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Caso Concreto - Penal III - Estácio de Sá

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Plano de Aula: CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL. DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL. DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL.
DIREITO PENAL III - CCJ0110 – AULA 9
(ART.213, 215 e 216-A ; 217-A, 218, 218-A e 218-B, 225 e 226  CP)
UM ESBOÇO CONCEITUAL DOS TÓPICOS RELACIONADOS: 
I. DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL 
1. Estupro 
Inaugura o estudo sobre os crimes contra a dignidade sexual e tem como bem jurídico-penal a proteção da liberdade sexual – integridade e autonomia sexual, juridicamente relevante com base no direito fundamental à intimidade, previsto no art. art.5º, X, da CRFB/1988. 
Análise da figura típica: a descrição típica contempla o emprego da violência ou grave ameaça com o fim de praticar conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso com a vítima. Desta forma, excetuando a conduta de conjunção carnal cuja vítima somente pode ser a mulher, as demais condutas podem ser praticadas contra qualquer pessoa. 
Face à pluralidade de verbos constantes no tipo penal e, consequente pluralidade de condutas, classifica-se em tipo misto. Questão que ainda gera grande divergência doutrinária e jurisprudencial relaciona-se à classificação da infração penal de estupro, após a entrada em vigor da lei n.12015/2009, como tipo misto alternativo ou cumulativo nos casos das condutas praticadas após a alteração normativa do art. 213, do Código Penal. 
Classificação doutrinária: delito comum, de dano, material, subjetivamente complexo, de forma livre, instantâneo unissubjetivo, plurissubsistente.. 
Ainda, insta salientar que se configura como delito hediondo, ainda que na forma simples, por força de expressa previsão do art.1º, V, da lei n.8072/1990. 
2. Violação sexual mediante fraude. 
Insere-se no capítulo de crimes contra a liberdade sexual, logo também tutela a integridade e autonomia sexual. O tipo penal contempla a prática de conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso mediante o emprego de fraude, ardil ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. Desta forma, o agente não emprega violência ou grave ameaça contra a vítima. 
Configura-se como delito comum, de dano, material, doloso, de forma livre, instantâneo unissubjetivo e plurissubsistente.. 
3. Assédio Sexual. 
Inserido no capítulo de crimes contra a liberdade sexual, configura-se como delito próprio na medida em que o sujeito ativo da infração prevalecendo-se da sua superioridade hierárquica ou ascendência decorrentes de emprego, cargo ou função constrange a vítima com o especial fim de obtenção de vantagem ou favorecimento sexual. 
Configura-se como delito próprio, subjetivamente complexo, de forma livre, instantâneo, formal, unissubjetivo, pode ser unissubsistente ou plurissubsistente. 
IV. DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL. 
1. Estupro de Vulnerável 
Diferencia-se do delito de estupro por força do sujeito passivo da infração penal na medida em que considera vulnerável os menores de 14 anos as pessoas e condições fáticas elencadas no art.217 – A, caput e §1º, CP, razão pela qual revogou o disposto no art.224, do Código Penal – presunção de violência e trouxe um tratamento mais severo ao delito de estupro praticado contra vulnerável. 
Identifica-se como vulnerável o grupo de indivíduos que “por questões ligadas a gênero, idade, condição social, deficiência e orientação sexual, tornam-se mais suscetíveis à violação de seus direitos”. (AGUDO, Luis Carlos. Considerações sobre a Lei nº 12.015/09 que altera o Código Penal. Disponível em: www.ibccrim.org.br ). 
2. Corrupção de menores. 
A ação nuclear prevê a conduta de induzimento, aliciamento do menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem. 
Configura-se como delito comum, material, de forma livre, unissubjetivo e plurissubsistente. 
3. Satisfação da lascívia mediante presença de criança ou adolescente. 
A ação nuclear descreve a satisfação de lascívia com a presença de criança ou adolescente e comporta duas possibilidades, a saber: a prática, na presença de menor de 14 anos, de conjunção carnal ou ato libidinoso ou induzimento de menor de 14 anos a presenciar conjunção carnal ou ato libidinoso. 
Configura-se como delito comum, formal, subjetivamente complexo, de forma livre, unissubjetivo e plurissubsistente. 
4. Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável. 
Nesta figura típica, o legislador considerou vulnerável o menor de 18 anos e configura-se como tipo misto face à pluralidade de condutas. A ação nuclear visa ao favorecimento à prostituição, logo recai sobre um número indeterminado de pessoas, diferentemente do que ocorre nas infrações previstas nos artigos 218 e 218-A. 
Importante salientar que a conduta típica foi incluída no rol de delitos hediondos pela Lei n. 12.978, de 2014. 
Aplicação Prática Teórica
CASO CONCRETO
STJ reforma decisão e condena homem por estuprar enteada
Mariângela Gallucci - O Estado de S. Paulo
26 Agosto 2014 | 16h 24
Disponível em: http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,stj-reforma-decisao-e-condena-homem-por-estuprar-enteada,1549894
O relator do caso fez críticas aos argumentos utilizados nas decisões das instâncias inferiores que haviam inocentado...
BRASÍLIA - O Superior Tribunal de Justiça (STJ) reformou decisão do Judiciário paulista que havia absolvido um homem acusado de praticar sexo com a enteada de 13 anos. Por unanimidade, os ministros da 6ª. Turma do STJ decidiram condená-lo. O processo será encaminhado ao Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo para que a pena seja fixada.
Relator do caso, o ministro Rogerio Schietti Cruz fez críticas aos argumentos utilizados nas decisões das instâncias inferiores da Justiça, que tinham absolvido o padrasto. "Repudiáveis os fundamentos empregados pela magistrada de primeiro grau e pelo relator do acórdão impugnado (no TJ) para absolver o recorrido, reproduzindo um padrão de comportamento judicial tipicamente patriarcal, amiúde observado em processos por crimes dessa natureza, nos quais o julgamento recai inicialmente sobre a vítima para somente a partir daí julgar-se o réu", afirmou.
Para os ministros do STJ, a presunção de violência nos crimes de estupro e atentado violento ao pudor contra menores de 14 anos tem caráter absoluto. "A interpretação que vem se firmando sobre tal dispositivo é no sentido de que responde por estupro o agente que, mesmo sem violência real, e ainda que mediante anuência da vítima, mantém relações sexuais (ou qualquer ato libidinoso) com menor de 14 anos", disse o relator. O caso chegou à Justiça após o padrasto ter sido denunciado pela própria companheira.  A juíza de 1ª. Instância concluiu que a menina não foi vítima de violência presumida porque "se mostrou determinada para consumar o coito anal com o padrasto". "O que fez foi de livre e espontânea vontade, sem coação, ameaça, violência ou temor. Mais: a moça quis repetir e assim o fez", disse: "A vítima foi etiquetada como uma adolescente desvencilhada de preconceitos, muito segura e informada sobre os assuntos da sexualidade, pois 'sabia o que fazia'. Julgou-se a vítima, pois, afinal, 'não se trata de pessoa ingênua'. Desse modo, tangenciou-se a tarefa precípua do juiz de direito criminal, que é a de julgar o réu, ou, antes, o fato delituoso a ele atribuído", concluiu Schietti.  
A partir do caso concreto narrado, identifique:
Quais os reflexos da caracterização da expressão vulnerabilidade como absoluta ou relativa? Responda de forma objetiva e fundamentada.
Resposta: A vulnerabilidade de pessoas com 13 e 14 anos é relativa. Exigida para a configuração dos crimes sexuais contra menores de 14 anos, denominado estupro de vulnerável (Lei 12.015/2009) — a vulnerabilidade só é absoluta quando se tratar de menor de 12 anos.
Nos casos de estupro contra vulnerável quem possui legitimidade para a propositura da ação penal? 
Resposta: A ação penal será pública incondicionada se a vítima estiver em situação de vulnerabilidade, ou seja, for menor de catorze anos. A ação penal será oferecida pelo MinistérioPúblico.
O fato da conduta ter sido praticada pelo padrasto da vítima possui alguma relevância jurídica para fins de aplicação de pena?
Resposta: É causa de aumento de pena conforme o art. 226 do CP, que trata do aumento de pena nos crimes sexuais.
Art. 226. A pena é aumentada:
(...) II – de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela.
Caso na situação descrita a vítima tivesse 14 anos e a relação sexual fosse oriunda de grave ameaça proferida pelo padrasto as respostas anteriores se alterariam? Responda de forma objetiva e fundamentada.
Resposta: Sendo a vítima maior de 14 anos, não há de se falar em violência presumida. Havendo o consentimento da vítima em relação à pratica da conjunção carnal não é caracterizado nenhum crime contra a liberdade sexual, tendo em vista que o consentimento exclui a ilicitude. Caso contrário, poderia ocorrer sim a caracterização do crime de corrupção de menores - art. 218CPB.
QUESTÕES OBJETIVAS
1) José, rapaz de 23 anos, acredita ter poderes espirituais excepcionais, sendo certo que todos conhecem esse seu “dom”, já que ele o anuncia amplamente. Ocorre que José está apaixonado por Maria, jovem de 14 anos, mas não é correspondido. Objetivando manter relações sexuais com Maria e conhecendo o misticismo de sua vítima, José a faz acreditar que ela sofre de um mal espiritual, o qual só pode ser sanado por meio de um ritual mágico de cura e purificação, que consiste em manter relações sexuais com alguém espiritualmente capacitado a retirar o malefício. José diz para Maria que, se fosse para livrá-la daquilo, aceitaria de bom grado colaborar no ritual de cura e purificação. Maria, muito assustada com a notícia, aceita e mantém, de forma consentida, relação sexual com José, o qual fica muito satisfeito por ter conseguido enganá-la e, ainda, satisfazer seu intento, embora tenha ficado um pouco frustrado por ter descoberto que Maria não era mais virgem. (FGV - 2013 - OAB - Exame de Ordem Unificado - X - Primeira Fase)
Com base na situação descrita, assinale a alternativa que indica o crime que José praticou. 
 a) Corrupção de menores (Art. 218, do CP). 
 (X) b) Violência sexual mediante fraude (Art. 215, do CP). 	
 c) Estupro qualificado (Art. 213, § 1º, parte final, do CP). 
 d) Estupro de vulnerável (Art. 217-A, do CP).
2) Jorge, diretor financeiro de uma grande empresa, há semanas vem chamando sua secretária Luiza para saírem juntos. Como Luiza recusa todos os convites, Jorge, auxiliado por Pedro que trabalha como motoboy na mesma empresa, ameaça Luiza dizendo que, caso ela não vá a um motel com ele, no dia seguinte estará demitida. Luiza, mais uma vez, recusa a ceder e, muito abalada psicologicamente, leva o fato ao conhecimento do Presidente da empresa a fim de que as devidas providências sejam tomadas em relação a Jorge e Pedro. Diante dos fatos, é correto afirmar que:
(X) a) Jorge e Pedro responderão por assédio sexual consumado.
b) Jorge responde por assédio sexual tentado, pois não conseguiu obter favorecimento sexual, e Pedro não responde por nenhum crime, pois não é superior hierárquico da vítima.
c) Jorge e Pedro responderão por assédio sexual tentado, pois não houve a obtenção de favorecimento sexual.
d) Jorge responderá por assédio sexual consumado e Pedro pelo delito de constrangimento ilegal, pois não é superior hierárquico da vítima.
3) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do enunciado abaixo, na ordem em que aparecem (MPE-RS - 2014 - MPE-RS - Promotor de Justiça)
Durante o festival de balonismo, na cidade de Torres, Afonso Dias, 52 anos, deslocou-se até a Boate Cristal para festejar a sua classificação no evento. No recinto, conheceu o transformista Maitê, 21 anos, convidando-o para acompanhá-lo na comemoração. Enquanto conversavam, Afonso disfarçadamente colocou uma substância na bebida de Maitê, que o levou a perder os sentidos. Na sequência, conduziu o transformista desmaiado, sem poder oferecer resistência, até seu carro, onde praticou com ele sexo anal. No dia seguinte, Maitê registrou o fato delituoso contra Afonso na Delegacia de Polícia e adotou as medidas necessárias para responsabilizá-lo. No presente caso, o crime praticado pelo agente é o de _______e a ação penal correspondente é ________. 
a) estupro de vulnerável ? pública incondicionada 
 b) estupro ? pública incondicionada 
 c) violação sexual mediante fraude ? pública condicionada à representação 
 (X) d) estupro - pública condicionada à representação 
 e) violação sexual mediante fraude ? privada

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