativa do globo ocu- A catarata senil do cavalo
De uso t6pico sac recomen- lar - "phthisis bulbi" - deve-se ocorre geralmente ap6s os 20
dados midriaticos e ciclople- indicar a enucleac;ao para se anos de idade como conse-
gicos como a atropina 1 a 4% e melhorar a qualidade de vida do quencia de um estado degene-
fenilefrina a 10% para aliviar a animal. rativo do metabolismo do cris-
dor e prevenc;ao das sinequias, talino, possuindo caracterrsticas
4 a 6 aplicac;oes no primeiro dia de irreversibilidade.
e 2 a 4 nos dias subsequentes. 14.7. Catarata. A catarata traumatica e a
Ouanto aos cortic6ides e anti- mais comum das alterac;oes do
bi6ticos sac recomendados a Sao denominadas de cata- cristalino do cavalo. Pode ser
dexametasona e a gentamicina, rata toda e qualquer opacidade consequencia de lesoes sobre
instiladas 4 a 6 vezes ao dia. do cristalino, seja apenas da o globo ocular e inflamac;oes de
o tratamento t6pico nos do is capsula e da substancia pr6pria estruturas adjacentes ao globo <:primeiros dias pode ser substi- que 6 forma ou somente da e 6rbita.
turdo pela aplicac;ao subcon- substancia pr6pria. Cavalos com uverte recor- =
juntival nos casos de cortic6ide As cataratas podem ser rente podem desenvolver cata-
e antibi6tico. congenitas, juvenil, senil, trau- rata resultante da inflamac;ao da -:
Pela via sistemica, consti- matica ou decorrente de outros uvea anterior. -
tuem excelente adjuvante do processos sistemicos. A cata- A catarata pode ser c1assifi- -
tratamento t6pico a aplicac;ao rata congenita se apresenta cada como:
--
de flunixin meglumine, na dose logo ap6s 0 nascimento e de- 1. Quanto a localizac;ao: -
de 1,1 mg/kg, a cada 12 horas, corre de processo hereditario a. Catarata capsular ou subca- -
pela via intramuscular, nos 3 de mal-formac;ao e mal-posi- psular. <
primeiros dias ou de corticos- cionamento da lente, da perda b. Catarata polar.
ter6ides nas fases precoces da de transparencia ou como re- c. Catarata duplicada (catarata
evoluc;ao da oftalmia recorren- sultante de influencia materna subcapsular anterior que en-
te. Ouando 0 diagn6stico etio- durante a gestac;ao. A catarata volve 0 c6rtex anterior).
16gico estiver estabelecido e ti- congenita ocorre tambem co- d. Catarata hialoidal.
ver como agente a leptospirose, mo 0 unico defeito ocular, mas e. Catarata cortical.
a toxoplasmose ou a brucelose, pode estar associada a persis- f. Catarata nuclear.
os procedimentos paralelos ao tencia da membrana pupilar, a g. Catarata na linha de sutura
tratamento do olho devem ser persistencia das estruturas em Y.
da doenc;a primaria. Nos casos vasculares hial6ides, aniridia, h. Catarata axial.
de suspeita de Onchocerca, as- microftalmia, e as anormalida- i. Catarata pigmentar congenita
socie ao tratamento geral apli- des multiplas do globo ocular. 2. Quanto aos estagios de de-
cac;ao de ivermectina. As cataratas congenitas podem senvolvimento:
Durante as fases iniciais do ser unilateral ou bilateral, focais a. Incipiente.
tratamento, enquanto perdurar ou difusas. b. Imatura.
433
c. Intumescente.
d. Madura.
Os sintomas variam confor-
me a natureza do processo, a
causa e 0 estagio de desenvol-
vimento. Basicamente, 0 que
chama a aten<;ao e a opacida-
de do olho. Ouando observamos
o globo sem nenhum aparelho,
podemos notar um reflexo cin-
za-azulado, brilhante, que nao
deve ser confundido com a opa-
cidade da cornea. 0 reflexo da
pupila imediato e completo, e a
resposta com contra<;ao e dita-
ta<;aoa incidencia de luz de for-
te intensidade e direta, indicam
uma boa transparencia dos
meios e uma adequada fun<;ao
da retina.
A catarata difusa ou focal
axial pode ser identificada ao
.exame de ilumina<;ao com uma
lanterna, com a luz incidindo
perpendicularmente ou obliqua
a cornea, ou pela oftalmoscopia
apos a dilata<;ao da pupila com
drogas midriatica. Aten<;ao es-
pecial deve ser dada a presen-
<;adas linhas de sutura do cris-
talino que sac visrveis na maio-
ria dos potros e cavatos adul-
tos, e devem ser diferenciados
da catarata.
As altera<;6es de colora<;ao
e da opacidade depend em mui-
to do estagio de evolu<;ao da
catarata e do grau de com pro-
metimento do cristalino. Pode
ser desde uma degenera<;ao
parcial ou ate mesmo estar ocor-
rendo ressecamento e atrofia da
lente.
o diagnostico definitivo deve
ser realizado pela oftalmoscopia,
procurando-se determinar se a
catarata e primaria ou secunda-
ria, congenita, juvenil, senil ou
traumatica, para depois se ins-
tituir a terapia adequada. Con-
vem ressaltar-se que a catarata
pode ser uma consequencia re-
lativamente comum em animais
com oftalmia periodica.
Animais que apresentam
catarata bilateral em grau avan-
<;ado possuem a visao bastan-
te prejudicada, distinguindo
apenas vultos e chocando-se
contra objetos nos testes de
avalia<;ao subjetiva de acuida-
de visual.
o tratamento basicamente
consiste no usa de corticos-
teroides subconjuntivais e colr-
rios c1arificantes, porem 0 tra-
tamento medico so fornece al-
gum resultado favoravel nos
casos iniciais ou quando nao
Figura 14.16
Catarata juvenil.
Figura 14.17
Catarata p6s-uvefte em cavalo adulto.
existe envolvimento heredita-
rio, alem de n13.Ose ter com-
provat;:13.ocientffica sobre sua
eficacia.
Cataratas senis, ou em fase
de degenerat;:13.oe atrofia do
cristalino, devem ser tratadas
cirurgicamente extraindo-se 0
cristalino por tecnicas de frag-
mentat;:13.oou facoemulsifica-
<;13.0.0 animal melhora a vis13.o
e tera apenas dificuldade de
adaptat;:ao visual ao focar 0
meio ambiente. Excepcional-
mente pode-se estudar a via-
bilidade de implantat;:ao de len-
te intra-ocular.
A luxat;:aoe 0 deslocamento
do cristalino, que embora pou-
co comum, pode ocorrer de ma-
neira concomitante ao glau-
coma, senilidade, inflama<;6es
do trato uveal, anormalidades
congenitas e traumatismos.
A luxat;:ao pode ser total ou
parcial. Quando total, 0 cristali-
no pode deslocar-se completa-
mente para sua face anterior ou
posterior, e quando parcial, ocor-
re apenas um ligeiro desloca-
mento do seu eixo. 0 processo
decorre da ruptura ou atrofia
dos ligamentos suspensores do
cristalino, fazendo a lente tomar
posi<;6es anormais dentro do
globo ocular. Quando a luxat;:ao
ou 0 deslocamento e anterior,
frequentemente ocorrem sine-
quias, entre este e a iris, preju-
dicando 0 movimento de adap-
tac;:aoda pupila.
Os sintomas saG bastante
face is de serem reconhecidos,
uma vez que 0 animal perde a
capacidade de adaptac;:aovisual
por alterac;:aonos angulos de in-
cidencia da luz no cristalino, tra-
duzida por um brilho anormal.Raras vezes 0 cristalino pode ser
encontrado flutuando livremen-
te dentro da camara anterior.
Em razao das consequencias
que podem surgir, 0 tratamento
indicado e a extra<;aodo cristali-
no e, quando houver, tratamento
da enfermidade primaria.
E 0 aumento da pressao in-
tra-ocular decorrente de anor-
malidades congenitas, trauma-
tismos ou enfermidades do glo-
bo ocular, como uveite e enfer-
midades sistemicas.
o aumento da pressao in-
tra-ocular acontece em virtude
da reduc;:ao do fluxo de humor
aquoso entre a camara anterior
e a posterior, assim como uma
maior produc;:ao de liquido em
detrimento da sua absorc;:ao.
o glaucoma pode ser origi-
nario de afecc;:6es do cristalino,
da iris e do trato uveal e e ca-
raderizado pela hipertensao in-
tra-ocular, edema da cornea e
iris, edema de conjuntiva e pal-
pebras, pupila dilatada, cristali-
no turvo e projec;:ao parcial do
globo ocular para fora da cavi-
dade orbitaria (buftalmia).
Embora a diagnostico seja
relativamente simples de ser rea-
lizadoatraves do controle da pres-
saGintra-ocular por tonometria, 0
tratamento e muito complexo, e
o prognostico quanto a cura, re-
servado. Drogas diureticas e a
instilac;:aode midriaticos podem
abrandar 0 desconforto que 0 au-
mento da press13.ointra-ocular
pode ocasionar.
14.1 O. Perfura~ao do
globo ocular.
A perfurac;:aodo globo ocular,
embora pouco frequente, pode
ser causada par traumas violen-
tos ocasionados par galpes com
bast6es, penetrac;:aode pontas de
arame de cabresto improvisado
e por estrepada profunda com
galhos de arvore au arbustos em
pastas sujos e inadequados.
Sempre que acontecem, os
traumas perfurantes do globo
ocular ocasionam les6es graves
e apresentam soluc;:aode con-
tinuidade da cornea com extra-
vasamento do humor aquoso.
Quando profundos, podem com-
prometer a iris e 0 cristalino,pro-
duzindo les6es irreversiveis. A
perfurac;:aodo globo ocular sem-
pre e acompanhada de invasao
baderiana de diffcil controle e
tratamento.
Devido as graves alterac;:6es
decorrentes do trauma, e da in-
fecc;:ao que se instala, 0 trata-
mento indicado e a enucleat;:ao
do globo. Para que seja manti-
da a estetica, e possivel a colo-
cac;:aode protese ocular confec-
cionada especial mente para es-
tes casas, na medida certa do
diametro do olho enucleado.
Sao comuns os carcinomas
primarios de terceira palpebra
e os sarc6ides; estes se insta-
lam primariamente, ou atraves
de implante subconjuntival, na
c6rnea e na terceira palpebra,
proveniente de outras regi6es
do corpo.
Os carcinomas sao observa-
dos como massas vegetantes,
extremamente exuberantes que
se projetam da terceira palpe-
bra e podem invadir a regiao
retrobulbar. Sao de rapido cres-
cimento e podem comprimir 0
globo ocular para 0 fundo. Por
outro lado, 0 sarc6ide palpebral
e de crescimento relativamente
lento e implantado abaixo da
conjuntiva palpebral. Eventual-
mente podem aflorar a pele com
caracterfstica ulcerativa e de co-
lora<;:aoavermelhada, sendo li-
sos e brilhantes.
A ressec<;:ao dos tumores
constitui 0 tratamento eletivo,
sendo menos problematica no
sarc6ide devido a sua carac-
terfstica pouco infiltrativa. Tu-
mores peri-orbitarios e palpe-
brais de tamanho reduzido po-
dem ser tratados com aplica-
<;:aode CO2 ou nitrogenio Ifqui-
do. Os sarc6ides respondem
bem ao tratamento com infil-
tra<;:aode BCG.
Os carcinomas quase sem-
pre recidivam devido a dificul-
dade em se retirar toda massa
tumoral, a nao ser que ela este-
ja comprometendo apenas a
terceira palpebra e em sua fase
inicial de evolu<;:ao.
Figura 14.18
Tarsorrafia pos-enuclea<;8.o.
it ~ ~/ '.:
I ,
Figura 14.19
Sarcoide palpebral.
Figura 14.20
Carcinoma de terceira palpebra.
Figura 14.21
Carcinoma de terceira palpebra.
Figura 14.22
Carcinoma invasivo de palpebra, 6rbita e globo ocular.

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