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04 Aparelho Locomotor dinamica da locomo~ao, aprumos, exame clinico das claudica~oes e medicina esportiva eqlHna Dentre os sistemas e apare- Ihos que formam a estrutura cor- p6rea dos equinos, sem duvida nenhuma 0 aparelho locomotor e um dos que se revestem de grande importancia por constituir o sistema de sustentac;:ao e da dinamica locomotora. Como sabemos, sem patas nao ha cavalos, e em razao des- ta certeza e que, no decorrer dos anos, os membros dos equinos receberam especial atenc;:aona selec;:aoe evoluc;:aode cavalos bem-estruturados. Para que possamos com- preender e melhor avaliarmos as alterac;:oespatol6gicas dos mem- bros dos equinos, bem como de suas inter-relac;:oescom as qua- lidades e caracterfsticas do apa- relho de sustentac;:aoe locomo- c;:ao,e de extrema valia um co- nhecimento anatomico basico para a abordagem das enfermi- dades. Anatomica e funcional- mente, os membros dos equinos formam um conjunto perfeita- mente harmonico com participa- c;:aoativa de cada componente. o esqueleto e 0 arcabouc;:o de todo 0 corpo do cavalo e e 0 ali- cerce para 0 sistema de alavan- ca que as articulac;:oesexercem. Os musculos atuam como trans- missores da cinetica do movi- mento aos tendoes, possibilitan- do a movimentac;:aode todas as estruturas que formam e man- tem a estabilidade da articulac;:ao. Sob 0 comando do Sistema Nervoso Central, 0 complexo es- trutural e funcional dinamico do cavalo, constitufdo pelos muscu- los esqueleticos, e dependente dos sistemas cardiovascular e respirat6rio, e e capaz de realizar de maneira natural e instintiva- mente, ou sob condicionamento, movimentos como flexao, exten- sao, aduc;:ao,abduc;:aoe rotac;:ao dependendo, obviamente, do ti- po de articulac;:ao.E par meio da combinac;:aode cada um destes movimentos que 0 cavalo pode locomover-se das mais variadas maneiras e submeter-se as con- dic;:oesde esforc;:of1sico exigido, particularmente em situac;:oes esportivas. 4.2. Dinamica da locomo~o - andaduras do cavalo. o conhecimento das andadu- ras do cavalo e de extrema im- portancia para que possamos avaliar as condic;:oeslocomotoras do animal. De nada adianta de- sejarmos identificar se 0 cavalo c1audica de um ou mais mem- bros, se a manqueira e de eleva- c;:ao,mista ou de apoio, se nao conhecermos como este animal se locomove em condic;:oesnatu- rais. Alguns grupos bem defini- dos de afecc;:oesque acometem os membros dos equinos s6 se manifestam em determinada an- dadura, podendo ficar mascara- dos em outras. Para 0 que se propoe esta ex- posic;:ao,e suficiente 0 estudo das andaduras naturais ao passo,tro- te, galope e saito, este ultimo por ser um tipo de trabalho que mui- to predispoe a problemas trauma- ticos, principalmente nas estrutu- ras da regiao distal do membro. 1. PASSO - e caracterizado como andadura tipo latero-dia- gonal,simetrica,roladaou marcha- da,basculada e ha quatro tempos. Simetrica - Porque as varia- c;:oesde movimentos de late- ralidade da coluna vertebral em relac;:aoao eixo longitudi- nal da Iinhavertebral do cavalo saGsimetricas. Rolada - Porque neste tipo de locomoc;:aonao existe tem- po de suspensao, isto e, sem- pre um dos membros do ca- valo estara apoiado no chao. Basculada - Devido a mo- vimentac;:aovertical - da ca- bec;:ae pescoc;:odurante a 10- comoc;:ao. H<iquatro tempos - Porque da fase de elevac;:ao ate a fase de apoio de um deter- minado membro no solo, po- demos ouvir quatro batidas bem nitidas. AE AD no.' ... .'.. . ~ 3!! '\ // 1! '\ />\0/'0 Figura 4.1 Passo do cavalo. - CllIII c::o ._E ::J :J C" ••• Q) C,Cll Cll > ":+:io •.. ICll 0<.>-c, o IIIE Q) o Cll() c::o .- - .2 Cll"O "0 Q) Cll E .2 Q)E III 'Cll Q) c:: 10 .- ()o "0 Cll '- ()o .- -"0o :JE Cll0-() ()o III-.l Cll 0"0 ..c 0- (,) (J) ._ '- c::CIl ._ 0.. -« () Q) E Cll >< Q) - ~ o .!:E ::::1 :::I 0'•.• CI> Co ctJctJ > 6:.e .ctJ 0 ()-Co o rJlE CI> o ctJU t:o .- - .S!ctJ"O"0 CI> ctJ E .S! CI>E rJl<ctJ CI> t: .0.- u- "0 ~•...Uo .--"0o :::I E ctJ0-o u o rJl -J ~ 0"0 ..c 0 - u Q) .-•...t:ell ._ 0.-« u Q) E~><CI> Ao observarmos um cavalo ao passo, notamos que a anda- dura se faz por diagonais disso- ciadas, isto e,se 0 primeiro mem- bro a se elevar do solo for 0 ante- rior direito, 0 segundo sera 0 pos- terior esquerdo, depois 0 ante- rior esquerdo e finalmente 0 pos- terior direito. 0 apoio sempre ocorre na mesma ordem de ele- vac;:ao,nao havendo altern ancia nesta sequencia. o passo e a andadura mais favoravel ao sincronismo cava- lo/cavaleiro, pois a excitac;:aodo Sistema Nervoso Central do ani- mal e relativamente pequena en- quanto 0 sistema muscular esta francamente tenso, porem sem que haja grande atividade em ter- mos de desenvolvimento motor. Algumas variac;:6escom res- peito ao passo podem ser ob- servadas: Passo medio - Livre, regu- lar e desembarac;:ado, nao leva a extensao do corpo do animal e produz quatro bati- das bem nitidas. Passo reunido - 0 cavalo se desloca resolutamente para frente, eleva 0 pescoc;:oe si- tua a cabec;:aquase na verti- cal. Cada batida toma menos terreno que no passo medio. A andadura e marchada, e as articulac;:6esflexionam-se mais, e 0 apoio dos membros posteriores se faz atras dos membros anteriores e 0 ca- vale se descobre por tras. Passo alongado - 0 cavalo cobre 0 maximo de terreno, estica 0 pescoc;:oe a cabec;:a se posiciona a frente da ver- tical de postura de descanso. o apoio dos membros poste- riores ultrapassa 0 dos an- teriores e 0 cavalo se desco- bre pela frente. 2. TROTE - E uma andadura por bipedes diagonais associados, portanto a dois tempos, onde do elevarao apoiar de um determina- do bipede ouvem-se duas batidas. Simetrica - Devido a sime- tria dos movimentos de colu- na em relac;:aoao seu eixo longitudinal. Fixada - Devido aos movi- mentos do pescoc;:o serem praticamente imperceptiveis. Saltada - Porque do elevar ao apoiar de um determina- do bipede diagonal associ a- do, existe um tempo de sus- pensao, isto e, um momento em que 0 cavalo se encontra completamente no ar,sem ne- nhum apoio ao solo. Devido a estas caracteristicas e a qualidade de perfeito equi- Ilbrio mecanico, 0 trote se cons- titui na melhor andadura para se realizar 0 exame c1inico do apa- relho locomotor e para 0 adestra- mento do cavalo. Trote curto - Ouando durante a locomoc;:ao0 animal se des- cobre por tras ou antepista. Trate justa ou normal - 0 membro posteriorap6ianosolo exatamente no mesmo ponto de apoio do membro anterior,0 cavalo se cobre ou sobrepista Trote largo - 0 apoio dos membros posteriores ultrapas- sa 0 ponto onde os anteriores apoiaram,0 cavalose transp6e, se descobre ou transpista. No trote curto e no trote lar- go, podemos observar que 0 ca- valo deixa impresso no solo qua- tro marcas, sendo uma de cada membro. No trote justo ou normal, observamos apenas duas marcas, sendo uma de cada bipede. No trote largo, 0 cavalo pode deslocar a garupa para um lado fazendo com que 0 membro posterior passe entre os ante- riores, para apoiar a sua frente, ficando desta maneira em posi- c;:aoobliqua em relac;:aoao eixo da marcha. Nestas condic;:6es, desde que a amplitude da loco- moc;:aoseja grande, teremos um animal em desequillbrio em re- lac;:aoao seu eixo de gravidade e deslocamento. Pode ocorrer tambem que 0 cavalo eleve ra- pidamente 0 anterior para dar passagem ao posterior, desen- cadeando uma falta de sincro- nismo de batidas, tanto maior quanto mais largo for 0 trote, de- sequilibrando mais ainda 0 ani- ma/ que corre 0 risco de se al- canc;:ar,ferindo-se nos tal6es. AE AD 0',0". . . .'. '.~'X"00 Figura 4.2 Trote do cavalo. 3. GALaPE - Constitui 0 terceiro tipo de andadura e e caracteriza- do por assimetria, basculada, sal- tada e ha trestempos. Assimetrica - Em virtude dos movimentos de coluna em relac;:aoao seu eixo lon- gitudinal serem assimetricos. Basculada - Devido aos amplos movimentos de pes- coc;:oque 0 animal realiza. Saltada - Porque ocorre um tempo de suspensao onde 0 animal se encontra sem qual- quer contato com 0 solo. Ha tres tempos - porque do elevar de um dos membros do bipede diagonal dissociado, ou membros do bipede diago- nal associado, ate seu apoio no solo,ouvem-se tres batidas. Galope reunido - E. uma mo- dalidade em que 0 animal, de- vido a intensa atividade pro- pulsora, possui capacidade de extensa mobilidade corpo- ral e de comando, sem que haja diminuic;:aoda capacida- de impulsora na locomoc;:ao. Galope alongado - E. obser- vado quando 0 animal se en- contra com 0 pescoc;:ocom- pletamente estendido, ocor- re aumento da amplitude dos apoios, 0 cavalo se descobre ou transpista sem que haja acelerac;:aoda velocidade. Galope media - Constitui a forma intermediaria das an- teriores, 0 avanc;:oe longo e produz uma andadura tipica- mente cadenciada. Ha tambem 0 galope ha qua- tro tempos, onde 0 apoio do bipede diagonal associado nao se faz simultaneamente, ha uma batida para cada membro. Esta forma de galope s6 e admissi- vel no cavalo de corrida, que pelo seu excesso de velocida- de e forc;:ado a apoiar 0 mem- bro posterior diagonal associa- do antes do apoio do membro anterior. Este movimento adicio- nal faz com que a forc;:apropul- sora aumente e tenha como re- 00 3 9 / 22 ((1 0 12 .' . . . . . '. ..' P E PD 3 TEMPOS 00.' .'.' ." ".. 3~ / 4~ / / 01."l // O~!. .'" .' .... P£ P D 4- TEMPOS Figura 4.3 Galope do cavalo. sultante um galope muito mais longo que 0 normal. 4. SALTa - 0 Saito e um des- locamento subito do corpo para cima e para frente, saito de altu- ra ou saito em distancia, respec- tivamente, que se insere auto- maticamente na sucessao das pisadas do galope. No momento do apoio do bi- pede diagonal a base tripodal anterior, 0 membra anterior do lado interno nao chega para frente como no galope. 0 animal encurva-se e,mediante uma for- te flexao do corpo na regiao to- racica, situa os membros poste- riores embaixo do corpo, elevan- do a cabec;:ae 0 pescoc;:o.Esta- mos na primeira fase ou tempo de preparac;:ao para 0 saito. Na segunda fase, ou fase de execuc;:ao,0 corpo levanta-se pri- meiramente por uma forte ex- tensao do membro anterior inter- no sobre os posteriores flexio- nados, os quais se estendem com grande energia, lanc;:ando0 corpo do animal para cima do obstaculo, desta feita com os membros anteriores flexionados nas articulac;:6escarpicas. A fase de abaixamento finalj- za-se com 0 apoio das duas ex- tremidades anteriores, sendo que 0 membro anterior externo, pouco antes que a do membra anterior do lade interno da pista. Neste momento, as articulac;:6es metacarpofalangicas encon- tram-se em situac;:aode flexao dorsal maxima e recebem inten- sa sobrecarga de retomada ao solo. Os membros posteriores flexionados vencem 0 obstaculo; - ctJlJl c:o ._E :::::J ::::J 0"•••. CIl o.ctJctJ > 6t:.ctJ 0<>0.o lJlE CIl o ctJ u c:o .-- .!:2 ctJ"O"0 CIl ctJ E .!:2 CIlE lJlcctJ CIl c: '0.- <>"0 ctJ•...Uo .-.•..•"0o ::::JE ctJ0-U Uo lJl....I ctJ 0"0 .J:: 0- uCIl ._•... c:ctl ._ 0.. -« u CIl EctJ ><CIl - tUlJl c:o ,_E ::l :l 0"••• Q) c.tU tU >at: ltU 0o-c.o lJlE Q) o tU (J c: 0'-- .~ tU"O "0 Q) tU E .~ Q)E lJl <tU Q) c: '0:c~ •.•. (Jo .- +J"Oo :lE tU0-U (J o lJl ....J tU 0"0 .r:. 0 - (J Q) .-•... c: CIl ._a.. -« (J Q) E tU >< Q) as vezes a cabe~a e 0 pesco<;:o formam movimento de bascula para tras para frear 0 impulso do corpo na fase inicial da retoma- da, reduzindo a sobrecarga so- bre os membros anteriores. No final do saito, as extremi- dades anteriores elevam-se rapi- damente para deixar espa~o para os posteriores que tomam con- tato com 0 solo,elevando-se para isto, primeira 0 membra anterior do lado interno da pista. Assim 0 animal encontra-se novamente no ponto de partida de galope. Sempre que observamos um cavalo, quer para sele<;:aogene- tica, compra, avalia<;:aoda capa- cidade de trabalho (perform an- Figura 4.4 Saito do cavalo. ce), ou para 0 exame c1fnicode uma determinada afec~ao do aparelho locomotor, devemos le- var em conta as caracterfsticas dos aprumos como fator impor- tante a ser considerado. Os aprumos sac praporciona- dos pelos eixos 6sseos e pelas angula~6es articulares que os membros do animal tomam em rela~ao ao seu corpo e ao solo. Os aprumos refletem 0 exato equillbrio harmonico da distribui- ~ao de for~as e do peso para ca- da um dos membros do cavalo. Esta distribui<;:aoproporciona es- tabilidade na condu~ao da sus- tenta<;:aoe propulsao, permitindo a realiza<;:aode movimentos com perfei~ao,elegancia e seguran~a Para a realiza<;:aodo exame dos aprumos do cavalo, e neces- sario que 0 animal esteja tranqui- 10 e apoiado sobre solo firme e plano. 0 cavalo deve ser adequa- damente posicionado, estando alinhados os membros anteriores e posteriores. Na fase inicial do exame, a cabe~a deve estar bem posicionada em rela<;:aoao corpo e mantida pelo condutor com 0 cabo do cabresto curto.A medida que a inspe~ao do cavalo evolui,0 cabo da redea deve ser mantido mais longo, para que 0 cavalo fi- que descontrafdo e adote atitu- des e posturas naturais. Sempre que for necessario,0 condutor do animal deve procurar restabelecer a postura e 0 posicionamento, pracurando corrigir 0 alinhamento dos membros. Posturas e atitudes anormais podem revelar altera- <;:6esnos aprumos ou afec<;:6es nas estruturas relacionadas a 10- como~ao. Para uma inspe<;ao correta dos aprumos do cavalo, 0 exame deve considerar a observa<;ao vista de frente, por tras e de am- bos os lados. Visto de frente Ao tra<;armos uma linha ima- ginaria que parte da articu- la<;aoescapuloumeral em di- re<;aoao solo, esta devera di- vidir 0 membro em duas par- tes iguais e tocar no solo exatamente no ponto medio da pin<;ado casco. Vista de tras A linha imaginaria devera par- tir das tuberosidades isquia- ticas, dividindo 0 membro em duas partes iguais e tocar 0 solo exatamente nos pontos medios dos tal6es. Para avalia<;ao do aprumo, observando-se 0 animal por um de seus lados, devemos tra<;ar tres linhas basicas: A primeiralinhadeverapartir da articula<;aoescapuloumeral,na sua por<;aomais anterior, des- cer paralelamente ao membra e tocar 0 solo a cerca de 10 centfmetros a frente do casco. A segunda linha sera tra<;a- da a partir do ter<;omedio da escapula, descer em dire<;ao ao solo e dividir 0 casco, pela sua face lateral, em duas par- tes simetricas. Figura 4.5 Aprumos regulares - vista lateral. Figura 4.6 Aprumos normais vistos de frente. Figura 4.7 Aprumos narmais vistas de tras. -0 I:C E (,) E <Cll C -00' ~ (,) o-g E0"0 o-'0-0 .£: 0- (,)CiJ_~ C~-0.-<l:: (,) E (l) )( - <tlUl c:o ,_E ::1 :I C"•• Q) Q.l'(l <tl > eft ll'(l 0 U-Q. o UlE Q) o <tlo c:o .-- .!:! <tl"O "0 Q) <tl E .!:! Q)E Ule<tl Q) c: 10.- U- "0 <tl '- 00·- ••••• "0 a :IE <tl0-o 0 a Ul....J <tl0"0 ..c 0 - 0Q) .-'- c:CIS '_ Q.. --< 0 Q) E l'(l ~ • A terceira linha devera partir do olecrano, descer paralela- mente ao metacarpo e repou- sar no solo atras do casco. Membros posteriores A avalia<;aodos aprumos nos membros posteriorestambem tem como base tres linhas principais: • A primeira linha devera par- tir da tuberosidade da tibia, na sua face anterior, descer em dire<;ao ao solo, parale- lamente ao metatarso, e re- pousar a cerca de 10 centl- metros adiante do casco. A segunda linha partira da ar- ticula<;aocoxofemoral, cruza- ra a tibia no seu ter<;omedio e repousara no solo, dividin- do a face lateral do casco em duaspartes simetricas . Figura 4.8 Aprumos normais vistos de lado - membros anteriores. • A terceira linha sera tra<;ada desde a tuberosidade isquia- tica, descera paralelamente ao metatarso em toda sua ex- tensao e tocara no solo atras do casco. Aprumos irregulares As irregularidades observa- das nos aprumos de um animal podem ser proporcionadas ou por defeitos de conforma<;ao osteomuscular de origem con- genita, ou adquiridos por vlcios de postura, cascos mal-apara- dos, qualidades de terreno em que 0 animal trabalha e tipo de trabalho exercido. Tais irregula- ridades saGfatores que predis- poem 0 animal a apresentar le- soes a curto, medio e longo pra- ZO, dependendo do grau de in- Figura 4.9 Aprumos normais vistos de lado - membros posteriores. tensidade da altera<;ao,alem de reduzir a capacidade de susten- ta<;ao e impulsao atraves do desvio dos eixos de gravidade ou de aprumos. Vista de frente Ouando 0 tra<;ado da linha que parte da articula<;ao escapuloumeral tocar 0 solo na face medial do cas- co, temos 0 que chamamos de aberto de frente que pode pisar com as pin<;as dos cascos para dentro ou para fora. Se 0 tra<;ado da linha imagi- naria, que parte da articula- <;aoescapuloumeral, tocar 0 solo na face lateral do casco; temos 0 animal fechado de frente, que pode pisar 0 solo com os cascos voltados para dentro ou para fora. Se tivermos desvios da arti- cula<;ao carpica para dentro ou medial, em rela<;ao a li- nha escapuloumeral, tere- mos um animal valgus car- pico - Qoelhos cambaios). Nesta situa<;ao tambem os cascos podem estar voltados com as pin<;as para fora. Ouando tivermos desvio da articula<;ao carpica para fora ou lateral, em rela<;ao a linha de aprumo, teremos um cavalo varus carpico (joelhos esquerdos), que podem ser acompanhados por frente fechada com as pin<;as dos cascos voltadas para dentro. Figura 4.10 Aberto de frente. Figura 4.12. Joelhos cambaios - valgus. Figura 4.11 Fechado de frente Figura 4.13. Joelhos esquerdos - varus. Visto de lado Ouando 0 trac;:ado da linha que parte do olecrano descer em direc;:aoao solo tangen- ciando 0 boleto, e a linha que parte do ten;;o medio da es- capula tangenciar a articula- c;:aocarpica, devido ao seu desvio cranial, temos 0 cava- 10 conhecido como curvo ou ajoelhado; Se 0 eixo de aprumo escapu- lar atingir 0 solo na regiao da pinc;:ado casco, e a linha ima- ginaria que parte do olecrano tangenciar a face posterior da articulac;:ao carpica, to- cando 0 solo partindo do bo- leto, teremos um desvio pos- terior da articulac;:aocarpica, sendo 0 cavalo conhecido co- mo transcurvo; Ouando a linha que parte da escapula atingir 0 solo adian- te da pinc;:ado casco, e a linha que parte do olecrano a ra- vessar obliquamen eo mem- bro, tocando 0 solo na face lateral do talao, devido ao membro se posicionar como um todo paratras e 0 corpo se prajetar para frente, temos 0 cavalo debruc;:ado; Se 0 eixo que parte da articu- lac;:aoescapuloumeral atingir o solo, dividindo 0 casco em duas partes, e a linha que par- te da escapula atravessar obli- quamente 0membra, tocando o solo atras do casco devido ao membro se posicionar co- mo um todo para frente, e 0 corpo se prajetar para tras, te- mos 0 cavalo estacado ou acampado de frente. - (IJl/) c:o ,_E :::1 ::I 0- ••• Q) Q.(IJ (IJ > 6=E I(IJ 0 U-Q.o l/)E Q) o (IJ(J c:o .-_ (J (IJ:O "'0 Q) (IJ E .~ Q)E l/) «(IJ Q) c: 10.- u- "'0 (IJ ~ (Jo .--"'0o ::IE (IJ0-o (Jo l/) -J (IJ 0"'0 ..r:::. 0 - (JQ) .-~ c:Cil ._ 0.. -« (J Q) E (IJ >< Q) - ro(/l co ._ E :::::l ::::l C"••• C1l Q.roro >61::<ro 0c.>-Q. o (/lE C1l o ro() co .-- .~ ro"O "0 C1l ro E .~ C1lE (/l cro C1l C <0.- c.>- "0 ro•... () 0·- -"0o ::::lE ro0-u () o (/l ---l ro 0"0 .c 0 - ()C1l ._•...Cro ._ 0.-« () C1l Ero ><C1l Figura 4.14 Curvo. Figura 4.15 Transcurvo. Figura 4.17 Estacado. Figura 4.16 Debruyado. Figura 4.18 Aberto de tras. Figura 4.19 Fechado de tras. Figura 4.21 Jarretes abertos -varus. Figura 4.20 Jarretesfechados- valgus. Vista par tras Se 0 eixo que parte da tubero- sidade isquiatica tangenciar a face medial do calcaneo, tere- mos 0 animal aberto de tras. Quando 0 eixo de aprumo tan- genciar 0 calcaneo junto a fa- ce lateral, teremos 0 animal fechado de tras. Quando os calcaneos situa- rem-se para dentro do eixo, teremos 0 valgus tarsico ~ar- retes fechados). Esta altera- c;:aopropicia ao animal ter um apoio de cascos com as pinc;:asvoltadas para fora. Se os calcaneos situarem-se para fora do eixo isquiatico, Figura 4.22 Avanc;ado de tras. teremos 0 varus tarsico ~ar- retes abertos), 0 que obriga o animal a ter um apoio de cascos com as pinc;:asvolta- das para dentro. Vista de /ada Quando 0 eixo trac;:adoda ar- ticulac;:aocoxofemoral tocar 0 solo atras do casco, tangen- ciando 0 calcaneo, e a linha que parte da tuberosidade da tibia repousar no solo, dividin- do 0 casco em dois, temos 0 animal avanc;:adode tras. Se 0 eixo femoral tocar 0 solo a frente do casco, e a linha is- quiatica atingir 0 solo, dividin- do 0 casco em dois, teremos o cavalo plantado de tras. Figura 4.23 Plantado de tras. 4.4. Exame c1inico das c1audica~oes em geral. A definic;:aoc1assicadas c1au- dicac;:6es e a de que estas se constituem em transtorno estru- tural ou funcional, caraderizado pela desarmonia em um ou mais membros, e manifestando-se, particularmente, em movimento, como consequencia de altera- c;:6esdiversas, gerando no ani- mal perturbac;:ao nas estruturas envolvidas na locomoc;:ao. o palavra c1audicac;:ao nao significa propriamente uma a- fecc;:ao,mas sim um conjunto de sinais que podem caraderizar uma entidade nosol6gica espe- dfica ou de alterac;:6es que po- dem acometer em conjunto, di- versas estruturas e sistemas re- lacionados com a locomoc;:aodo cavalo. Dentre as afecc;:6es exter- nas dos equinos, as c1audica- c;:6esrepresentam aproximada- mente 75%; sendo que, destas, aproximadamente 33% saD dos tend6es e bainhas, 30% das articulac;:6es, 20% dos pes, 12% dos ossos e 4% de vasos e nervos. Estes percentuais po- dem se modificar na dependen- cia da faixa etaria do animal e da modalidade de trabalho que executa. Assim como outra afecc;:6es que acometem os caval os, as c1audicac;:6es podem ser de- sencadeadas por ac;:aomultifa- torial, que, ao interagirem, de- sencadeariam 0 quadro clau- dic6geno. • ctJ tfl s:::o ,_E :::l ::l 0'"••• I1l c.ctJctJ >•. ~o •.. IctJ 0 (,)<c. o tflE I1l o ctJ u s:::o .-_ u ctJ:.c "0 I1l ctJ E.!2 I1lE tfl<ctJ I1l s::: 10 .- (,)< "0 ctJ•..U o .-.•.• "0o ::lE ctJ0-U U o III ~ ctJ 0"0 £ 0- U<lJ ._•.. s:::CIl ,_ 0.. -« uI1l E ctJ ><I1l - Cll11l c::0._E :j j 0- ••• Q) CoCllCll > 6=E ICll 0o-Co o 11lE Q) o cll o c::o .-_ 0 Cll=ti "U Q) cll E .~ Q)E 11l<cll Q) c:: 10 .- 0-"U cll•...0 0·--"Ua jE cll0-o 0 a 11l....J cll 0"U £ 0 - 0 Q) .-•... c:: C1:l 0_ 0.-« 0 Q) Ecll )( Q) HEREDITARIOS INFECCIOSOS CLAUDICAC::OES/ / , AMBIENTAIS NUTRICIONAIS A. Classifica~oes das Claudica~oes Para melhorentendimento etiopatogenico e das caracterfs- ticas c1fnicas das c1audicac;:6es, podemos c1assifica-las confor- me abaixo: 1. Quanto a etiologia: inflama- t6rias; mecanicas e devido a paralisias motoras. 2. Quanto ao grau • Grau I. Transtorno motor discreto, exige muita aten- c;:aopara ser observado. • Grau II. Animal c1audica, porem apoia 0membro afe- tado ao solo • Grau III. Animal c1audica apoiando 0 membro afe- tado ao solo com muita di- ficuldade. • Grau IV.Animal nao apoia 0 membra ao solo e pode ter muita dificuldade para iniciar a locomoc;:ao(relutancia). • Grau V. Decubito devido a impossibilidade de se sus- tentar sobre os membros. 3. Quanto a apresenta<;:8.o •Subitas: Evoluc;:ao aguda, sac intensas desde 0 infcio dos sinais. • Lentas: Evoluem vagorosa- mente apresentando ten- dencia a cr6nificac;:ao • Recidivantes: Depois de cura temporaria ou aparen- te, voltam ase manifestar em geral com caracterfsticas diferentes. 4. Quanto a regi8.o afetada Zootecnicamente podemos considerar que 0 animal apre- senta c1audicac;:aodo pe; do jar- rete; da canela; da escapula; do boleto; da coluna vertebral; da bacia etc., conforme a regiao acometida. 5. Quanto a evolu<;:8.O:podem ser agudas ou cr6nicas. 6. Quanto a manifestaQ8.a: • Contfnuas: quando a inten- sidade da c1audicac;:aonao sofre variac;:aocom 0 exer- cicio ou repouso do animal. • Remitente: quando a claud i- cac;:aomelhora com 0 exer- cicio ou com 0 repouso. • Intermitente: quando a c1au- dicac;:aodesaparece ou retor- na com 0 exercfcio ou com 0 repouso: Ainda quanta amanifestac;:ao, as c1audicac;:6espodem ser: • A frio: manifesta-se com 0 repouso e desaparece com o exerclcio. • A quente: ficam mais inten- sas com 0 exercfcio e s6 de- saparecem com 0 repouso prolongado do animal. 7. Quanto a natureza: • Manqueira de apoio: mani- festa-se ou agrava-se no momento que 0 animal apoia o membro ao solo, sendo mais intensa em terrenos duros. • Manqueira de eleva<;:8.a: ma- nifesta-se ou se agrava no momento que 0 animal ele- va 0 membra do solo para a locomoc;:ao,podendose apre- sentar com caracterfsticas mais intensa quando 0 ani- mal saltaobstaculos ou loco- move-se em terrenos fofos, com baixa densidade. • Mistas: manifesta-se duran- te as duas condic;:6esante- riores. 7. Quanto as causas As c1audicac;:6espodem ser congenitas e adquiridas e decor- rentes de processos inflamat6- rios; traumatismos; infecciosas; metab6licas; musculares; tendf- neas; nervos; circulat6rias; meca- nicas; parasitarias; neoplasicas ou multifatorial. 8. Quanta a predisposi<;:8.o Sao condic;:6espredisponentes no desencadeamento das c1au- dicac;:6esos aprumos anormais dos membras; a ma conformac;:ao dos pes (finos, chatos, parede do casco delgada, grau higrametrico do casco etc.); 0 tipo de servi<;:o que 0 cavalo executa; idade e trei- namento inadequado; os diversos tipos de terrenos e sua densida- de; as ferraduras inadequadas ou mal colocadas; 0 manejo nutricio- nal deficiente ou a superalimen- ta<;:ao;0 manejo higienico-sanita- rio precario;a hereditariedade etc. 9. Quanto a determinayao das claudicayoes: • As que determinam sensa- <;:oesdolorosas no membros ou em regi6es circunvizinhas. ·Obstaculos mecanicos ou funcionais nos ossos, ar- ticula<;:6es, tend6es e nos ligamentos. • Paralisiascom les6esmuscu- lares ou de nervos motores. B. 0 cli"nico perante o paciente o diagn6stico c1lnicodas c1au- dica<;:6esdos cavalos constitui-se em um trlplice problema, e, desta forma, 0 medico veterinario fre- quentemente necessita realizar um exame investigativo com me- todologia cientlfica, perspicacia, muita paciencia e 0 atendimento aym protocolode exameque con- tenha todas as informa<;:6esper- tinentes ao meio ambiente em que 0 animal vive, seu manejo e caracterlsticas das afec<;:6escau- sadoras de c1audica<;:ao. E necessarioque seja definido: 1. Qual 0 membra c1audicante. 2. Qual a sede da lesao au da afecyao. 3. Qual a natureza au afecyao que esta acometendo a animal como causa da claudicayao. Para a solu<;:aodo primeira problema, devemos considerar: 1. Anamnese A anamnese deve levar em conta, principalmente, a inlcio e evolu<;:aoda manqueira, causas provaveis, comportamento das fun<;:6esmotoras, tratamentos ja realizados e resultados. Na maioria das vezes a mem- bra c1audicanteja vem identifica- do pelo proprietario, tratador au treinador do animal. Quanta esta informa<;:aonao esta disponlvel, e comum que tenhamos como resposta que "0 animal esta de- sequilibrado ou se defendendo". Nestas situa<;:6es,a estudo das caracterlsticas da cinematica 10- comotora auxilia em muito a de- termina<;:aodo membro que c1au- dica. Imagens em video sac ex- tremamente uteis, quando apre- ciadas em camara lenta, para a interpreta<;:ao dos diversos as- pectos que caracterizam os va- rios tipos de andamento e seus padr6es fisiol6gicos. 2. Exame do animal Deve ser realizado na seguin- te sequencia: 1. Inspeyao em repouso. 2. Inspeyao em movimento. 3. Exame objetivo. 4. Exames complementares. Sede da Lesao Para a determina<;:aoda sede da afec<;:ao,proceda da seguin- te maneira: Anamnese rememorativa: ratificar as aspectos abaixo: • Evolu<;:ao. • Causas mais provaveis. • Tipo de Manqueira. • Manqueira a frio ou a quente. • Uso de ferraduras. Atitudes do membra au ex- plorayao funcional: • Posi<;:aoem rela<;:aoao solo e ao corpo do animal (flexao, extensao, adu<;:ao,abdu<;:ao e rotacionado. • Tipo de apoio utilizado (pin- <;:a,tal6es, quartos). Progressao do passo: • Distancia: curta au longa. • Arco de avan<;:o(eleva<;:ao): alto ou baixo . • Trajet6riado passo: para fora ou para dentro. Sintomas locais: • Aumentos de volume. • Sensibilidade local. • Aumento ou redu<;:aodatem- peratura. • Movimentos anormais ativos e passivos. • Odores anormais. • RUldos anormais. Provas particulares: relacionadas a estatica e dinamica da atitude funcional do membro enfermo: Aprumo for<;:ado:Erquimento de membra (apoio contrala- teral for<;:ado). Prava da rampa ou da cunha de Lungwitz: Les6es nos se- sam6ides e face posterior do casco. Prova da flanela: bandagem de flanela sob pressao alivia a c1audica<;:aonos casos de exostose do metacarpo du- rante a fase de forma<;:ao. • roIII c:o ,_E ::3 :3 C'••. Q)c.co ro >~:.wo •.. lro 0U'c.o VlE 0 o ro u c:o .-- ,~ ro"O "0 Q) ro E .~ Q)E IIIcro Q) c: '0 .- U' "0 ro•...u o .-.•..•"0 o :3E ro0-u uo III --l ro 0"0 ..c: 0 - uQ) .-•... c: ell ._ Cl. -« u Q) E ro >< Q) • co fIl s:::o ._E ::J :J 0" "- Q)e.co CO >--:+:;o "-•co 0o-e.o fIlE Q) o CO o s:::o .-- .2 co "0 "0 Q) co E .2 Q)E fIl <co Q) s::: '0.- 0- "0 co•..0 o .-.•..•"0o :JE co0-u 0 o fIl .....J co 0"0 ..c 0 - 0 Q) .-•.. s:::ell '_0.-« 0 Q) Eco >< Q) Prova do esparavao. Movimentos passivos de fle- xao,extensao,adu~ao,abdu- ~ao, rota~ao e tra~ao. • Anestesias local e regional. OBS.: nas formas agudas de c1audica~ao,as provasanat6micas e funcionais podem resolver0 se- gundo problema,ao passoque nas formas cr6nica,faz-se necessario, na maioria das vezes, a utiliza~ao de bloqueios anestesicos. Determinada atraves do co- nhecimento do rol de afec~6es clinico-cirurgica, dos ossos, liga- mentos, articula~6es, musculos, tend6es, vasos, nervos, metab6- licas etc., tratadas nos capitulos espedficos. C. Exame e interpreta~ao cllnica das claudica~oes o exame do animal, quer em repouso quer em movimento, sempre deve ser realizado em lo- cal plano e livre de ocorrencias que possam interferir com 0 com- portamento do animal. Observe- o pelos quatro pontos cardiais (pela frente, por tras, pelo lado di- reito e pelo lado esquerdo), em repouso e em movimento. a. Inspeyao - Observar: • Atitudes e posturasanormais. • Inflama~6es, solu~6es de continuidade, aumentos de volume. • Altera~6es de colora~ao da pele. • Simetria, aprumos e ponto de apoio dos membros. b. Palpayao: • Direta (com a mao). • lndireta (com instrumental). • Temperatura (inflama~6es, gangrenas e interrup~ao da circula~ao). • Sensibilidades superficial e profunda, cutanea, dos ten- d6es e ligamentos, e das articula~6es. • Movimentos passivos:flexao, extensao, adu~ao, abdu~ao, rota~ao, tra~ao. • Temperatura local e pulso arterial. c. Audiyao: ruidos crepitantes, fraturas, roces ou enfisemas. d. Olfayao: processos supu- rativos e gangrenosos (gan- grena umida e dermovilite exsudativa). 2. Emmovimento: a. Inspeyao: 0 animal deve ser observado pelos quatro pon- tos cardeais no passo, no tro- te, e no galope, em pista reta e redondel e em solos de tres consistencias diferentes, co- mo por exemplo: cimento, gra- ma, areia (fofa). o trote constitui-se no melhor andamento para observa~ao de claudica~6es. Neste sentido: o membro que claudica se eleva ou apoia em abdu~ao nos problemas externos e da regiao inguinal; ou 0 membro se eleva ou apoia em adu<;ao em les6es externas. o cavalo apoia 0 membro s6 com a pin~a,talao, face lateral ou medial do casco, conforme a sede da afec~ao, contra-la- teral aomodo de pisar(defesa). Casco mais elevado do solo: principalmente na flexao es- pasm6dica do membro (har- pejo) e na osteoartrite tarsica (esparavao) . Apoio cuidadoso do membro: nos proc$SSOSdolorosos do interior do casco ou superfi- cie volar (contusao da sola,es- trepada, abscesso solear, fra- tura da falange distal); • Apoio e eleva~ao rapidas: na flexao espasm6dica e nas afec~6es dos tend6es, dos musculos. Flex6es articulares incomple- tas: nas anquiloses ou pro- cessos articulares; ou flexao mais ampla nas roturas de li- gamentos. Movimentos de eleva<;ao e abaixamento de cabe<;ae da pelve: nas diversas manquei- ras de manifesta~ao intensa. A eleva<;ao da cabe<;a e da bacia coincide com a eleva- <;aoou 0 apoio do membro, deslocando 0 ponto de apoio. A cabe<;ase eleva sincronica- mente no apoio do membro comprometido por afec<;aona regiao distal (manqueira bai- xa), e se eleva na eleva~ao do membro comprometido por afec<;ao na regiao proximal (manqueira alta) Deslocamento do corpo para o lado nao comprometido. Dificuldade para iniciar a marcha. Passos curtos e rapidos dos membros anteriores nos ca- sos de laminite. Incoordenac;ao motora pos- terior: nas les6es do Sistema Nervoso Central, ossos da co- luna, ossos da pelve e nas mieloencefalites. Manqueira • baixa: passo longo. Com- prometimento de estrutu- ras situadas do terc;o me- dio do 1110o. metacarpico ou metatarsico, ate a extremi- dade distal do membro. • alta: passo curto. Com pro- metimento de estruturas situadas no terc;o proximal dos membros anteriores e posteriores. • mista: nao ha diferenc;a. Ouando 0 acometimento for da regiao situada entre 0 ter- C;O medio do radio e ulna ate o terc;omedio do metacarpo nos membros anteriores, e do terc;o medio da tibia e fi- bula ate 0 terc;o medio do terceiro o. metatarsico, nos membros posteriores. Tipo do terreno e da pista • Duro: intensifica as manquei- ras de apoio. • Mole (fofo): intensifica as manqueira de elevac;ao. • Redondel:intensificaasman- queiras quando 0 membro afetado estiver situado inter- namente ao raio da pista, e agrava-se, ainda mais,quan- to menor for este raio.0 exa- me pode ser iniciado com uma guia de cerca de 8 me- tros de comprimento e dimi- nuida, paulatinamente, em 1 metro a cada procedimento. b. PalpaQaoconcomitante: cre- pitac;ao quando ao passo. c. AudiQao: rUldos em geral; no passo, 0 rUldo do membro c1audicante e mais abafado que 0 contra-lateral sadio, e crepitante nos casos de fratu- ras do osso coxal. 0 rUldopo- de tambem ser audlvel com 0 uso de estetosc6pio. OBS.: reexaminar 0 animal em repouso ap6s a realizac;aodo exa- me em movimento. 3. Exames complementares Punc;6es diagn6sticas (ava- liac;6es dos aspectos flsicos e laboratoriais). Bloqueios anestesicos (exa- minar novamente em repou- so e exercfcio). Raios-X (simples e contras- tados). Ultra-sonografia. Termografia. Esteira de alta perfomance (avaliac;ao ergometrica). Outros. PROTOCOLO DE CLAUDICAvAo LOGOTIPO DA CLiNICA OU DADOS DE IDENTIFICAC;AO DO PRO FISSIONAL Data _/_/_/ R.G.: Nome do animal: _ Ra9a: ----- Nome do proprietario: _/_------------------------- Enderec;:o: _ Telefone de contato: _ Hist6ria c1inica Responsavel pelas informac;:6es: ( ) proprietario Manejo do animal: ( ) estabulac;:ao permanente ( ) pasto exclusivamente Uso do animal (trabalho): ( ) infcio do treinamento ( ) provas de aptidao Mudanc;:a do tipo de trabalho (treinamento)? Oual? _ Alimentac;:ao : tipo de capim disponfvel _ ( ) tratador ( ) semi estabulado ( ) "creeper" ( ) enduro ( ) saito - Oual? _ ( ) medico veterinario ( ) cocho no pasta ( ) corrida ( ) sela ( ) outro - Cll(/) c:o ._E :::s ::s C' ••• Q) o.CllCll > 6:.e ICll 0(.)00. o (/)E Q) o Cll() c:o .-- .S!Cll'O '0 Q) Cll E .S! Q)E (/) 'Cll Q) c: '0 .- (.)0 '0 Cll... ()o .-.•..•'0 o ::sE Cll0-o 0o (/) ...J Cll 0'0 ..c 0 - 0Q) .-•.. c:ctl ._n.-« 0 Q) ECll >< Q) - ro(/) c:o ._ E ::J :J C"•.• al o.roro >at: lro 0<>0.o (/)E al o ro <.:> c:o .-- .2 ro"O "0 al ro E .2 alE (/) cro al c: 10.- <> "0 ro •... <.:>o .--"0 o :JE ro0-o <.:> o (/) .....J ro 0"0 ..c 0 - <.:> (j) .-•... c: CIl ._ 0.. -<t: <.:> al Ero )( al Ra<;ao:_______________ quantidade / dia: _ Verde / feno: Sal mineral: _ E: fornecida suplementa<;ao vitaminica ou promotor de crescimento? Oual? _ Vermifugac;:ao: _ Vacinas: _ Oueixa de c1audica<;ao do membro: ( ) MAD Ocorreu a/gum trauma (acidente) com 0 animal? Caso positivo, descreva: _ ( ) MAE ( ) sim ( ) MPD () MPE ( ) nao o animal c1audica ha quanto tempo? _ Ja apresentou c1audica<;ao anteriormente? Caso positivo, descreva: _ ) de manha () apos exercicio ) piora com 0 exercicio ( ) melhora com 0 exercicio ( ) indiferente Notou aumento de volume ou deformidades em algum membro? Caso positivo, qual 0 local? _ o processo: ( ) aumentou () diminuiu () estabilizou Houve drenagem expontanea ou provocada de material: () sangue () pus () seroso Foi elaborada alguma hipotese diagnostica? Caso positivo, qual? _ Foi realizado algum tipo de tratamento? ( ) sim () nao Caso positivo, quais medicamentos foram utilizados, dose, tempo: _ Foi realizado repouso? Houve melhora? ( ) sim ( ) sim ( ) nao ( ) nao Caso positivo, par: ( ) piorou Frequencia de casqueamento e ferrageamento: _ Realizado par: _ o animal nasceu com alguma alterac;:ao de aprumos? Caso positivo, qual? _ o animal ja foi submetido a cirurgias corretivas? Caso positivo, qual? _ 1. Animal em repouso Ferrageamento: ( ) sim ( ) nao Tipo de ferradura: _ Alterac;:oes de Aprumos Visto de frente: _ Visto de tras: _ Visto de lado (direito e esquerdo): _ Eixo podofalangico: _ Nivelamento e balanceamento do pe: _ Posturas anormais: Existe solu<;:aode continuidade da pele? Atrofias museu lares: Aumentos de volume: () sim () nao 2. Animal em movimento Reluta iniciar 0 andamento: Caracterfstica do andamento: Apresenta c1audica<;:aoao: ( ) sim () nao ( ) marchador () trotador () outros: _ ( ) passo () trote () galope () MAD ( ) MPD () MPE Caracterfstica da c1audica<;:ao:( ) eleva<;:ao ( ) mista () apoio ( ) complementar Caracterfstica da fase de eleva<;:ao: _ Caracterfstica da fase de avan<;:o: _ Caracterfstica da fase de apoio: _ Distancia do apoio: () aumentada () diminufda () sem altera<;:ao Interferencias observadas: _ Movimentos anormais de cabe<;:a/ pesco<;:o(batida de cabe<;:a): Movimentos anormais de coluna: _ Movimentos anormais da pelve e dos membros posteriores: _ Exacerba<;:ao da c1audica<;:aoap6s movimentos e posturas sob esfor<;:o: () sim () nao Caracterfsticas: _ Movimentos em redondel: () membro direito (sentido horario) () membros esquerdo (sentido anti-horario) Caracterfsticas: _ Exacerba<;:ao da c1audica<;:aoem solo: ( ) duro Movimentos em esteira de alta velocidade ( ) sim A c1audica<;:aoestave presente no exame na esteira Esteira na horizontal () Esteira com aclive ( ) Velocidade em que apresentou c1audica<;:ao: _ Tempo,.-deexercfcio na esteira: _ Caracterize 0 quadro da c1audica<;:ao: _ ( ) arenoso) () grama () pedra( ) nao ( ) sim ( ) nao Quantos graus? _ - rof/) c:0._ E ::1 :1 C"••• C1J Q.ro ro >.. :.;:;o •.. 'ro 0(,)-0. o f/)E C1J o rou c:o .-_ u ro:O "0 C1J ro E .~ C1JE f/) cro C1J c: '0.- (,)- "0 ro •.. uo .--"0o :1 E roo0-o uo f/) ....J ro0"0 .c. 0 - uQ) .-•.• c:ell ._0..- <t: U C1J Ero >< C1J " (IJ(/) c:o ._E :::1 ::I 0- ••• Q) Q.(IJ (IJ > <it 1(IJ 0 l.>'Q.o (/)E Q) o (IJ() c:o .-- () (IJ:C "0 Q) (IJ E .~ Q)E (/) c(IJ Q) c: '0.- l.>' "0 (IJ•... ()o .--"0o ::IE (IJ0-o ()o (/) -J (IJ 0"0 ..c: 0 - ()(lJ ._•... c: C(J ._0.-« () Q) E (IJ >< Q) Foram realizadas filmagens dos testes em esteira: () sim () nao Foram realizados exames ergometricos e complementares (avalia<;:6es respirat6ria, cardiovascular, hemogasometricas e laboratoriais de sangue) () sim () nao Oescreva os resultados: _ Exames objetivos Temperatura local: () aumentada () diminuida () normal Reflexos cutanea e muscular: () hiperreflexia () hiporreflexia () normal Oescrever regiao e estruturas: _ Sensibilidade local (dor): () aumentada () diminuida () normal ( ) profunda por movimentos: ( ) passivo Movimentos pasivos: () adu<;:ao () abdu<;:ao () rota<;:ao () flexao Caracterize: _ ( ) superficial ( ) ativo ( ) extensao Ruido de crepta<;:ao: () sim () nao Estrutura (descrever): _ Ruido de roce articular: ( ) sim () nao Realizada pun<;:6es? () sim () nao Caso positivo, caracterizar a estrutura puncionada: _ Oescrever caracterlsticas f1sicas do material drenado _ Encaminhamento laboratorial: () sim () nao Exames complementares Bloqueio anestesico da regiao: _ Houve melhora do quadro de c1audica<;:ao? () sim () nao Raios-X: _ Ultra-sonografia: _ Termografia: _ Artroscopia: _ Outros: _ Suspeitas diagn6sticas: 1. _ 2. _ 3. _ Tratamentos instituidos: Conservativo: _ Cirurgico: _ Progn6stico: Quanto a vida: Quanto a fun<;:aomotora: _ Observa<;:6es gerais: _ Nome _ 4.5. Medicina esportiva eqUina e protocolos de avalia~ao de desempenho atletico de cavalos em esteira de alta performance. Em complementa<;:ao aos exames convencionais do apa- relho locomotor dos equinos, os testes em esteiras de alta per- formance se constituem em fer- ramenta de grande utilidade na avalia<;:aodo membra c1audican- te, da sede da lesao e das carac- terfsticas c1inicas da manqueira, para a elabora<;:aode diagn6sti- co seguro. Desde a antiguidade 0 ho- mem vem desafiando sua capa- cidade ffsica, objetivando cada vez mais a supera<;:aode marcas de velocidade e da capacidade de resistencia, como desafio a natu- reza do organismo humano. A atividade atletica, como de- safio a capacidade ffsica do ho- mem, como a conhecemos nos dias de hoje, iniciou-se efetiva- mente com osjogos Olfmpicos na Grecia, e tem demonstrado que a tenacidade, 0 desafio e 0 conhe- cimento dos diversos fen6menos metab61icosligados a fisiologia do exercfcio podem contribuir para o aperfei<;:oamentode tecnicas de prepara<;:aocom vistas a uma per- formance que poderfamos dizer, sem Iimites. o improviso e a falta de me- todos cientfficos de condiciona- mento e de prepara<;:aocom ati- vidades ffsicas desastrosas, ate na atualidade, tem retirado defi- nitivamente de competi<;:6es,atle- tas e figuras promissoras nas di- versas modalidades esportivas. Sob 0 ponto de vista hist6ri- co, a aten<;:aocientffica sobre os diversos mecanismos organicos ligados ao esfor<;:offsico e as al- tera<;:6esfisiol6gicas que ocorrem durante 0 transcorrer do exercf- cio em humanos, iniciou-se por volta de 1920, quando foram rea- lizados estudos objetivando 0 co- nhecimento das possfveiscausas bioqufmicas e fisiol6gicas que le- vavam a graves manifesta<;:6esde fadiga durante e ap6s 0 exercf- cio. Entretanto, tao somente na decada de 60 e que foram reali- zadas pesquisas com metodolo- gia cientffica, estabelecendo-se uma nova area de conhecimento medico denominada medicina esportiva, que evoluiu como cien- cia do exercfcio no meio cientffi- co internacional. Tanto isto e real, que muitas das marcas atleticas anteriores ha esta decada foram superadas por atletas dos pafses que desenvolveram tecnologias e metodos cientfficos de avalia<;:ao da fisiologia e da fisiopatogenia do exercfcio, como os EUA e al- guns pafses do leste europeu. estimulando a pesquisa nesta area de conhecimento medico. que recebe vultosas quantias em recursos financeiros. Outra as- peeto a ser levado em conside- ra<;:ao,referente ao conhecimen- to da fisiologia e da fisiopatologia do exercfcio, e a crescente preo- cupa<;:aoda comunidade cientf- fica e da popula<;:ao em geral, com a melhoria da qualidade de vida, mantendo um organismo saudavel e livre do empirismo atletico danoso, atraves de ativi- dades ffsicas orientadas e res- paldadas no conhecimento da capacidade do organismo. Isto s6 se torna possfvel conhecendo-se a fisiologia e a habilidade de res- posta as exigencias do exercfcio contralado e da atividade atleti- ca desafiadora. Seguindo a mesma linha de indaga<;:aocientffica da atividade Figura 4.24 Avaliac;;aolocomotora em esteira de alta performance. - ctl(f) t:o ._E :::J ::J 0' •• Q) o'ctl ctl > o:e o V'o, o EoU t:0-_ u ctl~ "0 ¢I ctl E .S:! Q)E (f)cctl Q) t: '0.- <.>-"0 ctl•....U o .- -"0o ::JE ctl0-() uo (f) ....J ctl 0"0 ..c: 0 - u(J) ._•....t: CIl ._ 0.- <{ U Q) Ectlx Q) - IIIl/l C 0,_ E ::1 :I tT ••• Q) ColliIII > 6t: till 0 <JoCo o l/lE Q) o IIIo C 0'-_ 0 1ll:O -0 Q) III E .~ Q)E l/l 'Ill Q) C 10 .- <Jo-0 III '-0o .---0o :IE III0-o 0 o l/l...J III 0-0 L 0 - 0Q) .-'-Cctl ,_a.. -« 0 Q) E ~, Q) f1sica e atletica do homem, os eqi.iinos, importantes como meio de transporte e de trabalho des- de os tempos mais remotos, fo- ram submetidos a estudos sobre a fisiologia do exerdcio em 1934 par Procter et aI., objetivando 0 conhecimento do metabolismo energetico, em particular no que se referia aos fen6menos decor- rentes do trabalho realizado por cavalos de tra<;:ao,Pode-se con- siderar os estudos de Procter et al. (1934) como 0 primeiro mar- co no conhecimento da fisiologia do exerdcio nos eqi.iinos, So- mente muito tempo depois, nas decadas de 50 e 60 com Irvaine (1958) e Pearsson (1967),e que foram realizados estudos sobre as altera<;:6eshematol6gicas re- lacionadas ao exerdcio, estudos estes que se constituiram no se- gundo marco da medicina espor- tiva eqi.iina, o terceiro marco da medici- na esportiva eqi.iina ocorreu na decada de 80 com Irves (1983) e Swan (1984), que publicaram livros sobre treinamentos de ca- valos, que tinham por base a apli- ca<;:aode protocolos simples que exaltavam as possibilidades de sucesso atletico, sucessos esses que na pratica nao se confirma- ram devida a falta de embasa- mento cientifico e de conheci- mentos mais profundos de me- todologia cientlfica aplicada, o quarto marco do conheci- mento da medicina esportiva eqi.iina,com base cientifica, ocar- reu no final da decada de 80 ate o inicio do novo milenio, quando foram desenvolvidos estudos que uniram os conhecimentos da fisiologia em geral, notadamen- te da biodinamica dos cavalos, da bioquimica da energia, do sis- tema cardiocirculat6rio, do siste- ma respirat6rio, do sistema ner- voso, do sistema musculo-es- queletico, da genetica e da sau- de animal. Este complexo qua- dro de conhecimentos foi inter- ligado e desenvolvido a favor da fisiologia do exerdcio, e, conse- qi.ientemente, do conhecimento das aptid6es atleticas dos cava- los, por equipes multidisciplina- res, destacando-se os trabalhos de Bayly (1989); WAGNER et al. (1989); Seeherman & Morris, (1990); Art & Lekeux, (1993); Rose e Hodgson (1994); Der- man & Noakes, (1994); Evans et aI., (1995); Mckeever & Hin- chcliff, (1995); Christley et al. (1999); Katz et al.(1999); Ro- berts et al. (1999); O-Ooster- baan & Clayton, (1999); GOETZ et aI., (2001); MANOHAR et al. (2001) e Marlin (2001), e no Brasil por Meirelles e por Fernan- des (1994), entre muitos outros produzidos por pesquisadores da medicina esportiva eqi.iina, Atualmente, sabe-se da ine- xistencia de metod os simples para proporcionar 0 sucesso atletico em cavalos, uma vez que ha a necessidade de uma com- plexa intera<;:aodas avalia<;:6es dos sistemas musculo-esquele- tico, nervoso, respirat6rio e car- diovascular, para a obten<;:aodo maximo desempenho, Assim sendo, a capacidade e a integri- dade destes sistemas frente ao exerdcio representam um indice substancialmente importante na determina<;:ao do potencial de performance, de forma que, pes- quisas forneceram a oportunida- de da uti Iiza<;:aode metodos mo- demos de avalia<;:6ese progra- mas de treinamento do cavalo pelos proprietarios, treinadores e medicos veterinarios, E de suma importancia que se destaque que os conheci- mentos obtidos, assim como os prindpios utilizados na ciencia do exerdcio em humanos, nem sempre saG possiveis de serem aplicados para 0 treinamento de eqi.iinos, uma vez que os treina- dores de atletas humanos con- tam com 0 relato objetivo do atleta, das sensa<;:6ese das difi- culdades encontradas durante o transcorrer do exerdcio. Infe- lizmente, para os treinadores de cavalos e os pesquisadores da medicina esportiva eqi.iina, esta inter-rela<;:ao direta nao ocorre, estando na dependencia de re- latos das sensa<;:6esdo ginete e da observa<;:aoda psique e do comportamento atletico dos ca- valos, Em razao dessas peculia- ridades, e improvavel que pro- gramas e protocolos utilizados em treinamento possam aten- der a especificidade necessaria para cada cavalo. Ha que se considerar que, atletas de alto desempenho, sejam eles huma- nos ou cavalos, quase sempre saG compelidos a se exercita- rem pr6ximos ao limite entre 0 maximo de esfor<;:o suportavel pelo seu organismo e 0 excesso de treinamento. Fatores ligados ao desempenho atletico Independentemente da ativi- dade esportiva ou da especie, a habilidade atletica e determina- da por quatro fatores principais: Genetica. Ambiente. Saude. Treinamento. Destes quatro fatores, de- po is dos fatores geneticos, 0 treinamento seria a variavel mais importante para determinar 0 sucesso desportivo do atleta higido. Neste sentido, os progra- mas de treinamento de equinos devem objetivar os seguintes aspectos: 1. Aumentar a capacidade do caval a ao exercicio. 2. Aumentar a tempo de inicio das manifestayoes de fadiga. 3. Aumentar a desempenho, pelo aumento: 1. da destreza. 2. da forc;a. 3. da velocidade. 4. da resistencia. 4. Diminuir os riscos de lesoes. Respostas do organlsmo ao exercfcio Func;ao cardfaca As mensurac;6es da frequen- cia cardiaca durante 0 exerdcio em cavalos atletas sac emprega- das para quantificar a intensida- de da carga de trabalho, monito- rar 0 condicionamento flsico e para estudar os efeitos do exer- dcio sobre 0 sistema cardiovas- cular. 0 sistema cardiovascular responde ao exerdcio com acen- tuado aumento da frequencia car- diaca, da forc;a de contrac;ao, do volume sist61icoe do debito car- diaco. Estas respostas cardiovas- culares sac rapidas e concomi- tantes a venoconstricc;ao e vaso- dilatac;ao arterial para um traba- Iho muscular adequado as exi- gencias do exerdcio. Durante a atividade flsica, observa-se um aumento linear da frequencia cardiaca, propor- cional ao aumento da velocida- de de exerdcio ate atingir valo- res de 210 bpm, e frequente- mente atinge um valor maximo, o qual nao se eleva mesmo com o aumento da intensidade de trabalho, caracteristica esta de- nominada de frequencia cardia- ca maxima (Fe .), que para max cavalos de corrida situa-se em tomo de 240-250 bpm. A mensurac;ao da velocida- de de exerdcio na qual a fre- quencia cardiaca atinge 0 valor de 200 bpm, que corresponde ao V200, disponibiliza informa- c;ao util para avaliar a capacida- de de trabalho aer6bico de ca- valos, e possui boa correlac;ao com 0 consumo maximo de oxi- genio (V02 ) nos testes em max esteira de alta velocidade. En- tretanto, a frequencia cardiaca maxima nao se altera com a condic;ao de treinamento, de forma que a velocidade na qual e obtida pode ser maior em ani- mais com melhor condiciona- mento e menor naqueles que apresentam, por exemplo, doen- c;a pulmonar obstrutiva cranica, hemorragia pulmonar induzida por exerclcio ou enfermidade cardiaca. A elevac;ao do V200 durante 0 treinamento sugere um aumento do maximo poder aer6bico e a sua diminuic;ao pode sugerir perda de condicio- namento cardiovascular, enfer- midade pulmonar ou cardiaca, ou a presenc;a de claudicac;ao. Func;ao respirat6ria e hemogasometria Tanto em humanos quanto em cavalos, no ar expirado du- rante 0 exerclcio podem ser mensurados os conteudos de oxigenio e di6xido de carbono, possibilitando, dessa forma, 0 calculo da taxa de consumo de oxigenio para diferentes inten- sidades de exerclcios. 0 valor do consumo maximo de oxige- nio (V02 ), que e definido max como sendo a quantidade ma- xima de oxigenio utilizada pelo individuo durante um exerclcio maximo ate a exaustao, e de- terminado pelo aumento da carga de trabalho ou da veloci- dade da esteira, de maneira gradativa, e sob monitoramen- to constante da taxa de con- sumo de oxigenio. 0 consumo de oxigenio aumenta linear- mente com 0 aumento da ve- locidade, ate 0 momento em que se observa que 0 aumento na velocidade nao e acompa- nhado por um aumento propor- cional no consumo de oxigenio. o volume de ar inspirado e expirado durante um cicio respi- rat6rio normal, e chamado de volume corrente (Vc). Este valor em cavalos atletas saudaveis e em repouso e de aproximada- ~ IV l/l t:o ._E :;:' ;:, 0'•.•.Q) 0. IV IV > 6=2 IIV 0 0-0. o l/lE Q) o IVo t:o .-- .~ IV "0 "0 Q) IV E .~ Q)E l/l <IV Q) t: 10 .- 0- "0 IV•..0o .- +-'"0o ;:,E IV0-o 0 o l/l....I IV 0"0 ..c 0 - 0 (j) .-•.. t: CIl ._n.-« 0 Q) E IV >< Q) ~ mII) c 0._E ::J :J C""- (]) Comm >-+:io "-1m 0 O-Coo II)E (])o mo co .-- .2m"" (])m E .2 (])E II)em (]) C '0.- 0- " m•...0 0·--"o :JE m0-u 0 o II)....J m 0"..c: 0 - 0(]) .-•...C CIl ._n.- 4: 0 (]) Em >< (]) mente 12 mL/kg de peso cor- poral. Multiplicando-se 0 volume corrente pela frequencia respi- ratoria (8 a 15 movimentos res- piratorios por minuto), teremos a ventila<;:13.opor minuto (VE), que e da ordem de 80 I/min, poden- do atingir durante exerdcio ma- ximo, valores de 1800 I/min. Em humanos, ha uma tenden- cia nos melhores atletas (de eli- te), em apresentarem valores al- tos de V02max, variando entre 69 e 85 ml de 02/kg/min, enquan- to que cavalos PSI de corridas tem valores duas vezes maiores, cerca de 160 ml 02/kg/min. Os exerdcios realizados em altas velocidades, nos quais as cargas de trabalho est13.oentre 65% a 85% do consumo maxi- mo de oxigenio (V02 ), as ce- max lulas mantem 0 requerimento energetico de ATP para a con- tra<;:13.omuscular atraves do me- tabolismo anaerobico da glicose, resultando em acumulo de acido IMico nas celulas musculares, com consequente desenvolvi- menta de acidemia arterial. A avalia<;:13.odas trocas ga- sosas pulmonares pode ser baseada na mensura<;:13.odas tens6es dos gases no sangue arterial, isto e, press6es par- ciais arteriais de oxigenio (Pa02) e dioxido de carbona (PaC0 2 ). Com rela<;:13.oa essas press6es parciais, observa-se a desenvolvimento de "hi po- xemia fisiologica" com valores menores do que 80-84 mmHg, durante exerdcios de alta in- tensidade. Sabe-se que valo- res de PaC02 maiores que 46- 50 mmHg, s13.osuficientes para a desenvolvimento de hiper- capnia quando a carga de tra- balho for superior a 85% doV02max (medido pela mascara de avalia<;:13.ode gases respirato- ria), em equinos submetidos aos testes de exerdcios pro- gressivos em esteira. A ocor- rencia da hipoxemia pode ser decorrente da limita<;:13.odo flu- xo aereo para as pulm6es, as- sociada com a alta frequen- cia respiratoria, em virtude do sincronismo da frequencia res- piratoria com cada "gal13.o"(um movimento respiratorio par pas- sada completa no galope), uma vez que cavalos em exerdcio em altas velocidades (> 10,Om/s) em superficies com inclina<;:13.o acima de 10%, apresentam fre- quencias respiratorias maiores que 110 mpm. Lactato sangufneo As mensura<;:6esdas concen- tra<;:6esde lactato no sangue em cavalos de esporte refletem sua condi<;:13.omuscular, au seja, ten- do-se como referencia 0 limiar de lactato no sangue (V4) , revelam as reais condi<;:6esdo metabolis- mo aerobio e anaerobio do siste- ma musculo-esqueletico.° lactato e produta do meta- bolismo muscular em qualquer tipo de exerdcio e a aumento de sua concentra<;:13.oe decorrente da limita<;:13.oda disponibilidade de oxigenio para oxida<;:13.odo pi- ruvato na mitocondria. Desta maneira, a rela<;:13.oentre a con- centra<;:13.ode lactato e a veloci- dade de exerdcio obtida nos tes- tes de exerdcio, ilustra a situa- <;:13.0na qual ha um aumento expo- nencial de suas concentra<;:6es sangulneas quando a contribui- <;:13.0da energia aerobica come- <;:aa ser insuficiente frente aos requerimentos energeticos to- tais. A intensa produ<;:13.ode lac- tato resulta na diminui<;:13.odo pH, a qual pode limitar a capacidade para 0 trabalho por interferir na atividade enzimatica muscular.° termo V4 representa a velocida- de em mis, na qual a concen- tra<;:13.ode lactato no sangue e de Figura 4.25 AvaliaQao da frequencia cardfaca com monitor "polar". 4 mmol/L, e e considerado um valor com repetibilidade e con- fiabilidade para a determina~ao do nivel de condicionamento. Portanto, podemos afirmar que a velocidade na qual a concen- tra~ao de lactato alcan~a 0 valor de 4 mmol/L de sangue (V4), e utilizada para se determinar a ap- tidao atletica de um cavalo. Va- rios estudos indicaram que ca- valos com alta capacidade aera- bica, normal mente tem baixas concentra<;:6esde lactato frente as intensidades de exerdcio submaximo. As mensura~6es de lactato permitem a ado~ao de condutas preventivas a saude atletica do cavalo, bem como a modifica~ao do programa de treinamento. Assim sendo, 0 conhecimento dos valores de lactato sanguineo auxilia na avalia~ao da capacida- de atletica de um cavalo subme- tido a determinado programa de treinamento, de tal modo que, al- tera~6es neste treinamento pos- sam melhorar seu desempenho e prevenir les6es, por vezes des- percebidas, ou observadas tar- diamente, e que estejam limitan- do sua capacidade funcional. E/etr6/itos sangiifneos Durante exerclcios de alta in- tensidade, altera~6es nas con- centra~6es plasmaticas de ions fortes sac decorrentes do aumen- to do volume globular e da con- centra~ao de proteinas plasmati- cas. Durante teste de exerclcio progressivo, ha uma diminui~ao do conteudo e da concentra~ao de sadie eritrocitario, indicando 0 efluxo de sadie da celula. Contu- do, 0 intenso aumento das con- centra~6es de potassio e lacta- to nao podem ser justificadas apenas pelos aumentos do he- matacrito e da concentra~ao de proteina plasmatica, indicando que ha um significante efluxo do potassio e do lactato das celulas musculares paraa circula~aosan- guinea. Uma redu<;:aona concen- tra<;:aoplasmatica venosa pode ser decorrente do movimento do cloreto para dentro das celulas musculares e dos eritracitos. Este processo e revertido nos pulm6es com consequente aumento na concentra~ao arterial de cloreto. A sudorese que ocorre em situa<;:6esde estresse em exer- dcio de alta intensidade ou nos de longa dura~ao em condi~6es de clima quente, agravam as perdas de eletralitos, notada- mente do sadio. Hematimetria °volume de eritracitos apre- senta acentuado aumento du- rante a realiza~ao de exerclcio nos cavalos, devido, inicialmen- te, a contra~ao esplenica e a re- distribui~ao de fluidos corp6reos circulantes, resultante do au- mento da pressao arterial, e, pos- teriormente, pela redu~ao do vo- lume plasmatico decorrente da desidrata<;:ao.Este fen6meno e resultante da adapta~ao dos ca- valos para a execu~ao de exer- cicio e possibilita um aumento de 50-60% a mais de afinidade pelo 02' Isso representa um ajus- te compensatario para uma que- da na pressao parcial de 02 ar- terial e de satura~ao de hemo- globina. Um grande aumento no volume de eritracitos (hipervo- lemia eritrocitaria), pode ser des- vantajoso a hemodinamica du- rante 0 exerclcio, uma vez que ha concomitante aumento da vis- cosidade do sangue.°aumento do volume eritro- citario e um importante fator que contribui para as eleva~6es da pressao sanguinea e da circu- la~ao sistemica durante 0 exer- dcio, possibilitando condi<;:6es para 0 desenvolvimento de he- morragia pulmonar induzida pelo exerclcio em cavalos. Como 0 volume eritrocitario total (VT) na circula~ao e um dos maiores determinantes da capa- cidade de trans porte de oxige- nio nos cavalos, mensura<;:6esdo volume eritrocitario total podem prover algum indice de capaci- dade de exerclcio. A mensura- ~ao do VT e frequentemente ba- seado na utiliza~ao de Azul de Evans, um corante que possibili- ta a mensura~ao do volume plasmatico utilizando-se a tecni- ca da dilui<;:aodo corante. Varios estudos relatam corre- la~ao positiva entre capacidade de exerclcio em ra~as de trote e volumes totais de hemoglobina e eritracitos. Valores normais de volume total de eritracitos variam dependendo da idade, com valo- res menores que 44 ml/kg em potros de ate 1 ano, aumentan- do para valores medios de 63 mil kg para animais de 3 anos de ida- de e 74 ml/kg para aqueles com 4 arios de idade.Valores de 89 ± 9 ml foram determinados em PSI • roIII s::o ._E ::J :J C' ••• Q) c.roro >.. ~o •..<ro 0u-c.o IIIE Q) o ro() s::o .-- () ro:ci " Q)ro E .~ Q)E III<ro Q) s:: <0.- u- " ro•... () o .-.•... "o :JE ro0-() () o III ....J ro0".J:: 0- () Q) .-•... s::ctl ._n.-« () Q) Ero >< Q) II ~ I'lll1J l:o ._E :::1 ::I C' •• Q) Q.1'll I'll > 6t: Ii'll 0U-Q. o l1JE Q) o I'll() l:o .-- .50! I'll '0 '0 Q) I'll E .50! Q)E l1J 'I'll Q) l: '0.- U- '0 I'll•... 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Bioqufmica sangDfnea As enzimas mais comumen- te utilizadas para indicar lesao muscular sac a aspartate ami- notransferase (AST), creatina quinase (CK) e a lactato desi- drogenase (LDH), embora 0 lac- tato desidrogenase seja menos espedfica que as demais cita- das. Niveis sericos de CK eAST elevados sac indicativos de le- sac muscular, uma vez, que sac observados em cavalos acome- tidos por rabdomi6lise. Entretan- to, a ocorrencia de aumentos moderados dessas enzimas em cavalos considerados higidos, submetidos a exerdcios de mo- derada a alta intensidade, po- dem ser encontrados regular- mente. Alguns autores sugeri- ramque as elevac;:6esdas enzi- mas museu lares ap6s 0 exerd- cio sejam resultantes de altera- c;:6es da permeabilidade da membrana celular, e nao pro- priamente de lesao nas celulas musculares. Somente altos ni- veis de atividade plasmatica da CK (>10000 U/L) podem ser indicativos de ocorrencia de le- saG muscular. / .~ Figura 4.26 Mensurac;:aodo lactato sanguineo com "Accutrend". Os niveis da ureia e creatinina saG utilizados para avaliac;:aoda func;:aorenal, e suas concentra- c;:6esestao aumentadas em res- posta a desidratac;:aoe ao exer- dcio. Ap6s um exerdcio de alta intensidade pode-se observar aumento na concentrac;:ao de creatinina, que se mantem por aproximadamente 60 minutos ap6s 0 termino do exerdcio. As alterac;:6esda func;:aorenal decor- rente da atividade atletica sac temporarias, no entanto, nos ca- sos de exerdcio de longa dura- c;:ao,no qual normalmente ocor- rem grandes perdas de liquidos corp6reos pela sudorese, pode- se observar a manutenc;:aode al- tos niveisde ureia e creatinina por provavellesao renal aguda, como complicac;:aocomum em cavalos submetidos a prova de enduro. As enzimas mensuradas para a avaliac;:aoda func;:a~hepatica sac a gamaglutamiltransferase (GGT) e a fosfatase alcalina (FA). Nos casos de alterac;:aohepato- celular e comprometimento dos canais biliares, os valores sericos dessas enzimas estarao aumen- tados. Em cavalos de corrida em treinamento, pode-se encontrar aumento significante da ativida- de da GGT sem que 0 cavalo apresente sinais c1inicos de le- sac hepatica e sem estar asso- ciado com queda de desempe- nho atletico. Dos glicocortic6ides, 0 nivel de cortisol representa a condi- c;:aodo estresse, e e um dos prin- cipais hormonios a apresentar- se alterado no exerdcio; obser- va-se valores de duas a tres ve- zes maiores do que em repouso, retornando aos valores basais ap6s aproximadamente 4 horas do termino da atividade atletica. Em cavalos de enduro, durante a prova, os valores de cortisol podem ser ate 30% maiores. Ava/iac;ao dos museu/os As mensurac;:6es das con- centrac;:6es de lactato no san- gue em cavalos de esporte re- velam as reais condic;:6es do metabolismo aer6bio e anae- r6bio do sistema musculo-es- queletico, tendo-se como refe- rencia 0 limiar de lactato no san- gue (V4). No entanto, uma ava- liac;:aoprecisa da aptidao espor- tiva e da eficiencia do treina- mento do cavalo, pode ser rea- lizada, objetivamente, pela tipi- ficac;:aoe morfometria das fibras musculares. Sabemos que a ti- pificac;:aoe a morfometria, reve- lam os tipos de fibras, suas por- centagens e areas relativas, permitindo estimar a tendencia deste atleta em ter ou nao um bom desempenho esportivo. o volume total do musculo e constitufdo de 75% a 90% de miofibras, alem de celulas de gordura, fibroblastos, vasos ca- pilares, nervos e tecido conjunti- vo, cuja composic;:ao proporcio- nal pode variar conforme 0 mus- culo. As miofibras saG compos- tas de miofibrilas que constituem as unidades basicas necessarias para a contrac;:aodo musculo. As miofibrilas possuem dois tipos de fibras, a saber: • Fibras do tipo I,de contrac;:ao lenta, altamente oxidativas. • Fibras do tipo II, de contra- c;:aorapida, apresentando os subtipos IIA, liB e IIC; sendo as do tipo IIA altamente oxidativas, e dos tipos IIB e IIC com baixa propriedade oxidativas. Estas caracterfsticas, aliadas a porcentagem de cada fibra e sua area relativa, possibilitam estimar 0 perfil da capacidade de trabalho do atleta. A tipificac;:aopor exames his- toqufmicos e morfometria do musculo e realizada em amos- tras colhidas por bi6psia dos musculos gluteo medio direito e esquerdo, sem qualquer pre- jufzo estetico ou funcional ao cavalo. Cavalos de corridas em trei- namento (velocistas), apresen- tam uma alta concentrac;:ao de fibras do tipo IIA e menores do tipo liB, quando os exames de seus fragmentos de bi6psia saG comparados aos de animais de corridas mantidos por longos perfodos sem exercfcio (seden- tarios). Quanto as fibras do tipo I,estas nao apresentam diferen- c;:as significativas no proces- so comparativo, demonstrando uma dependencia estreita da performance na produc;:ao de energia aer6bica nos musculos locomotores. E uma constata- c;:aoque cavalos de corridas com melhores fndices de performan- ce possuem maiores propor- c;:6esde fibras do tipo IIA, em relac;:aoas do tipo liB, e meno- res areas das fibras do tipo I, e um maior potencial oxidativo no tecido muscular. Por outro lado, cavalos que atuam em provas de resistencia (enduro), portanto submetidos a trabalho aer6bico e com excelen- te desempenho atletico, possuem as mais altas porcentagens e areas relativas de fibras dos tipos leilA, e menores porcentagens e areas relativas de fibras do tipo liB, do que aqueles com desem- penho atletico moderado, ou quando comparado aos animais jovens em competic;:aoou em inf- cio de treinamento. Com base nas caracterfsticas histoqufmica e morfometrica da fibra muscular, e possfvel esta- belecer-se quase que com pre- cisao, um fndice musculofisiol6- gico para cada cavalo, demons- trando sua aptidao esportiva e possibilitando a instituic;:ao de modelos de treinamento que es- timulem as modificac;:6es das caracterfsticas das celulas mus- culares, de forma a atenderem a demanda de contrac;:aoe relaxa- mento, conforme seja 0 exercf- cio aer6bico ou anaer6bico. Formas de avalia9aO de ap- tidao e desempenho atletico Muitas saGas formas ou "f6r- mulas" e metodos de treinamen- to utilizados para a preparac;:ao do cavalo atleta; alguns ate con- siderados "milagrosos". Em ge- ral, tais f6rmulas e metodos, na maioria das vezes empfricas, se baseiam exclusivamente em va- riaveis tais como 0 desempenho de seus ascendentes, 0 fen6ti- po e a cronometragem, nao aten- dendo, entretanto, os perfis fisio- 16gicosdo animal, que responde " et!rJ) c:o ._E :::::l ::::l C""- Q)c.et!et! >•.. ~o "-let! 0<.>-c.o rJ)E Q) o et!U c:o .-- .~et!"O "0 Q) et! E .~ Q)E rJ)cet! Q) c: 10.- <.>-. "0 et!•..U o .-.•..•"0 o ::::lE et!0-U Uo rJ) .....J et! 0"0 ..c 0 - uQ) .-•.. c:ell ._0.-« u Q) E ell >< Q) • t1l 1/1 c:0,_E ::J :J c:r•.• Q) a.t1l t1l >at1t1l 0u-a.o 1/1E Q) o t1l " c:o .-_ "t1l:O "0 Q) t1l E .~ Q)E 1/1<t1l Q) c: '0.- u- "0 t1l ~ "o .--"0o :JE t1l0- o "o 1/1 ....J t1l 0"0 £ 0 - "Q) .-~ c:ell ._ 0.. - ~ "Q) E t1l >< Q) diferentemente conforme as exi- gencias do exerdcio. A escolha de um futuro atle- ta deve sempre levar em consi- derac;aoas diversas variaveis que possam indicar um bom desem- penho em potencial. Sao funda- mentais as considera<;6es quan- to a genetica; sem que nos es- quec;amos que nem sempre fi- Iho de campeao sera bem suce- dido em atividades desportivas. As variaveis mais importan- tes a serem utilizadas para a avalia<;aoda aptidao e da capa- cidade de desempenho atletico, sac variaveis fisiol6gicas Cjare- feridas na parte I do trabalho), uma vez que fatores psicol6gi- cos como 0 "desafio" e "a von- tade de veneer" nao podem ser mensurados objetivamente. Modalidades de testes de desempenho atletico o cavalo deve ser avaliado quanto a sua aptidao e ao de- sempenho atletico, utilizando-se de testes que atendam as mais diferentes condic;6es de traba- Iho, sendo imprescindlvel que se disponha de condic;6es mlnimas para sua realizac;ao,quer seja a campo ou em laborat6rio de medicina esportiva equina que disponha de esteira de alta ve- locidade, necessarias para ana- lise cientlfica dos fen6menos de resposta do animal ao teste que ira ser aplicado. As varias modalidades de testes de aptidao e de desem- penho atletico do cavalo podem ser instituldas para a avaliac;ao de baixo desempenho, da per- Figura 4.27. Biopsia do musculo glutea media. da de desempenho e do poten- cialde desempenho, levando-se em considerac;ao as caracterls- ticas de trabalho anaer6bico ou aer6bico. Baixo desempenho e perda de desempenho Como regra geral, toda e qualquer avaliac;aode desempe- nho deve sempre considerar previamente as condic;6es de manejo alimentar e de sanida- de do cavalo, seguida de rigo- roso exame c1lnico, especial- mente em situac;6es de investi- gac;ao de baixo desempenho e perda de desempenho. A avaliac;aode baixo desem- penho desportivo de um cavalo que nunca apresentou nlveis de competitividade tem como cau- sas principais: • Falta de aptidao ou de habi- lidade nata. • Treinamento insuficiente ou inadequado. • Participac;aoem competic;6es impr6prias a sua aptidao. • Disfunc;6es fisiol6gicas. • Fatores ligados a psique. Por outro lado, a pesquisa de perda de desempenho, compa- rada as marcas que 0 cavalo ob- teve recentemente, e mais com- plexa e ira depender da expe- riencia do c1lnico durante todo o transcorrer do exame, com 0 dos resultados das diversas pro- vas fu ncionais e laboratoriais necessarias para a identificac;ao das causas. Exames laboratoriais como hemograma, leucograma e bio- qUlmicos, em especial as ativida- des enzimaticas espedficas para os diversos 6rgaos e sistemas, podem ser valiosos indicativos de afee<;:6esrestritivas a atividade ff- sica do cavalo. Outra particulari- dade fundamental no decorrer do exame c1rnico e a avaliac;:ao dos aprumos e a possibilidade de manifestac;:ao de c1audicac;:ao como causa da restric;:aoatleti- ca. Exames complementares como endoscopia das vias aere- as superiores, lavado br6nquioal- veolar, teste de func;:ao respira- t6ria, eletrocardiografia, ecocar- diografia, cintilografia, termogra- fia, Raios-X, ultra-sonografia e bi6psia de musculo, sac algumas das importantes ferramentas de diagn6stico das possrveiscausas restritivas. As alterac;:6es respirat6rias podem ocorrer tanto no cavalo com baixo desempenho, quan- to naquele com perda de de- sempenho. 0 colapso respirat6- rio, como causa de obstruc;:aodi- namica das vias aereas superio- res, e uma das causas frequen- tes de baixo desempenho em cavalos submetidos a exerdci- os de alta intensidade, e somen- te poden§.ser diagnosticada du- rante exame endosc6pico fun- cional em esteira. A hemorragia pulmonar induzida pelo exerd- cio deve ser interpretada com reserva, como causa de baixa performance, por ser a doen<;:a mais comum em cavalos de cor- ridas. Murmurios e arritmias car- dracas devem ser pesquisados com eletrocardiografia funcional (em exerdcio) e tambem com ecocardiografia. Potencial de desempenho o potencial de desempenho e considerado como sendo a capacidade f1sicae, consequen-" temente, metab61ica que 0 ani- . mal apresenta, proporcionando que os dados obtidos sejam co- tejados com os que se desejam como ideal a ser alcanc;:adoem termos de desempenho. Portan- to, 0 potencial de desempenho pode ser utilizado para sele<;:ao negativa, descartando-se, de imediato, animais cujas respos- tas metab61icas nao demonstra- rem perfil atletico compatrvel com a modalidade esportiva a que se pretende submete-Io. Isto nao implica, entretanto, em descarte definitivo, pois a insti- tuic;:aode condicionamento, trei- namento e alimentac;:aoadequa- da podem proporcionar melho- res respostas metab61icas ao trabalho esportivo. Testes de avaliayao de de- sempenho Independentemente do obje- tivo da aplicac;:ao do teste de desempenho, a avaliac;:aodeve se iniciar par uma analise deta- Ihada dos diversos aspectos re- lacionados aos fatores vincula- dos a aptidao atletica do cavalo, como a genetica, os fatores am- bientais aos quais 0 cavalo esta submetido, 0 estado de higidez e a modalidade de treinamento que sera aplicada. Na pratica, as avaliac;:6esde desempenho realizadas com a cronometragem do tempo e afe- ric;:aoda frequencia cardraca em determinadas modalidades es- portivas, embora sejam bons in- dicadores da capacidade atletica do animal, nao avaliam os fen6- Figura 4.28 Exame endoscopico com 0 cavalo posicionado na esteira. vi~o ._E ::J 2 ga. > 6:e oa. E o c0-- -ltl~~ ltl E .!d ~E I1l .ltl a.> l: '0.- (.)- ~ ltl •.• (Jo .-.•... ~ o :J E co0-u (J o I1l ....J co o~ ..l: 0 - (Ja.> ._•..l:ctS ._0.-« (J a.> Eco ><a.> • l'il(/)l: 0,_E ::::s :::s C'•.. CD Q.l'il l'il >6t 'l'il 0<'>-0.o (/)E CD o l'il<J l:o .-- .2 l'il"O "0 CD l'il E .2 CDE (/) 'l'il CD l: '0.- <.>- "0 l'il•... <Jo .-.•..•"0 o :::sE l'il0-U <J o (/) ...J l'il 0"0 ..c 0 - <J(l) ._•...l: ctl ,_0..-« <J CD E l'il ><CD menos gerais decorrentes das respostas dos diversos sistemas do organismo, que respondem ao estresse do exercfcio, e que sao fundamentais para a aprecia<;:ao dos resultados do condiciona- mento f1sicoe do treinamento que foram instituidos na prepara<;:ao do cavalo para a competi<;:ao. o teste de avalia<;:aoa campo deve ser iniciado com 0 animal em repouso para se proceder a avalia<;:aodo bi6tipo, e aplica<;:ao de rigoroso exame c1inico,objeti- vando a detec<;:aode possiveis altera<;:6esque possam ser res- tritivas ao exercfcio, principalmen- te no aparelho respirat6rio, no sis- tema cardiovascular e no apare- Iho locomotor. Ocasionalmente, na dependencia da disponibilida- de de equipamentos, 0 animal deve ser submetido a exame endosc6pico das vias respirat6- rias, e, eventualmente, Raios-X e ultra-sonografia, quando assim 0 exame c1inicoos exigir ou quan- do a idade indicar a necessidade de avalia<;:aoda maturidade da placa fisaria. Nesta fase da avalia<;:ao,de- vem-se mensurar os parametros que serao utilizados na analise da aptidao e do desempenho, com a avalia<;:aodo cavalo no exercfcio. A avalia<;:aode aptidao e de- sempenho atletico em exercfcio e a campo, pode ser realizada sem muita sofistica<;:ao,permitin- do uma estimativasegura das res- postas metab61icasdo cavalo em exercfcio,notadamente no que se refere a frequencia cardiaca e ao nivel de lactato sanguineo. Para tanto, Evans (Ouadro 1) e Lindner (Ouadro 2) propuse- ram um protocolo de avalia<;:ao extremamente pratico, e com pouca sofistica<;:ao em equipa- mentos. 0 protocolo de Evans eo de Lindner possibilitam, en- tre outras, a mensura<;:ao dos niveis de lactato sanguineo, pela leitura em aparelho porta- til "Accutrend", estabelecendo- se, assim, a fronteira entre 0 trabalho anaer6bico e aer6bico do animal, denominado V4, 0 V4 medido corresponde a veloci- dade em que a concentra<;:ao de lactato no sangue atinge 0 valor de 4 mmol/I, prestando- se, dessa forma, para avaliar a qualidade do condicionamento do cavalo ao exerdcio. Os parametros fisiol6g icos sao mais facilmente mensu- rados em medicina esportiva quando se utilizam testes pa- QUADRO 1. Protocolo de avaliac;;8.ode desempenho atletico, segundo Evans. Momento Tempo FC FR Lactato Ht PT CK ToC Repouso 0 X X X X X X X Aquecimento 3' X X X X X X X Trote lento 2' X X X X X X X Trote rapido l' X X X X X X X Galope lento l' X X X X X X X Galope rapido l' X X X X X X X Galope rapido l' X X X X X X X Galope rapido l' X X X X X X X Avaliar;aoda FC e da FR 2' ap6s 0 termino do exercfcio: FC= FR= FC: freqLienciacardraca;FR: freqLienciarespirat6ria;Ht: hemat6crito; PT: proternastotais; CK: creatinina quinase 90 QUADRO 2. Protocolo para avalia9ao de cavalos de saito em pista de terra batida de 400m, segundo Arno Lindner (CICADE 2003). Data: __ /__ /__ Hora: _ Tempo 4':10" (240 m/min) 25"/100m Tempo 3':34" (280 m/min) 21"/100m Tempo 3':08" (320 m/min) 19"/100m Tempo 2':47" (360 m/min) 17"/100m Tempo 2':30" (400 m/min) 15"/100m Tempo 2': 16" (440 m/min) 13"/100m Giro (Volta) Dura<;:ao (segundos) Exigida Real 100 100 100 300 X 86 86 86 86 344 X
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