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Ceilândia 2015 ROSELY MADALENA DE SOUZA SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO LICENCIATURA EM PEDAGOGIA TRABALHO INTERDISCIPLINAR Ceilândia 2015 TRABALHO INTERDISCIPLINAR REGGIO EMILIA E SUA ABORDAGEM PEDAGÓGICA Trabalho de pedagogia apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção de média bimestral nas disciplinas de: Organização Didática na Educação Infantil; Arte, Educação e Música; Ludicidade e Educação Prática Pedagógica interdisciplinar: Infância e suas Linguagens; Seminário Interdisciplinar IV; Professores(as): Edilaine Vagula; Tatiane Mota Santos Jardim; Marlizete Cristina Bonafini Steinle; Rosely Montagnini;; Raquel Correa Lemos. Tutor eletrônico: Leandra dos Santos Rosa Araújo Tutor de sala: Rita Maria da Silva Santiago ROSELY MADALENA DE SOUZA 2 Sumário Introdução...................................................................................................................3 Considerações finais.................................................................................................8 Referências...............................................................................................................10 3 Introdução O presente trabalho tem por objetivo descrever e compreender as contribuições da abordagem italiana Reggio Emilia no processo de ensino aprendizagem da Educação Infantil para o desenvolvimento das crianças como seres democráticos, críticos e autônomos. Começo com uma breve história de como surgiu essa escola, desenvolvimento das creches na Itália até a formação dos centros educacionais em Reggio Emilia. As metodologias usadas para desenvolver as pesquisas. O segundo momento fala sobre a pedagogia da escuta, atividades pedagógicas, e as cem linguagens da criança. O terceiro descreve os projetos e a documentação sobre a abordagem pedagógica italiana, concepção curricular, relações entre as crianças, educandos e família. No quarto, um pouco sobre a arquitetura, como aspecto muito importante na abordagem de Reggio Emília. E por último as considerações finais do estudo empenhado. Após a segunda guerra mundial, em 1946, no Vilarejo de Vila Cella, um grupo de mulheres moradoras da cidade italiana de Reggio Emilia, juntou-se com trabalhadores e comerciantes que haviam perdido tudo em decorrência da guerra e resolveram construir uma escola infantil. Como nada tinham, venderam um tanque de guerra, seis cavalos e três caminhões deixados pelos alemães para arrecadar o dinheiro necessário para que a escola fosse erguida. Este movimento teve o envolvimento de toda comunidade, principalmente dos pais que desejavam reconstruir sua própria história e dar uma vida melhor e digna para seus filhos por meio da educação, um modelo diferente de escola, integrada à comunidade e com formação pautada na ética e no desenvolvimento de competências. Surge então a figura de um pedagogo e educador, Loris Malaguzzi, que encantado pela atitude dos moradores de Régio-Itália, resolveu criar a ideia de Reggio Emília, sendo até hoje seu principal incentivador. Outras escolas foram construídas, todas operadas pelos pais e tinham o auxílio do Comitê Nacional para Libertação. Através desse processo de construção e ampliação das escolas, os pais passaram o maior e melhor ensinamento a seus filhos: que existe a possibilidade de reconstrução de suas vidas e se todos pensarem no coletivo e na união alcançarão um objetivo. Reggio Emilia é uma escola inovadora, pela presença dos pais em todas as decisões, os eventos são organizados pelas famílias, professores e alunos, todos 4 estão integrados, objetivando a coletividade. As escolas são continuidade do lar e possui um princípio de ensino em que todas as atividades pedagógicas são desenvolvidas através de projetos, projetos estes surgem através das ideias dos próprios alunos, e são desenvolvidos por meio de diferentes linguagens, realizado de maneira democrática envolvendo toda equipe desde os coordenadores até cozinheiros, como peças fundamentais para o processo educacional, todos integrados trabalhando numa abordagem que tem como base o empenho, a pesquisa e a experimentação, valorizando os alunos como indivíduos e suas ideias para a formulação democrática do conhecimento. Na busca da autonomia, as crianças tem liberdade para elaborar e responder suas próprias perguntas, bem como as de seus colegas e professores o que difere do sistema educacional tradicional onde a criança é apenas repetidora de determinada informação quando questionada sobre algo. Em Reggio Emília, A construção de projetos gera experiências individuais em cada aluno e o papel do professore é estimular os alunos a se perguntarem e analisarem se o que fizeram, foi bem-sucedido, ou não, qual o grau de facilidade, e o que de fariam diferente para melhorar a atividade. As mudanças não param. Tudo é sempre repensado e reconstruído, interagindo entre sistema de escolarização e o mundo da família, centralizando a criança no processo educativo. A primeira escola municipal dirigida para crianças pequenas foi, Robinson Crusoé, inaugurada 1963 a qual nasceu das necessidades das mulheres, que, após a guerra, começaram a trabalhar, e não tinham onde deixar seus filhos. Movimentaram na luta por uma escola de qualidade, livre das tendências à caridade que a Igreja católica impunha. Tal movimento foi muito criticado, principalmente pelas escolas católicas. Malaguzzi respondeu às críticas, promovendo debates com críticos dentro da própria escola onde poderiam ver de perto tudo que lá ocorria, ao mesmo tempo levou as crianças para as praças e realizou aulas abertas onde toda a comunidade pôde ver a felicidade e o envolvimento dos alunos com aqueles adultos. Segundo Malaguzzi (1999, p. 62), o que desejavam era Reconhecer o direito da criança de ser protagonista e a necessidade de manter a curiosidade espontânea de cada uma delas em um nível máximo. Tínhamos de preservar nossa decisão de aprender com as crianças, com os eventos e com as famílias, até o máximo de nossos limites profissionais, e 5 manter uma prontidão para mudar pontos de vistas, de modo a jamais termos certezas demasiadas. Quando Malaguzzi começou a acompanhar de perto a construção desse projeto educativo, os professores eram formados pelas escolas católicas receberam muito bem à ideia de ensinar as crianças enquanto eles mesmos prendiam. A pedagogia adotada foi a de aprender por meio da escuta, e eles estavam dispostos em aprender enquanto ensinavam. O educador deve dar aula, sob a perspectiva das crianças, valorizando seus conhecimentos prévios, compreendendo a lógica do seu aprendizado, deste ponto, pensar alternativas eficientes auxilia-la no aprendizado. Sempre que os alunos estão envolvidos em algum projeto de construção manual, os professores fazem com que essa situação propiciem uma série de outras experiências, muitas vezes completamente diferente do projeto original e isso é possível graças ao entrosamento entre crianças e adultos. O educador está inserido ao ambiente paraconduzir os caminhos das crianças, não para direciona-las, pois, os passos do projeto continuam sendo definidos por elas. Os professores são figuras essenciais nesse processo. Em cada grupo de 26 crianças há dois pedagogos que se dedicam e se subdividem durante os projetos. A vida na escola e fora dela não se separam, a importância desse relacionamento da escola com a comunidade fica evidente quando as produções dos alunos são expostas em locais público, em estabelecimentos da cidade, aguçando a percepção das crianças que a comunidade também é seu ambiente educacional. A escola acredita no potencial da criança. Segundo Fillipini (2009) A escola tem uma imagem positiva da criança e acredita em seu potencial. É direito da criança de ser protagonista, na aprendizagem e no relacionamento com o outro. A relação ensino-aprendizagem não é uma via de mão única. Diferentes saberes são estabelecidos numa relação de reciprocidade onde se busca compreender quem é a criança, sua família e como podem trabalhar unidos em prol do saber. Escutar as crianças e a parte central desse trabalho pedagógico. O diálogo é muito valorizado, a ele é atribuído uma atenção especial. A maneira como o educador enxerga a criança determina suas escolhas. Se o ele imagina a criança como um recipiente que pode receber tudo o que ele sabe, pois é o detentor do saber, a organização do trabalho pedagógico seguirá este princípio; 6 porém, se ele a ver criança como um ser forte, potente, estrategista, atenta a tudo o que acontece ao seu redor, que toma decisões e que, através da interação com o outro, constrói conhecimentos, tal imagem o direcionará a outra maneira de organizar a proposta pedagógica. Os projetos são vividos realmente como uma espécie de aventura e pesquisa. Surgem após intensas observações sobre o que de fato é relevante para a criança, sobre o que ela diz e o que ela não diz. Todas de escolhas e decisões sobre estes acontecem em reuniões entre professores e pedagogos sempre com a participação das famílias, e de toda equipe escolar. Se ao desenvolver o projeto algo deu errado, os professores as estimulam a buscar novas alternativas, interagir com os colegas sobre o que deu errado. Os fracassos transformam-se em novas oportunidades. Alguns aspectos são necessários no planejamento e na organização de um projeto: o primeiro é o trabalho em equipe de todos os membros da escola, segundo ponto, a participação da família na organização, terceiro ponto, o ambiente como deve ser quanto a arquitetura, nos móveis e espaços, quarto ponto as atividades envolvendo as crianças. Tudo isso muito bem pensado. A qualidade é avaliada pela motivação é o interesse da criança, seu empenho, as formas de atividades desenvolvidas, sua interação, possibilidades de usar recursos desconhecidos, o desafio de resolver novos conflitos e as múltiplas formas de representação. Escutar a criança, observar e documentar através de slides, gravações, vídeos, anotações, comentários, reflexões – por meio da intervenção e da observação, a documentação, é transformada em cartaz ou em outro suporte de texto, é organizada seguindo, principalmente, três eixos: a escrita da interpretação da professora sobre uma determinada situação; fotografias, sequenciais de um percurso; e a citação do que foi falado pelas crianças. Tudo isso compõe a produção documental. O percurso da produção documental se dá da seguinte forma: primeiro, há um planejamento das seções, feito entre os professores, contendo data, objetivos, materiais necessários e expectativas; em seguida a professora escolhe algumas crianças para o trabalho e começa a registrar e fotografar tudo o que se passa no grupo desde a fala das crianças tudo é observado e anotado. Posteriormente os registros, anotações e fotos são selecionados e escolhidos alguns para serem exibidos, tendo o cuidado de confecciona-los com 7 matérias duráveis. Todo este material permanece exposto para que a comunidade escolar seja esclarecida sobre o trabalho desenvolvido e serve para fundamentar os processos de desenvolvimento das crianças, bem como auxiliar os professores a compreender os significados atribuídos às próprias produções. A documentação também objetiva informar os pais sobre os caminhos da aprendizagem estabelecidos, para que eles possam compreender e participar de decisões sobre o que e como ensinar. Todo esse material é coletivo, não tendo assim material individual. Os pais também ajudam na seleção do material do mural. Outro aspecto muito relevante da abordagem de Reggio Emília é a arquitetura, ao ambiente é atribuído grande valor educativo, as paredes são de vidro, possui semelhança a um aquário gigante onde se possa ver tudo o que lá acontece. Por meio da Arquitetura busca-se uma interação entre interior e exterior e para que isso aconteça as construções são feitas com materiais transparentes como vidros, plásticos, onde possam ser observados de vários ângulos e de uma variedade de níveis. O espaço da sala de aula é organizado de forma facilitar a cooperação, a resolução de problemas. Segundo Filippini (1990 apud EDWARDS; GANDINI; FORMAN,1999, p. 147), Os educadores de Reggio Emília falam do espaço como um container que favorece a interação social, a exploração e a aprendizagem, mas também veem o espaço como conteúdo educacional, isto é, contendo mensagens educacionais e estando carregado de estímulos para a experiência interativa e a aprendizagem construtiva. Piccinini (2009) destaca que é necessário que esta construção seja viva, e isso acontece com a participação de diferentes pessoas como professores, funcionários pais e crianças, assim a ela poderá admirar e explorar os lugares. Outro lugar importantíssimo na escola é o ateliê, equipado com todo tipo de material e recursos utilizados por crianças e educadores. Essa grande variedade de materiais como cascas folhas areia, pedras, rolhas, lacres, pinceis, potes garrafas e outros reciclados e reaproveitáveis. É no ateliê que as crianças podem usar qualquer tipo de técnica que queiram como pintura, modelagem com argila, desenho, é lá que elas se revelam e são revelas, lá as cem linguagens são realmente praticadas. 8 O processo final de aquisição de conhecimento se dá através das manifestações artísticas. A arte faz a comunicação entre estímulos que a criança recebeu ao estudar algum tema. Para fazer uma escultura de argila, por exemplo, primeiro eles estudam o objeto de inspiração em todos os seus aspectos. A própria riqueza de detalhes que obtemos nessas manifestações artísticas realizadas por crianças pequenas comprova a profundidade do que foi estudado. Elas são incentivadas a explorar o ambiente e tudo que nele há e a expressar se utilizando as várias formas de linguagem como pintura colagens desenhos esculturas, movimento dança música teatros, escrita, montagens representação simbólicas etc. a criatividade está presente no desenvolvimento da criança, estabelece uma conexão entre o pensamento e a expressão dando vazão as cem, linguagens da criança. Considerações finais A abordagem pedagógica Reggio Emilia é voltada diretamente para o direito das crianças, construindo indivíduos críticos, que através de vivencias, experimentações, hipóteses, conseguem adquirir conhecimento, e criar suas próprias culturas. São capazes de ministrar sua autonomia através de relações com seus colegas, pais, familiares, sociedade, mundo real e imaginário. O professor da importância ao novo, ao inesperado, a tudo o que a criança traz, suas dúvidas, suas escolhas. Em nossas escolas os professores coordenam,preparam suas aulas, mas tem certa dificuldade em aceitar algo que surge de última hora, nas rodas de conversa dão a oportunidade para que relate o que lhe parece novidade, mas após o termino desse momento não se fala mais sobre o assunto. Lá o professor incentiva a curiosidade, o envolvimento das crianças numa determinada situação, envolve-se com ela em questionamentos e possibilidades, oferece seu tempo à criança sem considerar desperdício. Em Reggio Emilia as crianças são seres participantes como atores sociais. São protagonistas de suas próprias histórias, são reconhecidas como pessoas com direitos, com critérios e valores próprios, capazes participantes de seu próprio desenvolvimento pessoal e social, podem expressar livremente suas opiniões. 9 Referências Bibliográficas EDWARDS, C. GANDINI, L. FORMAN, G. Aspectos Gerais. In: EDWARDS, C. GANDINI, L. FORMAN, G. (Org.). As cem linguagens da criança. Porto Alegre: Artmed, 1999 http://www.estudosdacrianca.com.br/resources/anais/1/1404271249_ARQUIVO_PE SQUISACOMCRIANCAS3.pdf http://www.artigonal.com/educacao-infantil-artigos/as-cem-linguagens-da-crianca- 4261227.html https://inspiracoespedagogicas.wordpress.com/2013/05/01/a-abordagem-reggio- emilia-para-a-educacao-infantil-parte2-um-breve-historico/
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